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Evangelismo Transcultural IMS 1 INTRODUÇÃO I. Desde a queda da raça humana Deus tem traçado um plano para restaurar o homem e traze-lo de volta. Deus é um arquiteto por excelência e sempre elabora planos perfeitos que revelam sua sabedoria e organização. Mesmo que tenhamos certo grau de liberdade para usar da própria criatividade dada por Deus, devemos seguir as instruções deixadas por Ele. EXEMPLOS 1. CRIAÇÃO DO UNIVERSO “Os céus por sua palavra se fizeram, e pelo sopro da sua boca o exército deles... Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” (cf. Sl 33.6,9) O relato de Gênesis diz: “e viu Deus que tudo era bom” 2. A ORDEM A NOÉ Quando Deus ordenou que Noé edificasse uma arca, Ele deu orientações específicas que deveriam ser seguidas. O texto diz que “fez Noé, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara” (cf. Gn 6.22) 3. A INSTRUÇÃO A MOISÉS As instruções dadas a Moisés na edificação do tabernáculo foram bem detalhadas, indicando exatamente como a habitação de Deus entre o povo deveria ser feito. Deus disse: “Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte” (cf. Hb 8.5) II. Com a edificação da igreja não é diferente (seu corpo e habitação). Ele tem deixado instruções claras que devem ser seguidas se queremos alcançar os resultados desejados. Quais seriam alguns destes resultados? Quantidade de salvos? Resultados rápidos? Comportamento e liturgia? Quais seriam alguns seus resultados desejados? ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ III. É verdade que as orientações se referem mais ao conteúdo da mensagem do que ao método, mas com certeza existem aplicações importantes quanto aos métodos que utilizamos.

Evangelismo Transcultural IMS€¦ · Evangelismo Transcultural IMS 3 IV. Conhecendo estas verdades básicas, podemos chegar a algumas conclusões óbvias que devem direcionar nosso

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Evangelismo Transcultural IMS

1

INTRODUÇÃO

I. Desde a queda da raça humana Deus tem traçado um plano para restaurar o homem e

traze-lo de volta. Deus é um arquiteto por excelência e sempre elabora planos perfeitos

que revelam sua sabedoria e organização. Mesmo que tenhamos certo grau de liberdade

para usar da própria criatividade dada por Deus, devemos seguir as instruções deixadas

por Ele.

EXEMPLOS

1. CRIAÇÃO DO UNIVERSO

“Os céus por sua palavra se fizeram, e pelo sopro da sua boca o exército deles... Pois ele

falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” (cf. Sl 33.6,9)

O relato de Gênesis diz: “e viu Deus que tudo era bom”

2. A ORDEM A NOÉ

Quando Deus ordenou que Noé edificasse uma arca, Ele deu orientações específicas que

deveriam ser seguidas.

O texto diz que “fez Noé, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara” (cf. Gn 6.22)

3. A INSTRUÇÃO A MOISÉS

As instruções dadas a Moisés na edificação do tabernáculo foram bem detalhadas,

indicando exatamente como a habitação de Deus entre o povo deveria ser feito.

Deus disse: “Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no

monte” (cf. Hb 8.5)

II. Com a edificação da igreja não é diferente (seu corpo e habitação). Ele tem deixado

instruções claras que devem ser seguidas se queremos alcançar os resultados desejados.

Quais seriam alguns destes resultados?

Quantidade de salvos?

Resultados rápidos?

Comportamento e liturgia?

Quais seriam alguns seus resultados desejados?

______________________________________

______________________________________

______________________________________

III. É verdade que as orientações se referem mais ao conteúdo da mensagem do que ao

método, mas com certeza existem aplicações importantes quanto aos métodos que

utilizamos.

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Algumas orientações e suas aplicações:

MT. 28:18–20

Neste texto existem várias ordens deixadas por Cristo.

Ir e fazer discípulos

Ir a todas as nações

Batizar e ensinar todas as coisas

Quais são algumas aplicações práticas deste texto, pensando no trabalho missionário?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Nossa tarefa principal não é apenas a evangelização e sim o discipulado.

Nossa tarefa é mundial, incluindo assim as barreiras geográficas, políticas, culturais e lingüísticas.

I CO 15.1–4

Neste texto somos relembrados da simplicidade da mensagem salvadora.

Algumas implicações:

A essência da mensagem não deve, nem pode ser mudada. Qualquer acréscimo ou

mudança na mensagem é inaceitável.

É possível crer em vão – podemos chamar isso de sincretismo?

Atrair pessoas a Cristo através de propagação de milagres, curas, sinais, etc., foge da

essência do evangelho.

GL 1.6–9

Há o perigo, e a possibilidade, de se apresentar um “outro” evangelho.

Qualquer elemento que não seja a pura graça de Deus perverte a mensagem.

Fórmula do outro evangelho:

g + x = outro evangelho

Culturas animistas são totalmente direcionadas pela preocupação de agradar e manipular os

seres espirituais, portanto, todo cuidado deve ser tomado para evitar qualquer crença ou

prática desta natureza.

O evangelho é um prato cheio para um animista, devido ao misticismo e ritualismo.

RM 10.9,10

A salvação é o resultado de um entendimento simples, porém, claro da obra redentora de Cristo, aplicada ao coração e evidenciada pela vida.

