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1 A ÉTICA DO DESEJO E A PSICANÁLISE NAS INSTITUIÇÕES Elizabeth Cristina Landi de Lima Souza Hélio Henrique Quinan Neiva Marcela Toledo França de Almeida Epicuro (341 a. C.-270 a.C.) usou o termo thêrapeuein para designar o que na antiguidade era compreendido como “cuidado de si” por meio do “tratamento pelo espírito” (Sauret, 2006). Do século II até o final do século XIX, a palavra psicoterapia foi afastada do uso comum. Em seu retorno histórico, esse termo passou a conter em seu sentido o cuidado do ser entre os espaços íntimo e social e trouxe uma concepção que englobava o funcionamento psicológico de uma época e a relação entre os indivíduos inseridos nessa particularidade histórica. Segundo Marie-Jean Sauret (2006), a psicoterapia surge no contexto das ontologias, com suas explicações variadas acerca do ser, como os mitos e as religiões. A ontologia está fundamentada no ser de linguagem, que busca no outro uma referência histórica, e suas indagações sobre o ser se apresentam porque não há de saída para o homem uma única referência que o oriente a uma única verdade sobre si. Esse primeiro tempo histórico da noção de psicoterapia com fundamento na ontologia converte-se, num segundo momento, em outra ordem de referência, não mais a do espírito, mas a do empírico, a da certeza das ciências do mundo moderno. Do cuidado de si à certeza empírica, foi dada a ênfase no sujeito orgânico. Como resultado desse contexto, no século XVI, alguns métodos de cura foram recusados como ciência pelo fato de não poderem ser comprovados. Aquilo que não podia ser visto não podia ser reconhecido como objeto da certeza empírica (Sauret, 2006). Foi o caso do trabalho de Franz Anton Mesmer (1734-1815), investigado por meio de comissões devido ao suspeito teor de sua terapia do magnetismo animal. Por consequência das investigações, descobriram que não havia nesse processo de cura nenhum fluido que promovesse o tal magnetismo, o que levou à conclusão de que as

Ética Do Desejo

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Etica da Psicanalise

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    A TICA DO DESEJO E A PSICANLISE NAS

    INSTITUIES

    Elizabeth Cristina Landi de Lima Souza

    Hlio Henrique Quinan Neiva

    Marcela Toledo Frana de Almeida

    Epicuro (341 a. C.-270 a.C.) usou o termo thrapeuein para designar o que na

    antiguidade era compreendido como cuidado de si por meio do tratamento pelo

    esprito (Sauret, 2006). Do sculo II at o final do sculo XIX, a palavra psicoterapia

    foi afastada do uso comum. Em seu retorno histrico, esse termo passou a conter em

    seu sentido o cuidado do ser entre os espaos ntimo e social e trouxe uma concepo

    que englobava o funcionamento psicolgico de uma poca e a relao entre os

    indivduos inseridos nessa particularidade histrica. Segundo Marie-Jean Sauret

    (2006), a psicoterapia surge no contexto das ontologias, com suas explicaes

    variadas acerca do ser, como os mitos e as religies. A ontologia est fundamentada

    no ser de linguagem, que busca no outro uma referncia histrica, e suas indagaes

    sobre o ser se apresentam porque no h de sada para o homem uma nica referncia

    que o oriente a uma nica verdade sobre si.

    Esse primeiro tempo histrico da noo de psicoterapia com fundamento na

    ontologia converte-se, num segundo momento, em outra ordem de referncia, no

    mais a do esprito, mas a do emprico, a da certeza das cincias do mundo moderno.

    Do cuidado de si certeza emprica, foi dada a nfase no sujeito orgnico. Como

    resultado desse contexto, no sculo XVI, alguns mtodos de cura foram recusados

    como cincia pelo fato de no poderem ser comprovados. Aquilo que no podia ser

    visto no podia ser reconhecido como objeto da certeza emprica (Sauret, 2006). Foi

    o caso do trabalho de Franz Anton Mesmer (1734-1815), investigado por meio de

    comisses devido ao suspeito teor de sua terapia do magnetismo animal. Por

    consequncia das investigaes, descobriram que no havia nesse processo de cura

    nenhum fluido que promovesse o tal magnetismo, o que levou concluso de que as

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    curas no passavam de charlatanice. Por essa mesma razo, o uso da hipnose por

    Charcot (1825-1893), acompanhada de suas sugestes, tambm foi desqualificado.

    A questo que aqui se apresenta no se encontra na necessidade de fazer ver,

    de demonstrar empiricamente, e sim no fato de que as cincias que trabalham com o

    sofrimento humano no esto necessariamente sustentadas pelo sujeito orgnico, mas

    tambm pelo sujeito da fala. H, por conseguinte, dois caminhos epistemolgicos

    opostos rumo ao encontro do sujeito que sofre: partir do orgnico como referncia

    verdade sobre a realidade, ou partir do sujeito da fala, que tambm porta, alm de um

    corpo, a falta de um saber fazer com ele desde o nascimento, sendo necessrio,

    portanto, faz-lo surgir pela fala.

