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Universidade Federal do Rio de Janeiro ETAPAS DE UMA OBRA DE PAVIMENTAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTO PARA UMA VIA NA ILHA DO FUNDÃO Anna Carolina Rossi 2017

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

ETAPAS DE UMA OBRA DE PAVIMENTAÇÃO E

DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTO PARA UMA

VIA NA ILHA DO FUNDÃO

Anna Carolina Rossi

2017

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ETAPAS DE UMA OBRA DE PAVIMENTAÇÃO E

DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTO PARA UMA

VIA NA ILHA DO FUNDÃO

Anna Carolina Rossi

Trabalho de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Civil da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Sandra Oda

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

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ETAPAS DE UMA OBRA DE PAVIMENTAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE

PAVIMENTO PARA UMA VIA NA ILHA DO FUNDÃO

Anna Carolina Rossi

TRABALHO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA

CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. Sandra Oda – DET/UFRJ ________________________________________________

Prof. Giovani Manso Ávila – DET/UFRJ ________________________________________________

Eng. Leonardo Santana Cavalcanti – Secretaria de Obras - PCRJ

Rio de Janeiro, RJ – Brasil

Fevereiro de 2017

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Rossi, Anna Carolina

Etapas de uma obra de pavimentação e

dimensionamento para uma via na Ilha do Fundão/ Anna

Carolina Rossi. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica,

2016.

IX, 65 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Sandra Oda

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica

/ Curso de Engenharia Civil, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 60.

1. Pavimentação 2. Contagem de tráfego 3. 4. Método

do DNER.

I. Oda, Sandra II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.

Etapas de uma obra de pavimentação e aplicação no campus

da UFRJ na Ilha do Fundão.

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iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a minha família que sempre me apoia em todos os

projetos da minha vida e me dá sempre toda a estrutura necessária para eu

alcançar minhas conquistas e objetivos.

Agradeço ao homem mais importante da minha vida, meu pai Humberto,

que sempre me mostrou que com honestidade e garra sempre é possível

atingir todos os objetivos de nossas vidas.

A minha melhor e eterna amiga, minha mãe Maria Angelina, que sempre

me apoia e suporta nas decisões e está sempre disposta a fazer tudo para que

eu possa realizar meus sonhos, além de entender meus momentos de stress

durante os anos de faculdade e realização desse trabalho.

Meus irmãos Guilherme e Fellipe, que são como pais para mim, e que

serviram como exemplo de sucesso na minha vida.

Aos meus amigos da faculdade que fizeram que essa etapa da minha

vida se tornasse ainda mais inesquecível.

Ao meu namorado Miguel, que sempre me apoiou em todas as minhas

necessidades e estresse durante a faculdade.

A minha melhor amiga Bianca que sempre está comigo em todas as

minhas conquistas e me conforta nos momentos ruins.

A minha orientadora Sandra Oda que sempre está disposta a ajudar,

mesmo que tenha outros alunos para orientar sempre arrumou espaço para me

auxiliar nesse projeto, além de ser uma excelente professora que me fez ter

gosto por pavimentação e decidir escrever esse projeto. Um exemplo de

professora que se tornou amiga e aturou alguns momentos de falta de

esperança que esse projeto pudesse sair em tão pouco tempo.

E a Deus, em quem depositei todas as esperanças e me deu força para

seguir firme durante todos os anos de faculdade.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ

como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro

Civil.

Etapas de uma Obra de Pavimentação e Dimensionamento de Pavimento

para uma Via na Ilha do Fundão

Anna Carolina Rossi

Fevereiro/2017

Orientador: Sandra Oda

Curso: Engenharia Civil

Diariamente os cidadãos precisam deixar seus lares para irem ao trabalho e na

maioria dos casos utilizam as vias da cidade para tal. A rapidez e segurança

dessas viagens estão ligadas diretamente a qualidade do pavimento das ruas,

avenidas e estradas. Muitas pessoas dirigem quilômetros até o trabalho e a

boa condição das vias se faz cada vez mais importante. Uma boa

pavimentação requer uma adequada estrutura, porém para que essa estrutura

seja realizada da maneira correta algumas etapas no projeto são necessárias.

O foco principal desse trabalho é definir tais etapas explicando a sua

importância para o projeto final e bom funcionamento do pavimento. Ao fim do

trabalho um exemplo de um projeto de pavimentação de uma via localizada no

campus da UFRJ na Ilha do Fundão será apresentado para ilustrar tais etapas

onde foi dimensionada a estrutura do pavimento pelo Método do DNER e

realizando uma estimativa do orçamento da obra.

Palavras-chaves: Pavimentação, Contagem de Tráfego, Método do DNER, Ilha

do Fundão, UFRJ, Orçamento.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial

fulfillment of the requirements for the degree of Engineer.

Stages of a Pavement Work and Scaling of Pavement for a Road located at Ilha

do Fundão

Anna Carolina Rossi

February/2017

Advisor: Sandra Oda

Course: Civil Engineer

Citizens need to leave their home to go to work every day, and most of them use the

roads of the city. The fastest and safest trips depend directly on the quality of the

pavement of the roads. A lot of people drive miles to get at work and a good

condition of the roads are increasily important. A good pavement requires an

adequate structure, however some steps in the project of this structure are needed to

make this good one. The focus of this paper is to define these steps to explain its

importance to the project and the good performance of the pavement. In the end of

this work, an example of a pavement project of a road located in UFRJ campus at

Ilha do Fundão is shown to illustrate the steps and scaling the structure of the

pavement using DNER method and estimating the cost of the work.

Key-words: Pavement, traffic counting, DNER method, Ilha do Fundão, Budget.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 11

1.1. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 11

1.2. OBJETIVOS ............................................................................................................. 11

1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................... 12

2. PAVIMENTAÇÃO ......................................................................................................... 13

2.1. DEFINIÇÃO, CONCEITOS E TIPOS DE PAVIMENTOS ..................................................... 13

2.1.1. Pavimento flexível .......................................................................................... 14

2.1.2. Pavimento Rígido ........................................................................................... 15

2.1.3. Pavimento Semirrígido ................................................................................... 16

2.2. MATERIAIS .............................................................................................................. 16

2.3. CAMADAS ............................................................................................................... 20

2.3.1. Regularização do subleito............................................................................... 21

2.3.2. Reforço do subleito ......................................................................................... 22

2.3.3. Sub-base ........................................................................................................ 23

2.3.4. Base ............................................................................................................... 23

2.3.5. Revestimento .................................................................................................. 24

2.4. SERVIÇOS ............................................................................................................... 24

2.4.1. Pintura de ligação ........................................................................................... 24

2.4.2. Imprimação ..................................................................................................... 25

2.4.3. Fresagem ....................................................................................................... 25

2.5. DOSAGEM ............................................................................................................... 25

2.5.1. Misturas de materiais ...................................................................................... 26

2.5.1.1. Método das tentativas ................................................................................. 26

2.5.1.2. Método de Ruthfucs .................................................................................... 26

2.5.1.3. Método de Bailey ........................................................................................ 27

2.5.2. Mistura Asfáltica ............................................................................................. 28

2.5.2.1. Procedimento Marshall ............................................................................... 28

2.5.2.2. Procedimento Superpave ............................................................................ 29

2.6. DIMENSIONAMENTO ................................................................................................. 29

2.6.1. Determinação do ISC ..................................................................................... 29

2.6.2. Determinação do número N ............................................................................ 30

2.6.3. Coeficiente de equivalência (k) ....................................................................... 32

3. PROJETO DE PAVIMENTAÇÃO ................................................................................. 36

3.1. ETAPAS DE PROJETO DE PAVIMENTO ........................................................................ 36

3.1.1. Estudo Preliminar ........................................................................................... 36

3.1.1.1. Manutenção do pavimento .......................................................................... 37

3.1.1.2. Reconstrução do Pavimento ....................................................................... 37

3.1.1.3. Construção do pavimento ........................................................................... 37

3.1.2. Projeto Básico ................................................................................................ 37

3.1.2.1. Estudo do local - Levantamento do terreno ................................................. 38

3.1.2.2. Estudo do pavimento existente ................................................................... 38

3.1.2.3. Tráfego ....................................................................................................... 38

a) Contagem manual .......................................................................................... 39

b) Contagem eletrônica ....................................................................................... 39

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3.1.2.4. Caracterização do material do subleito ....................................................... 39

3.1.2.4.1. Sondagem do subleito............................................................................ 39

3.1.2.4.2. Ensaio de Compactação do Solo ........................................................... 40

3.1.2.4.3. Ensaio de Índice de Suporte Califórnia .................................................. 40

3.1.2.4.4. Ensaio de Caracterização do Solo ......................................................... 41

3.1.2.4.5. Classificação HRB ................................................................................. 42

3.1.3. Projeto Executivo ............................................................................................ 43

3.1.3.1. Elaboração de Projeto ................................................................................. 44

3.1.3.2. Normas Gerais Aplicáveis ........................................................................... 44

3.1.3.3. Conteúdo Técnico ....................................................................................... 44

3.1.3.3.1. Desenho ................................................................................................ 44

3.1.3.3.2. Memorial Descritivo ................................................................................ 45

3.1.3.3.3. Orçamento - Planilha de Custos e Serviços ........................................... 45

a) Serviços preliminares ......................................................................................... 45

b) Fresagem ........................................................................................................... 46

c) Pavimentação .................................................................................................... 46

d) Transporte .......................................................................................................... 46

e) Limpeza ............................................................................................................. 46

f) Composição de Custo Unitário de Serviço ......................................................... 46

4. ESTUDO DE CASO ..................................................................................................... 47

4.1. LOCALIZAÇÃO .......................................................................................................... 47

4.2. CARACTERÍSTICAS ................................................................................................... 48

4.2.1. Análise do pavimento existente ...................................................................... 48

4.2.2. Dimensionamento ........................................................................................... 50

4.2.3. Orçamento e planilha de custo ....................................................................... 50

4.2.4. Número N ....................................................................................................... 51

4.3. EXEMPLO DE UM PROJETO DE PAVIMENTAÇÃO .......................................................... 54

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ................ 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 62

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LISTA DE FIGURAS:

Figura 1- Estrutura de um pavimento flexível ....................................................................... 15

Figura 2 - Estrutura de pavimento rígido .............................................................................. 15

Figura 3 - Estrutura de pavimento semirrígido ..................................................................... 16

Figura 4 - Brita graduada simples ........................................................................................ 17

Figura 5 - Macadame hidráulico ........................................................................................... 17

Figura 6 - Macadame seco .................................................................................................. 18

Figura 7 - Solo agregado ..................................................................................................... 18

Figura 8 – Rachão ............................................................................................................... 19

Figura 9 - Exemplo do gráfico do método de Ruthfucs. ........................................................ 27

Figura 10 - Volumes preenchidos com agregados. .............................................................. 28

