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O que é uma ETAR? Uma ETAR (estação de tratamento de águas residuais) é uma instalação de tratamento de águas residuais, através de vários processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem em vários órgãos de tratamento (equipamentos e instalações). O tratamento é efectuado de modo a cumprir as normas de descarga no meio ambiente, estabelecidas na respectiva legislação (DL n.º 152/97 e DL n.º 236/98 ). NOTA: As ETAR contribuem para a despoluição dos recursos hídricos (mar, rios, ribeiras, lagos e água subterrânea) e para a melhoria dos ecossistemas naturais e da qualidade de vida das populações. Se as águas residuais não fossem tratadas numa ETAR, também ocorreria um tratamento físico e biológico no meio receptor. Mas, por ex., na zona da descarga num rio, as bactérias e fungos iriam multiplicar-se extraordinariamente e consumir praticamente todo o oxigénio da água, prejudicando o desenvolvimento da fauna e da flora, que podem acabar por morrer devido à falta de oxigénio. Como é que as águas residuais são tratadas numa ETAR? Numa ETAR, as águas residuais (fase líquida) estão sujeitas a vários tipos de tratamentos. Durante estes tratamentos produzem-se lamas (fase sólida) e gases (fase gasosa) que, normalmente, também são tratados na ETAR. O tratamento das águas residuais pode ser de quatro tipos, classificados segundo o grau de tratamento. Em cada um destes tipos de tratamento podem ser utilizados um ou vários processos de tratamento com as seguintes características: Tratamento preliminar - processos físicos responsáveis pela mistura das águas residuais e pela remoção dos sólidos de maiores dimensões (gradados), areias, óleos e gorduras. As areias e os gradados são enviados para aterro sanitário, enquanto que os

ETARs

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O que é uma ETAR?

Uma ETAR (estação de tratamento de águas residuais) é uma instalação de tratamentode águas residuais, através de vários processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem em vários órgãos de tratamento (equipamentos e instalações). O tratamento é efectuado de modo a cumprir as normas de descarga no meio ambiente, estabelecidas na respectiva legislação (DL n.º 152/97 e DL n.º 236/98 ).

NOTA: As ETAR contribuem para a despoluição dos recursos hídricos (mar, rios, ribeiras, lagos e água subterrânea) e para a melhoria dos ecossistemas naturais e da qualidade de vida das populações. Se as águas residuais não fossem tratadas numa ETAR, também ocorreriaum tratamento físico e biológico no meio receptor. Mas, por ex., na zona da descarga num rio, as bactérias e fungos iriam multiplicar-se extraordinariamente e consumir praticamente todo o oxigénio da água, prejudicando o desenvolvimento da fauna e da flora, que podem acabarpor morrer devido à falta de oxigénio.

Como é que as águas residuais são tratadas numa ETAR?

Numa ETAR, as águas residuais (fase líquida) estão sujeitas a vários tipos de tratamentos. Durante estes tratamentos produzem-se lamas (fase sólida) e gases (fase gasosa) que, normalmente, também são tratados na ETAR.

O tratamento das águas residuais pode ser de quatro tipos, classificados segundo o grau de tratamento. Em cada um destes tipos de tratamento podem ser utilizados um ou vários processos de tratamento com as seguintes características:

Tratamento preliminar - processos físicos responsáveis pela mistura das águas residuais e pela remoção dos sólidos de maiores dimensões (gradados), areias, óleos e gorduras. As areias e os gradados são enviados para aterro sanitário, enquanto que os óleos e as gorduras são submetidas a um processo de tratamento específico.

Tratamento primário - processos físicos responsáveis pela remoção de parte dos sólidos suspensos (clarificação da água ou remoção da turvação), os quais originam as lamas primárias. Este tipo de tratamento deve ser utilizado juntamente com o tratamento Secundário;

Tratamento secundário - processos biológicos (bioquímicos) aeróbios e anaeróbios responsáveis pela remoção da matéria orgânica biodegradável, dissolvida e coloidal, através do desenvolvimento de microrganismos (bactérias, fungos, protozoários,rotíferos e algas) em condições ambientais adequadas (temperatura, pH, presençaou ausência de oxigénio, nutrientes e tempo de residência). Os processos biológicos aeróbios também permitem a remoção de nutrientes em excesso, nomeadamente osque possuem azoto (amónia, nitratos) e fósforo (fosfatos). Os microrganismos (biomassa) e os sólidos suspensos residuais são removidos através dum processo físico de sedimentação,

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responsável pela formação das lamas secundárias (lamas biológicas). Os microrganismos também podem ser removidos através de um processo químico de desinfecção. Se o processo de tratamento não for satisfatório, pode-se recircular as lamas para um órgão de tratamento anterior.

