EUROPA EM MOVIMENTO, MOBILIDADE SUSTENTÁVEL - LIVRO BRANCO (REVISÃO INTERCALAR) [UE - 2006]

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    COMISSO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

    Bruxelas, 22.6.2006COM(2006) 314 final

    COMUNICAO DA COMISSO AO CONSELHO E AO PARLAMENTOEUROPEU

    Manter a Europa em movimento -

    Mobilidade sustentvel para o nosso continenteReviso intercalar do Livro Branco da Comisso de 2001 sobre os Transportes

    {SEC(2006) 768}

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    NDICE

    1. Um novo contexto para a poltica europeia de transportes .......................................... 3

    1.1. Objectivos da poltica de transportes ........................................................................... 3

    1.2. Contexto em evoluo.................................................................................................. 51.3. Poltica europeia de transportes de 2001 a 2006.......................................................... 6

    2. Situao no sector dos transportes ............................................................................... 8

    2.1. Crescimento dos transportes ........................................................................................ 8

    2.2. Impactos dos transportes.............................................................................................. 9

    3. Mobilidade sustentvel no mercado interno Pr os Europeus em contacto............ 10

    3.1. Transportes terrestres ................................................................................................. 10

    3.2. Aviao ...................................................................................................................... 12

    3.3. Transportes por vias navegveis ................................................................................ 12

    4. Mobilidade sustentvel para os cidados fiabilidade e segurana intrnseca eextrnseca dos transportes .......................................................................................... 14

    4.1. Emprego e condies de trabalho .............................................................................. 14

    4.2. Direitos dos passageiros............................................................................................. 15

    4.3. Segurana intrnseca (safety)...................................................................................... 15

    4.4. Segurana extrnseca (security).................................................................................. 16

    4.5. Transportes urbanos ................................................................................................... 16

    5. Transportes e energia ................................................................................................. 17

    6. Optimizao da infra-estrutura................................................................................... 18

    6.1. Dois desafios: reduo do congestionamento e aumento da acessibilidade .............. 18

    6.2. Mobilizao de todas as fontes de financiamento...................................................... 19

    6.3. Tarifao inteligente .................................................................................................. 20

    7. Mobilidade inteligente ............................................................................................... 21

    7.1. Logstica dos transportes............................................................................................ 21

    7.2. Sistemas de transporte inteligentes ............................................................................ 218. A dimenso global ..................................................................................................... 22

    9. Concluso: uma agenda renovada.............................................................................. 24

    ANEXO 1................................................................................................................................. 26

    ANEXO 2................................................................................................................................. 29

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    1. UM NOVO CONTEXTO PARA A POLTICA EUROPEIA DE TRANSPORTES

    1.1. Objectivos da poltica de transportes

    A poltica de transportes sustentveis da UE tem como objectivo que os nossos sistemas de

    transporte respondam s necessidades da sociedade a nvel econmico, social e ambiental.Sistemas de transporte eficazes so essenciais para a prosperidade da Europa, tendo impactossignificativos no crescimento econmico, no desenvolvimento social e no ambiente. O sectordos transportes representa cerca de 7% do PIB europeu e cerca de 5% do emprego na UE.

    por si mesmo um sector importante e d um contributo importante para o funcionamento daeconomia europeia no seu conjunto. A mobilidade das pessoas e mercadorias umacomponente essencial da competitividade das indstrias e servios europeus. Finalmente, amobilidade tambm um direito essencial do cidado.

    Embora tenha arrancado lentamente, a poltica de transportes da Unio Europeia tem-sedesenvolvido rapidamente nos ltimos 15 anos. Os objectivos da poltica de transportes daUE - desde o Livro Branco sobre os Transportes de 19921, passando pelo Livro Branco de20012 , at presente Comunicao - continuam a ser vlidos: contribuir para proporcionaraos europeus sistemas de transporte eficientes e eficazes que permitam:

    Oferecer um nvel elevado de mobilidade para as pessoas e empresas em todaa Unio. A disponibilidade de solues de transporte abordveis e de altaqualidade contribui de forma vital para concretizar a livre circulao de

    pessoas, mercadorias e servios, para melhorar a coeso social e econmica epara garantir a competitividade da indstria europeia.

    Proteger o ambiente, garantir a segurana energtica, promover normasmnimas de trabalho para o sector e proteger os passageiros e cidados.

    As presses ambientais aumentaram substancialmente e futuramentecontinuaro a existir problemas significativos nos domnios da sade e doambiente, por exemplo, no que diz respeito poluio atmosfrica3. ,

    por conseguinte, necessrio promover um nvel elevado de proteco emelhorar a qualidade do ambiente.

    Dado serem um dos principais consumidores de energia, os transportesdevem tambm contribuir para garantir a segurana energtica.

    No domnio social, a poltica da UE promove a melhoria da qualidade doemprego e melhores qualificaes para os trabalhadores do sectoreuropeu dos transportes.

    A poltica da UE protege tambm os cidados enquanto utilizadores eprestadores de servios de transportes, tanto como consumidores como

    1 COM(92) 494 de 2.12.1992: Futura evoluo da poltica comum dos transportes ."2 COM(2001) 370 de 12.9.2001: A poltica europeia de transportes no horizonte 2010: a hora das

    opes.3 COM(2005) 446 de 21 de Setembro de 2005 Estratgia temtica sobre a poluio atmosfrica.

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    em termos da sua segurana intrnseca (safety) e, mais recentemente, dasua segurana extrnseca (security).

    Inovar com vista a apoiar os primeiros dois objectivos de mobilidade eproteco, aumentando a eficincia e sustentabilidade do sector dos

    transportes em crescimento. A poltica da UE desenvolve e leva at ao

    mercado as solues inovadoras de amanh que sejam eficientes em termosenergticos, utilizem fontes de energia alternativas ou apoiem projectos detransportes inteligentes, bem desenvolvidos e de grande envergadura, como oGalileo.

    Estabelecer contactos a nvel internacional,projectando as polticas da Unioa fim de reforar a mobilidade sustentvel, a proteco e a inovao, atravs da

    participao em organizaes internacionais. O papel da UE como ldermundial em matria de solues, indstrias, equipamentos e serviossustentveis no domnio dos transportes deve mesmo ser objecto de um maiorreconhecimento.

    Estes objectivos colocam a poltica de transportes da Unio no centro da Agenda de Lisboano que diz respeito ao crescimento e ao emprego. Conforme demonstrado na presentecomunicao, esses so tambm objectivos a mais longo prazo que procuram equilibrar osimperativos do crescimento econmico, do bem-estar social e da proteco do ambiente emtodas as escolhas polticas4.

    O mercado interno j produziu benefcios nos sectores dos transportes rodovirios e areos eespera-se que o mesmo acontea no futuro nos sectores dos transportes ferrovirios e por viasnavegveis. Os ganhos de eficincia apoiados por polticas da UE faro nomeadamente comque os transportes ferrovirios e por vias navegveis se tornem mais concorrenciais, em

    especial em itinerrios mais longos. A mobilidade deve ser dissociada dos seus efeitossecundrios negativos mediante a utilizao de uma vasta gama de instrumentos polticos. Porconseguinte, a poltica futura ter de optimizar o potencial prprio de cada modo detransporte a fim de satisfazer os objectivos que visam sistemas de transporte no-poluentes eeficientes. Devem valorizar-se as potencialidades da tecnologia para tornar os transportesmais respeitadores do ambiente, em especial quanto s emisses de gases com efeito deestufa. Alguns projectos de infra-estrutura importantes ajudaro a aliviar a presso ambientalem corredores especficos. Deve conseguir-se uma mudana para modos de transporte maisrespeitadores do ambiente, quando adequado, especialmente em itinerrios de longo curso, emzonas urbanas e em corredores congestionados. Simultaneamente deve proceder-se a umaoptimizao de cada um dos modos de transporte. Todos os modos devem tornar-se maisrespeitadores do ambiente, seguros e eficientes em termos energticos. Finalmente, aco-modalidade, ou seja, a utilizao eficiente de diferentes modos de transporte isoladamenteou em combinao, resultar numa utilizao ptima e sustentvel dos recursos. Estaabordagem est plenamente em consonncia com as concluses do Conselho Europeu de16 de Junho de 2006 e com a Estratgia de Desenvolvimento Sustentvel renovada, emespecial no captulo relativo aos transportes.

    4 Ver comunicao da Comisso COM(2005) 658 de 13.12.2005: Reexame da Estratgia em favor doDesenvolvimento Sustentvel - Uma plataforma de aco.

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    1.2. Contexto em evoluo

    Embora os objectivos se mantenham estveis ao longo do tempo, o contexto geral da polticade transportes da UE evoluiu:

    O alargamento dotou a UE de uma dimenso continental. A ampliao dos eixos

    principais da rede transeuropeia cria mais corredores que so particularmenteadequados para os transportes ferrovirios e por vias navegveis. A pennsulaeuropeia mais do que nunca uma potncia martima: o Mar Bltico est na suamaioria rodeado por Estados-Membros da UE e rios importantes, incluindo o eixoReno-Danbio, oferecem interligaes com zonas martimas. A Unio a 25, e numfuturo prximo a 27, mais diversificada. Enquanto a poluio, a utilizao dossolos e o congestionamento so uma grande preocupao no centro-oestedensamente povoado e industrializado, para outros Estados-Membros aacessibilidade ainda a principal preocupao. A diversidade pode, emdeterminados domnios polticos, exigir solues mais diferenciadas, deixandomargem para solues locais, regionais e nacionais, mas que assegurem

    simultaneamente um mercado interno dos transportes escala europeia.

    O sector dos transportes sofreu alteraes. A consolidao est a verificar-se anvel europeu, especialmente nos transportes areos e martimos. O mercadointerno contribuiu para a criao de transportes rodovirios internacionais demercadorias - e tambm de actividade ferrovirias - cada vez mais concorrenciais.Alm disso, nos ltimos cinco anos observaram-se os efeitos da globalizao quelevaram criao de grandes empresas logsticas com operaes a nvel mundial.A poltica europeia de transportes ter de centrar-se muito mais no reforo dacompetitividade internacional das suas indstrias multimodais de transportes e naoferta de solues integradas entre modos de transporte, centradas na eliminaode estrangulamentos e de elos fracos na cadeia logstica. Simultaneamente, omercado interno deve continuar a dar margem de manobra para as empresasemergentes e PME.

    Os transportes esto rapidamente a tornar-se um sector de alta tecnologia,tornando a investigao e a inovao cruciais para o seu maior desenvolvimento.

