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ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO DIRETORIA DE ENSINO CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS Criado pela Lei Estadual nº 3.602, de 04/12/1974 Tel: (98) 3258.2128/2146 Fax: (98) 3245.1944 – End: BR 135, Km 2–Tirirical ÉTICA POLICIAL ÉTICA POLICIAL MILITAR MILITAR

Ética Policial Militar CFSD PM 2015

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ética no contexto militar

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Page 1: Ética Policial Militar CFSD PM 2015

ESTADO DO MARANHÃOSECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA

POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃODIRETORIA DE ENSINO

CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇASCriado pela Lei Estadual nº 3.602, de 04/12/1974

Tel: (98) 3258.2128/2146 Fax: (98) 3245.1944 – End: BR 135, Km 2–Tirirical

ÉTICA POLICIAL MILITARÉTICA POLICIAL MILITAR

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho representa um esforço coordenado dos integrantes do Centro de Formação e

Aperfeiçoamento de Praças – CFAP e objetiva fomentar a produção de conhecimento,

padronização de procedimentos operacionais e proporcionar subsídios àqueles interessados em

adquirir informações, proporcionando também base teórica que deverá ser usada por todas as

Unidades Polos de Ensino da PMMA, por ocasião do Curso de Formação, bem como poderá ser

aprimorada e utilizada em outros cursos que, com certeza, haverão de acontecer. Certamente, os

conhecimentos não foram exauridos e também não foi essa a nossa pretensão, e sim deixarmos

nossa parcela de contribuição nesse contexto.

EQUIPE DE COORDENAÇÃO TÉCNICA:

1. COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: Ten.-Cel QOPM Auceri Becker Martins (CMT do

CFAP) e Maj QOPM Orlandi Cantanhêde Protázio (Sub CMT do CFAP), Cap QOPM Marco

Aurélio Galvão Rodrigues (Chefe da Divisão de Ensino),

2.

3. ATUALIZAÇÃO E EDIÇÃO DOS CONTEÚDOS:

Ética Policial Militar: Ten.-Cel QOPM Auceri Becker Martins. Modulo anterior ética e

cidadania, com edição do mesmo autor.

2015

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MENSAGEM DO COMANDANTE GERAL DA PMMA

O desenvolvimento e crescimento da sociedade estão associados à larga utilização do

conhecimento, proporcionado pela educação. Afinal, é por meio da educação que as pessoas

aprendem a serem cidadãos éticos, responsáveis e patriotas, contribuindo para o exercício pleno

da Cidadania.

Como Comandante Geral da Corporação, passados quase cinco anos a frente da

Instituição, tenho a responsabilidade e o desafio de melhorar a qualidade e a satisfação do nosso

policial militar em bem servir a sociedade, através do Curso de Formação de Soldados PM 2013,

curso esse tão esperado por todos e quem vêm contemplar e propiciar uma nova era no contexto

da Segurança Pública em nosso Estado. Formação essa que propiciará uma melhor capacitação

dos nossos policiais militares, como verdadeiros operadores de segurança pública, dentro da

nova concepção que o Curso apresenta, onde teremos um policial militar de maior proximidade

da comunidade maranhense, o qual facilitará o cumprimento da missão constitucional da Polícia

Militar do Maranhão.

Portanto, caros alunos, nessa nova jornada de ensino-aprendizagem desenvolvida pela

Diretoria de Ensino, através de todas as Unidades Polos de Ensino em nosso Estado, desejamos,

portanto toda a sorte, dedicação e empenho, na busca incessante do conhecimento eficaz, e

resultados satisfatórios para o desenvolvimento das diversas atribuições que lhes são pertinentes.

Que Deus abençoe a todos. Muito Obrigado!

“Uma mente que se abre a uma nova ideia

jamais voltará a seu tamanho original.”

Albert Einstein

Cel QOPM MARCO ANTONIO ALVES DA SILVA

Comandante Geral da PMMA

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PALAVRAS DO COMANDANTE DO CFAP

Os avanços sociais proporcionados por diferentes fatores, dentre eles a rapidez das

informações e os modernos recursos tecnológicos, têm causado um acentuado desenvolvimento

em todas as camadas sociais. As sociedades, indubitável e inquestionavelmente, têm passado por

grandes metamorfoses num processo célere e competitivo. Neste contexto, as instituições de

segurança pública e, particularmente a Polícia Militar do Maranhão (PMMA), acompanham este

processo, inovando suas ações e se adequando, permanentemente, às condições do momento.

Os atuais desafios da gestão pública exigem formas flexíveis de ação, em que a

qualidade é um dos preceitos básicos. É necessário entender o serviço prestado pela polícia

militar como uma relação contratual firmada entre esta e a sociedade, onde a instituição pública

se dispõe a promover a paz social e, em contrapartida, é paga através dos impostos arrecadados.

Desse modo, toda e qualquer organização, instituição ou empresa, para se manter ativa e

competitiva, precisa estar constantemente aprimorando a capacidade de reflexão profissional,

através de uma visão estratégica da gestão de Segurança Pública que engloba também um

sistemático e ininterrupto plano de recomplementação de pessoal.

Na Polícia Militar do Estado do Maranhão, os avanços englobam também todas as ações

voltadas à formação e ao aprimoramento técnico profissional dos seus quadros, onde se enquadra

a análise crítica das atividades desenvolvidas o fiel cumprimento da política de segurança

pública do Governo do Estado e o alinhamento com as diretrizes da Secretaria Nacional de

Segurança Pública, sem, contudo, descuidar-se dos princípios basilares de hierarquia e disciplina.