Figura 11 - Fator de equivalência de operações, FEO - Eixo simples .................................. 31

Figura 12 - Fator de equivalência de operações, FEO - Tandem duplo ............................... 32

Figura 13 - Fator de equivalência de operações, FEO - Tandem triplo ................................ 32

Figura 14 - Gráfico de dimensionamento do método do DNER (adaptado) .......................... 34

Figura 15 - Gráfico de dimensionamento do método do DNER (adaptado) .......................... 35

Figura 16 - Classificação HRB ............................................................................................. 43

Figura 17 - Ilha do Fundão ................................................................................................... 47

Figura 18 - Foto das Condições do Local a ser Pavimentado .............................................. 49

Figura 19 -Foto das Condições do Local a ser Pavimentado ............................................... 49

Figura 20 - Foto das Condições do Local a ser pavimentado ............................................... 49

Figura 21 - Via a ser pavimentada ....................................................................................... 50

Figura 22 – Gráfico utilizado para o dimensionamento ........................................................ 53

Figura 23 - Estrutura do pavimento calculado ...................................................................... 54

Figura 24 - Gráfico utilizado para o dimensionamento ......................................................... 58

Figura 25 - Estrutura do Pavimento Calculado ..................................................................... 59

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LISTA DE TABELAS:

Tabela 1 - Coeficientes Estruturais ...................................................................................... 33

Tabela 2 - Relação entre o número N e as espessuras mínimas de revestimento ............... 34

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1. INTRODUÇÃO

A pavimentação é de importância muito significativa para a população, em um

mundo globalizado é impossível não necessitar de vias pavimentadas para se

locomover. Obviamente que em alguns locais nem sempre há uma pavimentação

adequada, ou nem mesmo qualquer pavimentação, mas é importante que se

entenda que um projeto de um pavimento bem estruturado e bem executado pode

trazer benefícios não só para motoristas e sim para a população como um todo.

Muitos acidentes acontecem devido a uma má pavimentação, muitas vezes os

motoristas não têm como escapar das falhas das vias por elas estarem espalhadas

pelo trajeto todo, mas isso não é uma questão impossível de se solucionar. Antes da

execução de qualquer obra é necessário o seu planejamento para que o projeto seja

realizado de forma adequada para o local. Mas além do projeto para construir o

pavimento, após o uso a manutenção do pavimento é necessária para que se possa

evitar uma grande obra para reconstruir o pavimento prematuramente.

Os custos de uma obra de pavimentação podem ser bastante elevados, porém se

forem feitos corretamente respeitando os parâmetros do projeto e etapas da

construção haverá uma economia com futuros danos devido a má qualidade das

vias, tanto para os usuários como para o governo.

1.1. Justificativa

A justificativa deste TCC é indicar, de uma maneira sucinta, as etapas do projeto de

uma pavimentação mostrando sua importância para o bom desempenho do

pavimento, e, além disso, apresentar um estudo de caso que irá ilustrar as etapas de

dimensionamento da estrutura de um pavimento na Ilha do Fundão da UFRJ.

1.2. Objetivos

O trabalho tem como objetivo principal apresentar todas as etapas que devem conter

um projeto de pavimentação, tomando como estudo de caso um trecho de

pavimento da Cidade Universitária da UFRJ no campus da Ilha do Fundão.

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1.3. Estrutura do Trabalho

No capítulo 2 é feita uma revisão bibliográfica, onde são apresentados os principais

conceitos de pavimentação: definição de pavimento, os tipos de pavimentos que

existem e que podem ser utilizados para o estudo de caso, além de definir e explicar

um pouco sobre as camadas que compõem na estrutura de um pavimento. São

apresentados também os materiais que podem ser utilizados nas obras de

pavimentação, os tipos de serviços na obra, os métodos de dosagem de materiais e

misturas asfálticas, assim como o método de dimensionamento que será utilizado no

estudo de caso.

No capítulo 3 são apresentadas as etapas da obra, iniciando por um projeto básico,

seguido de um projeto executivo e finalizando com o orçamento tomado como base

para o estudo de caso.

Finalmente no capitulo 4 será apresentado o estudo de caso que irá consistir em um

estudo do pavimento e contagem de trafego que irão ser utilizados para definir e

dimensionar o pavimento para o local. Após toda a parte de projeto básico será

apresentado o orçamento da obra, sendo tomado como base alguns fatores que

serão definidos a seguir.

Por último serão apresentadas as referências bibliográficas que foram utilizadas

para a execução do trabalho e que serviram como material de pesquisa.

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2. PAVIMENTAÇÃO

Pavimentar uma via de circulação de veículos é obra civil que enseja, antes de tudo,

a melhoria operacional para o tráfego, na medida em que é criada uma superfície

mais regular (garantia de melhor conforto no deslocamento do veiculo), uma

superfície mais aderente (garantia de mais segurança em condições de pista úmida

de molhada), uma superfície menos ruidosa diante da ação dinâmica dos

pneumáticos (garantia de melhor conforto ambiental em vias urbanas rurais), seja

qual for a medida física adotada (BALBO, 2007).

“Sem estradas adequadas não apenas continuaremos a ser uma região fora do

espectro das nações desenvolvidas, como também continuaremos a ser um País

que não oferece acesso adequado de bens para sua população. Não nos ufanemos,

portanto, de nossa infraestrutura rodoviária, ainda bastante arcaica, que demonstra

baixa tecnologia a serviço, reflexo de nosso atraso como sociedade moderna”

(BALBO, 2007).

2.1. Definição, Conceitos e Tipos de Pavimentos

Pavimento é toda a estrutura existente nas ruas onde as pessoas se locomovem,

seja de carro, ônibus, caminhão, bicicleta ou a pé. Em todos os locais de locomoção

de pessoas e veículos haverá esforço vertical realizado pelo peso dos mesmos

denominados de solicitação, em alguns locais mais e outros locais quase

desprezíveis, e essa solicitação será repassada para o pavimento que por sua vez

deverá resistir e redistribuir esses esforços para a sua estrutura independente de

sua intensidade. Além do esforço vertical, o pavimento deverá resistir aos esforços

horizontais existentes no pavimento. Para isso, um estudo do solo e das solicitações

deverá ser realizado para que o projeto e a obra de pavimentação resista a todas

essas solicitações e tenha uma maior durabilidade, afetando diretamente a

sociedade, que além de ter um maior conforto na sua locomoção também ficará

sujeita a menos acidentes de transito devido a má qualidade das vias e seus

pavimentos.

Mais a seguir, serão apresentados alguns testes, ensaios e estudos necessários

para um projeto de pavimentação que visam definir a necessidade de uma

determinada área.

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Além de ensaios também serão apresentados os tipos de pavimentos existentes.

Segundo definição do DNIT, em seu Manual de Pavimentação de 2006, pavimento

de uma rodovia é a superestrutura constituída por um sistema de camadas de

espessuras finitas, assentes sobre um semi-espaço considerado teoricamente como

infinito – a infraestrutura ou terreno de fundação, a qual é designada de subleito.

A diferença essencial entre os tipos de pavimentos é basicamente como eles irão

distribuir a carga recebida pelo volume do trafego para o subleito daquela estrutura.

2.1.1. Pavimento flexível

O pavimento flexível pode ser definido como uma estrutura em camadas composta

por uma fina camada de revestimento asfáltico, que, em função do tráfego e do

terreno natural, denominado de subleito, pode ainda conter as camadas de base,

sub-base e reforço do subleito.

É a pavimentação realizada essencialmente com material asfáltico na camada de

revestimento, e por isso, pode ter sua resistência muito variável, visto que

dependendo da espessura dessa camada a resistência pode aumentar ou diminuir.

Segundo Balbo (2007), é o pavimento no qual a absorção de esforços dá-se de

forma dividida entre várias camadas, encontrando-se as tensões verticais em

camadas inferiores, concentradas em região próxima da área de aplicação da carga.

Segundo o Manual de Pavimentação do DNIT, pavimento flexível é aquele em que

todas as camadas sofrem deformação elástica significativa sob o carregamento

aplicado e, portanto, a carga se distribui em parcelas aproximadamente equivalentes

entre as camadas.

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Figura 1- Estrutura de um pavimento flexível

Fonte: http://www.sptsondagens.com.br/servicos?servico=dimensionamento

2.1.2. Pavimento Rígido

É o revestimento realizado com cimento Portland e por ser bastante resistente, pode

apresentar ou não uma camada de sub-base entre o revestimento e o subleito, pois

vai depender da qualidade do material do subleito.

Segundo Balbo (2007), é o pavimento no qual uma camada, absorvendo grande

parcela de esforços horizontais solicitantes, acaba por gerar pressões verticais

aliviadas e bem distribuídas sobre as camadas inferiores.

Segundo o Manual de Pavimentação do DNIT do ano de 2006, pavimento rígido é

aquele em que o revestimento tem elevada rigidez em relação às camadas inferiores

e, portanto, absorve praticamente todas as tensões provenientes do carregamento

aplicado.

Figura 2 - Estrutura de pavimento rígido

Fonte: http://www.sptsondagens.com.br/servicos?servico=dimensionamento

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2.1.3. Pavimento Semirrígido

Ainda temos o pavimento semirrígido que é um tipo de revestimento intermediário,

entre o flexível e o rígido.

Segundo Balbo (2007), é composto por um revestimento asfáltico com base ou sub-

base em material tratado com cimento de elevada rigidez, excluídos quaisquer tipos

de concreto.

Segundo o Manual de Pavimentação do DNIT do ano de 2006, pavimento

semirrígido caracteriza-se por uma base cimentada por algum aglutinante com

propriedades cimentícias.

Figura 3 - Estrutura de pavimento semirrígido

Fonte: http://www.ecivilnet.com/dicionario/o-que-e-pavimento-semi-rigido.html

2.2. Materiais

Os materiais utilizados na pavimentação podem variar conforme o tipo de pavimento

ou tipo de camadas necessárias em cada obra.

Os materiais utilizados para a base, sub-base e reforço do subleito são classificados

segundo sua natureza e comportamento. Existem muitos tipos de materiais

utilizados nesse tipo de obra, a seguir serão apresentados os mais comuns, que

serão adotados no estudo de caso desse projeto.

Brita Graduada Simples: é um material bem graduado com diâmetro nominal

máximo de 38mm, porém é mais usual com diâmetros nominais menores, mais

possui poucos finos passantes na peneira #200. Geralmente apresenta índice de

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suporte Califórnia (CBR) maior que 60% e expansão nula ou muito baixa. A

distribuição do material deverá ser realizada preferencialmente com

vibroacabadora e ser compactada logo após o espalhamento do material na pista

(ODA, 2016).

Figura 4 - Brita graduada simples

Fonte: http://www.fontelimpa.com/produto-detalhe/brita-graduada-simples-bgs

Macadame Hidráulico: é composto por agregado graúdo, agregado miúdo e água.

