29
“ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

“ÉTICA E GESTÃO PÚBLICAPARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES

PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

Page 2: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

DO QUE ESTAMOS FALANDO? Costumes são modos de vida largamente

observados em uma sociedade, em geral de forma irrefletida, como se fossem automatismos sociais. São fundados nas tradições e no mimetismo social.

Passado: evolução lenta Presente: evolução mais rápida (meios de

comunicação de massa) Costumes gerais, regionais, locais ou de classe

social Tendemos hoje a uma uniformização universal

Page 3: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

MENTALIDADE E COSTUMES SOCIAIS

Mentalidade: uma visão de mundo, formada por um conjunto de ideias, sentimentos, crenças e valores predominantes, que atua na mente de cada um de nós

Mentalidades são individuais ou coletivas Podem estar em um povo, grupos regionais,

étnicos, de gênero ou categoria profissional. Mentalidades individuais sempre sofrem a

influência da mentalidade coletiva predominante

Page 4: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

MENTALIDADES E COSTUMES SOCIAIS

No Brasil temos três raízes (com pesos diferentes) que contribuiram para a formação dos nossos

costumes e mentalidades, da nossa brasilidade:1. Indígena (inúmeras etnias)

2. Negra (várias etnias Africanas)

3. Portuguesa( Ibérica - Européia)

Desenvolvimento econômico colonial Odilon Guedes Economia Açucareira - 1550 – 1650 (Monopólio) Economia Mineira - 1710 – 1790 (Centro do desenvolvimento

e do povoamento da colônia)

Page 5: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

MENTALIDADES E COSTUMES SOCIAIS

1 - A nossa raiz indígena foi muito forte em nossa sociedade colonial, a ponto dos portugueses ((1757 - Marquês de Pombal) ) proibirem no Brasil-Colônia a “língua geral” (tupi-guarani) que era mais popular, impondo a população somente a língua portuguesa.

Apesar da aniquilação da população indígena (Darci Ribeiro estima em 5 milhões de indígenas em1500), incorporamos costumes e mentalidades das civilizações indígenas, como:

1. Na culinária e nos costumes (a mandioca...)2. Na linguagem: Anhangabaú, Aricanduva, Ibirapuera,

Cumbica, Ubatuba e etc...3. Nos comportamentos e mentalidades: banhos diários/

achar graça em situações acidentais (por ex.,ver alguém cair e rir).

Page 6: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

MENTALIDADES E COSTUMES SOCIAIS

2. A raiz negra (Africana de várias etnias) constrói a nossa mentalidade e costumes também em muitos aspectos:

Religiões de matriz africana Música, culinária, costumes cotidianos Conhecimentos tribais e tecnologias Formas de organização social/práticas de

resistência

Page 7: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

MENTALIDADES E COSTUMES SOCIAIS

3 – A raiz portuguesa (Ibérica) constrói de forma mais plena nossas mentalidades e costumes sociais, principalmente em razão do controle político e socioeconômico.

No Brasil- Colônia a imposição de mentalidades e costumes pela corte portuguesa-brasileira, fica ainda mais forte com a chegada da família real. A corte tenta condicionar todas as relações. Era a elite que até hoje (“quatrocentona”) normatiza ou tenta normatizar as mentalidades e costumes sociais.

Herdamos desta raíz até hoje uma série de mentalidades e costumes sociais que estão na vida de todos. A classe social que domina uma sociedade expressa e dissemina com mais contundência suas mentalidades e costumes.

Page 8: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

TRAÇOS MARCANTES DA MENTALIDADE BRASILEIRA NA VIDA POLÍTICA

Quanto mais fortemente os costumes e as mentalidades são assentados numa sociedade, mais dificilmente os detentores do poder conseguem mudá-los. As inovações legais, que contrariam velhos costumes ou mentalidades, tendem a ser desrespeitadas, de modo aberto ou oculto.

De modo geral, a mudança de costumes e mentalidades não se faz adequadamente pelo poder, sem um esforço organizado de educação cívica, mostrando-se a imoralidade ou o atraso técnico do modo de vida tradicional.

Page 9: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

TRAÇOS MARCANTES DA MENTALIDADE BRASILEIRA NA VIDA POLÍTICA

Privatismo Personalismo Predomínio dos sentimentos sobre as convicções

racionais (o “homem cordial”). Espírito de conciliação Duplicidade institucional, como reflexo de nosso

caráter dúplice

Page 10: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

MENTALIDADES E COSTUMES SOCIAIS

Em “Raízes do Brasil”, Sérgio Buarque de Holanda identifica a formação da identidade nacional brasileira.

