EVOLUÇÃO DO CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO

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    139Revista DIREITOS CULTURAIS v.1 n.2 Junho 2007

    ------------------------------ Doutor em Direito pela Universit de Paris I (Panthon-Sorbonne), Mestre em Cincia Poltica

    pela Universi t de Pari s III (Sorbonne Nouvelle), Bacharel em Direito pela UNISINOS; Professorda Graduao, da Especializao e do Mestrado em Direito da URI (Campus de Santo ngelo-RS); Pesquisador e Advogado.

    A evoluo dos Direitos no Constitucionalismo Brasileiro (Parte I)

    Paulo Vargas Groff*

    Sumrio: Introduo. 1. Os Direitos na Monarquia. 2. Os Direitos na PrimeiraRepblica. 3. Os Direitos e o Estado Social. 4. Os Direitos no Estado Novo.Consideraes Finais. Referncias.

    Resumo: As Constituies brasileiras sempre previram uma declarao de direitos. NasConstituies de 1824 e 1889 eram apenas direitos individuais. A partir da Constituio de1934 passaram a constar tambm direitos individuais e sociais. A presena de uma declaraode direitos no era suficiente para garantir a sua efetividade, e isto com mais razo em perodosde ditadura, quando havia um completo desprezo aos direitos fundamentais. Neste trabalho,cada Constituio tratada em separado, momento em que so analisadas as caractersticas e

    a conjuntura de cada perodo, bem como a posio e a situao dos direitos fundamentais.Palavras-chave: Direitos Fundamentais, Direitos, Constituio.

    Abstract: The Brazilian Constitutions had always foreseen a bill of rights. In the Constitutionsof 1824 and 1889 they were only right individual. From the Constitution of 1934 they hadstarted to also consist right individual and social. The presence of a bill of rights was notenough to guarantee its effectiveness, and this with more reason in periods of dictatorship,when it had a complete disdain to the basic rights. In this work, each Constitution is treatedseparately, moment where the characteristics and the conjuncture of each period are analyzed,as well as the position and the situation of the basic rights.

    Key-words: Basic Rights, Rights, Constitution.

    Introduo

    O Brasil j teve oito Constituies ao longo da sua histria como pasindependente. Essas Constituies sempre trouxeram um espao para os DireitosFundamentais. Este espao foi sendo ampliando a cada nova Constituio, numcaminhar crescente, de ampliao e introduo de novos direitos fundamentais,acompanhando as mudanas que foram ocorrendo no cenrio mundial. Deste modo,essas Constituies tambm foram recepcionando as diversas geraes de direitos,na poca em que esses direitos apareceram nas primeiras Constituies dos pasesdemocrticos. No entanto, os avanos formais dos Direitos nas Constituies muitasvezes no se efetivaram, ficando muito aqum das previses constitucionais.

    A evoluo dos direitos fundamentais nas Constituies brasileiras objeto do nosso estudo, e para isto trataremos separadamente das diversas

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    ------------------------------1 GROFF, Paulo Vargas. Constitucionalismo brasileiro: uma breve anlise crtica da sua evoluo.Destaque Jurdico: Revista de Estudos Jurdicos - n. 1. Porto Alegre: Sntese, 2002, p. 11.

    Constituies brasileiras, analisando os diferentes aspectos que tem relao comos direitos fundamentais, em cada perodo poltico-constitucional em que asConstituies encontravam-se em vigor. Neste momento sero tratadas asConstituio de 1824, 1891, 1934 e 1937. As Constituies de 1946, 1967, 1969 e1988 sero tratadas num prximo trabalho.

    1. Os Direitos na Monarquia

    A Constituio de 1824 foi influenciada pelas idias liberais e peloconstitucionalismo em voga na Europa. Todavia, a preocupao maior das elites

    brasileiras era a construo de um Estado-nao, o que relegava para um segundo

    plano a implantao de uma democracia liberal. O regime monrquico mesclava aadoo de uma lgica e de uma prtica liberal e autoritria. A Monarquia era vistacomo a nica maneira de manter a unidade nacional1. Neste contexto, havia grandesdificuldades para o avano dos direitos fundamentais.

    1.1 A Constituio de 1824 e a monarquia centralizadora

    A Constituio foi outorgada por D. Pedro I, em 1824. Ela foi elaboradapor um Conselho de Estado, que ocupou o lugar deixado pela AssembliaConstituinte, que foi inicialmente convocada, mas posteriormente dissolvida emfuno de divergncias com o Imperador. O projeto de Constituio foi aindasubmetido aprovao das Cmaras Municipais, o que no lhe retirou ailegitimidade.

    A Constituio realizou uma diviso administrativa do territrio brasileiro,dividido-o em provncias, que substituram as capitanias (art. 2), mantendo a formaunitria de Estado, com a centralizao do poder poltico. J a forma de governoadotada foi a monarquia hereditria, constitucional e representativa (art. 3).

    A Constituio de 1824 sofreu a influncia do pensamento poltico dapoca, precisamente da teoria de Benjamin Constant, no que se refere a criao do

    poder neutro ou moderador. Desta maneira, havia quatro Poderes (art. 10):Moderador, Legislativo, Executivo e Judicirio.

    O Poder Moderador, afirmava a Constituio, era a chave de toda a

    organizao poltica. Este Poder era exercido pelo Imperador, e se destinava a velarpela independncia, equilbrio e harmonia dos outros Poderes (art. 98). A pessoa

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    ------------------------------2 NOGUEIRA, Octaciano. Constituies brasileiras: 1824. Braslia: Senado Federal, 2001, pp.36-37.3 Idem, pp. 36-39.

    do Imperador era inviolvel e sagrada, no estando sujeito a responsabilidade alguma(art. 99). Naturalmente, tal instituio desfigurava a idia de equilbrio e controlerecproco entre os poderes.

    O Poder Executivo era exercido por um ministrio, de livre nomeao edemisso pelo Imperador, que era tambm o chefe do Poder Executivo (art. 102).Assim como o Imperador no tinha qualquer responsabilidade, os seus ministrosno tinham o dever de prestar contas, embora fossem responsveis por qualquerdissipao dos bens pblicos (art. 133, 6).

    O Poder Legislativo era exercido pela Assemblia Geral, composta porduas Cmaras: Cmara de deputados e Cmara de Senadores ou Senado (art. 14). ACmara de Deputados era composta por deputados eleitos por perodo temporrio

    (art. 35), e o Senado era composto de senadores vitalcios e de livre escolha doImperador, a partir de lista trplice eleita pelas provncias (art. 40). As eleies eramindiretas, tanto para senadores como para deputados, pois os cidados elegiam emassemblias paroquiais os eleitores das provncias (art. 90). Havia tambm a

    possibilidade do Poder Moderador exercer o direito de dissoluo da Cmara dosDeputados (art. 101).