    No contexto do aumento do oramento para a investigao do7 Programa-Quadro de Investigao e Desenvolvimento (2007-2013) europeu, ainovao tecnolgica no sector dos transportes contribui directamente para asagendas europeias em matria de competitividade, ambiente e poltica social. Com

    base nas Agendas Estratgicas de Investigao desenvolvidas pelas PlataformasTecnolgicas Europeias de Transportes, as actividades incluem a ecologizaodos transportes areos e de superfcie, a modernizao da gesto do trfego areo,o descongestionamento dos corredores europeus de transportes, a mobilidadeurbana, a intermodalidade e interoperabilidade, a segurana intrnseca e extrnsecanos transportes e uma base industrial concorrencial. Entre os domnios prioritriosmais promissores contam-se os sistemas de transporte inteligentes que envolvem acomunicao, navegao e automatizao e tecnologias de motores que permitamuma maior eficincia dos combustveis e promovam a utilizao de combustveisalternativos.

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    Os compromissos ambientais internacionais, incluindo os assumidos ao abrigodo Protocolo de Quioto, devem ser integrados na poltica de transportes. Asemisses de CO2 constituem um desafio e a qualidade do ar, a poluio sonora e autilizao dos solos necessitam de uma ateno contnua, apesar dos avanosconsiderveis obtidos na ltima dcada, por exemplo no que diz respeito

    reduo de emisses nocivas. A poltica de transportes deve contribuir para a realizao dos objectivos da

    poltica energtica europeia conforme estabelecido nas Concluses do ConselhoEuropeu de Maro de 2006, em especial em matria de segurana doaprovisionamento e sustentabilidade. Os transportes representam 30% doconsumo total de energia na UE. No contexto de uma dependncia do petrleode 98%, os preos elevados do petrleo influenciam o sector dos transportes eincentivam uma maior eficincia energtica, solues de aprovisionamentodiversificadas e polticas de gesto da procura, todas elas apoiados por tecnologiasnovas e inovadoras.

    O contexto internacional alterou-se igualmente de outras formas. A ameaapermanente do terrorismo teve tambm maiores repercusses nos transportes doque em qualquer outro sector. A globalizao econmica afectou os fluxoscomerciais e aumentou a procura de servios de transporte internacionais comorigem e destino nos pases com economias emergentes. Trabalhando emconjunto, a UE e os seus Estados-Membros esto em boa posio para influenciaro panorama global de modo a que este possa reflectir melhor os nossos interesseseconmicos, sociais e ambientais. A poltica externa de transportes da UE diferenciada consoante o pas, regio e modo de transporte. A poltica em relaoaos pases candidatos adeso e mesmo em relao aos seus parceiros na

    vizinhana da Europa salienta agora o alargamento gradual do mercado internodos transportes a esses pases.

    Finalmente, a governao europeia est a evoluir. O quadro jurdico bsico domercado interno j est em larga medida criado. Muito depende agora de umaimplementao eficaz no terreno. Sempre que necessrio, so iniciados

    procedimentos por infraco por no aplicao da legislao. Simultaneamente, aslies tiradas da observao do mercado interno e de vastas consultas s partesinteressadas ajudam a Comisso a promover o intercmbio de melhores prticas ea proporcionar uma melhor regulamentao, incluindo a respectiva simplificaosempre que possvel. Verifica-se tambm a necessidade de a regulamentao

    acompanhar a inovao. Foram assim criadas agncias europeias em quatrodomnios da poltica de transportes: este segundo nvel da administrao europeiafornece informaes tcnicas especializadas e contribui para a implementao doacervo.

    1.3. Poltica europeia de transportes de 2001 a 2006

    O Livro Branco de 2001 identificou como principais desafios o desenvolvimentodesequilibrado dos diferentes modos de transporte, o congestionamento em itinerrios ecidades, bem como no espao areo, e o impacto no ambiente. Em consequncia, o LivroBranco props polticas para o ajustamento do equilbrio entre modos, sublinhou a

    necessidade de eliminar os estrangulamentos nas redes transeuropeias (RTE) e de reduzir o

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    nmero de acidentes rodovirios, apelou para uma poltica eficaz no domnio da tarifao dasinfra-estruturas e defendeu que a Comunidade deveria reforar a sua posio em organizaesinternacionais. necessrio ter em conta que no Livro Branco se previa um forte crescimentoeconmico que acabou por no se materializar.

    Desde 2001, foram aprovadas propostas legislativas importantes que esto a ser levadas

    prtica, como a abertura concorrncia do transporte ferrovirio de mercadorias, a melhoriadas condies sociais do transporte rodovirio, a definio de 30 projectos prioritrios deRTE, a criao do Cu nico Europeu, o reforo dos direitos dos passageiros dos transportesareos, a nova directiva relativa tarifao rodoviria, cujas tarifas de utilizao baseadas nadistncia podem ser canalizadas para o financiamento da infra-estrutura em alguns casos, a

    promoo do transporte intermodal com o Programa Marco Polo e o reforo do quadrojurdico em matria de segurana martima. A UE demonstrou igualmente a sua capacidadepara desenvolver programas de inovao industrial como o Galileo, ERTMS e SESAR. Amaioria das medidas preconizadas no Livro Branco foi proposta ou adoptada. No Anexo 3sobre Avaliao do Impacto apresentada uma descrio completa dessas medidas e aavaliao dos impactos previstos.

    No ltimo ano, foi efectuada uma ampla consulta, que destacou o papel central dostransportes no crescimento econmico e a necessidade de reajustamento das medidas

    polticas. Em resposta s mltiplas questes e contribuies apresentadas durante a consulta, aComunicao "Manter a Europa em Movimento - Mobilidade Sustentvel para o nossoContinente" tem como base os objectivos da poltica de transportes da UE desde o seuimportante relanamento em 1992 e as medidas identificadas no Livro Branco de 2001, amaioria das quais foram implementadas conforme preconizado5.

    A experincia adquirida desde 2001, bem como outros estudos e projeces, sugerem que asmedidas preconizadas pela Comisso em 2001 no sero suficientes por si ss para a

    prossecuo dos objectivos fundamentais da poltica da UE, em especial no que diz respeito conteno dos efeitos negativos ambientais e outros decorrentes do crescimento dostransportes, e simultaneamente para a promoo do objectivo que a quinta-essncia da

    poltica de transportes, ou seja a mobilidade. Na UE alargada, situada num mundo globalizadoe em evoluo rpida, necessrio um leque mais vasto e flexvel de instrumentos polticosno domnio dos transportes. As solues podem ser de vrios tipos, desde regulamentaoeuropeia e sua aplicao uniforme, instrumentos econmicos, instrumentos no vinculativos eintegrao tecnolgica at uma abordagem geograficamente diferenciada, utilizando mtodosde legislao por medida ou de cooperao reforada. Em consonncia com a poltica daComisso de legislar melhor, a Comisso basear-se-, em cada domnio especfico, em

    consultas aos cidados e a outras partes interessadas e na anlise do impacto econmico,ambiental e social antes de passar s propostas concretas. O Anexo 3 explica as diferentesopes polticas que foram objecto de avaliao para a proposta da linha poltica aquiapresentada.

    5 No quadro apenso avaliao de impacto constante do anexo apresentada uma lista dessas medidas eo seu estado de aplicao.

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    2. SITUAO NO SECTOR DOS TRANSPORTES

    2.1. Crescimento dos transportes

    O crescimento dos transportes de mercadorias na UE, a uma taxa de 2,8% por ano, estavalargamente em conformidade com o crescimento econmico, que foi de 2,3% em mdia no

    perodo de 1995-2004. O transporte de passageiros cresceu a uma taxa mais baixa de 1,9%6

    .Em geral, verificou-se um aumento no transporte de mercadorias de 28% e no transporte de

    passageiros de 18% no perodo de 1995 a 2004, com um crescimento do transporte rodoviriode 35% e 17% respectivamente. O transporte martimo de curta distncia cresceu a uma taxa

    praticamente idntica. Verificou-se um maior aumento no transporte ferrovirio demercadorias nos Estados-Membros que abriram o mercado ferrovirio concorrncia maiscedo, em comparao com os outros pases. Na globalidade, o transporte ferrovirio demercadorias cresceu 6% no perodo de 1995 a 2004. O transporte ferrovirio de passageirosaumentou consideravelmente (embora no to rapidamente como outros modos de transporte),sendo actualmente um quarto desse crescimento atribuvel aos comboios de alta velocidade.Os transportes areos intra-UE cresceram mais de 50% no mesmo perodo, apesar do declnio

    que se seguiu aos ataques de 11 de Setembro, integrando os efeitos da liberalizao que j setinham iniciado em finais da dcada de 1980. O transporte por vias navegveis interioresapresentou um forte crescimento na ltima dcada em alguns Estados-Membros (50% naBlgica e 30% em Frana).

    A maior parte dos transportes intra-UE processa-se por estrada, sendo este modoresponsvel por 44% do transporte de mercadorias e cerca de 85% do transporte de

    passageiros. Os factores da procura, como a reduo do transporte de mercadorias a granel e aimportncia crescente do servio porta-a-porta e da entrega no momento exacto (just-in-timedelivery) contriburam indubitavelmente para a continuidade do forte crescimento dotransporte rodovirio. A quota de transporte ferrovirio foi de 10% e 6%, respectivamente.Entre as principais tendncias estruturais, conta-se a travagem do declnio do transporteferrovirio de mercadorias a partir de 2001, que se encontra actualmente numa via decrescimento em vrios Estados-Membros. Outra tendncia notria o forte e contnuodinamismo dos transportes areos e por vias navegveis. O transporte areo domina omercado do transporte de passageiros de longo curso e os operadores de baixo custorepresentam actualmente 25% de todo o trfego areo intra-UE programado e tm promovidoo crescimento dos aeroportos regionais. O transporte martimo representa 39% do transporteinterno de mercadorias e perto de 90% do volume de comrcio externo. Um quarto dos naviosdo mundo arvora um pavilho europeu e 40% dos navios so propriedade de europeus. Dadoque apenas alguns Estados-Membros dispem de vias navegveis importantes, o transporte

    por vias navegveis interiores representa apenas 3% do total do transporte de mercadorias,tendo este modo um considervel potencial inexplorado. Embora o Livro Branco de 2001presumisse uma taxa mdia de crescimento econmico de 3%, a taxa real no perodo de 2000a 2005 foi de 1,8%. No perodo entre 2000 e 2020, as previses apontam para uma taxa mdiade crescimento anual do PIB de 2,1% (52% em todo o perodo). Prev-se um crescimento dotransporte de mercadorias a taxas aproximadamente semelhantes (50% em todo o perodo) eum crescimento do transporte de passageiros inferior na ordem de 1,5% em mdia anual (35%

    6 Os nmeros citados referem-se UE-25.

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    em todo o perodo)7. A modelizao8 confirma que a distribuio modal ser mais ou menosestabilizada a longo prazo.

