evangélico - stanley m horton - o que a bíblia diz sobre o Espírito Santo

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  • 8/7/2019 evanglico - stanley m horton - o que a bblia diz sobre o Esprito Santo

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    E-book digitalizado por:Levita Digital

    Com exclusividade para:

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    Stanley M. Horton

    O que a Bblia Diz Sobre o

    ESPRITO

    SANTO

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    Todos os Direitos Reservados. Copyright 1993 para a lngua portuguesa da CasaPublicadora das Assemblias de Deus.

    Ttulo do Original em Ingls:What The Bible Says about The Holy SpiritGospel Publishing House, Springfield, Missouri, E.U.A.Traduo: Gordon Chown

    231.3HORo Horton, Stanley M.O que a Bblia Diz sobre o Esprito Santo /Stanley M. Horton - Rio de Janeiro: CasaPublicadora das Assemblias de Deus, 1993. p. 320; cm. 14x21; v.l 1. Deus, oEsprito Santo. I. TtuloCDD 231.3

    Casa Publicadora das Assemblias de DeusCaixa Postal 33120001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

    1993/1 Edio2 Edio/19933 Edio/19944 Edio/1995

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    NDICE

    Prefcio

    Introduo

    1. O Esprito no Pentateuco

    2. O Esprito na Histria de Israel

    3. O Esprito nos Livros Profticos

    4. O Esprito na Vida e Ministrio de Jesus

    5. O Esprito nos Ensinamentos de Jesus

    6. O Esprito em Atos dos Apstolos

    7. O Esprito no Dia-a-dia

    8. O Esprito na Vida Crist

    9. O Esprito no Ministrio da Igreja

    10. O Esprito nas Demonstraes Sobrenaturais

    Notas Bibliogrficas

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    PREFCIO

    No dia de Pentecoste, o apstolo Pedro referiu-se aos fenmenos observados pelo povo. Disse: "E nos ltimos dias, acontecer, diz Deus, que do meu Esprito derramareisobre toda a carne" (Atos 2.17).

    Qual estudioso da Bblia poder duvidar que estamos vivendo os ltimos dias? Osindicadores bblicos dos tempos do fim esto ao nosso redor. Para aqueles que nocompreendem o plano proftico de Deus, esses dias so de angstia. Para os filhos de

    Deus, no entanto, esses so dias de encorajamento e de esperana. A Bblia nos d acerteza de que poderemos esperar um grande derramamento do Esprito antes da volta denosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.

    compreensvel que Satans far o possvel para impedir a obra de Deus. Se noconseguir levar as pessoas a rejeitar o ensino das Escrituras, ele as incitar a ir alm desseensino. Dessa maneira, por meio do encorajamento negligncia ou ao fanatismo, eleespera impedir o plano de Deus.

    Parte da resposta de Deus aos esforos de Satans a nfase atualmente dada aoEsprito Santo por muitos autores. Sem desvalorizarmos os escritos que os estudiososdedicados da Palavra tm fornecido, estamos especialmente gratos ao Dr. Stanley M.

    Horton por essa obra monumental. Ela preencher admiravelmente uma grande lacunaexistente na literatura pentecostal.

    Santo. Conforme diz o autor: "O propsito desse livro simplesmente passear pelaBblia, livro por livro, e dar uma nova olhada naquilo que ela ensina sobre o Esprito Santoe a sua obra."

    Nesta obra, voc achar excelncia exegtica, firmeza doutrinria, e aplicao prtica. Mais do que isso, porm, voc achar o toque inspiracional que tornar muito

    deleitoso consultar esse livro, quer nas pesquisas, quer na leitura devocional. Aqueles que conhecem o autor reconhecem que ele um servo humilde e dedicadoao Senhor, que aprecia a Pessoa e a obra do Esprito Santo. Sua vida uma manifestaodo fruto do Esprito; seu ministrio, uma manifestao do revestimento do Esprito.

    Embora esse livro tenha sido escrito por um dos grandes estudiosos pentecostais dosnossos dias, as verdades grandiosas so tratadas de tal maneira que todos podem entendere tirar proveito da instruo contida nele. E depois de l-lo, voc ter a mesma impressoque tenho: a de que, na providncia de Deus, esse livro veio Igreja para um tempo comoeste.

    Thos. F. ZimmermanSuperintendente Geral das Assemblias de Deus dos EUA

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    INTRODUO

    "Pareceu bem ao Esprito Santo e a ns" (At 15.28). Quo claramente isso indica arealidade do Esprito Santo e o relacionamento pessoal que com Ele desfrutavam os crentesdo primeiro sculo!

    O cenrio foi o Concilio de Jerusalm, o primeiro da Igreja Primitiva. Ento, surge apergunta: Corno os judeus cristos mantiveram comunho com os que no eramcircuncidados, que comiam alimentos impuros, e cuja origem era a cultura grega, altamenteimoral naqueles dias? Apstolos, presbteros e os demais crentes reuniram-se para resolver aquesto. Alguns judeus cristos insistiam que os gentios convertidos deviam circuncidar-see guardar a Lei de Moiss. Pedro lhes fez lembrar como Deus dera o Esprito Santo aosgentios na casa de Cornlio antes de terem a mnima oportunidade de realizar boas obras, emuito menos de cumprir a Lei! Paulo e Barnab contaram a respeito dos milagres que Deusrealizara atravs deles entre os gentios.

    Tiago, irmo de Jesus, finalmente deu uma sbia palavra que agradou a toda igreja.

    Passaram, ento, a escrever cartas sobre o que decidiram. No disseram, no entanto:"Pareceu bem a Tiago, presbtero principal da igreja em Jerusalm"; nem disseram:"Pareceu bem a Pedro e aos apstolos"; nem sequer: "Num consenso dos irmos, indicadopor um voto majoritrio". Em toda a sua discusso (investigao, considerao, debate -Atos 15.7), estavam conscientes da presena de uma Pessoa divina entre eles, orientando-os,guiando-os para a verdade. No se tratava, pois, de uma mera linguagem, quando disseram:"Pareceu bem ao Esprito Santo e a ns".

    Essa conscincia da realidade do Esprito Santo permeia a Bblia inteira desdeGnesis a Apocalipse. Muitos escritores do Antigo Testamento se referem ao Esprito, esomente trs dos livros do Novo Testamento no se referem a Ele (e esses so todos muito

    breves - Filemon, 2a

    e 3Joo). verdade que Jesus Cristo a personagem-chave em todo o plano de Deus. Oprprio Esprito Santo focaliza a ateno em Cristo e procura glorific-lo (Jo 15.26; 16.14).Isso no significa, porm, que o Esprito Santo seja desconsiderado nalguma parte da Bblia,nem que seja tratado como uma influncia vaga ou uma energia imperceptvel. Ele reconhecido como uma pessoa real, com inteligncia, sentimento e vontade.

    Tanto explcita como implicitamente, a Bblia trata o Esprito Santo como umaPessoa distinta. "E aquele que examina os coraes sabe qual a inteno do Esprito; e ele que segundo Deus intercede pelos santos" (Rm 8.27). "O Esprito penetra todas ascoisas" (1 Co 2.10). Desse modo, Ele age com inteligncia e sabedoria. (Ver Efsios 1.17;

    Isaas 11.2). Ele tem emoes e pode ser entristecido ou ofendido (magoado, desgostado:Efsios 4.30; Isaas 63.10). Ele reparte dons "a cada um como quer" (1 Co 12.11). Ele guioua Igreja Primitiva e dirigiu os principais movimentos missionrios de forma ntida,especfica e pessoal. (Ver Atos 13.2; 16.6). O apstolo Joo at usa pronomes pessoaismasculinos para indicar a pessoa do Esprito. (A palavra esprito em grego sempre neutra,e exige, gramaticalmente, pronomes neutros).

    Mais importante do que isso, a Bblia deixa claro que homens e mulheres, os quaisforam movidos pelo Esprito, conheciam-no de modo especfico e pessoal. Seperguntssemos aos Juzes ou aos profetas do Antigo Testamento se o Esprito Santo veiosobre eles, nunca diriam: "Acho que sim", ou "Espero que sim". Lemos que "o Esprito do

    Senhor revestiu a Gideo, o qual tocou a buzina" (Jz 6.34). Esse no foi nenhum toquesuave e secreto. Quando um leo jovem rugiu contra Sanso, "o Esprito do Senhor seapossou dele to possantemente que o fendeu de alto a baixo, como quem fende um cabrito"

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    (Jz 14.6).Quando o Esprito do Senhor veio sobre Saul, este profetizou e foi mudado em outro

    homem (1 Samuel 10.6,10). Amos, depois de dar uma srie de ilustraes do tipo "causa eefeito", diz: "Bramiu o leo, quem no temer? Falou o Senhor JEOV, quem noprofetizar?" (Am 3.8). O profeta era movido por uma compulso interior to forte quanto omedo que o leo pe no homem quando corre atrs dele. Miquias sabia que era "cheio dafora do Esprito do Senhor" (Mq 3.8), para lidar com os pecados de Israel.

    No Novo Testamento, tambm, a realidade especfica da atuao do Esprito Santono questo de meras suposies. Para a compreenso de Joo Batista, o Esprito veiosobre Jesus em forma visvel, como de uma pomba. O som do vento e as lnguas de fogoanunciaram a sua presena no dia de Pentecoste.

    Embora suas outras manifestaes Igreja fossem invisveis, no eram menosespecficas. Em trs ocasies, est registrado claramente que os crentes falaram noutraslnguas (Atos 2.4; 10.46; 19.6). Em outra oportunidade, o local onde estavam reunidos foisacudido (Atos 4.31), e todos saram dali para anunciar com ousadia a Palavra de Deus. Oconforto (consolao) do Esprito Santo era um fator muito importante no crescimento daIgreja Primitiva (Atos 9.31). No precisavam adivinhar se Ele estava presente ou no. Elessabiam.

    O Esprito Santo fornecia o calor, a dinmica, e a alegria que caracterizavam todo omovimento do Evangelho no primeiro sculo. Cada parte da vida diria dos crentes,inclusive seu trabalho e sua adorao, era dedicada a Cristo Jesus como Senhor e estava soba orientao do Esprito Santo. Isso no significa, claro, que a prpria mente ouinteligncia deles no desempenhava algum papel, pois no eram movidos exclusivamentepela emoo. A emoo realmente tinha "um lugar vital, que a nfase exagerada de muitosprotestantes dos nossos dias no aprecia adequadamente".(1) Esperava-se deles, no entanto,que perscrutassem as Escrituras; aceitassem provas razoveis, e que fossem homensmaduros no entendimento (pensamento). (Ver 1 Corntios 14.20; Atos 17.11; 28.23.)

    Mesmo assim, a totalidade da sua vida e adorao crists transcendia a dimensomeramente natural e humana. A dimenso sobrenatural fazia parte da totalidade daexperincia. Na sua vida diria, no procuravam realizar algumas coisas no nvel humano eoutras no nvel espiritual. As qualidades que precisavam, a fim de trabalhar juntos etestemunhar mediante suas prprias vidas, no eram ddivas comuns, mas o fruto doEsprito (Glatas 5.22,23). Nunca supunham que se uma pessoa se esforasse suficiente-mente, poderia viver uma vida virtuosa e agradar a Deus. Sabiam que precisavam daconstante ajuda do Esprito. Na sua adorao, sabiam que eram totalmente insuficientes em

    si mesmos para louvar e glorificar o Senhor. Esperavam que houvesse cnticos e oraes noEsprito, dons e ministrios do Esprito (1 Corntios 14.15,26). No reivindicavam bnosexternas diariamente, mas cada dia era uma satisfao viverem e andarem no Esprito.