    O Poder Judicirio era composto de um Supremo Tribunal de Justia, queera um rgo superior localizado na capital do Imprio (art. 163). Este Tribunal foicriado atravs de Lei Complementar de 18 de setembro de 1828. Ainda existiam osTribunais de Relao nas Provncias, os juizes de direito, os juizes de paz e os

    jurados. Este Poder tambm era frgil, pois podia o Imperador, no exerccio do PoderModerador, suspender os magistrados (art. 101). Muitos membros do Supremo

    Tribunal de Justia foram aposentados mediante decreto do Poder Executivo2. Otexto constitucional era contraditrio, pois ao mesmo tempo em que afirmava queos juzes seriam perptuos (art. 153 c/c art. 155) acabava negando as garantiasconstitucionais da magistratura: a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidadede vencimentos (art. 153 c/c art. 154).

    O controle de constitucionalidade no era atribudo ao Poder Judicirio.Esta funo foi destinada Assemblia Geral, que nos termos do art. 15, n. 80 tinhaa faculdade de fazer leis, interpret-las, suspend-las e revog-las, seguindo aomodelo revolucionrio francs. Consta que o Legislativo fez este controle em apenasduas oportunidades3. A funo de uniformizao da jurisprudncia poderia ter sidoatribuda ao Supremo Tribunal de Justia, mas isto no constava no rol das suasatribuies (art. 163). Deste modo a jurisprudncia no era uniformizada em todo o

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    ------------------------------4 MIRANDA, Pontes de. Histr ia e pr t ica do ha be as co rp us . Tomo I. Atual. por VilsonRodrigues Alves. Campinas: Bookseller, 1999, p. 170.

    pas, o que acaba gerando uma aplicao desigual da lei entre cidados de um mesmopas, sendo algo atentatrio aos direitos fundamentais.

    Alm dos aspectos constitucionais analisados, a verdade que aConstituio formal e a Constituio real estavam muito distantes. O Brasil teve umgoverno que estava muito longe dos ideais liberais colocados em prtica nos pasesdesenvolvidos. Tnhamos, em verdade, um governo autoritrio, com fortes caracteresabsolutistas.

    1.2Os Direitos civis e polticos

    A Constituio de 1824 tinha como seu Ttulo 8: Das disposies geraise garantias dos direitos civis e polticos dos cidados brasileiros. Este era o ltimottulo da Constituio. Tambm o art. 179, que trazia um extenso rol de direitos civise polticos dos cidados brasileiros, e era o ltimo artigo da Constituio. Istodemonstra que a Constituio no destinou um espao de relevncia para os direitosfundamentais.

    O art. 179 afirmava que a inviolabilidade dos direitos civis e polticostinha por base a liberdade, a segurana individual e a propriedade. Inspirava-se

    para isto no art. 2 da Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado, de 1789.Porm, diferente da Declarao francesa, no fez meno a um quarto direito natural:o direito de resistncia opresso.

    No art.179 constavam 35 incisos, contemplando direitos civis e polticos.Entre os direitos encontravam-se: a legalidade, a irretroatividade da lei, a igualdade,a liberdade de pensamento, a inviolabilidade de domiclio, a propriedade, o sigilode correspondncia, a proibio dos aoites, da tortura, a marca de ferro quente eoutras penas cruis, entre outros direitos e garantias.

    interessante tambm assinalar a presena de direitos sociais naConstituio de 1824 no rol do art. 179: o direito aos socorros pblicos (XXXI) e odireito a instruo primria gratuita a todos os cidados (XXXII), apesar dos direitossociais serem um evento prprio do sculo XX.

    Em relao a proteo judicial dos direitos fundamentais, a Constituiode 1824 no criou instrumentos apropriados para a defesa dos direitos fundamentais.O habeas corpus no foi criado explicitamente pela Constituio de 1824, muito

    embora Pontes de Miranda4 sustenta que era possvel extra-lo da Constituio,quando esta decretou a independncia dos poderes e quando deu ao Poder Judicirio

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    ------------------------------5 NOGUEIRA, op. cit., p.60.6 FURTADO, Celso. Obstculos polticos al crecimiento econmico del Brasil . In: Obstculos

    pa ra la tr ansfo rma ci n de Amrica La ti na . Mexico: Fondo de cu ltur a eco nmic a, 19 69 , p.150.

    o direito exclusivo de conhecer de tudo quanto se entendesse com inviolabilidadepenal. Pontes assinala ainda que de nada adianta o direito material prever umdeterminado direito sem um remdio processual capaz de garanti-lo, como o casodo habeas corpus. Por outro lado, Pontes observa que o habeas corpus j existiano direito brasileiro mesmo antes da Constituio de 1824, com o Decreto de 23 demaio de 1821, embora no com o nome de habeas corpus, mas com a denominaode ao de desconstrangimento. Com o nome de habeas corpus esta ao foicriada pelo Cdigo de Processo Criminal do Imprio de 1932. Pontes observa que ohabeas corpus pretenso, ao e remdio. Como pretenso estava no CdigoCriminal (arts. 183-188), de 1830, e como ao e remdio estava no Cdigo doProcesso Criminal do Imprio de 1832.

    Os direitos polticos dos cidados eram graduados segundo suas rendase status social. A Constituio estabelecia claramente a renda necessria para ocidado votar na escolha dos eleitores da provncia: renda lquida anual de cem milris por bens rurais, da indstria, do comrcio ou de empregos (art. 92). J para sercandidato a deputado a renda lquida anual deveria ser de quatrocentos mil ris por

    bens rurais, da indstria, do comrcio ou de empregos (art. 95). Portanto, reinava ochamado voto censitrio, o que no consistia numa particularidade brasileira, masalgo tambm existente nos principais pases europeus5. Vedava-se tambm o votoaos analfabetos (art. 92), que representavam mais de 80% da populao no final dosculo XIX, e s mulheres, que constituam em torno de 50% da populao. Emtodo o Brasil somente 1% da populao participava do processo eleitoral6.