Foi um material muito utilizado antigamente, antes do aparecimento da BGS,

ainda é utilizado em locais que não apresentam usinas de BGS. Primeiramente o

agregado graúdo é distribuído na pista, devendo ser compactado. Após a

realização dessa etapa, deverá ser adicionado o agregado miúdo que irá se

localizar nos vazios existentes entre os agregados graúdos. Por fim, para

preencher qualquer outro vazio são adicionados os agregados finos e a água que

irão se alojar nos vazios e formar uma estrutura firme da camada (ODA, 2016).

Figura 5 - Macadame hidráulico

Fonte: http://ptdocz.com/doc/1227322/sub-base--base--revestimento-e-

constru%C3%A7%C3%A3o-de-pavimentos

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Macadame Seco: é similar ao macadame hidráulico, porém a diferença é que

nesse caso não há presença de água para realizar o preenchimento dos vazios

na camada. (ODA, 2016)

Figura 6 - Macadame seco

Fonte: ODA, 2016.

Solo Agregado: composto por agregados, solo e água. Esses materiais podem ser

misturados em usinas e são aplicados diretamente no solo e compactados

posteriormente por rolo liso ou pé de carneiro (ODA, 2016).

Figura 7 - Solo agregado

Fonte: ODA, 2016.

Rachão: o rachão é um material mais bruto e utilizado em camadas onde há a

necessidade de aumentar a resistência, basicamente são pedregulhos de grandes

dimensões que são aplicados no solo sem que sejam compactados. Normalmente

utilizado para reforço do subleito ou sub-base.

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Figura 8 – Rachão

Fonte: http://www.arealbozza.com.br/produto/18/rachao

Os materiais para a camada de revestimento variam de acordo com o tipo de

pavimento: flexível, rígido ou semirrígido. E para isso pode-se utilizar os seguintes

materiais:

Asfalto: bastante utilizado em pavimentação, pode ser apresentado em 3 tipos:

cimentos asfálticos, asfaltos diluídos e emulsões asfálticas.

Cimento Asfáltico (CAP): segundo a definição de (PINTO E PINTO, 2015) o

cimento asfáltico é o asfalto obtido especialmente para apresentar

características adequadas para o uso na construção de pavimentos, podendo

ser resultado de destilação de petróleo em refinarias ou do asfalto natural

encontrado em jazidas.

Asfalto diluído (AD): segundo a definição de (PINTO E PINTO, 2015) o asfalto

diluído ou cut-backs são diluições de cimentos asfálticos em solventes

derivados do petróleo de volatilidade adequada, quando há necessidade de

eliminar o aquecimento do CAP ou utilizar um aquecimento moderado.

Emulsões asfálticas (EAP): segundo a definição de (PINTO E PINTO, 2015)

emulsão asfáltica de petróleo é uma dispersão coloidal de uma fase asfáltica

em uma fase aquosa (direta) ou, então, de uma fase aquosa dispersa em uma

fase asfáltica (inversa), com a ajuda de um agente emulsificante. É obtida

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pela combinação de água com asfalto aquecido, em um meio intensamente

agitado e na presença dos emulsificantes, cujo objetivo é oferecer certa

estabilidade ao conjunto, favorecer a dispersão e revestir os glóbulos de

betume de uma película protetora, mantendo-os em suspensão.

Cimento: em pavimentos rígidos será utilizado o cimento Portland como base para

a produção dos elementos da camada de revestimento. Segundo a NORMA DNIT

059/2004 – ES, o cimento Portland poderá ser de qualquer tipo, desde que

satisfaça as exigências especificas da DNER-EM036, para o cimento a ser

empregado.

A seguir serão apresentadas as camadas da estrutura do pavimento.

2.3. Camadas

A estrutura do pavimento é composta de algumas camadas que serão construídas

após a terraplenagem do local, acima do subleito e vão variar conforme a solicitação

do trafego no local. Toda a estrutura do pavimento está acima do subleito que

funciona como a fundação do sistema que irá receber os esforços absorvidos pelo

pavimento. Acima desse subleito basicamente a estrutura do pavimento é

constituído de uma regularização do subleito, um reforço de subleito, caso haja

necessidade, uma sub-base acima desse reforço de subleito, seguido de uma base

e por fim um revestimento.

Quanto ao subleito, os esforços impostos sobre sua superfície serão aliviados em

sua profundidade (normalmente se dispersam no primeiro metro). Deve-se, portanto,

ter maior preocupação com seus estratos superiores, onde os esforços solicitantes

atuam com maior magnitude. O subleito será constituído de material natural

consolidado e compactado, por exemplo, nos cortes do corpo estradal, ou por um

material transportado e compactado, no caso dos aterros. Eventualmente, será

também aterro sobre corte de características medíocres de subleito (BALBO, 2007).

A camada de melhoria e preparo do subleito deve apresentar as seguintes

características, segundo a INSTRUÇÃO DE PROJETO, do Departamento de

Estradas de Rodagem de janeiro de 2006:

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capacidade de suporte medida pelo Índice de Suporte Califórnia (ISC) superior

ou igual à 2%;

expansão máxima de 2%;

grau de compactação mínimo de 100% do Proctor Normal. Para solos finos

lateríticos ou para solos granulares pode ser utilizada a energia de 100% do

Proctor Intermediário

No caso de aproveitamento do subleito de estradas já implantadas, cascalhadas, o

solo na profundidade de 0,20 m abaixo do greide preparado para receber o

pavimento deve ser escarificado, umedecido e compactado na energia indicada

anteriormente. No caso de ocorrência de solos com ISC inferior a 2%, deve-se

efetuar substituição destes solos na espessura a ser definida de acordo com os

critérios adotados nos estudos geotécnicos. Para subleito com solos de expansão

superior a 2%, deve ser determinada, experimentalmente, a sobrecarga necessária

para o solo apresentar expansão menor que 2%. O peso próprio do pavimento

projetado deve transmitir para o subleito pressão igual ou maior do que a

determinada pelo ensaio. Caso o peso próprio da estrutura não seja suficiente para

proporcionar pressão maior ou igual à determinada no ensaio de sobrecarga, deve-

se efetuar a substituição de solos em espessura definida nos estudos geotécnicos

realizados.

2.3.1. Regularização do subleito

A regularização não constitui propriamente uma camada de pavimento, sendo, a

rigor, uma operação que pode ser reduzida em corte do leito implantado ou em

sobreposição a este, de camada com espessura variável (Manual de Pavimentação

– DNIT, 2006).

A regularização deve dar à superfície as características geométricas — inclinação

transversal — do pavimento acabado. Nos trechos em tangente, duas rampas

opostas de 2% de inclinação — 3 a 4%, em regiões de alta precipitação

pluviométrica — e, nas curvas, uma rampa com inclinação da superelevação

(SENÇO, 2007).

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2.3.2. Reforço do subleito

Não é sempre necessário, e vai depender do solo do subleito e do esforço solicitado

do pavimento.

É uma camada de espessura constante, construída, se necessário, acima da

regularização, com características tecnológicas superiores às da regularização e

inferiores às da camada imediatamente superior, ou seja, a sub-base. Devido ao

nome de reforço do subleito, essa camada é, às vezes, associada à fundação. No

entanto, essa associação é meramente formal, pois o reforço do subleito é parte

constituinte especificamente do pavimento e tem funções de complemento da sub-

base que, por sua vez, tem funções de complemento da base. Assim, o reforço do

subleito também resiste e distribui esforços verticais, não tendo as características de

absorver definitivamente esses esforços, o que é característica específica do

subleito (SENÇO, 2007).

O emprego de camada de reforço de subleito não é obrigatório, pois espessuras

maiores de camadas superiores poderiam, em tese, aliviar as pressões sobre um

subleito medíocre. Contudo, procura-se utilizá-lo em tais circunstancias por razões

econômicas, pois subleito de resistência baixa exigiriam, para alguns tipos de

pavimentos (especialmente aos flexíveis), do ponto de vista de projeto, camadas

mais espessas de base e sub-base. Logicamente, o reforço de subleito por sua vez

resistirá a solicitações de maior ordem de grandeza, respondendo parcialmente

pelas funções do subleito e exigindo menores espessuras de base e sub-base sobre

si, sendo em geral menos custoso o emprego de solos de reforço, em vez de

maiores espessuras de camadas granulares ou cimentadas quaisquer que sejam

(BALBO, 2007).

Segundo a INTRUÇÃO DE PROJETO, do Departamento de Estradas de Rodagem

de janeiro de 2006, os solos apropriados para camada de reforço do subleito são os

de ISC superior ao do subleito e expansão máxima de 1%.

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2.3.3. Sub-base

É a camada complementar à base, quando, por circunstâncias técnicas e

econômicas, não for aconselhável construir a base diretamente sobre a

regularização ou reforço do subleito. Segundo a regra geral — com exceção dos

pavimentos de estrutura invertida - o material constituinte da sub-base deverá ter

características tecnológicas superiores às do material de reforço; por sua vez, o

material da base deverá ser de melhor qualidade que o material da sub-base

(BALBO, 2007).

Segundo a INTRUÇÃO DE PROJETO, do Departamento de Estradas de Rodagem

de janeiro de 2006:

Os solos, misturas de solos, solos estabilizados quimicamente, materiais pétreos ou

misturas de solos quando empregados na camada de sub-base do pavimento

devem apresentar as seguintes propriedades geotécnicas:

- capacidade de suporte, ISC, superior ou igual a 30%;

- expansão máxima de 1%.

2.3.4. Base

É a camada mais importante da estrutura do pavimente, pois fica localizada logo

abaixo do revestimento do pavimento, seja rígido, semirrígido ou flexível, pois será

responsável pelo suporte estrutural do pavimento tendo que dissipar as cargas para

as próximas camadas, reduzindo sua intensidade. Caso a qualidade da base não

seja boa será muito provável que aconteça algum dano a esse pavimento.

É a camada destinada a resistir aos esforços verticais oriundos dotráfego e distribuí-

los. Na verdade, o pavimento pode ser considerado composto de base e

revestimento, sendo que a base poderá ou não ser complementada pela sub-base e

pelo reforço do subleito (SENÇO, 2007).

Segundo a INTRUÇÃO DE PROJETO, do Departamento de Estradas de Rodagem

de janeiro de 2006, os materiais ou misturas de materiais, quando empregados na

camada de base do pavimento, devem apresentar as seguintes propriedades

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geotécnicas: - capacidade de suporte, ISC, superior ou igual a 80%; - expansão

máxima de 1%

2.3.5. Revestimento

O revestimento do pavimento é a ultima camada existente na estrutura. Ela irá

receber diretamente a ação do tráfego e será diretamente ligada a qualidade do

subleito. Dependendo da resistência do subleito, a espessura será mais espessa ou

não. Logicamente, o revestimento deverá ser de boa qualidade para além de resistir

aos esforços solicitantes do tráfego, também proporcionar um bom rolamento da

pista, fornecendo maior conforto ao usuário. O revestimento é a camada que

apresenta o material com o maior custo da estrutura, então deverá ter sua

espessura respeitada para que não haja a redução da resistência daquele

pavimento.