    2.2. Impactos dos transportes

    Embora dem um contributo importante para o crescimento, os transportes implicam tambm

    custos para a sociedade. O seu custo ambiental foi calculado em 1,1% do PIB9

    . Os esforospara atingir os objectivos de satisfao das necessidades crescentes de mobilidade e denormas ambientais rigorosas esto a comear a mostrar sinais de frico. Por exemplo, asnormas relativas qualidade do ar no esto a ser cumpridas em muitas cidades e necessrioque o desenvolvimento das infra-estruturas seja concebido com o devido respeito pela

    proteco da natureza e das restries ao planeamento. O congestionamento rodovirioaumentou e est a custar UE cerca de 1% do PIB. As emisses nocivas dos transportesrodovirios diminuram significativamente, tendo a introduo de catalisadores, de filtros de

    partculas e de outras tecnologias a bordo dos veculos contribudo para uma reduo dasemisses de NOx e de partculas entre 30% e 40% nos ltimos 15 anos, apesar de volumes detrfego crescentes. Contudo, a Estratgia Temtica sobre a Poluio Atmosfrica10

    demonstrou a necessidade de ir mais longe no que diz respeito aos veculos rodovirios,nomeadamente com a introduo das normas Euro 5 aplicveis a veculos ligeiros (que seromais tarde seguidas pela norma Euro 6, tal como a Euro VI aplicvel a veculos pesados). Amodelizao demonstra que esta tendncia se manter mas que, em contrapartida, as emissesde CO2 e a poluio sonora se agravaro. O transporte martimo um grande emissor de

    poluentes atmosfricos. Embora as companhias areas tenham reduzido o consumo decombustvel de 1-2% por passageiro-quilmetro na ltima dcada e as emisses sonoras dasaeronaves tenham diminudo significativamente, verificou-se todavia um aumento do impactoambiental geral da aviao civil devido a um crescimento contnuo do trfego. Por exemplo,as emisses de gases com efeito de estufa dos transportes areos aumentaram mais de 4% porano na ltima dcada. Na globalidade, os transportes internos so responsveis por 21% dasemisses de gases com efeito de estufa, tendo estas emisses aumentado cerca de 23% desde1990, o que pe em risco os progressos na prossecuo dos objectivos de Quioto. Contudo, asmedidas constantes do Livro Branco de 2001 produziro apenas efeitos mnimos nestastendncias ambientais, especialmente no que diz respeito s emisses de CO2

    11. Finalmente,deve prestar-se igualmente ateno poluio sonora dos diferentes modos de transporte.

    A segurana melhorou consideravelmente. Verificou-se uma diminuio de mais de 17% nonmero de vtimas mortais em acidentes de viao desde 2001, embora no em todos osEstados-Membros. Contudo, com cerca de 41 600 mortes e mais de 1,7 milhes de feridos em

    7 Previses baseadas no estudo ASSESS: "Avaliao da contribuio das RTE e de outras medidas emmatria de poltica de transportes para a implementao a mdio prazo do Livro Branco sobre a PolticaEuropeia de Transportes no Horizonte 2010" (2005)http://ec.europa.eu/transport/white_paper/mid_term_revision/assess_en.htm.

    8 Estas previses baseiam-se no cenrio de uma poltica constante baseada no Livro Branco de 2001 (vero Estudo ASSESS). Nos grficos 3 e 4 do Anexo 2 so apresentados mais dados.

    9 Ver o relatrio final do projecto UNITE. Environmental costs cover air pollution, noise and globalwarming costs. UNIfication of accounts and marginal costs for Transport Efficiency. 5

    thFramework

    Transport RTD, Novembro de 2003. www.its.leeds.ac.uk/UNITE.10 Ver a comunicao da Comisso Estratgia temtica sobre a poluio atmosfrica - COM(2005) 446

    de 21 de Setembro de 2005.11 Ver estudo ASSESS. Para mais informaes, ver tambm o Relatrio n. 3/2006 da Agncia Europeia

    do Ambiente - TERM 2005 (mecanismo de relatrio sobre os transportes e o ambiente).

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    2005, a estrada continua a ser o modo de transporte menos seguro12. Esta situao no aceitvel e todos os intervenientes devem intensificar os seus esforos para melhorar asegurana rodoviria. Neste domnio, prev-se uma continuao das medidas do Livro Brancode 2001 e da Iniciativa sobre Segurana Electrnica (eSafety)13 a mdio prazo, a fim de

    permitir benefcios significativos no sentido do objectivo global de reduo para metade donmero de vtimas mortais.

    Projeces como as apresentadas supra so cruciais para conceber e avaliar a poltica detransportes, tomando especialmente em considerao o longo perodo de tempo que necessrio para que essas polticas e investimentos associados produzam efeitos que afectem arealidade no terreno. Estes cenrios devem ter em conta toda uma gama de nveis de gasescom efeito de estufa e de condicionantes das energias fsseis.

    Aco: com vista a conceber e avaliar as polticas de amanh, incentivar um amplo debatesobre os cenrios dos transportes numa escala temporal de 20 a 40 anos, a fim de desenvolverferramentas para uma abordagem global dos transportes sustentveis.

    3. MOBILIDADE SUSTENTVEL NO MERCADO INTERNO PR OS EUROPEUS EMCONTACTO

    O mercado interno da UE o principal instrumento para viabilizar uma indstria detransportes dinmica que proporcione crescimento e emprego. Tal como demonstrado pelosector da aviao e por outros sectores como as telecomunicaes, o processo de liberalizaodo mercado interno incentiva a inovao e o investimento a fim de permitir melhores serviosa um menor custo. O mesmo sucesso pode ser conseguido em todo o sector dos transportes. Oobjectivo no apenas criar um mercado interno em termos jurdicos, mas tambm trabalharem conjunto com os utilizadores e prestadores de servios para os ajudar a torn-lo uma

    realidade industrial. Tal implica o controlo do cumprimento das regras comuns e a suacomplementao, ajustamento ou simplificao relativamente a todos os modos, senecessrio, com base na observao e experincia. O enquadramento do mercado interno deve

    permitir a integrao entre modos de transporte, a fim de optimizar o funcionamento da redede transportes.

    3.1. Transportes terrestres

    O quadro do mercado interno rodovirio est bem estabelecido. Embora o transporterodovirio nacional de mercadorias se encontre largamente protegido, o transporte rodoviriointernacional est liberalizado. A cabotagem, ou seja o transporte de mercadorias dentro de

    um pas por um transportador de outro pas, representa 1,2% dos mercados nacionais detransporte rodovirio. O mais tardar at 2009, a cabotagem ser aberta no que diz respeito atodos os novos Estados-Membros. Regras comuns sobre o nvel de qualificaes profissionaise de condies de trabalho contribuem para um nvel elevado de segurana e de protecosocial. A predominncia de pequenas empresas e o impacto na concorrncia das diferenasconsiderveis nos nveis fiscais entre Estados-Membros so factores importantes que

    12 Ver comunicao da Comisso COM(2006) 74: Programa de aco europeu para a seguranarodoviria Balano intercalar.

    13 COM(2003) 542: Comunicao da Comisso ao Conselho e ao Parlamento Europeu - Tecnologias da

    informao e das comunicaes para veculos seguros e inteligentes; COM(2005) 431: Servio eCallpara todos.

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    influenciaro a evoluo futura. A Comisso estudar formas de reduzir as diferenasexcessivas nos nveis de tributao dos combustveis.

    O quadro jurdico do transporte ferrovirio de mercadorias estar completado em 2007. Oterceiro pacote legislativo ferrovirio abrir tambm concorrncia o transporte internacionalde passageiros. Os organismos reguladores nacionais devero garantir o controlo da plena

    aplicao do acervo comunitrio. Tal permitir que a renovao do sector ferrovirio, jobservada nos Estados-Membros que abriram os seus mercados, se alargue a todo o mercadointerno da UE. A Comisso utilizar o mecanismo de fiscalizao do mercado ferrovirio afim de proporcionar um painel de avaliao para uma abertura efectiva do mercado ferrovirioem toda a UE. A UE necessita de eliminar os obstculos estruturais competitividade dosector ferrovirio ainda subsistentes, em especial os entraves tcnicos, como os baixos nveisde interoperabilidade, a falta de reconhecimento mtuo do material circulante e produtos, acoordenao deficiente das infra-estruturas e a interligao de sistemas de tecnologias dainformao, bem como o problema do encaminhamento de mercadorias em vago nico14.Alm disso, a Comisso estudar formas de desenvolver uma tarifao inteligente e melhordas infra-estruturas, incluindo a internalizao dos custos externos na sequncia da recenteadopo da directiva relativa tarifao rodoviria (ver ponto 6.3 infra). A UE contribuirigualmente prestando apoio financeiro implementao dos projectos prioritrios no mbitodas redes transeuropeias, a maioria dos quais so projectos ferrovirios, incluindo o sistemade gesto do trfego ERTMS, e elaborando orientaes adequadas em matria de auxliosestatais para o sector.

    No sector ferrovirio, verificou-se uma estabilizao da quota-parte de mercado e do empregona maioria dos pases. As reestruturaes e adaptaes implicaram uma srie de decisesdifceis do ponto de vista social e resultaram numa reduo marcada do emprego no sector.Os operadores ferrovirios podem agora restabelecer a sua viabilidade a longo prazointernacionalizando as suas actividades e concentrando-se nas necessidades da economia e dasociedade. Os caminhos-de-ferro demonstraram as suas vantagens no transporte de

    passageiros, nomeadamente nas ligaes de alta velocidade entre centros urbanos. Oalargamento abre perspectivas de novas ligaes ferrovirias de longa distncia (mais de500 km), as quais, combinadas com operaes logsticas eficientes, podem competir com otransporte rodovirio a fim de proporcionar um servio porta-a-porta respeitador do ambiente.A Comisso examinar a possibilidade de um programa de promoo de uma rede orientada

    para o transporte ferrovirio de mercadorias no contexto mais vasto de uma nova polticalogstica do transporte de mercadorias (ver ponto 7.1 infra). Para que essas oportunidades seconcretizem ser necessria uma adaptao dos servios de transporte de mercadorias e dagesto das infra-estruturas em termos de qualidade, fiabilidade, flexibilidade e orientao para

    o cliente. Aco: examinar a experincia adquirida no mercado interno rodovirio e propormelhorias das regras de acesso ao mercado e das regras relativas ao acesso profisso,quando necessrio; resolver a questo das diferenas excessivas nos impostos especiais deconsumo; implementar o acervo comunitrio relativo ao transporte ferrovirio com o auxliode organismos reguladores fortes nos Estados-Membros; acelerar os esforos para aeliminao dos entraves tcnicos e operacionais s actividades internacionais de transporte

    14 Comunicao da Comisso COM(2006) 189, de 3.5.2006: Relatrio da Comisso ao Parlamento

    Europeu e ao Conselho sobre a aplicao do primeiro pacote rodovirio (Report from the Commissionto the European Parliament and the Council on the implementation of the first railway package).