    No final da Monarquia houve importantes alteraes do processo polticoe eleitoral. A Lei n. 3.029, de 9/01/1881, conhecida como Lei Saraiva, aboliu aseleies indiretas, introduzindo a eleio direta, e adotou o voto do analfabeto.Apesar deste passo importante, esta ltima inovao foi em seguida confiscada

    pela Constituio de 1891 (art. 70, 1, item 2). Os analfabetos foram readquirir odireito ao voto quase um sculo depois, atravs da Emenda Constitucional n. 25,de 15/05/1985, que alterou o art. 147 da Constituio de 1969. Para estes o voto

    passaria a ser facultativo. A Constituio de 1988 manteve esta mesma previso.

    Apesar da declarao de direitos e garantias expressas na Constituio(art.179), resultante das idias liberais da poca, foi mantido o sistema escravocratadurante todo o imprio, estando isto relacionado com a base econmica da pocae a monocultura latifundiria. Somente no final do Imprio, em 1888, que foi abolidaa escravido. Isto demonstra o quanto este regime poltico-constitucional eracontraditrio.

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    ------------------------------7 ATALIBA, Geraldo apud ROCHA, Crmem Lcia Antunes. Repblica e federao no Brasil:traos constitucionais da organizao poltica brasileira. Belo Horizonte: Del Rey, 1996, p. 71.8 CARONE, Edgard. O estado novo (1937-1945) . Rio de Janeiro-So Paulo: Difel, 1976, p.143.9 ROCHA, op.cit., pp.48-53.

    2. Os Direitos na Primeira Repblica

    A monarquia no Brasil teve o seu fim com a proclamao da Repblica,em 1889. Esta mudana foi formalizada atravs do Decreto n. 1, de 15-11-1889, queintroduziu a Repblica e o federalismo. A proclamao da Repblica, em 1889,representou um marco fundamental no constitucionalismo brasileiro, momento emque surgiam novas instituies, baseadas na matriz constitucional norte-americana.Porm, essas instituies passaram a conviver com uma cultura polticaconservadora e autoritria. Neste contexto a garantia dos direitos fundamentais,embora formalmente prevista na Constituio, ficava prejudicada na prtica.

    2.1 A Constituio de 1891 e o Estado oligrquico

    Em 1891 surge a primeira Constituio republicana, promulgada de 24-02-1891. Ela foi elaborada e promulgada pelo Congresso constituinte, e teve comoreferncia o projeto de Constituio elaborada por comisso nomeada pelo chefedo governo provisrio, Marechal Deodoro da Fonseca. A inovao constitucionalficou por conta da introduo da Repblica, do federalismo (art. 1), do

    presidencial ismo, e da separao dos trs Poderes, harmnicos e independentesentre si (art. 15). A Constituio de 1891 seguiu o modelo constitucional norte-americano e foi inspirada nos ideais republicanos e liberais.

    A Federao e a Repblica so elementos centrais do Estado brasileiro,afirmando Geraldo Ataliba7 que eles so os princpios mais importantes, exercendo

    um papel principal na exegese. A forma federal de Estado, nesta primeira fase daRepblica, foi a consagrao das oligarquias rurais, que detinham o controle detodos os nveis de poder, do central ao local. Essas elites se reuniam em torno deum partido nico, com autonomia a nvel estadual, o partido republicano, que nemsempre era homogneo8. A forma federal aparece como sinnimo de descentralizao

    poltica, para dar maior autonomia e pacificar as provncias, num pas de territriocontinental e com diversidades culturais as mais variadas possveis. A Repblicaimplantada em 1889 motivo de crticas por muitos autores. A Repblica acusadade no ter legitimidade popular, devido a inexistncia de participao popular na

    proclamao da Repblica. Rocha9 afirma que o povo no resistiu ao fim damonarquia, sendo a apatia do povo talvez devido a desagregao progressiva doantigo regime ligado ao fim da escravido e as questes religiosas e militares. A

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    10 FAORO, Raymonde. Os donos do poder. Formao do patronato poltico brasileiro. PortoAlegre: Globo, 1977, p. 567.11 BALEEIRO, Aliomar. Constituies brasileiras: 1891. Braslia: Senado Federal, 2001, p. 38.12 CALMON, Pedro. Curso de direito constitucional brasileiro. Rio de Janeiro: Freitas Bastos,1937, p. 187 apud STRECK, Lnio Luiz. Jur isd io const ituciona l e hermenu tic a: uma novacrtica do direito. 2 Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p.427.

    apatia do povo se explica ainda pela falta de mudana de elites polticas, dasoligarquias. Faoro10 observa que a Repblica, aps dez anos de vida, havia deixadode lado o povo, como tinha feito o imprio aps 1840.

    O Poder Executivo era exercido pelo Presidente da Repblica,conjuntamente com o Vice-presidente (art. 41), acumulando as funes de chefe deEstado e de governo, caracterizando assim o sistema de governo presidencialista.As eleies do Presidente e do Vice-presidente passou a se dar por eleies diretas,

    para um mandato de 4 anos (art. 43).

    O Poder Legislativo era representado pelo Congresso Nacional (art. 16),composto pela Cmara dos Deputados, integrada por deputados federais eleitos

    por trs anos (art. 17), e pelo Senado, integrado por senadores eleitos por nove

    anos, sendo 3 por Estado, com renovao trienalmente por um tero (art. 31).

    O Poder Judicirio tinha o seu rgo mximo que era o Supremo TribunalFederal (art. 55), que substituiu o Supremo Tribunal de Justia do Imprio. Foi criadoum Poder Judicirio federal e outro estadual. Os magistrados possuam a garantiaconstitucional da vitaliciedade, somente podendo perder o cargo atravs de sentena

    judicial, e irredutibilidade dos vencimentos (art. 57), e alm disto no podiam maisser suspensos como no perodo da monarquia11.

    Os rgos do Poder Judicirio podiam realizar o controle deconstitucionalidade sobre o caso concreto, seguindo o modelo norte-americano decontrole difuso pela via indireta ou incidental. Mas os republicanos brasileirosesqueceram de trazer o efeito erga omnes daquele sistema, onde as decises da

    Suprema Corte, a nvel recursal, tm efeito erga omnes. Durante toda a PrimeiraRepblica o nosso controle de constitucionalidade tinha apenas o efeito interpartes. Como a Constituio de 1891 no destinou ao STF umjudicial control pleno,mas apenas umjudicial control restrito ao controle da constitucionalidade das leisestaduais diante da Constituio Federal, o STF se satisfez com o seu papelestabelecido nos restritos termos da Constituio, negando-se a criar e engrandecerum princpio que se no harmonizava com as nossas praxes polticas [...] qual o da

    jurisprudncia a derrubar a lei, contra a autoridade, em favor dos dir eitosindividuais12. Nesta mesma linha o STF entendeu que a Constituio no lhe haviaatribudo a competncia para uniformizar a jurisprudncia a respeito da normaconstitucional, negando-se a alterar a interpretao dada pelos Tribunais estaduais.

