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UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente Evolução da ocupação e da perda de solo numa pequena sub-bacia da Bacia Hidrográfica do Rio Sado Vanessa Amaral Silva Dissertação apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Ambiente, Perfil Gestão de Sistemas Ambientais Orientadora: Professor Doutor Teresa Calvão Co-Orientadora: Doutora Evelina Brigite Moura Lisboa 2009

Evolução da ocupação e da perda de solo numa pequena ... · O estudo do padrão espacial da perda de solo é de extrema importância para o ... agricultura e da floresta à custa

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UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente

Evolução da ocupação e da perda de solo numa

pequena sub-bacia da Bacia Hidrográfica do Rio Sado

Vanessa Amaral Silva

Dissertação apresentada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade

Nova de Lisboa para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Ambiente,

Perfil Gestão de Sistemas Ambientais

Orientadora: Professor Doutor Teresa Calvão

Co-Orientadora: Doutora Evelina Brigite Moura

Lisboa 2009

iii

Agradecimentos

Expresso o meu mais sincero agradecimento a todos quanto, pela sua colaboração,

profissionalismo e amizade, quer de uma forma directa ou indirecta, tornaram possível a

concretização da presente dissertação.

Em primeiro lugar, à minha orientadora, Prof. Maria Teresa Calvão, expresso o meu

agradecimento pelo apoio e estímulo que sempre manifestou no decurso do trabalho, pela

paciência demonstrada perante as dúvidas que foram surgindo. No decurso do trabalho, o

seu entusiasmo, as suas ideias e propostas, o encorajamento que sempre me soube

transmitir, os ensinamentos e acompanhamento e a leitura atenta e críticas valiosas ao

trabalho escrito foram ajudas valiosíssimas, sem as quais esta dissertação sairia certamente

mais pobre.

Em segundo lugar, à minha co-orientadora Evelyn Pereira pela disponibilidade e pela

resolução sempre atempada das inúmeras dúvidas colocadas.

À Eng. Maria Teresa Pimenta da Administração da Rede Hidrográfica do Tejo pela

disponibilização de material e pelas sugestões e conselhos que foram muito profícuos.

Ao Eng. José Álvaro Peixoto, pelo encorajamento que sempre me soube transmitir, o seu

entusiasmo e ideias sugeridas.

Ao meu tio Jorge, por me ter proporcionado a oportunidade de frequentar este curso,

mesmo implicando certos sacrifícios e restrições, pelo apoio e presença.

Ao meu Pai, que apesar de já não se encontrar presente, sempre se sacrificou e lutou para

garantir os meus estudos, sem o qual nunca teria sido possível chegar onde cheguei.

À minha Mãe, pelo apoio incondicional que me deu, que preencheu as diversas falhas que

fui tendo por força das circunstâncias, e pela paciência e compreensão reveladas ao longo

deste tempo.

À minha amiga e colega de curso Maria Amaro, pela excelente relação pessoal que criámos e

que espero não se perca. A todos muito obrigada!

v

Sumário

A análise da ocupação do solo assim como o estudo da sua alteração ao longo do tempo

permitem a identificação de áreas críticas em termos de perda de solo, um recurso essencial

não renovável. De facto, a nível mundial, a erosão é a principal ameaça para a

sustentabilidade e capacidade produtiva do solo.

O estudo do padrão espacial da perda de solo é de extrema importância para o

estabelecimento de medidas de preservação, conservação e recuperação do solo, ao mesmo

tempo que constitui uma importante base no planeamento e ordenamento do território.

O presente trabalho teve como objectivo a análise da ocupação do solo na Bacia

Hidrográfica do Ribeiro do Canas ao longo do tempo e a sua influência na perda de solo sob

a forma de erosão laminar, com recurso a um Sistema de Informação Geográfica. A área de

estudo corresponde a uma pequena bacia hidrográfica da Bacia Hidrográfica do Sado e o

intervalo de tempo em análise a mais de 100 anos.

A perda de solo para as várias datas (1895, 1963, 1990 e 2004/05) foi calculada através da

Equação Universal de Perda de Solo. Esta equação foi modelada espacialmente através de

rasters correspondentes a cada factor de entrada no modelo.

Das alterações ocorridas na ocupação do solo realça-se numa primeira fase um aumento da

agricultura e da floresta à custa dos meios semi-naturais, numa segunda fase uma

diminuição ligeira da agricultura e um aumento ligeiro da floresta e, numa terceira fase, um

decréscimo acentuado da agricultura e um acréscimo acentuado da floresta.

Em relação aos processos de erosão, observa-se um aumento substancial dos valores da

perda de solo entre 1895 e 1963, um aumento menos significativo entre 1963 e 1990 e um

decréscimo entre 1990 e 2004/05.

vi

Abstract

Land cover analysis as well as the study of its evolution throughout time enables the

identification of critical areas in terms of soil loss, a non-renewable and essential resource. In

fact, at a global scale erosion is the most important threat to the sustainability and

productive capacity of the soil.

The analysis of soil loss spatial pattern turns out to be very important for the establishment

of measures for soil preservation, conservation and recover, as well as it constitutes an

important basis for planning and management of the territory.

The present study aims at the analysis of the land cover in the watershed of the Ribeiro do

Canas trough time and its influence on the soil loss through sheet erosin, using a

Geographical Information System. The study area consists of a small watershed included in

the River Sado watershed and the time period selected for analysis corresponds to 100

years.

Soil loss for 1895, 1963, 1990 and 2004/2005 was calculated using the Universal Equation for

Soil Loss. This equation was geographically modelled by the use of rasters, each one

corresponding to a different factor in the model inputs.

In a first period of time the most significant land cover change consisted on a significant

increase of agriculture and forest at the expense of semi-natural systems, followed by a

slight decrease in agriculture and a slight increase in forest and finally a significant decrease

in agriculture and a significant increase in forest.

As regards soil erosion, a significant increase of soil erosion between 1895 and 1963 van be

observed, a less significant increase between 1963 and 1990 and a decrease between 1990

and 2004/05.

vii

Simbologia e notações

ACEL - Associação dos Produtores de Celulose e Papel

CELPA - Associação da Indústria Papeleira

CNIG - Centro Nacional de Informação Geográfica

CNROA - Centro de Reconhecimento e Ordenamento Agrário

COS - Carta de Ocupação do Solo de Portugal Continental

DGRF - Direcção Geral dos Recursos Florestais

IDRHa - Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica

IgeoE - Instituto Geográfico do Exército

IGP - Instituto Geográfico Português

MDT - Modelo Digital do Terreno

SCE – Serviços Cartográficos do Exército

SIG - Sistema de Informação Geográfica

SNIRH- Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos

SROA - Serviço de Ordenamento Agrário

TIN - Triangulated Irregular Network

USLE – Universal Soil Loss Equation

IX

Índice de matérias

1 Introdução ...................................................................................................................... - 1 -

2 Enquadramento teórico………………………………………………………… ...................... ……………- 3 -

3 Caracterização da área de estudo ................................................................................ - 17 -

3.1 Localização geográfica ........................................................................................... - 17 -

3.2 Caracterização biofísica ......................................................................................... - 18 -

3.2.1 Caracterização climática ................................................................................. - 18 -

3.2.2 Geologia .......................................................................................................... - 23 -

3.2.3 Unidades de paisagem.................................................................................... - 24 -

3.2.4 Biogeografia .................................................................................................... - 26 -

3.2.5 Altimetria ........................................................................................................ - 30 -

3.3 Caracterização da ocupação humana .................................................................... - 30 -

4 Materiais e métodos ..................................................................................................... - 37 -

4.1 Materiais ................................................................................................................ - 37 -

4.1.1 Software utilizado ........................................................................................... - 37 -

4.1.2 Informação de base ........................................................................................ - 38 -

4.1.3 Fotointerpretação / Vectorização .................................................................. - 40 -

4.2 Métodos ................................................................................................................. - 41 -

4.2.1 Caracterização biofísica .................................................................................. - 42 -

Morfometria ............................................................................................................. - 42 -

Altimetria .................................................................................................................. - 44 -

Declive ....................................................................................................................... - 45 -

Orientação das encostas .......................................................................................... - 46 -

X

Humidade do solo ..................................................................................................... - 46 -

Radiação ................................................................................................................... - 48 -

Solos e valor ecológico dos solos .............................................................................. - 50 -

4.2.2 Cartas de ocupação do solo ............................................................................ - 52 -

1895 .......................................................................................................................... - 52 -

1963 .......................................................................................................................... - 53 -

1990 .......................................................................................................................... - 53 -

2004/2005 ................................................................................................................ - 55 -

4.2.3 Evolução espacial e temporal da ocupação do solo (1895-2004/05) ............ - 56 -

4.2.4 Estimativa da perda de solo através da USLE ................................................. - 56 -

Factor Erosividade da Precipitação (R) ..................................................................... - 57 -

Factor Erodibilidade do Solo (K)................................................................................ - 58 -

Factor de Coberto do Solo (C) ................................................................................... - 59 -

Factor Topográfico (LS) ............................................................................................. - 59 -

Factor de Práticas Conservacionistas (P) .................................................................. - 60 -

Risco potencial de perda de solo .............................................................................. - 60 -

5 Resultados .................................................................................................................... - 61 -

5.1 Caracterização biofísica ......................................................................................... - 61 -

5.1.1 Morfometria ................................................................................................... - 61 -

5.1.2 Altimetria ........................................................................................................ - 62 -

5.1.3 Declive ............................................................................................................ - 65 -

5.1.4 Orientação das encostas ................................................................................ - 68 -

5.1.5 Humidade do solo ........................................................................................... - 70 -

5.1.6 Radiação ......................................................................................................... - 71 -

5.1.7 Solos e valor ecológico dos solos.................................................................... - 73 -

XI

5.2 Cartas de ocupação do solo ................................................................................... - 77 -

5.2.1 1895 ................................................................................................................ - 77 -

5.2.2 1963 ................................................................................................................ - 79 -

5.2.3 1990 ................................................................................................................ - 81 -

5.2.4 2004/05 ........................................................................................................... - 83 -

5.3 Evolução espacial e temporal da ocupação do solo .............................................. - 85 -

5.4 Parâmetros biofísicos por classe de ocupação do solo ......................................... - 88 -

5.5 Estimativa da perda de solo através da USLE ........................................................ - 92 -

5.5.1 Factor Erosividade da Precipitação (R) ........................................................... - 92 -

5.5.2 Factor Erodibilidade do Solo (K) ..................................................................... - 95 -

5.5.3 Factor de Coberto do Solo (C) ........................................................................ - 96 -

5.5.4 Factor Topográfico (LS) .................................................................................- 101 -

5.5.5 Perda de solo ................................................................................................- 102 -

Evolução da perda de solo ......................................................................................- 106 -

6 Discussão .....................................................................................................................- 107 -

7 Conclusões e considerações finais ..............................................................................- 111 -

8 Referências bibliográficas ...........................................................................................- 115 -

XIII

Índice de figuras

Figura 3.1 - Enquadramento geográfico da área de estudo. - 17 -

Figura 3.2 - Diagrama ombrotérmico referente à estação meteorológica de Alcácer do Sal. -

20 -

Figura 3.3 - Diagrama de balanço hídrico do solo referente à estação meteorológica de

Alcácer do Sal. - 20 -

Figura 3.4 - Carta da precipitação anual na Bacia Hidrográfica do sado. - 22 -

Figura 3.5 - Carta da temperatura média anual na Bacia Hidrográfica do Sado. - 23 -

Figura 3.6 – Natureza das formações geológicas na Bacia do Sado - 24 -

Figura 3.7 - Unidades de paisagem da Bacia Hidrográfica do Sado. - 26 -

Figura 3.8 - Carta biogeográfica da Bacia Hidrográfica do Sado. - 29 -

Figura 3.9 - Carta da altimetria da Bacia Hidrográfica do Sado. - 30 -

Figura 3.10 – Fotografia aérea de 1947 de parte da zona de estudo. A ribeira de Santa Susana

está representada a azul. A letra vermelha a indica uma encosta cultivada nesta data

com cereais. - 32 -

Figura 3.11 – Ortofotomapa de parte da zona de estudo de 2004/05. A ribeira de Santa

Susana está representada a azul. A letra vermelha a mostra uma zona de encosta com

regeneração natural da vegetação nesta data mas que apresentava cultivo de cereais

em 1947. - 34 -

Figura 3.12 – Encosta de um trecho da ribeira de santa suzana totalmente desflorestada em

1947 e actualmente revestida por comunidades vegetais próximas da vegetação

climácica. Notam-se, no meio da vegetação, sobreiros. - 35 -

Figura 3.13 – Montado com sub-coberto muito degradado, de esteva. - 35 -

XIV

Figura 4.1 – Esquema metodológico. - 41 -

Figura 5.1 - Rede hidrográfica. - 62 -

Figura 5.2 - Modelo digital do terreno em formato TIN. - 63 -

Figura 5.3 - Carta de altimetria. - 64 -

Figura 5.4 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de altimetria. - 65 -

Figura 5.5 - Carta com zonas com declive igual a zero e diferente de zero. - 66 -

Figura 5.6 - Carta de declives (%) reclassificada em seis classes. - 67 -

Figura 5.7 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de declive. - 68 -

Figura 5.8 - Carta de orientação das encostas reclassificada em cinco classes. - 69 -

Figura 5.9 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de orientação das encostas. - 69 -

Figura 5.10 - Carta do índice de humidade do solo reclassificado em seis classes. - 70 -

Figura 5.11 - Áreas relativas (%) das diferentes classes do índice de humidade do solo. - 71 -

Figura 5.12 - Carta da radiação solar global reclassificada em cinco classes. - 72 -

Figura 5.13 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de radiação solar global. - 73 -

Figura 5.14 - Áreas relativas (%) das diferentes ordens dos solos. - 74 -

Figura 5.15 - Valor ecológico dos solos. - 76 -

Figura 5.16 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de valor ecológico dos solos. - 77 -

Figura 5.17 - Carta de ocupação do solo em 1895. - 78 -

Figura 5.18 - Áreas relativas das diferentes classes de ocupação do solo em 1895. - 78 -

Figura 5.19 - Carta de ocupação do solo em 1963. - 80 -

Figura 5.20 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de ocupação do solo em 1963. - 80 -

Figura 5.21 - Carta de ocupação do solo em 1990. - 82 -

Figura 5.22 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de ocupação do solo em 1990. - 82 -

Figura 5.23 - Carta de ocupação do solo em 2004/05. - 84 -

XV

Figura 5.24 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de ocupação do solo em 2004/05.- 84

-

Figura 5.25 - Evolução da área relativa das três classes de ocupação do solo mais

representativas. - 86 -

Figura 5.26 - Evolução da área relativa das cinco classes de uso do solo com menor

representatividade. - 87 -

Figura 5.27 - Altimetria por classes de ocupação do solo. - 89 -

Figura 5.28 - Declive por classes de ocupação do solo. - 89 -

Figura 5.29 - Orientação de vertentes por classes de ocupação do solo. - 90 -

Figura 5.30 - Humidade por classes de ocupação do solo. - 91 -

Figura 5.31 - Radiação global por classes de ocupação do solo. - 92 -

Figura 5.32 - Erosividade da precipitação (r) expressa em mj.mm.ha-1.h-1.ano-1. - 94 -

Figura 5.33 - Histograma do raster relativo à erosividade da precipitação (mj.mm.ha-1.h-

1.ano-1). - 94 -

Figura 5.34 - Erodibilidade dos solos (t ha h ha-1 mj-1 mm-1). - 95 -

Figura 5.35 - Histograma do raster relativo à erodibilidade do solo (t ha h ha-1 mj-1 mm-1).- 96

-

Figura 5.36 - Factor coberto do solo (c) para 1895. - 97 -

Figura 5.37 - Histograma do raster relativo ao factor coberto do solo (c) para 1895. - 97 -

Figura 5.38 - Factor coberto do solo (c) para 1963. - 98 -

Figura 5.39 - Histograma da imagem correspondente ao factor coberto do solo (c) para 1963.

- 98 -

Figura 5.40 - Factor coberto do solo (c) para 1990. - 99 -

XVI

Figura 5.41 - Histograma da imagem correspondente ao factor coberto do solo (c) para 1990.

- 99 -

Figura 5.42 - Factor coberto do solo (c) para 2004/05. - 100 -

Figura 5.43 - Histograma da imagem correspondente ao factor coberto do solo (c) para

2004/05. - 100 -

Figura 5.44 - Factor topográfico (ls). - 101 -

Figura 5.45 - Histograma do raster relativo ao factor topográfico (ls). - 102 -

Figura 5.46 – Risco potencial da perda de solo. - 103 -

Figura 5.47 - Perda de solo para as várias datas em análise (t ha-1ano-1). - 105 -

Figura 5.48 - Evolução da perda de solo média para a área de estudo. - 106 -

XVIII

Índice de tabelas

Tabela 4.1 - Informação de base utilizada. - 38 -

Tabela 4.2 - Classes de declive (%) - 45 -

Tabela 4.3 - Classes do índice de humidade do solo. - 48 -

Tabela 4.4 - Classes consideradas referentes à radiação solar global. - 49 -

Tabela 4.5 - Correspondência entre as classes da legenda original da carta agrícola (1895) e a

legenda usada no presente estudo. - 53 -

Tabela 4.6 - Correspondência entre as classes da legenda original da carta agrícola e florestal

(1963) e a legenda usada no presente estudo. - 54 -

Tabela 4.7 -Correspondência entre as classes da legenda original da carta de ocupação do

solo (1990) e a legenda usada no presente estudo. - 55 -

Tabela 4.8 – Factor de erodibilidade referente a cada família de solos. - 58 -

Tabela 4.9 – Factor de coberto do solo para cada classe de ocupação do solo. - 59 -

Tabela 5.1 - Características morfométricas da bacia hidrográfica do ribeiro do canas. - 61 -

Tabela 5.2 - Áreas relativas das diferentes famílias de solos. - 74 -

Tabela 5.3 – Precipitação anual dos postos pluviométricos envolventes da bacia. - 93 -

- 1 -

1 Introdução

A ocupação do solo de maneira desordenada e com recurso a técnicas desajustadas

acarretam danos significativos ao meio ambiente, sendo uma das consequências graves a

perda de solo, recurso natural fundamental, não renovável.

O presente trabalho pretende dar um pequeno contributo para a compreensão das

mudanças que ocorreram ao longo do tempo na ocupação do solo de uma pequena bacia

hidrográfica e sua influência na perda de solo por erosão laminar.

A presente dissertação encontra-se estruturada nos seguintes oito capítulos:

No capítulo 1 apresenta-se uma síntese do tema em análise, os objectivos e a estrutura e

organização da dissertação.