Ten.-Cel QOPM Auceri Becker Martins

COMANDANTE DO CFAP

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SUMÁRIO

1. ÉTICA E CIDADANIA..........................................................................................................................5

1.1 CIDADANIA (DO LATIM,CIVITAS,"CIDADE")..................................................................................5

1.1.1 Introdução............................................................................................................................5

1.1.3 Como surgiu a Cidadania?...................................................................................................6

1.1.4 Nacionalidade......................................................................................................................7

1.1.5 Cidadania no Brasil.............................................................................................................8

2. FUNDAMENTOS DE ÉTICA E ÉTICA PROFISSIONAL...................................................................8

2.1 CONCEITUAÇÕES BÁSICAS.............................................................................................................8

2.2 MORAL, COSTUMES E ÉTICA.......................................................................................................10

2.3 BREVE HISTÓRIA DA ÉTICA.........................................................................................................11

2.4. ÉTICA MEDIEVAL........................................................................................................................12

2.5 ÉTICA MODERNA.........................................................................................................................13

2.6 ÉTICA PROFISSIONAL...................................................................................................................14

3. PREMISSAS BÁSICAS DA ÉTICA E LEGALIDADE NA CONDUTA DA LEI (C. DE ROVER). .15

3.1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................16

3.2 ÉTICA..........................................................................................................................................16

3.3 ÉTICA PESSOAL, ÉTICA DE GRUPO, ÉTICA PROFISSIONAL..........................................................17

4. CONDUTA ÉTICA E LEGAL NA APLICAÇÃO DA LEI.................................................................19

4.1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................19

4.2 CÓDIGO DE CONDUTA PARA OS ENCARREGADOS DA APLICAÇÃO DA LEI....................................19

4.3 NOÇÕES ESSENCIAIS PARA APLICAÇÃO DA LEI..........................................................................21

5. CONCLUSÃO......................................................................................................................................22

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................23

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1. ÉTICA E CIDADANIA

Definição: O termo Ética refere-se a:

“Disciplina que lida com o que é bom e mau, e com o dever moral e obrigação[...]

um conjunto de princípios morais ou valores[...] os princípios de conduta que governam um

indivíduo ou grupo (profissional)[...] o estudo da natureza geral da moral e das escolhas morais

específicas[...] as regras ou padrões que governam a conduta de membros de uma profissão[...] a

qualidade moral de uma ação; propriedade.”

Definição: O termo Dentologia refere-se a:

Teoria sobre as escolhas dos indivíduos, quais são moralmente necessárias e serve

para nortear o que realmente deve ser feito. O termo foi criado no ano de 1834, pelo filósofo

inglês Jeremy Bentham, para falar sobre o ramo da ética em que o objeto de estudo são os

fundamentos do dever e das normas, deontologia é também conhecida como "Teoria do Dever".

1.1 Cidadania (do latim,civitas,"cidade")

1.1.1 Introdução

O conceito de cidadania sempre esteve fortemente atrelado à noção de direitos,

especialmente os direitos políticos, que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios

públicos do Estado, participando de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua

administração, seja ao votar (direto), seja ao concorrer a cargo público (indireto). No entanto,

dentro de uma democracia, a própria definição de Direito, pressupõe a contrapartida de deveres,

uma vez que em uma coletividade os direitos de um indivíduo são garantidos a partir do

cumprimento dos deveres dos demais componentes da sociedade.

1.1.2 O que é Cidadania?

Definição - Valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos de um

cidadão.

Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhorar suas

vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca se esquecer das pessoas que mais necessitam. A

cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação para o

bem estar e desenvolvimento da nação. A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na

rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim como todas

às outras pessoas), não destruir telefones públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e

bom dia quando necessário... até saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas

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necessitadas, o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que enfrentamos em

nosso país.

"A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para garantir os

interesses coletivos: mas é também o mais imperioso dos deveres impostos aos cidadãos. "

(Juarez Távora - Militar e político

brasileiro).

1.1.3 Como surgiu a Cidadania?

Cidadania tem origem na Grécia clássica, sendo usado então para designar os direitos

relativos ao cidadão, ou seja, o indivíduo que vivia na cidade e ali participava ativamente dos

negócios e das decisões políticas. Cidadania, pressupunha, portanto, todas as implicações

decorrentes de uma vida em sociedade.

A idéia de cidadania surgiu na Idade Antiga, após a Roma conquistar a Grécia (séc.

V d.C.), se expandindo para o resto da Europa. Apenas homens (de maior) e proprietários de

terras (desde que não fossem estrangeiros), eram cidadãos. Diminuindo assim a idéia de

cidadania, já que mulheres, crianças, estrangeiros e escravos não eram considerados cidadãos.

Na Idade Média (2ª era - séc. V até XV d.C.), surgiram na Europa, os feudos (ou

fortalezas particulares). A idéia de cidadania se acaba, pois os proprietários dos feudos passaram

a mandar em tudo, e os servos que habitavam os feudos não podiam participar de nada.

Após a Idade Média, terminaram-se as invasões Bárbaras, terminando-se também os

feudos, entrando assim, em uma grande crise. Os feudos se decompõem, formando cidades e

depois países (Os Estados Nacionais).

Entra a 3ª era (Idade Moderna - séc XV ao XVIII d.C). Os países formados após o

desaparecimento dos feudos foram em conseqüência da união de dois grupos: o Rei e a

Burguesia.

O Rei mandava em tudo e tinha um grande poder, graças aos impostos que recebia.

Com todo esse dinheiro nas mãos, o rei construía exércitos cada vez mais fortes, além de dar

apoio político à Burguesia.

Em conseqüência dessa união, a Burguesia ficava cada vez mais rica e era ela quem

dava apoio econômico aos Reis (através dos impostos).

Com o tempo, o Rei começou a atrapalhar a Burguesia, pois ele usava o poder para

"sacaneá-la". A Burguesia ficava cada vez mais rica e independente, vendo o Rei como um

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perigo e um obstáculo ao seu progresso. Para acabar com o Absolutismo (poder total do Rei),

foram realizadas cinco grandes revoluções burguesas:

Revolução Industrial;

Iluminismo (Revolução Filosófica);

Revolução Francesa (A maior de todas);

Independência dos Estados Unidos;

Revolução Inglesa.

Todas essas cinco revoluções tinham o mesmo objetivo: tirar o Rei do poder.

Com o fim do Absolutismo, entra a Idade Contemporânea (séc. XVIII até os dias de

hoje), surgindo um novo tipo de Estado, o Estado de Direito, que é uma grande característica do

modelo atual. A principal característica do Estado de Direito é: "Todos tem direitos iguais

perante a constituição", percebendo assim, uma grande mudança no conceito de cidadania.