Vale ressaltar que a espessura da camada de revestimento, independentemente do

tipo de pavimento, vai estar diretamente ligada a qualidade do subleito, visto que

quanto melhor a qualidade do subleito, menor a necessidade de grandes espessuras

para o revestimento e as outras camadas da estrutura do pavimento.

É a camada, tanto quanto possível impermeável, que recebe diretamente a ação do

tráfego e destinada a melhorar a superfície de rolamento quanto às condições de

conforto e segurança, além de resistir ao desgaste, ou seja, aumentando a

durabilidade da estrutura (SENÇO, 2007).

2.4. Serviços

2.4.1. Pintura de ligação

Segundo definição do DNIT na norma 145/2012 - ES, pintura de ligação consiste na

aplicação de ligante asfáltico do tipo RR-1C sobre superfície de base ou

revestimento asfáltico anteriormente à execução de uma camada asfáltica,

objetivando promover condições de aderência entre esta e o revestimento a ser

executado.

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Na norma citada anteriormente também são descritas as diretrizes para a realização

do processo da pintura de ligação, inclusive os equipamentos necessários.

2.4.2. Imprimação

Segundo definição do DNIT na norma 144/2014 – ES, imprimação consiste na

aplicação de asfalto diluído do tipo CM-30 ou emulsão asfáltica do tipo EAI sobre

superfície da base concluída, antes da execução do revestimento asfáltico,

objetivando conferir coesão superficial, impermeabilização e permitir condições de

aderência entre esta e o revestimento a ser executado.

Na norma citada anteriormente também são descritas as diretrizes para a realização

do processo de imprimação, inclusive os equipamentos necessários.

2.4.3. Fresagem

Não é necessária em todas as obras de pavimentação, somente quando há um

pavimento pré-existente e se faz necessário fresar a pista para construção de uma

nova camada ou de um pavimento novo.

Segundo definição do DNIT na norma 159/2011-ES, é a operação em que é

realizado o corte ou desbaste de uma ou mais camada(s) do pavimento asfáltico, por

processo mecânico a frio.

Na norma citada anteriormente também são descritas as diretrizes para a realização

do processo de fresagem a frio, inclusive os equipamentos necessários.

2.5. Dosagem

Na dosagem de uma mistura asfáltica, o conhecimento dos materiais, através da sua

caracterização e avaliação, é fundamental para que se possa determinar a

combinação de materiais (agregado e material asfáltico) e obter uma mistura que

garanta um bom desempenho do pavimento. Muitos insucessos ocorrem em função

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de uma dosagem inadequada, em decorrência da falta de conhecimento das

características dos materiais e das propriedades das misturas.

A dosagem irá determinar a proporção de cada material que será colocado nas

camadas, de modo que resulte em uma estrutura de pavimento com boa resistência

e bom desempenho. As dosagens, tanto de mistura asfáltica, quanto o de materiais,

possuem métodos específicos que serão apresentados a seguir.

2.5.1. Misturas de materiais

Para misturas de materiais (agregados e solos) são adotados outros métodos de

dosagem, mas que também vão indicar a proporção de cada material na mistura de

agregados. Nesse caso serão apresentados três procedimentos utilizado para

determinação da dosagem.

2.5.1.1. Método das tentativas

O método mais comum é o “método das tentativas”. Esse método consiste em

determinar por meio de tentativa as proporções (a quantidade) de cada material de

forma que a combinação dos materiais atenda aos limites da especificação

selecionada, de acordo com a seguinte equação:

P = PA.a + PB.b + PC.c + ...

onde:

P = % total de materiais que passam em uma dada peneira da combinação de

agregados A, B, C, ...

PA, PB, PC, ... = % de material que passa em uma dada peneira de agregados

A, B, C, ...

a, b, c, ... = proporções de agregados A, B, C, ..., usados na combinação, de

forma que o total seja 100%.

2.5.1.2. Método de Ruthfucs

Dentre os métodos gráficos, o mais usado é o de Ruthfucs, por sua eficiência e

praticidade. O método Ruthfucs tem como objetivo determinar graficamente as

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proporções que devem ser adicionadas de cada material para a obtenção de uma

mistura granulométrica que se enquadre na faixa especificada.

A Figura 7 mostra um exemplo de dosagem de agregados pelo método Ruthfucs.

Figura 9 - Exemplo do gráfico do método de Ruthfucs.

Fonte: ODA, 2016

2.5.1.3. Método de Bailey

O Método Bailey é uma forma de dosagem (seleção granulométrica) que auxilia na

escolha da composição dos agregados com o objetivo de obter uma mistura com

esqueleto mineral que apresente um maior intertravamento dos agregados graúdos

e com isso impedir possíveis fadigas e desgastes do revestimento. Pode ser usado

com qualquer metodologia de dosagem (SUPERPAVE ou MARSHALL). O método

está diretamente ligado às características de compactação da mistura, com os

vazios no agregado mineral (VAM) e com o volume de vazios da mistura

compactada (Vv ou Va, vazios com ar) (CUNHA, 2004).

Para analisar o intertravamento dos agregados é necessário obter as massas

específicas, solta e compactada de cada agregado, através de ensaios constantes

na AASHTO T 19-09 (Figura 10). Com a distribuição granulométrica dos agregados

e as massas específicas, solta e compactada, avalia-se a granulometria escolhida

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encaixando-a num esqueleto “ideal”, assegurando, dessa forma, a resistência à

deformação permanente pelo intertravamento dos agregados graúdos e a

durabilidade pelo teor de ligante adequado devido à obtenção de uma adequada

distribuição de vazios (ODA, 2016).

Figura 10 - Volumes preenchidos com agregados.

Fonte: ODA, 2016

2.5.2. Mistura Asfáltica

Para estimar o desempenho são preparadas amostras de mistura asfáltica em

laboratório. Essas amostras, denominadas de corpos de prova, CPs, podem ser

cilíndricas, trapezoidais, ou retangulares. A moldagem dos CPs pode ser realizada

através da compactação por impacto, amassamento, vibração ou rolagem. Para as

misturas asfálticas serão apresentador dois procedimentos para a dosagem.

2.5.2.1. Procedimento Marshall

O procedimento Marshall foi desenvolvido por BRUCE MARSHALL em 1930 e tem

como principal objetivo determinar o teor ótimo de asfalto. Para esse procedimento a

compactação é realizada por impacto. Apesar de ter sido bastante utilizado, alguns

pesquisadores consideram que esse método está um pouco ultrapassado, porém no

Brasil é bastante utilizado por apresentar um menor custo do equipamento para

execução.

As diretrizes e o procedimento para obtenção de resultados do ensaio Marshall

estão contidos na norma DNER-ME 043/95.

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2.5.2.2. Procedimento Superpave

Durante a década de 1980, várias rodovias norte-americanas de tráfego pesado

passaram a evidenciar deformações permanentes prematuras, que foram atribuídas

ao excesso de ligante nas misturas. Muitos engenheiros acreditavam que a

compactação por impacto das misturas durante a dosagem produzia corpos de

prova (CP) com densidades que não condiziam com as do pavimento em campo.

Esse assunto foi abordado no estudo realizado nos Estados Unidos sobre materiais

asfálticos, denominado Strategic Highway Research Program (SHRP), que resultou

em um novo procedimento de compactação por amassamento, denominado

Superpave. (pavimentação asfáltica). A dosagem pelo procedimento Superpave

deve seguir a norma AASHTO M-323.

2.6. Dimensionamento

O dimensionamento de um pavimento consiste basicamente na determinação das

espessuras das camadas da estrutura desse pavimento, visando atender o número

N. Para esse dimensionamento será essencial o ensaio do Índice de Suporte

Califórnia (ISC ou CBR).

Atualmente no Brasil, o método mais empregado é o que foi desenvolvido pelo

Engenheiro Murilo Lopes de Souza, na década de 70, conhecido como Método do

CBR ou Método do DNER.

O método do DNER utiliza ábacos que relacionam valores de tráfego com dados dos

materiais do subleito para cada tipo de pavimento.

2.6.1. Determinação do ISC

O Índice de Suporte Califórnia é o fator mais importante para o cálculo de qualquer

pavimento. A norma que define as diretrizes para o ensaio para a determinação do

CBR é a NORMA DNIT 172/2016 – ME.

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2.6.2. Determinação do número N

O pavimento é dimensionado em função do número equivalente (N) de operações

de um eixo tomado como padrão, durante o período de projeto (p) escolhido.

• prazo de duração do pavimento;

• tipo de veículos que vão transitar pela via;

• cargas por eixo de cada tipo de veículo;

•quantidade de veículos que deverá transitar pela via, em termos médios.

𝑉𝑝 = 𝑉𝑜. (1 + 𝑝. 𝑡)

onde:

Vo = VDM inicial em um sentido (veículo diário médio);

t = taxa média anual de crescimento de tráfego;

Vp = VDM num sentido, no fim do período p;

p = número de anos de projeto.

O volume diário médio, durante o período será:

𝑉𝑚 =(𝑉𝑜 + 𝑉𝑝)

2

O volume total de tráfego durante o período de projeto será:

𝑉𝑡 = 365. 𝑝. 𝑉𝑚

Admitindo uma taxa não linear de crescimento t, tem-se:

𝑉𝑝 = 𝑉𝑜. (1 + 𝑡). 𝑝

O volume total de tráfego durante o período de projeto será

𝑉𝑡 = 365 . 𝑉𝑜 .(1 + 𝑡)𝑝 − 1

𝑡

Se houver insuficiência de dados, t = 0,5

O número equivalente de operações do eixo simples padrão, N, durante o período

de projeto é dado por

𝑁 = 𝑉𝑡 𝑥 𝐹𝐸 𝑥 𝐹𝐶

𝐹𝐸 𝑥 𝐹𝐶 = 𝐹𝑉

𝑁 = 𝑉𝑡. 𝐹𝑉

onde:

FE: fator de eixos

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FC: fator de carga

FV: fator de veiculo

FE: % veículos de 2 eixos x 2 + % veículos de 3 eixos x 3 + % veículos de 4

eixos x 4+ ...

FC: % de cargas por eixo (simples e tandem) x FEO (definido pelos ábacos) =

∑ (% eixos x FE)

O número de operações do eixo padrão é dado por:

𝑁 = 365 𝑥 𝑝 𝑥 𝑉𝑚 𝑥 𝐹𝐸 𝑥 𝐹𝐶 𝑥 𝐹𝑅

FR é o Fator Climático Regional, que é função da altura média anual de chuva. No

Brasil, adota-se FR = 1,00.

Para a determinação dos fatores de equivalência para posterior cálculo do fator de

carga os ábacos necessários estão apresentados abaixo.