    Essa experincia pessoal no Esprito Santo continua sendo uma das marcasregistradas do Cristianismo. Num curso introdutrio ao estudo das religies comparadas,meu professor informou que h ramificaes crists que dizem coisas boas. Algumas tmpadres morais elevados. Umas poucas enfatizam um nico Deus verdadeiro. Outras atmesmo tm algum tipo de trindade (realmente uma trade). Muitas apresentam algum tipode salvao. Algumas at mesmo falam de uma ressurreio. Mas nenhuma delas oferecenada semelhante ao Esprito Santo. Todas elas deixam as pessoas fazer, com seus prprios

    esforos, as coisas boas que as religies exigem. Seria a mesma coisa que pedir s pessoasque se levantassem do fundo do poo, puxando os cadaros dos seus prprios sapatos.Jesus disse: "No vos deixarei rfos" (Jo 14.18). Passou a prometer um Consolador,

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    Ajudador, Advogado, Mestre e Guia. O Esprito Santo todas essas coisas. Ele um Amigopessoal que adequado para todas as nossas necessidades.

    Um nmero cada vez maior de escritores e estudiosos reconhece esse fato. John V.Taylor, num livro recente, chama a ateno ao argumento de Trevor Ling que diferencia areligio do Antigo e do Novo Testamento das grandes religies da sia, ao afirmar que "anatureza da experincia proftica... o profeta, na experincia da revelao, mantidaconsciente da naturezapessoal da realidade transcendente que dele se apoderou".(2)

    A dependncia do Esprito Santo e da sabedoria do alto talvez no tenha gozado demuita popularidade entre os ensinadores e filsofos dos tempos do Novo Testamento.Porm, Paulo advertiu Timteo contra as oposies (objees, contradies, antteses) dafalsamente chamada cincia (conhecimento) (1 Timteo 6.20). Algumas das objees talveztenham sido dentro desse mesmo assunto: o de rejeitar a Pessoa do Esprito Santo e osrelacionamentos pessoais com Ele. No demorou, pelo menos at uns falsos mestresalegarem que o Esprito era apenas "a energia enxertada de Deus".(3) Mas todas as objeese antteses desses mestres somente levam confuso. A dependncia de Cristo e do EspritoSanto o nico caminho para a paz.

    Cada vez mais, o mundo tem tirado Deus do trono e colocado o prprio eu e a razohumana em seu lugar. A tendncia exaltar o ego com sucesso, dinheiro, posio social efama. At mesmo empreendimentos, para ajudar o prximo a aliviar os sofrimentos domundo, so freqentemente motivados pelo desejo da auto-satisfao por aquilo que temosrealizado. Assim como Fara nos tempos antigos, o mundo diz: "Quem o Senhor, para queeu lhe obedea?" (Ex 5.2). Para o homem secular dos nossos dias, terrivelmentehumilhante curvar-se diante de Cristo e aceitar que um pecador e que nada pode fazer parasalvar-se a si mesmo. Mas o fato permanece que "o alto e o sublime, que habita naeternidade, e cujo nome santo, e que habita no alto e santo lugar (o Cu), ainda se deleitaem vir habitar com o contrito e abatido de esprito" (Is 57.15).

    O reconhecimento de que no somos auto-suficientes, mas totalmente dependentes deCristo e do Esprito Santo, para fazer aquilo que agrada a Deus, e a disposio de dar a Eletodo o louvor, o segredo do sucesso do Movimento Pentecostal hoje. Mais do que isso, ospentecostais se mantm firmes numa questo que demarca os crentes bblicos dos chamadosliberais. A linha divisria no simplesmente a aceitao do nascimento virginal, da Cruz,ou da Ressurreio. Trata-se, sim, de todos os aspectos sobrenaturais. Aqueles que se opemao Evangelho singelo de Cristo, os que procuram despir a Bblia dos seus milagres, os queretalham o Novo Testamento e fazem de Jesus uma figura vazia - um ensinador plido eenganado -, todos edificam suas teorias num preconceito anti-sobrenaturalista.

    Esses anti-sobrenaturalistas argumentam que precisam remover da Bblia o aspectosobrenatural, a fim de tornar o Evangelho aceitvel e aplicvel ao homem moderno. Narealidade, a situao inversa. Constantemente, conheo pessoas cujas vidas foramtransformadas e revitalizadas pelo Esprito Santo. Um exemplo recente foi um sacerdoteepiscopal no Estado da Flrida. Quando lhe cabia, por dever, celebrar o rito fnebre, falavarapidamente em voz baixa os trechos bblicos tais como "os mortos em Cristo ressuscitaroprimeiro. Depois ns, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nasnuvens, a encontrar o Senhor nos ares" (1 Ts 4.16,17). Esperava que ningum entendesse oque dizia, porque ele no cria, e no acreditava que algum pudesse crer nisso, tampouco.

    Ele lia o livro do bispo Robinson, Um Deus Diferente, com outras obras dos telogos

    e filsofos existencialistas da linha "Deus morreu", procurando, conforme ele dizia: "acharalguma desculpa para um intelectual como eu permanecer no ministrio".Certo dia, finalmente, concluiu que j dirigira seu ltimo culto na igreja. No queria

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    mais saber do ministrio. Naquela noite, foi convidado para visitar um lar onde encontrouum grupo de cristos cheios do Esprito. Na presena genuna do Esprito Santo, todos osseus argumentos e pressuposies se desfizeram. Ele aceitou a Cristo, recebeu o batismo noEsprito Santo, e ingressou num ministrio pentecostal. Agora, ele ama a Bblia e aguardacom alegria a vinda de Jesus. Poderiam ser contados centenas de incidentes assim.

    Vale a pena notar, tambm, que todas as principais denominaes nos EstadosUnidos discordaram, no seu princpio, dos credos a favor do liberalismo e da crticadestrutiva Bblia. No entanto, poucas delas conseguiram manter excludo esse tipo deincredulidade. Hoje, os pentecostais esto na linha de frente, na batalha contra o adversrioda verdade que tambm o inimigo das nossas almas. O homem moderno precisa da plenailuminao que provm da Pessoa do Esprito, quando Ele habita em ns com poder.

    Graas a Deus, porque hoje h um interesse cada vez maior pelo Evangelho de nossoSenhor Jesus Cristo e pela Pessoa e obra do Esprito Santo. H vrios anos, quando euestava no seminrio, um dos meus professores perguntou a uma classe que estudava o NovoTestamento, com 100 alunos de cerca de 25 denominaes diferentes: "Quantos de vocsouviram um sermo sobre o Esprito Santo nesses ltimos cinco anos?" Somente trs ouquatro entre ns levantamos a mo. O professor acrescentou: "Nos ltimos dez anos?" Maisdois ou trs levantaram as mos. Naquela poca, havia poucos livros sobre o Esprito Santo.Atualmente, devido ao testemunho fiel dos pentecostais, a situao j no assim. Prolifera-se a literatura sobre o Esprito Santo cada vez mais na Igreja.

    O propsito desse livro simplesmente passear pela Bblia, livro por livro, e dar umanova olhada naquilo que ela ensina a respeito do Esprito Santo e de sua obra. Depois, umcaptulo final resumir e aplicar aquilo que descobrirmos.

    No Antigo Testamento, a principal nfase recaa sobre o nico Deus verdadeiro.Israel vivia no meio de povos politestas. Era necessrio prevenir-se contra o paganismo.Enquanto dolos eram adorados "debaixo de cada rvore frondosa", conforme acontecia nosdias de Jeremias e de Ezequiel, Israel no estava pronto para a plena revelao da divindadedo Messias e da pessoa do Esprito Santo. Esses assuntos, portanto, recebem mera aluso noAntigo Testamento.

    J nos tempos do Novo Testamento, os judeus tinham aprendido a lio. Eramconhecidos mundialmente como adoradores de Deus. Viera o tempo certo para o passoseguinte ser dado na revelao e no plano de Deus.

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    1O ESPRITO NO PENTATEUCO

    A Bblia nos apresenta, quase imediatamente, o Esprito de Deus. "No princpio criouDeus os cus e a terra. E a terra era sem forma e vazia [desabitada]; e havia trevas sobre a

    face do abismo [o oceano primitivo]; e o Esprito de Deus se movia sobre a face das guas"(Gn 1.1,2). Assim, o Esprito de Deus est associado atividade criadora de Deus.

    Na realidade, a Bblia atribui todas as obras de Deus, num sentido absoluto, a cadamembro da Trindade, tanto individual como coletivamente. Cada uma das Pessoas Divinastem sua funo especfica. Todas elas, no entanto, operam em perfeita harmonia ecooperao em todo tempo.

    A criao um exemplo perfeito. A Bblia fala em Deus Pai como Criador do Cu,da Terra, do Mar, e de tudo quanto neles h (Atos 4.24). Tambm fala do Filho (o mesmoVerbo vivificante que se tornou carne e habitou entre ns) como o Agente secundrio nacriao. "Todas as coisas foram feitas por [atravs de] ele, e sem [ parte de] ele nada do

    que foi feito se fez" (Jo 1.3). Aqui, a fraseologia de Deus, falando atravs do Filho, assimcomo Ele exps atravs dos profetas. Ele era o Verbo vivo atravs de quem Deus falou paralevar os mundos a existir. Desde o princpio, Ele era o Mediador entre Deus e o homem (1Timteo 2.5).

    O Esprito tambm reconhecido noutras passagens. O Salmista diz: "Envias o teuEsprito, e so criados, e assim renovas a face da terra" (SI 104.30). O Esprito, portanto,est ligado tanto com a criao como com a providncia contnua de Deus. (Ver tambmIsaas 40.12,13). Outros trechos que se referem ao Esprito tambm empregam terminologiaque indica o flego de Deus (J 26.13; 33.4; Salmo 33.6).

    A Bblia tambm enfatiza que o Cu e a Terra foram criados por (seu poder e

    sabedoria (Salmo 136.5; Provrbios 3.19; 8.23-30; Jeremias 10.12; 51.15). Seu poder retratado, ao mencionar, de um modo concreto, suas mos e seus dedos (Salmos 8.3; 95.5;102.25; Isaas 45.12; 48.13). Essas expresses so contrabalanadas pela nfase de quetodas essas coisas foram criadas pela sua Palavra (Salmos 33.6,9; 148.5).

    Esprito, Vento, SoproA maioria dos estudiosos entende que esprito em Isaas 34.16 significa sopro,

    porque forma um paralelo com boca. Muitos encontram dificuldade em traduzir Gnesis 1.2como "Esprito". ANova Bblia em Ingles (NEB), seguindo alguns estudiosos judaicos e amaioria dos estudiosos liberais, diz: "A terra era sem forma e vazia, havendo trevas sobre aface do abismo, e um vento poderoso que varria a superfcie das guas", possivelmente paracontrol-las.

    O fato que a palavra hebraica traduzida por esprito (ruach). da mesma forma que apalavra grega (pneuma), pode significar vento, flego ou esprito. usada para representaruma gama de expresses relacionadas com a natureza, com a vida dos animais e do homem,e com Deus. Algum calculou que h pelo menos 33 diferenas de sentido que esta palavrapode apresentar em seus diferentes contextos.(')

    Em xodo 14.21 a palavra ruach usada para identificar o forte vento oriental quesoprou sobre o mar, at que os israelitas o atravessassem, em terra seca. A "virao do dia"(Gn 3.8) o vento que se refere s brisas frescas da tarde. No deserto, "um vento do Senhor"trouxe codornizes do mar (Nm 11.31). Poeticamente, o salmista fala a respeito das "asas dovento" (Sl 18.10; 104.3). O Senhor tambm mandou "um grande vento" quando Jonas fugiu

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    confundi-lo com os muitos deuses das naes daqueles dias. Pela mesma razo, Gnesis 1.2no explica qual era a obra do Esprito de Deus. Decerto, era uma preparao para a ordem eo propsito que Deus ressaltou nos seis dias da criao que se seguiram. Deixa-nos saberque, embora tudo fosse trevas, Deus estava ativo. Embora a Terra ainda no possusse suaforma, e fosse desabitada, no era um caos. Deus estava ali.

