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 ETNOCENTRISMO Uma visão do mundo em que o nosso grupo é visto como o centro de tudo. Presente não apenas em nossa época ou sociedade, mas é um fenômeno humano generalizado. No plano afetivo  se apresenta por meio de sentimentos como estranheza, medo, hostilidade No plano intelectual pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença.

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ETNOCENTRISMO Uma visão do mundo em que o nosso grupo é visto 

como o centro de tudo. Presente não apenas em nossa época ou sociedade, 

mas é um fenômeno humano generalizado. No plano afetivo se apresenta por meio de 

sentimentos como estranheza, medo, hostilidade No plano intelectual pode ser visto como a 

dificuldade de pensarmos a diferença.

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ELEMENTOS INTELECTUAIS DO ETNOCENTRISMO.

Expansão marítima no Séc. XVI – o ”outro” como selvagem.

Evolucionismo biológico – Charles Darwin Sec. XIX.

Evolução = desenvolvimento obrigatório rumo a um estágio ”superior”

Evolucionismo social Sec. XIX – Primeira forma da antropologia de tentar explicar a diferença:

O outro é diferente porque está em um estágio evolutivo anterior.

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Sec. XVI – Contexto de emergência da Antropologia:

Começa a elaborar um discurso sobre os “selvagens” e, consequentemente, sobre os “civilizados” lançando mão dos documentos, relatos cartas produzidas pelos viajantes e missionários.

Primeiro Choque (alteridade) – Os “Selvagens são Humanos? Eles têm Alma? Eles são passíveis de serem escravizados?”

Duas ideologias concorrentes: Negação do outro/estranho x Fascinação pelo outro/estranho

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O “mau” Selvagem:Medidas de diferenciação dos “humanos”:

aparência  física,  comportamentos,  hábitos  alimentares,  linguagem, tecnologias, crença em Deus

Não tendo alma, não tendo uma linguagem compreensível, sendo feio e alimentando­se feito um animal, o selvagem não é um humano.

Um tipo de discurso sobre a alteridade amparado na ausência/falta: sem  moral,  sem  religião,  sem  lei,  sem  escrita,  sem  Estado,  sem Consciência, sem Razão, sem objetivo, sem arte, sem passado, sem futuro (não tem futuro porque não evolui)

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O selvagem

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Bom Selvagem: Os termos do discurso são os mesmos: de um lado o sujeito 

civilizado e do outro o “selvagem”.

Mas aqui, a natureza dispensa suas benfeitorias para um selvagem feliz.

O discurso do “sem” (sem escrita, sem tecnologia, sem economia, etc.) não constitui uma desvantagem.

A decepção ligada aos benefícios da civilização e do progresso fez com que alguns pensadores interpretassem tal modo de vida “primitivo” como uma alternativa aos dilemas vivenciados pelo homem “civilizado”.

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Bom Civilizado

Fascínio pelo Estranho:Cristóvão Colombo:

  “Eles são muito mansos e ignorantes do que é o mal, eles não sabem se matar uns aos outros (…) Eu não penso que haja no mundo homens melhores, como também não há terra melhor”

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Antropologia Evolucionista Séc. XIX:

Mede­se o “atraso” das outras sociedades destinadas a alcançar a “civilização” em relação aos únicos critérios do ocidente do século XIX (que de certa maneira continuam sendo os nossos): 

religião monoteísta

produção econômica mercantil

propriedade privada

família nuclear/ relação monogâmica

moral cristã

Estado de direito

Tecnologia

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A imagem que o ocidental fez da alteridade (e de si mesmo) não parou  de oscilar entre dois pólos. Pensou­se alternadamente que o selvagem:

1­ Era um monstro, um animal com figura humana, mas também que os monstros éramos “nós” (ocidentais civilizados), sendo que ele tinha lições de humanidade para nos dar.

2­ Levava uma existência infeliz e miserável, ou vivia num estado de beatitude, adquirindo sem esforços, os produtos maravilhosos da natureza,  enquanto    o Ocidente  tinha de assumir as duras tarefas da indústria.

3 ­ Era trabalhador e corajoso, ou essencialmente preguiçoso.

4 ­ Não tinha alma e não acreditava em nenhum deus, ou era profundamente religioso.

5 ­ Vivia num eterno pavor do sobrenatural, ou, na paz e na harmonia.