O conceito de “homem cordial” é fundamentado sociologicamente por Sérgio Buarque de Holanda.

Esta definição não tem nada a ver com o ser cordial no sentido comum: afetuoso, simpático,afável, educado e polido. A palavra cordial na sua raiz (Core/Cordis= coração) fala de alguém que só se relaciona fincado no sentimento, na emoção e estabelece suas relações sempre nesta perspectiva passional. A racionalidade nunca prevalece.

Page 11: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

MENTALIDADES E COSTUMES SOCIAIS

Sérgio Buarque de Holanda acentua alguns legados históricos originários da colonização portuguesa e sua estrutura social, política e econômica:

1. Não separação do público do privado;

2. A falta de ética nas relações; de capacidade de aplicar-se a um objetivo exterior

3. Pouca afeição/relutância em face das leis;

4. Abomina as formalidades

5. Privatismo;

6. Personalismo/postura que não estrutura a ordem coletiva

7. Espírito de conciliação;

8. Duplicidade institucional, como reflexo de nosso caráter dúplice

Page 12: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

OS GRANDES FATORES DETERMINANTES FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA (FKC)

a.O grande domínio rural autárquicob.A autocracia governamentalc. A escravidão indígena e africanad.O prestígio da riquezae.A influência do catolicismo romano

Page 13: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO BRASIL INDEPENDENTE Economia Cafeeira - 1830 – 1930 (Recoloca o Brasil no comércio

internacional, gera acúmulo de capitais, Imigração, Trabalho assalariado, Unidade nacional)

Primeiras indústrias - 1890 - 1930 Modelo de Substituição de Importações 1930 - 1980/90 Crise de 1930 Primeira Metade da Década de 40 (Companhia Siderúrgica Nacional –

CSN, Companhia Nacional de Álcalis, Companhia Vale do Rio Doce) Primeira Metade da Década de 50 - Getúlio Vargas (Petrobrás,

BNDE, Proteção a Indústria Nacional – Política Cambial) Segunda Metade da Década de 50 - JK (Plano de Metas: infra-

estrutura, multinacionais, indústria) Anos 60 - Jango Goulart (crise (inflação; queda crescimento do PIB) Anos 60 - Ditadura Militar - 1964 – 1984 (1979 II PND (completar

matriz industrial – último plano estratégico) 1980 – Década Perdida (Crise da dívida externa, ajuste com recessão –

desemprego; explode Inflação; crise social)

Page 14: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

O BRASIL SE DESENVOLVEU COM ESTA MENTALIDADE E COSTUMES?

1952 População:

51.944.397

Maiores cidades:

1) Rio de Janeiro(2,3 mi)

2) São Paulo (2,1 mi)

3) Recife (0,5 mi)

2012 População:

190.732.694

Maiores cidades:

1)São Paulo (11,3 mi)

2)Rio de Janeiro (6,3 mi)

3) Salvador (2,6 mi)

Page 15: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

O BRASIL SE DESENVOLVEU COM ESTA MENTALIDADE E COSTUMES?

1952Maior produto exportado:

CaféPIB: US$ 6.891Extensão das Estradas

de Ferro: 37.019 kmAutomóveis em

circulação: 299.625Expectativa de vida: 52 aDiplomas ensino

superior: 158 milAnalfabetismo: 39,5%

2012 Maior produto exportado:Minério de FerroPIB: US$ 11.660Extensão das Estradas

de Ferro: 29.706 kmAutomóveis em

circulação: 65.636.754Expectativa de vida: 72 aDiplomas ensino

superior: 12 milhõesAnalfabetismo: 9,6%Fonte Revista Época – Ed. Histórica

Page 16: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

Faixa de Renda

População (milhões)

Porcentual da riqueza

Valor da riqueza (em bilhões de reais)

Renda per capta por faixa

20% dos mais ricos

40.000.000 62,6 196,6 4.915,00

60% intermediários

120.000.000 33,9 106,4 886,66

20% dos mais pobres

40.000.000 3,5 11 275,00

Alguns dados:Desigualdade social e econômica no Brasil

Carta na Escola, edição n°50, Renda mínima, por partes

Page 17: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

A TRADUÇÃO PELA SABEDORIA POPULAR DA IGNOMÍNIA E DA POSSIBILIDADE DA TRANSGRESSÃO ÉTICA VIVIDOS

NO COTIDIANO

Falas do poder Aos amigos tudo, aos

inimigos a lei Você sabe com quem

está falando? Falas da

condescendência Manda quem pode,

obedece quem tem juízo, Uma mão lava a outra Não dá para dar um

jeitinho?

Falas da prudência A corda arrebenta do

lado mais fraco Cada macaco no seu

galho Afinal de contas Casa de ferreiro espeto

de pau ou Aqui se faz, aqui se paga  ...