Figura 11 - Fator de equivalência de operações, FEO - Eixo simples

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Figura 12 - Fator de equivalência de operações, FEO - Tandem duplo

Figura 13 - Fator de equivalência de operações, FEO - Tandem triplo

2.6.3. Coeficiente de equivalência (k)

O coeficiente de equivalência é uma constante que será determinado para cada

camada do pavimento, que irá variar de acordo com o tipo de material e camada que

adotada (Tabela 1).

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Tabela 1 - Coeficientes Estruturais

Componentes do pavimento K

Base ou revestimento de concreto asfáltico 2,0

Base ou revestimento de pré-misturado a quente, de graduação densa 1,7

Base ou revestimento de pré-misturado a frio, de graduação densa 1,4

Base ou revestimento asfáltico por penetração 1,2

Camadas granulares 1,0

Solo-cimento com resistência a compressão a 7 dias > 45 kgf/cm² 1,7

Idem, com resistência a compressão a 7 dias entre 45 e 28 kgf/cm² 1,4

Idem, com resistência a compressão a 7 dias entre 28 e 21 kgf/cm² 1,2

Bases de Solo-cal 1,2

Após obter todos os dados descritos na Tabela 1 será iniciado o dimensionamento

das camadas propriamente dito.

O gráfico da figura 13 relaciona, para valores de CBR ou IS, valores de espessura

com coeficiente de equivalência estrutural k = 1,0, com número de operações do

eixo padrão.

• Número N + CBR correspondente → espessura da camada

• Espessura Hm = espessura total para um material com CBR = m

• Espessura hn = espessura da camada com CBR = n

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108 107 106 105 104 103 109

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

Es

pe

ss

ura

do

Pa

vim

en

to, em

cm

(H

)

N = Operações de eixo de 18.000 lbs (8,2 t)

CBR = 20

CBR = 15

CBR = 12

CBR = 8

CBR = 7

CBR = 6

CBR = 5

CBR = 10

CBR = 3

CBR = 4

CBR = 2

Figura 14 - Gráfico de dimensionamento do método do DNER (adaptado)

Para a espessura do revestimento é utilizada a Tabela 2, que relaciona o número N

e a espessura mínima que deverá ser utilizada.

Tabela 2 - Relação entre o número N e as espessuras mínimas de revestimento

N Espessuras mínimas do revestimento

N < 106 Tratamentos superficiais

106 < N < 5x106 Concreto asfáltico com 5,0 cm de espessura

5x106 < N < 107 Concreto asfáltico com 7,5 cm de espessura

107 < N < 5x107 Concreto asfáltico com 10,0 cm de espessura

N > 5x107 Concreto asfáltico com 12,5 cm de espessura

Uma vez determinadas as espessuras Hm, Hn e H20 pelo gráfico da figura 13 e R

pela tabela de espessura mínima de revestimento, as espessuras da base (B), sub-

base (h20) e reforço do subleito (hn), são obtidas pela resolução sucessiva das

seguintes inequações:

– RkR + BkB > H20 (1)

– RkR + BkB + h20kS > Hn (2)

– RkR + BkB + h20kS + hnkRef > Hm (3)

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B e R designam, respectivamente, as espessuras da base e do revestimento.

• Os coeficientes estruturais são designados por:

• Revestimento: kR

• Base: kB

• Sub-base: kS

• Reforço: kRef

• CARACTERÍSTICAS MÍNIMAS PARA MATERIAIS GRANULARES:

– Reforço do subleito:

• CBR maior que o do subleito;

• expansão ≤ 2%

– Sub-base:

• CBR ≥ 20%

• expansão ≤ 1%

– Base:

• CBR ≥ 80% (CBR ≥ 60% para N ≤ 106)

• Expansão ≤ 0,5%

• LL ≤ 25%

• IP ≤ 6%

A figura 14 ilustra as espessuras das camadas assim como as suas nomenclaturas.

R

B

h20

hn

H20

Hn

Hm

revestimento

base

sub-base

reforço do subleito

subleito

Figura 15 - Gráfico de dimensionamento do método do DNER (adaptado)

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3. PROJETO DE PAVIMENTAÇÃO

3.1. Etapas de Projeto de Pavimento

Para o projeto de um pavimento existem algumas etapas importantes a serem

seguidas, que engloba tanto a parte inicial de levantamento do terreno e sondagem

até a fase de execução e manutenção desse pavimento.

3.1.1. Estudo Preliminar

Para todos os projetos de engenharia que precisam ser realizados, em qualquer

área que seja, é necessário um estudo preliminar, que visa além de analisar custos

e alternativas para aquela obra, define a viabilidade da mesma. Para uma obra de

pavimentação temos algumas opções do que é necessário fazer em cada caso.

Temos os casos de um simples gerenciamento que irá consistir normalmente em

uma manutenção do pavimento já existente, o caso em que o pavimento existente

está em um estado que será necessária uma reconstrução no local e o caso em que

ainda não há a pavimentação e será feita uma obra nova para construir um

pavimento.

Segundo a INSTRUÇÃO DE PROJETO do Departamento de Estradas de Rodagem

de janeiro de 2006, esta etapa corresponde às atividades relacionadas ao estudo

geral de pavimento, baseado em dados de cadastros regionais e locais,

observações de campo e experiência profissional de maneira a permitir a previsão

preliminar da estrutura de pavimento e seu custo. Deve-se procurar o contato direto

com as condições físicas do local da obra através de reconhecimento preliminar,

utilizando documentos de apoio disponíveis como mapas geológicos, dados de

algum projeto existente na área de influência da obra e dados históricos do tráfego.

A análise dos dados permite a previsão das investigações necessárias para a etapa

de projeto subsequente, o projeto básico. O estudo preliminar deve constituir-se de

memorial descritivo com apresentação das alternativas de estruturas de pavimento

acompanhadas de pré-dimensionamentos e a solução eleita a partir de análise

técnico-econômica simplificada, desenhos de seção-tipo de pavimento, quantitativos

dos serviços de pavimentação e orçamento preliminar.

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3.1.1.1. Manutenção do pavimento

As obras de manutenção do pavimento são obras em que o pavimento do local

apresenta pequenos problemas na sua superfície de rolagem que esteja de alguma

maneira infringindo a regra de que o pavimento precisa gerar um conforto para a

sociedade. Para esses casos o primeiro passo para iniciar a obra será uma analise

do pavimento todo, onde o responsável fará as anotações de como está o estado do

pavimento, indicando suas fissuras, fraturas, falhas e outros possíveis casos onde

não esteja 100% perfeito. E posterior a isso o projeto será realizado para resolver os

problemas apresentados nessa pesquisa do local.

3.1.1.2. Reconstrução do Pavimento

Existem os casos em que o estado do pavimento está tão precário que será

necessária uma obra de pavimentação mais profunda, que poderá consistir além do

tratamento da camada de revestimento, uma restauração de camadas inferiores a

ela. Nesse caso é um pouco mais complicado porque temos que analisar até onde o

defeitos daquele pavimento afetou as camadas inferiores, que algumas vezes pode

danificar todo o pavimento e assim ser necessário sua reconstrução total, pois um

simples reparo não irá solucionar o problema.

3.1.1.3. Construção do pavimento

Esse caso é o mais complexo que se tem, pois primeiro será necessário analisar a

condição de cada região do pavimento. Para isso deverão ser realizados estudos e

ensaios do local para saber a finalidade da obra e qualidade do solo encontrado

trabalhar. Teremos um projeto básico para a obra, que irá consistir em analisar o

solo que temos e o fluxo de carro que irá transitar naquele local.

3.1.2. Projeto Básico

O projeto básico será realizado com os dados obtidos no local observando à

finalidade do pavimento a ser construído e a solicitação no local da obra. Tendo o

caso de pavimentação em um local onde já exista essa pavimentação e uma nova

pavimentação, as etapas do projeto básico podem ser um pouco diferentes, mas

com a mesma finalidade em ambos os casos.

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Segundo a INSTRUÇÃO DE PROJETO do Departamento de Estradas de Rodagem

de janeiro de 2006, com os elementos obtidos nesta etapa, tais como: topografia,

investigações geológico/geotécnicas, projeto geométrico, projeto de drenagem etc.,

devem ser estudadas alternativas de solução, com grau de detalhamento suficiente

para permitir comparações entre elas, objetivando a seleção da melhor solução

técnica e econômica para a obra.

O projeto básico deve constituir-se de memorial de cálculo com análise

geológico/geotécnica, pesquisa de tráfego e cálculo do número “N” de solicitações

do eixo simples padrão de rodas duplas de 80 kN, dimensionamento da estrutura de

pavimento com verificação mecanicista, desenhos de seção-tipo transversal de

pavimento, planta de localização dos tipos de pavimentos e planilha de quantidades

com orçamento dos serviços de pavimentação.

3.1.2.1. Estudo do local - Levantamento do terreno

O levantamento do local onde será realizada a pavimentação deverá ser realizado

em primeiro lugar. Nesse levantamento, será indicado, além da via que será

pavimentada, os locais onde a sondagem deverá ser realizada para conhecimento

das características do terreno.

3.1.2.2. Estudo do pavimento existente

Quando já houver pavimento no local também será necessária a análise do

pavimento para a realização da obra.

3.1.2.3. Tráfego

Segundo a INSTRUÇÃO DO PAVIMENTO, DO Departamento de Estradas

Rodagem de janeiro de 2006, o tráfego para o dimensionamento de pavimentos

pode ser caracterizado de várias formas, porém a mais utilizada é a determinação

do número “N” de equivalentes de operações de eixo simples padrão de rodas

duplas de 80 kN para um determinado período de projeto.

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Também, no caso de dimensionamento de pavimento rígido utiliza-se o número

acumulado de repetições dos vários tipos de eixos e cargas obtido para um

determinado período de projeto. No Brasil, os principais modelos e métodos de

dimensionamentos de pavimento utilizam o número “N”, excetuando-se o

procedimento de dimensionamento de pavimento rígido da Portland Cement

Association – PCA que utiliza o número acumulado de repetições dos vários tipos de

eixos e cargas.

O número “N” de equivalentes de operações de eixo simples padrão de rodas duplas

de 80 kN é a transformação de todos os tipos de eixos e cargas dos veículos

comerciais que trafegarão sobre o pavimento em um eixo simples padrão de rodas

duplas equivalente de 80 kN. Consideram-se apenas os veículos comerciais no

cálculo do número “N”, visto que os automóveis possuem carga de magnitude

desprezível em relação aos veículos comerciais.

a) Contagem manual

Como o nome já diz é realizado por técnicos, manualmente, que realizam a

contagem no local 24 horas, por 7 dias consecutivos contando a quantidade de

veículos que irão passar por lá nesse período diferenciando-os pelo tipo de eixo de

cada um.

b) Contagem eletrônica

A contagem eletrônica pode ser realizada por meio de câmeras instaladas nas vias

ou por sensores localizados no pavimento que irá fazer a contagem conforme os

veículos forem passando no local.