Por um lado, trata-se do mais avançado processo que a humanidade já conheceu, por

outro lado, porém, surge o processo de exploração e dominação do capital.

A burguesia precisava do povo e o convencia de que todos estavam contra o Rei e

lutando pela igualdade, surgindo assim, as primeiras constituições (Estado feito a serviço da

Burguesia).

Acontece a grande contradição: cidadania X capitalismo. Cidadania é a participação

de todos em busca de benefícios sociais e igualdade. Mas a sociedade capitalista se alimenta da

pobreza. No capitalismo, a grande maioria não pode ter muito dinheiro, afinal, ser capitalista é

ser um grande empresário (por exemplo). Se todos fossem capitalistas, o capitalismo acabaria,

ninguém mais ia trabalhar, pois não existiriam mais operários (por exemplo).

Começaram a ocorrer greves (pressão) contra os capitalistas por parte dos

trabalhadores, que visavam uma vida melhor e sem exploração no trabalho.

Da função de político, o homem passa para a função de consumidor, o que é

alimentado de forma acentuada pela mídia. O homem que consome satisfaz as necessidades que

outros impõem como necessárias para sua sobrevivência. Isso se mantém até os dias de hoje

(idéia de consumo). Para mudar essas idéias, as pessoas devem criar seus próprios conceitos e a

escola aparece como um fator fundamental.

1.1.4 Nacionalidade

A nacionalidade é pressuposto da cidadania - ser nacional de um Estado é condição

primordial para o exercício dos direitos políticos. Entretanto, se todo cidadão é nacional de um

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Estado, nem todo nacional é cidadão - os indivíduos que não estejam investidos de direitos

políticos podem ser nacionais de um Estado sem serem cidadãos.

1.1.5 Cidadania no Brasil

Os direitos políticos são regulados no Brasil pela Constituição Federal em seu art. 14,

que estabelece como princípio da participação na vida política nacional o sufrágio universal. Nos

termos da norma constitucional, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores

de dezoito anos, e facultativos para os analfabetos, os maiores de dezesseis e menores de dezoito

anos e os maiores de setenta anos.

A Constituição proíbe o alistamento eleitoral dos estrangeiros e dos brasileiros

conscritos no serviço militar obrigatório, considera a nacionalidade brasileira como condição de

elegibilidade e remete à legislação infra-constitucional a regulamentação de outros casos de

inelegibilidade (lei complementar n. 64, de 18 de maio de 1990).

2. FUNDAMENTOS DE ÉTICA E ÉTICA PROFISSIONAL

2.1 Conceituações básicas

Ética, em um sentido restrito, é a parte da Filosofia que tem como objeto de estudos a

moral, ou seja, os valores e princípios que orientam, disciplinam, constrangem, motivam o

comportamento humano. Aquilo que vale para cada um de nós, ou seja, que tem valor e

fundamenta as nossas ações pode ser, por exemplo, a vida, a justiça, a dignidade do ser humano,

a família, a honestidade, a responsabilidade. Esses valores norteiam as nossas ações tornando-as

morais, ou seja, conformes com um conjunto de valores aceitos como pertencentes à categoria do

Bem, do Correto, do Certo.

No entanto é fácil observar que Bem/Mal, Certo/Errado; Permitido/Proibido variam

no tempo e no espaço, evidenciando que a moral não é universal e sim historicamente construída.

Como seres morais, ou seja, como seres que agem fundamentados em valores, levantamos

questões sobre o quê é o Bem e o Mal, quais valores poderiam ser considerados universais e

como funciona a historicidade dos valores. Esta reflexão sobre os valores é que compõe a parte

da filosofia chamada Ética. Assim a Ética é também chamada de Ciência da Moral e Filosofia

Moral, pois está centrada no estudo dos valores e das normas que regulam a conduta e a

interação dos humanos. Pode então ser definida como a parte da filosofia que trata da moral e

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das obrigações do homem, ou ainda como a reflexão sobre os atos humanos que se relacionam

com o Bem.

No nosso cotidiano estamos constantemente valorando as nossas ações e as dos

outros. É então que as categorias certo/errado e bem/mal são utilizadas sem que, na maioria das

vezes, questionemos os nossos critérios de valoração. Alguns filósofos, no entanto, estudam

exatamente esta questão. Eles realizam uma reflexão teórica sobre o que caracteriza o bem agir,

o que faz uma ação ser certa ou errada. Eles teorizam então os valores que fundamentam ou

devem fundamentar as nossas ações para alcançarmos o bem viver.

Algumas questões levantadas pelos estudiosos podem ajudar a compreender os

objetivos desta reflexão filosófica:

• Como uma norma moral pode adquirir validade universal?

• Quais são os valores que devem nortearas ações humanas?

• Por que os valores e os princípios morais variam nas diferentes sociedades?

• Como posso adequar a liberdade da minha vontade às obrigações contidas na lei?

• Como encontrar um equilíbrio entre a responsabilidade moral e os impulsos,

desejos e inclinações que constituem a nossa condição?

Nas palavras de Singer (Ética prática, p. 18-24) sobre o quê a Ética não é também

podem ajudar a compreender a complexidade da reflexão sobre ética:

• Não é “um conjunto de proibições particularmente respeitantes ao sexo” — “o sexo

não levanta nenhuma questão ética específica”, embora possa “envolver considerações sobre a

honestidade, o respeito pelos outros, a prudência, etc.” (p. 18);

• Não é “um sistema ideal, nobre na teoria, mas inútil na prática” — “a finalidade do

juízo ético é orientar a prática” (p. 18);

• Não é “algo que apenas se torne inteligível no contexto da religião” (p. 19) —

podemos encontrar “a origem da ética nas atitudes de benevolência e solidariedade para com os

outros que a maioria das pessoas possui” (p. 20);

• Não é “relativa ou subjetiva” (p. 20).