A verdadeira fé não é o resultado de um entendimento intelectual, mas sim do coração. A verdadeira fé é aceita pelo intelecto (entendimento) que a confessa em palavras de entendimento.

Graça Qualquer outro elemento

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IV. Conhecendo estas verdades básicas, podemos chegar a algumas conclusões óbvias que devem direcionar nosso esforço missionário. 1. O evangelho deve ser pregado a todas as pessoas em todos os lugares em todas as

línguas e culturas existentes.

2. A essência do evangelho nunca pode ser mudada.

3. A salvação é o resultado de um entendimento intelectual e espiritual. Isso requer uma explicação que:

Preencha as lacunas e vazios do entendimento do ouvinte.

Esclareça diferenças claras entre suas velhas crenças e as Boas Novas.

Crie convicção de uma nova cosmovisão na mente do ouvinte de maneira aplicável à sua própria cultura.

V. O evangelismo não é uma finalidade em si só, mas sim o primeiro de três macro estágios:

Evangelismo ⇒ Discipulado ⇒ Formação de uma Igreja Madura

O objetivo final do empreendimento missionário não se limita ao evangelismo das pessoas, é necessário um trabalho de discipulado e principalmente, estar visando uma igreja madura. O que seria uma igreja madura? __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________

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ENTENDENDO O MÉTODO CRONOLÓGICO

I. Existem diversos métodos de evangelização. Não podemos afirmar que um método é o

correto, dando a entender que os demais não são. Naturalmente existem métodos com

melhor aplicabilidade em áreas distintas, porém é evidente que o conteúdo é mais

importante que o método.

1. As quatro leis do evangelho.

2. Evangelismo explosivo.

3. Uso de folhetos e filmes.

4. Campanhas evangelísticas (na igreja, na praça, em estádios....)

5. Evangelismo tradicional – corpo a corpo.

6. O testemunho de vida e uso de oportunidades.

7. Cronológico

Qual tem sido sua experiência com o evangelísmo? Abrir para alguns compartilhar experiências

positivas e negativas.

II. O uso da palavra “Método” é determinante em nosso entendimento desta matéria e da

aplicação da mesma.

MÉTODO – UM MANUAL DE EVANGELISMO.

Infelizmente alguns têm entendido este método desta maneira, tornando-o algo quase que

“inspirado”.

Tradução literal do material original.

Limitando-se às lições previamente preparadas.

Achando que o resultado é garantido.

Usando o mesmo método em todas as áreas de ensino.

MÉTODO – UMA FERRAMENTA UTILIZADA DE ACORDO COM A NECESSIDADE.

Liberdade de adaptá-lo para o ambiente.

Liberdade para incluir ou diminuir material às lições.

Valorização de outras maneiras de evangelizar.

III. O método cronológico de ensinar a bíblia foi o resultado de uma busca por um estilo de

evangelismo que fosse mais eficiente no trabalho transcultural em ambientes tribais.

IV. Buscava-se um meio organizado de construir alicerces de entendimento bíblico na mente

de pessoas com cosmovisão animista. O método tradicional de apresentar o evangelho

tende a resultar em bastante sincretismo, pois não fornece uma base sólida sobre

assuntos importantes para a compreensão correta do plano redentor, tais como:

O caráter de Deus - eternidade, soberania, santidade, justiça, graça, etc.

A origem de todas as coisas - espíritos bons e maus, universo, humanidade, pecado,

etc.

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A situação em que a humanidade se encontra - pecado original, existência do inferno,

nossa incapacidade de agradar a Deus.

O plano de Deus através dos séculos - Adão e Eva, sacrifícios, nação de Israel, vinda de

Cristo.

V. Trevor McIlwain, missionário Australiano entre o povo Palawano nas ilhas Filipinas,

desenvolveu e organizou este método de evangelismo e ensino. Naturalmente muitos

outros tem contribuído com sugestões e acréscimos a esta ferramenta. Atualmente

existem diversas publicações de materiais cronológicos.

VI. É necessário entendermos algumas divisões que são usadas na apresentação deste

material.

1. ETAPAS Períodos no trabalho como um todo

As etapas se referem a blocos, ou períodos, específicos no trabalho missionário.

(veremos isso com detalhe no decorrer da matéria).

Pré-evangelismo

Período que antecede à apresentação do evangelho, dando ênfase ao preparo do

missionário e ao desenvolvimento de interesse pelo povo.

Evangelismo

Apresentação ordenada do evangelho começando em Gênesis e indo até a ascensão

de Cristo.

Discipulado

Ensino aos novos convertidos dando-lhes bases sólidas para sua fé e conduta.

Preparando a igreja para continuarem sem a presença do missionário.

Retirada

A saída planejada e progressiva do missionário deixando uma igreja madura com

liderança própria.

2. FASES Sequência de ensino

Fase I Evangelismo

Uma síntese da história da redenção de Gênesis à ascensão.

Fase II Para Novos Convertidos

Recapitulação da fase 1 com temas alterados, preparando para o ensino de Atos a

Apocalipse.

Fase III Para Novos Convertidos

Síntese de Atos, dando ênfase ao desenvolvimento de padrões para a igreja Neo-

Testamentária.

Fase IV Para Novos Convertidos

Uma síntese do restante do Novo Testamento com o propósito de firma-los em sua

nova posição em Cristo, seu andar com Cristo e a função da igreja local.