No capítulo 2 faz-se um enquadramento teórico sobre os processos de erosão

principalmente no que diz respeito à erosão laminar. Para a concretização deste capítulo

efectuou-se uma revisão da literatura existente sobre o tema em análise.

No capítulo 3 procede-se a uma caracterização da área de estudo em termos biofísicos e de

ocupação humana.

A metodologia seguida no presente estudo é apresentada no capítulo 4, onde se faz

referência aos materiais e métodos utilizados para a produção dos resultados.

No capítulo 5 apresentam-se os principais resultados obtidos.

Os resultados do estudo são discutidos no capítulo 6.

No capítulo 7 são apresentadas as conclusões e considerações finais, onde estão referidas as

dificuldades encontradas e as limitações bem como uma proposta de recomendações e

desenvolvimentos futuros para uma melhor consolidação dos resultados.

- 2 -

As referências bibliográficas citadas no presente estudo são apresentadas no capítulo 8.

- 3 -

2 Enquadramento teórico

A sociedade humana, na expectativa de promover qualquer forma de desenvolvimento para

uma região, seja urbana ou rural, sempre causou impactos no meio ambiente em que vive,

tanto biótico como abiótico. Um dos exemplos desses impactos ambientais é o uso

inadequado do solo e dos recursos hídricos, a desflorestação, os problemas relacionados

com a erosão dos solos, poluição e contaminação com agrotóxicos tão nocivos à saúde do

homem e demais seres vivos que compõem os ecossistemas terrestres. O fenómeno da

erosão dos solos é considerado um problema grave com inúmeras consequências

ambientais.

A erosão pode ser definida como o fenómeno de desgaste, remoção e redistribuição de

particulas do solo, causadas pelo vento, animais, água e pelo homem (Samouco, 1998). Em

condições normais, a erosão é um processo natural, normalmente gradual e lento.

Geralmente, verifica‐se uma condição de relativa estabilidade, em que a destruição do solo

pela erosão natural é efectuada a uma taxa igual ou inferior à formação de novo solo. No

entanto, a exploração/uso do solo pelo homem conduz a uma aceleração dos fenómenos de

erosão. Normalmente, a ocorrência de fenómenos erosivos acelerados não produz efeitos

alarmantes, excepto nos casos em que o homem explora os recursos do solo, em seu

proveito, causando a ruptura do equilibrio natural (Oliveira e Costa, 1978).

A erosão torna-se mais acentuda quando o homem destrói a vegetação que protege o solo.

- 4 -

O fenómeno de arrastamento dos constituintes do solo, como resultado de uma inadequada

intervenção humana, é designado por erosão antrópica.

No caso do espaço rural, o problema relacionado com a erosão dos solos corresponde a um

dos aspectos que tem preocupado muito os agricultores, pois a perda de solos tende a

aumentar à medida que o uso do solo se realiza na ausência de práticas e técnicas

específicas necessárias à sua conservação. A erosão do solo provocada pela lavoura resulta

da destruição das camadas mais superficiais do solo através da acção mecânica, sendo

considerada a principal causa de deterioração da terra, o que levou ao abandono das áreas

mais declivosas. A intensificação do uso agrícola, com recurso a maquinaria pesada, fez com

que se cultivasse em profundidade, em direcção perpendicular às curvas de nível (Kosmas et

al., 2008).

Calouro (2000) aponta como alguns factores de destruição do solo o abate de florestas e o

corte raso de arbustos, o pastoreio intensivo, nomeadamente de gado bovino, que come a

planta até às raízes e calca o terreno, impedindo a sua regeneração, o cultivo de

monoculturas que esgotam muito rapidamente os minerais do solo, o uso de técnicas

agrícolas inadequadas, como a deficiente rotação das culturas, a exploração intensiva das

terras e a forma de lavrar terrenos inclinados;, a substituição da floresta por árvores de

crescimento rápido, como o eucalipto.

- 5 -

O presente estudo focaliza a atenção no impacto directo das gotas de chuva no solo e no

consequente escoamento superficial. Na Europa, estima‐se que cerca de 92% da área

afectada pela erosão corresponde à erosão hídrica (Kirby et al, 2004).

De acordo com Cardoso (1998), factores como a precipitação, gelo, degelo e escoamento

superficial exercem uma acção directa na estrutura do solo, causando a desagregação, o

destacamento e a separação das partículas do solo, isto é, erosão hídrica. A quantificação da

erosão hídrica assume particular importância no que respeita ao planeamento e gestão dos

recursos hídricos e à gestão ambiental.Em climas mediterrânicos o escoamento superficial e

a erosão hídrica são em grande parte devidos a eventos extremos de precipitação, que estão

na origem de situações mais graves como cheias e erosão em ravinas. Variações sazonais de

temperatura e precipitação influenciam a magnitude das consequências de determinado

evento extremo. Estas alterações também produzem efeitos no balanço hídrico e na

produtividade agrícola do solo.

Segundo Gobin (2003) as práticas agrícolas insustentáveis, sobrexploração das terras e

gestão deficiente dos recursos hídricos e da irrigação são as principais causas da erosão

acelerada do solo, especialmente na Europa de Leste. Nas zonas mediterrânicas e, em

Portugal em particular, os fogos florestais têm exercido uma forte contribuição para a

erosão do solo. O turismo e os transportes têm igualmente contribuído para o fenómeno da

eroaão em determinadas regiões. Aproximadamente 17% da área total da Europa está

afectada de alguma maneira pela erosão do solo.

- 6 -

Comparando a taxa de formação do solo com a taxa de perda de solo, facilmente se

confirma que perdas de solo maiores que 1 ton ha‐1 ano‐1 podem ser consideradas

irreversíveis numa escala de tempo de 50 a 100 anos. Na actualidade, em meios

mediterrânicos, já ocorrem situações irreversíveis de degradação dos solos. A erosão dos

solos também é responsável por um impacto económico, directamente pela perda de áreas

agrícolas e indirectamente pelas consequências nas infra‐estruturas como destruição de

estradas e obstrução de barragens(Tomás, 1992).

As politicas de combate à erosão compreendem uma larga escala de acções que passam pela

aplicação de práticas agrícolas sustentáveis, planeamento do uso do solo, de forma a

encontrar as culturas mais adequadas para cada área, reclamação de terrenos altamente

degradados ou áreas afectadas pela desertificação, reflorestação das áreas das bacias e

incentivos que promovam actividades sustentáveis (Kirby et al., 2004).

A identificação das áreas mais vulneráveis à erosão é fundamental para a tomada de

consciência da extensão das zonas afectadas pelo problema e para a criação de medidas que

possibilitem o seu controlo.

Como foi referido anteriormente, o processo de erosão hídrica ocorre fundamentalmente

pela acção da precipitação e do escoamento superficial. Inicia‐se pelo destacamento das

- 7 -

particulas do solo, separação das mesmas da sua posição inicial, podendo estas voltar a ser

depositadas e destacadas de novo do solo (Cardoso, 1998).

O mecanismo erosivo hídrico actua através de três processos distintos, dando origem a

outras tantas formas de erosão que podem ocorrer simultaneamente num mesmo terreno

(Cardoso, 1998):

1) O impacto das gotas de chuva provoca a destruição dos agregados do solo, fazendo

salpicar as particulas em todas as direcções; no caso de encostas as particulas projectadas no

sentido descendente são em maior quantidade, devido à força da gravidade, resultando uma

transferência de solo para o sopé da encosta;

2) O escoamento da água sobre as encostas arrasta partículas destacadas pelas gotas de

chuva e remove outras;

3) Em zonas declivosas, quando o solo se encontra saturado, o seu peso pode exceder as

forças de resistência que mantêm o equilibrio; nestas circunstâncias podem ocorrer

deslizamentos de grandes massas de solo;

Aos três processos descritos correspondem, respectivamente, três tipos de erosão hídrica:

- 8 -

Erosão laminar

É a forma mais comum de erosão em zonas de chuva fraca ou medianamente intensa,

Consiste numa erosão lenta, em que ocorre uma remoção razoavelmente uniforme de

particulas em toda a superficie do solo. Aos poucos, os solos são destituídos das suas

camadas superficiais, as mais férteis, tornando‐se mais claros, devido ao desaparecimento

da matéria orgânica e surgindo manchas estéreis. A acção desta forma de erosão é selectiva,

arrasta as partículas mais finas, restando a areia grossa e os elementos grosseiros. Dá‐se

frequentemente em encostas de declive e relevo uniformes, principalmente em terrenos de

sub‐solo impermeável e horizontes superficiais de fraca coesão estrutural (Oliveira e Costa,

1978);

Erosão em sulcos

Verifica‐se devido a pequenas irregularidades de relevo onde se concentra a água de

escorrência, acabando por adquirir volume e velocidade suficientes para abrir pequenos

sulcos normalmente em número elevado, que podem facilmente destruídos pelas

mobilizações do solo(Oliveira e Costa, 1978).

Erosão em ravinas

Dá‐se em locais de grande concentração de água, que cava um sulco, ampliando‐o

continuamente e acabando por se formar verdadeiros “canhões”, se não forem tomadas as

medidas adequadas.

- 9 -

Uma das maiores questões da actualidade no campo da gestão ambiental corresponde à

necessidade de quantificar a erosão do solo devida a fenómenos hídricos e à definição das

áreas de maior susceptibilidade, onde quer por razões naturais ou por acção das actividades

humanas, os índices de perda de solo, por vezes em grandes extensões, tornam‐se muito

elevados criando problemas de ordem ecológica, económica e social (Oliveira e Costa, 1978).

O modelo de referência para a estimativa do valor resultante da erosão laminar e por sulcos

é a Equação Universal de Perda de Solo (USLE), desenvolvida por Wischmeier e Smith em

1978, usando dados de campo recolhidos nos Estados Unidos da América. A USLE é um

modelo empírico baseado em relações estatísticas entre os principais factores

determinantes da perda de solo (Yue‐qing et al., 2009).

Esta equação foi modificada por vários autores. Em 1992 aparece a RUSLE (Equação

Universal das Perdas de Solo Revista), que inclui melhoramentos na estimativa de alguns dos

parâmetros e um conjunto de dados meteorológicos mais alargado sob a forma de base de

dados (Rennard et al., 1997). A USLE refere‐se a uma parcela de referência de 22,13 m de

comprimento e 9% de declive e que esteja livre de vegetação por mobilização do solo ao

longo da linha de maior declive. O valor da erosão geralmente exprime‐se por toneladas por

hectare por ano (erosão específica).

A USLE é um modelo usado para calcular um valor médio de perda de solo, originada por

erosão laminar e por sulcos, correspondente a um período de tempo extenso. Apesar do

- 10 -

modelo ter sido desenvolvido para talhões com uso agrícola, nos Estados Unidos, a sua

aplicação foi estendida a outras formas de ocupação do solo. A USLE foi também aplicada a

outros locais do mundo (Desmet e Govers, 1996), sendo, no entanto, necessário, um ajuste

dos factores de entrada.

A estimativa da perda de solo para um local baseia‐se no produto de vários factores:

erosividade da chuva e erodibilidade dos solos, factores relativos à geometria do espaço

interfluvial, usos e ocupação do território e práticas agrícolas.

A USLE toma a seguinte forma

A = R K L S C P, onde

A ‐ Perda de solo média ou erosão específica referida à unidade de área, expressa no mesmo

sistema de unidades do factor K, respeitante ao período de tempo a que se refere R,

expressa usualmente em ton.ha‐1.ano‐1;

R ‐ Factor de erosividade da precipitação e do escoamento - representa a capacidade que

as gotas de chuva e o escoamento têm para destacar e transportar as partículas de solo,

habitualmente expresso em MJ.mm.ha‐1.h‐1.ano‐1. Embora seja de difícil cálculo, este factor

está correlacionado com a precipitação anual;

- 11 -

K ‐ Factor de erodibilidade do solo, ou susceptibilidade do solo para a erosão - traduz a

influência das propriedades do solo (textura, permeabilidade) na resistência à erosão. Os

seus valores encontram‐se tabelados para os tipos de solo portugueses (Pimenta 1998a,

1998b). Exprime‐se em ton.ha.h/ha.MJ.mm;

L ‐ Factor de comprimento da encosta, que corresponde à relação entre a perda de solo

ocorrida com o comprimento da encosta considerada e a que ocorreria com um

comprimento de 22,13 m, mantendo-se constantes as restantes condições; trata‐se de um

factor adimensional;

S ‐ Factor de inclinação da encosta, que corresponde à relação entre a perda de solo ocorrida

com o declive considerado e a que ocorreria se este fosse de 9%, mantidas as restantes

condições; factor adimensional,

C – Factor de cobertura e práticas culturais, definido pela relação entre a perda de solo

ocorrida num determinado sistema cultural e aquela que ocorreria num solo mantido nu

através de mobilizações; trata‐se de um factor adimensional que varia de 0 a 1. Os valores

deste factor encontram‐se tabelados para os usos de solo em Portugal (Pimenta, 1998a).

P ‐ Factor de práticas conservacionistas, determinado pela relação entre a perda de solo que

ocorre para as práticas de laboração do solo conservativas que são realizadas e aquela que

- 12 -

ocorreria se o solo fosse mobilizado segundo a linha de maior declive do terreno; factor

adimensional, variando de 0 a 1;

O factor energético R é o indíce numérico que exprime a capacidade da chuva em provocar

erosão numa área sem protecção vegetal. É representado pelo índice de erosividade EI30, e

é calculado com base no produto da energia cinética da precipitação pela sua intensidade

máxima em 30 minutos. O índice de erosão médio anual (factor R) é calculado através da

soma de todos os acontecimentos pluviosos que ocorrram ao longo do ano.

Wischemeier e Smith (1978) defendem que os acontecimentos pluviosos são separados por

intervalos mínimos, sem precipitação, de seis horas. Estes autores acrescentam, que só

devem ser considerados valores de precipitação superior a 12,5mm para o cálculo do índice

EI30.

A energia cinética da chuva por unidade de precipitação pode ser deduzida pela seguinte

relação empirica (Foster et al., 1981):

e= 0,119 + 0,0873.log10(I); I≤76mm.h‐1

e=0,263 ; I>76mm.h‐1

em que,

e= energia cinética da precipitação, em MJ.mm.‐1;

I= intensidade da precipitação, em mm.h‐1;

- 13 -

A energia cinética total de chuvadas é obtida através do produto dos valores de energia

cinética por unidade de precipitação pela respectiva altura de precipitação desses períodos,

que posteriormente são somados para a totalidade do evento. No entanto, o cálculo do

índice EI30 torna‐se bastante moroso, para além da dificuldade na obtenção de dados que

exprimam a variação temporal da precipitação.

Para a determinação do factor R é necessária a obtenção de informação detalhada acerca

dos valores de intensidade de precipitação. No entanto, a informação sobre estações

metereológicas‐padrão é praticamente existente, o que justifica a necessidade de adoptar

uma simples aproximação para a detreminação deste factor. Por vezes, a melhor solução,

passa pela utilização de correlações entre o factor R e dados metereológicos disponíveis.

O factor de erodibilidade do solo é definido como a taxa de perda de solo por unidade de

factor energético da chuva. Representa a influência das caracteristicas do solo sobre a perda

de solo durante os eventos de tempestade (Renard et al., 1997). Estes processos consistem o

destacamento e transporte das particulas do solo, pela acção erosiva da chuva e

escoamento superficial, seguido de deposição localizada devido à rugosidade do terreno. A

erodibilidade do solo depende do teor em argila, areia e matéria orgânica e da estrutura e

permeabilidade do solo. O factor erodibilidade do solo (K) é geralmente estimado através do

nomograma proposto Wischmeier et al. (1978) e publicado por Foster et al. (1981).

No entanto, apesar destas equações serem eficazmente aplicáveis na maior parte dos EUA

(para o qual foi originalmente desenvolvida a USLE), produzem resultados pouco fiáveis

quando aplicados aos solos com valores extremos de textura e em solos agregados

(Römkens et al., 1986). O que significa, que eles não reproduzem idealmente as condições

europeias.

- 14 -

O factor comprimento da encosta e o declive (L e S, respectivamente) contabilizam o efeito

da topografia na erosão do solo. Estes factores exercem uma grande influência na perda do

solo, pois quanto maior for a sua extensão, maior a velocidade de escoamento.

Muitas vezes estes dois factores (factores de comprimento e de declive) são combinados

num único factor conjunto (LS) que pode ser considerado como uma medida da capacidade

de transporte de sedimentos por escoamento superficial (Lencastre e Franco 2003):

LS = λ (0.0011s2 + 0.00776s + 0.0111)

O factor combinado LxS de uma encosta representa a taxa de perda de solo por unidade de

área, relativamente à que ocorreria numa encosta com um comprimento de 22,13 m e

declive 9%, mantidas as restantes condições constantes. O valor LS é adimensional,

apresentando o valor 1 quando a encosta tem as referidas dimensões padrão (talhão de

referência). Quanto maior o comprimento da encosta maior será o escoamento superficial.

Com o aumento do declive aumenta a energia da água e, consequentemente, a sua

velocidade de escoamento e portanto a sua capacidade erosiva (Kouli et al., 2009).

Na USLE a equação original para o cálculo de LS era a seguinte:

2 )

em que λ é o comprimento da encosta, β é o declive expresso em graus (transformado em

radianos) e m é um expoente que depende do declive.

- 15 -

Com o advento dos SIG foram desenvolvidas, por diferentes autores, relações para a

estimativa dos factores L, S e LS. (Moore e Burch in Moore and Wilson (1992):

= ( )m= ( )p

em que β é o declive calculado em graus e transformado em radianos, m e p são dois

expoentes empíricos, que tomam geralmente o valor 0.4 e 1.3. , As é a área drenante e C o

tamanho do pixel. A área drenante (designada de área específica por alguns autores) para o

ponto (pixel) i, por unidade de secção (m2.m‐1) é o número de células que contribuem para

o fluxo que atinge esse pixel.

O factor C é definido como a relação entre a perda de solo em terrenos com uma vegetação

específica e as perdas correspondentes de um terreno mantido em regime de pousio

(Wischmeier e Smith, 1978). O factor de técnica cultural procura reflectir a influência das

culturas agrícolas no fenómeno da erosão. A cobertura vegetal protege os terrenos da

erosão devido ao facto das folhas das plantas promoverem a diminuição da energia da chuva

por absorção da mesma. Assim, o seu valor depende da cobertura vegetal e práticas de

gestão. Uma área sem proteção de cobertura vegetal é geralmente mais susceptível à

erosão, em comparação com uma área coberta por vegetação. O seu efeito dependerá do

tipo e fase do crescimento da vegetação associada à sequência de culturas e respectivas

práticas de conservação (Bertoni e Lombardi Neto, 1993).