    Sem uma resposta luz dos olhos da razo, a hipnose cai em desuso, e restam

    do trabalho com ela a persuaso e a sugesto, tcnicas que instrumentalizam o sujeito

    numa tentativa de lev-lo a superar medos e toda a ordem de sofrimento. No

    obstante, a psicanlise, com sua origem na hipnose e, de certa forma, com sua origem

    mais remota no mesmerismo, carrega elementos dessas tcnicas. Contudo, o que

    delas permanece, aos poucos, abandona a sugesto e se aproxima, cada vez mais, da

    transferncia, como o magnetismo de Mesmer, que possibilitar um envolvimento do

    analisando com o analista e, consequentemente, com o processo de sua anlise.

    Sustentado pela transferncia, tal como foi nomeado esse envolvimento, Freud

    encontra na associao livre (em que o analisando fala sem se prender a detalhes, sem

    se fixar em contedos coerentes) a nica possibilidade para a aproximao dos

    contedos inconscientes.

    Nos relatos de um de seus analisandos, Smiley Blanton, Freud nos

    apresentado como em suas recomendaes tcnicas, a saber, como um profissional

    preocupado com o tornar possvel o acesso ao inconsciente, orientado por um rigor

    terico e dirigido apenas pela regra fundamental da associao livre. Smiley Blanton

    (1975) era um curioso psicanalista americano em formao que deu incio sua

    anlise com Freud no ano de 1929. No intuito de compreender o trabalho de anlise,

    Blanton manteve anotaes dirias do processo iniciado com Dr. Freud. Aps sua

    morte, Margaret Gray Blanton, sua esposa, organizou seus escritos e os publicou,

    como era de interesse do autor, sob o ttulo Dirio de minha anlise com Sigmund

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    Freud. Logo no incio das descries de suas sesses, na narrao datada de 1 de

    setembro de 1929, Blanton (1975, p. 3) nos apresenta a diferena entre o terico em

    seu rigor e o analista em sua flexibilidade:

    Em todos os momentos [Freud] parecia estar prximo do que eu

    estava dizendo. Eu sentia que ele estava interessado, que estava recebendo o que eu lhe dava. No havia esse distanciamento frio

    que, segundo eu imaginava, era a atitude que um analista deveria

    ter. medida que eu avanava, a maneira simples de Freud fazia

    com que eu me sentisse seguro e vontade. Ao mesmo tempo, havia um distanciamento que no era aversivo, mas agradvel.

    O que Freud tentava manter era uma acessibilidade ao inconsciente, um

    distanciamento amistoso que permitisse ao analisando sentir-se suficientemente

    vontade para que a associao livre acontecesse. O que o orientava era o acesso ao

    sujeito da fala, como aponta Sauret (2006, p. 20) ao retomar a significao do

    conceito para ele, sujeito designa o que fala no humano.

    Essas passagens introduzem a inteno do presente captulo, que a de

    explicar a importncia de se estabelecer as distines entre os limites da psicoterapia

    e da psicanlise, alcanando a essncia do teor dos escritos de Freud sobre a tcnica

    de seu trabalho prtico. O delineamento desses limites poder apontar possibilidades

    que no constituem desqualificaes, mas delimitaes das formas de trabalho,

    fundamentalmente, na clnica que promove a submisso da teoria realidade. Nesse

    sentido, discute-se ainda a presena da psicanlise nas instituies, sem perder de

    vista a tica prpria ao campo psicanaltico.

    A psicanlise e o rompimento com a psicoterapia

    A radicalidade do trabalho de Freud se apresenta desde o momento em que,

    ainda sustentado por um vocabulrio mdico, ele prope uma psicologia para

    neurologistas no seu Projeto para uma psicologia cientfica, de 1895. Nesse livro,

    Freud anuncia o embrio de seu mtodo em desenvolvimento e o diferencia das

    prticas psiquitrica e psicoteraputica, apontando outra forma de escutar o sujeito: a

    escuta do inconsciente em seus traos e pistas inicialmente advindos de um territrio

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    completamente estranho, por ser antiteticamente ntimo, profundo e, portanto,

    familiar.