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    ------------------------------13 Cf. NUNES, Castro. Teoria e prtica do poder judicirio. Rio de Janeiro: Forense, 1943, p.59 apud STRECK, op. cit., p. 214.14 SARLET, Ingo Wolfgang. A efi c cia do s di re ito s fu nd am en tais . 7 ed. rev. atual. e ampl.Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007, p. 92.

    Foi preciso esperar a emenda constitucional de 3 de setembro, dentro da reformade 1926, que explicitou a atribuio do STF para uniformizar a interpretao daConstituio e das leis federais. A falta de criatividade deste novo Tribunal devia-se muito ao fato de ser composto por juzes do velho regime, sem conscincia doseu papel no novo regime13. A reviso ainda estendeu, expressamente, Justiados Estados as garantias asseguradas magistratura federal.

    Do mesmo que a Constituio de 1824, a Constituio de 1891 formalficou muito aqum da Constituio real.

    2.2 Declarao de direitos e direitos polticos

    A primeira Constituio republicana tinha como ttulo IV Dos Cidadosbrasileiros, e nela a Seo II - Declarao de direitos. Nesta seo o artigo 72 traziaum rol de direitos e garantias individuais, ou seja, direitos da primeira gerao, nomuito diferentes daqueles previstos na Constituio de 1824.

    Ao rol de direitos da Constituio de 1824 foram acrescentados osseguintes direitos e garantias: extenso dos direitos aos estrangeiros; igualdaderepublicana; liberdade de culto; casamento civil e gratuito; cemitrios seculares;ensino leigo nos estabelecimentos pblicos; fim da religio de Estado; direitos dereunio e associao; ampla defesa; perda da propriedade em decorrncia dedesapropriao por necessidade e utilidade pblica, mediante indenizao prvia;abolio das penas de gals e do banimento judicial; abolio da pena de morte,

    reservadas as disposies da legislao militar em tempo de guerra; habeas corpus;propriedade intelectual e de marcas e instituio do jri. importante destacar quealguns acrscimos se deram em funo da separao entre o Estado e a Igreja.

    A Constituio trazia um rol apenas demonstrativo de direitos, deixandoem aberto a possibilidade do reconhecimento de outros direitos no-enumerados,mas resultantes da forma de governo que ela estabelece e dos princpios queconsigna (art. 78). Isto representa uma inovao em comparao com aConstituio de 1824. Com isto, a Constituio de 1891 introduz noconstitucionalismo brasileiro um conceito materialmente aberto de direitosfundamentais, surgindo tambm na doutrina uma teoria dos direitos fundamentaisimplcitos e decorrentes14.

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    ------------------------------15 MIRANDA, op. cit., pp. 227-236.16 BALEEIRO, op. cit., p. 63.17 MIRANDA, op. cit., p. 223.

    A Constituio de 1891 foi a primeira a constitucionalizar a garantia dohabeas corpus, e fez isto no art. 72, 22: Dar-se- habeas corpus sempre que oindivduo sofrer ou se achar em eminente perigo de sofrer violncia, ou coao, porilegalidade, ou abuso de poder. A previso constitucional do habeas corpus gerouum forte debate referente a interpretao do dispositivo introduzido naConstituio15. Existiam duas correntes, sendo uma tradicional e outra renovadora.A tradicional, que foi recepcionada pelo STF, afirmava que o enunciado colocadona Constituio no tinha alterado em nada aquele habeas corpus existente duranteo Imprio, atravs do Cdigo Criminal de 1930, do Cdigo de Processo Criminal de1832 e as demais leis do Imprio. A primeira corrente admitia o habeas corpus somente

    para amparar a liberdade de locomoo. A segunda corrente entendia que oconstituinte foi mais longe que o legislador do Imprio, pois segundo o enunciado

    da Constituio se daria o habeas corpus sempre que algum sofresse, ou se achasseem eminente perigo de sofrer violncia, ou coao, por ilegalidade, ou abuso depoder. A reviso constitucional de 1926 mudou a redao referente ao habeascorpus: Dar-se- o hbeas corpus sempre que algum sofrer ou se achar em iminente

    perigo de sofrer violncia por meio de priso ou constrangimento ilegal em sualiberdade de locomoo. Portanto, foi explicitado que o habeas corpus serviria para

    proteger apenas a liberdade de locomoo. Todavia, foi simplesmente feita a restrioreferente ao cabimento do habeas corpus, sem a criao de outro instrumento judicialapropriado para a defesa dos direitos individuais16.

    A regulamentao do habeas corpus, durante a primeira Repblicacontinuou sendo pelo Cdigo de Processo Criminal de 1832, que vigorou at a vindado Cdigo de Processo Penal de 1941.

    Pontes de Miranda17 aponta a funo social do instituto do habeascorpus:

    [...] o habeas corpus exerceu no Brasil, aps mais de sculo de adoo,pr inc ipa lmente, at 19 30 e ent re 19 34 e 19 37 , ext raordinr ia funocoordenadora e legalizante. Se as nossas estatsticas fossem perfeitas,se tivssemos notcias e dados exatos de nossa vida social e moral,estaramos aptos a avaliar o grande bem que evoluo do pas tem

    produzido o habeas corpus. Nos territrios pobr es, em que a exis tncia penosa e o trabalhar rduo, com princpios de religio formalista eautoritria e o inevitvel resduo do fato econmico-jurdico daescravido ns ainda vivemos, no interior, como se coexistissem namesma forma social o presente da civilizao universal e o passado danossa realidade histrica. H pequena minoria que explora, com o auxiliodo analfabetismo, da fora policial e poltica, etc., a grande maioria

    dos indivduos nascidos no Brasil.

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    ------------------------------18 BALEEIRO, op.cit., p. 51.19 BALEEIRO, op.cit., p. 51.20 TORRES, Joo Camillo de Oliveira. Estratificao social no Brasil.So Paulo: Difuso europiado livro, 1965, p. 81.

    Porm, Baleeiro18 observa que o habeas corpus quase no existia, naprtica, no Rio Grande do Sul, em funo da existncia dos governos seremalicerados nas idias do positivismo inspirado em Augusto Comte, e que pregavauma ditadura cientfica. Durante o governo de Jlio de Castilhos este promoveu

    processos contra juzes que ousaram conceder habeas corpus.