3.1.2.4. Caracterização do material do subleito

3.1.2.4.1. Sondagem do subleito

Os pontos de sondagem deverão ser espalhados de 40 em 40 metros (Senço, 2008)

para assegurar de que a sondagem irá traduzir bem o solo em que teremos para

trabalhar. Para esse ensaio os furos devem ser realizados com 3m de profundidade

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com o objetivo de obter amostras do solo que irá receber a pavimentação para

posterior estudos das suas características que irão influenciar a estrutura do

pavimento.

3.1.2.4.2. Ensaio de Compactação do Solo

A norma DNER-ME 162/94 estabelece um método para determinar a correlação

entre o teor de umidade e a massa especifica do solo seco. Com essa norma

podemos definir a curva de compactação, a massa especifica aparente máxima do

solo seco e a umidade ótima do solo.

a) Curva de compactação

Segundo a norma é desenhada a curva de compactação marcando-se, em

ordenadas, as massas especificas aparentes do solo seco γs e, em abscissas, os

teores de umidade correspondentes, h.

b) Umidade ótima

Segundo a norma é o valor da abscissa correspondente, na curva de compactação,

ao ponto da massa especifica aparente máxima do solo seco.

c) Densidade seca máxima

Segundo a norma é determinado pela ordenada máxima da curva de compactação.

3.1.2.4.3. Ensaio de Índice de Suporte Califórnia

O índice de suporte Califórnia irá determinar qual a expansão do solo e a resistência

do solo, o que será muito importante para a analise e definição de espessura de

camada e qualquer tratamento que se faça necessário para evitar desgaste precoce

do pavimento.

A norma NORMA DNIT 172/2016 – ME tem por objetivo fixar as condições para

determinação do Índice de Suporte Califórnia de solos, utilizando amostras não

trabalhadas.

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O ensaio do índice de suporte Califórnia deve ser complemento do ensaio de

compactação do solo.

3.1.2.4.4. Ensaio de Caracterização do Solo

O ensaio de caracterização do solo é realizado antes do inicio da obra de

pavimentação para definir os parâmetros do solo que irá receber o pavimento. Isso é

necessário para definir a qualidade do solo e assim poder ser projetado um

pavimento compatível ao solo. Vale ressaltar que além do tipo e qualidades do solo

é essencial que haja o estudo do tráfego no local para saber a solicitação que

aquela via irá receber, como foi explicitado anteriormente.

a) Limite de Liquidez (LL)

Tem relação com a umidade do solo e é definida como a umidade limite do solo até

ele ter comportamento plástico, ou seja, como se funcionasse como uma umidade

de transição entre os dois estados do sólido: o liquido e o plástico. As diretrizes e

especificações do ensaio para determinação desse limite de liquidez estão definidas

na norma DNER – ME 122/94.

b) Limite de Plasticidade (LP)

Também é a umidade do solo, porém nesse caso é a umidade limite entre o estado

plástico do solo e o estado semi-sólido. As diretrizes e especificações do ensaio

para determinação desse limite de liquidez estão definidas na norma DNER – ME

082/94.

c) Índice de Plasticidade (IP)

Relaciona o limite de liquidez com o limite de plasticidade.

𝐼𝑃 = 𝐿𝐿 − 𝐿𝑃

Determina basicamente a máxima quantidade de água que poderá ser adicionada

ao solo para que o mesmo permaneça com sua consistência plástica. Não existem

normas para a determinação desse fator, pois será necessário somente relacionar

os valores encontrados pelos ensaios dos limites anteriores.

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3.1.2.4.5. Classificação HRB

Classificação de solos que data da década de 1920 e que após a 2a . Guerra

Mundial sofreu alterações quando foi normalizada pela AASHTO – American

Association of State Highway Officials, que perduram até nossos dias. É um sistema

de classificação de solos de aplicação rodoviária baseado nos limites de Atterberg e

na granulometria (MOURA, 2017).

São apresentados 7 classes subdivididos em 11 grupos assim denominados

(MOURA, 2017):

A-1 subdividido em A-1-a e A-1-b;

A-2 subdividido em A-2-4, A-2-5, A-2-6, e A-2-7;

A-3;

A-4;

A-5;

A-6; e,

A-7 subdividido em A-7-5 e A-7-6.

As classes A-1, A-2 e A-3 tratam-se de materiais mais grossos, que apresentam de

até no máximo de 35% de material retido na # 200 (0,075mm de abertura). Limitados

em 15%, 25% e 10% para os grupos A-1-a, A-1-b e A-3 respectivamente.

Para as classes A-1 e A3 o IP – índice de plasticidade é limitado em 6% o que

caracteriza materiais com predominância de não plástico (pedra britada, pedregulho

e areias).

Já os grupos A-2-4 e A-2-5 o IP é limitado em 10%, os grupos A-2-6 e A-2-7

especifica um mínimo de 11% no IP. Na calsse A- 2 considera-se o LL – limite de

liquidez, tratam-se dos materiais: areias e areias argilosas ou siltosas. Para as

classes A-4, A-5, A-6 e A-7, tem-se no mínimo 35% de material passado na peneira

acima e considera-se também tanto o IP como o LL. Tratam-se solos finos argilas e

siltes.

A Figura 16 mostra a classificação HRB.

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Figura 16 - Classificação HRB

Fonte: ODA, 2016.

3.1.3. Projeto Executivo

O projeto executivo irá constar nas etapas que serão realizadas em toda a obra de

pavimentação. Irá fazer parte desse projeto tanto a parte de sondagem como a de

limpeza do local após a execução da obra.

Segundo a INSTRUÇÃO DE PROJETO do Departamento de Estradas de Rodagem

de janeiro de 2006, nesta etapa, a solução selecionada no projeto básico deve ser

detalhada a partir dos dados atualizados de campo, da topografia, das investigações

geológico-geotécnicas complementares, do projeto geométrico, do projeto de

drenagem etc.

O projeto executivo deve constituir-se de memorial de cálculo com resultados das

investigações geotécnicas e pesquisas de tráfego complementares para cálculo do

número “N” de solicitações do eixo simples padrão de rodas duplas de 80 kN,

dimensionamento da estrutura de pavimento com verificação mecanicista, desenhos

de seção-tipo transversal de pavimento, planta de localização dos tipos de

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pavimentos, detalhes construtivos e especificações de serviços e planilha de

quantidades com orçamento dos serviços de pavimentação.

3.1.3.1. Elaboração de Projeto

Como foi visto anteriormente, a obra de pavimentação terá um projeto básico que irá

relacionar todas as características existentes no local da obra. Nesse momento, o

objetivo será descrever como será a elaboração desse projeto, quais características

serão importantes para isso e quais ensaios deverão ser realizados.

3.1.3.2. Normas Gerais Aplicáveis

Para cada tipo de pavimento é essencial seguir as especificações técnicas

constantes nas normas disponibilizadas pelos órgãos rodoviários. No Brasil, o DNIT

– Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes disponibiliza em seu site

todas as normas utilizadas na construção de pavimentos flexíveis, semirrígidos e

rígidos. Vale lembrar que em alguns estados e municípios, as obras devem atender

as exigências de seus órgão do DER – Departamento de Estradas de Rodagem, que

possuem normas específicas para a sua região.

No entanto, no caso de pavimentos rígidos também devem ser seguidas algumas

normas sobre materiais, fornecidas pela ABCP - Associação Brasileira de Cimento

Portland.

3.1.3.3. Conteúdo Técnico

3.1.3.3.1. Desenho

Os desenhos possuem a série especial e a normal, o que vai diferenciar os dois

tipos é a escala do desenho além do seu conteúdo.

Segundo a INSTRUÇÃO DE PAVIMENTO do Departamento de Estradas de

Rodagem de janeiro de 2006, o projeto básico deve compreender detalhes gerais da

obra, contendo, no mínimo:

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- plantas de distribuição dos tipos de estruturas de pavimento;

- seções-tipo transversal de pavimento, com todos os detalhes e notas necessárias

para a execução adequada dos serviços de pavimentação.

3.1.3.3.2. Memorial Descritivo

O memorial descritivo do projeto Deve conter a descrição dos serviços executados e

o detalhamento da alternativa selecionada pela projetista, acompanhada de

justificativa técnico-econômica, resultados de ensaios laboratoriais e de pesquisas

realizadas. O memorial descritivo deve conter também planilhas de quantidades,

quadro resumo das distâncias de transportes e demonstrativo do consumo de

materiais. Dever ser incluído no memorial descritivo o cronograma estimado para

implantação do pavimento e o orçamento dos serviços de pavimentação, segundo a

INSTRUÇÃO DE PROJETO do Departamento de Estradas de Rodagem de janeiro

de 2006.

3.1.3.3.3. Orçamento - Planilha de Custos e Serviços

Para o orçamento de qualquer obra é preciso analisar quais serviços e materiais

serão necessários para cada caso. Para o caso de uma obra de pavimentação

devem ser orçados os itens de transporte, materiais, serviços e mão de obra. Nesse

trabalho foram utilizadas as planilhas de custo do SINAPI da Caixa Econômica

Federal e da Prefeitura do Rio de Janeiro, que serão apresentadas com os itens a

serem orçados.

a) Serviços preliminares

São os serviços que deverão ser realizados antes do inicio da obra, que irá consistir

na montagem de um canteiro de obra que deverá constar toda a estrutura

necessária e sua manutenção para atender aos funcionários que irão trabalhar no

local.

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b) Fresagem

Quando já houver uma estrutura de pavimento no local, mas existir a necessidade

de um novo recapeamento, deverá ser realizada a fresagem em toda a via como

uma maneira de regularizar sua superfície.

c) Pavimentação

A parte da obra que irá apresentar mais etapas e custos. Irá englobar todos os

materiais e mão de obra da pavimentação.

d) Transporte

Nessa parte do orçamento será considerado todo o tipo de transporte necessário na

obra, tanto internamente no transporte de material pela obra como externamente no

transporte de materiais, entulho para locais determinados.

Além desses itens do orçamento, toda obra tem que considerar o índice BDI que

consiste nos custos indiretos da obra, como administração da empresa, seguro,

custo financeiro do contrato, garantia e tributos. É um valor estipulado pela empresa

e esse será calculado no fim da obra após o orçamento estar finalizado e deverá

estar dentro do esperado.

e) Limpeza

Após o fim da obra será necessária uma limpeza no local, que também deverá ser

considerada nos custos da mesma.

f) Composição de Custo Unitário de Serviço

A composição do serviço de pavimentação irá englobar todas as etapas da obra.

Primeiro a instalação do canteiro de obra, que poderá ser no próprio local ou em

algum outro ponto especifico com as instalações necessárias para suprir a

necessidade dos funcionários e da obra como um todo para o seu funcionamento.