Ao se referir, no segundo item acima, à relação entre as teorias éticas e a prática

Singer chama atenção para uma característica da ética que muitas vezes passa despercebida: ela

ilumina a nossa prática e muitos exemplos atuais podem ser dados. Nas discussões envolvendo:

• A legalização do aborto,

• A união homossexual,

• A negativa de participação na guerra,

• A clonagem,

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• A pesquisa sobre células tronco,

• A diferenciação entre público e privado,

As teorias éticas têm oferecido um conjunto de conhecimento que possibilita

delimitar e compreender melhor os problemas envolvidos nestas questões.

Ampliando o conceito, por extensão do sentido, a palavra ética é utilizada para

qualificar ações que estão dentro da categoria do Bem, do Certo, do Permitido. É assim que,

quando uma ação está fundamentada em um valor nosso, como, por exemplo ‘honestidade’, nós

a consideramos ética. Mas, melhor seria se considerássemos éticas as ações de um agente

consciente, (com capacidade para distinguir o certo e o errado, o bem e o mal), livre (capaz de

escolher valores próprios, dando a si mesmo as suas regras de conduta) e responsável (com

capacidade para reconhecer-se como autor, distinguindo as conseqüências da sua ação e

respondendo por elas) e que, além disso, realizasse virtudes (qualidades ou ações dignas do

homem). É neste campo da virtude, da excelência (arete), de se ser plenamente o que se é, que se

inscreve a ética.

2.2 Moral, Costumes e Ética

Alguns autores não diferenciam Moral e Ética. No entanto, esta diferenciação é

importante para a compreensão do conceito de ética.

Podemos entender por Moral o conjunto de regras, princípios e valores aceitos pelo

indivíduo ou por uma comunidade e que determinam o certo e o errado, o permitido e o proibido,

o bem e o mal.

A palavra é derivada do latim morus – costume, ou seja, a moral é aquilo que é

costumeiro em um tempo e lugar, aceito e considerado válido por aqueles que a ela aderem.

Devemos considerar que a moral é construída e dada a cada um de nós pelo processo de

socialização.

Mas como diz Chauí (2001) “... a simples existência da moral não significa a

presença explícita de uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discuta,

problematize e interprete o significado dos valores morais.” (p.339)

E mais, o agir ético não é o cumprimento ou realização da moral vigente e sim um

agir que supera a heteronomia e baseia-se na autonomia do agente na realização de ações em

direção a excelência do ser humano.

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2.3 Breve história da Ética

As questões levantadas pelos filósofos gregos sobre o bem agir foram respondidas de

formas diferentes no decorrer da história.

Sócrates e seu discípulo Platão, considerados os primeiros a problematizarem a

moral e assim, os iniciadores da Ética enquanto uma disciplina filosófica, faziam a seguinte

pergunta: Como devemos viver para ter a vida boa, a felicidade? Uma resposta possível é a

seguinte: O acesso à vida boa exige um viver virtuoso, ou seja, exige ações que realizem as

virtudes.

Para Sócrates “É sujeito ético moral somente aquele que sabe o que faz, conhece as

causas e os fins de sua ação, o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos

valores morais....apenas o ignorante é vicioso ou incapaz de virtude, pois quem sabe o que é bem

não poderá deixar de agir virtuosamente.” (Chauí, M. 2001. Convite à filosofia, p.341)

Sócrates então traz para a discussão ética a noção de consciência moral o que implica

na nossa capacidade de deliberar e escolher entre ações possíveis. Essa noção de consciência

moral é importante porque manifesta a liberdade do agente humano: só é ética a ação consciente

e livremente deliberada. Agir virtuosamente coagido por pressões externas não faz do agente um

ser ético: a liberdade é condição necessária para a ação ética e, em decorrência, o agente deve

responder por suas ações, ou seja, ser responsável por suas escolhas.

A consciência moral, isto é, a faculdade de analisar a nossa própria conduta e emitir

juízo de valor tem como suporte a nossa capacidade de diferenciar bem e mal: é assim que

quando ‘agimos mal’ sentimos remorso e arrependimento e quando ‘agimos bem’ sentimos

satisfação íntima.

A consciência moral como dimensão do campo ético, Aristóteles acrescenta a

vontade racional, ou seja, a consciência moral ao deliberar sobre a melhor ação para um agir

virtuoso deve ser orientada pela razão que conhece os meios necessários para realizar a virtude.

O viver ético para os gregos então exigia uma ascese, ou seja, um constante exercício

da vontade racional contra os apetites e desejos, uma constante superação das paixões em direção

à realização das virtudes.

De acordo com Aristóteles é no equilíbrio dos sentimentos e da conduta que se realiza a

virtude. No quadro abaixo estão expostos as virtudes, suas deficiências e excessos, conforme ele propõe:

VÍCIO POR DEFICIÊNCIA VIRTUDE (Equilíbrio) VÍCIO POR EXCESSO

Covardia Coragem Temeridade

Insensibilidade Temperança Libertinagem

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Avareza Prodigalidade Esbanjamento

Vileza Magnificência Vulgaridade

Modéstia Respeito Próprio Vaidade

Moleza Prudência Ambição

Indiferença Gentileza Irascibilidade

Descrédito Próprio Veracidade Orgulho

Rusticidade Agudeza de Espírito Zombaria

Enfado Amizade Condescendência

Desavergonhado Modéstia Timidez

Malevolência Justa Indignação Inveja

Há elos que ligam os conceitos de Ética defendidos por Sócrates – a noção que basta

saber o que é o Bem para praticá-lo e por Aristóteles – para quem o Bem equivale à moderação

das paixões. Os dois estabelecem como fonte da Ética a noção de que a Felicidade – entendida

no sentido mais amplo da eudaimonia – era o fim a ser alcançado pelos virtuosos.

De acordo com Chauí (2001) a ética grega tem três aspectos principais:

O racionalismo: a vida virtuosa é agir em conformidade com a razão, que

conhece o bem, o deseja e guia nossa vontade para ele;

O naturalismo: a vida virtuosa é agir em conformidade com a natureza (o

cosmos) e com nossa natureza (nosso ethos), que é parte do todo natural;

Inseparabilidade entre ética e política, isto é, entre a conduta do indivíduo e

os valores da sociedade, pois somente na existência compartilhada com

outros, encontramos liberdade, justiça e felicidade.

