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Evolução do Planejamento Urbano no Brasil e em São Paulo Programa de Residência em Arquitetura e Urbanismo 2015/2016: Planejamento e Gestão Urbana Prof. Dr. Eduardo A. C. Nobre

Evolução do Planejamento Urbano no Brasil e em São … · elites e aprimoramento da infraestrutura voltada à economia agroexportadora, dividindo-se em: 1. Reforma e ampliação

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Evolução do Planejamento Urbano no Brasil e em São Paulo

Programa de Residência em Arquitetura e Urbanismo 2015/2016:

Planejamento e Gestão Urbana

Prof. Dr. Eduardo A. C. Nobre

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Introdução

• Conforme visto na aula anterior, o sistema de planejamento urbano moderno nos países centrais estruturou-se dentro do paradigma do estado do bem-estar social através de:

1. Regulação do uso e ocupação do solo,

2. Implantação de infraestrutura urbana,

3. Provisão de habitação de interesse social e de equipamentos sociais de consumo coletivo

• Resultado: diminuição da pobreza e da diferenciação social padrão de vida bastante elevado para a classe trabalhadora.

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• No Brasil surgimento do urbanismo e do planejamento urbano no Brasil no início do século XX (LEME, 1999)

• Contudo o resultado da sua aplicação nunca chegou a estruturar cidades organizadas e justas para todos

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• Tendo sido colônia portuguesa, o país já se inseriu no sistema capitalista numa posição subalterna (FERNANDES, 1973).

• Portugal decadência precoce (depauperado em função das expedições ao Oriente) :

– Mera exploração das riquezas naturais

– Falta de uma política efetiva de urbanização.

• Independência transferência das dívidas de Portugal com a Inglaterra para o Brasil déficit na balança de pagamentos

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• Economia agroexportadora

• Mão-de-obra escrava

• Dependência econômica e tecnológica

• Extrema concentração de renda

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• 37 povoações 1532/1650 (REIS FILHO, 2000): – 7 custeadas pela Coroa Portuguesa – 30 por conta e risco de seus próprios povoadores.

• Povoações hispano-americanas normas urbanísticas rígidas codificadas na Lei

das Índias

• Cidades coloniais brasileiras cresceram sem nenhum plano ordenador, de forma irregular e dispersa, adaptando-se à topografia, seguindo a tradição medievo-renascentista portuguesa (MARX, 1980).

• O sítio definia o traçado urbano, as ruas eram íngremes e tortas, as esquinas em ângulos, com as principais vias seguindo os espigões, firmes e secos.

• As povoações eram dispersas, e não havendo codificação oficial, desenvolviam-se em paroquias e freguesias, no entorno das igrejas, seguindo normas de desenho urbano definidas pela Igreja Católica (MARX, 1991)

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• Sendo um sistema escravocrata, boa parte dos serviços urbanos era realizada por escravos (captação de água nos chafarizes, disposição dos esgotos e dejetos nos rios)

• 1850 Abolição do comércio de escravos e Lei de Terras condições para a transição da sociedade mercantil escravocrata para uma sociedade capitalista de elite

• Com o advento da República e seus ideais positivistas surgem as primeiras ações do Estado na organização do espaço nascimento do Planejamento Urbano e Urbanismo

• Municípios passam a ter autonomia política e deveres institucionais nascimento das intendências de obras

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A evolução do urbanismo no Brasil: 1895-1965 (Leme, 1999)

1895-1930 • Influência europeia Planos de Melhoramentos valorização das áreas das

elites e aprimoramento da infraestrutura voltada à economia agroexportadora, dividindo-se em:

1. Reforma e ampliação de portos marítimos e fluviais 2. Melhoramentos de Áreas Centrais 3. Obras de Saneamento

1930-1950

• Os planos abarcam o conjunto da área urbana, sendo que a circulação ganha bastante destaque

Visão global articulação entre os bairros e o centro sistema viário e transportes primeiras propostas de zoneamento (Rodoviarismo). 1950-1964

• Desenvolvimento industrial concentração de investimentos na Região Sudeste • Aumento da diferenciação regional + seca = migrações e o grande crescimento

populacional do Sudeste • Surge o Planejamento Urbano e Regional e as discussões sobre o Plano Diretor.

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Instituição do Sistema de Planejamento Urbano na escala nacional

• Seminário de Habitação e Reforma Urbana, Hotel Quitandinha em 1963 (processo de urbanização intensivo)

• Lei nº 4.380, de 21 de agosto de 1964. Institui o Sistema Financeiro Habitacional (SFH), o Banco Nacional da Habitação (BNH) e o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU).