    Ele, no entanto, mantm-se separado da sua criao. Age sobre ela, mas no se tornaparte dela. A nfase, no decurso da Criao, recai no fato de que tudo provm de Deus. Avida no surge por conta prpria, mas o resultado da Palavra criadora. A cada passo, Deusfala, cria, faz. Embora conclame o mar e a terra seca para produzirem seres vivos, Eleintervm para cri-los ou faz-los.(9) (Ver Gnesis 1.20,21,24,25).

    A Criao do HomemO clmax vem, quando Deus diz: "Faamos o homem nossa imagem, conforme

    nossa semelhana" (Gn 1.26). Embora nada seja dito a respeito do Esprito Santo aqui, aBblia demonstra que a imagem e a semelhana tm a ver com a natureza espiritual e moraldo homem. Paulo ora, para que os crentes sejam "corroborados com poder pelo seu Espritono homem interior" e passa a conclam-los a "revestir-se do novo homem, que segundoDeus [ imagem e semelhana de Deus] criado em verdadeira justia e santidade" (Ef3.16; 4.24). razovel, portanto, crer que o Esprito Santo era to ativo em Gnesis 1.26-28quanto Ele o era em Gnesis 1.2, ou talvez at mais.

    Gnesis 2.7 oferece mais detalhes. Deus formou (moldou, formou assim como faria ooleiro) o homem do p (mido) da terra (vermelha), e soprou nas suas narinas o flego devida (hebraico, "vidas"), e o homem foi feito alma (ser, pessoa, indivduo) vivente. Maisuma vez, embora o Esprito Santo no seja mencionado, razovel crer que Ele estava ativo

    juntamente com o Pai e o Filho.Comentrios mais antigos aceitam o plural hebraico, "flego de vidas", e entendem

    que se refere vida animal e intelectual, ou fsica e espiritual.(10) A Bblia revela, de fato,que o esprito do prprio homem provm de Deus e voltar para Ele (Eclesiastes 12.7;Lucas 23.46; ver tambm Joo 19.30 onde Jesus entregou seu esprito). Outros trechostambm enfatizam que Deus a origem da vida e que o seu Esprito a produz (J 27.3;33.4). Se Ele a retirasse, toda a vida chegaria ao fim (J 34.14,15).(u) \t Mesmo assim,possuir "flego de vida" atribuda a todos quantos morreram no Dilvio (Gnesis 6.17;7.22), bem como a todos os animais que entraram na arca (Gnesis 7.15). Sendo assim, umaatitude mais lgica reconhece que o plural hebraico no fala aqui de tipos diferentes de vida.No Hebraico, o plural freqentemente usado para representar plenitude, ou algo que flui.

    (gua sempre est no plural em Hebraico). usado, tambm, para alguma coisa que revelamuitos aspectos ou expresses. (As palavras face e cu tambm esto sempre no plural emHebraico). A ateno em Gnesis 2.7, portanto, no recai no tipo de vida tanto quanto naorigem da vida. O "flego de vida" pode simplesmente significar o flego ou Esprito deDeus que produz a vida, que d ao homem seu "flego vital" ou sua "faculdade da vida".(12)De qualquer maneira, o Novo Testamento compara aquilo que Ado recebeu com o queCristo . Ele, o ltimo Ado, mais do que uma alma vivente. Ele um Esprito vivificante(1 Corntios 15.45).

    O Esprito Contendendo, Julgando

    Depois de ter pecado, o homem foi cortado da comunho que desfrutava no Jardimdo den. No entanto, o Esprito de Deus continuava a lidar com o homem depois da Queda,conforme ressalta Gnesis 6.3, onde proclamado um fim. "No contender o meu Esprito

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    para sempre com o homem; porque ele [a humanidade] tambm carne: porm os seus diassero cento e vinte anos".

    Esse versculo difcil em muitos aspectos. Os 120 anos talvez se refira a um prazode tolerncia que Deus concederia humanidade, antes de chegar o Dilvio, para destruir atodos (menos No e sua famlia). A palavra contender interpretada de vrias maneiras:governar, julgar, proteger, permanecer em, ou agir em. A traduo "permanecer em",escolhida por algumas verses modernas (inclusive a RS V), bem como por algumasverses antigas, mera conjectura. Nada parece haver no Hebraico que fornea base paraela. Mesmo assim, muitos estudiosos ainda a aceitam, e interpretam o versculo no sentidode que o Esprito de Deus (como princpio vital ou como o flego em Gnesis 2.7) nopermaneceria (ou ficar estabelecido) no homem por causa do pecado e da fraqueza deste. Amaioria daqueles que adotam esse ponto de vista, porm, est um tanto hesitante e incertoquanto a isso.(13)

    A traduo governar uma aplicao do significado "julgar". (O fato de os Juzesjulgarem, veio a significar que governavam). Proteger outro aspecto de "julgar" no sentidoem que o juiz deveria proteger os fracos. Esse significado tem algum apoio das lnguassemticas cognatas.(14) A maioria dos intrpretes modernos entende que "meu Esprito"significa o esprito que Deus soprou dentro do homem. Talvez seja possvel, mas esse usoda palavra no se acha noutros lugares da Bblia. Em todas as demais ocorrncias, "meuEsprito" significa o Esprito Santo, o Esprito de Deus.(15)

    Realmente, o significado mais simples do verbo, traduzido por "contender com", "julgar entre". O nome D (juiz) derivado da mesma raiz (Gnesis 49.16). Embora noseja a palavra mais comum para "julgar", usada para o Senhor julgar e vindicar Israel(Deuteronmio 32.36; Salmos 50.4; 72.2; 135.14), bem como julgar o mundo (1 Samuel2.10; Salmo 110.6). Esse significado parece encaixar-se melhor do que qualquer das outraspalavras j propostas.

    Em certo sentido, "julgar" tambm corresponde interpretao tradicional de"contender com". Conforme indica Leupold, a humanidade antediluviana no ficara sem aPalavra de Deus, falada por homens piedosos tais como Enoque e No. O Esprito Santoagiria como juiz, usando a Palavra at queles dias, para instruir, exortar, repreender econvencer os homens. Nesse sentido, o esprito, ao julgar, estaria realmente contendendocom os homens para "refre-los dos seus maus caminhos".(16)

    Outra dvida surge quando alguns escritores procuram ligar esse trecho com Judas 6,e dizem que os anjos que pecaram tiveram sua parte nas causas do Dilvio. Essa idia criamais problemas, por causa da grande nfase dada humanidade e carne (humana, fraca,

    frgil e irregenerada). Tem, pelo menos, pouca relevncia no tocante ao Esprito cessar dejulgar.

    Abrao e os PatriarcasDepois de o homem ter fracassado de novo na torre de Babel, quando, ento, a nova

    variedade de idiomas provocou confuso e disperso, o livro de Gnesis cessa de lidar coma humanidade como um todo. O final do livro diz respeito a Abrao e linhagem escolhidaque provm dele. A maioria das aluses ao Esprito Santo no restante do Antigo Testamentotem a ver exclusivamente com Israel.

    Algum tem dito: "A histria da Bblia a narrao de homens cheios do Esprito

    Santo".(

    17

    ) Esse fato talvez no seja muito aparente na histria dos patriarcas, mas seriamuito estranho se Abrao, a quem Paulo coloca como um dos maiores exemplos da f(Romanos 4.1-22; Glatas 3.6-18), no fosse um homem espiritual.

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    H, na realidade, uma indicao de que Abrao era um homem espiritual, embora ascircunstncias sejam um pouco estranhas. Abrao chamara sua esposa de irm (ela era, naverdade, sua meia-irm) e permitira que ela fosse levada ao harm do rei Abimeleque. Oscostumes da poca exigiam, quando era feito um pacto, para permitir que um homempoderoso, com muitos seguidores, permanecesse num pas vizinho, que o tratado fosseselado mediante a entrega em fiana de uma filha ou irm como refm, para garantir o bomcomportamento do hspede. Deus levou em conta a situao real deles, e interveio paraproteger Sara, ao advertir Abimeleque que a devolvesse ao marido dela. Posto que Abraoera profeta, ele oraria por Abimeleque (Gnesis 20.7).

    Profeta significa porta-voz de Deus. (Veja xodo 7.1; 4.16 e note como as palavrasprofeta e porta-voz so usadas alternadamente. Veja tambm Deuteronomio 18.18-22). Noentanto, os profetas eram homens espirituais: "os homens santos de Deus falaram inspirados[impulsionados, levados adiante] pelo Esprito Santo" (2Pel.21).

    Abrao merecia o ttulo de profeta, pois Deus falava freqentemente com ele, paralhe dar orientao, e aos outros tambm. Os altares que ele edificava a Jeov eram convites adorao pblica, onde ele testificava da verdade do nico Deus. Sua intercesso porSodoma tambm o caracterizou como profeta. A maioria dos profetas intercedia,especialmente Moiss (Nmeros 14.13-20; Deuteronomio 9.20), Samuel (1 Samuel 7.5;12.19,23), Jeremias (7.16) e Amos (7.2,5).

    Deus atendeu a orao de Abrao em favor de Abimeleque (Gnesis 20.17).Posteriormente, o salmista considerou e chamou de profetas os patriarcas Isaque, Jac e Jos(Salmo 105.9-22). A respeito deles, esse Salmo diz: "No toqueis nos meus ungidos, e nomaltrateis os meus profetas". Jos, especialmente, foi reconhecido como o que tinha a unoque esse Salmo se refere. Depois de Jos ter interpretado o sonho de Fara, este disse:"Acharamos um varo como este, em quem haja o Esprito de Deus?" (Gn 41.38). Faraviu que no havia outra explicao para a sabedoria e para o entendimento que esse escravoe ex-presidirio hebreu possua. Jos era verdadeiramente um homem espiritual, equipadopelo Esprito de Deus para a obra a que foi chamado.

    Edificando o TabernculoOs israelitas que seguiram Jos at o Egito foram escravizados, e o homem que Deus

    escolheu para libert-los tambm era cheio do Esprito. O prprio Deus reconheceu Moisscomo o maior profeta daqueles tempos. Outros profetas naqueles dias teriam somente aexperincia de Deus falar com eles por sonhos e vises, mas com Moiss Deus lhe falava"boca a boca", assim como um homem que conversa com um amigo (Nmeros 12.6-8).

    verdade que, diante da sara ardente, Moiss se queixou de no conseguir falarbem, e Deus designou Aro como profeta. Mesmo assim, era com Moiss que Deus falava,e esse, ento, transmitia a mensagem a Aro. No entanto, logo Moiss passaria a ser profetapropriamente dito (xodo 3.4; 4.10-16).

    Em cada dilogo entre Moiss e Fara, Deus conversava antes com ele. No Sinai,Deus falou, de fato, diretamente com o povo, quando os Dez Mandamentos foram entregues(xodo 20.1-17). Porm, eles ficaram to cheios de terror e de temor, por causa da voz deDeus e de tudo o que viram e ouviram, que passaram para o outro lado do vale. Depois,imploraram a Moiss que falasse com eles, em vez de Deus (xodo 20.18,19). Sendo assim,somente Moiss teve a licena de subir ao monte Sinai, onde recebeu a Lei escrita em tbuas

    de pedra, bem como as orientaes para a construo do tabernculo.O tabernculo foi um empreendimento que ensinou os israelitas a viver juntos, bemcomo um lugar onde Deus manifestou continuamente a sua presena. Todos podiam

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    participar. Aqueles que tinham maiores recursos traziam ouro ou prata; outros ofereciam obronze (cobre). Precisavam de tecido nas cores azul, prpura, escarlate e branco, mastambm de peles de bode. Alm disso, contribuam com as suas habilidades (xodo 25.1-9;35.5-9, 20-26). Mas em todas as situaes, sempre h pessoas que nada possuem e nadasabem fazer. Estes se apresentavam para ser ensinados. Deus prometeu que encheria doEsprito Santo dois homens, Bezaleel e Aoliabe, para aprimorar as suas habilidades, e paratambm capacit-los a ensinar os outros (xodo 31.2,3,6; 35.30,31,34).