2.4. Ética medieval

Com ao advento do cristianismo um elemento externo ao indivíduo surge como fonte

do agir ético: Deus. É na relação com Ele que a virtude se realiza e não na relação de si consigo

mesmo e com os outros como na ética grega. A excelência do agir humano está então no

cumprimento dos mandamentos divinos expressos na palavra revelada. Fé e caridade são as

virtudes mais importantes, definindo as relações com Deus (fé) e com os outros (caridade)

Page 14: Ética Policial Militar CFSD PM 2015

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exigidas daquele que professa o cristianismo. As virtudes não são assim fins em si mesmas, mas

meios para conduzir a Deus.

Como pressuposto básico da ética cristã está a concepção do homem como um ser

dividido entre o bem e o mal e incapaz de um agir ético sem o auxílio divino. A vontade

racionalmente dirigida para o controle das nossas paixões como argumentavam os gregos perde

importância. Agora, o ser humano é visto como incapaz, por si mesmo, de um viver virtuoso

sendo necessário para isto seguir obrigatoriamente os preceitos da fé cristã. A noção de dever é

inerente à ética cristã pois o caminho seguro para o viver ético está no cumprimento da Lei

Divina, isto é, no dever de seguir a lei manifesta na Antigo e Novo Testamento. É esta lei que

define o bem e o mal, o vício e a virtude, o certo e o errado e deve ser cumprida.

Esta lei deve ser seguida em palavras, atos e intenções, pois Deus tudo sabe e tem

acesso à interioridade do homem fazendo julgamento, não só das palavras e atos (visíveis), mas

também da intencionalidade desses atos e palavras. A vida ética é dirigida para a santidade, isto

é, para a proximidade com Deus. Portanto, o que regula as ações humanas são os mandamentos

supremos que derivam em regras de conduta, e oferecem aos homens princípios morais, que, por

virem de Deus, têm caráter imperativo.

2.5 Ética moderna

A Ética teológica, característica da Idade Média, colocou uma questão que orientou a

reflexão ética que se seguiu: Como conciliar o livre-arbítrio com a exigência de obediência às

leis divinas? Ou seja, se o bem agir exige a autonomia do agente, o dever de seguir as leis da fé

não instauraria uma heteronomia (normatização externa das condutas)?

Os filósofos da Idade Moderna tentaram responder a esta questão de diversas

maneiras e a reflexão que eles empreenderam influência as discussões éticas até hoje. Vejamos

dois desses autores:

Rousseau: a concepção do homem como naturalmente bom, mas corrompido pela

sociedade, principalmente pela idéia de propriedade privada, orientou a concepção ética desse

autor. As leis religiosas não seriam uma heteronomia, mas uma recordação daquilo que já está na

natureza humana, apesar de esquecido. Ser ético então seria realizar esta natureza

intrinsecamente boa e a religião seria o caminho para este estado esquecido.

Kant: A genialidade Kantiana está na sua busca pelo estabelecimento de valores

universais e conseqüente laicização do pensamento ético.

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A lei de ouro defendida por Kant: - Age apenas segundo uma máxima tal que possas

ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal - exerceu forte influência na ética

ocidental.

Para ele a conduta ética deveria ser guiada pelo dever, sendo este um Imperativo

categórico, ou seja, uma exigência de conduta moral à qual seria impossível não cumprir ao

agirmos racionalmente. O agir ético seria então a conduta guiada pelo dever e o ‘certo’ não

admite exceções, pois é sempre imperativo e não depende das circunstâncias, sejam quais forem

as conseqüências.

Agir por dever não é o mesmo que agir de acordo com o dever (como é o caso de não

mentir para que acreditem sempre em mim): o dever é a necessidade de realizar uma ação

unicamente por respeito pela lei moral. E esta lei consiste apenas na sua forma, que é a

universalidade — devo querer que os meus princípios se tornem uma lei universal.

Portanto, para Kant a intencionalidade é um determinante importante para definir o

valor ético de uma ação. Por exemplo, salvar uma criança de um perigo eminente só seria ético

se o fizéssemos pelo dever. Se o fazemos por dó ou para receber a aprovação dos outros a ação

deixa de ser ética

Assim, no pensamento kantiano, a ética é um sistema de regras absolutas,

universalizáveis, que não admitem exceções e o valor ético das ações provém das intenções com

que são praticadas. A conduta ética deve pois ser guiada por leis (dever) estabelecidas pela razão

e devem ser respeitadas independente das consequências.

2.6 Ética Profissional

Um código é um conjunto de afirmações, descritivas ou normativas sobre um tema

ou questão. Quando falamos de código de ética profissional estamos, portanto nos referindo a um

conjunto de afirmações sobre o bem agir no campo profissional.

Um código de ética profissional pode ser normativo ou descritivo. Ele será normativo

quando é composto de normas explícitas sobre a conduta daqueles que exercem a profissão. Por

exemplo: do Código do Corretor de imóveis, Art.3º, §VII – restituir ao cliente os papéis de que

não mais necessite;. Nestes casos é comum o código explicitar as sanções/punições pelo não

cumprimento das normas estabelecidas.

Já os códigos descritivos expõem os valores e princípios que devem nortear a

conduta dos profissionais. Por exemplo: do Código do Corretor de imóveis, Art.2º – Os deveres

do Corretor de Imóveis compreendem, além da defesa do interesse que lhe é confiado, o zelo do

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prestígio de sua classe e o aperfeiçoamento da técnica das transações imobiliárias. A maioria dos

códigos é mista, isto é, são normativos e descritivos.

O código de ética profissional é assim um instrumento para a tomada de decisão

frente a dilemas éticos e ainda orienta a conduta dos profissionais no exercício da profissão. Vale

lembrar que uma atividade caracteriza-se como profissão quando:

- Reflete operações intelectuais acompanhadas de responsabilidade individual;

- Exige aprendizagem especial, supondo uma formação que não seja acadêmica ou

teórica apenas, ou seja, uma profissão é uma atividade eminentemente prática, com um conteúdo

de técnicas transmissíveis;

- Dispõe de uma organização grupal, normativa, disciplinadora e orientadora das

ações de seus membros, como é o caso dos conselhos, associações e sindicatos.