    A descoberta freudiana inaugura um conceito radicalmente inovador e assume

    um aspecto de denncia daquilo que nos constitui fundamentalmente. O inconsciente

    uma determinao da qual nenhum falante escapa e que impeliu Freud a

    estabelecer, j no final do sculo XIX, especificidades do seu fazer clnico. Alis, se a

    psicanlise uma prtica teorizada, o caminho percorrido por ele foi justo esse: da

    escuta do sofrimento psquico, ele chegou formulao de um saber que explicitou a

    lgica do nonsense dos sintomas. O inconsciente , ento, a coisa com que Freud se

    encontra quando se dispe a levar a srio o que parecia farsa nas histricas do seu

    tempo. Produzindo um saber concebido na intimidade da escuta dos segredos

    revelados pelas histricas, o criador da psicanlise constri uma teraputica que se faz

    na contraposio do mtodo sugestivo (hipntico), utilizado pelos mdicos que

    ousavam tratar os doentes dos nervos.

    A psicanlise no se utiliza da transferncia de amor entre o mdico e a

    histrica de modo a sugerir um padro de cura dos sofrimentos desta ltima; o que a

    singulariza o fato de ela constituir um marco histrico em que, pela primeira vez,

    escutam-se os contedos daquele que sofre e fala. Para romper com as tradies

    psicoteraputicas, Freud no s renuncia hipnose, a ponto de subtrair o olhar do

    psicanalista ao psicanalisante, como tambm sugesto, a ponto de submeter o

    analisante livre associao (Sauret, 2006, p. 37).

    no mbito dos princpios sobre os quais se debruam os fazeres clnicos que

    se faz necessrio discutir as diferenas entre psicanlise e psicoterapia, porquanto

    esses modos de operar apresentam nuanas especficas e so demarcados por

    questes cruciais que os definem em sua distino. O ponto de partida fundamental

    o objeto para o qual se voltam as prticas clnicas, uma vez que as epistemologias, as

    teorias e os saberes que produzimos implicam metodologias, prticas e fazeres

    distintos. Portanto, uma posio ecltica pode configurar um engodo, um erro, uma

    disperso que implicaria a indefinio do que se espera alcanar dessa relao saber-

    fazer.

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    A inaugurao da tcnica psicanaltica a associao livre se faz justo

    quando Freud estabelece a oposio tica sugesto. a que se encontra a primeira

    distino entre psicanlise e psicoterapia. Uma psicoterapia, assim como um

    tratamento qualquer, ou at mesmo um processo de aprendizagem, possibilita certa

    sujeio ao poder de influncia do outro e s se desenrola porque idias libidinais

    antecipadas se lanam frente do sujeito, enlaando o terapeuta, mdico, professor,

    padre, pastor etc. (Freud, 1969a, p. 134). A sugesto e as psicoterapias, bem como a

    psicanlise, tornam-se possibilidades mediante a transferncia como um efeito da

    existncia do inconsciente.

    No texto de 1904, curiosamente intitulado Sobre a psicoterapia, Freud

    apresenta seu fazer utilizando uma comparao feita por Leonardo da Vinci entre

    duas artes: a pintura e a escultura. Da Vinci (apud Freud,1989, p. 244) diz que

    a pintura [...] trabalha per via de porre, pois deposita sobre a tela incolor partculas coloridas que antes no estavam ali, j a

    escultura, ao contrrio, funciona per via di levare, pois retira da

    pedra tudo o que encobre a superfcie da esttua nela contida. .

    A sugesto seria, ento, como a pintura, porque nela o trabalho do

    psicoterapeuta comparece e, por meio do seu poder de influncia, preenche de sentido

    e promove a eliminao de sintomas. J a psicanlise poderia ser comparada

    escultura, que busca trazer algo para fora; ela quer saber do que est na gnese dos

    sintomas, da verdade constitutiva do sujeito.

    Em sentido amplo, podemos entrever a sugesto no campo das psicoterapias,

    uma vez que elas se baseiam no poder de influncia do terapeuta sobre o cliente, ou

    paciente. Pressupem uma relao dual, que implica uma direo da conscincia ou

    do comportamento, visando a promoo da sade psquica, do bem-estar, do Bem

    (Brazil, 2004).

    Por sua vez, a psicanlise, tendo em vista esse objeto nada passivo sobre o

    qual se debrua o inconsciente , faz-se na perspectiva de uma relao ternria, em

    que h um terceiro intervindo no par analista-analisando, tal como ocorre no

    complexo de dipo. Sendo assim, a anlise um processo em que o inconsciente,

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    incognoscvel e indestrutvel, levado em conta por ser determinante do modo

    sintomtico de gozo do sujeito em questo.

    Ancorados nas formulaes de Freud e na releitura de sua obra feita por

    Jacques Lacan, podemos considerar que o sintoma se apresenta para manter dividido

    o sujeito que deseja, mas sequer pode saber do seu desejo, e se estabelece numa

    tentativa de conciliar o inconcilivel. Assim, o conflito fundante do homem e

    permanente, provocando nele o mal-estar de ser humano, algo impossvel de se

    dissolver com qualquer teraputica. Ao defender que esta tenso entre pulso e

    recalque se mantm como propriedade do humano, Freud inaugura outro olhar para o

    conceito de sade psquica. Para o autor, no se pode escapar da constatao de que

    todos somos neurticos e de que justamente certa matemtica implicada na

    economia psquica o que nos diferencia uns dos outros em relao gradao do

    sofrimento e das doenas psquicas (Freud, 1969d).