A estimativa da perda de solo, de origem natural ou antrópica , é essencial, para avaliar a

produtividade agrícola, identificar pressões e priorizar intervenções necessárias no sentido

da sua preservação. Deste modo, a utilização do modelo USLE no cálculo da erosão laminar,

- 16 -

assume ser uma ferramenta eficaz ao possibilitar a contextualização dos resultados obtidos

em função do uso e ocupação do solo.

- 17 -

3 Caracterização da área de estudo

3.1 Localização geográfica

A área de estudo seleccionada para o presente trabalho corresponde à Bacia Hidrográfica do

Ribeiro do Canas, uma sub-bacia da Bacia Hidrográfica do Rio Sado, localizada na sua parte

setentrional (Figura 3.1). Trata-se de uma pequena bacia hidrográfica (5335 ha) que

corresponde a cerca de 0.8% da Bacia do Sado. O Ribeiro do Canas é uma ribeira subsidiária

da Ribeira de Santa Catarina de Sítimos, por sua vez um afluente da margem direita do Sado.

Figura 3.1 - Enquadramento geográfico da área de estudo.

- 18 -

A área de estudo foi seleccionada por ser a área mínima comum a toda a informação

cartográfica disponível que configurava uma bacia hidrográfica completa. Foi escolhida como

unidade de estudo uma bacia hidrográfica uma vez que é a unidade por excelência para a

compreensão dos processos naturais bem como das influências antropogénicas na

paisagem. Por estas razões a bacia hidrográfica deverá também constituir uma unidade

chave nos processos de planeamento e gestão do território.

Dispunha de algumas fotografias da primeira cobertura nacional de fotografia aérea,

realizada pela Royal Air Force em 1948 (voo à escala 1:30000 destinado a apoiar a série

cartográfica 1:25000 dos então Serviços Cartográficos do Exército - SCE). No entanto, as

fotografias existentes não cobriam toda a área de estudo e o actual Instituto Geográfico do

Exército (IgeoE) não dispunha daquelas necessárias para cobrir toda a bacia hidrográfica.

A área de estudo encontra-se localizada, na quase totalidade, na Freguesia de Santa Susana,

Concelho de Alcácer do Sal, Distrito de Setúbal.

3.2 Caracterização biofísica

Nesta parte do trabalho faz-se uma caracterização da área de estudo especialmente no que

diz respeito ao seu enquadramento na Bacia Hidrográfica do Sado.

3.2.1 Caracterização climática

A caracterização climática foi efectuada recorrendo aos dados da estação meteorológica de

Alcácer do Sal, estação com dados disponíveis nas “Normais Climatológicas da região de

- 19 -

«Alentejo e Algarve»” (Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, 1991), considerada

representativa da área de estudo.

A repartição da precipitação ao longo do ano e a variação anual da temperatura são

elementos essenciais e indissociáveis no estudo da distribuição das comunidades vegetais à

superfície da Terra. Diversos estudos constataram que, quando o valor da precipitação é

duas vezes inferior ao valor da temperatura, a actividade vegetativa das plantas pára (a não

ser que a planta tenha acesso a um lençol freático), ou seja, está-se perante um período

considerado ecologicamente seco.

Uma forma de caracterizar as relações entre aqueles dois parâmetros climáticos é através

dos diagramas termopluviométricos ou diagramas ombrotérmicos. Nestes gráficos a escala

da Precipitação é dupla da escala da Temperatura, pelo que a intersecção da curva da

Temperatura com a curva da Precipitação vai definir zonas no gráfico:

• quando a curva da Precipitação está localizada acima da curva da Temperatura, está-

se perante um mês ecologicamente considerado húmido;

• quando a curva da Precipitação está localizada abaixo da curva da Temperatura, está-

se perante um mês ecologicamente considerado seco.

Os Diagramas de balanço hídrico do solo complementam os diagramas ombrotérmicos e

permitem observar a evolução da disponibilidade de água no solo ao longo do ano: recarga,

saturação, uso das reservas e situação de défice.

A elaboração do diagrama ombrotérmico e do diagrama de balanço hídrico do solo foram

realizados com recurso ao Web Site ”Worldwide Bioclimatic Classification System”

- 20 -

(http://www.globalbioclimatics.org/) com base nos seguintes parâmetros: Precipitação

Mensal, Temperatura Média Mensal, Temperatura Média das Máximas Mensais,

Temperatura Média das Mínimas Mensais, Temperatura Máxima Mensal e Temperatura

Mínima Mensal.

Na Figura 3.2Error! Reference source not found. apresenta-se o diagrama ombrotérmico

referente à estação meteorológica de Alcácer do Sal e na Error! Reference source not found.

Figura 3.3 o diagrama de balanço hídrico do solo.

Figura 3.2 - Diagrama ombrotérmico referente à estação meteorológica de Alcácer do Sal.

- 21 -

Figura 3.3 - Diagrama de balanço hídrico do solo referente à estação meteorológica de Alcácer do Sal.

A Temperatura Média Anual é de aproximadamente 16.3 °C e a Precipitação Anual de 575

mm. No diagrama ombrotérmico é facilmente identificável a existência de duas estações

marcadamente diferentes: uma estação chuvosa que coincide com o período mais fresco

(Outubro a Abril) e uma estação seca. A estação seca é longa e bem marcada, estendendo-se

por um período que vai de Junho a Setembro. Esta situação é típica do clima de tipo

mediterrânico onde os meses secos coincidem com o período estival.

O diagrama de balanço hídrico do solo revela a existência de um período em que há carência

hídrica elevada (Verão). Com as chuvas de Outono verifica-se uma recarga das reservas

hídricas do solo, ocorrendo saturação durante o Inverno. Na Primavera há utilização da água

pelas plantas, o que, conjugado à diminuição da precipitação, provoca uma redução

progressiva do teor de água no solo e posteriormente mesmo uma situação de défice

durante o estio.

A água é um dos factores ambientais que maior influência tem na distribuição e constituição

das comunidades vegetais. Tão importante como o total anual da precipitação é a maneira

como a precipitação se distribui ao longo do ano. Por outro lado, a água disponível para as

plantas depende não só da precipitação efectiva mas também de outros factores ambientais

como sejam o tipo de solo e o declive.

Na Figura 3.4 apresenta-se a Precipitação Anual na Bacia do Sado (540-772 mm). Pode

verificar-se a existência de uma zona central com baixos valores da precipitação, ladeada a

Nordeste e Oeste por zonas com valores mais elevados. A distribuição espacial da

precipitação varia com a topografia do terreno, correspondendo as zonas de maiores valores

- 22 -

da precipitação a zonas de maior altitude. A área de estudo apresenta uma gama de valores

de Precipitação Anual de 586-650 mm.

A temperatura do ar é um parâmetro climático que tem grande importância a nível

biológico, uma vez que tem um efeito decisivo nos processos vitais dos seres vivos. A

distribuição das comunidades vegetais naturais e das plantas cultivadas está estreitamente

dependente deste parâmetro.

No que diz respeito à Temperatura Média Anual ocorrem valores mais elevados na zona

central da Bacia do Sado, enquanto que as zonas a Nordeste e Sudoeste apresentam, no

geral, valores mais baixos (Figura 3.5). A distribuição espacial da temperatura depende

essencialmente do parâmetro altitude. Quanto maior a altitude, menor será a temperatura.

A Bacia do Sado apresenta uma gama de valores de Temperatura Média Anual de 15.3-17.3

°C e na área de estudo essa gama de valores é de 16.3-17.2 °C.

- 23 -

Figura 3.4 - Carta da Precipitação Anual na Bacia Hidrográfica do Sado.

Fonte: WorldClim (http://www.worldclim.org/).

- 24 -

Figura 3.5 - Carta da Temperatura Média Anual na Bacia Hidrográfica do Sado.

Fonte: WorldClim (http://www.worldclim.org/).

3.2.2 Geologia

Na Figura 3.6 pode observar-se a natureza das formações geológicas da Bacia do Sado.

Dominam formações sedimentares formadas principalmente por xistos, areias e arenitos.

- 25 -

Figura 3.6 – Natureza das formações geológicas na Bacia do Sado

Fonte: Atlas Digital do Ambiente.

3.2.3 Unidades de paisagem

Na Figura 3.7 podem observar-se as unidades de paisagem da Bacia do Sado, definidas por

Abreu et al. (2004). A unidade com maior representatividade é a unidade designada por

“Montados da Bacia do Sado”, estando a área de estudo incluída nesta unidade de

paisagem. Trata-se de uma unidade relativamente pouco povoada, dominando os centros

- 26 -

urbanos concentrados e de pequena dimensão. Ocorrem ainda montes isolados, dispersos

por toda a unidade. Em termos de ocupação do solo predominam os montados de azinho,

sobro e mistos, com densidade variável. Nas zonas mais declivosas, onde os montados não

são tão intensamente intervencionados, ocorre um sub-coberto mais rico e denso de

vegetação arbustiva. As zonas mais aplanadas estão ocupadas por sistemas arvenses de

sequeiro e pastagens bem como por reduzidas manchas de olivais. Em muitas linhas de água

há troços de galerias ripícolas bem desenvolvidas (Abreu et al., 2004).

Actualmente verifica-se, nesta unidade de paisagem, uma razoável coerência de usos, mas,

segundo Abreu et al. (2004), a tendência para a expansão das plantações de eucaliptos bem

como um crescente abandono das actividades do sector primário poderão comprometer a

sustentabilidade desta unidade de paisagem.

- 27 -

Figura 3.7 - Unidades de Paisagem da Bacia Hidrográfica do Sado.

Fonte: Abreu et al., 2004.

3.2.4 Biogeografia

A Biogeografia é um ramo da Geografia que estuda a distribuição dos seres vivos à superfície

do planeta, relacionando o meio biológico com o físico. A distribuição das espécies de seres

vivos permite dividir a Terra em unidades hierarquizadas, caracterizadas por um conjunto de

- 28 -

espécies que lhes são próprias. As principais unidades são o Reino, a Região, a Província, o

Sector, o Distrito, o Mosaico Tesselar e a Tessela. Se necessário, é possível subdividir ou

agrupar estas unidades (Costa et al., 1998).

Para uma determinada região uniforme do ponto de vista do substrato geológico,

fisiográfico e climático, admite-se que a vegetação evolui, à escala geológica, para um estado

estável que corresponde ao máximo de complexidade estrutural, estado designado por

clímax local. Esta vegetação potencial (climácica), nas condições ocorrentes no território de

Portugal continental, desde que o solo seja normal e tenha uma profundidade suficiente,

corresponderá a bosques. No entanto, estes bosques foram, frequentemente, perturbados,

sobretudo por acção humana, tendo surgido outras comunidades designadas por etapas de

substituição (Costa et al., 1998).

A sequência de comunidades (vegetação potencial e etapas de substituição) dentro de uma

unidade de paisagem uniforme é sempre a mesma, e designa-se por série de vegetação

(Costa et al., 1998; Costa et al., 2002).

A zona em estudo apresenta o seguinte enquadramento biogeográfico, segundo Costa et al.

(1998) e Costa et al. (2002):

Reino Holártico

Região Mediterrânica

Sub-Região Mediterrânica Ocidental

Superprovíncia Mediterrânica Ibero-Atlântica

Província Luso-Extremadurense

Sector Mariânico-Monchiquense

Subsector Araceno-Pacense

- 29 -

Superdistrito Alto Alentejano

Subsector Baixo Alentejano-Monchiquense

Superdistrito Serrano-Monchiquese

Superdistrito Baixo Alentejano

Província Gaditano-Onubo-Algarviense

Sector Ribatagano-Sadense

Superdistrito Arrabidense

Superdistrito Sadense

Superdistrito Ribatagano

Sector Algarviense

Superdistrito Costeiro Vicentino

Na Figura 3.8 apresenta-se a Carta Biogeográfica da Bacia do Sado. A maior parte da Bacia do

Sado encontra-se na Província Luso-Extremadurense (cerca de 70%), apenas 30% se

encontra na Província Gaditano-Onubo-Algarviense. Pode ainda observar-se que a maior

parte da bacia está incluída no Superdistrito Baixo Alentejano, seguindo-se por ordem

decrescente de importância o Superdistrito Sadense, o Superdistrito Serrano-Monchiquense

e o Superdistrito Alto Alentejano. As restantes unidades biogeográficas têm uma

representatividade muito baixa. A Bacia do Ribeiro do Canas encontra-se incluída na

totalidade no Superdistrito Baixo Alentejano, pelo que apenas será feita uma descrição desta

unidade biogeográfica. A série de vegetação climatófila do Superdistrito Baixo Alentejano

consiste na série mesomediterrânica seca luso-estremadurense silicícola da Azinheira

(Quercus rotundifolia). A cabeça de série é o azinhal do Pyro bourgaeanae-Quercetum

- 30 -

rotundifoliae, actualmente transformado em montado. A primeira etapa de substituição do

azinhal é um carrascal, a segunda etapa de substituição um piornal e a terceira um esteval,

em solos muito erosionados (Costa et al., 1998; Lobo Ferreira et al., 2001).

Como vegetação ripícola, encontram-se os bosques ribeirinhos constituídos por tamujais que

se desenvolvem no leito do rio, salgueirais que ocorrem junto à margem, sob o efeito de

águas correntes, choupais que se encontram adjacentes aos salgueirais, amiais contíguos às

margens com elevada humidade edáfica e sem secura estival e os freixiais que se

desenvolvem na orla do corredor ribeirinho. Quando a vegetação ribeirinha é degradada

devido às actividades humanas, ocorrem silvados, juncais e prados (Arsénio et al., 1999).

Figura 3.8 - Carta Biogeográfica da Bacia Hidrográfica do Sado.

Fonte: Atlas Digital do Ambiente.

- 31 -

3.2.5 Altimetria

A Bacia do Sado apresenta altitudes moderadas (até 417 m), sendo a altitude média de 156

m. As altitudes compreendidas entre os 50 e os 200m perfazem mais de 50% da área. A zona

central da bacia apresenta as menores altitudes, sendo rodeada a nordeste e a sul por zonas

de maiores altitudes. A área de estudo, com disposição principalmente Norte-Sul, apresenta

uma gama de valores de altitude entre 36 e 210 m.

3.3 Caracterização da ocupação humana

Figura 3.9 - Carta da Altimetria da Bacia Hidrográfica do Sado.

Fonte: WorldClim (http://www.worldclim.org/).

- 32 -

A intervenção humana alterou profundamente a paisagem meridional de Portugal, tendo as

formações florestais primitivas há muito desaparecido. A paisagem da zona de estudo, tal

como aconteceu com todo o sul do país, sofreu alterações importantes na sua estrutura e

composição nos últimos 150 anos. No final do século XIX a matriz da paisagem era

essencialmente formada por charnecas e matos (Feio, 1998). A partir desta data vão ocorrer

transformações significativas que contribuiram decisivamente para a degradação do solo.

As sucessivas campanhas destinadas a fomentar a produção de cereais, nomeadamente do

trigo, na primeira metade do século XX, levaram a um incremento acentuado da área

cultivada daquele cereal à custa do cultivo em terrenos não adequados: encostas declivosas,

solos rochosos, delgados e de baixa capacidade de infiltração. Tal como refere Feio (1998),

num espaço de tempo de cerca de 50 anos as charnecas e matos praticamente

desapareceram da paisagem do sul do país, tendo a superfície lavrada duplicado. Estas

mudanças estão evidenciadas nas fotografias aéreas de 1947 que, infelizmente, não cobrem

toda a área de estudo. Na Figura 3.10, de 1947, verifica-se que mesmo as zonas mais

declivosas estavam ocupadas por cereais, restando apenas alguns sobreiros nos cabeços ou

em encostas expostas aos quadrantes mais favoráveis para a presença vegetal. Pode ainda

observar-se que a vegetação ripícola da Ribeira de Santa Susana foi, em grande parte,

destruída, pelo menos os elementos arbóreos e arbustivos mais importantes. Assim, apenas

parece existir algum coberto vegetal, de baixo porte, numa faixa próxima da linha de água.

- 33 -

AA

Figura 3.10 – Fotografia aérea de 1947 de parte da zona de estudo. A Ribeira de Santa Susana está representada a azul. A letra vermelha A indica uma encosta cultivada nesta data com cereais.

No entanto, o cultivo de cereais em terrenos inapropriados conduziu a intensos fenómenos

de erosão o que em breve espaço de tempo condicionou novas sementeiras e,

consequentemente, levou ao abandono dos locais menos adequados para a agricultura ou a

sua substituição por outras formas de ocupação. Assim, a Carta Agrícola e Florestal, da

década de 50-60, mostra que nas áreas mais declivosas, a agricultura foi substituída por

florestas (montados) ou deixada ao abandono, o que levou a uma progressiva recuperação

do coberto vegetal. A informação cartográfica posterior a esta data evidencia um abandono

- 34 -

generalizado da agricultura devido à sua baixa rentabilidade e um aumento quer dos

montados quer das zonas de vegetação natural em recuperação (sucessão ecológica).

Na década de 70 verifica-se uma forte expansão da cultura do eucalipto. Como, na maior

parte dos casos, a implantação dos povoamentos não foi bem conduzida, verificou-se, uma

vez mais, a degradação do solo. A partir dos anos 90 há uma tendência para o abandono da

cultura do eucalipto, ou, pelo menos, ausência de novos investimentos significativos, devido

à baixa rentabilidade económica. De facto, como foi referido na caracterização biofísica, a

Precipitação Anual da Bacia do Sado não é elevada, o que condiciona a produtividade dos

eucaliptais. Actualmente têm sido efectuadas plantações de Pinheiro Manso, espécie natural

da região Mediterrânica, portanto adaptada ao clima da região (Correia e Oliveira, 2002).

Pode observar-se na Figura 3.11 a mesma zona da Figura 3.10 mas em 2004/05. Verifica-se

uma recuperação assinalável não só da vegetação ribeirinha como também da vegetação

das encostas. O aumento da biomassa e da diversidade estrutural das comunidades vegetais

é evidente. Poder-se-á dizer que a vegetação ripícola actualmente constitui uma rede de tipo

dendrítico, ancorada à rede hidrográfica da bacia.

Nas zonas mais declivosas já não é praticada agricultura, tendo o coberto vegetal

recuperado. Em alguns locais já surgiram mesmo as etapas sucessionais mais próximas do

climax da série de vegetação, como sejam os Carrascais (Figura 3.1212). No meio dos

Carrascos, Lentiscos, Zambujeiros, Murtas e Troviscos aparecem Sobreiros, alguns já mortos,

o que restará dos exemplares cultivados, visíveis na fotografia aérea de 1947. Estes sobreiros

não têm um porte elevado pois as condições ambientais não são das mais favoráveis,

nomeadamente o declive, o que vai influenciar a espessura do solo e a humidade edáfica. Ou

seja, verificou-se, nestes locais, a quase completa regeneração da vegetação mediterrânica,

- 35 -

após a sua total destruição há cerca de 50-60 anos. Estas manchas de vegetação encontram-

se espalhadas na matriz da paisagem cultural, desempenhando um importante papel na

manutenção da biodiversidade e na protecção do solo contra a erosão. Algumas medidas

Agro-Ambientais (Preservação de Maciços de Espécies Arbóreas ou Arbustivas Autóctones)

têm como objectivo a recuperação e manutenção deste tipo de comunidades vegetais.