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    ferrovirio com o auxlio do sector ferrovirio e da Agncia Ferroviria Europeia; estudar apossibilidade de um programa que vise a promoo de uma rede orientada para o transporteferrovirio de mercadorias no mbito de uma poltica mais vasta de logstica dos transportes;acompanhamento do mercado ferrovirio, incluindo um painel de avaliao.

    3.2. Aviao

    O mercado interno do transporte areo tornou-se uma realidade industrial e um motor docrescimento. A sua reestruturao e integrao esto avanadas e o mercado foi alargado coma multiplicao de itinerrios servidos na Europa, com o aparecimento dos transportadores de

    baixo custo e o desenvolvimento dos aeroportos regionais. O mercado interno trouxebenefcios considerveis para os clientes. A UE um interveniente mundial importante, tantono sector dos equipamentos para transportes areos como dos servios de aviao.

    Contudo, no h lugar para complacncias, sendo necessrio enfrentar os desafios docrescimento contnuo e da concorrncia a nvel global. O mercado interno deve ser alargado afim de melhorar o desempenho de todos os segmentos do sector da aviao, como os servios

    aeroporturios e de navegao area. Os benefcios do mercado interno deveriam igualmenteser alargados s ligaes areas com o exterior. O transporte areo necessita deinfra-estruturas slidas, tanto no ar como no solo. A criao do Cu nico, actualmente emcurso, deveria permitir um maior aumento da eficincia do transporte areo da UE, sendonecessria liderana em termos da futura estrutura de sistemas de gesto do trfego areo.Devem igualmente ser concretizados os investimentos necessrios na capacidadeaeroporturia, acompanhados de regras mais claras sobre a tarifao aeroporturia. Sonecessrias medidas para reduzir os efeitos ambientais negativos decorrentes do rpidocrescimento do trfego, mantendo todavia a competitividade do sector e tomando emconsiderao os debates realizados no contexto da Organizao da Aviao CivilInternacional (ICAO). Estas medidas deveriam ser implementadas numa srie de domnios,como a melhoria e optimizao do controlo do trfego areo, o desenvolvimento detecnologias e da inovao, nomeadamente no que diz respeito a aeronaves e motores,tornando as operaes mais eficientes em termos energticos e utilizando incentivos e/ouinstrumentos econmicos, por exemplo, a incluso do impacto do sector da aviao no climano mbito do regime de comrcio de licenas de emisso da UE15.

    Aco: continuar a acompanhar os aspectos da reestruturao e integrao relativos aosauxlios estatais e concorrncia; rever o funcionamento do mercado interno e proporajustamentos, quando necessrio; completar o quadro regulamentar relativo ao Cu nico eimplementar a modernizao da gesto do trfego areo e desenvolver medidas polticas paraa conteno das emisses dos servios de transporte areo.

    3.3. Transportes por vias navegveis

    Com dois-teros das suas fronteiras frente ao mar, a pennsula europeia uma economiamartima por excelncia, especialmente aps o alargamento. Os transportes por viasnavegveis, em especial o transporte martimo de curta distncia, cresceram ao longo dos anosto fortemente quanto o transporte rodovirio de mercadorias e apresentam claramente um

    potencial ainda maior. Estes transportes podem ajudar a aliviar o congestionamento e a

    15 Comunicao da Comisso Reduzir o impacto da aviao nas alteraes climticas de 27 de Setembrode 2005.

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    presso ambiental noutros modos de transporte, desde que as emisses poluentes danavegao sejam reduzidas.

    Graas longa orla costeira e ao grande nmero de portos da Europa, o sectormartimo esta revelar-se uma alternativa preciosa aos transportes terrestres, conforme ilustrado peloconceito das "auto-estradas do mar"16. O transporte de contentores contribuiu

    consideravelmente para o crescimento, apresentando um forte potencial futuro para operaeslogsticas que utilizem sinergias entre os transportes martimos e ferrovirios e/ou fluviais.

    O desenvolvimento dos transportes martimos e costeiros enfrenta dois desafios fundamentais.Em primeiro lugar, no existe at data um mercado interno da navegao semdescontinuidades: as viagens martimas de um Estado-Membro para outro so consideradasexternas devido regulamentao internacional. Tal no permite UE optimizar aregulamentao do seu trfego interno e simplificar o comrcio interno. Impede tambm a

    plena integrao da navegao costeira nas cadeias logsticas internas. Deveriam serplenamente exploradas as possibilidades oferecidas pelo direito internacional para resolvereste problema.

    Em segundo lugar, o crescimento previsto do transporte martimo ter de ser absorvido pelainfra-estrutura porturia da UE. So necessrios maiores investimentos nos portos e nasligaes para o interior a fim de melhorar e alargar os servios de forma a que os portos setornem plos de crescimento, em vez de potenciais estrangulamentos de transbordo. A falta decapacidade porturia poderia igualmente ser abordada atravs de uma maior cooperao eespecializao entre portos europeus. Alm disso, uma boa poltica porturia ter de combinaruma concorrncia sadia tanto no interior dos portos como entre portos, regras claras relativass contribuies pblicas para o investimento e um acesso transparente aos servios

    porturios, condicionalismos ambientais e necessidades de desenvolvimento, disponibilizaode servios concorrenciais e aumento do emprego de qualidade.

    A Comisso aproveitar o debate iniciado com o Livro Verde sobre uma futura polticamartima da Unio17 para desenvolver uma estratgia integrada dos transportes martimos emtorno de um espao martimo europeu comum". Esta poltica ter como objectivo eliminar osobstculos ao comrcio interno, permitir UE fixar um nvel elevado de normas em matriasocial, ambiental e de segurana intrnseca (safety) e extrnseca (security) e promover odesenvolvimento competitivo das infra-estruturas e da indstria, tomando simultaneamenteem conta o contexto global em que se insere a navegao. A Comisso continuar adesenvolver esforos para a obteno de normas mais rigorosas de emisso de poluentes nosector da navegao.

    Embora os rios representem apenas 3% do transporte de mercadorias em geral, emdeterminados corredores a sua quota excede os 40%. A capacidade no utilizada emcorredores como o Danbio pode ser explorada mediante a modernizao e integrao dotransporte fluvial em cadeias logsticas multimodais eficientes. O Programa NAIADESestabelece um plano de aco para a promoo dos transportes fluviais18.

    16 Ver a comunicao da Comisso COM(2004) 453 de 2.7.2004 sobre o transporte martimo de curtadistncia.

    17 Ver o Livro Verde da Comisso: Para uma futura poltica martima da Unio: Uma viso europeia paraos oceanos e os mares, COM(2006) 275 de 7.6.2006.

    18 Ver a Comunicao da Comisso COM(2006) 6 de 17.1.2006 sobre a promoo do transporte por viasnavegveis interiores NAIADES.

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    Aco: partir de uma ampla consulta pblica s partes interessadas para desenvolver umaestratgia abrangente sobre um espao martimo europeu comum"; desenvolver uma poltica

    porturia europeia global; desenvolver aces para reduzir as emisses poluentes dostransportes por vias navegveis; continuar a promover o transporte martimo de curtadistncia e as auto-estradas do mar, com especial nfase nas ligaes terrestres para o interiore implementar o plano de aco NAIADES relativo ao transporte fluvial.

    4. MOBILIDADE SUSTENTVEL PARA OS CIDADOS FIABILIDADE E SEGURANAINTRNSECA E EXTRNSECA DOS TRANSPORTES

    4.1. Emprego e condies de trabalho

    O sector dos transportes um empregador importante, com mais de 10 milhes de empregosem sectores da economia ligados aos transportes (servios, equipamentos, infra-estruturas), amaior parte dos quais no sector rodovirio. A manuteno e reforo da competitividade dosoperadores de transportes so a melhor garantia de um nvel duradouramente elevado de

    emprego. Aps um longo perodo de reestruturao, os nveis de emprego esto agora aestabilizar. Em alguns sectores, como os transportes ferrovirios e rodovirios, verifica-seuma escassez de pessoal qualificado; no sector martimo, uma falta de candidatos da UEcontribuiu para o aumento da mo-de-obra estrangeira19. So necessrios maiores esforos

    para melhorar a formao e incentivar os jovens a escolher profisses ligadas aos transportesno seu prprio Estado-Membro e noutros Estados-Membros.

    Tanto a nvel internacional como da UE, verificam-se grandes variaes no custo damo-de-obra decorrente dos salrios, da tributao do trabalho e do efeito das condies detrabalho. Estas variaes tm um impacto importante nos modos de transporte a nvel daconcorrncia internacional, especialmente no transporte martimo, mas tambm no transporte

    rodovirio. No sector rodovirio, a legislao da UE sobre qualificaes e condies detrabalho ajudou a criar condies equitativas que tenham em conta as necessidades das PME.Uma implementao efectiva desta legislao de importncia vital20. Estas regras sero

    promovidas a nvel internacional. Noutros domnios, como os salrios, h margem para osparceiros sociais entrarem em dilogo ultrapassando as fronteiras. No sector martimo, aComisso est a incentivar os parceiros sociais a concluir um acordo com base na novaConveno sobre o Trabalho Martimo da OIT.

    Aco: incentivar a formao e a escolha de profisses no sector dos transportes por partedos jovens; examinar, em consulta com as partes interessadas, as regras relativas s condiesde trabalho no transporte rodovirio de mercadorias e propor ajustamentos, quando

    necessrio; encorajar o dilogo entre parceiros sociais atravs das fronteiras, nomeadamente afim de aplicar a Conveno da OIT no sector martimo.