    Sendo assim, a boa sade o que seria? partindo da norma, do que se institui

    de maneira generalizada, que o saber cientfico, aquele que guia as psicoterapias,

    insere o sujeito na esfera dos ideais comuns. Esses ideais se erigem historicamente

    em uma moralidade acerca do bem comum, a qual permite apontar o sintoma como

    aquilo que mostra a inadaptao, a inadequao do sujeito, e promove uma

    teraputica de harmonizao daquilo que est em desequilbrio.

    Com o desvelamento empreendido por Freud, impossvel no levar em conta

    a condio pulsional, desejante e dividida do homem. Amor e dio, bem e mal, por

    exemplo, so faces da mesma moeda constitutiva da humanidade. Da a questo:

    afinal, o que bom para o sujeito que sofre e procura um analista ou um

    psicoterapeuta? bom que se livre do que o faz sofrer, do seu sintoma? tambm a

    que a psicanlise marca sua diferena radical, uma vez que entende o sintoma como

    sada encontrada pelo sujeito para lidar com seu conflito, com sua diviso. o

    sintoma uma tentativa de estabelecer o equilbrio, a harmonia, mas inevitavelmente

    uma tentativa frustrada, que no recobre o desejo nem faz calar sua fora constante e

    determinante. Por isso o sintoma promove ao mesmo tempo satisfao e sofrimento.

    O desejo est do lado oposto a qualquer normatizao, est sempre do lado de

    fora da norma, e ele que a psicanlise coloca no centro de sua prtica teorizada. O

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    psicanalista dirige a anlise para que o sujeito se reconhea no prprio sintoma, se

    implique na possibilidade de soluo mal-arranjada que produziu. Isso s possvel

    se levarmos em conta a singularidade de cada analisando que demanda cura. A

    singularidade justamente o que comparece na anlise medida que o sujeito recorda

    suas experincias sexuais, apresenta sua dimenso onrica, faltosa e insistente, o que

    escapa de qualquer programao j instituda pela norma social. No possvel

    programar o modo de desejar e de sintomatizar de um sujeito, posto que isso

    circunscrito a determinaes que escapam da realidade material e incidem na

    realidade psquica, na fantasia.

    Um saber no sabido

    Pensando o sujeito com base na realidade psquica, seria a anlise uma

    traduo do que inconsciente para o consciente? Uma decodificao do desejo

    recalcado? O que est implicado na ideia de traduo, de decodificao, a passagem

    de um cdigo para outro, ambos bem conhecidos do tradutor. E, como o inconsciente

    se estrutura em uma linguagem enigmtica, no possvel ao psicanalista conhec-lo;

    trata-se de um saber no sabido.

    O processo de anlise implica uma decifrao desta linguagem desconhecida,

    uma tentativa de conhecer o incognoscvel (Brazil, 2004). E o acesso verdade do

    inconsciente feito por meio das produes de fala do sujeito, no entanto a verdade

    [este] nunca pode diz-la a no ser pela metade (Lacan, 1992, p. 33), justamente pela

    impossibilidade de se saber tudo acerca do que nos determina, acerca do saber

    inconsciente. Foi isso que fez Freud sustentar que o desejo inconsciente

    indestrutvel e o conflito permanente.

    Nas psicoterapias, ao contrrio do que acontece na psicanlise, saber poder,

    pois o psicoterapeuta sabe do funcionamento do sujeito e nele pode interferir,

    promovendo a melhora da sua sade psquica. A relao psicoteraputica um lao

    social produzido no campo da linguagem como relao discursiva (Lacan, 1992). H

    um lao social, chamado por Lacan de discurso do mestre, no qual o que est em

    operao uma juno entre saber e poder que esconde, escamoteia o sujeito,

    tornando assim impossvel a fantasia. Isso se faz presente no discurso da medicina, da

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    cincia, incluindo tambm as psicoterapias (Clavreul, 1983). Neste campo discursivo,

    do sujeito do inconsciente nada se quer saber.

    A psicanlise, no entanto, quer saber justamente da fantasia, do sujeito do

    inconsciente, e, para isso, o lao social criado numa anlise se faz a partir do

    momento em que falha, ou enguia, a equao saber igual a poder, o que se pode

    constatar com o ato falho, uma das formaes do inconsciente (Lacan, 1992). Na

    produo de um ato falho, mesmo que se saiba o que se quer falar, no se pode falar

    como se sabe. O saber da conscincia ento ultrapassado pelo saber do

    inconsciente, produzindo um ato acertado, no falho, pois neste o sujeito do

    inconsciente se revela. Portanto, o saber do inconsciente, no do analista. Este se

    coloca como objeto do analisando, d a ele a palavra e o deixar falar, por via da

    transferncia.