6 ­  Era admiravelmente bonito, ou admiravelmente feio

8  ­  Era  movido  por  uma  impulsividade  criminalmente  congênita  a  se  temer,  ou  devia  ser considerado  como uma criança precisando de proteção.

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CHOQUE CULTURAL: De um lado o 

”NOSSO” grupo, o grupo do ”EU”

Mesmo estilo de vida: come igual, veste igual, acredita nos mesmos deuses, distribui o poder de uma mesma forma e etc.

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EIS ENTÃO QUE SURGE O ”OUTRO”!

”Grupo ”diferente” que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas (…)”.

”E mais grave ainda, este ”outro também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo” (...)

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MONÓLOGO ETNOCÊNTRICO Espanto: Como aquele mundo de doidos pode 

funcionar? Curiosidade: Como é que eles fazem? Dúvida ameaçadora: Eles só podem estar errados, 

ou tudo o que eu sei está errado! Hostilidade: Não, a vida deles não presta, é 

selvagem, bárbara, primitiva!

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Encarando a diferença como uma ameaça a ”nossa” identidade o grupo do ”eu”:

Faz da sua visão a única possível ou a melhor, a natural, a superior, a certa.

O grupo do outro fica sendo engraçado, absurdo, anormal.

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Reafirmação da ”nossa” sociedade:

A sociedade do ”eu” é a melhor, a superior. É representada como o espaço da cultura e da civilização por excelência. É onde existe o saber, o trabalho e o progresso.

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Construção de uma esteriótipo para o ”outro”: 

A  sociedade  do  ”outro”  é atrasada.  É  o  espaço  da natureza. São os selvagens, os bárbaros.  São  qualquer  coisa menos  humanos,  pois,  estes somos  nós.(...)  O  selvagem que vem da floresta, da selva, lembra  de  alguma  maneira,  a vida  animal.  O  ”outro”  é  o ”aquém”  ou  o  ”além”,  nunca o igual ao ”eu”. 

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Etnocentrismo como um fenômeno universal:

Embora o etnocentrismo tenha historicamente se revelado em nossa sociedade (ocidental, branca, católica/cristã, capitalista, etc.) de maneira brutal (escravidão/genocídio), ele não se manifesta exclusivamente nela. ”(...) No etnocentrismo, uma mesma atitude informa os diferentes grupos.

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Exemplo 1Lévi-Strauss (antropólogo) relata, em seu livro "Tristes

Trópicos", o mito de origem dos índios mbaiá - guaicuru, cujo território situava-se em terras paraguaias e brasileiras. Eles

aprenderam a montar a cavalos e adquiriram com isso grande mobilidade e poder, passando a dominar e explorar outros

grupos indígenas da região.

O mito mbaiá diz o seguinte:"Quando o ser supremo, Gonoenhodi, decidiu criar os homens,

tirou primeiro da terra os guaná, depois as outras tribos; aos primeiros, deu a agricultura, e a caça às segundas. O Enganador, que é outra entidade do panteão indígena,

percebeu, então, que os mbaiá tinham sido esquecidos no fundo do buraco e os fez sair; mas, como nada mais lhes restasse,

tiveram o direito à única função ainda disponível, a de oprimir e explorar os outros."

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Exemplo 2Os urubus, grupo tribal do vale do Pindaré (Maranhão), assim nomeados pelos vizinhos (civilizados e índios) se autodenominam Kaapor (Kaa = madeira, mata, floresta e Pôr - ser). Essa autodenominação sintetiza admiravelmente o mito ou a explicação da origem do grupo. "Todos os homens vieram das madeiras. Todos. Só que, enquanto os Kaapor originaram-se das madeiras boas, os outros homens (a humanidade, para eles) nasceram das madeiras podres. ( do livro "Raça e diversidade", Lilia Moritz (org.), João Baptista Borges Pereira, Edusp, 1996, SP, pág. 18

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Exemplo 3Durante a Guerra do Vietnã, o comandante das Forças Armadas norte-americanas, vendo-se obrigado a explicar as sucessivas derrotas de suas tropas, declarou à imprensa que os "amarelos comunistas" estavam ganhando a guerra porque, ao contrário dos ocidentais, não davam valor à vida e, por isso, lutavam sem nenhum temor. Segundo o militar, os destemidos vietnamitas sequer expressavam dor por ocasião da morte de amigos e parentes!