    Apesar de ter sido uma Constituio que no tenha trazido avanossociais, a Constituio (art. 75) tratava do direito de aposentadoria aos funcionrios

    pblicos em caso de invalidez no servio do Estado. Podemos constatar que apreviso de aposentadoria aos funcionrios pblicos somente para uma situaobem restrita. A Constituio de 1824 nada referia a respeito de aposentadoria. Nafase final da Primeira Repblica surgiram algumas legislaes de cunho social, emboraapenas a nvel infraconstitucional. Isto em decorrncia das idias surgidas eexpandidas pelas naes vitoriosas da Primeira Grande Guerra (1914-1918). A primeiradelas surgiu em 1919 e foi a primeira Lei de Acidentes do Trabalho. Depois, em1924, apareceu a Lei Eloy Chaves, que criou o primeiro Instituto de Aposentadorias,o dos Ferrovirios. Posteriormente, em 1926, surgiu a primeira Lei de Frias paratrabalhadores19.

    No que se refere aos direitos polticos, poderemos apontar algumasparticularidades. A Constituio de 1891 introduziu o sufrgio direto para a eleiodos deputados, senadores, presidente e vice-presidente da Repblica. Tambm aeleio direta passou a ser a regra a nvel estadual e municipal. Para ser eleito(candidato) era necessrio ter 21 anos de idade (art. 70). No podiam votar osmendigos, os analfabetos e as praas de pret, excetuados os alunos das escolasmilitares de ensino superior (art. 70). Em comparao com a Constituio de 1824, aConstituio de 1891 no fazia a exigncia de uma determinada renda para ser eleitor.Contudo, o poder local continuava sob o domnio dos coronis (fazendeiros), comono Imprio. Esses coronis detinham o poder econmico e se favoreciam do votoa descoberto, ficando, assim, prejudicada a introduo do voto direto.

    Embora constasse na Constituio uma declarao de direitos e garantias,no havia muita aplicao prtica, pois a sociedade civil era fragilmente organizada.Alm disto, a descentralizao vinda com a Constituio de 1891, passando amagistratura ao domnio dos Estados e deixando o poder para as oligarquias,representou uma regresso do sistema de garantias das liberdades individuais queo Imprio havia comeado a organizar20.

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    3. Os Direitos e o Estado Social

    A revoluo de 1930 rompe com o Estado oligrquico e introduz naprtica um Estado do tipo populista. Ela apresentou renovao das estruturas edas instituies, apesar das mudanas no terem sido muito profundas. maisapropriado se falar de reforma do Estado do que em uma transformao (revoluo)do Estado.

    Em 1934 foi promulgada uma nova Constituio, considerada avanadapara o seu tempo, que introduz novos direitos, direitos de segunda gerao, ouseja, direitos sociais, econmicos e culturais.

    3.1 A Constituio de 1934 e a revoluo de 30

    Instalado o governo provisrio, sob o comando de Getulio Vargas, foieditado o Decreto n. 19.398, de 11 de novembro de 1930. Essa norma alterou aConstituio de 1891, e vigorou at a Constituio de 1934. O Decreto concedeu

    plenos poderes ao governo provisrio, inclusive com poderes legislativos, at aelaborao de uma nova Constituio. O decreto tambm dissolveu o Congresso

    Nacional, as Assemblias legislativas dos Estados e as Cmaras dos Vereadoresdos Municpios, previu a indicao dos governadores pelo governo provisriofederal e a magistratura perdeu suas garantias.

    Em 16-07-1934 foi promulgada pelo Congresso constituinte umaConstituio inspirada na Constituio alem de Weimar, de forte conotao social,introduzindo matrias referentes a ordem econmica e social, famlia, educao, cultura, e uma forte legislao trabalhista e previdenciria.

    Neste perodo ocorreu a elaborao de um grande numero de legislaese aes do governo na rea social. J haviam sido criados, no primeiro ms dogoverno provisrio, dois grandes Ministrios: o Ministrio do Trabalho, da Industriae do Comrcio e o Ministrio da Educao e da Sade Pblica, dos quais decorreramdiversos rgos e aes de grande importncia e repercusso nacional.

    A Constituio de 1934 manteve os principais fundamentos constantesna Constituio de 1891, como a Repblica, o federalismo e o presidencialismo.Todavia, no que se refere ao federalismo, houve um aumento da enumerao dascompetncias da Unio.

    No Poder Legislativo houve inovao. A Cmara ou Assemblia Nacionalera o rgo legislativo por excelncia, e era composta por deputados eleitos segundoo sistema proporcional, e deputados classistas, profissionais diversos eleitos porsuas respectivas categorias de trabalhadores. Ao Senado cabia colaborar com a

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    Cmara em relao ao tratamento de algumas matrias, e tinha tambm outrasatribuies privativas. Suas atribuies se relacionavam mais com as matriasfederativas. Portanto, a Constituio mitigou consideravelmente as atribuieslegislativas do Senado. A idia do anteprojeto de Constituio elaborado pelo PoderExecutivo era suprimir o Senado e criar em seu lugar um Conselho Supremo, queseria um rgo tcnico consultivo e deliberativo, com funes polticas eadministrativas.

    A Constituio de 1934 tinha a preocupao em limitar o poder doPresidente da Repblica, por isto em matrias sensveis a ltima palavra cabia sempreao Poder Legislativo, como no caso de decretao do estado de stio (art. 56, n. 13c/c art. 175) e na interveno federal nos Estados (art. 56, n. 12 c/c art. 12, 1).

    Em matria de controle de constitucionalidade o avano que pode serconsiderado se deu na atribuio conferida ao Senado para suspender a lei declaradainconstitucional pelo STF, dando efeito erga omnes deciso tomada dentro docontrole difuso. Com isto, a deciso do STF poderia passar a ter efeito erga omnes,mas no em decorrncia da fora da sua deciso, como ocorre no sistema norte-americano, mas sim atravs de um rgo do Poder Legislativo, o Senado. Foi aindaintroduzida a ao direta de inconstitucionalidade interventiva, que no um controleem abstrato puro, mas um meio termo entre o controle em tese e o concreto, pois ocontrole um pressuposto da interveno federal. Pela Constituio de 1934 oProcurador-Geral da Repblica submetia ao STF a prpria lei de interveno e noe lei estadual inquinada de inconstitucional por violar princpio constitucionalsensvel (art.7). A Constituio ainda criou o recurso extraordinrio das decisesdas causas decididas pelas justias locais em nica ou ltima instncia, quando sequestionasse sobre a vigncia ou validade de lei federal em face da Constituio(art. 176, III).