Tratamento terciário - processos físicos, químicos e biológicos necessários para remover as substâncias suspensas e dissolvidas, que continuam na água após o tratamento secundário. Estas substâncias podem ser matéria orgânica, iões inorgânicos (cálcio, potássio, sulfato, amónia, nitrato, fosfato) ou compostos orgânicos sintéticos (poluentes complexos e tóxicos). As substâncias que são mais frequentemente removidas são os nutrientes que possuem azoto (ureia, aminoácidos, amónia e nitratos) e fósforo (fosfatos), os quais promovem um crescimento rápido e exagerado das espécies vegetais aquáticas, com consequente diminuição da concentração de oxigénio dissolvido na água e morte de peixes e outros seres vivos. O tratamento terciário é mais utilizado em águas residuais industriais, quando se pretende reutilizar as águas residuais tratadas ou quando a ETAR descarrega as água tratadas num pequeno curso de água, com pouca capacidade de diluição, ou num meio receptor sensível, devido às espécies existentes ou ao tipo de uso da água a jusante da descarga.

Fonte: Metcalf & Eddy, Inc. Wastewater Engineering - Treatment, Disposal and Reuse. 3d ed. New Delhi:Tata McGraw-Hill. 1991.

NOTA: Os processos de tratamento variam de ETAR para ETAR porque dependem de vários factores:

Tipo de substâncias presentes nas águas residuais;

Concentração das substâncias presentes nas águas residuais;

Capacidade do meio receptor em diluir e assimilar as substâncias presentesnas águas residuais, descarregadas pela ETAR depois do tratamento;

Grau de qualidade do meio receptor, exigido de acordo com a sensibilidadedos ecossistemas e com o tipo de actividade humana que é praticada na zonada descarga da ETAR.

As ETAR podem ser classificadas de acordo com tipo de tratamento secundário utilizado,como por exemplo, ETAR por lagunagem e ETAR por lamas activadas (estes são os dois tipos de ETAR que existem no concelho de Torres Novas). Algumas ETAR possuem dois órgãosde tratamento iguais, que funcionam em paralelo quando a quantidade de água que entraé elevada.

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O tratamento das lamas ocorre devido à produção de lamas durante os tratamentos primário e secundário das águas residuais. As lamas podem ser tratadas através de vários processos de tratamento com as seguintes características:

Processos de tratamento das lamas numa ETAR

O tratamento dos gases torna-se necessário quando se libertam gases que originam maus cheiros. O ar com esses gases é recolhido e encaminhado para a instalação de tratamento, onde os gases indesejáveis são removidos através dos seguintes processos:

Filtração com filtros de carvão activado; Filtração com biofiltros; Lavagem química.

No entanto, o biogás produzido no processo de digestão anaeróbia das lamas, constituído principalmente por gás metano com elevado valor energético, pode ser transformado em electricidade e/ou energia térmica. Este processo de produção combinada de energia eléctrica e térmica a partir de um combustível primário denomina-se cogeração.

NOTA: Algumas ETAR possuem uma central de cogeração, sendo a energia eléctrica produzida utilizada para o funcionamento dos seus equipamentos eléctricos, contribuindo com mais de 50% do total de energia eléctrica consumida e proporcionando uma importante redução dos custos de tratamento das águas residuais. A energia térmica (calor) pode ser aproveitadapara o tratamento das próprias lamas e para aquecimento das instalações do pessoal e de águas de utilização. (Fonte: www.simlis.pt; www.aguasdosado.pt)

Caracterização da poluição de águas residuais urbanas: o que remove uma ETAR?

(Fonte: www.cienciaviva.pt)

Esquemas das ETAR do concelho de Sintra

(Fonte: www.smas-sintra.pt)

Folheto da ETAR de Torres Novas

Que análises são realizadas às águas residuais e às lamas duma ETAR?