- Ser um profissional se inscreve, portanto no campo da ação. E o agir profissional

está sujeito também à valoração ética.

Os códigos de ética profissionais visam:

• Estruturar e sistematizar as exigências éticas, orientando e disciplinando;

• Estabelecer parâmetros dentro dos quais a conduta pode ou deve ser considerada

regular sob o ângulo ético;

• Amparar os interesses de outras pessoas ou cliente, no seu relacionamento com o

profissional. (Camargo, 2004).

3. PREMISSAS BÁSICAS DA ÉTICA E LEGALIDADE NA CONDUTA DA LEI (C. de

Rover)

PERGUNTAS-CHAVE PARA OS ENCARREGADOS DA APLICAÇÃO DA LEI

Qual é o significado da ética dentro do contexto da aplicação da lei?

Existe um código de ética profissional na aplicação da lei?

Quais são as questões éticas associadas à prática da aplicação da lei?

O que dizem os instrumentos jurídicos internacionais a respeito de ética na

aplicação da lei?

Qual é a importância do Código de Conduta para os encarregados da aplicação da

lei?

Qual é a importância da ética no gerenciamento de operações da aplicação da lei?

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Quais são as implicações da ética na formação e treinamento dos encarregados da

aplicação da lei?

Qual é o significado da legalidade no contexto da aplicação da lei?

3.1 Introdução

A função da aplicação da lei é um serviço público previsto por lei, com

responsabilidade pela manutenção e aplicação da lei, manutenção da ordem pública e prestação

de auxílio e assistência em emergências. Os poderes e autoridades que são necessários ao eficaz

desempenho dos deveres da aplicação da lei também são estabelecidos pela legislação nacional.

No entanto, estas bases legais não são suficientes por si só para garantir práticas da aplicação da

lei que estejam dentro da lei e que não sejam arbitrárias: elas simplesmente apresentam um

arcabouço e geram um potencial.

O desempenho correto e eficaz das organizações de aplicação da lei depende da

qualidade e da capacidade de desempenho de cada um de seus agentes. A aplicação da lei não é

uma profissão em que se possam utilizar soluções-padrão para problemas-padrão que ocorrem a

intervalos regulares. Trata-se mais da arte de compreender tanto o espírito como a forma da lei,

assim como as circunstâncias únicas de um problema particular a ser resolvido. Espera-se que os

encarregados da aplicação da lei tenham a capacidade de distinguir entre inúmeras tonalidades de

cinza, ao invés de somente fazer a distinção entre preto e branco, certo ou errado. Esta tarefa

deve ser realizada cumprindo-se plenamente a lei e utilizando-se de maneira correta e razoável os

poderes e autoridade que lhes foram concedidos por lei. A aplicação da lei não pode estar

baseada em práticas ilegais, discriminatórias ou arbitrárias por parte dos encarregados da

aplicação da lei. Tais práticas destruirão a fé, confiança e apoio públicos e servirão para solapar a

própria autoridade das corporações.

3.2 Ética

Os encarregados da aplicação da lei devem não só conhecer os poderes e a

autoridade concedidos a eles por lei, mas também devem compreender seus efeitos

potencialmente prejudiciais (e potencialmente corruptores). A aplicação da lei apresenta várias

situações nas quais os encarregados da aplicação da lei e os cidadãos aos quais eles servem

encontram-se em lados opostos. Freqüentemente os encarregados da aplicação da lei serão

forçados a agir para prevenir - ou investigar- um ato claramente contra a lei. Não obstante, suas

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ações deverão estar dentro da lei e não podem ser arbitrárias. Os encarregados podem, em tais

situações, sofrer ou perceber uma noção de desequilíbrio ou injustiça entre a liberdade criminal e

os deveres de aplicação da lei. No entanto, devem entender que esta percepção constitui a

essência daquilo que separa os que aplicam a lei daqueles infratores (criminosos) que a

infringem. Quando os encarregados recorrem a práticas que são contra a lei ou estão além dos

poderes e autoridade concedidos por lei, a distinção entre os dois já não pode ser feita. A

segurança pública seria posta em risco, com conseqüências potencialmente devastadoras para a

sociedade.

O fator humano na aplicação da lei não deve pôr em risco a necessidade da

legalidade e a ausência de arbitrariedade. Neste sentido, os encarregados da aplicação da lei

devem desenvolver atitudes e comportamentos pessoais que os façam desempenhar suas tarefas

de uma maneira correta. Além dos encarregados terem de, individualmente, possuir tais

características, também devem trabalhar coletivamente no sentido de cultivar e preservar uma

imagem da organização de aplicação da lei que incuta confiança na sociedade à qual estejam

servindo e protegendo. A maioria das sociedades reconheceu a necessidade dos profissionais de

medicina e direito serem guiados por um código de ética profissional. A atividade, em qualquer

uma dessas profissões, é sujeita a regras - e a implementação das mesmas é gerida por conselhos

diretores com poderes de natureza jurídica. As razões mais comuns para a existência de tais

códigos e conselhos consistem no fato de que são profissões que lidam com a confiança pública.

Cada cidadão coloca seu bem-estar nas mãos de outros seres humanos e, portanto, necessita de

garantias e proteção para fazê-lo. Estas garantias estão relacionadas ao tratamento ou serviço

correto e profissional, incluindo a confidencialidade de informações, como também a proteção

contra (possíveis) conseqüências da má conduta, ou a revelação de informações confidenciais a

terceiros. Embora a maioria dessas caracterizações seja igualmente válida à função de aplicação

da lei, um código de ética profissional para os encarregados da aplicação da lei, que inclua um

mecanismo ou órgão supervisor, ainda não existe na maioria dos países.