    Essa plenitude do Esprito seria a fonte de "sabedoria, e de entendimento, e decincia, em todo o artifcio". Noutras palavras, o Esprito lhes forneceria ajuda sobrenaturalem conexo com as tarefas prticas de preparar utenslios, tanto teis como belos, para otabernculo.

    Sabedoria no Antigo Testamento geralmente significa a prtica e a habilidade quepossibilita a pessoa de alcanar as suas metas. Entendimento geralmente inclui percepo edecises inteligentes. Conhecimento inclui o "Know-how" que determina o que precisa serfeito, e como deve ser realizado. Tudo isso vinha do Esprito. Bezaleel e Aoliabe nopodiam depender somente das suas capacidades e habilidades naturais. Trabalhariam muito,mas, ao mesmo tempo, dependeriam do Esprito e receberiam ajuda da parte dele. Note, noentanto, que nem todos os artfices receberam a plenitude, mas somente aqueles dois queforam especialmente nomeados e escolhidos pelo Senhor.

    Moiss e os Ancios de IsraelSomente a partir de Nmeros 11.10-30 que a Bblia menciona o Esprito Santo

    cooperando com Moiss. Os israelitas deixaram o Sinai, estavam no deserto, e murmuravam(se queixavam) do man. Estavam enjoados daquele alimento no desjejum, no almoo e no

    jantar. S pensavam nos peixes, meles, nas cebolas e no alho que antes comiam livrementeno Egito. O man, na realidade, no to ruim assim. Podia ser preparado de vriasmaneiras. Mas a incredulidade e a autocomiserao fizeram com que se esquecessem daescravido que fazia parte daquelas comidas bem temperadas do Egito. A insensateztambm os enchia de um esprito rebelde que no admitia as provises e as orientaes deDeus. No desejavam entregar-se nas mos de Deus. Em breve, a multido inteira chorariapor carne (inclusive a de peixes).

    Moiss perturbou-se com isso. A presso era muito forte. Ele disse a Deus que no sesentia capaz de cuidar sozinho dessa multido que ainda estava na infncia espiritual. Afinalde contas, se Deus o obrigava a carregar todo o fardo sozinho, seria melhor que o matasselogo. De qualquer forma, o encargo iria aniquil-lo mais cedo ou mais tarde.

    A resposta de Deus foi, em certo sentido, uma suave repreenso. Mandou Moissescolher 70 ancios entre os israelitas, homens maduros, de comprovada capacidade, eestabelec-los como oficiais do povo. (Ver xodo 18.18-26). Lev-los-ia ao tabernculoonde ficariam em p, formando um semicrculo juntamente com Moiss. Ento, o Senhordesceria e tomaria parte do Esprito que estava sobre Moiss, e a colocaria sobre eles, osquais o ajudariam a suportar o fardo do povo (Nmeros 11.17).

    Noutras palavras, Deus estava dizendo a Moiss: "O que leva voc a pensar que ofardo s seu, e que tem de suport-lo com suas prprias foras? O Esprito de Deus grande o bastante e plenamente suficiente para carregar o fardo e suprir todas asnecessidades". E Moiss nada perderia ao fazer assim. O Esprito infinito no diminudo

    quando compartilhado com o prximo. Escritores antigos (tais como Orgenes)compararam o Esprito sobre Moiss com uma lmpada usada para acender outras 70 semperder nada do seu prprio brilho.

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    O modo como os 70 profetizaram no descrito. Alguns insistem que eles caram emalgum tipo de frenesi (assim como o rei Saul quando resistia ao Esprito Santo: 1 Samuel19.23,24).(18) Essa idia, porm, supe erroneamente que era cedo demais, na Histria deIsrael, para existir a profecia no sentido de exortao aos homens ou de splica a Deus. Ofrenesi nunca era uma caracterstica da profecia hebraica em si. Tudo quanto indicado aqui que os 70 cederam suavemente ao Esprito, e corresponderam de bom grado suailuminao.

    A frase "mas depois nunca mais" (Nm 11.25) contm o verbo hebraico "acrescentar,fazer de novo". Deuteronmio 5.22 emprega o mesmo verbo, onde traduzido "e nadaacrescentou". O uso mais comum desse verbo fazer de novo algo que a pessoa j fez antes.Logo, concorda-se em geral que a experincia desses ancios era temporria. O Espritoveio sobre eles como uno para o servio e para ensinar Moiss que ele podia e deviadepender do Esprito. O ministrio dos ancios era ajud-lo a levar o fardo e aresponsabilidade de ensinar e exortar o povo. Moiss, no entanto, continuou sendo o profetaou porta-voz principal de Deus em Israel.

    Vivendo Abaixo dos seus PrivilgiosMoiss aprendera a sua lio, conforme revelado em sua resposta a Josu (Nmeros

    11.29), num incidente que se seguiu logo depois disso. Dois dos ancios, Eldade e Medade,no atenderam chamada de Moiss para irem ao Tabernculo, mas o Esprito veio sobreeles da mesma forma. Mais do que isso, o Esprito continuou sobre eles enquantoprofetizavam l fora, no arraial de Israel. Ento Josu correu at Moiss e relatou que,diferentemente dos demais, esses no cessaram de profetizar. (Aqui, o hebraico usa umparticpio que indica a ao contnua.) Josu instou: "Moiss, meu Senhor, probe-lho"(faz-los calar a boca, parar).

    A resposta de Moiss foi uma suave repreenso a Josu. "Tens tu cimes por mim?"Noutras palavras: "Voc zela, com cimes, de minha autoridade ou de meu ministrio comoprofeta?" Moiss reconhecia que a atuao do Esprito no estava debaixo do seu controle,nem era limitada a locais ou horrios especficos. Josu no devia pensar que a autoridadede Moiss estava sendo subvertida, porque esses dois no vieram ao Tabernculo. Nemdevia pensar que o ministrio de Moiss estivesse sendo, dalguma maneira, ameaado oudiminudo, porque o Esprito repousara sobre eles, e continuavam profetizando.

    Moiss tambm reconhecia algo ainda mais importante, quando acrescentou: "Oxaltodo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Esprito!" Moisspercebia que o povo, murmurador, rebelde, incrdulo, estava vivendo muito aqum dos seus

    privilgios. O nvel apropriado para todo o povo de Deus seria todos serem como Eldade eMedade. Todos deveriam ser profetas, com o Esprito de Deus continuamente sobre eles.Posteriormente, Jeremias (31.31-34) e Ezequiel (36.25-27) vislumbraram um tempo, quandoessa seria a situao de Israel. Joel (2.28,29) tambm profetizou que assim seria para toda acarne. No caso de Moiss, porm, foi um mero desejo que nunca se cumpriu. S no dia dePentecoste que o Esprito veio, em cumprimento da profecia de Joel, ao derramar o podersobre todos os que estavam reunidos no Cenculo (Atos 2.4,16).

    Israel Protegido pelo EspritoOEsprito Santo no somente lidava com Moiss e o povo de Israel, mas tambm

    com os inimigos deles. Para alcanar as plancies de Moabe, no lado do Jordo defronte aJerico, os israelitas contornaram aquele pas. Em seguida, avanaram para o norte ealcanaram grandes vitrias sobre o povo de Gileade e Bas, no lado leste do rio Jordo. O

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    rei Balaque tinha medo de tambm ser derrotado (Nmeros 22.2,3). Estava enganado, claro; o passo seguinte seria Israel atravessar o Jordo para a Terra Prometida; mas Balaqueno sabia disso. Reconhecia, isso sim, que Israel ganhava as vitrias, no por nmeros ouequipamentos superiores. Forosamente, era aquilo que Israel declarava: o Deus delesestava com eles.

    Balaque resolveu, ento, que a nica maneira de parar com Israel seria virar o Deusdeles contra eles. Por isso, enviou mensageiros em todas as direes, a procura de algumque tivesse comunho com Jeov. Finalmente, perto do rio Eufrates, no muito longe deonde moravam os parentes de Abrao, descobriram um profeta chamado Balao (2 Pedro2.15; Judas 11; Apocalipse 2.14), tambm conhecido por adivinho (Josu 13.22). Este erarealmente um pago, um conselheiro que usava vrios meios para invocar espritos,descobrir pressgios, ou fazer encantaes, tudo por dinheiro. Dalguma maneira, ouvirafalar do poder de Jeov e, segundo parece, acrescentara o seu nome lista dele.

    Talvez parea estranho que Deus usasse semelhante homem. Mas Jeov protegia oseu povo de um inimigo que os israelitas no conheciam, e seu propsito foi o de usar seuEsprito Santo para isso.

    O pensamento de Balaque era o de pagar Balao para obrigar Deus a amaldioarIsrael, em vez de abeno-lo. A Bblia mostra que o Senhor lidou com Balao de formadiferente. Primeiro, Ele demonstrou que um animal irracional tinha mais senso espiritual doque Balao (Nmeros 22.21-35). Segundo, Deus deu a ele um susto to grande, que omesmo nada diria diante do rei Balaque, seno o que o Senhor determinasse. Balaocobiava tanto o dinheiro que teria dito a Balaque tudo quanto este quisesse ouvir, se opreo fosse convidativo. Agora, porm, Deus podia contar com ele.

    Balao ainda pensava que podia persuadir Deus a amaldioar a Israel. Sua atitudepaga demonstrada pela sua maneira de abordar o problema. Mandou que fossemoferecidos sete sacrifcios no cume de uma montanha que dava vista para o arraial de Israel.Ento, experimentou seus encantamentos (pressgios). Mas a palavra de Deus era de bnopara Israel, e no de maldio.

    Balao passou, ento, para outra montanha, e ofereceu mais sete sacrifcios. Ospagos tinham a idia de que os deuses precisavam de sacrifcios. Achavam, portanto, quese oferecessem o sacrifcio certo no lugar certo, forariam qualquer deus a fazer tudo quantoqueriam. No conceito de Balao, nada podia haver de errado com os sacrifcios. Sete era umnmero perfeito, e touros e carneiros eram os sacrifcios mais caros que se podia oferecer.Desse modo, ele chegou concluso que o local que estava errado. Experimentaria outramontanha, portanto.

    Novamente, Deus deu uma palavra de bno. Experimentaram uma terceiramontanha, e mais sete sacrifcios. Desta vez, porm, Balao abriu mo dos seusencantamentos, olhou para o arraial de Israel, e o Esprito de Deus veio sobre ele. O Espritofez mais do que colocar uma palavra em sua boca (assim como em Nmeros 23.5,16). Dessavez, a totalidade do seu ser fora afetada. Mediante o Esprito Santo, o Senhor revelou-se aele, e a viso do Onipotente f-lo prostrar-se diante de Jeov em reverente temor. (Note, noentanto, que a expresso "em xtase" grifada na Verso Corrigida, o que significa que noconsta do texto hebraico. De fato, no se trata de xtase ou frenesi aqui. Os olhos de Balaopermaneceram abertos. Tinha conscincia daquilo que ocorria ao seu redor.)

    Enquanto permaneceu prostrado diante do Senhor, seus olhos abriram-se de uma

    maneira diferente. Via as lindas tendas de Israel espraiando-se como pomares e jardinsprsperos, tendo a vitria e a fora como sua poro. Concluindo, ele repetiu para Israel apromessa que originalmente fora dada a Abrao em Gnesis 12.3: "Benditos os que te

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    abenoarem, e malditos os que te amaldioarem" (Nm 24.9).Com isso, Balaque ficou muito zangado e ordenou que Balao voltasse para casa,

    sem a recompensa prometida. Mas Balao, ainda prostrado diante do Senhor, pronuncioumais uma profecia. J no tentava manipular a Deus nem controlar os seus propsitos.Simplesmente, viu o futuro distante e declarou: "Uma estrela proceder de Jac, e um cetrosubir de Israel" (Nm 24.17). A maioria dos escritores entende que esta profecia refere-se aoMessias. Levando em conta o contexto, no entanto, alguns h que entendem ser "estrela" e"cerro" substantivos coletivos que se referem a Israel e ao perodo em que os israelitas selevantariam e conquistariam Moabe.(19) Ainda possvel, porm, nos determos na nfaseque Balao deu ao futuro distante, e entender que Moabe tipifica os inimigos de Deus quesero vencidos por Cristo. De qualquer forma, fica claro que Balao, nessa nica ocasio,rendeu-se ao Esprito Santo. Infelizmente, essa rendio era apenas temporria. Sua cobiapelo dinheiro foi forte demais para ele. Posteriormente, vendeu seus servios aos midianitase morreu, lutando contra Israel (Nmeros 31.8).