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Fase V Para Crentes Maduros

Síntese de Gênesis à ascensão com ênfase nos métodos de Deus para a santificação e

amadurecimento de seus filhos.

Fase VI Para Crentes Maduros

Uma análise detalhada de Atos.

Fase VII Para Crentes Maduros

Uma análise detalhada do restante do Novo Testamento.

3. VOLUMES Sequência de materiais usados no ensino

Este material foi dividido em volumes menores para facilitar o uso do mesmo. É

importante saber que os volumes não correspondem necessariamente às fases.

Volume 1 Diretrizes para Evangelismo e Ensino de Crentes

Volume 2 Evangelismo – O Velho Testamento

Pg 1 – 67 = Introdução

Algumas orientações para o Pré-evangelismo

Orientações práticas para principiantes

Obs: Podem se aplicar, ou não a Fase I - Lições 1–42 Criação – Cristo

Volume 3 Evangelismo – O Novo Testamento

Fase I - lições 43 – 68 Nascimento - Asenção

Volume 4 Ensinando novos Crentes (Gênesis – Atos)

Pg 1 – 78 = Orientações para a formação da igreja.

Fase II – lições 1 – 12 Recaptulação do V.T.

Fase III – Lições 1 – 14 Temas específicos de Atos

Volume 5 Ensinando novos Crentes (Romanos e Efésios)

Fase IV

Obs: Os demais Volumes ainda não foram traduzidos para o Português.

4. MATERIAIS

Com o passar do tempo, outros materiais foram elaborados seguindo o mesmo

método de estudo, mas visando grupos diferentes.

Construindo Sobre Alicerces Firmes

Material original do método cronológico elaborado por Trevor McIlwain, visando o

evangelismo e discipulado de povos tribais. São 7 volumes, sendo que 5 foram

traduzidos para o Português.

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Alicerces Firmes – Da Criação a Cristo

Material preparado para uso de evangelismo e ensino na igreja. Este material visa dar

um guia para estudos evangelísticos, com não índios, bem como estudos bíblicos com

salvos.

As primeiras 62 páginas contém o mesmo material que o volume 1 de

“Construindo Sobre Alicerces Firmes”.

As Páginas 63–93 são instruções para Pastores e professores de Escola Bíblica

Domincal, adaptado para o contexto de igreja.

São 50 Lições que vão da Criação à ascensão de Cristo.

Alicerces Firmes – Manual do Professor e Caderno do Aluno

Outros Materiais

Para crianças, DVD das lições, Figuras e Mapas, etc

Ainda outros materiais originaram com o mesmo método, tais como: Deus Revelado

no Contexto; O Estranho no Caminho de Emaús; Evangelismo Cronológico.

5. OBSERVAÇÕES

O “Cronológico” não é um comentário bíblico. O objetivo deste material não é

fornecer um comentário verso por verso das Escrituras. Este material é dividido em

lições, sendo que cada uma tem um objetivo e constrói sobre a que a antecede.

O cronológico traça uma linha da obra redentora de Cristo através dos acontecimentos

principais do V.T., porém não incluindo toda a história vetero testamentária.

Deve-se entender claramente que esta ferramenta é apenas um método e não a

“forma divina” de evangelizar.

6. VANTAGENS E CUIDADOS AO ENSINAR CRONOLOGICAMENTE

Vantagens do Método

Diminui o risco de Sincretismo.

É mais semelhante ao método de ensino usado por culturas ágrafas (verbal,

baseado em narrações históricas com aplicação)

Dá ao missionário um plano sequencial de lições.

Proporciona um meio para construir conhecimento de vários aspectos importantes

nos ouvintes.

A aplicação correta do ensino pode corrigir falsas crenças (animismo) na mente do

receptor de forma mais natural.

Ao se converter as pessoas já terão um bom entendimento das verdades

fundamentais da Bíblia.

Os método tradicionais de estudar doutrinas tendem a separá-las do ensinamento

global das escrituras. Este método coloca-as dentro do seu contexto histórico na

revelação divina.

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7. Cuidados que devemos tomar ao usar o método cronológico

Extremismo – pode ser visto como o único meio de se evangelizar alguém.

Pensar que os resultados sempre serão os esperados.

Usar o método de forma mecânica sem dependência do Espírito Santo.

Seguir as lições da maneira em que foram elaboradas, sem contextualizá-las para a

nossa realidade.

Não usar outros métodos e ensinos para preencher lacunas.

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VISÃO LINEAR DO TRABALHO MISSIONÁRIO

ÁREAS DO PROGRAMA

TRIBAL

PRÉ-EVANGELISMO

EVANGELISMO

CULTURA

Iniciar o LA

Estudos Preliminares

Cultura Material

Cultura Econômica

Cultura Social

Cultura Política

Mapeamento; Aldeia

Parentesco; Moradores

Iniciar/Colher

Textos Culturais

Cosmovisão

Arte, etc

Dar continuidade ao LA; colhendo e

arquivando o conhecimento Cultural

Cultura Política – liderança tribal

Cosmovisão

Arte

Mapeamento das Informações

Início de comparações das lições

LINGÜÍSTICA

Fonologia

Preliminar

Ortografia

Preliminar

Início do

Dicionário

Início da

Análise

Gramatical

Início da

Análise

de

Discurso

Ortografia

APROVADA

Continuidade da

coleção de textos

APRENDIZAGEM

Etapa I

Expressões úteis

Lições com

diálogo

Etapa II

Lições com

diálogos

básicos

Etapa III

Lições com

textos simples

Etapa III nível Alto

Continuação: lições

com textos.