3.3 Ética Pessoal, Ética de Grupo, Ética Profissional

As definições acima podem ser usadas em três níveis diferentes, com conseqüências

distintas: ética pessoal refere-se à moral, valores e crenças do indivíduo. É inicialmente a ética

pessoal do indivíduo encarregado da aplicação da lei, que vai decidir no curso e tipo de ação a

ser tomada em uma dada situação. Ética pessoal pode ser positiva ou negativamente influenciada

por experiências, educação e treinamento.

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A pressão do grupo é um outro importante instrumento de moldagem para a ética

pessoal do indivíduo encarregado da aplicação da lei. É importante entender que não basta que

esse indivíduo saiba que sua ação deve ser legal e não arbitrária. A ética pessoal (as crenças

pessoais no bom e no mau, certo e errado) do indivíduo encarregado da aplicação da lei deve

estar de acordo com os quesitos legais para que a ação a ser realizada esteja correta. O

aconselhamento, acompanhamento e revisão de desempenho são instrumentos importantes para

essa finalidade.

A realidade da aplicação da lei significa trabalhar em grupos, trabalhar com colegas

em situações às vezes difíceis e/ou perigosas, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.

Estes fatores podem facilmente levar ao surgimento de comportamento de grupo, padrões

subculturais (isto é, linguagem grupal, rituais, nós contra eles, etc.), e a conseqüente pressão

sobre membros do grupo (especialmente os novos) para que se conformem à cultura do grupo.

Assim o indivíduo, atuando de acordo com sua ética pessoal, pode confrontar-se com uma ética

de grupo estabelecida e possivelmente conflitante, com a pressão subsequente da escolha entre

aceitá-la ou rejeitá-la.

Deve ficar claro que a ética de grupo não é necessariamente de uma qualidade moral

melhor ou pior do que a ética pessoal do indivíduo, ou vice-versa. Sendo assim, os responsáveis

pela gestão em organizações de aplicação da lei inevitavelmente monitorarão não somente as

atitudes e comportamento em termos de éticas pessoais, mas também em termos de ética de

grupo. A história da aplicação da lei em diferentes países fornece uma variedade de exemplos

onde éticas de grupo questionáveis levaram ao descrédito da organização inteira encarregada da

aplicação da lei. Escândalos de corrupção endêmica, envolvimento em grande escala no crime

organizado, racismo e discriminação estão freqüentemente abalando as fundações das

organizações de aplicação da lei ao redor do mundo. Estes exemplos podem ser usados para

mostrar que as organizações devem almejar níveis de ética entre seus funcionários que

efetivamente erradiquem esse tipo de comportamento indesejável.

Quando nos consultamos com um médico ou advogado por razões pessoais e

privadas, geralmente não passa por nossas cabeças que estamos agindo com grande confiança.

Acreditamos e esperamos que nossa privacidade seja respeitada e que nosso caso seja tratado

confidencialmente. Na verdade, confiamos é na existência e no respeito de um código de ética

profissional, um conjunto de normas codificadas do comportamento dos praticantes de uma

determinada profissão.

As profissões médicas e legais, como se sabe, possuem tal código de ética

profissional com padrões relativamente parecidos em todos os países do mundo. Não se

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reconhece a profissão de aplicação da lei como tendo alcançado uma posição similar em que

exista um conjunto de normas, claramente codificadas e universalmente aceitas, para a conduta

dos encarregados de aplicação da lei. No entanto, junto ao sistema das Nações Unidas, bem

como ao do Conselho da Europa, desenvolveram-se instrumentos internacionais que tratam das

questões de conduta ética e legal na aplicação da lei. Esses são os instrumentos que serão

discutidos a seguir.

4. CONDUTA ÉTICA E LEGAL NA APLICAÇÃO DA LEI

4.1 Introdução

As práticas da aplicação da lei devem estar em conformidade com os princípios da

legalidade, necessidade e proporcionalidade. Qualquer prática da aplicação da lei deve estar

fundamentada na lei. Seu emprego deve ser inevitável, dadas as circunstâncias de um

determinado caso em questão, e seu impacto deve estar de acordo com a gravidade do delito e o

objetivo legítimo a ser alcançado.

A relação entre as práticas da aplicação da lei e a percepção e experiências dos

direitos e liberdades e/ou qualidade de vida, geralmente em uma sociedade, são assuntos que

ainda recebem atenção e consideração insuficientes.

4.2 Código de Conduta para os encarregados da aplicação da lei

A questão da ética profissional na aplicação da lei tem recebido alguma consideração

nos instrumentos internacionais de Direitos Humanos e Justiça Criminal, de maneira mais

destacada no Código de Conduta para os Encarregados da Aplicação da Lei (CCEAL) adotado

pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em sua resolução 34/169 de 17 de dezembro de 1979.

A resolução da Assembléia Geral que adota o CCEAL estipula que a natureza das

funções dos encarregados da aplicação da lei na defesa da ordem pública, e a maneira pela qual

essas funções são exercidas, possui um impacto direto na qualidade de vida dos indivíduos assim

como da sociedade como um todo. Ao mesmo tempo que ressalta a importância das tarefas

desempenhadas pelos encarregados da aplicação da lei, a Assembléia Geral também destaca o

potencial para o abuso que o cumprimento desses deveres acarreta.

O CCEAL consiste em oito artigos. Não é um tratado, mas pertence à categoria dos

instrumentos que proporcionam normas orientadoras aos governos sobre questões relacionadas

com direitos humanos e justiça criminal. É importante notar que (como foi reconhecido por

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aqueles que elaboraram o código) esses padrões de conduta deixam de ter valor prático a não ser

que seu conteúdo e significado, por meio de educação, treinamento e acompanhamento, passem a

fazer parte da crença de cada indivíduo encarregado da aplicação da lei.

O artigo 1.º estipula que os encarregados da aplicação da lei devem sempre cumprir o

dever que a lei lhes impõe, ... No comentário do artigo, o termo encarregados da aplicação da lei

é definido de maneira a incluir todos os agentes da lei, quer nomeados, quer eleitos, que exerçam

poderes policiais, especialmente poderes de prisão ou detenção.