Nos montados, no geral, o sub-coberto está reduzido às etapas sucessionais mais

degradadas como sejam os estevais (Figura 3.13).

AA

Figura 3.11 – Ortofotomapa de parte da zona de estudo de 2004/05. A Ribeira de Santa Susana está

representada a azul. A letra vermelha A mostra uma zona de encosta com regeneração natural da

vegetação nesta data mas que apresentava cultivo de cereais em 1947.

- 36 -

Figura 3.12 – Encosta de um trecho da Ribeira de Santa Suzana totalmente desflorestada em 1947 e

actualmente revestida por comunidades vegetais próximas da vegetação climácica. Notam-se, no

meio da vegetação, sobreiros.

Figura 3.13 – Montado com sub-coberto muito degradado, de Esteva.

- 37 -

4 Materiais e métodos

Os SIG constituem um conjunto de ferramentas para a recolha, armazenamento,

organização, selecção, representação e transformação da informação de natureza espacial.

O universo dos SIG possibilita um sem número de aplicações em áreas diversas. As

vantagens dos SIG são especialmente evidentes no que diz respeito às suas aplicações aos

problemas de ordenamento do território e ambiente, domínios nos quais os aspectos

associados à distribuição espacial das ocorrências são essenciais. Assim, os SIG contribuem

para uma melhor compreensão dos fenómenos naturais e dos factores que os influenciam

bem como procuram dar resposta a questões e conflitos surgidos no âmbito de processos de

planeamento e gestão.

A informação relativa à ocupação do solo bem como a sua evolução espacial e temporal é

essencial para um desenvolvimento sustentável. Nesta tarefa, a utilização de Sistemas de

Informação Geográfica e de detecção remota torna-se bastante útil, na medida em que

permite a integração de um vasto conjunto de informações de diferente natureza.

Assim, torna-se possível medir a extensão e distribuição das classes de ocupação do solo,

construir cenários de ocupação no futuro e elaborar cartas de erosão do solo.

4.1 Materiais

4.1.1 Software utilizado

Para a consecução do presente trabalho foram usados os seguintes programas informáticos

que possibilitam a utilização de funcionalidades SIG: ArcGIS 9.2 (ESRI), ArcView 3.2 (ESRI) e

- 38 -

IDRISI Andes (Clark Labs). O ArcView 3.2, através da extensão Solar Analyst, apenas foi usado

no cálculo da radiação solar. No IDRISI foram executadas as operações de cruzamento entre

as cartas de ocupação do solo das várias datas em análise, com recurso ao módulo Land

Change Modeler. Todas as outras operações foram efectuadas no ArcGIS 9.2.

4.1.2 Informação de base

Na Tabela 4.1 encontra-se uma síntese da informação de base utilizada no presente estudo.

O IgeoE cedeu informação vectorial correspondente à altimetria (curvas de nível e pontos

cotados) das cartas militares 457 e 468, à escala 1: 25000 (curvas de nível de equidistância

igual a 10 m). O sistema de coordenadas é Hayford-Gauss/Datum Lisboa. Com base nesta

informação foi gerada uma Rede Triangular Irregular (Triangulated Irregular Network – TIN

na terminologia inglesa), que por sua vez serviu de base para a elaboração de um Modelo

Digital do Terreno (MDT) na forma de uma matriz regular de cotas e para a determinação de

vários parâmetros biofísicos: Altimetria, Declives, Orientação das Encostas, Humidade do

Solo e Radiação Solar Global, todos eles em estrutura raster de malha quadrangular de 10 m.

Tabela 4.1 - Informação de base utilizada.

Tema Ano Produtor/Detentor Escala/Resolução Formato

Carta Agrícola (161 e 171) 1895 DGDRural 1:50000 Papel

Carta Agrícola e Florestal (457 e 468) 1963 SROA 1: 25000 Papel

Carta de Ocupação do solo (457 e 468) 1990 CNIG 1: 25000 Vectorial

Ortofotomapas 2004/05 DGRF/IGP 0.5 metros Raster

Carta de Solos (457 e 468) - IHERA 1: 25000 Papel

Curvas de nível e pontos cotados (457 e 468) - Igeoe 1: 25000 Vectorial

- 39 -

A caracterização das formas de ocupação do solo foi efectuada para quatro datas: 1895,

1963, 1990 e 2004/05. A Carta Agrícola do final do século XIX (folhas 161 e 171), publicada à

escala 1:50000 (Dias, 1999), foi cedida pelo Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica

(IDRHa) em formato raster (imagem). O sistema de coordenadas usado nesta carta é

Puissant-Bonne. A Carta Agrícola e Florestal de Portugal foi publicada em 1963 pelo Serviço

de Ordenamento Agrário (SROA), à escala 1: 25000 (Dias, 1999), tendo sido usadas duas

folhas (457 e 468), em formato analógico (papel), entretanto “rasterizadas”. O sistema de

coordenadas é Hayford-Gauss/Datum Lisboa. A Carta de Ocupação do Solo de Portugal

referente ao ano de 1990 foi elaborada pelo ex-Centro Nacional de Informação Geográfica

(CNIG), actual Instituto Geográfico Português (IGP). Esta carta foi publicada à escala 1:25000

em formato digital (vectorial). O sistema de coordenadas usado é Hayford-Gauss/Datum

Lisboa. As duas folhas utilizadas (457 e 468) foram retiradas da página oficial do IGP na

Internet: http://www.igeo.pt/e-IGEO/egeo_downloads.htm.

Neste trabalho foram ainda usados 8 ortofotomapas (formato digital raster) a cores, com um

pixel de 0.5 metros de resolução, de 2004/05, do voo da Direcção Geral dos Recursos

Florestais (DGRF)/IGP. O sistema de coordenadas é Hayford-Gauss/Datum 73.

A Carta de Solos de Portugal à escala 1:25000 foi publicada pelo SROA/CNROA (Centro de

Reconhecimento e Ordenamento Agrário)/IEADR (Instituto de Estruturas Agrárias e

Desenvolvimento Rural)/IHERA (Instituto de Hidráulica, Engenharia Rural e

Ambiente)/IDRHa/DGADR (Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural). O

sistema de coordenadas usado é Hayford-Gauss/Datum Lisboa. Foram utilizadas duas folhas

(457 e 468) cedidas em formato raster (imagem).

- 40 -

4.1.3 Fotointerpretação / Vectorização

Em relação à Carta Agrícola, Carta Agrícola e Florestal e Carta de Solos foi efectuada, em

ecrã, a vectorização dos elementos de interesse presente nas respectivas imagens raster.

Para cada data foi produzido um tema vectorial de polígonos correspondentes aos usos do

solo. Aos polígonos foram atribuídos, nas tabelas de atributos, códigos de identificação para

os usos do solo respectivos.

A fotointerpretação pode definir-se como sendo a acção de examinar fotografias aéreas com

o fim de identificar objectos e avaliar o seu significado (Arsénio, 1997). O trabalho de

fotointerpretação foi executado em ecrã, sobre os ortofotomapas, utilizando as

funcionalidades de digitalização do ArcGIS. A fotointerpretação realizou-se aplicando o

método clássico da interpretação de imagens ou seja, consistiu na interpretação da forma,

cor, textura, padrão, tamanho, sombra, localização e associação dos objectos para a sua

identificação (Arsénio, 1997). Foram assim definidos polígonos que criam os limites de áreas

homogéneas correspondentes às várias classes de ocupação do solo. Para cada data foi

produzido um tema vectorial de polígonos correspondentes aos usos do solo identificados.

Aos polígonos foram atribuídos, nas tabelas de atributos, códigos de identificação para os

usos do solo respectivos. Em relação aos ortofotomapas, a fotointerpretação foi validada

com trabalho de campo.

As cartas de ocupação do solo bem como a carta de solos, inicialmente em formato

vectorial, foram convertidas em formato matricial (raster) de forma a ser possível a

realização de algumas operações, como por exemplo a multiplicação, necessárias para o

cálculo da perda de solo ou o cruzamento da informação referente à ocupação do solo com

aquela respeitante aos vários parâmetros biofísicos. A transformação de formato foi

- 41 -

efectuada com a mesma resolução espacial dos temas biofísicos (malha quadrangular de 10

m) de maneira a compatibilizar toda a informação disponível.

4.2 Métodos

Na Figura 4.1 apresenta-se o esquema metodológico seguido no presente trabalho.

Curvas de nível e pontos cotados

TIN

Declive (%)

Precipitação SolosPráticasculturaisUso do solo

Perda de solo (A=RKLSCP)

MDT

Declive (º)

LS

Índice de humidade

Orientação de encostas

Radiaçãosolar

MDT com poços

preenchidos

Direcção de escoamento

Área drenante

Valor ecológico

K P

Ordem

R C

Curvas de nível e pontos cotados

TIN

Declive (%)

Precipitação SolosPráticasculturaisUso do solo

Perda de solo (A=RKLSCP)

MDT

Declive (º)

LS

Índice de humidade

Orientação de encostas

Radiaçãosolar

MDT com poços

preenchidos

Direcção de escoamento

Área drenante

Valor ecológico

K P

Ordem

R C

Figura 4.1 – Esquema metodológico.

A bacia hidrográfica foi delimitada automaticamente através do ArcGis (extensão Taudem),

tendo sido depois corrigida em ecrã, com apoio principalmente nas curvas de nível e pontos

cotados.

- 42 -

4.2.1 Caracterização biofísica

Morfometria

Em primeiro lugar foi efectuada uma caracterização morfométrica elementar da bacia

hidrográfica em estudo, tendo sido determinados os seguintes parâmetros: área, perímetro,

comprimento da linha de água principal, comprimento total das linhas de água, altitude

média, altitude mínima, altitude máxima, densidade de drenagem e coeficiente de

compacidade.

A densidade de drenagem exprime a relação entre o comprimento total dos cursos de água

de uma bacia e a área total da mesma. Este índice dá indicação da eficiência da drenagem

natural de uma bacia e consequentemente a tendência para a ocorrência de cheias

(Lencastre e Franco, 2003). Segundo Lencastre e Franco (2003) o Coeficiente de

Compacidade ou Índice de Gravelius ( cK ) calcula-se através da relação entre o perímetro

da bacia (P) e o perímetro de um círculo de igual área à da bacia (A), de raio r:

A

P

r

PKc 28.0

2

(Eq. 4.1)

Foi, em seguida, realizada uma caracterização biofísica da área em análise. Com as curvas de

nível e pontos cotados foi gerada uma TIN que serviu de suporte para a elaboração de um

MDT em estrutura raster de malha quadrangular de 10 m. Toda a cartografia temática de

natureza física foi derivada a partir deste MDT, nomeadamente o Declive, a Orientação de

encostas e a Radiação solar. A resolução escolhida foi de 10 m uma vez que é a resolução

máxima fiável de mapas construídos a partir de carta 1:25000 (Nunes et al., 2002)

- 43 -

Os poços do MDT, células que não têm saída, criadas artificialmente aquando do processo

de interpolação, foram preenchidos. Foi desta forma obtido um MDT sem poços que deu

origem ao raster da direcção do escoamento superficial da água (caminhos preferenciais do

escoamento), que por sua vez originou a área drenante (área da bacia hidrográfica que gera

o escoamento que passa por um determinado ponto). A partir da área drenante e do declive

calculou-se a humidade do solo. Também com base nestes dois parâmetros foi determinado

o factor topográfico.

A partir de Cartas e de ortofotomapas de diferentes datas foram obtidas cartas de ocupação

do solo. Apesar da informação estar em escalas diferentes, não foi efectuado qualquer

processo de generalização cartográfica pelo facto de se tratar de um processo complexo que

exigia um dispêndio considerável de tempo (Lopes, 2005). Foi realizado um cruzamento

entre a informação relativa à ocupação do solo e a informação referente aos vários

parâmetros biofísicos. As cartas de ocupação do solo permitiram o cálculo do factor de

coberto do solo para as várias datas.

Com base nas cartas de ocupação do solo produzidas foi realizado o estudo da evolução da

ocupação do solo ao longo do período de tempo em análise.

Com os dados de precipitação retirados do Web Site do Sistema Nacional de Informação de

Recursos Hídricos (SNIRH) (http://snirh.pt) foi possível calcular o factor de erosividade da

precipitação.

A Carta de Solos permitiu caracterizar a área de estudo em termos das famílias e ordens de

solos e obter o valor ecológico e o factor de erodibilidade do solo.

- 44 -

Altimetria

O relevo é um parâmetro fundamental para a interpretação e estudo de um território. Pode

ser caracterizado em diferentes modelos de dados:

• tema vectorial de linhas, representando curvas de nível, linhas de água e festos; tema

vectorial de pontos, representando pontos cotados. Estes temas são geralmente designados

por Altimetria;

• Modelo Rede Triangular Irregular, em que as entidades são triângulos num espaço 3D

definidos pelas três coordenadas de cada um dos seus vértices. Partindo do conhecimento

das coordenadas tri-dimensionais destes três pontos é calculada uma equação do plano que

contém cada triângulo. Conhecida esta equação, é possível calcular a altitude de todos os

locais situados no interior e na fronteira desse triângulo. Este modelo é gerado a partir da

Altimetria;

• Modelo raster, em que as entidades são pixeis que correspondem a valores de

altitude;

• Modelo vectorial de polígonos (também denominado Hipsometria), em que as

entidades são polígonos que correspondem a classes de altitude.

A partir das curvas de nível e pontos cotados da Carta Militar à escala 1:25000 foi gerada

uma TIN.

Na triangulação para elaboração da TIN não foram incluídas nem as linhas de festo nem os

talvegues. Com base na TIN foi elaborado um MDT em estrutura raster de malha

quadrangular de 10 m.

- 45 -

A carta de Altimetria foi elaborada com base em 5 classes: 0-50m, 50-100m, 100-150m, 150-

200m e 200-250m.

Declive

O declive é uma das variáveis fundamentais para os estudos sobre qualquer tema

relacionado com a morfologia do território, uma vez que é o principal elemento restritivo às

actividades humanas e aos processos físicos (Magalhães, 1996). Para Ferreira (1999) este é o

factor determinante nas taxas de perda de solo, portanto um óptimo descritor da morfologia

do território. Na análise do risco de erosão do solo o declive constitui um dos mais

importantes parâmetros morfológicos a considerar.

Com base no MDT em estrutura raster foi gerado o declive, expresso quer em percentagem

quer em graus (depois convertido em radianos). O declive expresso em graus foi utilizado

para o cálculo do factor topográfico e do índice de humidade. O declive expresso em

percentagem foi usado no cruzamento com os rasters do uso do solo.

Foram definidas 6 classes (Tabela 4.2) para o declive expresso em percentagem, tendo em

consideração a relação entre o declive e a aptidão para o espaço edificado, agrícola ou

silvícola.

Tabela 4.2 - Classes de declive (%)

Classes Descrição

0-5% Plano

5-8% Muito suave

8-12% Suave

12-15% Moderado

15-25% Acentuado

>25% Muito acentuado

- 46 -

Orientação das encostas

A orientação das encostas assume grande significado ecológico, pois determina

directamente a radiação solar recebida e portanto a temperatura e a humidade do solo e,

consequentemente, o tipo de ocupação vegetal. A carta de orientação das encostas permite

diferenciar, relativamente à insolação, a melhor localização para as várias actividades

humanas, nomeadamente a construção de habitações ou equipamentos.

Com base no MDT em estrutura raster foi gerado um mapa de orientação das encostas. As

classes adoptadas são as seguintes: plano, norte, sul, este e oeste.

Humidade do solo

A disposição dos diferentes tipos de comunidades vegetais à superfície da Terra depende

essencialmente dos factores ambientais temperatura e disponibilidade hídrica (teor de

humidade do solo). A quantidade de água disponível no solo depende do tipo de solo e da

precipitação e, em grande parte, da topografia, na medida em que o declive influencia a

formação e portanto a espessura do solo.

A distribuição espacial e temporal da humidade do solo é um parâmetro muito importante

mas de extrema variabilidade e difícil determinação (Botelho da Costa, 1952). Como a

amostragem directa é difícil e morosa, opta-se, muitas vezes, por uma estimativa através de

índices que usam modelos digitais do terreno. Estes índices caracterizam o efeito da

topografia na distribuição da humidade do solo, fornecendo informação acerca das

características hidrológicas de cada célula do modelo e baseiam-se sobretudo em dois

parâmetros: declive e área drenante.

- 47 -

O índice mais simples e mais usado é o Índice de Humidade de Beven e Kirby (1979). Para

cada célula do MDT de uma determinada região este índice determina um valor de

humidade relativa (Wi):

i

i

itg

aW

ln (Eq. 4.2)

em que:

ia - área drenante específica para o ponto i, por unidade de secção (m2.m-1)

i - declive no ponto i expresso em graus (depois convertido em radianos)

Embora seja muitas vezes usado como um índice relativo, o índice de humidade tem

unidades de metro quadrado. Quando o declive toma o valor zero, usa-se um ajustamento

para prevenir a indeterminação no cálculo do índice. Este índice assume que a

transmissividade do solo é uniforme na área em estudo. Segundo este método, a

distribuição espacial da acumulação de água pode ser calculada baseando-se no pressuposto

de que o gradiente hidráulico local lateral pode ser aproximado a partir do declive. O índice

de humidade toma em consideração tanto o declive como a posição de cada célula na

paisagem. Este índice pode dar uma ideia da acumulação do fluxo de água, humidade do

solo, distribuição das zonas de saturação, profundidade da toalha freática,

evapotranspiração e consequentemente da distribuição das formações vegetais.

O valor do índice de humidade está relacionado com a humidade do solo – quanto maior o

valor do índice, maior o teor de humidade do solo. Este índice indica a tendência de uma

célula para produzir escoamento, uma vez que áreas com maior humidade terão maior

tendência para ficarem saturadas. Assim, locais planos com áreas drenantes grandes terão

um valor do índice de humidade mais elevado do que locais declivosos com pequenas áreas

- 48 -

drenantes. Áreas com valores do índice elevado ocorrem ao longo de linhas de água ou

zonas de convergência topográfica.

Este índice tem algumas limitações, pois não entra em conta, directamente, com as

características do solo, baseando-se apenas no facto de que diferenças na topografia causam

diferenças nos padrões hidrológicos e na dinâmica da humidade do solo. No entanto, ser

usado como input para modelos que determinam a humidade do solo com base nas

características edáficas.