Familiarizar-se com

análise de texto

Etapa IV

Trabalhar com textos

complicados

Expressões

idiomáticas

Piadas

Iniciar Gramática

Pedagógica

Vocab. espiritual selecionado Vocabulário espiritual - extensivo

EDUCAÇÃO

INDÍGENA

Atividades

Pré-

Alfabetiza-

ção

Cartilhas

Enício do

ensino

para testar

as

Cartilhas

(Ortografia

preliminar)

1a Edição

das

Cartilhas

Avaliação

da

Alfabetiz.

Início da

Alfabet.

num

ambiente

de

Escola

Treinar

Autores

indígenas

Iniciar

ensino

em

Português

(oral)

Editar

Litera-

tura

Indígena

ESCRITURA EM USO

Literatura útil

visualizada

Posters

variados

Fitas

Calendários

Livrinhos para

Colorir

Versículos

Para

Memorização

“Como os

Judeus

Vivem”

Parte 1

Estudos

simples para

Escola

Dominical

TRADUÇÃO

BÍBLICA

Início da Tradução

Histórias do VT e NT

Lições do Cronológico Fase I (68 lições)

Livro de Gênisis (Opcional)

ENSINO BÍBLICO

E PLANTAÇÃO DE

IGREJA

Início do Evangelismo Cronológico

DESENVOLVI-

MENTO DE

PROJETOS

Treinamento

de autores

indígenas

Treinamento

de Ajudantes

na análise e

Tradução

Treinamento

de

professores

indígenas

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Evangelismo Transcultural IMS

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PRÉ-EVANGELISMO

I. DEFINIÇÃO

A. O período de pré-evangelismo é o tempo que o missionário tem desde a sua chegada

ao trabalho até que esteja preparado para iniciar o estudo bíblico (evangelismo) em

grupo ou individual.

B. Durante este período a equipe missionária deve ter alvos específicos que os levem a

um bom preparo para a fase seguinte (visto no gráfico – pg. 11)

C. De modo geral o pré-evangelismo tem duas finalidades principais:

Preparar o missionário

Preparar o povo

D. As atividades realizadas durante este período devem ser planejadas e executadas

tendo em mente o objetivo final do trabalho – deixar uma igreja indígena forte e

madura.

E. Imagine uma família residindo em um barraco num morro. Eles buscavam um lugar

para construir sua casa, porém sem recursos para comprar um lote e construir uma

boa casa.

F. Participam de uma invasão, mesmo sabendo dos perigos e da ilegalidade do

movimento. Constroem uma casa na beira de um barranco, sem alicerces e usando

material de qualidade ruim.

G. Agora imagine um fiscal da prefeitura chegando nesta casa para fazer uma vistoria. O

fiscal sabe que a casa foi construida de forma ilegal, numa propriedade sem

documentação usando materiais de qualidade ruim. A tarefa do fiscal é convencer os

moradores disso e lavá-los a mudar-se para outra casa.

Essa será uma tarefa fácil?

Quais são alguns pré-requisitos para que este fiscal tenha êxito em sua missão?

Ele precisa estar convencido de que esta situação deve e pode ser mudada.

Ele precisa convencer os moradores do perigo eminente que correm em continuar residindo ali.

Ele precisa ter uma proposta sólida para oferecer a estes moradores.

H. Usando esta analogia, o trabalho missionário não é o de edificar um prédio em um

terreno baldio. O terreno onde vamos construir é um lote usado com uma “moradia”

(na realidade uma armadilha) de satanás. Esta fortaleza tem sido ocupada por muito

tempo pelo diabo e suas hostes para aprisionar os moradores ( II Cor. 10:4).

II. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A. Boa parte do “sucesso” de nosso trabalho evangelístico se deve ao grau de preparo

que obtemos no período de pré-evangelismo.

B. Nosso “desejo” de pregar o evangelho e conduzir pessoas a Cristo pode ser um

tropeço se isso nos levar a negligenciar alguns elementos importantes no preparo para

o evangelismo.

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C. O período de pré-evangelismo não é definido por um “prazo” e sim por objetivos

alcançados. O maior peso recai sobre o missionário e sua diligência em definir e

alcançar estes objetivos. Deve-se ter um equilíbrio entre a “pressa” (desejo de alcançar

o povo) e a persistência em estar preparado para tal tarefa.

III. PREPARO DO MISSIONÁRIO

A. Se pudéssemos fazer uma distribuição percentual da participação de cada integrante

no trabalho missionário e nos seus resultados, possivelmente teríamos algo assim:

25% dependente do missionário (preparo, planejamento, estudo).

25% dependente do povo (interesse, frequência nos estudos, etc).

50% operação de Deus na mente e coração do povo.

B. Nota-se (se estes números podem ser atribuidos desta maneira) que o misionário só

tem participação em 25% do trabalho. O restante está fora de seu controle. Isso pode

ser visto como algo desmotivador. Na realidade isso deve nos motivar pois na

realidade ainda somos responsáveis por 1005 daquilo que está em nosso alcance,

porém devemos nos esforçar diligentemente por fazer tudo que podemos da melhor

maneira que sabemos!!!!