Page 18: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

“ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA

PARTE 2: GESTÃO PÚBLICA”

Page 19: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

A ESCOLA DE GOVERNO ATUA NA PROMOÇÃO DE CURSOS DE FORMAÇÃO POLÍTICA PARA A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA: COMPROMISSO COM A REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS, REGIONAIS, RACIAIS, DE GÊNERO ETC., COMPROMISSO COM O DESENVOLVIMENTO NACIONAL; EDUCAÇÃO POLÍTICA E FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA ATIVA; FOMENTO DA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA, DOS VALORES REPUBLICANOS, DA ÉTICA NA POLÍTICA, COM RESPEITO INTEGRAL AOS DIREITOS HUMANOS. PARTICIPA DE CAUSAS POLÍTICAS RELEVANTES À SUA MISSÃO. AS AULAS ARTICULAM O CONHECIMENTO TEÓRICO E PRÁTICO DOS/AS ALUNOS/AS E PROFESSORES/AS, DENTRO DO

CONCEITO DE VER, JULGAR E AGIR.

Page 20: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

OS INSTRUMENTOS MAIORES DA POLÍTICA CHICO WHITAKER

Cardeal Arns: “a pior forma de fazer política é não fazer política (tomar o partido de quem deseja que a injustiça continue)

Política é importante demais para ficar só na mão dos políticos

Não é só eleger; é acompanhar, fiscalizar, ajudar Novo ator político: sociedade civil (conjunto de

organizações que lutam por direitos) Todos temos algum tipo de poder: em casa, na escola,

na comunidade. Como usamos nosso poder: para dominar ou para

servir? O poder serviço dá lugar ao poder conjunto, exercido

co-responsavelmente por todos, na autonomia de cada um.

Page 21: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

OS INSTRUMENTOS MAIORES DA POLÍTICA CHICO WHITAKER

Quatro categorias de cidadãos:

Meio cidadãos: todos tem direitos, mas nem sabem que os têm (sobrevivência)

Cidadãos-passivos: sabem que tem direitos, mas esperam passivamente que sejam respeitados, ou que caiam do céu (anestesiados).

Cidadãos-ativos: lutam pelos direitos. São aqueles que atuam em organizações, sindicatos, movimentos sociais. (mobilizados)

Cidadãos: lutam pelos seus direitos e pelos direitos dos outros (ativos e solidários)

Entram na política para lutar por um mundo melhor, ao mesmo tempo em que procuram transformar a si mesmos, interiormente, para serem capazes de exercer, onde estiverem, o mais possível, seu poder como um serviço

Page 22: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

SUMÁRIO DO DICIONÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS (EDUEMG – BARBACENA, 2012)

(PARTES ESCOLHIDAS DE VERBETES SELECIONADOS)

Administração Pública Avaliação de políticas

públicas Controle Interno Democracia Direitos Sociais Estado de Direito

Estado Democrático Ética Ética no serviço público Gestão Pública Moral Princípios da

Administração Pública

Page 23: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

SUMÁRIO DO DICIONÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS (EDUEMG – BARBACENA, 2012)

(PARTES ESCOLHIDAS DE VERBETES SELECIONADOS)

Tema 1 Administração Pública Direitos Sociais Gestão Pública Tema 2 Avaliação de políticas

públicas Controle Interno Princípios da

Administração Pública

Tema 3 Democracia Estado de Direito Estado Democrático

Tema 4 Ética Ética no serviço público Moral

Page 24: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

PRESENÇA DO ESTADO NA ÁREA CULTURAL EM ESTADOS E MUNICÍPIOS.

MATIJASCIC, MILKO (ORG.). PRESENÇA DO ESTADO NO BRASIL: FEDERAÇÃO, SUAS UNIDADES E MUNICIPALIDADES. BRASÍLIA: IPEA,

2009.  

Indicador: número de estabelecimentos culturais – bibliotecas, teatros, centros comunitários de artesãos etc.

Os estados com maior presença são Tocantins, com média de 24 estabelecimentos para cada 100 mil habitantes, seguido do Piauí, com 14,3 estabelecimentos culturais. Os estados do Sudeste, em especial São Paulo e Rio de Janeiro, estão entre os estados com a menor média de estabelecimentos culturais para cada 100 mil hab, e o Distrito Federal tem a pior média, com 1,1 estabelecimentos para cada 100 mil hab.

A região Sudeste apresentar a menor média (6,3 estabelecimentos culturais), mas a situação se inverte em termos de números absolutos, com a maior quantidade de estabelecimentos culturais (5.033).