Foram definidas seis classes para o Índice de Humidade do solo (

Tabela 4.3).

Tabela 4.3 - Classes do Índice de Humidade do Solo.

Classes Descrição

0-5 Extremamente seco

5-9 Muito seco

9-13 Seco

13-17 Moderado

17-21 Húmido

21-23 Muito Húmido

Radiação

A radiação solar é de importância vital para os seres vivos, influenciando um grande número

de processos biológicos e a distribuição das comunidades vegetais. A distribuição dos

diferentes tipos de comunidades vegetais à superfície da Terra está intimamente relacionada

com a quantidade total de energia solar incidente, uma vez que este parâmetro influencia

directamente a temperatura anual.

A quantidade de energia solar incidente numa determinada zona da superfície terrestre

depende, em primeiro lugar, da latitude a que essa zona se encontra, da altura do ano e

- 49 -

ainda da hora do dia. Por outro lado, a morfologia do terreno tem uma influência importante

na quantidade de energia que atinge um determinado ponto da superfície, pelo facto do

relevo determinar a extensão do céu visível e proporcionar a ocultação da superfície em

relação ao Sol (criação de sombras). Assim, o declive e a orientação são parâmetros a

integrar na determinação da Radiação Solar. As condições atmosféricas, principalmente a

nebulosidade, também influenciam a quantidade de energia solar incidente na superfície

terrestre (Fu e Rich 2000).

A Radiação Solar Global (directa+difusa) foi calculada com recurso ao MDT em estrutura

raster, através do software Solar Analyst (extensão ao ArcView) que entra em conta com a

latitude da zona em estudo. Considerou-se importante a determinação da radiação recebida

ao longo de um ano, por ser um parâmetro de importância vital para as espécies vegetais,

quer dos ecossistemas naturais, quer dos cultivados. A Radiação Solar Global foi

determinada não entrado em conta com a nebulosidade ou seja, considerou-se um valor da

transmitância da atmosfera de 100%. Esta correcção poderá, no entanto ser efectuada, se

forem conhecidos os valores da nebulosidade média para as várias zonas da área de estudo.

Na Tabela 4.4 podem observar-se as cinco classes referentes à Radiação Solar Global,

definidas no ArcGis pelo critério Natural Breaks.

Tabela 4.4 - Classes consideradas referentes à Radiação Solar Global.

Classes Descrição

2772-663053 Wh/m2 Muito baixa

663053-1108884 Wh/m2 Baixa

1108884-1244326 Wh/m2 Média

1244326-1317691 Wh/m2 Alta

1317691-1447490 Wh/m2 Muito alta

- 50 -

Solos e valor ecológico dos solos

O solo constitui não só o suporte das comunidades vegetais como também uma reserva de

nutrientes e de água necessários ao desenvolvimento das plantas. O solo assegura várias

funções essenciais dos ecossistemas, sendo por isso necessário preservá-lo uma vez que é

recurso vital em grande medida não renovável e sujeito a ameaças crescentes como

resultado das actividades humanas. Importa proteger principalmente os solos que possuem

maior capacidade produtiva (Magalhães et al., 2001).

A Carta de Solos de Portugal série SROA/CNROA em formato digital foi obtida por conversão

analógico-digital da Carta Complementar de Solos à escala 1:25000 tendo sido elaborada

pelo SROA/CNROA/IEADR/IHERA/IDRHa/DGADR (Dias, 1999). A Carta de Solos vem

acompanhada de uma Notícia Explicativa (INSTITUTO DE HIDRÁULICA, ENGENHARIA RURAL E

AMBIENTE, 1999) com a simbologia de cada família de solos e respectiva descrição.

A Carta de Solos é constituída por polígonos que contêm informação sobre a tipologia dos

solos aí encontrados, as famílias de solos e respectivas fases. Um polígono pode incluir até 3

tipos diferentes de famílias de solos, havendo indicação da área (%) do polígono ocupada

pelas diferentes famílias. As categorias taxonómicas utilizadas para a classificação dos solos

são: Ordem, Subordem, Grupo, Subgrupo e Família. Trata-se de uma classificação

hierárquica.

Com a possibilidade de haver três famílias de solos em cada polígono torna-se difícil o

tratamento desta carta, devido ao elevado número de classes. Assim, a partir da Carta de

Solos foi elaborada uma Carta com as Ordens de solos presentes em cada polígono. A Carta

de Solos também foi usada como base para o cálculo da erodibilidade do solo e do Valor

Ecológico. O valor ecológico dos solos foi determinado com base na quantidade e tipo de

- 51 -

biomassa que cada tipo de solo pode suportar, parâmetros dependentes das características

edáficas (Magalhães et al., 2001):

Classe 0 – Áreas Sociais, Águas Continentais e Marítimas

Classe 1 – Solos de Muito Elevado Valor Ecológico – solos que, potencialmente, deverão

apresentar considerável espessura efectiva e os maiores índices de fertilidade, criando

condições muito propícias ao desenvolvimento das plantas e à produção de biomassa. Por

esta razão deverão ser preservados e protegidos.

Classe 2 – Solos de Elevado valor Ecológico – solos com potencialidade considerável para a

produção de biomassa, mas que apresentam características menos favoráveis do que as da

classe 1. São solos associados a ecossistemas específicos que interessa preservar.

Classe 3 – Solos de valor Ecológico Variável – solos de valor ecológico inferior aos anteriores

mas que em algumas condições podem apresentar características que justifiquem a sua

preservação.

Classe 4 – Solos de Reduzido valor Ecológico – solos pouco evoluídos, menos férteis e

delgados, com reduzida potencialidade para a produção de biomassa, que não apresentam

valor ecológico específico.

Classe 5 – Solos de Muito Reduzido Valor Ecológico – estão incluídos nesta classe solos

incipientes ou em fases muito delgadas com valor ecológico praticamente nulo.

Com base na Carta de Solos foi elaborada a Carta do Valor Ecológico. O valor ecológico de

cada polígono foi calculado através da média ponderada do valor ecológico das famílias

presentes pela respectiva representatividade (%).

- 52 -

4.2.2 Cartas de ocupação do solo

As cartas de ocupação do solo foram obtidas para os anos de 1895, 1963, 1990 e 2004/05.

As três primeiras foram produzidas a partir de cartografia já existente enquanto que a última

foi efectuada a partir da interpretação de ortofotomapas.

Após uma análise inicial das legendas das cartas de ocupação do solo das várias datas houve

um processo de compatibilização das legendas, tendo-se, no presente estudo, adoptado oito

classes de ocupação do solo: meios semi-naturais, agricultura, floresta, água, área social,

olival/pomar, solos com pouca vegetação, eucaliptal. Estas classes foram escolhidas tendo

em conta o possível contributo de cada uma para a perda de solo. Assim, o eucaliptal foi

considerado à parte da classe floresta por se tratar, no geral, de povoamentos florestais

intensivos.

1895

A Carta Agrícola data do final do século XIX, tendo sido levantada de 1882 a 1893 sob a

direcção de G. Pery (Feio, 1998). As cartas usadas foram cedidas pelo IDRHa. Neste estudo

foram usadas as folhas 161 e 171, publicadas à escala 1:50000, respectivamente em 1891 e

1899.

Na Tabela 4.5 apresenta-se a correspondência entre as classes da legenda original da Carta

Agrícola e a legenda usada no presente estudo.

- 53 -

Tabela 4.5 - Correspondência entre as classes da legenda original da Carta Agrícola (1895) e a legenda usada no presente estudo.

Legenda original Nova Legenda

Charnecas e matos Meios semi-naturais

Culturas arvenses Agricultura

Montados (Azinho e Olival) Floresta

Montados (Azinho e Sobro) Floresta

Montados (Azinho) Floresta

Montados (Chaparral) Floresta

Montados (Sobro) Floresta

Olivais Olival/Pomar

Pastagens naturais, pousios Meios semi-naturais

Pinhais Floresta

Prados naturais Meios semi-naturais

1963

A Carta Agrícola e Florestal de Portugal (décadas 50/60) foi elaborada com base na

observação directa das diferentes culturas e essências florestais e abrange grandes grupos

de utilização do solo: agrícola, florestal, agro-florestal, incultos, salinas, sapais, áreas sociais,

rios, lagoas e albufeiras (CNA, 1985), o que possibilita uma importante referência para

muitos estudos. As duas folhas usadas tiverem reconhecimento de campo no ano de 1951 e

foram actualizadas e posteriormente publicadas em 1963 à escala 1: 25000.

Na Tabela 4.6 apresenta-se a correspondência entre as classes da legenda original da Carta

Agrícola e Florestal e a legenda usada no presente estudo.

1990

A Carta de Ocupação do Solo de Portugal Continental (COS) referente ao ano de 1990 foi

elaborada pelo ex-CNIG com base na interpretação estereoscópica das fotografias

- 54 -

provenientes da cobertura aerofotográfica da ACEL (Associação dos Produtores de Celulose

e Papel) actual CELPA (Associação da Indústria Papeleira), (fotografias tiradas em Agosto de

1990 e Agosto de 1991), com filme infravermelho de falsa cor, à escala média de 1:15000. A

COS visava a execução de uma Cartografia de usos e ocupação do solo integral para Portugal

Continental, desde o domínio florestal ao agrícola. Esta carta foi publicada à escala 1: 25000

em formato digital.

Tabela 4.6 - Correspondência entre as classes da legenda original da Carta Agrícola e Florestal (1963)

e a legenda usada no presente estudo.

Legenda original Legenda original Nova legenda

Agua Água Água

Ar Arrozal Agricultura

As Área social Área social

Az Azinheira Floresta

Az-Sb Azinheira-Sobreiro Floresta

Ca Culturas arvenses de sequeiro Agricultura

Ca* Culturas arvenses de sequeiro Agricultura

Ca+Ol Culturas arvenses de sequeiro +Oliveira Agricultura

Ca/Az Culturas arvenses de sequeiro/Azinheira Agricultura

Cd-Fg-Ac-Ec Cedro-Faia-Acácia-Eucalipto Floresta

Cr Culturas arvenses de regadio Agricultura

Cr* Culturas arvenses de regadio Agricultura

Ec Eucalipto Floresta

Ht Culturas hortícolas em regadio Agricultura

Ic/Az Inculto/Azinheira Meios semi-naturais

Ic/Sb Inculto/Sobreiro Meios semi-naturais

Ol Oliveira Olival/Pomar

Ol+Ca Oliveira+Culturas arvenses de sequeiro Olival/Pomar

Pnm Pinheiro Manso Floresta

Pnm* Pinheiro Manso Floresta

Pnm-Sb Pinheiro Manso-Sobreiro Floresta

Sb Sobreiro Floresta

Sb* Sobreiro Floresta

Sb-Az Sobreiro-Azinheira Floresta

Na Tabela 4.7 apresenta-se a correspondência entre as classes da legenda original da Carta

de Ocupação do Solo e a legenda usada no presente estudo.

- 55 -

Tabela 4.7 - Correspondência entre as classes da legenda original da Carta de Ocupação do Solo

(1990) e a legenda usada no presente estudo.

Legenda original Legenda original Nova legenda

AA3 Prunoideas (sem amendoeira) Pomar/Olival

BB0 Sobreiro (grau de coberto inferior a 10%) Floresta

BB1 Sobreiro (grau de coberto de 10% a 30%) Floresta

BB2 Sobreiro (grau de coberto de 30% a 50%) Floresta

BB3 Sobreiro (grau de coberto superior a 50%) Floresta

BZ2 Sobreiro+Azinheira (grau de coberto de 30% a 50%) Floresta

BZ3 Sobreiro+Azinheira (grau de coberto superior a 50%) Floresta

CB0 Culturas anuais+Sobreiro Agricultura

CC1 Sequeiro Agricultura

CC2 Regadio Agricultura

CC3 Arrozais Agricultura

CO1 Sequeiro+Olival Agricultura

CX1 Sistemas culturais e parcelares complexos Agricultura

CZ0 Culturas anuais+Azinheira Agricultura

EE3 Eucalipto (grau de coberto superior a 50%) Floresta

FF3 Outras folhosas (grau de coberto superior a 50%) Floresta

FF5 Outras folhosas (zona verde urbana ou de proteccao) Floresta

HH1 Cursos de agua Água

HH2 Lagoas e albufeiras Água

IB0 Vegetacao arbustiva alta e floresta degradada ou de transicao Meios semi-naturais

II1 Pastagens naturais pobres Meios semi-naturais

II2 Vegetacao arbustiva baixa- matos Meios semi-naturais

IZ0 Vegetacao arbustiva alta e floresta degradada ou de transicao Meios semi-naturais

JY1 Praia, dunas, areais e solos sem cobertura vegetal Solos com pouca vegetação

JZ0 Areas descobertas sem ou com pouca vegetacao Solos com pouca vegetação

MF3 Pinheiro manso+Outras folhosas (grau de coberto superior a 50%) Floresta

MM3 Pinheiro Manso (grau de coberto superior a 50%) Floresta

OA1 Olival+Pomar Olival/Pomar

OO1 Olival Olival/Pomar

OZ1 Olival+Azinheira Olival/Pomar

PB3 Pinheiro bravo+Sobreiro (grau de coberto superior a 50%) Floresta

PP3 Pinheiro Bravo (grau de coberto superior a 50%) Floresta

UU1 Tecido urbano continuo Área social

UU2 Tecido urbano descontinuo Área social

ZB1 Azinheira+Sobreiro (grau de coberto de 10% a 30%) Floresta

ZB2 Azinheira+Sobreiro (grau de coberto de 30% a 50%) Floresta

ZB3 Azinheira+Sobreiro (grau de coberto superior a 50%) Floresta

ZZ2 Azinheira (grau de coberto de 30% a 50%) Floresta

ZZ3 Azinheira (grau de coberto superior a 50%) Floresta

2004/2005

No ano de 2004 foi realizado pela primeira vez em Portugal um voo com uma câmara aérea

digital, com uma resolução de 50 centímetros no terreno, cobrindo aproximadamente 40 %

- 56 -

do território de Portugal Continental. A DGRF estabeleceu um protocolo com o IGP para a

verificação da qualidade do voo e para a produção dos respectivos ortofotomapas. Em

Agosto de 2005 foram cobertos mais 40% do território de Portugal Continental, e os

restantes 20% em 2006.

A fotointerpretação destes ortofotomapas foi efectuada tendo em conta as oito classes de

ocupação do solo definidas.

4.2.3 Evolução espacial e temporal da ocupação do solo (1895-

2004/05)

Através das cartas de ocupação do solo nas várias datas em análise foi possível caracterizar a

evolução espacial e temporal da ocupação do solo. Por outro lado, foram efectuados

cruzamentos entre cada par de datas consecutivas de forma a perceber-se os ganhos e

perdas de cada classe. Estas operações foram efectuadas no IDRISI, com recurso ao módulo

Land Change Modeler.

4.2.4 Estimativa da perda de solo através da USLE

A perda de solo através da erosão laminar foi calculada por meio da multiplicação dos

rasters correspondentes aos vários factores da USLE. Como se trata de rasters de tipo

floating point (números reais), não têm tabelas de atributos. Por esta razão não se apresenta

um gráfico com a estatística mas sim os histogramas em que a frequência corresponde ao

número de pixeis incluídos em cada classe.

- 57 -

Factor Erosividade da Precipitação (R)

Através da página oficial do Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos (SNIRH)

na Internet (http://snirh.pt/) foram obtidos os valores da Precipitação anual em 6 postos

pluviométricos envolventes da bacia (as séries temporais não têm sempre a mesma

extensão):

Alcácovas: 1945-1969 e 1971-1999 (aproximadamente 53 anos)

Montemor-O-Novo: 1932-1998, 2001, 2002, 2004 e 2006 (aproximadamente 70 anos)

Montevil: 1945-1999, 2003 e 2004 (aproximadamente 56 anos)

Santiago do Escoural: 1945-1996, 1998, 2001-2004 e 2006 (aproximadamente 56 anos)

Barragem do Pego do Altar: 1933-1935 e 1939-1999 (aproximadamente 63 anos)

São Martinho: 1935-1941, 1943-1996, 1998 e 1999 (aproximadamente 62 anos)

Com os valores da Precipitação Anual destes postos pluviométricos, juntamente com os da

estação de Alcácer do Sal, foi efectuada uma interpolação Spline Tension para obtenção do

valor da precipitação em toda a bacia hidrográfica em estudo. Dos vários métodos de

interpolação escolheu-se este por ser aquele que capta com maior precisão as

particularidades regionais/locais, facto que se deve à sua flexibilidade de ajuste aos pontos

de medição. Pode, no entanto, apresentar valores menos precisos nos locais onde existem

variações bruscas nos valores dos parâmetros considerados. Com base nos dados da

precipitação calculou-se os valores da erosividade da precipitação (R) através da equação 4.3

(Tomás e Coutinho, 1993). Trata-se de uma equação desenvolvida para o nosso país e que

foi obtida com dados referentes ao centro/sul (conjunto das estações de Lisboa, Oeiras e

Mértola).

R=-685.3+3.406P (Eq. 4.3)

- 58 -

Factor Erodibilidade do Solo (K)

O factor K (erodibilidade do solo), apresentado na Tabela 4.8, referente a cada família de

solos foi retirado dos trabalhos de Pimenta (1998a, 1998b). Tal como efectuado para o valor

ecológico dos solos, o factor K de cada polígono foi calculado através da média ponderada

de todas as famílias presentes. Os referidos trabalhos não contemplavam uma família de

solos presente na área de estudo. No entanto, através de contacto directo com a autora foi

possível obter o valor da erodibilidade para a referida família.

Tabela 4.8 – Factor de erodibilidade referente a cada família de solos.