Preparo Pessoal

a. Cultura

Durante este período o missionário deve aplicar boa parte de seu tempo e

esforços no estudo da cultura. O estudo da cultura tem diversas finalidades e

está diretamente ligada aos resultados do trabalho.

Conhecer o povo com quem escolhemos viver e nos relacionar. Saber como

eles agem, pensam e acreditam.

Direcionar a conduta do missionário a fim de saber como deve agir na vida

diária sem ofender as pessoas com quem convive.

Estimular bons relacionamentos com as pessoas. Queremos minimizar tanto

quanto possível abismo cultural entre nós e o povo.

Conhecer a cosmovisão (crenças, valores, medos, etc.) do povo a fim de

aplicarmos o ensino de forma direcionada às suas necessidades.

b. Língua

Atingir fluência na língua (nível 3 alto) possibilitando-nos a comunicar com

clareza a mensagem bíblica.

Ter conhecimento gramatical suficiente para preparar material de

alfabetização, lições bíblicas, etc.

Conhecer terminologia espiritual suficiente para dar o ensino sem produzir

falhas de entendimento.

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Evangelismo Transcultural IMS

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c. Espiritual

O início do ensino marca um momento histórico na vida desta etnia. Pela

primeira vez a Palavra de Deus está sendo propagada em território até

então dominado por Satanás. Certamente haverá inúmeras tentativas do

inimigo para não permitir que isso aconteça.

Relacionamento da equipe – parece ser uma área que o inimigo tem usado

para frustrar o trabalho. Portanto a equipe deve estar bem unida em oração

e propósito para não ser surpreendida.

Preparo de Material

a. Textos Bíblicos e Lições traduzidas.

Uma vez que iniciamos o ensino teremos que seguir um rítimo e manter os

ouvintes interessados. Se tivermos que parar por não ter material preparado

isso causará frustração na mente deles.

É importante ter bastante material (lições e porções bíblicas) já preparado

para podermos ir até o final.

b. Materiais Visuais e Didáticos

Pessoas que não tem como hábito ouvir um monólogo, terão dificuldade em

se concentrar e ouvir um estudo prolongado se não tiver algo que prenda sua

atenção.

Preparo Estratégico

a. Provavelmente a cultura do povo com quem estamos trabalhando irá determinar

grandemente alguns aspectos quanto à forma que usaremos para ensinar.

b. Devem-se buscar os meios que terão melhor aceitação por eles e ser criativo para

alcançar o maior número de pessoas possível.

c. Local

Precisamos lembrar que no início estamos evangelizando, mesmo que num

ambiente de reunião (não é um culto), portanto não devemos estimular a

construção de uma “igreja”.

A definição do local deve seguir alguns princípios básicos:

Vamos dar o ensino a um grupo, pessoas de diferentes núcleos familiares,

sexo e idade, ou a famílias?

Existem inimizades entre o grupo que causariam o constrangimento de

alguém se reunir com outros.

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Existem clãs entre eles que restrigeria um grupo de se reunir com outro, ou

no “território” do outro grupo?

Existem lugares “sagrados” que poderiam afetar a compreensão deles

quanto aos motivos de estarem reunidos ali?

d. Horário

É bem provável que as pessoas com quem vamos trabalhar não sejam

orientadas pelo relógio e sim por períodos de tempo ou atividades.

Somente com uma boa compreensão disso é que poderemos nos adaptar

melhor ao seu sistema. Neste ponto deve haver um equilíbrio, pois

pracisamos ser sensíveis à cultura e ao mesmo tempo certificar que vamos

iniciar o estudo e dar sequência ao mesmo.

e. Frequência

Basicamente a frequência dos estudos será determinada por dois fatores:

1. O interesse daqueles que estão assistindo.

2. O estilo de vida do grupo:

Se forem caçadores poderão sair para caçar por períodos.

Se forem agricultores terão períodos de planta e colheita.

f. Inclusão

g. Precisamos lembrar que nosso objetivo é a Plantação de uma Igreja e queremos

que ela seja representada por pessoas de idade, sexo e status variados. Queremos

alcançar a todos, inclusive os marginalizados, portanto vamos buscar meios para

incluir a todos.

h. Em algumas culturas somente os homens participam de reuniões onde assuntos

importantes são tratados.

Em casos semelhantes a este vamos ter de buscar alternativas, tais como:

Repetir o ensino em outros ambientes.

As mulheres darem o estudo para mulheres e crianças

Dar o estudo para o grupo (que pode assistir) e ir de casa em casa conversando

sobre o ensino posteriormente.

i. Estas são apenas algumas possibilidades, mas cada um terá de buscar os melhores

meios na cultura que está trabalhando.

IV. PREPARO DO POVO

a. Outro fator fundamental que deve acontecer durante este período de pré-

evangelismo é o “preparo” do povo. É evidente que isso não ocorre de maneira

controlada (como que em sala de aulas), mas sim no decorrer da vida diária. O

missionário deve ter um planejamento e alvos específicos, mesmo que as pessoas com

quem ele está vivendo não saibam disso.

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b. Buscando Aceitação

O pré-evangelismo é iniciado no momento em que o missionário pisa na aldeia. A

maneira de viver e se relacionar com o povo vai influenciar nossa aceitação por

eles.