    A transferncia um conceito que oferece ao analista a possibilidade de

    manejar o contedo recalcado que tenta se apresentar. O verbo bertragen, em

    alemo, que movimenta o substantivo bertragung, diz de uma plasticidade e uma

    reversibilidade entre o ir e o vir no tempo e nas distncias, entre uma pessoa e outra.

    Genericamente refere-se idia de aplicar (transpor) de um contexto para outro uma

    estrutura, um modo de ser ou de se relacionar (Hanns, 1996, p. 412). Sua traduo

    ao p da letra seria pr sobre e carregar. Na traduo para o portugus, o termo

    transferncia no mantm o ponto de origem, que ligaria o contedo ao ponto de

    destino; ele superado.

    Num primeiro momento, o conceito de transferncia esteve ligado s

    conexes equivocadas, remetendo ideia de que eram direcionados ao mdico

    sentidos resultantes de um mal-entendido. Aos poucos o conceito se amplia e mostra

    suas relaes com as tcnicas de manejo e o diagnstico, com a compreenso da

    atualizao da cena edpica e, posteriormente, com o papel da repetio nos

    mecanismos de resistncia. Ao fim, o conceito de transferncia guarda alguns

    elementos pensados em seu princpio e se desdobra em outras possibilidades que,

    pelo fato de o analista saber manej-lo, encontram-se em modos permanentes pelos

    quais o sujeito constitui seus objetos. Afinal, para Freud, a transferncia um arco,

    um retorno ao ponto de origem, pois a fala direcionada pelo empuxo regressivo. E o

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    sentido do que dito provm da escuta, quando o analista pontua o que foi trazido

    pelo analisante.

    Partindo do encontro com o conceito de transferncia e com sua potncia na

    clnica, Freud se v impelido a organizar um pensamento sobre o saber fazer da

    clnica, no intuito de introduzir os jovens que se interessassem pelo trabalho da

    psicanlise.

    Tcnicas ou recomendaes?

    O conjunto de textos freudianos centrados no objetivo acima e escritos entre

    1911 e 1915 foi agrupado pelo editor ingls James Strachey e traduzido para o

    portugus, na Edio Standard, sob o ttulo Artigos sobre tcnica. Apesar de Freud

    pontuar ao longo desses textos que seu contedo se presta mais a uma orientao

    recomendaes sobre uma suposta tcnica , o ttulo pode promover certa deturpao

    das intenes freudianas.

    O que est posto nesses artigos de Freud segue a radicalidade de seu mtodo e

    requer uma compreenso de tcnica que se paute muito mais por uma arte, no no

    sentido aleatrio, mas na direo de um saber fazer com o contedo que se apresenta

    na realidade. Aliadas a isso, estariam a teoria e a experincia do prprio analista em

    sua anlise pessoal. Saber fazer com o qu? Com aquela que ele aponta como sua

    nica regra, a fundamental, a que rege todas as outras: a associao livre sustentada

    pela ateno flutuante.

    A associao livre, a fala sem se prender a detalhes, sem se fixar a contedos

    coerentes, permite um deslizamento das ideias e uma facilitao do surgimento do

    contedo recalcado. Tal caminho descoberto por Freud acompanha a lgica do

    inconsciente, tendo como ponto de partida o funcionamento dos mecanismos

    responsveis pela construo dos sonhos. Essa regra, seguida com a finalidade de

    acessar contedos inconscientes, sustentada apenas na clnica, sendo que a

    compreenso de clnica no se resume ao consultrio. A clnica algo mais amplo,

    que tem na realidade do consultrio os fundamentos que impulsionam a construo

    de um mtodo e de uma tcnica com base em um pensar sobre a realidade.

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    Para sustentar suas descobertas, Freud elabora, paralelamente, suas

    formulaes metapsicolgicas, nomeadas por ele de sua feiticeira, para auxili-lo

    na compreenso da realidade que se apresentava em sua clnica (Freud, 1975, p. 257).

    Essa realidade impunha limites e frustraes construo desse novo mtodo, e seu

    clnico e terico precisou enfrentar e explicitar essas limitaes, chamando a si a

    tarefa de orientar os jovens que pretendiam atender baseados em seu mtodo.

    As recomendaes freudianas vo alm de um simples manual, sendo

    permeadas pela tica do analista, que Lacan (1997) nomear de tica do desejo.