    19 Ver tambm o emprego e as condies de trabalho no sector martimo: captulo 2.5 Desenvolver ascompetncias martimas da Europa e promover o emprego sustentvel no sector martimo do LivroVerde Para uma futura poltica martima da Unio, COM(2006) 275 de 7.6.2006.

    20 Relatrio da Comisso relativo aplicao em 2001-2002 do Regulamento (CEE) n. 3820/85 relativo harmonizao de determinadas disposies em matria social no domnio dos transportes rodovirios

    22 Relatrio da Comisso. Legislao nova o Regulamento n. 561/2006 de 15.3.2006 e a Directiva2006/22/CE de 15.3.2006.

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    4.2. Direitos dos passageiros

    Os direitos dos passageiros foram consideravelmente reforados no domnio dos transportesareos, proporcionando maiores condies de segurana aos europeus no usufruto da sualiberdade para trabalhar e viajar em toda a Unio. As autoridades nacionais devem intensificaro seguimento das queixas. Os passageiros que utilizam os transportes internacionais

    ferrovirios e martimos beneficiaro de direitos similares ao abrigo de legislao que seencontra em preparao. As viagens de autocarro beneficiariam igualmente com uma maiorateno qualidade do servio. A qualidade do servio constitui uma vantagem concorrencialimportante em todos os modos de transporte. Deveria ser prestada ateno melhoria de umacesso efectivo ao transporte dos passageiros com mobilidade reduzida.

    Aco: examinar, em conjunto com as partes interessadas, modos de promover a maiorqualidade do servio e de garantir os direitos bsicos dos passageiros em todos os modos detransporte, nomeadamente no que diz respeito aos passageiros com mobilidade limitada.

    4.3. Segurana intrnseca (safety)

    Realizaram-se progressos importantes no sentido da melhoria da segurana martima e area,incluindo recentemente a criao de uma lista negra de companhias areas de risco. Ocontrolo de um vasto conjunto de normas de segurana comuns realizado com o auxlio dasagncias europeias dedicadas s questes dos transportes martimos, areos e ferrovirios:Agncia Europeia da Segurana Martima (AESM), Agncia Europeia para a Segurana daAviao (AESA) e Agncia Ferroviria Europeia (AFE). Estas agncias devem dispor de umfinanciamento suficiente que seja consentneo com as funes que lhe so confiadas. Oregime de segurana intrnseca ser completado com o terceiro pacote legislativo para o sectormartimo e com melhorias nos regimes internacionais em cada sector. A seu tempo, deveriaser considerada a possibilidade de coordenao da UE quanto a algumas funes essenciais da

    guarda costeira.

    O nvel relativamente baixo de mortes em acidentes ferrovirios, martimos e areos contrastavivamente com o nmero elevado de mortes em acidentes rodovirios. O objectivo de reduo

    para metade do nmero de mortes no perodo de 2001 a 2010 mantm-se vlido. Tal implicaruma aco concertada para melhorar a concepo e tecnologias dos veculos (incluindotecnologias para a preveno de acidentes e a cooperao em matria deveculos/infra-estruturas no mbito da Segurana electrnica (e-Safety)), as infra-estruturasrodovirias e o comportamento dos condutores, tal como reflectido nas concluses dos GrupoCARS 21. O objectivo apenas poder ser atingido mediante um esforo conjunto que envolvagovernos a todos os nveis, as indstrias de construo de automveis e de auto-estradas, os

    gestores de infra-estruturas e os prprios utilizadores das estradas. Um dia anual da seguranarodoviria, apoiado pela publicao dos nmeros anuais sobre a segurana rodoviria em cadaum dos Estados-Membros, permitiria uma maior sensibilizao para esta questo eincentivaria o intercmbio de melhores prticas.

    Aco: implementar uma abordagem integrada da segurana rodoviria que vise aconcepo e tecnologias dos veculos, a infra-estrutura e o comportamento dos condutores,incluindo regulamentao quando necessrio; organizar aces de sensibilizao e o dia anualda segurana rodoviria; rever permanentemente e completar as regras de segurana em todosos outros modos de transporte; reforar o funcionamento das agncias europeias de seguranae alargar gradualmente as suas tarefas ligadas segurana.

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    4.4. Segurana extrnseca (security)

    A ameaa terrorista contnua mantm-nos conscientes de que os transportes sosimultaneamente um objectivo e um instrumento do terrorismo. Na sequncia do 11 deSetembro de 2001, a UE reagiu rapidamente com a adopo de legislao e de regimes deinspeco do controlo da qualidade a fim de aumentar a segurana extrnseca dos transportes

    martimos e areos. Este acervo comunitrio ser aperfeioado com base na experincia. necessrio incentivar condies equitativas nos casos em que as medidas de segurana

    possam resultar em distores da concorrncia. Poder ser necessrio alargar as regras desegurana aos transportes terrestres, incluindo os transportes urbanos, as estaes decomboios e a cadeia logstica intermodal. Alm disso, deve proceder-se a uma anliseaprofundada no que diz respeito a infra-estruturas de transporte de importncia crtica nombito do Programa Europeu de Proteco das Infra-Estruturas Crticas (PEPIC). Com baseno PEPIC, o trabalho em curso sobre as infra-estruturas de transporte crticas pode levar

    proposta de medidas de proteco especficas que tomem em considerao todos os riscos e,em especial, o terrorismo. necessria uma considerao cuidadosa da cooperaointernacional a fim de melhorar as normas a nvel mundial e de evitar a duplicao decontrolos desnecessrios e onerosos.

    Aco: examinar o funcionamento e os custos das actuais regras de segurana nostransportes areos e martimos, propor ajustamentos, quando necessrio, com base naexperincia e a fim de evitar distores da concorrncia; reflectir sobre a necessidade dealargar as regras de segurana aos transportes terrestres e intermodais e s infra-estruturascrticas.

    4.5. Transportes urbanos

    Oitenta por cento dos Europeus vivem num ambiente urbano. Os transportes pblicos, os

    automveis, os camies, os ciclistas e os pees utilizam todos a mesma infra-estrutura. Ostransportes urbanos so responsveis por 40% das emisses de CO2 dos transportesrodovirios e at 70% das emisses de outros poluentes provenientes dos transportes. Uma emcada trs mortes em acidentes rodovirios ocorre nas cidades. Os problemas decongestionamento esto tambm concentrados nas cidades e em torno delas. Como aumentara mobilidade, reduzindo simultaneamente os congestionamentos, os acidentes e a poluio,so o desafio comum de todas as grandes cidades. Mais que ningum, os habitantes dascidades sentem directamente os efeitos negativos da sua prpria mobilidade e podem estarabertos a solues inovadoras para a criao de uma mobilidade sustentvel.

    So as prprias cidades, mais do que a UE, as lderes do processo. Londres, Estocolmo,

    Atenas, Kaunas, Gdynia e outras cidades desenvolvem polticas activas de mobilidadesustentvel como uma alternativa aos automveis. A UE pode promover o estudo eintercmbio de melhores prticas em toda a UE em domnios como as infra-estruturas detransporte, a fixao de normas, a gesto do trfego e do congestionamento, os servios detransporte pblico, a tarifao das infra-estruturas, o planeamento urbano, a seguranaintrnseca e extrnseca e a cooperao com as regies limtrofes. As consultas pblicasrealizadas pela Comisso revelaram um grande interesse por uma possvel contribuio daUE. A Comisso aproveitar a experincia adquirida na Iniciativa CIVITAS e na sua

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    Estratgia Temtica sobre Transportes Urbanos21 e continuar a promover a investigao nodomnio da mobilidade urbana. A legislao a publicar brevemente sobre servios detransportes pblicos proporcionar um quadro jurdico claro e estvel que prev oinvestimento na qualidade de transportes pblicos no poluentes e eficientes. Alm disso, aUE deveria examinar se existem obstculos poltica de transportes urbanos a nvel da UE e,no pleno respeito do princpio da subsidiariedade, se existe consenso para desenvolver

    solues conjuntas.

    Aco: publicar um Livro Verde sobre os transportes urbanos a fim de identificar opotencial valor acrescentado europeu relativamente a aces a nvel local.

    5. TRANSPORTES E ENERGIA

    A poltica de transportes est estreitamente ligada poltica energtica, com base emobjectivos comuns: reduo das emisses de CO2 e diminuio da dependncia da UE face importao de combustveis fsseis22.

    Grandes utilizadores de energia, os transportes representam cerca de 71% de todo o consumode petrleo na UE. Os transportes rodovirios utilizam 60% de todo o petrleo, representandoos transportes areos cerca de 9% do consumo geral de petrleo. Os transportes ferroviriosutilizam aproximadamente 75% de electricidade e 25% de combustveis fsseis.

    O custo elevado dos combustveis fsseis e a necessidade de diminuir a nossa dependnciaestratgica deveriam incitar optimizao do potencial de cada modo de transporte.

    Estes desafios reforam a prioridade ambiental de controlar a utilizao da energia. necessrio desenvolver urgentemente iniciativas como as anunciadas no Livro Verde sobreeficincia energtica23, pelo que a Comisso apresentar no Outono de 2006 um plano deaco sobre eficincia energtica. Uma poltica energtica europeia que vise garantir acompetitividade, a segurana do aprovisionamento e a proteco do ambiente deve centrar-se,nomeadamente, no aprofundamento de polticas de transportes que reduzam o consumo deenergia mediante uma melhoria da eficincia dos combustveis, no que diz respeito aosveculos, e gradualmente na substituio do petrleo por outros biocombustveis24, sejam eleso gs natural, o hidrognio, a electricidade ou outros.

    So necessrios esforos e investimentos importantes em IDT neste domnio, incluindo acombinao de programas de investigao sobre energia e transportes, a investigao sobreveculos mais inteligentes e menos poluentes e a utilizao de tecnologias da informao e dascomunicaes (TIC) com vista a uma maior eficincia dos combustveis e criao de

    parcerias entre os sectores pblico e privado. Foram j lanadas algumas iniciativas nodomnio dos biocombustveis (incluindo os biocombustveis de segunda gerao) e dohidrognio para os transportes, que devem ser objecto de seguimento. Um projecto dedesenvolvimento de camies ecolgicos contribuiria para aproveitar estes progressos.Deveriam ser realizados esforos semelhantes para desenvolver aeronaves e navios

    21 Ver tambm a Comunicao da Comisso Estratgia temtica sobre ambiente urbano -COM(2005) 718 de 11 de Janeiro de 2006.

    22 Conselho Europeu de Lisboa, 23 e 24 de Maro de 2006.23 COM(2005) 265 de 22 de Junho de 2005 (http://europa.eu.int/comm/energy/efficiency/index_en.htm).24 COM(2005) 628 da Comisso: Plano de aco biomassa; COM(2006) 34 da Comisso: Estratgia da

    Unio Europeia no domnio dos biocombustveis.