Pode ocorrer a rejeição de um povo pelo missionário. O quanto antes começarmos

a ter noção dos princípios básicos da cultura e as formas do comportamento

adotadas, menor a chance de haver rejeição.

Existem alguns princípios básicos que poderão nos ajudar em qualquer cultura:

Alegria – Um sorriso e um rosto alegre são sempre apreciados.

Amizade genuina e aceitação podem transender diferenças culturais.

Carinho com crianças, respeito com todos e atenção aos idosos são sempre

bem-vindos.

Valorização às pessoas e sua maneira de ser – comida, ser atencioso,

elogiar, etc.

c. Buscando Interesse

Nós temos uma mensagem a anunciar e esta mensagem precisa ser ouvida. Isso

implica em que as pessoas precisam ter o desejo de ouvir.

Este é um dos objetivos principais do pré-evangelizmo. Despertar o interesse pelo

povo por ouvir aquilo que temos a anunciar. Isso requer:

1. Que divulguemos a eles que estamos ali, pois temos algo importante para lhes

anunciar;

2. Que nossa vida transmita para eles um senso de urgência em nos preparar

para transmitir-lhes a mensagem.

Há uma lista de perguntas sugeridas no volume 2, pag. 5,6 e 7 que levam as

pessoas a pensar sobre assuntos importantes. Estas perguntas podem ser feitas de

maneira natural no convívio diário.

V. ALGUMAS SUGESTÕES:

A. Neste período de pré-evangelismo evite corrigir qualquer resposta ou informação

errada. Isso pode constranger as pessoas e levá-las a evitar oferecer outras

informações. Também queremos estimular a liberdade de falarem aquilo que

realmente está no seu coração e não aquilo que sabem que queremos ouvir.

Não coloque pressão para que respondam suas perguntas. Mesmo não

respondendo provavelmente eles pensarão sobre a pergunta e poderão

desenvolver um desejo de ter maior compreensão.

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Evangelismo Transcultural IMS

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É preferível não citar ou ler passagens bíblicas para responder suas perguntas

neste ponto. As respostas serão dadas fora de contexto bíblico e trarão um

entendimento parcial. Devemos, portanto dizer-lhes que temos uma mensagem

importante que irá respoder todas as suas perguntas mas precisamos aprender

bem a sua língua e entender as suas histórias antes de começar a ensinar-lhes.

Lembre-se que este é um período para estimular o interesse, não satisfaça suas

curiosidades.

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EVANGELISMO

I. INTRODUÇÃO

A. O início desta fase num trabalho transcultural está bem ligado àquilo que realizamos

no pre-évangelismo. Uma dificuldade que muitos de nós temos (especialmente

aqueles que não tem facilidade em evangelizar) é saber como iniciar uma conversa ou

estudo da Palavra de Deus.

B. O pré-evangelismo é algo bem informal que usa conversas e eventos do dia-a-dia para

estimular o interesse das pessoas pelo conhecimento da mensagem. O ideal é que haja

uma expectativa do povo por receber esta mensagem e isso fornecerá uma abertura

“natural” para o evangelismo.

C. O evangelismo só deve ser iniciado de forma estruturada depois que o missionário

esteja bem preparado em diversas áreas, tais como:

Conhecimento da cultural

Entendimento da vida do povo, seus interesses, expectativas, etc.

Entendimento de sua cosmovisão, crenças, divindades, rituais, etc.

Aplicação da mensagem de deus neste ambiente.

Conhecimento Linguístico

Fluência na língua do povo

Conhecimento de discurso usado na língua

Definição de terminologia bíblica e espiritual

Preparo de material

Tradução das porções bíblicas que serão usadas na fase 1.

Preparo das lições (o que for pedido pela Consultoria).

II. CONTEXTUALIZAÇÃO

A. Definição:

“Comunicar a mensagem, trabalho, Palavra e desejo de Deus de forma fiel

à Sua Revelação e de maneira significativa e aplicável nos distintos

contextos, sejam culturais ou existenciais. Comunicar o Evangelho de

forma teológicamente fiel e ao mesmo tempo humanamente inteligível e

relevante”. (Hesselgrave)

Poderíamos dizer que a contextualização é a ponte que liga a verdade bíblica ao

contexto humano. Neste processo tem de se tomar cuidado para não alterar a

veracidade bíblica e também não exigir mudanças desnecessárias por parte de quem

recebe a mensagem.

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B. O que deve (pode) ser Contextualizado

A Forma de Transmissão

Local, e outros aspectos físicos.

Mesmo sem querer podemos comunicar algo questionável na escolha do local de

reuniões, dando a entender que consideramos o local sagrado, que é bem comum

em religiões animistas.

Nosso gosto e tradição não deve influenciar esta escolha; um salão com bancos,

pessoas assentadas em fileiras olhando para o pregador, etc.

Provavelmente teremos de nos acostumar com cheiros, barulhos e interrupções

diferentes daquelas comuns a nós.

Liturgia

Grande parte de nós não fazemos uma distinção clara entre liturgia e teologia.

Para nós há uma conexão muito forte entre o local de adoração e nosso

comportamento.

Possivelmente teríamos dificuldade em nos sentir bem prestando culto a Deus em

meio a cachorros mau nutridos, crianças sujas, cheiro de xixi e com fumaça

ardendo nos olhos. (Nem todos os trabalhos são assim)

Quais são alguns comportamentos característicos de uma reunião de crentes? E

como são expressos?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Reverência – silêncio, olhar sereno, não uso de chapeu, etc.