    Esta pautada por um desejo de escuta mais do que por juzos de valor ou por um

    padro moral e fundamentada naquilo que Freud denomina regra da abstinncia.

    Ao adotar essa regra, o analista abre mo de seu saber terico e de seu poder

    sugestivo para que o sujeito a aparecer na anlise seja o analisando. Nesse sentido

    que o prprio Freud (1969b, p. 150) aponta a dimenso tica da tcnica psicanaltica,

    dizendo que, ao selecionar o material escutado, o analista corre o risco de seguir

    suas inclinaes e expectativas e que as ambies teraputica e educativa so

    perigosas. Acrescenta tambm que os motivos ticos se unem aos tcnicos para

    impedir o analista de dar ao analisando uma resposta sua demanda (Freud, 1969c, p.

    219). Responder demanda de cura, por exemplo, fazer calar, e a anlise pretende

    exatamente fazer falar.

    Ao retomar os princpios que do poder ao tratamento analtico, Lacan (1998)

    diz que o analista no compreende, pois, ao tentar compreender, engana-se e d por

    encerrada a produo do analisando. Alm disso, quando o analista oferece a escuta,

    convoca o analisando a falar e o frustra em sua demanda. Esta demanda intransitiva,

    pois no h objeto que d conta de responder ao que demandado. Ao mesmo tempo,

    o sujeito que demanda na associao livre comparece transitando entre os

    significantes que produz no discurso. A oferta a escuta, e a demanda impossvel

    de ser respondida, mas, ao demandar, por meio do discurso, o sujeito se apresenta.

    Para Lacan, o analista aquele que sustenta a demanda, no [...] para frustrar o

    sujeito, mas para que reapaream os significantes em que sua frustrao est retida

    (p. 624).

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    Para que essa regra seja respeitada, preciso que o analista tenha seu percurso

    numa anlise pessoal e possa balizar a sua prtica clnica pela orientao de uma

    suposta neutralidade. Baseando-se em sua prpria experincia, ele seria norteado no

    por um ideal derivado do desejo, mas pela falta a que seu desejo o remete e que

    poder ser levado a enfrentar na travessia de seu prprio processo analtico. Uma vez

    guiado por esse percurso de enfrentamento da falta, o analista poder acompanhar e

    testemunhar esse processo de encontro do analisando com sua prpria falta, em seu

    tempo e sua maneira.

    Freud aponta outros elementos que compem e dirigem esse processo de

    anlise e, em seus artigos, abre uma discusso sobre eles de forma a provocar uma

    reflexo que no pode ser levada a cabo sem o devido cuidado. Entende-se por

    cuidado toda a tentativa de refletir sobre os contedos trabalhados pelas cincias

    humanas e sociais, sem deixar de considerar o momento histrico em que

    determinado mtodo de compreenso da realidade est em construo. Desprovidos

    desse teor crtico e reflexivo, alguns dos argumentos de Freud so usados para afastar

    a psicanlise das instituies, fundamentalmente, das pblicas.

    A tica do desejo e o trabalho de anlise nas instituies pblicas

    So vrias as questes recorrentemente evocadas em contraposio ao

    trabalho de psicanlise nas instituies. Para este captulo, trs foram priorizadas: os

    atendimentos individuais, o tempo e a questo do dinheiro. A primeira questo, a

    forma de trabalho individual, essencial para o acesso ao inconsciente, objeto de

    estudo da psicanlise, mas, para refletir acerca da potncia desse objeto e chegar a

    uma aproximao com seu contedo, so requeridos alguns cuidados. .

    Segundo Lacan, quatro so os elementos a serem considerados na ao

    analtica: tica, poltica, estratgia e ttica. As trs ltimas so debatidas em seu texto

    A direo do tratamento e os princpios de seu poder (1998) com o intuito de

    esclarecer o mal-entendido entre rigor terico e rigidez tcnica. O primeiro elemento

    j havia sido discutido em seu Seminrio sobre a tica, em 1960.

    Parte-se da tica pelo entendimento de que esta abrange todas as outras

    questes, sendo a mais ampla delas. A tica pautada pelo desejo do analista de

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    escutar o desejo do sujeito que o procura para testemunhar seu sofrimento. a tica,

    a vertente mais ampla, que orienta a poltica da psicanlise em sua falta-a-ser, pois,

    se a procura no por uma substncia nem por uma existncia prvia, essa deve ser a

    orientao a ser seguida no estabelecimento da estratgia, que antecede e guia a

    ttica.