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    ecolgicos, conforme referido na Estratgia Temtica sobre a Poluio Atmosfrica25. AComisso continuar a envidar esforos no mbito da OMI para a obteno de normas maisrigorosas de emisso de poluentes no sector da navegao. A eficincia energtica e oscombustveis alternativos so dos domnios mais promissores e prementes para uma maiorinovao.

    A jusante das fases de investigao e demonstrao, a UE incentivar a inovao respeitadorado ambiente criando condies para a introduo no mercado de novas tecnologias bemdesenvolvidas atravs da fixao de normas e de regulamentao (por exemplo sucessivasnormas EURO para veculos rodovirios, pneumticos melhorados), da promoo de veculosecolgicos com base em concursos pblicos (por exemplo, para autocarros), de instrumentosfiscais26 (por exemplo, gasolina sem chumbo) e de auxlios estatais, de objectivos acordados(por exemplo, o objectivo de 5,75% de biocombustveis at 2010, o acordo voluntrio com aindstria automvel para reduzir as emisses de CO2 para 140g/km at 2008 e para 120 g/kmat 2012, em consonncia com a estratgia da UE relativa a emisses de CO2), ou deobjectivos internacionais de reduo das emisses de gases com efeito de estufa), dasensibilizao dos utilizadores (por exemplo, rotulagem energtica, campanhas dirigidas aocomportamento dos consumidores e utilizadores) e de aces coordenadas em polticasnoutros domnios para a utilizao de sinergias (por exemplo, poltica agro-industrial sobre

    biocombustveis), de incentivos ao investimento na infra-estrutura de distribuio decombustveis alternativos.

    Aco: promover a eficincia energtica a nvel da UE com base no plano de aco apublicar brevemente e incentivar aces da UE, incluindo acordos voluntrios; apoiar ainvestigao, demonstrao e introduo no mercado de novas tecnologias como aoptimizao dos motores, sistemas inteligentes de gesto da energia dos veculos oucombustveis alternativos, como biocombustveis avanados e hidrognio, pilhas decombustvel ou propulso hbrida; lanar aces de sensibilizao dos utilizadores sobreveculos mais inteligentes e menos poluentes e um importante programa orientado para ofuturo sobre a propulso ecolgica e a eficincia energtica nos transportes.

    6. OPTIMIZAO DA INFRA-ESTRUTURA

    6.1. Dois desafios: reduo do congestionamento e aumento da acessibilidade

    As redes transeuropeias de transportes (RTE) fornecem a infra-estrutura fsica para o mercadointerno. A Europa dispe de uma rede densa de transportes e de uma infra-estrutura em geralde grande qualidade. No obstante, zonas do centro-oeste e em torno das cadeias

    montanhosas que atravessam o continente, bem como muitas cidades, sofrem decongestionamento e de poluio. Prev-se que, at 2020, 60 aeroportos importantes fiquemfortemente congestionados, sendo visvel uma tendncia semelhante nos portos. Ocongestionamento e a poluio constituem uma ameaa para o crescimento econmico, aqualidade de vida e o ambiente. Solues de mobilidade inteligente (ver ponto 7 infra) e agesto da procura de transportes (ver ponto 6.3 infra) aliviaro o congestionamento, mas seroigualmente necessrias infra-estruturas novas ou melhoradas. O investimento em alternativas

    25 Ver a comunicao da Comisso Estratgia temtica sobre a poluio atmosfrica - COM(2005) 446de 21 de Setembro de 2005.

    26 Em especial, a Directiva 2003/96/CE do Conselho que reestrutura o quadro comunitrio de tributaodos produtos energticos e da electricidade.

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    viveis a corredores rodovirios congestionados pode apoiar solues inteligentes queenvolvam cadeias logsticas co-modais que optimizem a utilizao da infra-estrutura detransportes em cada modo e entre os diferentes modos de transporte. Tal inclui os tneistransalpinos, corredores ferrovirios e ns intermodais para os transportes ferrovirios,martimos ou areos. Ser necessrio encontrar o equilbrio correcto entre o desenvolvimentode infra-estruturas economicamente essenciais e os requisitos de planeamento igualmente

    legtimos baseados em objectivos ambientais e das polticas noutros domnios. Os chamadossistemas de cooperao baseados em comunicaes de veculo-a-veculo e de veculo-a-infra-estrutura podem a mais longo prazo melhorar consideravelmente a eficincia da gestodo trfego, a segurana e a gesto dos congestionamentos. A infra-estrutura rodoviria devetornar-se inteligente e enviar e receber informaes com origem e destino nos veculos, bemcomo recolher informaes sobre condies rodovirias, como riscos e acidentesmeteorolgicos, a fim de optimizar o funcionamento dos sistemas de cooperao.

    Noutras partes da Europa, a acessibilidade constitui a principal preocupao das regies e dosEstados-Membros na periferia. Atravs do co-financiamento de infra-estruturas detransportes, os Fundos Estruturais e de Coeso continuaro a ajudar as regies com atraso emtermos de integrao econmica ou que sofram de desvantagens estruturais. Muitos dos novosEstados-Membros recuperaro da sua situao passada de subinvestmento em infra-estruturasrodovirias e urbanas, contudo as regies insulares e ultraperifricas precisaro de explorar o

    potencial dos aeroportos regionais e das ligaes martimas. As regies ultraperifricassofrem de um grande dfice de acessibilidade no apenas em relao ao mercado internocontinental como tambm em relao s suas prprias zonas interiores. Os instrumentos da

    poltica de transportes e os auxlios estatais poderiam ser utilizados para reduzir os efeitos doafastamento na sua posio concorrencial e para melhorar as ligaes com o resto da UE ecom pases terceiros vizinhos.

    Aco: incentivar e coordenar, quando necessrio, o investimento em infra-estruturasinteligentes novas ou melhoradas para eliminar estrangulamentos e preparar a introduo desistemas de cooperao, a fim de permitir solues de transportes co-modais e de ligar asregies perifricas e ultraperifricas ao continente; assegurar uma abordagem equilibrada emmatria de ordenamento do territrio.

    6.2. Mobilizao de todas as fontes de financiamento

    O custo total s dos 30 projectos prioritrios RTE identificados em 2004 est calculado emcerca de 250 mil milhes de euros. Contudo, as capacidades de financiamento pblico dosEstados-Membros continuam sujeitas a restries, tendo o nvel de investimento nasinfra-estruturas de transporte declinado em todos os Estados-Membros e representandoactualmente menos de 1% do PIB. Do mesmo modo, nas novas perspectivas financeiras daUnio para o perodo de 2007 a 2013 est previsto apenas um aumento limitado do oramentodisponvel para as RTE.

    Tendo em conta os recursos limitados disponveis, a UE precisar de concentrar o seuco-financiamento ao abrigo do oramento RTE nas seces crticas de travessia de fronteiras enoutros estrangulamentos importantes nos projectos prioritrios. Alm disso, osEstados-Membros deveriam optimizar a utilizao dos Fundos Estruturais e de Coeso da UE

    para apoiar o financiamento da infra-estrutura de transportes. Os fundos da UE seroconcentrados nos projectos que ofeream o maior valor acrescentado para a Europa e em queesteja garantida a colaborao activa com organizaes de financiamento nacionais e outras.Sero financiadas aces de interoperabilidade e estudos de viabilidade importantes em toda a

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    Unio. O Programa Marco Polo, com um oramento de 450 milhes de euros at 2013,contribuir directamente para oferecer alternativas noutros modos de transporte a operadoresem estradas congestionadas.

    Deveriam tambm ser desenvolvidos novos tipos de engenharia financeira. As taxas deutilizao deveriam contribuir mais para o financiamento das componentes comercialmente

    mais viveis das redes de transportes. Prev-se que um instrumento de garantia, quebeneficiar de uma dotao mxima de 1 000 milhes de euros de reservas de liquidez,partilhada entre o Banco Europeu de Investimento e o oramento da UE de 2007-2013,produzir um efeito de alavanca da ordem de 20 000 milhes de euros de emprstimosbancrios para infra-estruturas de transportes. Uma utilizao mais activa das parcerias entreos sectores pblico e privado pode acelerar a implementao dos projectos, melhorar a relaoqualidade/preo e aliviar a presso sobre as finanas pblicas. Iniciativas polticas comuns,como a assistncia conjunta para o apoio a projectos nas regies europeias (JASPERS - Joint

    Assistance to Support Projects in European RegionS), facilitaro o lanamento de projectos.

    Aco: maximizar o investimento na infra-estrutura transeuropeia de interesse europeu

    mediante a mobilizao de todas as fontes de financiamento disponveis, incluindo ooramento RTE, os Fundos Estruturais e de Coeso e os emprstimos no mercado de capitais(nomeadamente do Banco Europeu de Investimento, do Banco Europeu para a Reconstruo eo Desenvolvimento e de parcerias entre os sectores pblico e privado) e utilizar iniciativascomuns de implementao.

    6.3. Tarifao inteligente

    A imposio de tarifas pela utilizao da infra-estrutura cada vez mais comum na UE. Porexemplo, em Londres foi criada uma portagem urbana (taxa de congestionamento) e aAlemanha seguiu recentemente o exemplo de outros Estados-Membros criando a portagem de

    auto-estradaMautpara veculos comerciais. A UE adoptou recentemente uma nova directivarelativa tarifao rodoviria como um enquadramento para a introduo de portagensmoduladas aplicveis a camies na rede transeuropeia. No transporte ferrovirio, os gestoresda infra-estrutura cobram tarifas aos operadores pela utilizao da via frrea.

    O objectivo destes regimes de tarifao o financiamento da infra-estrutura, para alm deque, quando no h possibilidade de aumento da capacidade da infra-estrutura, a tarifao

    pode ajudar a optimizar o trfego. As tarifas podem ser moduladas a fim de tomar emconsiderao o impacto ambiental ou os riscos de congestionamento, em especial em zonasecologicamente sensveis e em zonas urbanas. Nessas zonas, podem ser utilizadas outrasformas de afectao da capacidade, como trocas comerciais de direitos de trnsito.

