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Evolução - Agnatha

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Page 1: Evolução - Agnatha
Page 2: Evolução - Agnatha

Classe Agnatha

ÍndiceIntrodução pp.3

Agnatha pp.4

Pteraspidomorphi pp.6

Arandaspida pp.7

Astraspida pp.7

Eriptychiida pp.7

Heterostraci pp.7

Cephalospidomorphi pp.8

Anaspida pp.8

Galeaspida pp.8

Osteostraci pp.9

Pituriaspida pp.9

Conclusão pp.10

Webgrafia pp.11

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Classe Agnatha

Introdução

O ser humano é considerado o auge da evolução. No entanto esquecemo-nos que

as suas origens são comuns às de muitos seres considerados inferiores. Somos cordados

como os sapos e vertebrados como os ratos. Estamos incluídos no mesmo sub-filo que

os peixes e foram estes os primeiros vertebrados a habitar o nosso planeta.

Os Agnatha terão sido um dos grupos nossos ancestrais mais importantes na

medida em que foram os primeiros peixes que surgiram. Agnatha vem do grego e

significa “sem mandíbula”. Apesar da ausência de maxilas estes seres tinham um eficaz

sistema de bombeamento de água que lhes permitiu evoluir e crescer significativamente

em relação aos seus percursores que apenas filtravam pequenas quantidades de água.

Apesar de muitos destes seres se encontrarem agora extintos não nos devemos esquecer

da sua importância para a nossa evolução e as repercussões que tiveram na nossa actual

anatomia.

Este trabalho irá tratar desta classe, os Agnatha, e dará a conhecer os vários grupos

de seres que a constituíram e que ainda constituem.

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Classe Agnatha

Agnatha

A origem dos vertebrados foi um dos eventos mais importantes na evolução dos

animais. Hoje em dia temos a certeza de que os primeiros vertebrados surgiram na Era

Paleozóica. No entanto, não existem tantas certezas quanto ao período. Pensa-se que

terão surgido no Silúrico tendo em conta a quantidade de fósseis já existentes no

Devónico.

Observando o esquema seguinte torna-se mais fácil perceber a origem dos

vertebrados.

O sub-filo Vertebrata, por sua vez, inclui as superclasses Pisces e Tetrapoda.

2. Os grupos de vertebrados

Estas, como é possível perceber através da observação do esquema em cima,

dividem-se em vários grupos. Para este trabalho interessa-nos a classe Agnatha.

Mas, como sabemos que os Agnatha estão correctamente classificados?

Basta analisar a sua morfologia. Os cordados são caracterizados por possuírem pelos

menos numa das fases da sua vida uma notocorda (ou corda dorsal), fendas branquiais

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Reino AnimaliaSub-reino Bilateria

Superfilo DeuterostomiaFilo Chordata

Sub-filo Craniata ou Vertebrata

1. Classificação Sistemática dos Vertebrados

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Classe Agnatha

na faringe, um cordão nervoso completo e uma cauda muscular que se estende para trás

do ânus. Nos vertebrados a notocorda foi substituída por uma coluna vertebral óssea.

Os primeiros vertebrados eram organismos aquáticos. Sabemos isto com certeza já

que os registos fósseis mostram que os restos dos primeiros seres se depositaram na

zona equatorial ainda durante a existência da Pangeia. Há grande probabilidade de se

terem depositado em mares tropicais. O clima nesta altura era uniforme e decorreu um

longo período de condições climáticas constantes em que se pensa terem proliferado

muitas formas de vida. Os primeiros vertebrados eram filtradores mas eram mais

avançados que os seus ancestrais na medida em que usavam contracções musculares

para deslocar grandes volumes de água, em vez de recorrerem ao batimento ciliar. Esta

característica terá permitido aos cordados crescer mais que os seus percursores.

Na transição do Silúrico para o Devónico os vertebrados sem mandíbulas

predominavam. Actualmente a situação encontra-se invertida e a maior parte dos

vertebrados são Gnathostomatas, isto é, têm mandíbulas. Dos muitos Agnatha existentes

só prevaleceram duas ordens, a das lampreias e a das mixines.