    Dessa forma, o analista no sabe o que ir encontrar, mas sabe que a escuta

    imprescindvel. Tornar essa escuta possvel dentro das condies freudianas, isto ,

    convocando o analisando a associar ideias livremente, essa a estratgia. Blanton,

    analisando de Freud, elucidou essas condies, que se apresentam no tratar de forma

    simples e interessada o que o outro traz. Isso requer uma flexibilidade na ttica o

    equivalente s recomendaes tcnicas freudianas , ou seja, o analista precisa

    respeitar o teor de seu objeto, j que este no poder ser alcanado de forma direta,

    dentro de uma lgica linear. No obstante a flexibilidade, o analista no livre, pois

    de sada est sustentado pelo rigor da tica.

    Lacan (1998, p. 596) adverte que o analista ainda menos livre naquilo que

    domina a estratgia e a ttica, ou seja, em sua poltica, onde ele faria melhor situando-

    se em sua falta-a-ser do que em seu ser. Dessa forma, se a poltica da psicanlise se

    fundamenta na tica do desejo do analista de escutar o desejo do analisando, h uma

    orientao, um rigor fundamentado na teoria que oferece condies para o acesso s

    formaes inconscientes. Para a concretizao dessa poltica, faz-se necessrio que o

    sujeito se apresente na forma mais livre de racionalizaes possvel. Mais do que uma

    liberdade, a ttica tem de apresentar uma flexibilidade tal que, numa distncia

    amistosa, como diz Blanton a respeito de Freud, o sujeito confie em se apresentar l

    em sua poro desconhecida. Destarte, o processo de anlise se orienta na tica que

    privilegia a singularidade como ponto de partida para a multiplicidade de sua

    composio, que, fundamentalmente, d-se na relao com o outro e, portanto,

    social e se mantm como tal em atendimentos individuais.

    A regra da associao livre na clnica psicanaltica tem como finalidade

    estabelecer um lao social descolado das obscenidades de grupo (Lacan, 1985). Tais

    obscenidades dizem respeito ao gozo do poder experimentado pelo sujeito, tanto o

    gozo de exerc-lo, e assim exercer o controle por meio de seu pequeno sintoma,

  • 13

    quanto o de submeter-se ao poder de outros que respondam rapidamente ao seu mal-

    estar com sentidos para aquilo que deveria ser recriado e compartilhado por vias

    simblicas.

    O que sustentaria o trabalho de psicanlise numa instituio pblica? Em

    contraposio ao apaziguamento do mal-estar numa conduta individualizante e

    solitria, aqui a psicanlise se dirige ao lao social, porm de forma distinta das

    outras teraputicas. A histria que compe a noo da teraputica aponta para a busca

    de uma resposta apaziguadora sobre o ser: o Homem pergunta a Deus sobre a

    natureza, depois pergunta natureza sobre a matria e, em seguida, pergunta

    matria sobre seu corpo biolgico. A cura, tomada como adaptao, cooptada pelo

    mercado da sade e pautada pela eficcia da medida, da avaliao e do resultado

    breve.

    Desligar-se de demandas como a previsibilidade e instaurao de um tempo

    externo subjetividade e condizente com a acelerao do processo de produo no

    mundo das mercadorias significa pontuar a subjetividade do tempo como o princpio

    do processo de anlise. O que se encontra em questo aqui a segunda proposta

    apresentada para a discusso sobre o trabalho de psicanlise: o tempo de atendimento.

    Em seu incio, o trabalho de psicanlise requer que o analista no saiba qual o

    seu fim, apesar de saber que h um fim para o processo. De forma semelhante, o

    prprio analisando precisa esquecer seu objetivo inicial, fundamentado em demandas,

    para ento entrar em anlise, introduzindo um corte civilizatrio no modo de

    agremiao humana (Sauret, 2006, p. 27). Esse corte no seria o abandono do lao

    social; pelo contrrio: por intermdio dele, o sujeito teria a possibilidade de

    reencontrar no lao social uma posio distinta do automatismo guiado pela

    obedincia e de se despregar do mimetismo, que sugere sua insero no coletivo por

    meio das regras e do poder do grupo.

    A finalidade da anlise no cabe na limitada lgebra da quantificao e

    eficcia da tecnocincia mercadolgica, como aponta Sauret (2006). Segundo ele,

    na contemporaneidade, a tecnocincia fabrica objetos e tcnicas para o que falta,

    sustentando-se na ideologia de que nada seria impossvel, nem a superao da morte e

    muito menos o peso de pens-la e vivenci-la. H um fim, a temporalidade marcada

  • 14

    por limites, mas estes no so controlados pelo homem. Sustentar um no saber sobre

    o tempo uma radicalidade em tempos de juventude prolongada, de acelerada

    produo e experincias descartveis. Por isso, a psicanlise radical ao enfatizar o

    tempo do sujeito no desdobramento de seu processo.