    Josu, Homem em quem havia o Esprito SantoEm contraste com Balao, cuja experincia foi to fugaz, Josu era um homem em

    quem o Esprito Santo residia continuamente (Nmeros 27.18). Balao captou um merovislumbre da bno de Deus sobre Israel, e nunca aprendeu a dar a ela o devido valor parasi mesmo. Josu foi um servo fiel, e escolhido por Deus para comandar a conquista deCana.

    E provvel que ele no tenha sido um dos 70 sobre os quais Deus colocou o EspritoSanto, diante do Tabernculo. Esses so chamados ancios. Josu mencionado como umdos jovens escolhidos para serem servos de Moiss (Nmeros 11.28). Mas em algumaocasio, durante os 40 anos de peregrinaes no deserto, foi cheio do Esprito Santo e desabedoria (Deuteronmio 34.9). Mais importante ainda: aprendeu a depender do Esprito,para receber sabedoria (discernimento, capacidade para cumprir os propsitos de Deus elev-los a efeito).

    Vemos,portanto, que embora Moiss estivesse prestes a morrer, Deus j escolheraum lder pronto a assumir o seu lugar. Moiss tinha sido o profeta, o homem cheio doEsprito Santo, durante 40 anos. A entrada na Terra Prometida seria difcil, e no era fciloutra pessoa preencher a vaga deixada por Moiss. Josu era bem treinado. J obtiveragrandes vitrias (xodo 17.9-14). Mas a chave era o Esprito Santo. O mesmo poder queatuara em Moiss estaria tambm nele.

    Alguns entendem que a frase "porquanto Moiss tinha posto sobre ele as suas mos"

    (Deuteronmio 34.9) significa que o Esprito Santo veio sobre Josu, porque Moissimpusera as mos sobre ele.(20) Mas, por certo, no foi assim. Em Nmeros 27.18 est claroque Josu j era cheio do Esprito Santo. A palavraporquanto (Deuteronmio 34.9) tambmpode significar "de modo que". Dessa maneira, a imposio das mos, assim como aordenao no Novo Testamento, era simplesmente o reconhecimento pblico do ministrioque Deus j concedera. Como resultado da imposio das mos, o povo atendeu a Josu e oaceitou como o sucessor de Moiss. Assim, com a liderana dada por Deus, os israelitaspodiam prosseguir a caminhada.

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    2O ESPRITO NA HISTRIA DE ISRAEL

    Ao lermos os Livros Histricos, no encontramos meno especfica ao EspritoSanto, antes de chegarmos a Juzes. Embora Josu fosse cheio do Esprito, havia uma

    quietude em sua vida, mais do que manifestaes exteriores perceptveis. s vezes, noentanto, parece que Josu falhava, em depender do seu prprio discernimento, ao invs debuscar a orientao que o Esprito Santo poderia lhe dar (Josu 7.2-4; 9.14). Esses eram oscasos excepcionais, no entanto. De um modo geral, Josu obedecia ao Senhor, viucumpridas muitas promessas de Deus, e deixou para Israel o desafio de servir ao Senhor, e aEle somente (Josu 24. 14,15).

    Tudo ia bem, enquanto viviam Josu e os que tinham atravessado com ele o Jordo eobservaram a glria e o poder de Deus. Em trs grandes campanhas, Josu subjugou a terrade modo que ela "repousou da guerra" (Josu 11.23). Passou, ento, a dividir a terra entre astribos. Mas nem todas as cidades cananias foram conquistadas, nem os israelitas

    cumpriram a ordem de Deus, de expuls-los (Nmeros 33.55; Josu 23.12,13). Na realidade,cada tribo recebeu a incumbncia de completar a conquista do seu prprio territrio.Conforme o Senhor relembrou a Josu, ainda havia muita terra a ser possuda (Josu 13.1).

    Individualmente, as tribos tambm deixaram de obedecer ao Senhor nessa questo.Uma vez aps outra, o livro dos Juzes registra que nenhuma tribo expulsou os cananeus(Juzes 1.21,27-31,33). Algumas das cidades eles no puderam conquistar. Mas os cananeus,aos quais venceram, foram obrigados a trabalhar, cortando lenha ou trazendo aguados poos(Josu 9.23). medida que Israel se tornava mais forte, poderia ter expulsado os cananeus,mas preferia aceitar o dinheiro deles como tributo (Josu 16.10; 17.13; Juzes 1.28).Somente em bem poucas ocasies que deram o passo de f e viram o poder de Deus

    manifestado novamente. Durante a maior parte do tempo, ficavam bem satisfeitos emacomodar-se e desfrutar da sua nova prosperidade. Infelizmente, os israelitas nuncaaprenderam como lidar com a prosperidade.

    Com esse aumento da prosperidade, veio o declnio espiritual. A gerao velha ficouto envolvida com os seus prazeres que a adorao veio a ser uma formalidade. Otreinamento dos filhos, ou foi negligenciado, ou o mau exemplo dos pais tornou suaspalavras sem sentido. Como resultado, surgiu uma nova gerao "que no conhecia aoSenhor, nem to pouco a obra que fizera a Israel" (Jz 2.10).

    Isso no significa que esses jovens nunca ouviram falar sobre o Senhor ou sobre osmilagres. Sabiam a respeito do livramento do cativeiro egpcio. Sem dvida alguma, tinhamouvido repetidas vezes a histria da queda de Jerico. Mas a palavra conhecer(Juzes 2.10)significa mais do que "saber a respeito de". O fato trgico que, embora tivessem ouvidofalar dessas coisas, no conheciam pessoalmente ao Senhor. Nada tinham visto do seu podermilagroso em suas prprias experincias.

    Como resultado, a gerao jovem foi atrada pelas festanas, pela embriaguez, e pelamoralidade relapsa da cultura canania, bem como pelo prestgio dos seus antigos templos elugares altos. Quando assim acontecia, Deus retirava as suas bnos e enviava exrcitosinimigos para executar seus juzos sobre as vrias tribos. Esses inimigos eram os prprioscananeus cuja religio e imoralidade os israelitas tinham seguido. Assim aconteceurepetidas vezes no tempo dos Juzes.

    Embora as tribos de Israel tivessem uma liderana estabelecida, na forma de anciose sacerdotes, esses eram de pouca ajuda. Na realidade, esses tambm eram, na maioria das

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    vezes, influenciados pelos costumes cananeus. Uma comparao entre Juzes 10.6,7; 13.1;16.31; e 1 Samuel 4.18; 7.1 demonstra que os 40 anos do sacerdcio de Eli em Silocoincidiram parcialmente com o juizado de Jeft em Gileade e de Sanso em D. Torna-seevidente, portanto, que a permissividade e a influncia paga, que caracterizavam Eli e seusfilhos, eram por demais comuns durante todo aquele perodo. Passara-se o tempo, conformeo livro dos Juzes declara duas vezes, em que "cada qual fazia o que parecia direito aos seusolhos" (17.6; 21.25).

    Juzes Escolhidos por DeusAt mesmo os que Deus escolhera, para ajudar e livrar o povo durante esse perodo,

    no estavam totalmente isentos de suas fraquezas. Mas o Esprito Santo operava, s vezes, adespeito delas. Parece, na realidade, que Deus escolhia pessoas que no eram importantesnem famosas, a fim de deixar claro que o poder era dele, e no dos homens. Parece queDeus freqentemente escolhe os humildes e desprezados como seus agentes, para trazer alibertao e a restaurao espiritual: "as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes...para que nenhuma carne se glorie perante ele" (1 Co 1.27,29). Quando esses homens emulheres eram despertados e movidos pelo Esprito Santo, reconquistavam para Deus oscoraes do povo, levavam os israelitas para a vitria, e os inspiravam a servir a Deus.

    Os Juzes, portanto, no eram simplesmente heris nacionais. Nem faziam tentativasde consolidar o seu poder ou fundar uma dinastia. Quando o povo desejou que Gideo fosseo seu rei, este se recusou: "Sobre vs eu no dominarei, nem to pouco meu filho sobre vsdominar: o Senhor sobre vs dominar" (Jz 8.23). Deus era o Rei deles. Ele era, tambm, oSalvador, e o Esprito Santo atuava nos homens e nas mulheres para levar ao povo o seupoder redentor e salvfico, e para governar em nome dele.C) As vidas poltica e espiritual dopovo estavam estritamente ligadas entre si. Na realidade, demonstra-se que cada parte davida deles se relacionava com o Senhor, com o nico Deus verdadeiro. No lhes era permi-tido dividir suas vidas, no sentido de colocar a religio numa parte, e os negcios e a polticana outra. Em tudo precisavam da ajuda que somente viria atravs do derramamento doEsprito Santo.(2)

    Conforme j notamos, os perodos de alguns Juzes coincidiam parcialmente entre si.Outros Juzes (Tola, Jair, Ibz, Elom e Abdom) recebem uma referncia mnima.Obviamente, a inteno do livro no dar relato completo.(3) Parece, pelo contrrio,concentrar sua ateno sobre os Juzes que foram, conforme declaraes especficas,movidos pelo Esprito Santo.

    Alguns supem que a atuao do Esprito Santo sobre esses Juzes era somente na

    esfera fsica. Os Targuns judaicos at mesmo falavam do Esprito Santo sobre os Juzescomo "o Esprito do herosmo". Mas fica evidente em muitos casos, conforme veremos, queos Juzes fizeram mais do que ganhar vitrias e realizar proezas. Julgavam ou governavam opovo, e refreavam a idolatria. Para isso, precisavam de sabedoria, entendimento econhecimento, mediante o Esprito do Senhor. A salvao e a redeno, e no uma meravitria sobre os inimigos, eram o propsito real daquilo que o Esprito fazia atravs dosJuzes.(4)

    O Esprito do Senhor primeiramente mencionado em conexo com Otniel. Este,pelo Esprito, julgava e governava Israel. Ele foi usado pelo Esprito, ainda, para livrarIsrael de um invasor mesopotmico ou arameu, do Norte (Juzes 3.10).(5)

    Alguns comentaristas acham que onde lemos: "O Esprito veio sobre ele", o originalpode ser traduzido "estava sobre ele". Com isso, do a entender que o Esprito Santo jestava sobre Otniel antes do Senhor cham-lo. Mas o verbo hebraico realmente indica a

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    seqncia histrica. O Esprito Santo passou a vir sobre ele e permaneceu, enquanto Otnielrealizava sua obra de julgar, governar e livrar. Vale a pena notar, no entanto, que Otniel jera um heri em Israel antes de Deus cham-lo para ser juiz. Muito anteriormente, Otnielaceitara o desafio de Calebe, para conquistar Quiriate-Sefer (Cidade do Livro), e, em troca,receberia sua filha como esposa (Josu 15.15-17; Juzes 1.11-13). E provvel que atos de fe de obedincia antecedam o dom do Esprito. (Ver Atos 5.32).(6)

    A maior parte do livro de Juzes dedicada a Dbora, Gideo, Jeft e Sanso. Destes,Dbora incomum em muitos sentidos. No somente era juza, mas tambm profetisa(Juzes 4.4,6). Miri, antes dela, tambm profetizou. Movida pelo Esprito, ela dirigiu asmulheres de Israel com msica e louvores, enquanto batiam tamborins e danavam, diantedo Senhor (xodo 15.20). O ministrio de Miri foi temporrio, porm. A inveja que elateve de seu irmo mais novo, Moiss, levou-a a critic-lo injustamente. Deus a feriu delepra, e embora a tenha curado depois de sete dias, encerrou seu ministrio. Seu nome no mais mencionado at sua morte (Nmeros 12.1-15; 20.1).