Alegria – Cantar, bater palma

Qual a ligação entre a liturgia e a teologia?

__________________________________________________________________

O que deve definir se uma prática usada pelo povo deve ou não ser adotada na

igreja?

__________________________________________________________________

Quando e por quem estas definições devem ser feitas?

__________________________________________________________________

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Linguagem

Um problema comum entre missionários é a dificuldade que alguns tem de baixar

seu vocabulário ao nível do povo com quem trabalham.

A verdadeira comunicação intercultural é mais que simplesmente lançar ao ar o

evangelho e depois culpar os ouvintes se não o receberam. A verdadeira

comunicação não é o que dizemos, é o que o povo ouve.

Culturas em que o ensino formal é bem desenvolvido geralmente valorizam as

técnicas de comunicação (habilidades de oratória, terminologias científicas e

específicas para o assunto sendo apresentado), portanto os oradores se

aperfeiçoam em algumas técnicas (vestuário, tom de vóz, entonação de vóz, etc).

Em culturas ágrafas (ou mesmo já alfabetizadas, mas em grau menor) existem

técnicas, mas provavelmente serão diferentes. Nosso desafio é conhecer estas

técnicas e usá-las.

Ex.:

1. Waiãpi – Quando há um assunto sério o orador vira as costas para a pessoa

com quem está falando.

2. Yanomami – Uso de cantorias para passar informação e avisos. Para ensinar é

necessária a participação de um segundo orador, é este que as pessoas vão

escutar.

Cultura

Poderíamos dizer que 50% de nossa comunicação são determinados pelo uso

devido de aspectos culturais. A cultura é um veículo de comunicação. Aquilo que

comunicamos vem “embrulhado” em um pacote cultural.

A transmissão do evangelho em um ambiente tribal passa na verdade por três

filtros culturais.

Judaica/Bíblico ⇒ Missionário

Missionário ⇒ Povo Receptor

Desta forma são três culturas envolvidas possibilitando assim interpretações

bem diversificadas.

Em nossa comunicação diária utilizamos de muitos recursos culturais para

transmitir aquilo que queremos aos nossos ouvintes, tais como:

Forma de discurso.

Tonalidade de vós

Gesticulação

Piadas

Histórias e Estórias

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Língua

Outros 50% de nossa comunicação é composto pelo uso correto da língua. Inclue-

se aqui não só o conhecimento lingüístico e gramatical de um idioma, mas sim o

uso da mesma nas rodinhas de bate-papo.

Conhecer bem a gramática portuqueza não assegura uma boa comunicação com

os canavieiros nordestinos, nem com o gaucho tradicional do Rio Grande.

Ex.:

Beijinho, beijinho tchau tchau! = Cheirinho, cheirinho, té inté.

“Entrei no paió e passei a mão no busal, que estava do lado do persuelo. Desci até o

colchete e entrei no potreiro para pegar a potranca baia. Depois de colocá o

baixeiro joguei os arreio no lombo e apertei bem a chincha. Pulei no lombo da égua

e carquei as espora e sai em direção à canhada. Chegando a um banhado dei meia

volta e fui em direção ao vau, onde atravessamos para o outro lado do rio.”

Nossa comunicação precisa ser feita de tal maneira que transmita a verdade, mas

de forma que alcance o coração do ouvinte.

Algumas considerações:

1. Quais as regras gramaticais para um discurso? (uso de pronomes, tamanho de

parágrafos, de quanto em quanto tempo precisa relembrar os ouvintes quem é

o personagem, etc.);

2. Uso de expressões idiomáticas;

3. Uso de gírias e piadas;

4. Tom de vós, papel do orador e do ouvinte.

C. Princípios de Contextualização no Ensino Bíblico

1. Entender que a Palavra de Deus é supra cultural e atemporal.

A Palavra de Deus é imutável e jamais muda. Ela sempre foi e sempre será a

autoridade final em todos os assuntos. A Bíblia não envelehece e sua

mensagem, conselhos e ensinamentos sempre serão atuais, em todas as

épocas.

A mensagem bíblica não deve ser mudada para satisfazer as necessidades

sentidas de um povo, mesmo que isso possa ocorrer pelo conhecimento da

mesma.

Importante – A Bíblia é a mensagem de Deus ao homem (todos os homens) e

não as respostas de Deus aos desejos e anseios do homen. É Deus quem diz

quais são as nossas verdadeiras necessidades.

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2. Contextualizar não é mudar o conteúdo, mas transmití-lo de maneira relevante

para o público.

A mensagem do evangelho nunca mudará como também a necessidade

essencial do ser humano. É relevante, porém que esta mensagem seja

apresentada de maneira relevante para os ouvintes.

Esta mensagem deve ser entendida como algo real para a vida das pessoas em

sua realidade existencial.

3. O fim da contextualização é Cristo e não a satisfação dos interesses dos ouvintes.

4. Critérios de Contextualização ( Livro “Contextualização” pg 14)

Debater estes critérios em aula:

III. ÊNFASES DA FASE I

A. A fase I do estudo cronológico é composta de 68 lições (livros 2 e 3), indo da criação até a ascenção de Cristo. Este material visa fornecer um alicerce fundamental para a fé em Cristo.