• A lei incentivou a produção e a aquisição da casa própria.

• Sandra Cavalcanti (1ª presidente do BNH): “A casa própria faz do trabalhador um conservador que defende o direito de propriedade.”(BONDUKI, 2008).

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• Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966. Cria o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), e dá outras providências.

• Decreto nº 59.917, de 30 de dezembro de 1966. Regulamenta o SERFHAU - Serviço Federal de Habitação e Urbanismo, estabelece suas finalidades e modo de operação, cria o Fundo de Financiamento de Planos de Desenvolvimento Local integrado, e dá outras providências.

• Os municípios que quisessem ter acesso aos recursos do FGTS para implantação de HIS, teriam de criar as suas Companhias de Habitação (COHAB) e desenvolver seus planos diretores até 1970.

• Proliferação dos PDDI

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• Contudo, boa parte dos conjuntos foi construída nas periferias externas das cidades, em regiões carentes de infraestrutura (terrenos mais baratos).

• Em função disso, a partir da década de 1970, o BNH se desviou de sua função original e passou a financiar o desenvolvimento urbano, com ações na área de saneamento urbano (PLANASA).

• A crise econômica da década de 1980 (recessão, inflação e desemprego) teve enormes repercussões no SFH.

• Em 1986 o BNH foi extinto e suas funções passaram para a Caixa Econômica Federal.

• Entre 1964 e 1986, o BNH e o SFH financiaram a construção de 4,3 milhões de casas, sendo 2,4 para o setor popular e 1,9 para o mercado de classe média (BONDUKI, 2008).

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O Plano Urbanístico Básico de São Paulo 1968

• No caso do Município de São Paulo, a Prefeitura criou o GEP – Grupo Executivo de Planejamento em 1967

• Em 1968 contratou uma consultoria internacional para elaborar o PUB (Plano Urbanístico Básico).

• Após exaustiva análise do processo de desenvolvimento urbano e social, da circulação e transportes, dos serviços urbanos e da administração pública, o plano propôs o descongestionamento da área central e a diminuição do tempo de deslocamento entre residência e trabalho.

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• Após avaliação de vários modelos teóricos, adotou um modelo urbano baseado no norte-americano:

1. Criação de corredores de uso

múltiplo e subcentros regionais e de uma extensa malha de vias expressas (815 km)

2. Baixa e média densidades habitacionais (75/150 hab./ha) para a maioria da cidade (96,25%) e alta densidade (300 hab./ha) na área central e nos corredores (3,75%)

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• O PUB foi revisto na elaboração do PDDI, resultando na Lei nº 7.688/1971

• Em 1972 o GEP foi transformado em COGEP – Coordenadoria Geral de Planejamento

• Baseado nessa plano, foi elaborada a Lei nº 7.805/1972, que dispunha sobre o parcelamento, uso e ocupação do solo do município

• Essa lei instituiu o zoneamento pela 1a vez na cidade, definindo 8 zonas, especificando o uso e as densidades (através do coeficiente de aproveitamento e da taxa de ocupação) para cada zona.

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Zonas de Uso

Característica

CA Máximo

Z1

zona de uso estritamente residencial de densidade baixa

1,0

Z2

zona de uso predominantemente residencial de densidade baixa

1,0-2,0

Z3

zona de uso predominantemente residencial de densidade média

2,5-4,0

Z4

zona de uso misto de densidade média-alta

3,0-4,0

Z5

zona de uso misto de densidade alta

3,5-4,0

Z6

zona de uso predominantemente industrial

1,5

Z7

zona de uso exclusivamente industrial

0,8

Z8

zona de uso especial

específico para cada perímetro

4%

80%

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• Para cada zona de uso, a Lei definia as densidades (através do coeficiente de aproveitamento e da taxa de ocupação) e os uso permitidos.

• Posteriormente, a adoção da fórmula de Adiron, icentivou a verticalização, principalmente nas Z2.

• A aplicação de lei de Zoneamento consolidou o padrão de crescimento existente, valorizando as áreas centrais e expulsando a população de baixa renda para a periferia.

• Além de ocasionar a uniformização da paisagem conforme as zonas de uso e os índices urbanísticos.

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• Contudo, a malha de vias expressas nunca foi construída, mas mesmo assim o zoneamento foi implementado, ocasionando uma incoerência entre o uso e a ocupação propostos e a estrutura urbana.