    A Sabedoria de DboraComo profetisa, Dbora era porta-voz de Deus, e falava conforme era inspirada

    (levada adiante) pelo Esprito Santo (2 Pedro 1.21). O dom proftico a qualificava a liderar,julgar e governar a nao. (Ver Deuteronmio 17.18,19).

    Dbora foi, na realidade, a nica a ser reconhecida e aceita como juiz antes de obterqualquer vitria militar ou de livrar o povo de Deus dos seus inimigos. Sendo assim, muitoscomentrios supem que a nica obra verdadeira nos tempos dos Juzes era produzir umtipo de xtase ou entusiasmo divino. Assim no acontecia no caso de Dbora. Ela seassentava debaixo de uma palmeira entre Rama e Betel (provavelmente cerca de 24 Km aonorte de Jerusalm) e o povo vinha a ela com seus problemas, suas disputas e questes. Vi-nham, porque reconheciam estar ela em comunho com o Senhor. Ela era casada, e no hindicao de que desprezava seu marido.

    Mas ela achou tempo para esse ministrio. O Esprito Santo lhe dava continuamentesabedoria para exortar o povo, consol-lo, desafi-lo e solucionar seus problemas. Ela noprecisava de persuaso para fazer isso, para encorajar a sua f. Muitos a consideram a maisespiritual entre os Juzes.

    Quando o Esprito Santo determinou que chegara a hora de Deus libertar Israel doscananeus, que ento o oprimia, ela chamou Baraque, para comandar o exrcito. A f deleno estava altura da de Dbora; no entanto, ele insistiu que ela o acompanhasse. Ele noera covarde, mas via a fora do inimigo, e queria ter a certeza de ter junto de si algum que

    estava em comunho com Deus. Outros tambm tiveram medo dos exrcitos bem-equipadosdos cananeus, e se recusaram a juntar-se com Dbora e Baraque. Sobre os habitantes deMeroz (na tribo de Naftali) ela solicitou uma maldio porque "no vieram em socorro doSenhor" (Jz 5.23).

    Vestimentas do EspritoGideo, em contraste com Dbora, precisou ser encorajado repetidas vezes. Pertencia

    a uma famlia de pouca importncia na tribo de Manasses. (A tribo de Efraim, emboradescendesse do filho mais novo de Jos, assumiu a liderana e fez com que a tribo deManasses se sentisse marginalizada e esquecida). Deus encorajou Gideo por meio de uma

    prova com um velo de l e do sonho de um midianita, a fim de que ele assumisse a lideranae cresse que receberia a vitria. Obedeceu, inclusive, ao anjo que lhe apareceu e destruiu aidolatria na casa de seu pai.

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    Esse ato de f e de obedincia no demorou a ser seguido por uma experincia muitorara com o Esprito Santo. Lemos: "O Esprito do Senhor revestiu a Gideo" (Jz 6.34). Nestapassagem, a palavra hebraica bem diferente daquela que traduzida por "veio sobre" emJuzes 3.10. "Revestiu a Gideo" significa "vestiu-se de Gideo".

    Muitos estudiosos bblicos no alcanam o significado total desse fato. Ainterpretao mais comum de Juzes 6.34 que o Esprito Santo revestiu Gideo. Keil nochega altura, quando diz que o Esprito Santo "desceu sobre ele, e colocou-se ao seu redorcomo se fosse uma armadura, ou um equipamento forte, para Gideo tornar-se invencvel einvulnervel no seu poder".(7) Semelhantemente, A.B. Davidson diz que subentende "oenvolver completo de todas as faculdades humanas na dimenso divina".(8) Knight, emboraoferea a traduo correta do texto hebraico, interpreta-o no sentido de que Gideo "vestiu-se do Esprito do Deus vivo! A ao poderosa que ento realizou ao livrar Israel no eraapenas sua prpria ao; era tambm a ao salvfica de Deus".(9)

    O Targum judaico explica simplesmente que o Esprito da fora do Senhor veio sobreGideo. Alguns escritores modernos tratam do assunto como apenas mais uma manifestaorepentina ou violenta do Esprito Santo,(10) ao passo que outros (tais como Bertheau, Fuerste Ewald) oferecem uma interpretao semelhante de Keil.

    Uns poucos reconhecem, no entanto, que o hebraico somente pode significar que oEsprito Santo encheu Gideo. Ele no se revestiu do Esprito Santo, o Esprito Santorevestiu-se de Gideo.(11) Para Gideo estar vestido do Esprito Santo, mais provvel quefoi usada outra forma do verbo hebraico. Gideo era apenas a roupa, "o manto exterior doEsprito Santo que governa, fala e testifica nele".(12)

    Usado a Despeito dos ErrosO declnio moral e espiritual que sobreveio com as repetidas apostasias de Israel fica

    cada vez mais bvio medida que chegamos at o tempo de Jeft e de Sanso. Jeft era, defato, um dos desprezados deste mundo. O pai era um lder em Gileade, mas a me, umaprostituta (possivelmente uma das sacerdotisas cananias que eram prostitutas supostamente"sagradas", como parte da sua religio). Os irmos dele o expulsaram, quando ficou adulto,e ele foi forado a se tornar um valente, ou saqueador independente, a fim de sobreviver.Edificou uma boa reputao pela sua liderana; quando os amonitas do leste ameaaramGileade, seus irmos lhe rogaram que voltasse e fosse seu cabea e lder.

    Jeft procurou resolver a situao por meio de uma carta aos amonitas. Mas quandoestes se recusaram a respond-la, tornou-se necessrio agir. Ento, o Esprito do Senhor veiosobre Jeft e ele avanou rapidamente para a batalha. A frase hebraica usada a respeito do

    Esprito Santo sobre Jeft a mesma que foi usada quando Ele veio sobre Otniel (Juzes3.10; 11.29). Jeft, no entanto, deixou de depender do Esprito Santo e tentou negociar como Senhor, por meio de um voto estulto. Mesmo assim, o Esprito Santo no o abandonou e avitria foi alcanada.

    Sanso, o NazireuSanso tinha todas as vantagens que Jeft no possuiu. Seus pais eram piedosos. O

    anjo do Senhor apareceu a eles, proibindo a me de beber vinho ou bebida forte, e de comerqualquer coisa impura, porque o filho seria nazireu desde o nascimento (Juzes 13.7,14). Amedida que Sanso crescia, o Senhor o abenoava. Mas o modo dele agir depois de crescido

    no foi fcil de entender. Conforme diz Keil:"A natureza dos atos que praticava parece muito menos aquilo que esperaramos deum heri impulsionado pelo Esprito de Deus. Suas aes no somente levam a marca da

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    aventura, da temeridade e da teimosia, ao serem examinadas exteriormente, como tambmquase todas elas esto associadas com casos de amor; de modo que Sanso desonrava eesbanjava estultamente o dom a ele confiado, tornando-o subserviente s suasconcupiscncias, e, portanto, o dom abrira o caminho para sua runa, sem ter trazidonenhuma ajuda essencial ao seu povo."(13)

    Os telogos liberais, tambm olhando superficialmente os atos de Sanso, s vezes,chamam as visitaes do Esprito Santo sobre ele de "crises de fria demonaca", "excessos"ou "anormalidades".(14)

    Aqueles que consideram anormais as atividades do Esprito Santo no percebem arealidade. No precisamos olhar isso exteriormente. Do ponto de vista divino, que sensvelpara com os modos pacientes de Deus lidar com o seu povo, observamos em Sanso umalio prtica da graa e do poder do Esprito Santo que brilha com mais fulgor por causa doseu triste cenrio. De novo, Keil expressa muito bem o caso:

    "Por intermdio de Sanso, o nazireu, entretanto, no somente o Senhor decidiucolocar diante do seu povo um homem muito acima da gerao cada por possuir poderherico, f firme e slida confiana no dom que Deus lhe confiara, abrindo diante de todos aperspectiva de renovao das suas prprias foras, de modo que, por esse exemplo, eledespertasse a fora e a capacidade que ainda dormitavam na nao; mas Sanso iria exibirdiante de toda a sua gerao um quadro, de um lado, da fora que o povo de Deus podiaadquirir para vencer os inimigos mais fortes, mediante a fiel submisso ao Senhor Deus e,por outro lado, da fraqueza em que esse povo se encontrava por causa da infidelidade aliana e pelo convvio com os pagos".(15)

    Impulsionado para uma Ao PoderosaGeralmente, demasiada ateno dada aos cabelos de Sanso. Pelo contrrio, a

    totalidade da ateno recai na maneira do Senhor t-lo abenoado e comeado a impulsion-lo ou excit-lo ao. O verbo impelir (Juzes 13.25) tem a idia de empurrar ouimpulsionar. Subentende, tambm, que ele foi movido e despertado da dimenso naturalpara a sobrenatural. Isso no significa, como alguns supem, que o Esprito Santo tomouposse dele e o forou a fazer coisas que estavam totalmente fora do seu controle.( 16)Significa, pelo contrrio, que quando o Esprito Santo vinha sobre ele, no podia contentar-se em aceitar as coisas conforme estavam. Era impulsionado a tomar medidas no poder doEsprito Santo.

    Trs vezes mais, a Bblia menciona o Esprito Santo vindo sobre Sanso (Juzes14.6,19; 15.14). Em cada um desses casos usado um verbo ainda diferente daqueles que

    foram empregados anteriormente. Esse verbo significa "cair com mpeto" sobre algum, ou"irromper sobre". Exatamente, quando Sanso precisava, o Esprito Santo trazia-lhe umagrande exploso de poder e fora. Est subentendido, tambm, o fato que o Esprito Santoagiu exatamente no momento certo. Mas nesse caso, tambm, no se quer dizer que Sansofoi forado a fazer alguma coisa contra a sua vontade. Ele tinha pleno controle das suasfaculdades, e simplesmente cedia ao tremendo poder do Esprito Santo, que aprendera aesperar. Mesmo depois de sua falta de consagrao t-lo finalmente alcanado, lemos queele disse: "Sairei ainda esta vez como dantes, e me livrarei" (Jz 16.20). Cada vez que davaum passo de f, esperava que o Esprito de Deus avanasse juntamente com ele, e, atquela ocasio final, no foi decepcionado.

    Em todos os casos, portanto, a cooperao de Sanso com o Esprito Santo era osegredo da sua fora. No h, na realidade, nenhuma indicao de que Sanso era umhomem gigantesco ou que tinha msculos incomuns ou impressionantes. Os filisteus

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    ficaram completamente perplexos, por no entenderem a origem da fora de Sanso, queno teria sido o caso, se ele fosse um modelo de cultura fsica.

    A Bblia no diz especificamente, tampouco, que a fora de Sanso se achava nosseus cabelos propriamente ditos. Sanso contou a Dalila que ele era um nazireu de Deus. Oscabelos eram o smbolo exterior do voto e da consagrao. Lemos que, depois das setetrancas dos seus cabelos terem sido rapadas, retirou-se dele a sua fora. Quando, porm,Sanso acordou, a Bblia no diz que fracassou, porque seus cabelos foram cortados, masporque "j o Senhor se tinha retirado dele" (Juzes 16.20).

    Quando os cabelos dele cresceram de novo, suas foras no voltaramautomaticamente. Sanso fez deles um smbolo da renovada consagrao a Deus e da obrade libertao para a qual Deus o chamara. Orou, ento, e pediu a Deus que o fortalecesse, oulhe desse foras uma vez mais. "Com fora" (Juzes 16.30) , na realidade, uma frasehebraica mais freqentemente usada a respeito do poder de Deus, especialmente nolivramento e no julgamento. Poderamos traduzi-la: "com a fora de Deus". A vitria deSanso no se devia, em nenhuma medida, sua prpria fora. Pelo contrrio, veio atravsdoutra atuao poderosa do Esprito de Deus, que lhe trouxe o vigor que conhecera em todasas ocasies anteriores.