O artigo 2º requer que os encarregados da aplicação da lei, no cumprimento do dever,

respeitem e protejam a dignidade humana, mantenham e defendam os direitos humanos de todas

as pessoas.

O artigo 3º limita o emprego da força pelos encarregados da aplicação da lei a

situações em que seja estritamente necessária e na medida exigida para o cumprimento de seu

dever.

O artigo 4º estipula que os assuntos de natureza confidencial em poder dos

encarregados da aplicação da lei devem ser mantidos confidenciais, a não ser que o cumprimento

do dever ou a necessidade de justiça exijam estritamente o contrário.

Em relação a esse artigo, é importante reconhecer o fato de que, devido à natureza de

suas funções, os encarregados da aplicação da lei se vêem em uma posição na qual podem obter

informações relacionadas à vida particular de outras pessoas, que podem ser prejudiciais aos

interesses ou reputação destas. A divulgação dessas informações, com outro fim além do que

suprir as necessidades da justiça ou o cumprimento do dever, é imprópria e os encarregados da

aplicação da lei devem abster-se de fazê-lo.

O artigo 5º reitera a proibição da tortura ou outro tratamento ou pena cruel,

desumano ou degradante.

O artigo 6º diz respeito ao dever de cuidar e proteger a saúde das pessoas privadas de

sua liberdade.

O artigo 7º proíbe os encarregados da aplicação da lei de cometer qualquer ato de

corrupção. Também devem opor-se e combater rigorosamente esses atos.

O artigo 8º trata da disposição final exortando os encarregados da aplicação da lei

(mais uma vez) a respeitar a lei (e a este Código). Os encarregados da aplicação da lei são

incitados a prevenir e se opor a quaisquer violações da lei e do código. Em casos onde a violação

do código é (ou está para ser) cometida, devem comunicar o fato a seus superiores e, se

necessário, a outras autoridades apropriadas ou organismos com poderes de revisão ou reparação.

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4.3 Noções essenciais para aplicação da LEI

* A aplicação da lei é um serviço público, criado por lei, com a finalidade de manter

a ordem pública, aplicar as leis nacionais e prestar auxílio e assistência em emergências.

* A Ética trata do que é certo e errado e o que é dever e obrigação moral.

* A Ética é o estudo da natureza geral da moral e das escolhas morais específicas.

* A Ética são as regras ou padrões que governam a conduta dos praticantes de uma

profissão.

* A Ética Pessoal refere-se ao conjunto de crenças sobre certo e errado, bem ou mal,

moral e deveres que se originam do indivíduo.

* A Ética de Grupo refere-se ao conjunto de crenças sobre certo e errado, bom ou

mal, moral e deveres que se originam de um grupo de indivíduos.

* A Ética Profissional refere-se aos padrões e regras que governam a conduta de

todos os praticantes de uma profissão específica.

* O Código de Conduta para os encarregados da aplicação da lei tem por objetivo

proporcionar diretrizes relativas aos princípios éticos e legais relevantes para a profissão dos

encarregados da aplicação da lei - e como tal deve ser considerado como um código de ética

profissional.

* O cumprimento fiel e o respeito pela lei por parte dos encarregados da aplicação da

lei é fundamental à boa prática da aplicação da lei.

* A Declaração sobre a Polícia, do Conselho da Europa, fornece maiores detalhes e

em maior profundidade, sobre as questões relacionadas à ética na aplicação da lei do que o

CCEAL. Também introduz várias disposições que não estão incluídas no CCEAL.

* Há vários outros instrumentos jurídicos que enfatizam a responsabilidade dos

encarregados da aplicação da lei por seus atos e omissões.

* Nem circunstâncias excepcionais nem ordens superiores podem ser utilizadas,

pelos encarregados da aplicação da lei, como justificativa por comportamento ilegítimo.

* Os governos são exortados a incluir questões relativas à ética e direitos humanos

nos currículos da formação dos seus agentes encarregados da aplicação da lei.

* A questão de comportamento correto, legítimo e ético dos encarregados da

aplicação da lei possui implicações diretas aos agentes com responsabilidades de comando,

gerenciamento e/ou supervisão.

* As situações de comportamento ilegítimo e/ou antiético (supostamente) requerem

uma investigação imediata, total e imparcial.

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* As situações de comportamento ilegítimo e/ou antiético (supostamente), apesar de

atribuídas ao indivíduo encarregado da aplicação da lei, possuem um efeito potencialmente

prejudicial e refletem negativamente em toda a corporação.

5. CONCLUSÃO

A polícia, como instituição de serviço à cidadania em uma de suas demandas mais

básicas — Segurança Pública — tem tudo para ser altamente respeitada e valorizada.

Para tanto, precisa resgatar a consciência da importância de seu papel social e, por

conseguinte, a auto-estima.

Esse caminho passa pela superação das seqüelas deixadas pelo período ditatorial:

velhos ranços psicopáticos, às vezes ainda abancados no poder, contaminação anacrônica pela

ideologia militar da Guerra Fria, crença de que a competência se alcança pela truculência e não

pela técnica, maus-tratos internos a policiais de escalões inferiores, corporativismo no

acobertamento de práticas incompatíveis com a nobreza da missão policial.

O processo de modernização democrática já está instaurado e conta com a parceria

de organizações como a Anistia Internacional (que, dentro e fora do Brasil, aliás, mantém um

notável quadro de policiais a ela filiados).

Dessa forma, o velho paradigma antagonista da Segurança Pública e dos Direitos

Humanos precisa ser substituído por um novo, que exige desacomodação de ambos os campos:

“Segurança Pública com Direitos Humanos”.

O policial, pela natural autoridade moral que porta, tem o potencial de ser o mais

marcante promotor dos Direitos Humanos, revertendo o quadro de descrédito social e

qualificando-se como um personagem central da democracia.

As organizações não-governamentais que ainda não descobriram a força e a

importância do policial como agente de transformação, devem abrir-se, urgentemente, a isso, sob

pena de, aferradas a velhos paradigmas, perderem o concurso da ação impactante desse ator

social.

Ética e deontologia, cada vez mais, são coisas de polícia!

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