    Nos termos da directiva relativa tarifao rodoviria, a Comisso apresentar, o mais tardarat 10 de Junho de 2008, um modelo transparente e compreensvel de aplicao geral para aavaliao de todos os custos externos destinado a servir de base para clculos futuros dastaxas de utilizao das infra-estruturas, acompanhado de uma anlise do impacto dainternalizao dos custos externos relativamente a todos os modos de transporte. necessrioum processo de reflexo amplo que inclua tambm os transportes ferrovirios, areos, urbanose por vias navegveis, dado que a tarifao afecta os fluxos de trfego entre modos e em todoo mercado interno. Esta reflexo ter de analisar o modo como formas inteligentes detarifao podem contribuir para optimizar os padres de transporte e criar assim situaesvantajosas para todas as partes, nomeadamente os proprietrios da infra-estrutura (atravs deuma melhor gesto e afectao dos recursos), os utilizadores (atravs de tempos de viagem

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    mais curtos) e a sociedade em geral (atravs da reduo dos efeitos negativos, como apoluio atmosfrica). A tarifao inteligente deveria assegurar preos equitativos eno-discriminatrios para os utilizadores, receitas para investimentos futuros eminfra-estruturas, formas para lutar contra o congestionamento, dedues para recompensar aconduo e os veculos ecologicamente mais eficientes. Finalmente, a tarifao inteligentedeveria ter em conta os encargos gerais para os cidados e as empresas, pelo que, com esse

    fim em vista, a anlise das necessidades de tarifao deve integrar polticas fiscais relativasaos transportes que no estimulam a mobilidade sustentvel.

    Aco: lanar um vasto processo de reflexo e consulta sobre a tarifao inteligente dasinfra-estruturas e propor uma metodologia da UE para a tarifao das infra-estruturas quetenha como base a directiva relativa tarifao rodoviria.

    7. MOBILIDADE INTELIGENTE

    As novas infra-estruturas no podem resolver todos os problemas de congestionamento e

    acessibilidade devido aos custos elevados e longa durao dos procedimentos deplaneamento e, em determinadas zonas, devido presso ambiental e escassez de espao.Ao procurar optimizar a utilizao da capacidade de transporte existente, o interesse do sectorem reduzir os custos consentneo com o interesse pblico de garantia da sustentabilidadefinanceira e ambiental. Medidas como melhorar o factor de carga, permitindo e incentivandoo transbordo para transportes ferrovirios e martimos de longo curso, optimizando oitinerrio e o estabelecimento de horrios, contribuem todas para aumentar a mobilidade esimultaneamente diminuir o impacto ambiental por unidade de carga transportada.

    7.1. Logstica dos transportes

    O sector aceitou o desafio de utilizar de forma mais eficiente a infra-estrutura e os veculosexistentes mediante o desenvolvimento de cadeias logsticas sofisticadas. Tecnologias dainformao e das comunicaes avanadas permitem a sua implementao e o fornecimentodos servios necessrios para tornar uma realidade a logstica inteligente. tendncia paraempresas de logstica integrada devem corresponder polticas pblicas que permitam autilizao e combinao optimizadas ("co-modalidade") de diferentes modos de transporte.Tal poder incluir aces destinadas a eliminar entraves regulamentares co-modalidade,incentivar a aprendizagem e o intercmbio de melhores prticas em toda a UE, promover anormalizao e a interoperabilidade entre modos e investir em centros de transbordo(transhipment hubs). A adaptao das dimenses dos contentores e veculos a fim desatisfazer as necessidades de uma logstica inteligente far parte dessas consideraes.

    Aco: desenvolver uma estratgia-quadro para a logstica dos transportes de mercadoriasna Europa, seguida de uma ampla consulta e levando adopo de um plano de aco.

    7.2. Sistemas de transporte inteligentes

    A mais longo prazo, no h razo para que as aeronaves disponham de sistemas sofisticadosde comunicao, navegao e automatizao e que o mesmo no acontea com os navios,comboios ou automveis. As novas tecnologias a introduzir no mercado num futuro prximo

    proporcionaro gradualmente novos servios aos cidados e permitiro uma melhor gesto emtempo real dos movimentos de trfego e da utilizao da capacidade, bem como a localizao

    e seguimento de fluxos para fins ambientais e de segurana. Para alm dos benefcios bvios

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    para os clientes e operadores de transportes, os novos sistemas proporcionaro administrao pblica informaes rpidas e pormenorizadas sobre a infra-estrutura e asnecessidades de manuteno. Estes sistemas no s aumentaro o conforto da conduo,como tambm ajudaro a melhorar a segurana intrnseca e extrnseca e a lidar com padresde transportes excessivos no interesse da sustentabilidade ambiental. Est a ser criada aAutoridade de Superviso Galileo e o sistema de satlites Galileo estar operacional a partir

    de 2010 e a fornecer sinais de navegao que sero combinados com comunicaes terrestresou espaciais. O desenvolvimento de uma arquitectura aberta europeia assegurar ainteroperabilidade e o desenvolvimento flexvel de futuras aplicaes para todos os modos detransporte.

    Esto j em curso vrias iniciativas, como a Iniciativa Veculo Inteligente27 destinada apromover novas tecnologias em veculos atravs de uma coordenao das aces de partesinteressadas (o Frum Segurana Electrnica (eSafety)), a investigao sobre Sistemas deVeculos Inteligentes e a sensibilizao dos utilizadores, bem como o Programa SESAR quevisa introduzir as tecnologias mais modernas de gesto do trfego areo no mbito do Cunico Europeu. O Programa SESAR reduzir o impacto do trfego areo no ambiente,melhorar a segurana, contribuir para o emprego e abrir mercados de exportao paratecnologias europeias de trfego areo. O sistema ERTMS trar vantagens semelhantes para osector ferrovirio. Tal permitir melhorar a interoperabildiade entre redes nacionais, condio

    prvia para a eficcia das operaes ferrovirias a longa distncia. O sistema de servios deinformao fluvial (River Information Services - RIS) j est a ser implantado nos principaiscorredores europeus. A UE est a investir fundos pblicos considerveis nestes sistemas eacompanha a sua implantao com o necessrio quadro regulamentar.

    As aces futuras exploraro oportunidades para o estabelecimento de parcerias entre ossectores pblico e privado com vista a apoiar o desenvolvimento e a demonstrao de novastecnologias, incluindo tambm a Ecologizao dos Transportes Areos (IniciativaTecnolgica Conjunta Cu Limpo) e a Ecologizao dos Transportes de Superfcie(Iniciativas Tecnolgicas Conjuntas H2 e Pilhas de Combustvel).

    Aco: continuar os programas de mobilidade inteligente no sector dos transportesrodovirios (Iniciativas Veculo Inteligente e Segurana Electrnica), areos (SESAR),ferrovirios (ERTMS) e por vias navegveis (RIS e SafeSeaNet); utilizar da melhor forma ossinais de navegao do Galileo, desenvolver outras iniciativas semelhantes no sector martimo("transporte martimo electrnico" (e-maritime)) e lanar um grande programa de implantaode infra-estruturas inteligentes para o transporte rodovirio.

    8. A DIMENSO GLOBAL

    O sector dos transportes inerentemente internacional. Por um lado, a dimenso externa deveser bem integrada na poltica geral de transportes da UE e, por outro, preciso que a polticade transportes faa parte de uma relao mais vasta com organizaes e pases terceiros.

    Os Estados-Membros da UE tm um interesse comum no desenvolvimento de regimesinternacionais que garantam nveis elevados de segurana intrnseca e extrnseca e normaselevadas de servio e de proteco ambiental e social. A UE um lder mundial na

    27 COM(2006) 59: Comunicao Veculo Inteligente - "Sensibilizao para a utilizao das TIC comvista a veculos mais inteligentes, seguros e ecolgicos.

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    regulamentao do sector dos transportes e capaz de projectar para o estrangeiro o seuknow-how e melhores prticas. Recentes exemplos de sucesso so o acordo no mbito daOrganizao Martima Internacional (OMI) da proibio de navios petroleiros de cascosimples e o acordo no mbito da Organizao Internacional do Trabalho sobre normas detrabalho no sector martimo. Outro exemplo a potencial aplicao a nvel mundial das regrasde emisses, possivelmente envolvendo o comrcio de emisses, aos transportes areos, um

    domnio em que a UE desempenhar um papel de lder nas discusses a realizar num futuroprximo no mbito da Organizao da Aviao Civil Internacional (ICAO).

    A UE tambm um lder no fornecimento de servios, equipamentos e tecnologias para ostransportes. As empresas da UE controlam 30% do transporte areo mundial e 40% da frotamartima. Os equipamentos para o sector dos transportes representam 16% das exportaes daUE. Muitas actividades de transporte funcionam num contexto de concorrncia internacional,em especial os transportes areos e martimos. A convergncia de normas internacionais e daUE abre mercados de exportao para as tecnologias comunitrias no que diz respeito aaeronaves e comboios, navegao (incluindo o Galileo, SESAR e ERTMS), sistemas de

    propulso ecolgicos e a muitos outros domnios. O acesso a mercados de servios e acontratos pblicos no estrangeiro de importncia crucial para a indstria de transportes daUE.

    As empresas de transportes da UE so frequentemente prejudicadas pela manuteno deentraves importao ou ao investimento em pases terceiros. A reduo ou eliminaodesses entraves de acesso ao mercado extremamente importante para permitir aos nossosoperadores competir no estrangeiro em condies equitativas e eficazes. As negociaes emcurso no mbito da Ronda de Doha da OMC proporcionam uma oportunidade, a nvelmultilateral, para tratar de algumas destas restries, estando tambm em curso diversasnegociaes bilaterais.

    Grande parte da cooperao internacional teve incio antes da criao do mercado interno e aUE ainda no est representada ou encontra-se subrepresentada numa srie de organizaes einstncias internacionais. Em alguns casos, a participao da UE em mecanismos decooperao internacionais e as relaes bilaterais da UE com os principais parceiroscomerciais so os meios mais eficazes para representar o interesse coordenado da UE e dosseus Estados-Membros. O mercado interno dos transportes exige uma abordagem coerenteface ao mundo exterior a fim de impedir que as nossas polticas comuns sejam postas em

    perigo. Inseridos na UE, os Estados-Membros tm maior peso.

    O alargamento teve incidncias importantes nos transportes. Alguns mecanismos decooperao internacional, como por exemplo nos sectores rodovirio e fluvial, soactualmente compostos principal ou exclusivamente por Estados-Membros da UE e pasesvizinhos com os quais a UE j estabeleceu relaes especiais que ultrapassam em muito acooperao internacional tradicional. Alm disso, a navegao costeira est a tornar-se umveculo importante para o trfego intra-UE, mas continua ainda sujeita fixao de regras anvel mundial. Nestes domnios, poder ser necessrio rever os actuais mecanismosinternacionais a fim de reflectir melhor a realidade presente no continente europeu, com vistaa preservar e desenvolver ainda mais o valioso acervo de cooperao a nvel regional e docontinente.