    No Livro de Juzes, o Esprito Santo nunca apresentado como uma mera influnciaproveniente de um Deus distante. O prprio Deus sempre est pessoalmente presente compoder, no seu Esprito. Para aqueles que eram receptivos diante dele, Ele tambm seapresentava, assim como Isaas profetizou que Ele viria ao Messias: como "o Esprito desabedoria e de inteligncia, o Esprito de conselho e de fortaleza, o Esprito deconhecimento e de temor do Senhor" (Is 11.2). Havia, portanto, uma plenitude disposio,mas nem todos se apropriavam dela.

    Samuel, Saul e Davi: Ungidos pelo Esprito SantoEmbora Samuel fosse um juiz e um profeta, no especificamente declarado que o

    Esprito Santo o impeliu. Nos livros de Samuel, a ateno recai muito mais na maneira doEsprito Santo ungir os reis.

    O smbolo dessa uno era ungir com leo. Os profetas, s vezes, eram ungidos comleo (1 Reis 19.16), a fim de consagr-los e separ-los para o seu ministrio. Os sacerdoteseram sempre ungidos com leo (xodo 30.30; 40.13-15; Levtico 8.12,30; 16.32). Os reisfreqentemente o eram (1 Samuel 10.1; 16.3,13; 2 Samuel 5.3; 1 Reis 1.34; 19.15; 2 Reis9.3). O leo usado era urn tipo especial, um leo santo que no devia ser imitado, feito deazeite de oliva composto com quatro especiarias (xodo 30.23,24). Era usado para ungir

    vasos e utenslios sagrados no Tabernculo e no Templo, e simbolizava a consagrao delesao servio de Deus. Mas naqueles trechos que tratam de pessoas, o leo representaclaramente a uno do Esprito Santo. Em toda a Bblia, o leo continua sendo um smboloimportante do Esprito Santo. Fala da verdadeira uno, "a uno do Santo" (1 Joo 2.20)que, no Novo Testamento, se estende a todo aquele que cr.(17)

    Samuel, profeta e juiz, certamente era um homem cheio do Esprito Santo. Deus lhefalava freqentemente, e o classificava com Moiss (Nmeros 12.6-8). Quando Samuel era

    jovem, Deus estava do seu lado e se revelava repetidas vezes a ele, dando-lhe profecias queno demoraram para ser cumpridas. Sendo assim, Israel o aceitou como profeta, e foiestabelecido como um porta-voz de Deus no perodo mais crtico da histria israelita. A arca

    tinha sido roubada. Silo e seu templo tinham sido destrudos (Jeremias 7.12; 26.6,9). Osfilisteus dominavam a terra.

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    O Reavivamento Une as TribosDepois de 20 anos do ministrio de Samuel, vemos Israel "lamentando aps o

    Senhor", ao invs de meramente seguir aps a arca. (Comparar 1 Samuel 4.21,22 e 7.2.) Isto, o ministrio de Samuel fez o povo voltar das formas religiosas para o prprio Senhor. Issolevou finalmente a um reavivamento espiritual que levou todas as 12 tribos unio, pelaprimeira vez, desde Josu.

    Muitos dos Juzes governavam apenas umas poucas tribos; Sanso, somente uma.Samuel persuadiu todas as tribos a abandonar a idolatria que se infiltrara entre elas, e servirsomente ao Senhor. Em seguida, reuniu-as todas em Mizp, onde jejuaram e confessaram osseus pecados (1 Samuel 7.6). Os filisteus entenderam que se tratava de um comcio poltico.A poltica dos filisteus tinha sido a de manter os israelitas separados, e impedir suaunificao. Quando surgiu o exrcito filisteu, os israelitas no se dispersaram.

    Pediram que Samuel orasse. Samuel ofereceu um cordeiro como holocausto, e Deustrovejou contra os filisteus, lanando-os em confuso. Para Israel, sobrou apenas a tarefa defazer uma limpeza daquilo que sobrou do exrcito inimigo. A partir de ento, Samuel

    julgava o povo, e viajava num circuito regular (1 Samuel 7.15-17). De novo, a obra doEsprito Santo fica em evidncia, embora Ele no seja mencionado.

    Perto do fim da vida de Samuel, Israel queria um rei. Samuel no se contentou comisso. Sentiu-se rejeitado, e sabia que o povo queria um rei por um motivo errado. Mas Deuslhe deu um ministrio de profeta e de intercessor por Israel.

    Saul UngidoUma comparao entre a uno de Saul e a de Davi ressalta algumas semelhanas e

    diferenas relevantes. Em ambos os casos, Deus preparou Samuel de antemo para ungi-los.Nos dois casos tambm, Deus deu, depois da ao simblica do derramamento do leo, umderramamento verdadeiro do Esprito Santo.

    Saul, no entanto, parece mais surpreso com a uno do que Davi. Saul, embora fossehomem maduro, no tinha aprendido a buscar o Senhor. Foi o servo dele quem sugeriu queprocurasse Samuel como vidente (aquele que v com discernimento sobrenatural) ou profeta(lSamuel9.6,9). Depois de ungi-lo, Samuel disse a Saul que este se encontraria com vriaspessoas, e, em seguida, com um grupo de profetas com saltrios (harpas triangularespequenas), tambores, flautas e harpas (liras semelhantes a guitarras). Iriam profetizar (falarem prol de Deus com cnticos). O Esprito do Senhor viria sobre Saul, e este profetizariacom eles, e "seria transformado em outro homem" (1 Sm 10.6).

    Na realidade, uma mudana interior sobreveio antes que Saul se encontrasse com os

    profetas. To logo ele deixou Samuel, Deus lhe mudou o corao (1 Samuel 10.9). Poralgum tempo, passou, ento, a profetizar entre esses profetas.Outros trechos indicam que o ministrio dos profetas aumentou durante esse perodo

    (provavelmente depois do reavivamento espiritual registrado em 1 Samuel 7). Um bomnmero de profetas reuniu-se em redor de Samuel, que era seu chefe nomeado por Deus (1Samuel 19.20). Referncias posteriores falam de escolas de profetas onde os homens sereuniam para aprender dos profetas. O ensino era parte importante do ministrio deles. E aadorao tambm. Anteriormente, notamos como Miri, sob a inspirao proftica, tocavatamboril (ou tanta), enquanto dirigia as mulheres na adorao. Sob a liderana de Samuel,muitas msicas e muitos instrumentos musicais foram acrescentados, e esses profetas

    aprendiam a render-se ao Esprito Santo, enquanto tocavam seus instrumentos e cantavamlouvores a Deus.Sem dvida, isto abriu o caminho para a nfase aos instrumentos musicais e aos

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    cnticos que Davi acrescentou adorao oficial dirigida pelos sacerdotes e levitas. Noparece haver precedente para isso. Comeou como uma espontnea atuao do Esprito deDeus. Sendo assim, profetizar em cnticos no dizia respeito previso do futuro.Tampouco as profecias de homens tais como Moiss e Samuel, ou at mesmo Isaas eJeremias, eram assim. A profecia era o falar em prol de Deus. A profecia feita com msica ecom cnticos era simplesmente cantar e tocar para a glria de Deus, sob a inspirao doEsprito Santo.

    Davi apreciava isso de tal maneira que separou levitas para esse ministrio ungidopelo Esprito Santo e incentivou o uso de uma variedade ainda maior de instrumentosmusicais (1 Crnicas 25.1-7). Especificamente, profetizavam "louvando e dando graas aoSenhor", porque eram "instrudos no canto do Senhor" (1 Cr 25.3,7). Isto parece indicar queesperavam a uno do Esprito Santo nos cnticos que aprendiam de Davi.

    Saul, ao ajuntar-se ao grupo dos profetas, transbordou em cnticos, no por causa doentusiasmo deles, no por causa de um impulso de seu prprio interior, no porque tivessealgum talento musical adormecido que aquela msica inspirada havia nele despertado, masporque ele mesmo fora impelido pelo Esprito Santo. Dessa maneira, fora preparado peloEsprito Santo para a tarefa que lhe aguardava. Embora Israel tivesse errado, ao pedir umrei, Deus deu nao um elemento de estatura fsica e de parecer apresentvel, o exato tipoque o povo queria. Mas Ele fez mais do que isso. Preparou-o, transformou-o, e lhe deu doseu Esprito. Os israelitas no poderiam dizer mais tarde que Deus no fizera por eles tudoquanto era possvel.

    Davi UngidoA experincia de Davi foi diferente, pois quando Samuel o ungiu, "desde aquele dia

    em diante o Esprito do Senhor se apoderou de Davi" (1 Sm 16.13). O mesmo verbo usadoaqui, para a vinda do Esprito Santo, como usado no caso de Sanso e do rei Saul. Foi como mesmo mpeto de grande poder. H, porm, uma leve diferena na preposio usada, euma grande diferena na experincia de Davi. O Esprito Santo veio sobre Sanso e Saul. Aexperincia de ambos foram temporrias e intermitentes. Era quase como se o EspritoSanto no estivesse presente com eles (muito embora Ele estivesse ali). O Esprito Santoveio para Davi (ou, provavelmente, para dentro dele). O caso do filho de Jess foidiferente, tambm, no fato de no ter havido nenhuma reao ou sinal externo. Essaquantidade de poder encheu o ntimo de Davi e comeou a preparao para a liderana queDeus lhe daria posteriormente. Mas essa experincia no terminou aps alguns poucosminutos. No dia seguinte, aquele impetuoso movimento do Esprito Santo ainda estava

    presente. "Em diante" , literalmente, "para cima". Era uma experincia ascendente, umaexperincia crescente.Parece significante, tambm, que nada dito a respeito de que foi dado a Davi um

    novo corao ou foi transformado em outro homem.Evidentemente, Davi j conhecia o Senhor. O Salmo 23 provavelmente foi escrito

    quando ele era mais velho, mas certamente reflete a experincia da sua juventude. Comomenino, pastor nas colinas de Belm, contemplava o seu rebanho e dizia: "O Senhor omeu pastor". Nas longas viglias da noite, sob as estrelas cintilantes, seu corao clamava:"Os cus manifestam a glria de Deus e o firma-mento anuncia a obra das suas mos" (SI19.1). O corao de Davi j estava transformado, j estava aberto quando veio o Esprito

    Santo. Da, ento, fluram os cnticos que nos deram uma grande parte do hinrio sacro deIsrael e da Igreja, o livro dos Salmos.Somente por mais duas vezes a Bblia menciona a vinda do Esprito Santo sobre

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    Saul, depois de sua experincia inicial. Saul no foi aceito por todos, no momento em quefoi escolhido rei. Por isso, voltou ao campo. Mas, certo dia, chegaram notcias da ameaados amonitas, de que vazariam os olhos direitos dos homens de Jabes-Gileade, como preode um tratado de paz. Quando Saul soube disso, o Esprito Santo veio sobre ele com grandempeto, e ele liderou Israel numa grande vitria que o estabeleceu no seu trono (1 Samuel11.6,15).

    Saul, no entanto, no confiou no Senhor. Com medo e teimosia, ofereceu umsacrifcio que levou Deus a retirar da famlia dele o direito da sucesso. Os filhos de Saulno teriam direito ao trono. Um homem segundo o corao de Deus tomaria o lugar de Saul;um homem que cumpriria toda a vontade de Jeov (1 Samuel 13.14; Atos 13.22). Unspoucos anos mais tarde, Saul desobedeceu de novo, a despeito de ter sido relembrado dauno do Senhor. Dessa vez, Deus retirou de Saul o direito de serrei. A partir de ento, Saulreinou sem o apoio nem a autoridade de Deus (1 Samuel 15.1,19,26). Fracassou, porque nocompreendia que a religio espiritual promovida no Antigo Testamento no era meraquesto de ver milagres e de obter vitrias. Era questo de obedincia e de f.