    A Constituio era uma Carta que inovou o constitucionalismo brasileiroe era muito avanada para a poca. Ela trazia como valor maior o bem comum21. Noentanto, a Constituio de 1934 teve uma durao muito curta e quase no foiaplicada. Em 1935 houve a tentativa de um golpe de Estado pelos comunistas,chamada de intentona comunista. O Presidente aproveitou este momento econseguiu a aprovao de Emenda Constitucional, em 18 de dezembro de 1935, quelhe permitia a declarao de Estado de stio e de guerra. Em 1937 houve o golpe deEstado. Em verdade, entre 1933 e 1937 tinha-se a presena de duas ordens: umarevolucionria, conduzida por Getulio Vargas; outra constitucional, regulada pelaConstituio de 1934.

    ------------------------------21 BONAVIDES, Paulo e ANDRADE, Paes de. Histria Constitucional do Brasil. So Paulo:Editora Paz e Terra, 1991, p. 9.

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    3.2 Os Direitos civis, polticos e sociais

    A Constituio de 1934, dando continuidade a tradio das Constituiesbrasileiras, previu um captulo sobre direitos e garantias, e repetiu em seu art. 113e seus 38 incisos extenso rol de direitos individuais, alm de ter sido acrescentadosoutros incisos.

    No rol dos novos direitos individuais constam: a lei no prejudicar odireito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada; explicitou o princpio daigualdade; permitiu a aquisio de personalidade jurdica, pelas associaesreligiosas, e introduziu a assistncia religiosa facultativa nos estabelecimentosoficiais; instituiu a obrigatoriedade de comunicao imediata de qualquer priso;instituiu o mandado de segurana; vedou a pena de carter perptuo; proibiu a

    priso por dvidas, multas ou custas; impedia a extradio de estrangeiros por crimepoltico ou de opinio, e, em qualquer caso a de brasileiros; criou a assistnciajudiciria para os necessitados; determinou s autoridades a expedio de certidesrequeridas para defesa de direitos individuais ou para esclarecimento dos cidadosa respeito dos negcios pblicos; isentou de imposto o escritor, o jornalista e o

    professor; e atribuiu a todo cidado legitimidade para pleitear a declarao denulidade ou anulao de atos lesivos do patrimnio da Unio, dos Estados e dosMunicpios.

    importante destacar a inovao em nvel da garantia dos direitosfundamentais, com a criao do mandado de segurana, para proteo de direitocerto e incontestvel, ameaado ou violado por ato manifestamenteinconstitucional ou ilegal de qualquer autoridade. O fato de ter previsto que o

    direito deveria ser incontestvel e inconstitucional serviu de argumento para secriar obstculo ao cabimento de mandado de segurana. Este remdio jurdico foicriado para proteger liquido e certo no amparado por habeas corpus, que foiinstitudo pela Constituio de 1891 e era de larga abrangncia, e que partir de1926 tinha ficado restrito a proteo da liberdade de locomoo. Ainda neste perodosurgiu a Lei n. 191, de 16/01/1936, que foi a primeira norma infraconstitucional aregulamentar este novo remdio constitucional.

    Foi ainda criado outro remdio, a ao popular, surgindo assim o primeiroinstrumento de defesa da cidadania, para anular qualquer ato lesivo ao patrimnioda Unio, dos Estados e dos Municpios.

    Inovou ainda a Constituio no que se refere ao direito de propriedade,

    afirmando que o direito de propriedade no poderia ser exercido contra o interessesocial ou coletivo (art. 113, XVII).

    O habeas corpus estava previsto no art. 113, 23. Todavia, fazia-seressalva que no cabia o habeas corpus em relao as transgresses militares.

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    Alm dos tradicionais direitos individuais, a Constituio de 1934 inovouao introduzir no constitucionalismo brasileiro os direitos sociais, de segundagerao. Esses direitos foram tratados separadamente dos direitos individuais,constando dentro do Ttulo que tratava Da Ordem Econmica e Social.

    No rol das normas de proteo social do trabalhador constavam: proibiode diferena de salrio para um mesmo trabalho, por motivo de idade, sexo,nacionalidade ou estado civil; salrio mnimo capaz de satisfazer s necessidadesnormais do trabalhador; limitao do trabalho a oito horas dirias, s prorrogveisnos casos previstos em lei; proibio de trabalho a menores de 14 anos, de trabalhonoturno a menores de 16 e em indstrias insalubres a menores de 18 anos e amulheres; repouso semanal, de preferncia aos domingos; frias anuaisremuneradas; indenizao ao trabalhador dispensado sem justa causa; assistnciamdica sanitria ao trabalhador; assistncia mdica gestante, assegurada a eladescanso antes e depois do parto, sem prejuzo do salrio e do emprego; instituiode previdncia, mediante contribuio igual da Unio, do empregador e doempregado, a favor da velhice, da invalidez, da maternidade e nos casos de acidentesde trabalho ou de morte; regulamentao dos exerccio de todas as profisses;reconhecimento das convenes coletivas de trabalho; e obrigatoriedade deministrarem as empresas, localizadas fora dos centros escolares, ensino primriogratuito, desde que nelas trabalhassem mais de 50 pessoas, havendo, pelo menos,10 analfabetos. Para dirimir os conflitos resultantes das relaes trabalhistas, regidas

    pela legislao social, a Constituio criou a Justia do Trabalho (art. 122), vinculadaao Poder Executivo.

    Em relao aos direitos culturais, a Constituio previa: direito de todos educao, com a determinao de que esta desenvolvesse, num esprito brasileiro,a conscincia da solidariedade humana (art. 149); obrigatoriedade e gratuidade doensino primrio, inclusive para os adultos, e tendncia gratuidade do ensinoulterior ao primrio (art. 150); ensino religioso facultativo, respeitada a confissodo aluno (art. 153); liberdade de ensino e garantia de ctedra (art. 155).

    Fruto da introduo deste Estado social havia ainda outras previses naConstituio. Quando tratava da ordem econmica afirmava que estava garantida aliberdade econmica, dentro dos limites da Justia e das necessidades da vidanacional, de modo que possibilite a todos existncia digna. Afirmava ainda queos poderes pblicos verificaro, periodicamente, o padro de vida nas vrias regiesdo Pas (art. 115).

    Essas matrias relacionadas aos direitos sociais, econmicos e culturaisat ento no eram consideradas matrias constitucionais. Esta constitucionalizaose deu sob a influncia da Constituio de Weimar, de 1919, e de outras Constituiesdaquele perodo, que tambm passaram a tratar deste tipo de matria.