As águas residuais são analisadas uma vez por mês, à entrada e à saída da ETAR, de acordo com a licença de descarga de águas residuais da ETAR (ver exemplo), com o DL n.º 152/97 e com o DL n.º 236/98.

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O valor máximo de cada parâmetro denomina-se valor limite de emissão (VLE).A diferença entre o resultado da análise de um parâmetro (excepto para o pH) à entrada e à saída da ETAR, permite calcular a sua percentagem de redução (eficiência do tratamento) cujo valor mínimo deve ser garantido. A percentagem de redução varia muito, tal como se pode verificar num exemplo dos resultados das análises às águas residuais da ETAR de Torres Novas.

As lamas das ETAR são analisadas uma vez por ano, de acordo com a portaria n.º 177/96, que fixa os valores permitidos para a concentração de metais pesados nas lamas para utilização na agricultura como fertilizantes (ver um exemplo dos resultados das análises às lamas da ETAR de Torres Novas).

O que acontece às águas residuais e às lamas depois de tratadas?

Depois de tratadas numa ETAR, as águas residuais são devolvidas ao meio ambiente, de acordo com a licença de descarga de águas residuais da ETAR (ver exemplo), com o DL n.º 152/97 e com o DL n.º 236/98, de modo a não provocar alterações no meio receptor. Além disso, se a sua qualidade o permitir, podem ser reutilizadas nas seguintes actividades:

Lavagem dos órgãos de tratamento e rega dos espaços verdes da ETAR; Lavagem de ruas; Lavagem de contentores e de viaturas de recolha de resíduos sólidos urbanos; Rega de jardins; Agricultura.

NOTA: Como exemplo, temos o projecto "Pontos Ecoágua", implementado pelosServiços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra através da instalação de marcos de incêndio (marcos Ecoágua), junto a captações de água e a ETAR, abastecidos com água captada não tratada e com água residual doméstica tratada, respectivamente. Este projecto pretende promover o uso destas águas para vários, excepto para o consumo humano, maximizando a eficiência do sistema municipal de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais, contribuindo para o uso sustentável da água e para a protecção dos recursos hídricos.

Depois de tratadas, as lamas produzidas durante o tratamento das águas residuais podem ser enviadas para os seguintes destinos:

Aterro sanitário; Terrenos agrícolas; Espaço envolvente da ETAR; Espaços verdes do concelho; Construção civil; Compostagem; Incineração; Mar.

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Quais são as ETAR que existem no concelho de Torres Novas?

No concelho de Torres Novas existem 6 ETAR em funcionamento:

Subsistema de Brogueira - ETAR da Brogueira;

Subsistema de Fungalvaz - ETAR de Fungalvaz;

Subsistema de Lapas/Ribeira - ETAR de Lapas/Ribeira;

Subsistema de Rexaldia - ETAR de Rexaldia;

Subsistema de Riachos - ETAR de Riachos;

Subsistema de Torres Novas - ETAR de Torres Novas.

NOTA: Todas as ETAR do concelho são por lagunagem, excepto a ETAR de Fungalvaz que épor lamas activadas. Não existe qualquer tipo de tratamento químico nas ETAR do concelho.

O que é uma fossa séptica?

Uma fossa séptica (FS) é uma instalação de tratamento de águas residuais, através de processos biológicos, de pequena dimensão e enterrada no terreno. Apesar de ser muito utilizada antes de se construírem as ETAR, actualmente apenas existe em localidades que ainda não possuem redes de drenagem, ou cuja rede de drenagem ainda não se encontra ligada a uma ETAR.

Que tipos de fossas sépticas existem?

De acordo com o número de prédios que se encontram ligados, as fossas sépticas podem ser:

Individuais - quando estão ligadas a um prédio, sendo da responsabilidade do dono dos prédio;

Colectivas - quando estão ligadas a vários prédios, sendo da responsabilidade daentidade gestora dos serviços de águas residuais (por exemplo, a Câmara Municipal).