• O zoneamento foi modificado conforme os interesses do mercado imobiliário, além de não controlar eficazmente as densidades. Em 2002, as Z2 representavam por volta de 50% da área total do município.

• Além do que não ofereceu solução ao problema de maior parte da população de baixa renda, que, não conseguindo atender os padrões do zoneamento, foi obrigada a viver na ilegalidade.

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As exceções à Lei do Zoneamento

• A Crise do Petróleo (1973-1979) Crise da Dívida Década Perdida (1980)

– As exceções à Lei do Zoneamento

– Precarização da qualidade de vida

• 1985 – O Plano Diretor da Gestão Mario Covas propõe a PPP através do instrumento Operação Urbana

• 1986 – O prefeito Jânio Quadros institui as Operações Interligadas através da Lei nº 10.209/86.

• Conhecida por Lei do Desfavelamento, esse instrumentos permitia que a iniciativa privada pagasse pela construção de HIS, em troca da revisão dos índices e uso do zoneamento.

• Em 2001, após Ação Direta de Inconstitucionalidade essa Lei foi declarada inconstitucional.

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• A crise econômica e ineficiência do Estado resultou na ampliação e crescimento das formas subnormais de moradia com o crescimento de loteamentos clandestinos, cortiços e favelas.

• Diagnóstico do Plano Diretor da Gestão Erundina (1991) detecta 67% da população paulistana vivendo irregularmente:

• 8,7% em favelas

• 26,1% em cortiços

• 20,9 % em loteamentos clandestinos

• 11,3% em casas precárias

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• 1995 – O prefeito Paulo Maluf, promulga a Lei nº 11.732, que cria a Operação Urbana Faria Lima em região valorizada da cidade, utilizando-se do conceito da outorga onerosa através da venda dos CEPACS.

• Apesar de adesão da iniciativa privada, o total do valor das contrapartidas arrecadadas era de R$116 milhões até 2000, muito aquém dos gastos da prefeitura com as obras e desapropriação, aproximadamente US$150 milhões, sem ter executado nenhuma HIS no local.

• Ao mesmo tempo, retira por volta de 20.000 pessoas das favelas da região da Avenida Água Espraiada, expulsando-as para a periferia

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Novas definições na Redemocratização

• Com a redemocratização em meados da década 1980 o Planejamento Urbano vai ter um novo ímpeto

• O MNRU – Movimento Nacional pela Reforma Urbana conseguiu emplacar através de Emenda Popular os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988.

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• O artigo 182 define que o plano diretor é o principal instrumento da política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, com objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes e deve ser aprovado em Lei pela pela Câmara Municipal

• Define também que a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

• Permite ao Poder Público municipal exigir do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I. Parcelamento ou edificação compulsórios;

II. Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III. Desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

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• O artigo 183 define a usucapião do terreno urbano para aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

• § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.

• § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

• § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

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• 1990 – No Senado Federal é apresentado o Projeto de Lei 5.788 visando regulamentar os artigos 182 e 183.

• 2001 – No dia 10 de Julho é promulgada a Lei 10.257, conhecida como Estatuto da Cidade, que, baseada no PL 5.788/90, regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências.

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• O Estatuto da Cidade define que a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, segundo algumas diretrizes gerais: 1. Garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito

à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;

2. Gestão democrática da cidade por meio de participação da popular;

3. Planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas de modo a evitar as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente.

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• Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades:

I. com mais de vinte mil habitantes;

II. integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;

III. onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no § 4o do art. 182 da Constituição Federal;

IV. integrantes de áreas de especial interesse turístico;

V. inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.

VI. incluídas no cadastro nacional de Municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos.

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O Plano Diretor 2002 e a Lei de Zoneamento de 2004 (Leis nº 13.430/2002 e 13.885/2004)

• Como decorrência das exigências do Estatuto da Cidade, a PMSP aprovou a Lei 13.430 em 13 de setembro de 2002 que institui o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo.

• Esse plano foi detalhado na Lei 13.885 de 25 de agosto de 2004 que instituiu os Planos Regionais e a nova Lei de parcelamento, uso e ocupação do solo, revogando o zoneamento anterior

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• Princípio da função social da propriedade

• Adoção da Outorga Onerosa do Direito de Construir CAMin, CAB e CAMax

• Consolidação das Operações Urbanas Consorciadas

• Instituição das Zonas Especiais

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Macrozoneamento

• O território do Município fica dividido em duas macrozonas complementares:

I. Macrozona de Proteção Ambiental:

usos e a intensidade relacionam-se com à necessidade de manter ou restaurar a qualidade do ambiente natural e respeitar a fragilidade dos seus terrenos.

II. Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana: as edificações, usos e intensidade de usos relacionam-se com a exigências relacionadas com os elementos estruturadores e integradores, à função e características físicas das vias, e aos planos regionais a serem elaborados pelas Subprefeituras.

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Macroáreas

• A Macro-zona de Proteção Ambiental é subdividida em três macro-áreas:

1. Macroárea de Proteção Integral;

2. Macroárea de Uso Sustentável;

3. Macroárea de Conservação e Recuperação.

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Macroáreas

• A Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana apresenta diferentes graus de consolidação e qualificação.

• É dividida, para orientar o desenvolvimento urbano e dirigir a aplicação dos instrumentos urbanísticos e jurídicos, em quatro macro-áreas: 1. Macro-área de Reestruturação e

Requalificação Urbana;

2. Macroá-rea de Urbanização Consolidada;

3. Macro-área de Urbanização em Consolidação;

4. Macro-área de Urbanização e Qualificação.

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Zoneamento

• A Macro-zona de Estruturação e Qualificação Urbana compreende as seguintes zonas de uso:

1. Zonas Exclusivamente Residenciais – ZER;

2. Zona Industrial em Reestruturação – ZIR;

3. Zonas Mistas.

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• Zonas Especiais são porções do território com diferentes características ou com destinação específica e normas próprias de uso e ocupação do solo, edilícia, situadas em qualquer macro-zona do Município, compreendendo: 1. Zonas Especiais de Preservação

Ambiental - ZEPAM;

2. Zonas Especiais de Preservação Cultural – ZEPEC;

3. Zonas Especiais de Produção Agrícola e de Extração Mineral – ZEPAG;

4. Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS.

Zoneamento Especial

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Operações Urbanas Consorciadas

• O Plano delimitou as seguintes Operações Urbanas Consorciadas: – Diagonal Sul, – Diagonal Norte, – Carandiru-Vila Maria, – Rio Verde-Jacú, – Vila Leopoldina, – Vila Sônia e – Celso Garcia, – Santo Amaro e – Tiquatira

• Além das existentes

– Faria Lima, – Água Branca, – Centro – Águas Espraiadas

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• A Lei de Zoneamento (Lei 13.885/04) definiu outras zonas complementares e definiu seus índices urbanísticos em função dos Planos Regionais:

– ZER – Zona Estritamente Residencial

– ZM1 – Zona Mista de Baixa Densidade

– ZM2 – Zona Mista de Média Densidade

– ZM3 – Zona Mista de Alta Densidade

– ZCa – Zona de Centralidade de Media Densidade

– ZCb – Zona de Centralidade de Alta Densidade

– ZPI – Zona Predominantemente Industrial

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• Com relação aos usos permitidos, zoneamento de 2004 definiu os usos residenciais - R e os usos não residenciais nR.

• Classifica-os por grau de incomodidade (independente se residencial ou não) em – Compatíveis: R1 e nR1;

– Toleráveis: R2 e nR2;

– Incômodos: R3 e nR3

• Os usos toleráveis deverão ser sujeitos à fiscalização e a medidas mitigadoras.

• Os usos incômodos deverão realizar EIV para minimizar seus impactos, além de ter sua localização limitada

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Referências bibliográficas:

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• SÃO PAULO (cidade) (1969) Plano Urbanístico Básico. São Paulo: ASPLAN/Prefeitura do Município de São Paulo.

• __________. (1972) Lei nº 7.805 de 1o de novembro de 1972: dispõe sobre o parcelamento, uso e ocupação do solo do Município e dá outras providências. Diário Oficial do Município.

• __________. (2002) Lei nº 13.430 de 13 de setembro de 2002: Institui o Plano Diretor Estratégico e o Sistema de Planejamento e Gestão do Desenvolvimento Urbano do Município de São Paulo. Diário Oficial do Município.

• ___________. (2004) Lei nº 13.885, de 25 de agosto de 2004: Estabelece normas complementares ao Plano Diretor Estratégico, institui os Planos Regionais Es-tratégicos das Subprefeituras, dispõe sobre o parcelamento, disciplina e ordena o Uso e Ocupação do Solo do Município de São Paulo. Diário Oficial do Município.