    As relaes da UE com pases candidatos adeso, com pases em processo de estabilizao eassociao, com parceiros no mbito da Poltica Europeia de Vizinhana (PEV) e com aRssia revestem-se de importncia estratgica particular. A cooperao no domnio dos

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    transportes e a convergncia da legislao, com base nomeadamente em planos de aco aoabrigo da PEV, ajudaro a estabelecer a interligao necessria dos principais eixos detransportes, tomando em considerao as dimenses econmica, ambiental e social. A UE esttambm a apoiar algumas iniciativas regionais que ultrapassam o mbito da PEV,especialmente em quadros como o TRACECA e a Iniciativa Baku. O trabalho prticorealizado no sector da aviao ser continuado e alargado aos outros modos de transporte.

    Quanto aos pases no vizinhos da UE, a poltica externa de transportes diferenciada e estcentrada nos principais parceiros comerciais da UE. Em determinadas reas, incluindo a sia,frica e Amrica Latina, a UE facilita a cooperao de agrupamentos regionais.

    Aco: continuar a desenvolver uma cooperao diferenciada da UE no domnio dostransportes, bem como dilogos polticos e industriais com os principais parceiros comerciaise agrupamentos regionais, nomeadamente atravs da celebrao de acordos; continuar adesenvolver as relaes externas no domnio da aviao com base no acordo entre a UE e osEUA no domnio da aviao a concluir brevemente; promover os grandes projectos industriaisde transportes da UE; desenvolver mais a cooperao; rever caso a caso a interaco da UEcom os mecanismos de cooperao internacionais, desde uma melhor coordenao de

    polticas, passando por um melhor estatuto de observador, at adeso da UE a organizaesinternacionais relevantes ou mesmo relaes especiais entre a UE e essas organizaes;desenvolver um quadro estratgico para o alargamento dos principais eixos do mercadointerno dos transportes e sua ligao em rede aos pases vizinhos que assim o desejem.

    9. CONCLUSO: UMA AGENDA RENOVADA

    O ano de 1992 foi o ano da concluso do mercado interno, enquanto que para o sector dostransportes foi na realidade a data do seu incio. Cerca de 15 anos mais tarde, o mercadointerno dos transportes liberalizado e a mobilidade escala europeia esto a tornar-se uma

    realidade. Alm disso, a indstria dos transportes reforou-se neste perodo e a Unio pdemanter ou desenvolver a sua posio como lder mundial em muitos sectores. Osalargamentos sucessivos ajudaram a reforar e consolidar esta posio.

    Os objectivos gerais da poltica de transportes continuam a ser os mesmos: uma mobilidadeconcorrencial, em condies de segurana intrnseca e extrnseca e respeitadora do ambiente,

    plenamente em consonncia com a Agenda de Lisboa revista em matria de emprego ecrescimento e com a Estratgia de Desenvolvimento Sustentvel revista. necessrio que oleque de instrumentos da poltica de transportes evolua de modo a tomar em considerao aexperincia adquirida e a reflectir o ambiente industrial, poltico e internacional em evoluo.Uma concorrncia internacional mais forte, mas tambm um crescimento econmico mais

    fraco do que previsto, fizeram com que a garantia de uma mobilidade sustentvel constitusseum desafio ainda maior.

    A presente reviso intercalar defende uma abordagem generalizada e holstica da poltica detransportes. Enquanto que as polticas futuras continuaro a basear-se nos Livros Brancos de1992 e 2001, em muitos domnios a interveno europeia no ser suficiente. Seronecessrias aces mutuamente complementares aos nvel nacional, regional e local degoverno, bem como por parte dos prprios cidados e indstrias. por essa razo que essencial um dilogo permanente. As aces futuras, incluindo a implementao de aces janunciadas no Livro Branco de 2001 e ainda no realizadas, basear-se-o num vasto dilogocom todas as partes interessadas.

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    Por conseguinte, a poltica europeia de mobilidade sustentvel deve assentar numa gama maisvasta de instrumentos polticos que permitam realizar deslocaes para modos de transportemais respeitadores do ambiente quando necessrio, especialmente a longa distncia, em zonasurbanas e em corredores congestionados. Simultaneamente, deve proceder-se optimizaode cada um dos modos de transporte. Todos os modos devem tornar-se mais respeitadores doambiente, seguros e eficientes em termos energticos. Finalmente, a co-modalidade, ou seja,

    a utilizao eficiente de diferentes modos de transporte isoladamente ou em combinao,resultar numa utilizao ptima e sustentvel dos recursos. Esta abordagem oferece asmelhores garantias para alcanar simultaneamente um nvel elevado de mobilidade e de

    proteco do ambiente.

    O calendrio indicativo das principais aces a empreender nos prximos anos apresentadano Anexo 1. Essas aces procuram integrar uma viso generalizada das necessidades deinvestimento, regulamentao, solues diferenciadas incluindo abordagens voluntrias,inovao tecnolgica, desenvolvimento de infra-estruturas e regimes internacionais, a fim deidentificar o valor acrescentado europeu para resolver problemas de mobilidade. Essas acesexploraro oportunidades para o estabelecimento de parcerias entre os sectores pblico e

    privado no domnio dos transportes, a fim de apoiar o desenvolvimento e demonstrao denovas tecnologias e infra-estruturas. Os problemas podem ter origem em factores comoestrangulamentos nas infra-estruturas, perifericidade, congestionamento, aprovisionamentoenergtico ou questes ligadas segurana extrnseca ou ser relevantes para tornar ostransportes mais respeitadores do ambiente. O caminho a seguir poderia ser um melhorquadro da UE que combine as polticas regional e de coeso, um quadro adaptado para umatarifao melhor e mais inteligente das infra-estruturas e solues diferenciadas para lidarcom problemas particulares em determinadas cidades, regies ou ao longo de certoscorredores. Neste contexto, o quadro geral da UE poderia ajudar a permitir soluesdiferenciadas e regionalmente mais ambiciosas, mantendo simultaneamente o necessrio

    enquadramento mais vasto da UE para assegurar a mobilidade num mercado nico econfirmando a presena activa da UE a nvel global.

    As orientaes polticas apresentadas na presente comunicao sero afinadas com base naconsulta pblica e em avaliaes aprofundadas, antes de serem decididas medidas especficas.Sero tambm ajustadas ao longo do tempo a fim de tomar em considerao o contexto emevoluo e a experincia adquirida.

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    ANEXO 1

    Guia de referncia - seleco das principais aces

    2006

    Transportes rodovirios: reviso do mercado interno

    Transportes ferrovirios: aces para eliminar os entraves tcnicos interoperabilidade eao reconhecimento mtuo de equipamentos; programa para promover corredores detransporte ferrovirio de mercadorias no mbito da logstica dos transportes

    Aviao: reviso das medidas de liberalizao do transporte areo; abordagem das taxas ecapacidades aeroporturias

    Logstica: estratgia da logstica do transporte de mercadorias e vasto debate sobre acespossveis a nvel da UE

    Galileo: identificao de possveis aplicaes futuras Segurana extrnseca: estratgia para infra-estruturas crticas

    Relatrio sobre a aplicao da Directiva de 2003 relativa a biocombustveis

    Consumo de energia nos transportes: plano de aco em matria de eficincia energtica eroteiro para as energias renovveis

    Organizaes internacionais: reflexo sobre uma melhor representao dos interesses daUE em organizaes internacionais, como a OMI, ICAO, utilizando uma gama de opes

    polticas

    2007

    Transportes urbanos: Livro Verde

    Logstica: definio de um plano de aco

    Tarifao inteligente das infra-estruturas: investigao e consultas preparatrias, audiodas partes interessadas

    Relatrio sobre cenrios dos transportes a uma escala temporal de 20 e 40 anos

    Transportes rodovirios: reviso da legislao sobre condies de trabalho

    Transportes ferrovirios: acompanhamento do mercado ferrovirio, incluindo um painel deavaliao

    Transportes fluviais: iniciar a implementao do plano de aco NAIADES

    Transportes martimos: poltica porturia europeia

    Aviao: reviso e concluso do quadro relativo ao Cu nico e criao da empresaSESAR

    Redes transeuropeias: identificao do programa de investimento plurianual at 2013

    Direitos dos passageiros: estudar aces sobre normas mnimas para o transporte de

    autocarro

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    Segurana intrnseca: primeiro dia europeu da segurana rodoviria

    Dimenso global: estratgia para integrao dos pases vizinhos da UE no mercado internodos transportes

    Segurana extrnseca: estratgia para os transportes terrestres e pblicos

    Utilizao da energia nos transportes: plano tecnolgico estratgico para a energia Lanamento do primeiro convite apresentao de propostas do 7 Programa-Quadro de

    IDT

    2008

    Transportes martimos: Livro Branco sobre um espao martimo europeu comum

    Tarifao inteligente das infra-estruturas: metodologia da UE para a tarifao dasinfra-estruturas

    Transportes urbanos: seguimento do Livro Verde Lanamento de um importante programa destinado a introduzir no mercado os sistemas

    inteligentes de transporte rodovirio e a preparar a infra-estrutura para sistemas decooperao

    Segurana extrnseca: reviso das regras relativas aos transportes areos e martimos;examinar o sistema de segurana extrnseca dos transportes terrestres

    2009

    Lanamento de um importante programa de propulso ecolgica

    Dimenso global: adeso a organizaes internacionais relevantes

    Transportes martimos: implantao de sistemas martimos electrnicos

    Galileo: incio da concesso

    ERTMS: implementao em determinados corredores

    Numa base contnua

    Mercado interno: garantir o funcionamento das regras da UE em todos os modos detransporte

    Utilizao de energia nos transportes: melhorar a eficincia energtica e acelerar odesenvolvimento e implantao dos combustveis alternativos

    Emprego e condies de trabalho: promover o dilogo social; promover as profisses e aformao no sector dos transportes

    Segurana intrnseca: promover a segurana rodoviria atravs da concepo de veculos,da investigao e das tecnologias, das infra-estruturas e comportamentos e continuar asIniciativas Veculo Inteligente e Segurana Electrnica.

    Infra-estruturas: garantir uma abordagem equilibrada em matria de ordenamento doterritrio;