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Exemplo 3Os Cheyene, índios das planícies norte-americanas, se autodenominavam "os entes humanos’; os akuáwa, grupo tupi do sul do Pará, consideram-se "os homens"; da mesma forma que os Navajo se intitulavam "o povo’. Os aborígenes australianos chamavam as roupas dos brancos de "peles-de-fantasmas", pois não acreditavam que os ingleses fossem parte da humanidade; e os nossos xavantes acreditam que o seu território tribal está situado bem no centro do mundo."

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Três lições sobre o etnocentrismo: 1)  ”O  etnocentrismo  passa  exatamente  por  um 

julgamento de valor da cultura do ”outro” nos  termos da cultura do ”eu”. 

2)  Frequentemente  o  etnocentrismo  implica  em  uma ”apreensão  do  ”outro”  que  se  reveste  de  uma  forma bastante  violenta.  Como  ja  vimos,  pode  colocá­lo como  ”primitivo”,  como  algo  a  ser  destruído,  como atraso  ao  ”desenvolvimento”  (fórmula,  aliás,  muito comum  e  de  uso  geral  no  etnocídio  e  matança  dos índios)”.

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Juan Ginés de Sepúlveda – Jurista e Filósofo Espanhol Séc. XVI

“Àqueles que superam os outros em prudência e razão, mesmo que não sejam superiores em força física, aqueles são, por natureza, os senhores; ao contrário porém, os preguiçosos, os espíritos lentos, mesmo que tenham as forças físicas para cumprir todas as tarefas necessárias, são por natureza, servos. E é justo e útil que sejam servos, e vemos isso sancionado pela própria lei divina. Tais são as nações bárbaras e desumanas estranhas à vida civil e aos costumes pacíficos. E será sempre justo e conforme o direito natural que essas pessoas estejam submetidas ao império de príncipes e de nações mais cultas e humanas, de modo que, graças à virtude destas e à prudência de suas leis, eles abandonem a barbárie e se conformem a uma vida mais humana e ao culto da virtude. E se eles recusarem esse império, pode-se impô-lo pelo meio das armas e essa guerra será justa, bem como o declara o direito natural que os homens honrados, inteligentes, virtuosos e humanos dominem aqueles que não tem essas virtudes”

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Três lições sobre o etnocentrismo: 3)  (…)  a  história  ainda  ensina  que  o  ”outro”  e  sua 

cultura,  da  qual  falamos  na  nossa  sociedade,  são apenas uma representação, uma imagem distorcida que é  manipulada  como  bem  entendemos.  Ao  ”outro” negamos aquele mínimo de autonomia necessária para falar de si mesmo. 

Cita  o  exemplo:  ”de  uma  criança,  de  um  grande  centro urbano, que, de tanto ouvir absurdos sobre o índio seja em  casa,  seja  nos  livros  didáticos,  seja  na  indústria cultural,  acabou  por  defini­los  dizendo:  ”O  índio  é  o maior amigo do homem”. 

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Mecanismos de reforço da ”nossa” identidade por meio de representações negativas do ”outro”

Exemplo livros didáticos: que apresentavam uma visão dos índios como preguiçosos, desleixados e etc.

”(...),  ocupam  um  lugar  de  supostos  donos  da  verdade.  Sua informação obtém esse valor de verdade pelo simples dato de  que  quem  sabe  seu  conteúdo  passa  nas  provas.  Nesse sentido, seu saber  tende a ser visto como algo ”rigoroso”, ”sério”  e  ”científico”.  Os  estudantes  são  testados,  via  de regra,  em  face  de  seu  conteúdo,  o  que  faz  com  que  as informações neles contidas acabem se fixando no funda da memória de todos nós. Com ela se fixam também imagens extremamente etnocêntricas”.

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Sec. XIX  ­ Antropologia como Ciência: Evolucionismo

Todas essas obras tinham em comum a ambição de estabelecer “leis gerais e universais” de todas a humanidade.

Para tal, o indígena, o homem natural, não era mais considerado “selvagem”, e sim “primitivo”.

Primitivo como ancestral do civilizado.

São sociedades simples, que invariavelmente evoluirão para sociedades complexas, como as do ocidente.

As sociedades agora “primitivas” são o exemplo do que foram as sociedades “complexas” em um passado remoto.