As características dos vertebrados encontram-se nos

Agnatha actuais. Estes, como não apresentam mandíbula,

possuem uma boca com forma circular e provida de ventosa

e dentes córneos, usados para perfurar a pele dos peixes que

lhes servem de alimento. Abrem e fecham a boca consoante

o movimento da língua. Esta possui também os mesmos dentes córneos da ventosa e é

também usada para ferir a presa. A maioria das espécies de lampreia é parasita de

peixes. Fixam-se a eles através da ventosa, raspam a pele do hospedeiro com a língua

até abrirem um orifício por onde começa a fluir o sangue. Durante este

processo glândulas salivares produzem substâncias anticoagulantes

que são constantemente injectadas no ferimento do peixe hospedeiro.

Algumas espécies quando adultas deixam de ser parasitas e os seus

dentes degeneram. Assim, não se alimentam enquanto adultos, tendo

como única função a reprodução.

O seu corpo é longo, cilíndrico, revestido por pele fina e sem

escamas. Na sua pele encontram-se glândulas produtoras de muco, usado como defesa

contra os predadores. O seu esqueleto é cartilagíneo e possuem barbatana dorsal e

caudal (apesar de não possuírem barbatanas pares). No caso das lampreias, a notocorda

encontra-se envolvida por arcos neurais constituindo o eixo de sustentação do corpo.

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4. Mixine formando o nó

3. Mixine

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Classe Agnatha

Nas mixines esse eixo é bastante incompleto de forma a conseguirem enrolar o corpo

num nó. Esta técnica é útil para se libertarem de predadores e para se alimentarem.

Nesta ultima actividade formam um nó perto da cauda e deslocam-no até à cabeça

forçando a boca a arrancar um pedaço de carne à presa.

Respiram por brânquias existentes perto da cabeça.

O sistema nervoso apresenta um encéfalo diferenciado mas os órgãos dos sentidos

variam com o tipo de animal. As lampreias têm uma boa visão mas as mixines são

cegas. As duas ordens têm um olfacto e paladar apurados.

As lampreias reproduzem-se em água doce mas vivem em águas marinhas. Já as

mixines são exclusivamente marinhas. Quase todos os Agnatha passam a sua vida

adulta no mar e apenas migram para se reproduzir. Nas lampreias a fecundação é

externa e são escavadas pequenas covas rasas na areia onde são colocados os ovos. Em

seguida os progenitores morrem. As larvas das lampreias passam 3 a 7 anos enterradas

no leito dos rios onde filtram o seu alimento já que ainda não têm dentes. Sofrem uma

metamorfose e migram para o oceano. As mixines são hermafroditas e os ovos têm

desenvolvimento directo, logo os jovens nascem como miniaturas dos adultos. O seu

ciclo de vida ocorre todo em água doce.

Existem vários grupos da classe Agnatha extintos. Não existe consenso em relação à

sua classificação sistemática logo a que vai ser descrita em seguida pode não ser a mais

correcta.

Pteraspidomorphi

Grupo de Agnatha extintos. Possuíam uma extensiva armadura dérmica constituída

por placas que cobriam a cabeça. A boca estava armada com placas dérmicas longas que

podiam expandir à medida que a boca abria servindo de colher. Possuíam também uma

cauda espinhosa. A sua única barbatana era a caudal, logo, não eram dos melhores

nadadores. A maioria dos pteraspidomorphi eram marinhos mas viviam perto da costa

em lagoas. Tendo em conta a sua anatomia e as abrasões ventrais da sua armadura é

possível afirmar que eram bentónicos. Normalmente têm uma forma fusiforme. A

superfície interna das placas dérmicas mostra impressões de guelras, cérebro e duas

narinas. Este grupo é considerado pertencente aos vertebrados porque alguns dos seus

elementos mostram impressões de componentes dorsais dos vertebrados e um sistema

sensorial bem desenvolvido. Os pteraspidomorphi incluem quatro grupos: os

Arandaspida, Astraspida, Eriptychiida e Heterostraci.