De acordo com o tipo de construção, as fossas sépticas podem ser:

Com leito percolador - possuem três compartimentos em que o último está cheio de seixos e brita grossa;

Com poço absorvente - possuem dois compartimentos e um ou dois poços de tijolo com aberturas;

Com trincheiras infiltrantes - possuem dois compartimentos e uma série de muros de tijolo com aberturas;

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NOTA: No concelho de Torres Novas, as fossas sépticas com poço absorvente são as que originam mais problemas porque possuem apenas um poço. Idealmente, deveriam ter dois poços, sendo um de reserva para ser utilizado quando o poço activo colmata (entope). Esta colmatação ocorre devido aos microrganismos que se desenvolvem em excesso, acabandopor tapar as fendas entre os tijolos do poço. Nesta situação, desactiva-se o poço colmatado e espera-se que os microrganismos sequem e que se desprendam naturalmente das paredes.No concelho de Torres Novas, quando o poço colmata as águas residuais saem para o terreno sem o devido tratamento, pelo que tenta-se conduzir as águas residuais através duma vala, para não inundarem todo o terreno e serem canalizadas para uma linha de água. Esta situação agrava-se no Inverno, quando as águas pluviais aumentam muito o caudal de entrada nas fossas sépticas e quando o terreno está saturado de água.

Como é que as águas residuais são tratadas nas fossas sépticas?

As fossas sépticas possuem dois compartimentos onde se desenvolvem microrganismos anaeróbios responsáveis pelo processo biológico de digestão anaeróbia (decomposição)da matéria sólida em suspensão e dissolvida nas águas residuais.

No primeiro compartimento formam-se lamas, constituídas por microrganismos e pelos materiais sólidos que se acumulam no fundo do compartimento. Estas lamas também sofrem uma digestão anaeróbia. Durante a digestão anaeróbia libertam-se gases, nomeadamente o metano que é tóxico, arde e explode facilmente, pelo que a maioria das fossas sépticas têm chaminés para a saída de gases. A parte líquida das águas residuais passa para o segundo compartimento, onde os microrganismos anaeróbios continuam a transformar a matéria em suspensão e dissolvida na água, que não sofreu a decomposição no primeiro compartimento.

De modo a aumentar a área e o tempo de contacto entre os microrganismos e a água, tornando assim o tratamento mais eficiente, verificam-se as seguintes situações:

Nas fossas sépticas com leito percolador existem seixos e brita grossa no último compartimento, que permitem o desenvolvimento dos microrganismos em seu redor;

Nas fossas sépticas com poço absorvente existem um ou dois poços de tijolo com aberturas, situados depois do segundo compartimento, que permitem o desenvolvimento dos microrganismos na parede do poço e a passagem da água para o solo através das aberturas;

Nas fossas sépticas com trincheiras infiltrantes existem muros de tijolo com aberturas, situados depois do segundo compartimento, que permitem o desenvolvimento dos microrganismos no interior dos muros e a passagem da água para o solo através das aberturas.

Antes da água se infiltrar no solo, passa por uma camada de areia, colocada na zona de saída da fossa séptica, cuja finalidade é filtrar a água e permitir uma infiltração mais lentano solo. Os solos devem ser permeáveis para que a água se escoe. Quando isto não acontece, o terreno fica inundado. Além disso, a fossa séptica não deve estar perto dum aquífero, o que por vezes acontece por dificuldades de instalação no terreno, para evitar que as águas residuais se

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misturem com as do aquífero sem atravessarem uma quantidade significativa de solo. Isto porque o solo é responsável por um tratamento natural da água, quer filtrando-a, quer por acção de microrganismos e plantas.

Devido à formação das lamas, é necessário limpar os compartimentos cerca de três vezespor ano, retirando as águas residuais e as lamas em excesso (no máximo até cerca de 30 cm do fundo, para não remover todos os microrganismos). As lamas são depositadas numa ETAR ou em terrenos agrícolas, sem se realizar qualquer tipo de análise.

Quais são as fossas sépticas que existem no concelho?

No concelho de Torres Novas existem 11 fossas sépticas colectivas em funcionamento:

Subsistema de Alcorochel - uma fossa séptica com leito percolador;

Subsistema de Brogueira - uma fossa séptica com poço absorvente;

Subsistema de Fungalvaz - três fossas sépticas (duas com poço absorvente euma com leito percolador);

Subsistema de Lamarosa - uma fossa séptica com poço absorvente;

Subsistema de Lapas/Ribeira - cinco fossas sépticas (quatro com poço absorvente euma com trincheiras infiltrantes).