No estado de São Paulo estão 2.212 deles. Toda a região Norte tem 1.080 estabelecimentos.

Com relação ao número de bibliotecas municipais, o estado com mais bibliotecas públicas é Minas Gerais (1.029), seguido por São Paulo (976). O estado com menos bibliotecas públicas é Roraima, com apenas 11.

*** Municípios com menos funcionários públicos por habitante na área da cultura, não são necessariamente municípios sem manifestações culturais, mas sim municípios onde o investimento público em tal setor é reduzido.

Page 25: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

ENSINA A TEU FILHO FREI BETTO 2013/07/15 (VERSÃO EDITADA)    

Ensina a teu filho que ele não precisa concordar com a desordem estabelecida e que será feliz ao unir-se àqueles que lutam por transformações sociais que tornem este país livre e justo. Então, ele transmitirá a teu neto o legado de tua sabedoria.

  Ensina a teu filho a votar com consciência e jamais ter

nojo de política, pois quem age assim é governado por quem não tem, e se a maioria o tiver será o fim da democracia. Que o teu voto e o dele sejam em prol da justiça social e dos direitos dos brasileiros imerecidamente tão pobres e excluídos, por razões políticas, dos dons da vida.

Page 26: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

ENSINA A TEU FILHO FREI BETTO 2013/07/15 (VERSÃO EDITADA)    

Ensina a teu filho que o Brasil tem jeito e que ele deve crescer feliz por ser brasileiro. Há neste país juízes justos, juízes que nunca empregaram familiares, embora tivessem filhos advogados, jamais fizeram da função um meio de angariar mordomias e, isentos, deram ganho de causa também a pobres, contrariando patrões gananciosos ou empresas que se viram obrigadas a aprender que, para certos homens, a honra é inegociável.

  Ensina a teu filho que neste país há políticos íntegros,

administradores competentes, autoridades honradas, que não se deixam corromper, não varrem as mazelas para debaixo do tapete, não temem desagradar amigos e desapontar poderosos, ousam pensar com a própria cabeça e preservar mais a honra que a vida.

Page 27: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

ENSINA A TEU FILHO FREI BETTO 2013/07/15 (VERSÃO EDITADA)    

Ensina a teu filho que o Brasil possui dimensões continentais e as mais férteis terras do planeta. Não se justifica, pois, tanta terra sem gente e tanta gente sem terra.

Ensina a teu filho que o Brasil é uma nação trabalhadora e criativa. Milhões de brasileiros levantam cedo todos os dias, comem aquém de suas necessidades e consomem a maior parcela de suas vidas no trabalho, em troca de um salário que não lhes assegura sequer o acesso à casa própria. No entanto, essa gente é incapaz de furtar um lápis do escritório, um tijolo da obra, uma ferramenta da fábrica. Sente-se honrada por não descer ao ralo que nivela bandidos de colarinho branco com os pés-de-chinelo. É gente feita daquela matéria-prima dos lixeiros de Vitória, que entregaram à polícia sacolas recheadas de dinheiro que assaltantes de banco haviam escondido numa caçamba.

Page 28: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

ENSINA A TEU FILHO FREI BETTO 2013/07/15 (VERSÃO EDITADA)    

Ensina a teu filho que ele não precisa concordar com a desordem estabelecida e que será feliz ao unir-se àqueles que lutam por transformações sociais que tornem este país livre e justo. Então, ele transmitirá a teu neto o legado de tua sabedoria.

  Ensina a teu filho a votar com consciência e jamais ter

nojo de política, pois quem age assim é governado por quem não tem, e se a maioria o tiver será o fim da democracia. Que o teu voto e o dele sejam em prol da justiça social e dos direitos dos brasileiros imerecidamente tão pobres e excluídos, por razões políticas, dos dons da vida.

Page 29: ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA PARTE 1: MENTALIDADES E COSTUMES PEDRO AGUERRE AGOSTO/2013

PEDRO AGUERRE¹

É graduado em ciências sociais (PUC-SP); mestre e doutor em ciências

sociais (PUC-SP). Tese: “Periferia: um estudo sobre a segregação

socioespacial na cidade de São Paulo”. Foi consultor do Programa

Nacional de Segurança Pública com Cidadania - Pronasci (PNUD, 2008;

UNESCO - 2009/2010). É membro do Conselho da Escola de Governo de

São Paulo e professor de Ciências Sociais da PUC-SP – Faculdade de

Economia e Administração. Escreveu: Segregação socioespacial e

violência na Cidade de São Paulo: referências para formulação de

Políticas Públicas. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 18, n. 4, p. 93-

102, 2004 (

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-88392004000400011&script=

sci_arttext

)