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Classe Agnatha

Arandaspida: Os Arandaspida são um pequeno grupo de fósseis Agnatha com

armadura. São considerados Pteraspidomorphi devido às grandes placas dorsais e

ventrais que constituem a sua armadura. Esta é alongada, fusiforme, com o escudo

dorsal achatado e o escudo ventral saliente. Eram seres marinhos. São

caracterizados pelos olhos colocados numa posição frontal incluídos numa cavidade

anterior do escudo dorsal e por terem séries obliquas de pequenas placas em forma de

diamante que separavam o escudo dorsal do escudo

ventral da armadura. Entre essas pequenas placas

abriam minúsculas brânquias. É possível que as suas

narinas estivessem entre os olhos. O lábio ventral da

boca estava armado com longas séries de pequenas

placas orais. A sua cauda tinha provavelmente um

aspecto almofadado.

Astraspida: Pequeno grupo de fosseis Agnatha com armaduras. São considerados

Pteraspidomorphi devido ao longo escudo dorsal e ventral da sua armadura. Esta é

maciça e tem uma série de dez aberturas branquiais delineando a margem do escudo

dorsal. Os seus olhos estão posicionados lateralmente. No escudo

dorsal existem cristas fortes e longas e a cauda está coberta com

grandes escamas em forma de diamante. Os seres deste grupo são

caracterizados pela grande ornamentação dérmica. A sua armadura

encontra-se coberta por tubérculos de dentina em forma de cogumelo.

Nada se conhece da sua anatomia interna mas possuíam um sistema

sensorial alojado em ranhuras das placas dérmicas.

Eriptychiida: Grupo de Agnathas fósseis com armadura, identificado apenas por

fragmentos da armadura e algumas escamas. Um espécime mostra um nariz articulado

com traços de endoesqueleto calcificado. Placas branquiais com uma fenda para a

abertura branquial sugerem que a sua morfologia será semelhante à dos Astraspida.

Diferem destes na estrutura óssea.

Heterostraci: Grupo de Agnathas fósseis com armadura que possuíam, geralmente,

uma cabeça fusiforme e uma cauda em forma de leque. Algumas

formas, contudo, podiam apresentar uma armadura com extensivas

placas branquiais. Este grupo é bastante diverso e abundante. Apesar

de serem um grupo marinho, viviam em deltas ou lagoas arenosas.

Provavelmente alimentavam-se escavando o fundo com as placas orais

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6. Astraspida

5. Arandaspida

7. Fóssil de Heterostraci.

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em forma de leque do lábio inferior. Eram maus nadadores e, por isso, bentónicos.

Pensa-se, também, que a sua abertura branquial podia servir como aparelho propulsor,

facilitando a sua locomoção. Apesar da maioria dos seres deste grupo serem

relativamente pequenos (5 a 30 cm de comprimento) alguns podiam crescer até cerca de

1,5 metros de comprimento. A sua armadura compreende grandes escudos dorsais e

ventrais e um grande número de placas separadas lateralmente e em redor da boca.

Nalguns indivíduos o escudo dorsal pode ser constituído por varias placas diferentes

mas existe sempre um grande disco dorsal. Como não possuíam endoesqueleto

calcificado a sua anatomia interna apenas é conhecida pela impressão dos órgãos

internos na fase interna da armadura dérmica. Sabemos que possuem cérebro, guelras,

globos oculares, órgão olfactivo. Certos indivíduos terão desenvolvido uma adaptação

ao hábito bentónico com placas da armadura completamente fundidas e uma abertura

perto dos olhos na zona superior que pode ter servido com espiráculo.

Cephalaspidomorphi

Grupo constituído pelos Anaspida, Galeaspida, Osteostraci, Pituriaspida e

Hyperoartia. Este último grupo é o único com sobreviventes e inclui a família

Petromyzontidae, isto é, as lampreias.

Anaspida: Grupo de Agnathas fósseis sem armadura. O seu corpo é comprimido

lateralmente com as aberturas branquiais estendendo-se atrás dos olhos. A sua cauda é

hipocercal (isto é, a parte que contem a notocorda mergulha

ventralmente). No topo da sua cabeça existe uma cavidade

interpretada como uma abertura nasal mas não há certezas.