Família Factor KAfloramento Rochoso de xistos ou grauvaques 0.26Litólicos, Não Húmicos, Pouco Insaturados Normais, de arenitos grosseiros 0.26Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Calcários, Para-Barros, de calcários margosos 0

associados a arcoses ou rochas afins

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Calcários, Para-Solos Hidromórficos, de arcoses 0.19ou rochas afins associadas a depósitos calcários

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Não Calcários, Normais, de xistos ou grauvaques 0.19Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Não Calcários, Para-Barros, de dioritos ou quartzodioritos 0.39

ou rochas microfaneríticas ou cristalofílicas afins

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Não Calcários, Para-Solos Hidromórficos, de arcoses ou rochas afins 0.39Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Não Calcários, Para-Solos Hidromórficos, de arenitos 0.39

ou conglomerados argilosos ou argilas (de textura arenosa ou franco-arenosa)

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Calcários, Para-Barros, de margas ou calcários margosos 0.26Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Calcários, Para-Hidromórficos, de arcoses 0.31

ou rochas afins associadas a depósitos calcários

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Não Calcários, Normais, 0.31 de "rañas" ou depósitos afins

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Não Calcários, Normais, de rochas cristalofílicas 0.3Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Não Calcários, Normais, de xistos ou grauvaques 0.32Solos Calcários, Pardos dos Climas de Regime Xérico, Normais de arenitos grosseiros associados a depósitos calcários 0.39Solos Calcários, Pardos dos Climas de Regime Xérico, Para-Barros, de formações argiláceas associadas a depósitos calcários 0.32Solos Calcários, Vermelhos dos Climas de Regime Xérico, Normais, de xistos ou grauvaques associados a depósitos calcários 0.26Solos Hidromórficos, Sem Horizonte Eluvial, Para-Aluviossolos (ou Para-Coluviossolos), de aluviões ou coluviais de textura ligeira 0.23Solos Hidromórficos, Sem Horizonte Eluvial, Para-Aluviossolos (ou Para-Coluviossolos), de aluviões ou coluviais de textura mediana 0.32Solos Hidromórficos, Sem Horizonte Eluvial, Para-Barros, de margas ou calcários margosos ou arenitos calcários 0.29Solos Incipientes - Aluviossolos Antigos, Não Calcários, de textura mediana 0.32Solos Incipientes - Aluviossolos Antigos, Não Calcários, de textura pesada 0.19Solos Incipientes - Aluviossolos Modernos, Não Calcários, de textura mediana 0.32Solos Incipientes - Aluviossolos Modernos, Não Calcários, de textura pesada 0.32Solos Incipientes - Litossolos dos Climas de Regime Xérico, de xistos ou grauvaques 0.31Solos Litólicos, Não Húmicos Pouco Insaturados, Normais, de materiais arenáceos pouco consolidados (de textura arenosa a franco-arenosa) 0.32

- 59 -

Factor de Coberto do Solo (C)

O tipo e densidade da vegetação determinam a quantidade de precipitação interceptada e

retida pelo solo. Num solo sem vegetação o escorrimento superficial é elevado e fica

portanto sujeito a maior erosão. O factor de coberto de solo foi retirado de Pimenta (1998b)

e apresenta-se na Tabela 4.9

Tabela 4.9 – Factor de coberto do solo para cada classe de ocupação do solo.

Classes de Ocupação do solo Factor C

Agricultura 0.3

Água 0

Área social 0.01

Eucaliptal 0.2

Floresta 0.1

Meios semi-naturais 0.1

Olival/Pomar 0.1

Solos com pouca vegetação 0.4

Factor Topográfico (LS)

Para o cálculo do factor topográfico foi usada a equação desenvolvida por Moore e Burch (in

Moore e Wilson, 1992), adaptada ao cálculo da erosão com base em SIGs:

pm

s senCALS

0896.013.22

. (Eq. 4.4)

em que é o declive calculado em graus e transformado em radianos, m e p são dois

expoentes empíricos que tomam geralmente o valor de 0.4 e 1.3, sA é a área drenante e C

o tamanho do pixel.

Como foi referido, a USLE não se aplica à erosão concentrada, apenas se aplica à erosão

laminar e por sulcos, o que significa que é necessário excluir as zonas de vales (canais de

drenagem) ou depressões da análise. Para tal rejeita-se, no DEM, zonas com um valor

- 60 -

elevado do factor de comprimento. Este valor é variável consoante a zona em estudo. No

presente trabalho aceitou-se o valor de 122 m, adoptado por Panagopoulos e Antunes

(2008) num estudo do risco de erosão em montados do Algarve e que segundo Renard et al.

in Panagopoulos e Antunes (2008) poderá ser usado em muitas situações.

Segundo vários autores (Irvem et al., 2007) a USLE não deve ser aplicada a zonas com declive

superior a cerca de 20%, sob pena de não ser possível garantir a validade dos resultados. Por

esta razão foi aplicada uma máscara para excluir estas zonas da paisagem, da análise da

perda de solo.

Factor de Práticas Conservacionistas (P)

O factor de práticas conservacionistas (P) foi considerado igual a 1 em toda a área de estudo

por não haver dados disponíveis sobre práticas de conservação do solo. Foi consultado um

trabalho desenvolvido para o sul de Portugal (Tomás, 1992), no entanto apenas referia

valores deste factor para práticas agrícolas.

Risco potencial de perda de solo

Na USLE o factor erosividade da precipitação, erodibilidade do solo e o factor topográfico

são factores naturais que determinam os processos de erosão. Juntos, estes factores podem

ser considerados como a susceptibilidade à erosão ou risco potencial de perda de solo (Yue-

qing, 2009). Este risco foi calculado pelo produto dos três factores referidos.

- 61 -

5 Resultados

5.1 Caracterização biofísica

5.1.1 Morfometria

Apresentam-se na Error! Reference source not found. Tabela 5.1 os dados referentes à

caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do Ribeiro do Canas e na Figura 5.1Error!

Reference source not found. a Rede Hidrográfica. Trata-se de uma bacia de pequena

dimensão (5335 hectares de área) que corresponde a cerca de 0.8% da Bacia do Sado, como

já foi referido. A altitude média é de 106 m. A densidade de drenagem é de 6.3 km km-2, o

que, segundo Lencastre e Franco (2003), revela uma bacia hidrográfica bem drenada e

portanto, eventualmente sujeita a cheias. Segundo o valor obtido do Coeficiente de

Compacidade (1.73), a bacia de estudo é ligeiramente alongada, significando que não tem

uma tendência muito elevada para a ocorrência de cheias (Lencastre e Franco, 2003).

Tabela 5.1 - Características morfométricas da Bacia Hidrográfica do Ribeiro do Canas.

Parâmetro Valor

Área (ha) 5335

Perímetro (m) 44704

Comprimento da linha de água principal (m) 19141

Comprimento total das linhas de água (m) 334389

Altitude média (m) 106

Altitude mínima (m) 10

Altitude máxima (m) 250

Densidade de drenagem (km km-2) 6.3

Coeficiente de compacidade 1.7

- 62 -

5.1.2 Altimetria

Apresenta-se, na Figura 5.2Error! Reference source not found., o MDT, em formato TIN, da

área de estudo, na Figura 5.3 a carta da Altimetria e na Figura 5.4 as áreas relativas das

diferentes classes de altimetria.

Figura 5.1 - Rede Hidrográfica.

- 63 -

Figura 5.2 - Modelo Digital do Terreno em formato TIN.

Pode observar-se que se está perante um território relativamente diferenciado, destacando-

se algumas unidades morfológicas distintas Assim, na zona nordeste encontram-se

formações de relevo um pouco mais acidentado, enquanto que na zona sul predomina um

relevo mais aplanado. Identifica-se, com bastante clareza, a Serra da Lapa de forma

aproximadamente elipsoidal, no centro de uma zona plana a sul da área de estudo.

Distinguem-se perfeitamente as zonas correspondentes aos vales do Ribeiro do Canas e da

Ribeira de Santa Susana.

- 64 -

Na bacia hidrográfica as cotas variam entre 0-250.362 m, sendo a altitude média de cerca de

106 m. Na zona nordeste a altitude toma os valores mais elevados (150-250 m), na zona

central valores intermédios (100-150 m) e na zona sul nos valores mais baixos (0-150 m).

Figura 5.3 - Carta de Altimetria.

A classe de altimetria com maior representatividade é a classe de valores intermédios (100-

150 m) que ocupa quase metade da área de estudo (47.63%), seguindo-se a classe 50-100 m

(24.23%). As classes 0-50 m e 150-200 m praticamente ocupam a mesma área, cerca de 14%.

A classe altimétrica com menor representatividade corresponde à classe com os valores mais

elevados (cerca de 1%).

- 65 -

13.43

24.23

47.63

13.860.85

0-50m 50-100m 100-150m 150-200m 200-250m

Figura 5.4 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de Altimetria.

5.1.3 Declive

Na Figura 5.5 está representada uma carta que evidencia as zonas com Declive igual a zero

(18% da área de estudo) e na Figura 5.6 a carta de Declives (%) reclassificada em 6 classes.

Podem observar-se algumas zonas de declive muito acentuado: nordeste (com altitudes

mais elevadas), zona central correspondente aos vales do Ribeiro do Canas e da Ribeira de

Santa Susana, Serra da Lapa e zona sul da bacia hidrográfica, já na envolvente da albufeira

do Pego do Altar. Verifica-se ainda que na área em estudo, no geral, predominam os declives

suaves, correspondentes a zonas de relevo aplanado.

- 66 -

Figura 5.5 - Carta com zonas com Declive igual a zero e diferente de zero.

- 67 -

Figura 5.6 - Carta de Declives (%) reclassificada em seis classes.

Através da análise da Figura 5.7 pode observar-se que a classe mais representativa de

declives é a classe correspondente aos declives mais baixos (0-5%) que ocupam cerca de

46% da bacia. As classes 5-8%, 8-12% e 15-25% abrangem, cada uma delas,

aproximadamente 13% da área. As classes >25% (8.50%) e 12-15% (6.71%) são as menos

representativas.

- 68 -

45.87

13.54

12.11

6.71

13.27

8.50

Plano (0-5%) Muito suave (5-8%) Suave (8-12%)

Moderado (12-15%) Acentuado (15-25%) Muito acentuado (>25%)

Figura 5.7 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de Declive.

5.1.4 Orientação das encostas

Constata-se, através da análise da Figura 5.8 e da Figura 5.9, que na bacia hidrográfica em

estudo predominam as orientações sul (25.11%) e oeste (23.73%) que, em conjunto,

perfazem praticamente metade da bacia. Ou seja, dominam as orientações que recebem

uma maior quantidade de radiação solar, portanto mais quentes. As áreas planas e expostas

a este ocupam cerca de 18-19% da bacia. As encostas expostas a norte correspondem à

classe menos significativas, perfazendo cerca de 14% da área. Em termos espaciais não se

nota qualquer tendência em relação a este parâmetro.

- 69 -

Figura 5.8 - Carta de Orientação das Encostas reclassificada em cinco classes.

18.10

14.22

18.83

25.11

23.73

Plano Norte Este Sul Oeste

Figura 5.9 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de Orientação das Encostas.

- 70 -

5.1.5 Humidade do solo

Apresenta-se na Figura 5.10 a carta do Índice de Humidade do solo e na Figura 5.11 as áreas

relativas das diferentes classes do índice.

Figura 5.10 - Carta do Índice de Humidade do Solo reclassificado em seis classes.

No que diz respeito ao Índice de Humidade pode verificar-se que na bacia hidrográfica em

análise predominam as classes correspondentes a zonas muito secas (cerca de 40%) e

- 71 -

extremamente secas (aproximadamente 28%). Segue-se a classe correspondente às zonas

secas (22.44%).

As zonas referentes à classe com valores moderados do índice abrangem cerca de 8% da

bacia. As classes correspondentes às zonas húmidas e muito húmidas ocupam uma área

mínima (1.86% e 0.05% respectivamente). Como seria de esperar, as zonas de cabeceira e as

zonas mais declivosas são caracterizadas por menor disponibilidade hídrica enquanto que as

zonas dos vales das principais linhas de água possuem valores mais elevados do Índice de

Humidade. Também se identificam facilmente as principais linhas de água, Ribeiro do Canas

e da Ribeira de Santa Susana, pelo valor mais elevado do Índice de Humidade.

28.23

39.61

22.44

1.86

0.05

7.81

Extremamente seco (0-5) Muito seco (5-9)

Seco (9-13) Moderado (13-17)

Húmido (17-21) Muito Húmido (21-23)

Figura 5.11 - Áreas relativas (%) das diferentes classes do Índice de Humidade do Solo.

5.1.6 Radiação

Na bacia hidrográfica em estudo dominam, em relação ao parâmetro Radiação Solar Global

(Figura 5.12 e Figura 5.13), as classes correspondentes aos valores mais altos e altos. Estas

duas classes perfazem cerca de 90% da área. A classe referente aos valores médios tem uma

- 72 -

representatividade muito mais baixa, cerca de 8%. As zonas que recebem a menor

quantidade de radiação solar, “Baixa” e “Muito baixa” têm uma expressão insignificante.

Figura 5.12 - Carta da Radiação Solar Global reclassificada em cinco classes.

Estes resultados estão de acordo com a análise já efectuada para a Exposição de Vertentes

que revelou que na bacia em estudo dominam as exposições de Sul e Oeste. Nota-se uma

influência nítida do relevo. Assim, as zonas expostas ao quadrante Norte têm valores mais

baixos, enquanto que as zonas expostas ao quadrante Sul e zonas planas têm valores mais

- 73 -

elevados. As zonas que recebem menor quantidade de radiação solar encontram-se nos

vales mais encaixados das principais linhas de água e na vertente norte da Serra da Lapa.

44.30

45.68

0.07

1.96

7.99

Muito baixa (2772-663053 Wh/m2)Baixa (663053-1108884 Wh/m2)Média (1108884-1244326 Wh/m2)Alta (1244326-1317691 Wh/m2)Muito alta (1317691-1447490 Wh/m2)

Figura 5.13 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de Radiação Solar Global.

5.1.7 Solos e valor ecológico dos solos

Apresenta-se na Tabela 5.2 as Famílias de solos e a respectiva representatividade (% área) e

na Figura 5.14 as Ordens de Solos. Dada o elevado número de famílias de solo, o que não

possibilita a sua representação gráfica, optou-se por apresentar as Ordens de Solos.

Não há uma família de solos claramente dominante. Há quatro famílias de solos

aproximadamente com a mesma representatividade, entre 12% e 15%: “Aluviossolos

Modernos, Não Calcários, de textura mediana”, “Aluviossolos Modernos, Não Calcários, de

textura pesada”, “Aluviossolos Antigos, Não Calcários, de textura mediana” e “Aluviossolos

Antigos, Não Calcários, de textura pesada” e ainda “Afloramento Rochoso de xistos ou

grauvaques”.

A Ordem de solos com maior representatividade na área de estudo diz respeito aos solos

argiluviados pouco insaturados (cerca de 72%), que correspondem a solos mediterrâneos.

Segue-se a Ordem relativa aos solos incipientes (aproximadamente 18%), solos

- 74 -

hidromórficos (7%) e solos calcários (3%). Os solos litólicos ocupam uma percentagem

mínima.

Tabela 5.2 - Áreas relativas das diferentes Famílias de solos.

Família Área (%)

Solos Incipientes - Aluviossolos Modernos, Não Calcários, de textura mediana 15.3

Solos Incipientes - Aluviossolos Modernos, Não Calcários, de textura pesada 13.9

Afloramento Rochoso de xistos ou grauvaques 13.0

Solos Incipientes - Aluviossolos Antigos, Não Calcários, de textura mediana 12.9

Solos Incipientes - Aluviossolos Antigos, Não Calcários, de textura pesada 12.4

Solos Hidromórficos, Sem Horizonte Eluvial, Para-Aluviossolos (ou Para-Coluviossolos), de aluviões ou coluviais de textura mediana 5.7

Solos Hidromórficos, Sem Horizonte Eluvial, Para-Aluviossolos (ou Para-Coluviossolos), de aluviões ou coluviais de textura ligeira 4.9

Solos Incipientes - Litossolos dos Climas de Regime Xérico, de xistos ou grauvaques 2.8

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Não Calcários, Para-Solos Hidromórficos, 2.2

de arenitos ou conglomerados argilosos ou argilas (de textura arenosa ou franco-arenosa)

Solos Litólicos, Não Húmicos Pouco Insaturados, Normais, de materiais arenáceos pouco consolidados (de textura arenosa a franco-arenosa) 2.1

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Calcários, Para-Barros, 1.8

, de calcários margosos associados a arcoses ou rochas afins

Solos Calcários, Pardos dos Climas de Regime Xérico, Para-Barros, de formações argiláceas associadas a depósitos calcários 1.7

Solos Calcários, Pardos dos Climas de Regime Xérico, Normais de arenitos grosseiros associados a depósitos calcários 1.6

Solos Hidromórficos, Sem Horizonte Eluvial, Para-Barros, de margas ou calcários margosos ou arenitos calcários 1.6

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Calcários, Para-Solos Hidromórficos, de arcoses 1.5

ou rochas afins associadas a depósitos calcários

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Não Calcários, Para-Solos Hidromórficos, de arcoses ou rochas afins 1.4

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Não Calcários, Para-Barros, de dioritos 1.1

ou quartzodioritos ou rochas microfaneríticas ou cristalofílicas afins

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Não Calcários, Normais, de rochas cristalofílicas 1.1

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Não Calcários, Normais, de xistos ou grauvaques 0.7

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Não Calcários, Normais, de de "rañas" ou depósitos afins 0.5

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Calcários, Para-Barros, de margas ou calcários margosos 0.5

Solos Calcários, Vermelhos dos Climas de Regime Xérico, Normais, de xistos ou grauvaques associados a depósitos calcários 0.4

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Calcários, Para-Hidromórficos, de arcoses 0.3

ou rochas afins associadas a depósitos calcários

Litólicos, Não Húmicos, Pouco Insaturados Normais, de arenitos grosseiros 0.2

Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Não Calcários, Normais, de xistos ou grauvaques 0.2

72.23

2.77 6.49

17.77

0.21

0.53

Solos argiluviados pouco insaturadosSolos calcáriosSolos hidromórficosSolos incipientesSolos l itólicosAfloramento rochoso

Figura 5.14 - Áreas relativas (%) das diferentes Ordens dos Solos.

- 75 -

A Figura 5.15 ilustra a carta do Valor Ecológico dos Solos e a Figura 5.16 as áreas relativas

das diferentes classes. Na bacia em estudo predominam solos de elevado valor ecológico

(45.72%). Em termos de representatividade segue-se a classe referente aos solos de

reduzido valor ecológico (27.47%) e a classe respeitante aos solos de valor ecológico variável

(13.74%). As classes “Solos de muito reduzido valor ecológico” e “Solos de muito elevado

valor ecológico” ocupam uma percentagem muito reduzida, respectivamente 6.29% e

4.38%. As zonas correspondentes a áreas sociais e águas continentais correspondem a uma

área mínima (2.41%) da bacia.

Observam-se duas manchas correspondentes a solos de elevado valor ecológico separadas

por uma mancha central de solos de reduzido valor ecológico. As zonas de solos de muito

elevado valor ecológico situam-se nos vales das principais linhas de água.

- 76 -

Figura 5.15 - Valor Ecológico dos Solos.

- 77 -

45.72 13.74

27.47

6.292.41

4.38

Áreas sociais, Águas continentais

Solos de muito elevado valor ecológico

Solos de elevado valor ecológico

Solos de valor ecológico variável

Solos de reduzido valor ecológico

Solos de muito reduzido valor ecológico Figura 5.16 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de Valor Ecológico dos Solos.

