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1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS Neste capítulo será abordada a evolução histórica das Penas, ao menos para ilustrar, e que se tenha noção, mesmo que superficialmente, do que caracterizou cada uma dessas fases, suas teorias punitivas e a evolução no Estado brasileiro. 1.1 AS PENAS ATRAVÉS DOS TEMPOS A doutrina mais aceita tem adotado uma tríplice divisão, que são classificadas em: vingança privada, vingança divina e vingança pública, todas sempre marcadas por sentimento religioso ou espiritual. Vale ressaltar que advindo um período o anterior não desaparecia, ocorrendo assim uma penetração entre um e outro. 1.1.1 Vingança Privada A primeira forma de punição foi a vingança privada. De início era a reação do indivíduo contra indivíduo. Ensina Jorge Henrique Schaefer Martins: Nos primórdios, a punição por um crime restringia-se à vingança privada. Vigia a lei do mais forte, do que detinha maior poder, que não encontrava limites para o alcance ou forma de execução da reprimenda que entendia em aplicar, ai incluída a morte, a escravização, o banimento, quando não atingia toda a família do infrator. Já para Magalhães Noronha “A reação do indivíduo contra o indivíduo, depois, não só dele como de seu grupo, para mais tarde, já o conglomerado social colocar0se ao lado destes”. Posteriormente veio a Pena de Talião, que teve indícios no Código de Hamurabi , em 1780 a.C., no reino da Babilônia . Essa pena impede que as pessoas façam justiça por elas mesmas e de

Evolução Histórica Das Penas

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Page 1: Evolução Histórica Das Penas

1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS

Neste capítulo será abordada a evolução histórica das Penas, ao menos para ilustrar, e que se tenha noção, mesmo que superficialmente, do que caracterizou cada uma dessas fases, suas teorias punitivas e a evolução no Estado brasileiro.

1.1 AS PENAS ATRAVÉS DOS TEMPOS

A doutrina mais aceita tem adotado uma tríplice divisão, que são classificadas em: vingança privada, vingança divina e vingança pública, todas sempre marcadas por sentimento religioso ou espiritual. Vale ressaltar que advindo um período o anterior não desaparecia, ocorrendo assim uma penetração entre um e outro.

1.1.1 Vingança Privada

A primeira forma de punição foi a vingança privada.De início era a reação do indivíduo contra indivíduo.

Ensina Jorge Henrique Schaefer Martins:

Nos primórdios, a punição por um crime restringia-se à vingança privada. Vigia a lei do mais forte, do que detinha maior poder, que não encontrava limites para o alcance ou forma de execução da reprimenda que entendia em aplicar, ai incluída a morte, a escravização, o banimento, quando não atingia toda a família do infrator.

Já para Magalhães Noronha “A reação do indivíduo contra o indivíduo, depois, não só dele como de seu grupo, para mais tarde, já o conglomerado social colocar0se ao lado destes”.

Posteriormente veio a Pena de Talião, que teve indícios no Código de Hamurabi, em 1780 a.C., no reino da Babilônia. Essa pena impede que as pessoas façam justiça por elas mesmas e de forma desproporcional, ao que se trata de crimes e delitos, uma das leis mais antigas que existem trazendo evolução para as penas, que consistia da reciprocidade do crime e da pena, retaliação ou taliter. Como dita “olho por olho, dente por dente”.

Em seguida veio entrar em vigor a vingança divina.

1.1.2 Vingança Divina

Nessa fase se punia o infrator como forma de reparar o agravo contra a entidade para se manter a paz, ou seja, para aplacar a ira divina e purificar a alma do infrator.

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Afirma Martins que:

O Código de Manu (Séc. XI a.C.), sob o fundamento de que a pena purificava o infrator, determinava o corte de dedos dos ladrões, evoluindo para os pés e as mãos no caso de reincidência. O corte da língua para quem insultasse um homem de bem; a queima do adúltero em cama ardente; a entrega da adúltera para a cachorrada.

Essa fase acabou resultando na grande influência da religião na vida dos povos antigos.

Esse direito penal era aplicado pelos sacerdotes, decorrente do caráter teocrático.

1.1.3 Vingança Pública

Com a melhor organização social, o Estado assumiu o poder de manter a segurança e a ordem social, nascendo assim a vingança pública, que manteve identidade entre o poder divino e o poder político. Essa fase visava a proteção do soberano/monarca através da sanção penal, que continuava mantendo a crueldade como forma de intimidar.

Com o decorrer do tempo a população passou a não aceitar mais esse tipo de pena, devido a crueldade e severidade em face somente para a proteção do soberano e dos favorecidos, que acabava predominando a desigualdade de classes no momento de sua punição.

E evoluiu-se para o período humanitário

Martins cita que:

Na segunda metade do séc. XVII consolida-se a corrente de pensamento contrária à crueldade e aos absurdos que se cometiam em nome do direito penal absolutista. As ideias político-filosóficas e jurídicas emergentes já não admitiam que o direito penal pudesse utilizar-se, com tanta frequência e de forma tão abusiva, dos castigos corporais, dos suplícios os mais diversos, dos trabalhos forçados e da pena de morte.

Tendo seu apogeu no decorrer do Humanismo, esse período foi marcado pela atuação de pensadores que contestavam os ideais absolutistas. Nessa época contestavam as leis e a administração da justiça Penal. Esse período surgiu como a reação contra a barbaridade praticada pela justiça e contra o caráter penal.

O pensamento predominante da época ia de encontro a qualquer crueldade e se rebelava contra qualquer arcaísmo do tipo: "Homens, resisti à dor, e sereis salvos". (Basileu Garcia).

Page 3: Evolução Histórica Das Penas

MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas Alternativas. 1. ed., 2. tir. Curitiba: Juruá, 1999. p.21.