    Depois de Samuel ter ungido a Davi, o Esprito do Senhor retirou-se de Saul (1Samuel 16.14). Logo, o Esprito Santo estava com ele (disponvel para ele) entre os grandesmpetos de poder; assim como tambm estivera com Sanso. Esse trecho tambm deixaclaro que, quando o Esprito do Senhor se retira, o prprio Senhor tambm vai embora. (VerJuzes 16.20).

    Um Esprito Mau da Parte do SenhorQuando o Esprito do Senhor se retirou, Deus no deixou Saul simplesmente sozinho

    para seguir seu prprio caminho. "Um esprito mau da parte do Senhor" o assombrava(aterrorizava) (1 Sm 16.14,16,23; 18.10; 19.9). Isso difcil para a nossa compreenso. No indicado que esse esprito era um demnio, porque viera da parte do Senhor. Algunsentendem que o esprito mau era da parte do Senhor no sentido restrito de ter sido permitidopor Deus. Mas o texto hebraico parece mais enftico do que isso. Na realidade, em 1 Samuel18.l0 a expresso abreviada para mau esprito de Deus, e em 19.9 para mau esprito doSenhor (Jeov). Vinha com bastante freqncia (1 Samuel 16.23), e pelo menos em umaocasio levou Saul a "profetizar" (1 Samuel 18.10).

    possvel que uma chave para o entendimento disso se ache em Isaas 45.7 ondeDeus diz: "Eu formo a luz, e crio as trevas; eu fao a paz, e crio o mal". Aqui, o mal oinverso da paz (que inclui o bem-estar, a sade, a prosperidade e a bno) e no o inversodo bem. Deus nunca o autor do mau moral, do pecado. Mas o Deus santo que envia

    juzos contra os pecadores, assim como Ele fez contra o Egito (xodo 12.12).A palavra mal tambm traduzida por adversidade, aflio e calamidade. Deusfreqentemente se referia aos seus juzos, dizendo que traziam o mal (1 Reis 21.20; 22.18;Jeremias 4.6; 6.19). Mais tarde, Sofonias (1.12) profetizou o juzo divino contra as pessoasdescuidadas que se acomodavam em seus pecados e que diziam: "O Senhor no faz bemnem faz mal". O esprito que o Senhor enviou sobre Saul no era, portanto, nem um espritomau nem um demnio no sentido do Novo Testamento, mas um esprito de julgamento.Alguns o comparam com 1 Reis 22.19-23. Outros entendem que como um anjo davingana.

    A causa desse juzo contra Saul foi, portanto, plenamente sobrenatural. O que ele

    tinha no era mera doena, enfermidade, ou distrbio mental. Esse esprito de juzo oatingiu, precipitando-se sobre ele e para dentro dele. A graa de Deus foi retirada, mas ojuzo divino permaneceu em operao.

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    Alguns entendem que a msica de Davi, que aquietava a Saul, demonstra que adimenso natural afeta a sobrenatural.(14) E verdade que a Bblia no estabelece uma claradistino entre ambas, e nem ns conseguimos estabelec-la dentro da nossa experincia.Devemos lembrar-nos, porm, que Davi no era um harpista comum. Era ungido peloEsprito Santo.

    O Profetizar de SaulO "profetizar" de Saul sob a influncia desse esprito sobrenatural de juzo tambm

    de difcil compreenso (1 Samuel 18.10). E provvel que no fosse profecia normal. Amesma forma desse verbo, s vezes, aplicada s manifestaes de delrios e de ira dosprofetas pagos. Posto que esse esprito de juzo aterrorizava Saul (16.14), possvel queesse "profetizar" tambm assumisse a forma de elocues incontrolveis.

    Devemos reconhecer, tambm, que esse "esprito de juzo" no est na mesmacategoria do Esprito do Senhor, embora Saul tivesse profetizado sob sua influncia. Esseesprito que foi enviado da parte do Senhor era sujeito vontade do Senhor. O EspritoSanto, porm, o prprio Deus agindo diante de uma situao.C9)

    Um evento ainda mais estranho o "profetizar" de Saul diante de Samuel, quandoesse estava perseguindo Davi(l Samuel 19.20-24). Trs vezes, Saul enviou mensageiros paraprender Davi. Quando, no entanto, vieram a Samuel, que estava em Rama, e dirigia umgrupo de profetas. O Esprito do Senhor veio tambm sobre os mensageiros de Saul e elescomeavam a profetizar. A inspirao e a bno do Senhor levou-os a esquecer-se de suamisso, ou a mudar de idia a respeito disso.

    Em seguida, o prprio Saul resolveu ir at Samuel e prender Davi. Vestido com suasvestes reais, esperava descer at l e intimid-los. Mas o Esprito do Senhor veio sobre eleantes que encontrasse Samuel, e comeou a profetizar. Ao chegar diante de Samuel, despiu-se de seus vestidos reais e esteve "nu" (vestido somente com sua tnica), prostrado, eprofetizou durante toda a noite.

    Aqui a situao bem diferente da ocasio em que o Esprito Santo veio sobre elepela primeira vez, depois de ter sido ungido. No caso presente, o Esprito Santo veio sobre(e no "precipitou-se sobre") ele antes que ele se encontrasse com os profetas. Desta vez,resistia ao Esprito Santo. Ao invs de ser preparado para a realeza, ele se despiu de seusvestidos reais. Ao invs de profetizar entre os profetas, deitou-se no cho. No h evidnciade que assim tenha feito com o intuito de se humilhar diante de Deus. At mesmo seu"profetizar", nesse caso, tenha sido mais como delrios provenientes de sua resistncia aoEsprito. Assim, Deus mostrou que Ele era soberano, e Davi teve a oportunidade de escapar.

    Davi e os SalmosQue o Esprito Santo continuou a habitarem Davi indicado em sua orao, quando

    ele pediu perdo a Deus, depois do seu grande pecado: "No retires de mim o teu EspritoSanto" (SI 51.11). A sua verdadeira atitude de arrependimento nessas coisas est em ntidocontraste com o rei Saul, que s vezes reconhecia seu pecado depois de ter sido pego emflagrante, mas que nunca demonstrou genuno arrependimento. Pelo contrrio, Saul voltavaimediatamente a fazer as mesmas coisas.

    E relevante, pois, que Davi reconhece o Esprito de Deus como o Esprito Santo. provvel que no tenha usado o nome com pleno reconhecimento da personalidade

    distintiva do Esprito Santo, que o que vemos no Novo Testamento. Mas certamente vque o Esprito Santo est pessoalmente ativo em relao s necessidades dele.A totalidade do Salmo 51 digno de estudo nessa conexo, especialmente os

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    versculos imediatamente antes e depois do versculo 11. "Cria em [para] mim um coraopuro [sem mistura]" (v.10). Criar uma palavra usada na Bblia exclusivamente a respeitoda atividade sobrenatural de Deus, sem precedentes. Davi no poderia faz-lo por contaprpria. O mesmo versculo continua: "Renova [restaura] em mim [no ntimo do meu ser]um esprito reto [firme, inabalvel, fiel, fidedigno]". Trata-se do seu esprito humano que opecado despojara do seu firme propsito de fazer a vontade de Deus e de estar pronto paraavanar juntamente com Ele. "No me lances fora da tua presena" (v. 11). A presena deDeus forma um paralelo com a do seu Esprito Santo. Mediante o Esprito Santo, Davitomava conscincia da presena de Deus. O fato que o Esprito Santo ainda lidava com eledemonstrava-lhe que Deus ainda no o expulsara, nem o abandonara completamente. (Ver 1Corntios 9.27). "Torna a dar-me a alegria da tua salvao" (v.12). Durante um ano, pensavaque tinha encoberto o seu pecado. Mas foi somente quando Nata o repreendeu que despertoupara a realidade: a alegria j se fora. "E sustm-me [ajuda-me] com um esprito voluntrio[teu Esprito generoso]" (v.12). O Esprito que santo tambm generoso.(20) (A palavravoluntrio a mesma palavra que fala de coraes dispostos e de ofertas voluntrias emxodo 35.5,22). Davi queria a ajuda do Esprito Santo para sustent-lo, no meramente paraguard-lo de resvalar de novo, mas de sorte que Davi pudesse ensinar os outros e levar ospecadores ao Senhor (v.13).

    A orao de Davi foi atendida. No somente o Senhor o restaurou, mas ele pdeassim dizer, no fim da sua vida: "O Esprito do Senhor falou por mim [em mim], e a suapalavra esteve em minha boca" (2 Sm 23.2). Davi ainda era o ungido de Deus, "o suavesalmista [em tocar harpa e cantar] de Israel" (2 Sm 23.1).

    Davi se recusara por duas vezes a matar o rei Saul porque ele era o ungido doSenhor. Ora, Davi era o ungido (Hebraico, meshiach. Messias) num sentido muito melhor.Nessa condio, ele se tornou um tipo que apontava para o futuro Davi maior, que overdadeiro Messias, o Profeta, Sacerdote e Rei ungido por Deus.

    H apenas algumas poucas e curtas referncias sobre o Esprito Santo em relao aDavi. 1 Crnicas 28.12 indica que a planta do templo veio a Davi pela inspirao divina doEsprito Santo.(21)

    No Salmo 139.7, Davi perguntou: "Para onde me irei do teu Esprito, ou para ondefugirei da tua face?" No queria dizer, com isso, que chegaria a fazer tal coisa.Simplesmente est reconhecendo que o Esprito Santo, o poder, e a presena de Deus estoem todos os lugares.

    O Salmo 143.10 reconhece que o Esprito de Deus bom. O versculo pode sertraduzido: "Ensina-me [faz-me realmente aprender] a fazer a tua vontade, pois s o meu

    Deus; guie-me o teu bom Esprito por terra plana" (onde no haver tropeos, nemimpedimentos retido, nem barreiras ao progresso espiritual).Uma referncia adicional, em 1 Crnicas 12.18, indica que o Esprito Santo veio

    sobre (vestiu como roupa, encheu) Amasai para dar uma palavra de encorajamento a Davi.(A mesma palavra hebraica usada no tocante a Amasai quando foi usada para Gideo emJuzes 6.34).

    SalomoEmbora Salomo conhecesse a inspirao e o dom da sabedoria que provm do

    Esprito Santo, fala uma s vez a respeito do Esprito. Em Provrbios 1.23, a Sabedoria

    exclama: "Eis que abundantemente derramarei sobre [para] vs o meu Esprito, e vos fareisaber [por experincia prpria] as minhas palavras". A sabedoria aqui personificada asabedoria divina, a sabedoria da parte de Deus. Derramar mais freqentemente usado no

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    sentido de derramar uma torrente de palavras. E usado, tambm, para um derramamentomaior do Esprito Santo no futuro, derramamento este que tem ligao com umderramamento de palavras pelas quais o Esprito Santo se expressa.

    Reis e CrnicasO Esprito Santo mencionado no restante dos livros dos Reis e das Crnicas

    somente em conexo com os profetas. Quando o reino foi dividido, aps a morte deSalomo, os reis das 10 tribos do norte (que adotaram o nome de Israel) caram muito nonvel espiritual. Todos adoravam os bezerros de ouro que Jeroboo havia exigido em Betel eD. Muitos caram na mais grosseira idolatria. Mesmo em Jud, embora houvessereavivamentos sob o reinado de Asa, de Josaf, de Ezequias e de Josias, a maioria dos reisafundou-se em prticas idolatras. Sendo assim, embora os reis tenham conduzido a trajetriada Histria, os profetas falavam em prol de Deus e lanavam as bases para o futuro.

    Isso se v na prpria estrutura dos livros dos Reis. Esses reis so apresentadosmediante uma frmula fixa. Outra frmula fixa menciona a concluso do reino deles. Osreis, como um todo, so apenas o arcabouo nos livros dos Reis. Para apresentar os profetas,no entanto, no h