Possuem barbatanas pares e uma barbatana anal. Viviam em

zonas costeiras e marinhas. Raramente são encontrados como

fósseis articulados já que o seu esqueleto era frágil.

Galeaspida: Grupo de Agnathas fósseis com armadura. A sua cabeça é um escudo

endo e exoesqueletico geralmente oval ou em forma de ferradura. A boca e as aberturas

branquiais estão posicionadas na zona ventral da cabeça. Achatados

ventralmente, estes seres teriam sido bentónicos. O corpo encontra-se

coberto por minúsculas escamas e não há outra barbatana para alem da

caudal. Possuíam uma abertura dorsal na armadura que comunicava

ventralmente com a faringe e a câmara branquial. Teria servido como

sistema olfactivo e processo de inalação de água. Viveram em águas superficiais, deltas

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8 Anaspida

9 Galeaspida

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e lagoas marinhas. A armadura endoesqueletica contém cavidades e canais para o

cérebro, olhos, nervos e veias.

Osteostraci: Grupo de Agnathas fosseis com cabeça em forma de ferradura e que

consistia num endoesqueleto maciço coberto por um escudo dérmico. Na face dorsal da

cabeça estão os olhos (próximos um do outro), uma abertura pineal e outra naso-

hipofisial. Existem pequenas depressões na caixa craniana que parecem ter contido os

órgãos dos sentidos. A boca e as aberturas branquiais

encontram-se na face ventral da cabeça. Possuíam

grandes barbatanas pares de aspecto almofadado. A

maioria dos seres deste grupo tinham cerca de 20 a 40

cm de comprimento mas algumas espécies podiam ser

muito mais pequenas (4 cm de comprimento). A maior espécie tem cerca de um metro

de comprimento. Estes seres foram os primeiros Agnathas cuja anatomia interna pode

ser descrita em pormenor, alimentando desta forma debates acerca da organização da

cabeça dos vertebrados primitivos. A maioria dos seres deste grupo viveu em ambientes

marinhos. A sua cabeça em forma de ferradura sugere um modo de vida bentónico mas

alguns deles parecem ter sido nadadores mais activos. Possuíam barbatanas pares com

musculatura. O seu corpo é maciço e coberto por grandes escamas em forma de

diamantes. Possuíam também duas barbatanas dorsais. A cauda é epicercal (semelhante

à dos tubarões). Encontram-se canais sensoriais na cabeça e parte do corpo.

Pituriaspida: Pequeno grupo de Agnathas fósseis com armadura. Semelhantes aos

Osteostraci mas sem abertura dorsal. Supõe-se que esta

estará na zona ventral, perto da boca. Viveram em zonas

marinhas e deltas. A única característica especifica deste

grupo é uma espécie de caroço de função desconhecida

numa posição ventral em relação as órbitas.

Os Agnathas foram outrora um grupo muito diverso e abundante. Hoje em dia

apenas as lampreias e as mixines coexistem connosco e mesmo essa existência está

ameçada. Algumas espécies de lampreias foram já extintas e muitas outras se seguirão.

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11. Pituriaspida

10. Osteostraci

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Conclusão

Após analisarmos este trabalho devemos considerar com atenção o facto de que as

pontes que nos ligam ao passado estarem a acabar. Desta classe apenas substiram dois

grupos que, hoje em dia, estão em risco de extinção. As lampreias fazem parte da

alimentação do ser humano.

Podemos perceber as origens de certos traços anatómicos pela observação das

mixines e lampreias e pela analise dos fósseis dos restantes grupos dos Agnatha.

Darwin disse uma vez: “Não gostamos que os animais, a quem tornámos nossos

escravos, sejam considerados nossos iguais." No entanto, é isso mesmo que eles são.

Nossos iguais. Analisando o passado devemos ter isso em consideração e ao planear o

futuro essa ideia não deve ser excluída do nosso pensamento.

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Webgrafia

www.nature.com

super.abril.uol.com.br

geology.com

www.simbiotica.org

www.tolweb.org

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