B. As lições não cobrem todo o V.T., mas sim as porções históricas que traçam a pessoa de Cristo desde a eternidade passada até sua morte e ressurreição (Sua divindade, existência eterna, promessa de sua vinda, tipos e figuras de sua obra, etc).

C. Estas lições visam fornecer uma boa base de entendimento para a apresentação do evangelho, lançando princípios fundamentais de compreensão:

Ao ensinar as lições devemos enfatizar a Pessoa de Deus, seu caráter, natureza e

atributos. Deve ficar bem claro na mente das pessoas que Deus é superior, criador

e controlador de todos os seres, espíritos e deuses existentes. Devemos enfatizar

atributos como a soberania, santidade e justiça de Deus.

Deus tem se revelado ao homem de maneira progressiva e histórica. As narrativas

bíblicas devem ser apresentadas como confirmação do plano eterno de Deus e de

seus atributos, e não como a história de pessoas do passado.

A lei deve ser destacada, pois nos planos de Deus ela foi dada com finalidades

específicas:

o Pela lei o homem tem pleno conhecimento do pecado. (cf. Rm 3.20)

o A lei nos conduz a Cristo. (cf. Gl 3.24)

O conhecimento da lei, nossa incapacidade de guardá-la, o papel da mesma nos

planos de Deus contribuem para um entendimento correto da graça de Deus,

evitando assim o sincretismo, cristianismo nominal e legalismo.

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D. Durante o processo de evangelismo os ouvintes devem ser ensinados sobre a história e

cultura de Israel, pois a partir do conhecimento correto disso é que poderão entender

a História Messiânica do Velho Testamento. O cumprimento de profecias, tipos, a

posição de Cristo como filho de Davi, rei de Israel e seu futuro reino Messiânico

baseiam-se nestas informações.

IV. TEMAS DOUTRINÁRIOS ESSENCIAIS

A. A fase I do Ensino Cronológico não visa doutrinar e sim evangelizar, porém devemos enfatizar algumas doutrinas que serão fundamentais para o endendimento do evangelho por pessoas que não possuem nenhum conceito bíblico e que são animistas.

1. A Pessoa e o Caráter de Deus.

Religiões animistas conhecem vários deuses que poderão ser comparados ao Deus

apresentado por nós. Necessitamos enfatizar o fato que Deus é infinitamente maior

e seus atributos incomparáveis a qualquer outro.

Alguns atributos principais:

Soberania de Deus

Pré-existência, independência, único criador e dono de tudo. Esta doutrina é

fundamental para todo o restante do ensino. Deus não pode ser comparado ou

confundido a mais nada. Se isso acontecer, a autoridade da mensagem está

comprometida.

Esse tipo de divindade é estranho ao animista que passa a vida toda tentando

ludibriar, manipular e subornar suas divindades.

Onipresença e Onisciência

Deus não está distante e nem ausente de nossas vidas. Ele está aqui e em todo

lugar. Sabe de tudo, vê ouve todas as coisas, conhece as nossas mentes e

pensamentos e vê o intento dos corações.

Deus é Santo e Justo

Deus criou todas as coisas em perfeição e tudo era bom. Deus não aceita o

pecado, tornando impossível o retorno do homem a Ele por meio de qualquer

esforço do mesmo. Deus julga o pecado e o pecador, só tendo uma possibilidade,

a separação. (Ez 18.4)

Deus se comunica com o homem

Deus criou os anjos e o homem para ter comunhão e desde o início se comunicava

com eles. Após a queda houve uma barreira, mas Deus continuou se comunicando

pelos profetas, sacerdotes, mas principalmente pela Palavra.

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Deus é amor e graça

O animista está acostumado a fazer ofertas e rituais na tentativa de fazer seu deus

mudar de sentimento, ou então buscar socorro num deus superior. Deus não

muda de Severo p/ Amoroso, ou de Justo p/ Gracioso. Ele é todos os atributos ao

mesmo tempo. Eles são a essência de Deus e agem em perfeita harmonia.

Deus é Fiel e Imutável

Deus cumprirá o que ele prometeu e Ele sempre será o mesmo.

2. O Homem

Foi Criado de forma especial com propósito de desfrutar da comunhão com

Deus;

Foi separado de Deus pelo pecado e é incapaz de salvar-se;

É Deus quem estabelece os meios pelos quais o homem pode chegar à sua

presença;

Fé sempre foi o meio pelo qual o homem se chegou a Deus;

3. Satanás

Sua criação e queda;

Ele é inimigo de Deus e luta contra Deus, sendo mentiroso, enganador e

inimigo do homem;

Ele é uma criatura e, portanto, inferior a Deus em poder e limitado por Deus

em ação;

A existência de poderes espirituais e sua ação no mundo.

4. Soteriologia

Destacar a pecaminosidade do homem em todas as épocas;

Relembrar sempre da consequência do pecado – morte;

Traçar a exigência de Deus – substituto perfeito e sangue;

A incapacidade do homem de chegar a Deus por seus próprios méritos;

A necessidade e significado de arrependimento.

5. Jesus Cristo (apenas no Novo Testamento)

Sua divindade;

Sua humanidade;

Seus atributos divinos (santidade e justiça);

Cumprimento de todas as promessas, figuras e tipos;

Sua obra.