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    Em relao aos direitos polticos, houve algumas alteraes. Para a eleiode Presidente da Repblica o sufrgio, alm de universal e direto, seria tambmsecreto (art. 52). Apesar desta previso a prpria Assemblia Nacional Constituinteelegeu, de forma indireta, o Presidente da Repblica. As eleies que seriam diretas,em 1937, no correram em funo do golpe de Estado. Tambm os membros doSenado e os governadores, foram eleitos, tambm, de forma indireta, pelasAssemblias Constituintes dos Estados (art. 3, das Disposies Transitrias).

    O sufrgio feminino estava assegurado, em igualdade com o masculino(art. 108): So eleitores os brasileiros de um e de outro sexo, maiores de 18 anos,que se alistarem na forma da lei. Idia esta tambm presente na declarao dedireitos da prpria Constituio (art. 115), ao estabelecer a igualdade e vedarquaisquer privilgios, distines, por motivo de nascimento, sexo, raa, profisses

    prprias ou dos pais, classe social, riqueza, crenas religiosas ou idias polticas.Na verdade, o voto feminino j havia sido introduzido pelo primeiro Cdigo Eleitoralbrasileiro, veiculado atravs do Decreto n. 21.076, de 24 de fevereiro de 1932.

    Outro avano a nvel eleitoral, trazido pela Constituio, foi a criao daJustia Eleitoral, incorporando-a ao Poder Judicirio. Essa medida j constava noCdigo Eleitoral de 1932. Entre as competncias da Justia Eleitoral estava a deconceder hbeas corpus e mandado de segurana em casos pertinentes matriaeleitoral (art. 83, f).

    Reafirmando o compromisso da Constituio com os direitosfundamentais, previa como crime de responsabilidade do Presidente da Repblicaos atos que atentassem contra o gozo ou o exerccio legal dos direitos polticos,

    sociais ou individuais.

    4. Os Direitos no Estado Novo

    Getlio Vargas provocou um golpe de Estado, em 1937, apoiado pelosmilitares, para permanecer no poder, instalando o denominado Estado Novo.Faltava um ms para as eleies presidenciais, e Getlio no era candidato areeleio. A verso oficial do regime para o golpe foi a ameaa comunista e integralistaque pairava sobre a nao. O fundamento para o golpe foi um plano que tratava deum projeto de golpe de Estado pelos comunistas, chamado plano Cohen, masque na verdade se tratava de um falso plano elaborado pelo governo. O regime

    imposto tentou angariar alguma legitimidade, apresentando uma nova Constituio.Diante desta conjuntura ditatorial, os direitos fundamentais ficam sem qualquergarantia.

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    22 CARONE, op. cit., p. 164.23 CUNHA, 1975 apud BARROSO, Lus Roberto. O Direito Constitucional e a efetividade de suasnormas : limites e possibilidades da Constituio brasileira. 3a edio. Rio de Janeiro: Renovar,1996, p. 13.24 PORTO, Walter Costa. Constituies Brasileiras: 1937. Braslia: Senado Federal, 2001, p.17 .

    4.1 A Constituio de 1937 e a ditadura do Estado Novo

    A Constituio de 10-11-1937 institucionalizou um Estado autoritrio, oEstado Novo. Ela concedeu amplos poderes ao Presidente da Repblica, colocando-o como suprema autoridade estatal; restringiu as prerrogativas do Congresso e aautonomia do Poder Judicirio; retirou a autonomia dos Estados-membros; dissolveua Cmara, o Senado, e as Assemblias Estaduais; restaurou a pena de morte; os

    partidos polticos foram dissolvidos; a liberdade de imprensa era inexistente; entreoutras medidas ditatoriais Houve inclusive um ato solene de queima das bandeirasdos Estados, para simbolizar a dominao do poder central e a unidade nacional,alegando-se que os Estados estariam representados, a partir daquela data, pela

    bandeira nacional22.

    A Carta de 1937 teve como referncia a Constituio polonesa de 1935,por isto a oposio, ironicamente a chamavam de polaca. Era uma Constituiode cunho fascista, inspiradas no regime fascista italiano e alemo. Alm do mais, aConstituio de 1937 foi outorgada, assim como tambm foram as Constituiesestaduais, pelos respectivos governos (art. 181).

    A Carta do Estado Novo no foi uma Constituio no sentido real dotermo. Ela no passou de uma grande fraude poltica ou at mesmo um estelionato

    poltico, devido aos diversos artigos que concederam plenos poderes GetulioVargas, e um mandato indefinido. Afirmava o art.187 que a Constituio entraria emvigor e vigoraria at a realizao de plebiscito nacional, de acordo com formaestabelecida por decreto do Presidente da Repblica. Todavia o decreto no foiexpedido. Em decorrncia desta omisso, no podiam ser aplicados outros

    dispositivos, como: o atual Presidente da Repblica tem renovado o seu mandatoat a realizao do plebiscito a que se refere o art.187 (art.175). Previa tambm aConstituio um Parlamento Nacional, todavia condicionava a realizao das eleies

    para depois do plebiscito, quando seriam marcadas pelo Presidente da Repblica.

    Autores como Fernando Whitaker da Cunha23 negam a existncia jurdicada Constituio de 1937, porque ela no teria sido submetida ao plebiscito previstono seu artigo 187. Neste caso, a Constituio teria apenas um valor histrico. O

    prprio Francisco Campos, que foi o principal autor da Constituio de 1937, quandodo seu rompimento com Getlio em maro de 1945, em entrevista concedida imprensa, disse24 que ela era um documento que no podia invocar em seu favor

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    o teste da experincia, pois no foi posta prova, permanecendo em suspensodesde o dia de sua outorga. Afirmava ainda que a Constituio no tinha maisvigncia, era de valor puramente histrico. Entrou para o imenso material que, tendosido ou podendo ter sido jurdico, deixou de o ser ou no chegou a ser jurdico porno haver adquirido ou haver perdido sua vigncia.

    Quanto ao Judicirio, aparentemente independente, sofria o controle dogoverno, atravs de um dispositivo constitucional que permitia ao Presidente daRepblica a aposentadoria compulsria de qualquer agente (art.177 e LeiComplementar n2). A magistratura perdeu suas garantias. Foi criado um Tribunalde exceo, o Tribunal de Segurana Nacional, para processar e julgar os crimescontra o Estado e a estrutura das instituies (art. 172). As leis que fossem declaradasinconstitucionais pelo Judicirio poderiam ser validadas pelo Presidente da Repblica(art. 96, nico c/c art. 180). Alm disto, foi extinta a Justia Federal e a JustiaEleitoral, sendo apenas rgos do Poder Judicirio o STF; os juzes e tribunais dosEstado, Distrito Federal e dos territrios (Tribunais de Apelao); e os juzes etribunais militares (art. 90). A Justia Eleitoral foi recriada no final do Estado Novo,atravs do Decreto-lei n. 7.586, de 28/05/1945.