5.2 Cartas de ocupação do solo

Apresentam-se, em primeiro lugar, para as várias datas em análise, as cartas de ocupação do

solo, que permitem observar a distribuição espacial das diferentes classes de ocupação, e

ainda um gráfico com a área (em %) correspondente às várias classes.

5.2.1 1895

Na Figura 5.17 apresenta-se a Carta de Ocupação do Solo da área de estudo em 1895 e na

Figura 5.18 as áreas relativas das diferentes classes para esta data.

- 78 -

Figura 5.17 - Carta de Ocupação do Solo em 1895.

65.23

32.55

2.09

0.13

Agricultura

Floresta

Meios Semi-naturais

Olival/Pomar

Figura 5.18 - Áreas relativas das diferentes classes de Ocupação do Solo em 1895.

- 79 -

A ocupação do solo em 1895 era essencialmente dominada pelos “Meios semi-naturais” que

constituíam aproximadamente 65% da área de estudo. Este tipo de ocupação do solo era

caracterizado por largas extensões de charnecas e matos e por algumas áreas de pousio e de

pastagens naturais. A ocupação florestal nesta época correspondia a cerca de 33% da bacia.

Em 1895 os espaços agrícolas constituíam uma percentagem bastante baixa da área de

estudo, aproximadamente 2.1%. A classe representada pelo “Olival/Pomar” abrangia cerca

de 0.13% da área de estudo, com uma reduzida expressão comparativamente às restantes

classes.

5.2.2 1963

A Figura 5.19 ilustra a Carta de Ocupação do Solo da área de estudo em 1963 e a Figura 5.18

a área (%) referente às várias classes de ocupação.

- 80 -

Figura 5.19 - Carta de Ocupação do Solo em 1963.

29.352.07

60.86

0.31

0.22

1.53

5.66

Agricultura

Água

Área social

Eucaliptal

Floresta

Meios semi-naturais

Olival/Pomar

Figura 5.20 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de Ocupação do Solo em 1963.

- 81 -

Em relação à data anterior, verifica-se que aparecem novas classes de uso do solo: “Área

social”, “Eucaliptal” “e “Água”. Em 1963 a bacia hidrográfica do Ribeiro do Canas era

marcada sobretudo pela presença da classe “Floresta” que ocupava cerca de 61% da área. A

“Agricultura” constituía aproximadamente 29% da bacia. Os “Meios semi-naturais”

representavam quase 6% da área total. Quanto à classe “Olival/Pomar”, possuía, naquela

data, uma representatividade diminuta (1.53%). O tecido urbano representava apenas 0.22%

da área total. A presença da classe “Água” (2.07%) é pouco expressiva, confinada na sua

maior parte à albufeira da barragem do Pego do Altar, entretanto construída. Os

povoamentos de eucalipto tinham, nesta data, uma representatividade bastante reduzida

(0.31%) caracterizados apenas por uma pequena mancha no limite inferior da bacia, próximo

da barragem. Pode observar-se que a agricultura, no geral, era praticada nas zonas de

declive menos acentuado. As duas manchas referentes aos “Meios semi-naturais” ocupam

uma zona bastante declivosa da bacia, correspondente a troços quer da Ribeira de Santa

Susana quer da Ribeira do Canas.

5.2.3 1990

Na Figura 5.21 apresenta-se a Carta de Ocupação do Solo da área de estudo em 1990 e na

Figura 5.22 as áreas (%) referentes às várias classes de ocupação.

- 82 -

Figura 5.21 - Carta de Ocupação do Solo em 1990.

27.282.12

60.30

2.81

4.30

1.69

1.25

0.25

Agricultura

Agua

Area Social

Eucaliptal

Floresta

Meios Semi-naturais

Olival/Pomar

Solos com poucavegetacao

Figura 5.22 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de Ocupação do Solo em 1990.

- 83 -

Em 1990 a classe “Floresta” continua a dominar a ocupação do solo (cerca de 60%). A

“Agricultura”, com bastante menor expressão, diminuiu ligeiramente a sua

representatividade, de 29.35% para 27.28%. Os “Meios semi-naturais” sofrem um ligeiro

decréscimo, em comparação com o período antecedente, passando para 4.3%. Em termos

de crescimento urbano, nota-se uma ligeira expansão, de 0.22% para 0.25%. Em relação às

datas anteriores verifica-se, em 1990, o aparecimento de uma nova classe: “Solos com pouca

vegetação”. Esta classe deve o seu aumento principalmente à preparação de terrenos para a

implantação de “Floresta”, nomeadamente de eucaliptais. Algumas zonas no limite da

albufeira do Pego do Altar, que não possuem vegetação, foram também incluídas nesta

classe. Em 1963 estas zonas encontravam-se incluídas na classe “Agricultura”. A classe

“Olival/Pomar” assiste a uma diminuição ligeira, de 1.53% para 1.25%, principalmente

devido a uma grande mancha que foi convertida em “Floresta”. De referir ainda que a classe

“Eucaliptal” sofre um aumento de 0.31% em 1963 para 1.69% em 1990. Quer esta classe

quer a classe “Solos com pouca vegetação” encontram-se a ocupar zonas muito declivosas.

5.2.4 2004/05

A Figura 5.23 ilustra a Carta de Ocupação do Solo da área de estudo em 2004/05 e a Figura

5.24 as áreas (%) referentes às várias classes de ocupação.

- 84 -

Figura 5.23 - Carta de Ocupação do Solo em 2004/05.

69.27

0.67

16.61

3.85

5.55

0.65

1.75

1.64

Agricultura

Água

Área social

Eucaliptal

Floresta

Meios semi-naturais

Olival/Pomar

Solos com poucavegetação

Figura 5.24 - Áreas relativas (%) das diferentes classes de Ocupação do Solo em 2004/05.

- 85 -

A ocupação do solo da área de estudo não registou grandes diferenças relativamente ao ano

de 1990. Constata-se um aumento da área de “Floresta” de 60.3% para 69.27%. Esta classe

de uso do solo continua a ser a dominante. A “Agricultura” sofreu uma redução

considerável, passando de cerca de 27% para 17%. Os “Meios semi-naturais” tiveram um

aumento muito ligeiro. Relativamente à classe “Solos com pouca vegetação”, nota-se uma

expansão também muito ligeira. As restantes classes têm muito fraca expressão. A classe

“Olival/Pomar” diminuiu a sua representatividade. Quanto à área ocupada pelo “Eucaliptal”

verifica-se que sofreu uma ligeira redução.

5.3 Evolução espacial e temporal da ocupação do solo

A evolução da ocupação do solo na área de estudo, ao longo do tempo, referente às três

classes mais representativas (“Floresta”, “Agricultura” e “Meios semi-naturais”) apresenta-se

na Figura 5.25. Pode constatar-se que a “matriz” da paisagem passou dos “Meios semi-

naturais” em 1895 para “Floresta” nas datas posteriores.

Os “Meios semi-naturais” no ano de 1895 ocupavam a maior parte da bacia em estudo

tendo sofrido uma diminuição drástica entre 1895 e 1963. A partir desta data esta classe de

ocupação do solo não sofre alterações consideráveis.

No que diz respeito à “Agricultura”, esta classe ocupa uma percentagem muito baixa da área

de estudo (cerca de 2%) no ano de 1985 e, no espaço de 68 anos, aumenta

substancialmente, até atingir os 29%. Entre 1963 e 2004/05 a “Agricultura” conhece uma

diminuição da sua representatividade, mais significativa entre 1990 e 2004/05. Nesta última

data os espaços agrícolas perfazem cerca de 17% da área total.

- 86 -

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1895 1963 1990 2004/05

Áre

a (%

)Floresta

Agricultura

Meios Semi-naturais

Figura 5.25 - Evolução da área relativa das três classes de ocupação do solo mais representativas.

A classe “Floresta” manifesta um aumento acentuado entre 1895 e 1963, um decréscimo

insignificante entre 1963 e 1990 e um acréscimo razoável entre 1990 e 2004/05.

Para facilitar a análise optou-se por representar as cinco classes restantes (“Olival/Pomar”,

“Área social”, “Eucaliptal”, “Água” e “Solos com pouca vegetação”) separadamente (Figura

5.26), pelo facto de terem uma representatividade muito pequena e portanto não terem

leitura quando são consideradas todas as classes de ocupação.

- 87 -

0

1

2

3

4

1895 1963 1990 2004/05

Áre

a (%

)

Solos com poucavegetaçãoÁgua

Eucaliptal

Área social

Olival/Pomar

Figura 5.26 - Evolução da área relativa das cinco classes de uso do solo com menor

representatividade.

A classe representada pelos “Solos com pouca vegetação” surgiu no ano de 1990, ocupando

então 2,8% da área de estudo. Até 2004/05 sofre uma expansão, passando para uma

percentagem de ocupação de cerca de 4%.

Em 1963 a classe “Água” ocupava aproximadamente de 2.06% da área de estudo. Entre esta

data e 1990 verifica-se um ligeiro acréscimo da sua representatividade, e posteriormente um

decréscimo, passando a ocupar, na data mais tardia 1.75% da bacia hidrográfica.

A representatividade da classe “Olival/Pomar” ao longo do intervalo de tempo em estudo

nunca foi muito significativa (nunca excedeu 1.3%). Em 1895 a área ocupada por esta classe

era mínima, tendo conhecido um aumento em 1963. Após esta data verifica-se uma

diminuição progressiva da percentagem de ocupação.

O “Eucaliptal” é uma classe que surge em 1963 (0.31%) e apresenta sempre uma variação

positiva da representatividade. O aumento da área ocupada é um pouco mais acentuado

entre 1963 e 1990 do que entre 1990 e 2004/05.

- 88 -

Em termos de “Área social”, assiste-se a uma ligeira expansão entre 1963 e 1990 e um

aumento um pouco mais acentuado entre 1990 e 2004/05.

5.4 Parâmetros biofísicos por classe de ocupação do solo

Em seguida apresenta-se uma análise do cruzamento entre a informação referente ao uso

do solo e aquela relativa aos vários parâmetros biofísicos, com a finalidade de investigar as

relações entre os dois tipos de informação. O cruzamento da informação eventualmente

permitirá reconhecer áreas onde não se verifique uma adequadibilidade entre o tipo de

ocupação do solo e as suas características.

Na Figura 5.2727 pode observar-se a distribuição das classes de ocupação do solo em função

da altimetria, para as várias datas em análise. A floresta, em todas as datas analisadas, ocupa

todas as classes de altimetria. Excepto em 2005/05 há uma tendência da agricultura ser

praticada em zonas correspondentes a classes de menor valor de altitude. Os meios semi-

naturais que em 1895 ocupavam zonas de uma vasta gama de valores de altitude, passaram

a estar restritos, nas datas posteriores, a zonas de menor altitude. O uso do solo dominante

nas zonas de altitude mais elevada é a floresta.

- 89 -

1963

0

20

40

60

80

100

Area s

ocial

Solos c

om p

ouca

vege

taçã

o

Olival/P

omar

Agricult

uraÁgua

Euca

lipta

l

Meios S

emi-nat

urais

Flore

sta

Áre

a (%

)

0-50 m

50-100 m

100-150 m

150-200 m

200-250 m

1895

0

20

40

60

80

100

Área S

ocial

Solos c

om p

ouca

vege

taçã

o

Olival/P

omar

Agricult

uraÁgua

Euca

lipta

l

Meios S

emi-nat

urais

Flore

sta

Áre

a (%

)

0-50 m

50-100 m

100-150 m

150-200 m

200-250 m

1990

0

20

40

60

80

100

Área S

ocial

Solos c

om p

ouca

vege

taçã

o

Olival/P

omar

Agricult

uraÁgua

Euca

lipta

l

Meios S

emi-nat

urais

Flore

sta

Áre

a (%

) 0-50 m

50-100 m

100-150 m

150-200 m

200-250 m

2004/05

0

20

40

60

80

100

Área S

ocial

Solos c

om p

ouca

vege

taçã

o

Olival/P

omar

Agricult

uraÁgua

Euca

lipta

l

Meios S

emi-nat

urais

Flore

sta

Áre

a (%

)

0-50 m

50-100 m

100-150 m

150-200 m

200-250 m

1963

0

20

40

60

80

100

Area s

ocial

Solos c

om p

ouca

vege

taçã

o

Olival/P

omar

Agricult

uraÁgua

Euca

lipta

l

Meios S

emi-nat

urais

Flore

sta

Áre

a (%

)

0-50 m

50-100 m

100-150 m

150-200 m

200-250 m

1895

0

20

40

60

80

100

Área S

ocial

Solos c

om p

ouca

vege

taçã

o

Olival/P

omar

Agricult

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Euca

lipta

l

Meios S

emi-nat

urais

Flore

sta

Áre

a (%

)

0-50 m

50-100 m

100-150 m

150-200 m

200-250 m

1990

0

20

40

60

80

100

Área S

ocial

Solos c

om p

ouca

vege

taçã

o

Olival/P

omar

Agricult

uraÁgua

Euca

lipta

l

Meios S

emi-nat

urais

Flore

sta

Áre

a (%

) 0-50 m

50-100 m

100-150 m

150-200 m

200-250 m

2004/05

0

20

40

60

80

100

Área S

ocial

Solos c

om p

ouca

vege

taçã

o

Olival/P

omar

Agricult

uraÁgua

Euca

lipta

l

Meios S

emi-nat

urais

Flore

sta

Áre

a (%

)

0-50 m

50-100 m

100-150 m

150-200 m

200-250 m

Figura 5.27 - Altimetria por classes de ocupação do solo.

Verifica-se (Figura 5.28) que a agricultura, no geral, é praticada em zonas menos declivosas.

Pelo contrário, os meios semi-naturais, excepto em 1895, ocupam zonas com declive

acentuado. As florestas localizam-se todas as classes de declive.

2004/05

0

20

40

60

80

100

Área S

ocial

Solos c

om p

ouca

vege

taçã

o

Olival/P

omar

Agricult

uraÁgua

Euca

lipta

l

Meios S

emi-nat

urais

Flore

sta

Áre

a (%

)

0-5 %

5-8 %

8-12 %

12-15%15-25%>25 %

1990

0

20

40

60

80

100

Área S

ocial

Solos c

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Olival/P

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0-5 %

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8-12 %

12-15%15-18%>25 %

1963

0

20

40

60

80

100

Área S

ocial

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o

Olival/P

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Agricult

uraÁgua

Euca

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l

Meios S

emi-n

atura

is

Flore

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Áre

a (%

)

0-5 %

5-8 %

8-12 %

12-15 %

15-25 %

>25 %

1895

0

20

40

60

80

100

Área S

ocial

Solos c

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vege

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o

Olival/P

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Agricul

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Água

Euca

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l

Meios S

emi-n

atura

is

Flor

esta

Áre

a (%

)

0-5 %

5-8 %

8-12 %

12-15 %

15-25 %

>25 %

2004/05

0

20

40

60

80

100

Área S

ocial

Solos c

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Olival/P

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Meios S

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sta

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)

0-5 %

5-8 %

8-12 %

12-15%15-25%>25 %

1990

0

20

40

60

80

100

Área S

ocial

Solos c

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o

Olival/P

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Agricult

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Meios S

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Áre

a (%

)

0-5 %

5-8 %

8-12 %

12-15%15-18%>25 %

1963

0

20

40

60

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Área S

ocial

Solos c

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Olival/P

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Euca

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Flore

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Áre

a (%

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0-5 %

5-8 %

8-12 %

12-15 %

15-25 %

>25 %

1895

0

20

40

60

80

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Área S

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Água

Euca

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Flor

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Áre

a (%

)

0-5 %

5-8 %

8-12 %

12-15 %

15-25 %

>25 %

Figura 5.28 - Declive por classes de ocupação do solo.

- 90 -

Em relação à exposição de vertentes ( Figura 5.29) não se nota nenhum padrão em termos

das classes de ocupação do solo.

2004/05

0

20

40

60

80

100

Área S

ocia

l

Solo

s com

pou

ca ve

geta

ção

Olival/P

omar

Agricul

tura

Água

Euca

lipta

l

Meio

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Flor

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Áre

a (%

)

Plano

Norte

Este

Sul

Oeste

1990

0

20

40

60

80

100

Área S

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Norte

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Sul

Oeste

1963

0

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40

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Plano

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) Plano

Norte

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2004/05

0

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Área S

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l

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Plano

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1990

0

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Área S

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uraÁgua

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1963

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Norte

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Meios S

emi-nat

urais

Flore

sta

Áre

a (%

) Plano

Norte

Este

Sul

Oeste

Figura 5.29 - Orientação de vertentes por classes de ocupação do solo.

Pode verificar-se (Figura 5.30) que os meios semi-naturais em 1990 e 2004/05 ocupam, em

grande extensão, zonas com elevado teor de humidade do solo. No geral, a agricultura não é

praticada em zonas com elevada humidade do solo.

- 91 -

2004/05

0

20

40

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80

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Área S

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l

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1990

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Extremamente seco M uito seco Seco M oderado Húmido M uito húmido

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a (%

)

Extremamente seco M uito seco Seco M oderado Húmido M uito húmido

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Água

Euca

lipta

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Meio

s Sem

i-nat

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Flor

esta

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Extremamente seco M uito seco Seco M oderado M uito húmido #REF!

2004/05

0

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40

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100

Área S

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Solo

s com

pou

ca ve

geta

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Olival/P

omar

Agricul

tura

Água

Euca

lipta

l

Meio

s Sem

i-nat

urais

Flor

esta

Áre

a (%

)

Extremamente seco M uito seco Seco M oderado Húmido M uito húmido

1990

0

20

40

60

80

100

Área S

ocia

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Solo

s com

pou

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ção

Olival/P

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Agricul

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Água

Euca

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Meio

s Sem

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Flor

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)

Extremamente seco M uito seco Seco M oderado Húmido M uito húmido

1963

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Área S

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Olival/P

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Agricul

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Água

Euca

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Meio

s Sem

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Flor

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)

Extremamente seco M uito seco Seco M oderado Húmido M uito húmido

1895

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Olival/P

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Flor

esta

Áre

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)

Extremamente seco M uito seco Seco M oderado M uito húmido #REF!

Figura 5.30 - Humidade por classes de ocupação do solo.

Na Figura 5.31 pode observar-se a distribuição das classes de ocupação do solo em função

da radiação global. Assinala-se que os meios semi-naturais ocupam, no geral, zonas que

recebem uma baixa quantidade de radiação solar.