Muito importante orçar o custo da fresagem do pavimento existente, além do custo

da sondagem do local para análise da resistência do solo. O custo do projeto

também será considerado. Todo o custo com a pavimentação como os materiais

utilizados, transporte interno e externo e uma final limpeza da obra.

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4. ESTUDO DE CASO

Para o estudo de caso foi selecionado o campus da Ilha do Fundão da Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Historicamente a ilha do fundão é uma ilha artificial que

foi criada pelo homem através de aterros em ilhas pré-existentes no local (Baiacu,

Bom Jesus, Cabras, Catalão, Fundão, Pindaí do Ferreira, Pindaí do França e

Sapucaia)1. Infelizmente, não foi realizado na época da execução dos aterros, um

levantamento das características dos materiais das ilhas e, consequentemente, não

existe um banco de dados com informações sobre os pavimentos executados nas

vias da Ilha do Fundão.

O que pode ser verificado superficialmente é que a ilha não possui solo de boa

qualidade e resistência e os pavimentos existentes de quase todas as vias do

campus apresentam muitas deformações, buracos, trincas e irregularidades. Por

esse motivo, o objetivo deste estudo de caso é apresentar um pequeno projeto para

a pavimentação de uma região dentro da Cidade Universitária. O trecho selecionado

foi sugerido pelo Prefeito da Cidade Universitária.

4.1. Localização

O estudo de caso será um projeto realizado para a pavimentação de uma região

dentro do campus da UFRJ localizado na Ilha do Governador, Campus do Fundão.

Figura 17 - Ilha do Fundão

Fonte: http://www.nce.ufrj.br/mot_cn/como-chegar.asp

1https://ufrjparaestrangeiros.wordpress.com/2011/07/03/historia-de-ilha-do-fundao-cidade-universitaria/

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4.2. Características

Após análise das condições do local foi constatado que a realização de obra para

recuperar o pavimento será necessária, e para esse caso será utilizado todo o

processo do projeto básico, projeto executivo e orçamento explicitado no capitulo 3.

Como visto anteriormente, as partes mais importantes do projeto básico são a

análise do pavimento, contagem de tráfego e ensaio do ISC.

A contagem de trafego foi realizada por alunos da UFRJ para realização de um

trabalho da disciplina Pavimentação B e será utilizado para os cálculos do número N

necessário para o dimensionamento da estrutura do pavimento.

A avaliação do pavimento foi realizada por um grupo de alunos também da UFRJ da

disciplina Pavimentação B e também será utilizada nesse trabalho para determinar

qual a necessidade que o pavimento existente precisa, seja uma simples

manutenção, consertando pequenos defeitos ou uma total reconstrução do

pavimento do local.

Infelizmente, o ensaio ISC não foi realizado, e por esse motivo, foi considerada

nesse trabalho a pior situação, pois em determinados locais, pode-se observar que o

solo era bem fraco. Sendo assim, foi adotado o menor valor, segundo as normas do

município do Rio de Janeiro, para o Índice de Suporte Califórnia, que é 3%.

4.2.1. Análise do pavimento existente

Após a análise do pavimento no local determinado foi constatada a necessidade da

realização de fresagem. Por ser um pavimento muito prejudicado e com pouca

manutenção será necessária a fresagem de todo o pavimento existente para a

reconstrução do novo.

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Figura 18 - Foto das Condições do Local a ser Pavimentado

Figura 19 -Foto das Condições do Local a ser Pavimentado

Figura 20 - Foto das Condições do Local a ser pavimentado

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A via a ser pavimentada na Ilha do Fundão é a Largo Wanda de Oliveira, situada

próximo ao alojamento da universidade, a via a ser recuperada que está neste

estudo de caso possui 450 metros de extensão e 4,2 metros de largura.

.

Figura 21 - Via a ser pavimentada

4.2.2. Dimensionamento

O dimensionamento será realizado pelo método do DNER como foi explicado

anteriormente.

4.2.3. Orçamento e planilha de custo

Para o orçamento da obra foi necessário especificar alguns fatores para pesquisar o

custo da execução. No Anexo A segue uma planilha com os custos e serviços

considerados no projeto dessa obra. Além de todos os valores apresentados foram

considerados desonerados:

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o quantitativo de engenheiros e encarregados não foi calculado e com isso não

pôde ser orçado porque não é de conhecimento o prazo da obra, por ser apenas

um projeto estimado.

os custos com transporte interno e externo foi realizado de maneira mais

generalizada, sem definir o tipo de material a ser transportado.

o custo com limpeza foi também generalizado independentemente do tipo de

limpeza.

A planilha com o orçamento desta obra de pavimentação está no Anexo A.

4.2.4. Número N

O número N que deve ser calculado para toda obra de pavimentação, seja de

construção ou manutenção.

Neste trabalho foi calculado para o local do projeto a partir de dados de contagem de

trafego realizado nas vias do Fundão.

A contagem foi feita manualmente por alunos de Engenharia Civil da Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Para isso, os alunos foram no local 3 dias seguidos e

anotaram em uma planilha os veículos que passaram considerando para esse caso

automóveis (carros), ônibus e caminhões, visto que por se tratar de uma

universidade o fluxo de veículos de mais de 2 eixos é muito menor, então por isso

nesse caso também será considerado o fluxo de carros para o cálculo.

A contagem foi realizada em dois turnos, primeiramente de 7h às 9h e o segundo

turno de 16h às 18h.

Com a contagem de tráfego foi possível calcular o VDM (volume diário médio) que

consiste na média de veículos que passaram no local nos três dias. O VDM para

esse caso foi 753.

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Após o cálculo do VDM podemos chegar ao valor de N utilizando os fatores que

foram apresentados no capítulo 2.

𝑉𝑝 = 753 . (1 + 20 . 0,05) = 1506 𝑣𝑒𝑖𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠

O Vp calculado é a quantidade de veículos que deve transitar na via em termos

médios, considerando como base o valor calculado para o VDM.

Já o volume total de trafego durante o tempo de projeto é:

𝑉𝑡 = 365 .753.(1 + 0,05)20 − 1

0,05= 9088013 𝑣𝑒𝑖𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠

Para o cálculo de N, deverá ser calculado o valor de Vm, que será:

𝑉𝑚 =753 + 1506

2= 1130 𝑣𝑒𝑖𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠

O fluxo de veículos na UFRJ é somente de veículos com eixo simples. E para o

cálculo dos fatores necessários para o cálculo do valor N será:

𝐹𝐸 = 100% 𝑥 2 = 2,0

Considerando a carga por eixo de 2t do tráfego da Ilha do Fundão, e utilizando o

ábaco na Figura 11, o valor para FC será:

𝐹𝐶 = 0,07

E com isso:

𝐹𝑉 = 0,14

𝑁 = 365 𝑥 20 𝑥 1130 𝑥 0,14 𝑥 1,0 = 115439 = 1,2 𝑥 106𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐𝑖𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑒𝑖𝑥𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜

Com o valor de N será possível determinar a estrutura do pavimento para a via

desejada.

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53

O valor para kr = 2,0 foi retirado da Tabela 1, assim como kb = 1,0, ks = 1,0 e kref =

1,0.

Para o reforço do subleito foi considerado um solo melhorado com cal tendo um

ISC = 8%.

Utilizando o ábaco da Figura 13, foram encontrados os seguintes valores:

108 107 106 105 104 103 109

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

Es

pe

ss

ura

do

Pa

vim

en

to, em

cm

Operações de eixo de 18.000 lbs (8,2 t)

CBR = 20

CBR = 15

CBR = 12

CBR = 8

CBR = 7

CBR = 6

CBR = 5

CBR = 10

CBR = 3

CBR = 4

CBR = 2

Figura 22 – Gráfico utilizado para o dimensionamento

H20 = 26 cm

H8 = 45 cm

H3 = 76 cm

Após os cálculos, as espessuras de cada camada da estrutura são:

o RkR + BkB > H20 (1) -> 5 x 2,0 + B x 1,0 > 26 – B = 16 cm

o RkR + BkB + h20kS > Hn (2) -> 5 x 2,0 + 16 x 1,0 +h20 x 1,0 > 45 – h20 = 19 cm

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o RkR + BkB + h20kS + hnkRef > Hm (3) -> 5 x 2,0 + 16 x 1,0 + 19 x 1,0 > 76 – hn =

31 cm

R = 5 cm (com base na Tabela 2)

B = 16 cm (espessura da base)

h20 = 19 cm (espessura da sub-base)

hn = 31 cm (espessura do reforço do subleito)

Na Figura 19 está ilustrada a estrutura do pavimento calculado.

Revestimento asfáltico - CBUQ 5 cm

Base - BGS

CBR = 80% 16 cm

Sub-base - BGS

CBR = 20% 19 cm

Reforço do Subleito – Solo melhorado com cal

CBR = 8% 31 cm

Subleito CBR = 3%

Figura 23 - Estrutura do pavimento calculado

4.3. Exemplo de um projeto de Pavimentação

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LARGO WANDA DE OLIVEIRA LOCALIZADA NO CAMPUS DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

PROJETO EXECUTIVO

MEMÓRIA DE CÁLCULO

10/02/2017

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1. ESTUDO PRELIMINAR

Com as constantes reclamações da qualidade do pavimento no campus da UFRJ na

Ilha do Fundão, um estudo preliminar no local foi realizado por alunos da disciplina

Transportes III a fim de classificar o pavimento e relatar os problemas existentes na

via. Após a análise dos aluno foi constatada a necessidade de uma repavimentação

no local, que irá consistir na fresagem da via e construção de uma nova estrutura de

pavimento.

ESTUDO DO LOCAL

O estudo do local realizado na via para definir onde os pontos de sondagem serão

realizados para o estudo do subleito. Nesse caso, quando já temos uma via

pavimentada o estudo do local só irá definir mesmo esses pontos de sondagem.

TRAFEGO

A contagem de trafego foi realizada também pelos alunos da disciplina de

transportes III que foram ao local 3 dias seguidos em dois turnos, pela manhã de 7h

as 9h e no turno na tarde de 16h as 18h.

ENSAIOS DE CBR

O ensaio de CBR que deverá seguir as diretrizes contidas na norma DNIT 172/2016

– ME não foi realizada no local por falta de material disponível para a tal, porém para

a realização do projeto foi utilizado o CBR mais desfavorável de 3% para todo o

subleito da via a ser pavimentada.

NÚMERO N

Após a contagem de trafego foi feita uma planilha com todos os dados obtidos para

que o cálculo do Veículo Diário Médio (VDM) pudesse ser feito para que assim fosse

determinado o número N. com um VDM de 753 pode-se obter os seguintes valores.

𝑉𝑝 = 753 . (1 + 20 . 0,05) = 1506 𝑣𝑒𝑖𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠

𝑉𝑚 = 753 + 1506 = 2259 𝑣𝑒𝑖𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠

Para o cálculo de N também são necessários alguns valores de fatores que

dependem diretamente dos tipos de veículos que trafegam no local, se são de eixo

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simples, tandem duplo ou tandem triplo. No caso do local do projeto foi constatado

que o tráfego é somente e veículos de eixo simples, e com isso foram calculados os

valores do Fator de Eixo (FE), Fator de Carga (FC) e Fator de Veículos (FV).