    Entre tantos abusos permitidos pela Constituio de 1937, tambm emmatria de controle de constitucional houve retrocesso. Previa o controle difuso,mas no previa a remessa para o Senado para dar efeito erga omnes. Alm disto, aConstituio previa que o Presidente da Repblica poderia submeter ao Parlamentoa lei declarada inconstitucional pelo STF, que pelo quorum de dois teros, poderiarevogar a deciso de inconstitucionalidade tomada pelo STF.

    Com o fim da Segunda Guerra Mundial o Presidente foi pressionado afazer a abertura poltica. Pelo Decreto n. 9, de 28/02/1945, o governo organizou aseleies presidenciais, para os governadores dos Estados e para o Congresso

    Nacional, tendo este ainda a atribuio de elaborar uma nova Constituio. Porm,Getlio afastado do poder antes das eleies, sob suspeita de que desejava

    permanecer no poder, como em 1937.

    4.2 Os Direitos civis, polticos e sociais

    Em qualquer regime ditatorial no h espao para os direitosfundamentais, ou seja, so incompatveis o regime ditatorial e os direitos

    fundamentais.

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    ------------------------------25 SILVA, Jos Afonso. Direito const itu cio nal po sit ivo . 14 ed. So Paulo: Malheiros, 2000, p.169.26 MIRANDA, op. cit., p. 300.

    Jos Afonso da Silva25 afirma que esta Constituio foi ditatria na forma,no contedo e na aplicao, com integral desrespeito aos direitos do homem,especialmente os concernentes s relaes polticas.

    A Carta de 1937 extinguiu o remdio herico do mandado de segurana,criado pela Constituio de 1934. Apesar disto, o Decreto-lei n. 6, de 16/11/1937restaurou o mandado de segurana. Do mesmo modo, o primeiro Cdigo de ProcessoCivil nacional, de 1939, se refere ao mandado de segurana. Em ambas as normasinfraconstitucionais, o mandado de segurana no era cabvel contra os atos doPresidente da Repblica, Ministros de Estado, Governadores e Interventores.

    Foram institudas a censura prvia e a pena de morte. Esta ltima para oscasos expressamente especificados, inclusive para a subverso da ordem poltica e

    social por meios violentos e para o homicdio cometido por motivo ftil e comoextremos de perversidade.

    Apesar de tudo, a Constituio de 1937 consagrou extenso rol de direitose garantias individuais, prevendo 17 incisos em seu art. 122. Alm da tradicionalrepetio dos direitos fundamentais clssicos, trouxe algumas novidades:impossibilidade de aplicao de penas perptuas; maior possibilidade de aplicaoda pena de morte, alm dos casos militares; criao de um tribunal especial comcompetncia para o processo e julgamentos dos crimes que atentarem contra aexistncia, a segurana e a integridade do Estado, a guarda e o emprego da economia

    popular. Mas tudo isto no teve qualquer efetividade.

    Pontes de Miranda26 assinala que A Carta de 1937, apenas outorgada,

    longe estava de aceitar a liberdade fsica e as demais liberdades com direitos dohomem. [...].

    Este regime ditatorial, no seu transcorrer agiu contra as liberdadesindividuais, punindo e perseguindo os adversrios do regime. Todavia muitasdas aes governamentais vieram ao encontro da grande massa de trabalhadores,como foi o caso da criao da CLT - Consolidao das Leis do Trabalho (Dec.-Lei5.452, de 01/05/1943).

    Nela estava previsto o habeas corpus (art. 122, XVI), porm era umaConstituio que possua os arts. 166-173, e no art. 186 anunciava: declarado,em todo o pas, o estado de emergncia. O pas viveu em constante estado deemergncia, e nesse ambiente os direitos, que mesmos previstos na Constituio,

    no alcanam efetividade.

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    157Revista DIREITOS CULTURAIS v.1 n.2 Junho 2007

    Consideraes Finais

    O perodo analisado compreende um perodo da histria poltico-constitucional brasileira em que a democracia e o Estado de direito, tal como ocompreendemos hoje, eram os grandes ausentes, e isto atingiu diretamente osDireitos Fundamentais.

    Durante a Monarquia havia uma Constituio que em parte estava deacordo com o Estado liberal criado nos principais pases europeus, mas que aomesmo tempo estatua um Estado absolutista, dotando o Imperador de plenos

    poderes. Portanto, a Constituio acabou por criar um Estado autoritrio, em queos Direitos eram meras formalidades, alm de no terem sido previstos instrumentosapropriados para a defesa dos Direitos.

    A introduo da Repblica no Brasil se deu atravs de um golpe deEstado, fruto de uma aliana entre as oligarquias regionais e os militares. AConstituio foi inspirada no modelo constitucional norte-americano, mas as novasinstituies encontraram uma prtica autoritria bastante slida. No perodo daPrimeira Repblica (1889-1930) as oligarquias colocaram o Estado a seu servio,sendo, em funo disto, este perodo denominado tambm de Repblica oligrquica.Pouqussimos avanos ocorrerem em nvel dos Direitos, se comparado com o perododa Monarquia.

    A Revoluo de 1930 realizou uma reforma no Estado, sem que istosignificasse uma transformao mais profunda no Estado. Apesar de ainda presenteuma prtica autoritria, arraigada cultura brasileira, houve grandes avanos no

    que se refere aos Direitos, fundamentalmente com a Constituio de 1934. NestaConstituio apareceram importantes instrumentos de defesa dos Direitos, como o caso do habeas corpus, do mandado de segurana e da ao popular, alm daintroduo dos Direitos Sociais, criando-se um Estado social no Brasil.

    Porm o avano trazido pela Constituio de 1934 logo sofreu retrocesso,em funo do golpe de 1937, que introduziu o denominado Estado Novo. AConstituio de 1937 criou um Estado autoritrio que dava plenos poderes aoPresidente da Repblica, e que no oferecia qualquer garantia aos Direitos, emboraa Constituio continuasse a trazer um rol de Direitos, como as Constituiesanteriores.

    Existe uma relao direta entre o regime poltico e os Direitos. Durante

    perodos de regimes ditatoria is os Direitos podiam at estar declarados nasConstituies, mas outros dispositivos da prpria Constituio e a prtica acabavampor negar estes Direitos. Sem sombra de dvida existe um grande fosso entre odever-ser e o ser ou entre o ideal e o real.

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