    Portanto, para Sauret (2006), as crticas psicanlise por sua longa durao e

    ineficcia de cura perante os sintomas contemporneos, na verdade, so uma

    homenagem sua diferena. Ela tem como especificidade a oferta de um lao social

    no qual a funo do sintoma possa se desdobrar (p. 38) sem responder lgica do

    mercado ou do cientificismo. O tempo da psicanlise outro, um tempo do sujeito,

    fora da lgica da produo adaptativa, acelerada e avaliativa.

    Ainda pensando pelo vis da lgica do mercado e dos argumentos que a

    acompanham para desautorizar a entrada da psicanlise nas instituies pblicas,

    chega-se questo do dinheiro. No seria o dinheiro uma das condies para o

    processo de anlise? A psicanlise no , muitas vezes, pensada apenas para clnicas

    particulares, proposta somente para a elite? Mas as recomendaes de Freud sugerem

    a existncia de uma nica regra para que a anlise acontea: o espao de escuta.

    Todas as outras regras esto a servio desta, para garanti-la. Portanto, sustentada na

    associao livre, possvel uma clnica voltada escuta do sofrimento de qualquer

    sujeito em qualquer instituio, independente de sua condio financeira: para haver a

    associao, necessrio apenas o espao de escuta que permita o deslizamento da

    fala do sujeito.

    Com base nessa condio, faz-se necessrio pensar sobre a presena do

    dinheiro na clnica psicanaltica, se sua importncia estaria em si prprio, ou se ele

    seria mais uma forma de convocar a presena do sujeito ($) barrado em seu desejo.

    Nos termos de Quinet (2002), o dinheiro pensado no como um salrio-base para o

    sustento do analista, e sim em sua singularidade, qual seja, dizer do sintoma daquele

    que se apresenta para associar livremente por meio da escuta flutuante.

    O dinheiro uma forma de apresentar a falta do sujeito de linguagem. Assim

    seria impossvel analisar o milionrio, pois, para este, aparentemente, nada falta. O

    dinheiro e o consumo tamponariam com compulses de acmulo de objetos as

    lacunas criadas pelas faltas (Quinet, 2002). Portanto, o dinheiro compreendido

  • 15

    como a representao da libido investida pelo analisando em seu percurso de anlise,

    dizendo do desejo que se apresenta na clnica.

    Quanto custa o trabalho de anlise para o sujeito? Seu valor diz do

    investimento dele, pois, de acordo com Quinet (2002, p. 85), o dinheiro metaforiza a

    falta implicada no desejo. Esta uma das formas de reconhecimento da posio da

    libido: represent-la como uma transferncia de capital (p. 89). A economia em

    questo a da energia libidinal. Quando o desejo se apresenta, como no fato de o

    sujeito ter de atravessar a cidade, precisando, para isso, abdicar de suas economias

    para pegar mais de dois meios de transporte pblico, h uma troca de investimento do

    sintoma. Isso deixa ver o desejo pelo furo da demanda; ou seja, provoca-se um furo

    no saber at ento orientado pelo sintoma. Por esse furo, possvel ver que, alm das

    demandas, instauradas pelos objetos postos pelo mercado, h algo que foge

    satisfao e permanece fazendo questo ao sujeito.

    A tica aqum e alm da tcnica

    A tica inaugurada pela psicanlise diferencia-se da tica filosfica, que

    pressupe a existncia de um bem supremo a servio do qual estariam as profisses,

    inclusive, a do psiclogo, ao buscar o bem-estar do outro. A tica filosfica, portanto,

    corre o risco de trabalhar a favor de tentativas de normatizao e adaptao. A da

    psicanlise, na qual o analista orienta sua escuta, permite o acesso verdade

    recalcada do desejo, levando em conta a singularidade. uma aposta no sujeito e na

    possibilidade de ele responsabilizar-se por sua posio inconsciente. O processo de

    anlise implica reconhecer o que se expressa como demanda vinda do mais ntimo

    do ser e assumir a responsabilidade da derivao disso que no pode no ser

    derivado (Cabas, 2009, p. 86).

    Desde o incio, Freud (1989) j anunciava as diferenas entre psicanlise e

    psicoterapia e apontava os limites daquela. Numa referncia a Esculpio, deus da

    medicina e da cura na mitologia greco-romana, ele admite que a psicanlise est

    distante do ideal de uma terapia que configure um tratamento seguro, rpido e

    agradvel. A ambio da psicanlise mais modesta, levando-se em conta o

    paradoxo do sintoma daquele que sofre e goza com seu modo singular de funcionar.

  • 16

    Se a anlise implica bendizer o sintoma, como Lacan j dissera, podemos ainda

    perguntar: e os efeitos teraputicos, de que muitos analisandos so testemunhas? Ah,

    esses chegam no como premissa, mas por acrscimo, por efeito retroativo, num s

    depois.

    Referncias

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  • 17

    FREUD, S. Sobre a psicoterapia [1905 ou 1904]. Rio de Janeiro: Imago, 1989.

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