Primitivos como a “infância” da humanidade

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O índio tratado como uma forma vazia que empresta sentido ao mundo dos brancos no 

Brasil:1)  No  Descobrimento  – 

aparece  como  ”selvagem”, ”primitivo”,  ”pré­histórico”,  ”antropófago” e etc. Isto era para mostrar o quanto  os  portugueses colonizadores  era ”superiores” e civilizados

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O índio tratado como uma forma vazia que empresta sentido ao mundo dos brancos no 

Brasil:2) Na catequese – 

aparece como o ”bom selvagem”, a ”criança”, ”inocente”, fazendo parecer necessária a religião que lhes queriam impor 

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O índio tratado como uma forma vazia que empresta sentido ao mundo dos brancos no 

Brasil:3) Formação da identidade 

nacional – ”como iriam falar de um povo – o nosso – formado por portugueses, negros e ”crianças” ou um povo formado por portugueses, negros e ”selvagens”? Então aparece um novo papel e o índio, num passe de mágica etnocêntrica, vira ”corajoso”, ”altivo” cheio de ”amor à liberdade”.

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Mecanismos de reforço da ”nossa” identidade por meio de representações negativas do ”outro”

”A indústria cultural – TV, jornais, revistas, publicidade, certo tipo de cinema, rádio – está frequentemente fornecendo exemplos de etnocentrismo. No universo da indústria cultural é criado sistematicamente um enorme conjunto de ”outros” que servem para reafirmar, por oposição, uma série de valores de um grupo dominante que se autopromove a modelo de humanidade”.

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notícias  »  mundo  Preconceito  contra  ciganos  é  generalizado  naEuropa 28 de agosto de 2010 • 14h24 – Site Terra. 

LÚCIA MÜZELLDireto de ParisO presidente francês, Nicolas Sarkozy, vem sendo alvo de duras críticas desde que iniciou uma cruzada contra os ciganos que vivem na França, também conhecidos como "roms" ou "viajantes". Mas o preconceito contra este povo está longe de ser é uma exclusividade do governo francês: a desconfiança e o desprezo marcam a trajetória desta minoria desde o século XV, quando os europeus passaram a rejeitar a presença de comunidades nômades e sem ocupação fixa. "Mais do que os judeus ou muçulmanos, os ciganos são o povo mais discriminado da Europa. É uma unanimidade", afirma a pesquisadora Nonna Mayer, coautora do Relatório Anual contra o Racismo, Antissemitismo e a Xenofobia da Comissão Nacional Consultativa dos Direitos Humanos da França. "A prova disso é que, junto com os judeus e os homossexuais, os ciganos eram considerados uma raça inferior por Adolf Hitler, que desejava o extermínio completo deste povo."

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Milhares de Ciganos protestam protestam em Roma contra xenofobia. Folha de São Paulo 2008. 

Vários acampamentos de ciganos foram incendiados por populares em maio próximo de Nápoles, no sul. O episódio que desencadeou os ataques foi a suposta tentativa de seqüestro de um bebê por uma jovem cigana. Apesar da investigação sobre esse caso não ter encerrado, o jornal "Il Giornale", do chefe de governo Silvio Berlusconi, teve como manchete de capa, no dia 19 de maio, "Como os ciganos vendem as crianças". A justiça da Itália não tem nenhum caso comprovado de seqüestro de crianças por ciganos. O governo inclusive já nomeou um responsável que irá coordenar a questão cigana em Roma, Milão e outras grandes cidades, com o objetivo de acabar com os acampamentos ilegais. O novo prefeito de Roma, o ex-neofacista Gianni Alemanno, ordenou que a polícia da capital esvaziasse na sexta-feira um acampamento instalado no bairro popular de Testaccio, próximo do centro. Seus 122 habitantes, todos italianos, foram levados para um bairro da periferia.

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Idéias que se contrapõem ao etnocentrismo: relativizar 

”Quando vemos que as verdades da vida são menos uma questão de essência das coisas e mais uma questão de posição: estamos relativizando. Quando o significado de um ato é visto não na sua dimensão absoluta mas no contexto em que acontece: estamos relativizando. Quando compreendemos o "outro" nos seus próprios valores e não nos nossos: estamos relativizando.(...) relativizar é ver as coisas do mundo como uma relação capaz de ter tido nascimento, capaz de ter um fim e uma transformação.”