𝐹𝐸 = 100% 𝑥 2 = 2,0

𝐹𝐶 = 0,07 (á𝑏𝑎𝑐𝑜)

𝐹𝑉 = 𝐹𝐸 𝑥 𝐹𝐶 = 0,14

Com esses valores, o valor de N ficará:

𝑁 = 365 𝑥 20 𝑥 2259 𝑥 0,14 𝑥 1,0 = 115439 = 1,2 𝑥 106 𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐𝑖𝑡𝑎çõ𝑒𝑠

Com o valor de N será possível determinar a estrutura do pavimento para a via

desejada.

O valor para kr = 2,0 foi retirado da Tabela 1, assim como kb = 1,0, ks = 1,0 e kref =

1,0.

Para o reforço do subleito foi considerado um solo melhorado com cal tendo um

ISC = 8%.

Utilizando o ábaco da Figura 24, foram encontrados os seguintes valores:

H20 = 26 cm

H8 = 45 cm

H3 = 76 cm

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108 107 106 105 104 103 109

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

Es

pe

ss

ura

do

Pa

vim

en

to, em

cm

Operações de eixo de 18.000 lbs (8,2 t)

CBR = 20

CBR = 15

CBR = 12

CBR = 8

CBR = 7

CBR = 6

CBR = 5

CBR = 10

CBR = 3

CBR = 4

CBR = 2

Figura 24 - Gráfico utilizado para o dimensionamento

Após os cálculos, as espessuras de cada camada da estrutura são:

o RkR + BkB > H20 (1) -> 5 x 2,0 + B x 1,0 > 26 – B = 16 cm

o RkR + BkB + h20kS > Hn (2) -> 5 x 2,0 + 16 x 1,0 +h20 x 1,0 > 45 – h20 = 19 cm

o RkR + BkB + h20kS + hnkRef > Hm (3) -> 5 x 2,0 + 16 x 1,0 + 19 x 1,0 > 76 – hn =

31 cm

R = 5 cm (com base na Tabela 2)

B = 16 cm (espessura da base)

h20 = 19 cm (espessura da sub-base)

hn = 31 cm (espessura do reforço do subleito)

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Revestimento asfáltico - CBUQ 5 cm

Base - BGS

CBR = 80% 16 cm

Sub-base - BGS

CBR = 20% 19 cm

Reforço do Subleito – Solo melhorado com cal

CBR = 8% 31 cm

Subleito CBR = 3%

Figura 25 - Estrutura do Pavimento Calculado

2. MEMORIAL DESCRITIVO

O projeto é de uma via localizada na Ilha do Fundão na Universidade Federal do Rio

de Janeiro. Foi constatada a necessidade de um novo pavimento no local devido a

grandes reclamações com relação a qualidade do mesmo, que vinha atrapalhando o

funcionamento do trafego no local. Com intuito de melhorar a qualidade do

transporte e locomoção das pessoas que ali transitam, a realização desse projeto se

fez necessária.

3. ORÇAMENTO PLANILHA DE CUSTO

O orçamento realizado para esse projeto foi com base nas tabelas do SINAPI da

Caixa Econômica Federal e o site da Prefeitura do Rio de Janeiro. A planilha

completa com o orçamento está apresentada no Anexo A.

Para esse orçamento foram utilizados itens básicos para a obra. Custos com

material para realização da pavimentação além de seu transporte para a obra e

também custos com limpeza e fresagem da via. Vale lembrar que custos com

projeto, canteiro, engenheiros e encarregados não foram acrescentados pois são

itens que variam com o prazo da obra e quantidade de profissionais no local.

Lembrando que esse orçamento foi realizado visando apresentar uma estimativa de

quanto seria gasto com materiais, transporte e limpeza da obra.

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ANEXO A – PLANILHA DE ORÇAMENTO

Serviço Descrição Unidade Quantidade Custo

Individual Custo total

SCO BP 14.05.0060

(A)

CORTE MECANICO COM FRESADORA A FRIO, EM CONCRETO ASFALTICO, EM ZONA URBANA COM INTERFERENCIAS, INCLUSIVE COLETA DO MATERIAL EM CAMINHAO BASCULANTE,

EXCLUSIVE TRANSPORTE DO MATERIAL M3 1512 109,5 165.564,00

SCO BP 04.05.0025

(/)

BASE DE BRITA GRADUADA, INCLUSIVE FORNECIMENTO DE MATERIAIS, EXCLUSIVE TRANSPORTE DO CANTEIRO PARA A PISTA, MEDIDA APOS COMPACTAÇÃO

M3 321,3 115,15 36.997,70

SINAPI 72942

PINTURA DE LIGACAO COM EMULSAO RR-1C M2 1890 1,26 2.381,40

SINAPI 72945

IMPRIMACAO DE BASE DE PAVIMENTACAO COM ADP CM-30 M2 1890 4,56 8.618,40

BP 09.05.0715

(/)

REVESTIMENTO EM CONCRETO ASFALTICO USINADO A QUENTE, COM CIMENTO ASFALTICO ADITIVADO COM POLIMERO, COM PONTO DE AMOLECIMENTO SUPERIOR A 80O C, CONTENTO

ADITIVO DE MISTURA MORNA RESISTENTE A ESTOCAGEM QUE PERMITA ESPALHAMENTO E COMPACTACAO DA MISTURA EM TEMPERATURA INFERIOR A 140 O C, COM INCORPORACAO

DE 15% DE MATERIAL OBTIDO NA FRESAGEM DE REVESTIMENTO ASFALTICO (RAP), ATENDENDO AS NORMAS DE SEGURANCA E DE MEIO AMBIENTE, ESPALHADO E COMPACTADO NA ESPESSURA DE 5 CM, DE ACORDO COM AS ESPECIFICACOES DA PREFEITURA DA CIDADE DO

RIO DE JANEIRO, EXCLUSIVE TRANSPORTE DA USINA A PISTA.

M2 1890 37,83 71.498,70

SINAPI 5824

CAMINHÃO TOCO, PBT 16.000 KG, CARGA ÚTIL MÁX. 10.685 KG, DIST. ENTRE EIXOS 4,8 M, POTÊNCIA 189 CV, INCLUSIVE CARROCERIA FIXA ABERTA DE MADE RA P/ TRANSPORTE GERAL

DE CARGA SECA, DIMEN. APROX. 2,5 X 7,00 X 0,50 M - CHP DIURNO. AF_06/2014 CHP 172,8 108,38 18.728,06

SINAPI 91645

CAMINHÃO DE TRANSPORTE DE MATERIAL ASFÁLTICO 30.000 L, COM CAVALO MECÂ NICO DE CAPACIDADE MÁXIMA DE TRAÇÃO COMBINADO DE 66.000 KG, POTÊNCIA 3 60 CV, INCLUSIVE

TANQUE DE ASFALTO COM SERPENTINA - CHP DIURNO. AF_08/ 2015 CHP 63 207,49 13.071,87

SINAPI 9537

LIMPEZA FINAL DA OBRA M2 1890 2,76 5.216,40

Total 322.076,50

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Após conclusão do trabalho fica clara a importância de se realizar todas as etapas

do projeto, além de todo o planejamento para que essas etapas sejam concluídas.

Tal constatação deve-se a necessidade da estrutura do pavimento ter uma vida útil

máxima possível, de pelo menos 20 anos, já que foi constatado que as condições

das vias e de sua pavimentação afeta diretamente a sociedade, podendo ser

positiva ou negativamente.

Além do projeto ser de grande importância para que não haja problemas prematuros

na via, a manutenção do pavimento existente é muito importante também, pois se for

realizada com uma certa frequência, obras maiores como a vista nesse projeto serão

menos necessárias, bastando apenas, em alguns casos, retoques para um melhor

funcionamento do tráfego.

O controle de execução das camadas deverá garantir que sejam atendidas as

especificações de materiais e serviços para que o pavimento possa apresentar o

melhor desempenho possível, atendendo ao tráfego para que foi dimensionado

durante toda a vida útil considerada no projeto de pavimento

Vale lembrar que o projeto foi todo realizado considerando o revestimento asfáltico.

É importante frisar que seria interessante a utilização do pavimento de concreto na

região de curva na via, visto que a região é de constante tráfego de ônibus que

utilizam diariamente a curva, o que acarreta uma maior solicitação no pavimento que

poderá causar danos prematuros no local. No entanto, a prefeitura do campus não

teria como executar pavimento rígido, por isso foi solicitado o projeto de pavimento

com revestimento asfáltico.

Como sugestões para trabalhos futuros recomenda-se fazer ensaios para determinar

as características dos materiais de toda malha viária do campus e, assim, definir as

estruturas de pavimento necessárias para as vias do Fundão.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Voids in Aggregate. American Association of State Highway and Transportation

Officials, AASHTO T 19M, Washington, D.C., 2002.

BALBO, J. T. Pavimentação Asfáltica: materiais, projetos e restauração. São Paulo:

Oficina de Textos, 2007.

CUNHA, M. B. Avaliação do Método de Bailey de seleção granulométrica de

agregados para misturas asfálticas. Dissertação (Mestrado). Universidade de

São Paulo - EESC, São Carlos, SP, 2004.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES.

Manual de Pavimentos Rígidos. 2. ed. Rio de Janeiro, 2004

DNIT. Manual de Pavimentação. 3. ed. Rio de Janeiro, 2006.

MOURA, E. Notas de Aulas. Departamento de Transportes e Obras de Terra.

FATEC – FACULDADE DE TECNOLOGIA DE PAVIMENTAÇÃO. Disponível

em: http://www.professoredmoura.com.br/download/Class.-HRB.pdf. Acesso

em 09/02/2017.

ODA, Sandra. Notas de aula de Pavimentação A, cursada na Universidade Federal

do Rio de Janeiro no segundo semestre de 2016.

Orçamento realizado com base em alguns custos tabelados no Sinapi da Caixa

Econômica Federal – fonte: http://www.caixa.gov.br/poder-publico/apoio-poder-

publico/sinapi/Paginas/default.aspx

Orçamento realizado com base em alguns custos tabelados no site da Prefeitura do

Rio de Janeiro – fonte http://www2.rio.rj.gov.br/sco/

PINTO, S; PINTO, I. E. Pavimentação Asfáltica: Conceitos Fundamentais sobre

Materiais e Revestimentos Asfálticos. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.

SENÇO, W. de. Manual de Técnicas de Projetos Rodoviários. 1. ed. São Paulo: Pini,

2007.

SENÇO, Wlastermiler de. Manual de Técnicas de Pavimentação: volume 1. 2. ed.

São Paulo, Pini, 2007.