- 92 -

2004/05

0

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Solo

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Solo

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Olival/P

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Agricul

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Flor

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) Muito baixa

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Muito baixa

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2004/05

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Olival/P

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) Muito baixa

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1990

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Área S

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Olival/P

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a (%

) Muito baixa

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1963

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Área S

ocia

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Solo

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ção

Olival/P

omar

Agricul

tura

Água

Euca

lipta

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Meio

s Sem

i-nat

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Flor

esta

Áre

a (%

) Muito baixa

Baixa

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1895

0

20

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Área S

ocia

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Olival/P

omar

Agricul

tura

Água

Euca

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Meio

s Sem

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urais

Flor

esta

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a (%

)

Muito baixa

Baixa

Média

Alta

Muito a l ta

Figura 5.31 - Radiação global por classes de ocupação do solo.

5.5 Estimativa da perda de solo através da USLE

Nas figuras seguintes apresentam-se os vários parâmetros da USLE (R, K, C, LS e P) para a

bacia hidrográfica em estudo.

5.5.1 Factor Erosividade da Precipitação (R)

Apresenta-se na Tabela 5.3 a Precipitação anual referente aos postos pluviométricos usados

no processo de interpolação para determinação do valor deste parâmetro para toda a bacia

hidrográfica. Pode observar-se que a gama de valores da precipitação é quase de 300 mm.

- 93 -

Tabela 5.3 – Precipitação anual dos postos pluviométricos envolventes da bacia.

Postos Pluviométricos Precipitação anual (mm)

Alcáçovas 719

Montevil 528

São Martinho 636

Montemor-o-Novo 678

Santiago do Escoural 822

Na Figura 5.32 encontra-se representado o factor Erosidade da Precipitação (R) e na Figura

5.33 o histograma do raster correspondente a este factor.

Este factor mostra uma correlação elevada com a precipitação e por sua vez a precipitação

encontra-se positivamente correlacionada com a altitude. R toma os valores mais elevados

na zona nordeste da bacia hidrográfica e diminui progressivamente para sudoeste. Os

valores da Erosividade da Precipitação para a bacia hidrográfica variam entre

aproximadamente 1331 e 1580 MJ.mm.ha-1.h-1.ano-1, sendo o valor médio de cerca 1464

MJ.mm.ha-1.h-1.ano-1.

O histograma revela uma distribuição relativamente uniforme dos valores da Erosividade,

excepto para os valores inferiores a aproximadamante 1370 MJ.mm.ha-1.h-1.ano-1, que se

encontram menos representados.

- 94 -

Figura 5.32 - Erosividade da Precipitação (R) expressa em MJ.mm.ha-1.h-1.ano-1.

Figura 5.33 - Histograma do raster relativo à Erosividade da Precipitação (MJ.mm.ha-1.h-1.ano-1).

- 95 -

5.5.2 Factor Erodibilidade do Solo (K)

A Figura 5.34 apresenta a Erodibilidade do solo (K) na área em estudo e a Figura 5.35 o

histograma do raster correspondente a este factor. Pode observar-se a existência de valores

elevados da erodibilidade na zona do nordeste, centro e sul, separados por zonas que

apresentam valores mais baixos. O histograma revela a dominância do valor 0.035 t ha h ha-1

MJ-1 mm-1 para a erodibilidade, sendo o valor médio de 0.031 t ha h ha-1 MJ-1 mm-1.

Figura 5.34 - Erodibilidade dos solos (t ha h ha-1 MJ-1 mm-1).

- 96 -

Figura 5.35 - Histograma do raster relativo à erodibilidade do solo (t ha h ha-1 MJ-1 mm-1).

5.5.3 Factor de Coberto do Solo (C)

A Figura 5.36 ilustra o factor Coberto do Solo (C) e a Figura 5.37 o histograma do raster

relativo a este factor para o ano de 1895. No histograma pode observar-se um pico no valor

de 0.02, que corresponde à classe dominante na altura, meios semi-naturais. O valor médio

deste factor é de 0.052.

- 97 -

Figura 5.36 - Factor coberto do Solo (C) para 1895.

Figura 5.37 - Histograma do raster relativo ao factor Coberto do Solo (C) para 1895.

- 98 -

A Figura 5.38 representa o factor Coberto do Solo (C) na área em estudo e a Figura 5.39 o

histograma da imagem correspondente a este factor para o ano de 1963. No histograma

pode observar-se um pico no valor de 0.1, que corresponde à classe dominante na altura,

floresta. O valor médio deste factor é de 0.152.

Figura 5.38 - Factor coberto do Solo (C) para 1963.

Figura 5.39 - Histograma da imagem correspondente ao factor Coberto do Solo (C) para 1963.

- 99 -

A Figura 5.40 representa o factor Coberto do Solo (C) na área em estudo e a Figura 5.41 o

histograma da imagem correspondente a este factor para o ano de 1990. No histograma

pode observar-se um pico no valor de 0.1, que corresponde à classe dominante na altura,

floresta. O valor médio deste factor é de 0.159.

Figura 5.40 - Factor coberto do Solo (C) para 1990.

Figura 5.41 - Histograma da imagem correspondente ao factor Coberto do Solo (C) para 1990.

- 100 -

A Figura 5.42 representa o factor Coberto do Solo (C) na área em estudo e a Figura 5.43 o

histograma da imagem correspondente a este factor para 2004/05. O histograma é bastante

semelhante aos das duas datas anteriores. O valor médio deste factor para esta data é de

0.140.

Figura 5.42 - Factor coberto do Solo (C) para 2004/05.

Figura 5.43 - Histograma da imagem correspondente ao factor Coberto do Solo (C) para 2004/05.

- 101 -

5.5.4 Factor Topográfico (LS)

A Figura 5.44 apresenta o Factor Topográfico (LS) da área de estudo e a Figura 5.45 o

histograma do raster relativo a este factor.

Figura 5.44 - Factor Topográfico (LS).

Na maior parte da bacia hidrográfica ocorrem valores baixos de LS. De facto, o Factor

Topográfico é função do declive e, como já foi referido, na maior parte da área de estudo

- 102 -

predominam as zonas planas seguidas das zonas de declive muito moderado. Os valores

mais elevados deste parâmetro localizam-se nas vertentes mais inclinadas, principalmente

ao longo das linhas de água. O Factor Topográfico varia entre zero e aproximadamente 2644,

sendo o valor médio de cerca de 4.5.

Figura 5.45 - Histograma do raster relativo ao Factor Topográfico (LS).

5.5.5 Perda de solo

Apresenta-se na Figura 5.46 o risco potencial de perda de solo. Pode observar-se um elevado

valor de risco de erosão potencial essencialmente nas zonas mais declivosas e ao longo das

linhas de água.

- 103 -

Figura 5.46 – Risco potencial da perda de solo.

A Figura 5.47 apresenta a distribuição espacial da perda de solo da bacia hidrográfica em

estudo para as várias datas depois de eliminadas as zonas quer com declive superior a 20%

quer as zonas em que o factor L é superior a 122 m.

- 104 -

Verifica-se uma grande variação nos valores da perda de solo na área de estudo, em

qualquer das datas analisadas. No geral, uma parte considerável da bacia apresenta valores

da perda de solo igual zero, uma área importante manifesta valores baixos enquanto que

penas uma fracção mais pequena exibe valores elevados da perda de solo. No entanto, a

esta pequena fracção correspondem valores bastante elevados, o que faz aumentar o valor

médio da perda de solo para a área de estudo. Observa-se uma forte dependência da perda

de solo em função do declive, para o caso dos declives elevados, tal como acontece ao longo

das principais linhas de água e na zona norte e sul da bacia. Para as zonas de declive não tão

acentuado a perda de solo parece estar muito dependente do tipo de coberto vegetal.

- 105 -

Figura 5.47 - Perda de solo para as várias datas em análise (t ha-1ano-1).

- 106 -

Evolução da perda de solo

A Figura 5.48 permite observar a variação da perda de solo ao longo do período de tempo

em estudo.

Figura 5.48 - Evolução da perda de solo média para a área de estudo.

A perda de solo expressa em t ha-1ano-1 era:

em 1895, em termos de valor de mediana, de 1.5

em 1963 em termos de valor de mediana de 7.8

em 1990 em termos de valor de mediana de 8.2

em 2004/05 em termos de valor de mediana de 6.4

A perda de solo em 1895 era relativamente baixa. Em 1963 verifica-se uma acelerada perda

de solo. A perda de solo aumentou ligeiramente em 1990 mas em 2004/05 voltou a diminuir

para valores próximos dos de 1963.

- 107 -

6 Discussão

As transformações da paisagem descritas neste estudo estão de acordo com o que ocorreu

para o sul do país, retratado em trabalhos como os de Feio (1998) e já referido.

A análise biofísica realça a existência de algumas zonas com características que vão

potenciar a perda de solo: nordeste (com altitudes mais elevadas) e zona central

correspondente aos vales do Ribeiro do Canas e da Ribeira de Santa Susana. De facto, a carta

da erosão potencial revela claramente estas zonas como potenciadoras de elevada perda de

solo. Acrescenta‐se que nestas zonas os solos são no geral solos de baixo valor ecológico,

solos pouco férteis e delgados, apresentando ainda pedregosidade elevada.

Em 1895 a zona nordeste da área de estudo está ocupada essencialmente por floresta

(montados) mas a zona central encontra‐se coberta por charnecas e matos. Em 1963 as

zonas de elevada perda de solo encontram‐se praticamente ocupadas por montados, apenas

uma pequena área está revestida por vegetação semi‐natural, como resultado do abandono

da agricultura. Esta área corresponde, de facto, a uma das zonas de declive mais acentuado

de toda a área de estudo. Em 1990 a zona nordeste continua a ser ocupada por floresta, mas

na zona central existem áreas pertencentes à classe “solos com pouca vegetação”. Estas

áreas correspondem, no geral, a zonas de implantação de eucaliptais. Em 2004/05 não há

grandes alterações em relação à data anterior.

Foi referido que os meios semi‐naturais (excepto em 1895) ocupam, no geral, zonas com

declive acentuado. De facto, esta classe passou a ocupar as zonas mais declivosas, deixadas

- 108 -

ao abandono pela agricultura. A capacidade de regeneração da vegetação é relativamente

elevada nesta região do sul do país, pois, num período de cerca de 50‐60 anos, o coberto

vegetal destas zonas quase que alcançou o clímax climático. Verifica‐se assim, que estas

comunidades vegetais têm tido um importante papel na protecção do solo contra a erosão,

devendo, portanto, ser protegidas. Por outro lado, como já citado, os meios semi‐naturais

ocuparem, no geral, zonas que recebem uma menor quantidade de radiação solar. De facto,

estas zonas declivosas correspondem essencialmente aos vales encaixados das principais

linhas de água, ocupados no auge da cerealicultura mas das primeiras zonas a serem

abandonadas. Os meios‐seminaturais em 1990 e 2004/05 ocupam, em grande extensão,

zonas com elevado teor de humidade do solo, zonas que correspondem a vegetação

ribeirinha que recuperou.

Também foi relatado que a agricultura, no geral, é praticada (excepto em 1895) em zonas

menos declivosas. De facto, a partir de um determinado período, as culturas cerealíferas

foram abandondas nas zonas com menor produtividade, exactamente as zonas mais

declivosas e portanto com os solos mais delgados e menor capacidade de retenção de água.

Chama‐se a atenção de que tem havido uma tendência para a implantação de eucaliptais em

zonas declivosas, o tem implicações graves na perda de solo. Na fase de instalação do

eucaliptal havia, no geral, uma grande mobilização do terreno com alterações por vezes

importantes no próprio relevo do terreno, mobilizações essas que levavam à destruição da

vegetação. Todos estes factos fazem aumentar grandemente o risco de erosão para este tipo

de ocupação florestal. Acrescenta‐se o facto dos eucaliptais serem instalados em solos com

baixo valor ecológico, portanto solos com baixa produtividade. Estas zonas deveriam ser

- 109 -

ocupadas por vegetação natural que protege o solo e que está adaptada às condições

biofísicas locais.

Verifica-se que, na maior parte da bacia hidrográfica, os valores da perda de solo são

bastante baixos, como já foi referido, os valores elevados ocorrendo numa percentagem

relativamente baixa da área de estudo. Torna‐se necessário garantir que nestas zonas haja

uma protecção adequada do solo em termos de coberto vegetal, principalmente formações

com vegetais naturais. Se eventualmente for praticada agricultura ou silvicultura, deve‐se

garantir que são seguidas as práticas culturais mais adequadas.

- 111 -

7 Conclusões e considerações finais

Neste trabalho a USLE foi usada para calcular a perda de solo por erosão laminar pois, ao

contrário de metodologias mais recentes, necessita apenas de poucos parâmetros de

entrada e o seu cálculo é simples. A incorporação da USLE com SIG permite não só calcular

as taxas de perda de solo com base nas caracteristicas biofísicas da zona como também

avaliar a heterogeneidade espacial da erosão. Por isso, esta equação e as suas derivadas

continuam a ser das mais usadas em todo o mundo para a determinação da taxa de erosão.

No entanto, a USLE não foi inicialmente concebida para ser incorporada em SIG, enquanto

que há modelos mais recentes que incorporam, na sua concepção, a variação espacial dos

parâmetros biofísicos que influenciam a perda de solo e consequentemente a variação

espacial da taxa de erosão.

Gostaria de referir, em seguida, algumas limitações do presente trabalho.

Em primeiro lugar chama-se a atenção para o cálculo do factor LS. Usou-se o valor de 122 m

para o limite a partir do qual a água resultante do escoamento superficial começa a

concentrar-se em canais, ou seja, a partir do qual a erosão deixa de ser erosão laminar e

passa a ser erosão concentrada. Este foi um valor obtido na pesquisa bibliográfica. No

entanto, será necessária uma análise mais aprofundada da morfologia da área de estudo,

para verificar se este será, de facto, o valor mais adequado.

Em relação ao declive, foram excluídas da análise zonas com declive superior a 20%, pois a

USLE não é apropriada a estes casos. Assim, nestas situações torna-se necessário aplicar

- 112 -

equações desenvolvidas para declives mais acentuados por forma a que a perda de solo seja,

de facto, obtida para o total da bacia hidrográfica.

Foi efectuada uma compatibilização da legenda das várias cartas referentes à ocupação do

solo, como foi referido anteriormente. No entanto, as cartas iniciais foram concebidas com

diferentes finalidades. Por exemplo, a Carta Agrícola e Florestal de Portugal (1963) centra-se

na identificação de usos rurais, enquanto que a Carta de Ocupação do Solo (1990) enfatiza o

espaço urbanizado (Lavrador e Rocha, 2004). Foi referido que algumas zonas no limite da

albufeira do Pego do Altar que não possuem vegetação (ficam cobertas e descobertas pela

água consoante o nível da albufeira) foram incluídas na classe “Solos com pouca vegetação”

em 1990, enquanto que, em 1963, encontravam-se abrangidas na classe “Agricultura”.

Portanto, poderá ser necessária uma pesquisa mais aprofundada sobre a conceptualização

das cartas das várias datas.

Apesar da informação inicial referente à ocupação do solo estar em escalas diferentes, não

foi efectuado qualquer processo de generalização cartográfica, como também já foi citado.

No futuro este será um aspecto a desenvolver, pois é essencial em estudos que utilizam

informação cartográfica a escalas diferentes.

Seria também muito importante acrescentar novas datas à ocupação do solo,

principalmente do período entre 1895 e 1963, altura em que ocorreram mudanças mais

acentuadas na estrutura da paisagem.

Foi usada como base da altimetria uma carta à escala 1:25000. No entanto, a utilização de

cartas de base com maior pormenor possibilitará uma melhor descrição da morfologia do

terreno e portanto uma melhoria da estimativa dos processos de erosão.

- 113 -

A aplicação da Equação Geral de Perda de solo no cálculo da perda de solo apresenta várias

limitações. Em primeiro lugar, a EUPS dá uma estimativa da perda de solo em termos brutos,

e só calcula a erosão em sulcos, enquanto que a erosão em ravinas não é contabilizada. Para

além disso, se alguns dos factores tiverem valor superior a zero, o valor estimado para

erosão também será superior a zero, mesmo que o seu valor for igual a zero. Em acréscimo,

alguns factores que influenciam a erosão dos solos, não são contabilizadas. Em primeiro

lugar, o efeito das pedras e fragmentos de rocha não é incluído. Römkens (1985) sugere que

o efeito da pedregosidade deveria ser incoporada no factor C da USLE, porque as pedras

exercem o mesmo efeito que a biomassa, na protecção da superficie dos solos.

No que diz respeito ao cálculo do factor de Erodibilidade da Precipitação, foi seleccionada

uma equação desenvolvida para Portugal, com base em três estações: Lisboa, Oeiras e

Mértola. No entanto, poderá haver equações mais apropriadas à zona de estudo. Chama-se

a atenção para o facto de que no cálculo deste factor foram usados valores de precipitação

referentes a períodos de tempo que variaram entre os vários postos udométricos, mas que

não abrangem todo o intervalo temporal considerado no presente estudo. Portanto, estes

dados não contemplam eventuais alterações climáticas.

O factor de práticas conservacionistas não foi incluído no cálculo da USLE uma vez que não

foi encontrada informação sobre as práticas de laboração do solo para as várias datas em

análise. Poder-se-á realizar uma pesquisa mais aprofundada no sentido de encontrar

informação sobre estratégias e técnicas de conservação do solo.

Um aspecto importante é o facto de muitas das classes de ocupação corresponderem a

polígonos de pequena dimensão e portanto eventualmente alterações na sua

representatividade poderem estar associadas a imprecisões na localização dos polígonos

- 114 -

correspondentes nas cartas de ocupação. De facto, cinco das oito classes de ocupação do

solo detêm uma representatividade inferior a 4% em qualquer dos períodos em análise.

A Carta Agrícola do Reino (1895) é uma carta antiga, pelo que o processo de vectorização e

colocação das legendas teve as seguintes limitações: as cores encontram-se “gastas” pelo

tempo, alguns polígonos são muito pequenos, os símbolos da legenda encontram-se por

vezes distorcidos, por vezes há diferenças entre a cor do polígono e o símbolo da legenda, há

polígonos que não têm símbolo associado. De referir ainda que, em muitos casos, há um

desfasamento entre os limites dos polígonos, traçados a linha, e a mancha de cor dos

polígonos.

Alguns inputs do modelo precisarão eventualmente de calibração, como é o caso do factor

erodibilidade do solo, com consulta de novos trabalhos.

Seria interessante fazer uma previsão para o futuro do cenário da ocupação do solo, mas o

pouco tempo disponível impediu a realização desta tarefa.

Contudo, espero que as limitações referidas possam dar origem a novos desenvolvimentos e

aplicações, e deste modo fomentar o aparecimento de novos trabalhos. Por tudo isso,

espero com este trabalho alcançar, uma abertura para um campo fértil de pesquisas na

área da ocupação e uso do solo.

- 115 -

8 Referências bibliográficas

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