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EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA ESCHERICHIA COLI AOS ANTIBIÓTICOS NAS INFECÇÕES COMUNITÁRIAS DO TRATO URINÁRIO TEMPORAL EVOLUTION OF THE PREVALENCE OF RESISTANCE OF ESCHERICHIA COLI TO ANTIBIOTICS IN COMMUNITY-ACQUIRED URINARY TRACT INFECTIONS Eduarda Lencina Mattos 1 Giovanna Grünewald Vietta 2 Aurélio Rotolo da Costa Araújo 3 Leopoldo Frederico Saldanha 4 Cássia Maria Zoccoli 5 1 Aluna do curso de graduação em medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina. E-mail: [email protected]. 2 Biomédica, Doutora em Ciências Cardiovasculares pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professora do Núcleo de Epidemiologia do Curso de Medicina na Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL Pedra Branca, Palhoça, Santa Catarina, Brasil. Email:[email protected] 3 Especialista em Clínica Médica e Nefrologia. Professor de Medicina na Universidade do Sul de Santa Catarina. Membro titular da Academia de Medicina do Estado de Santa Catarina. E- mail: [email protected] 4 Especialista em Clínica Médica e Nefrologia. Professor de Medicina na Universidade do Sul de Santa Catarina. E-mail: [email protected] 5 Farmacêutica Bioquímica. Diretora técnica do Laboratório Médico Santa Luzia. E-mail: [email protected]

EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

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Page 1: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA ESCHERICHIA

COLI AOS ANTIBIÓTICOS NAS INFECÇÕES COMUNITÁRIAS DO TRATO

URINÁRIO

TEMPORAL EVOLUTION OF THE PREVALENCE OF RESISTANCE OF

ESCHERICHIA COLI TO ANTIBIOTICS IN COMMUNITY-ACQUIRED URINARY

TRACT INFECTIONS

Eduarda Lencina Mattos1

Giovanna Grünewald Vietta2

Aurélio Rotolo da Costa Araújo3

Leopoldo Frederico Saldanha4

Cássia Maria Zoccoli5

1 Aluna do curso de graduação em medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina. E-mail:

[email protected].

2 Biomédica, Doutora em Ciências Cardiovasculares pela Universidade Federal do Rio Grande

do Sul. Professora do Núcleo de Epidemiologia do Curso de Medicina na Universidade do Sul

de Santa Catarina – UNISUL Pedra Branca, Palhoça, Santa Catarina, Brasil.

Email:[email protected]

3 Especialista em Clínica Médica e Nefrologia. Professor de Medicina na Universidade do Sul

de Santa Catarina. Membro titular da Academia de Medicina do Estado de Santa Catarina. E-

mail: [email protected]

4 Especialista em Clínica Médica e Nefrologia. Professor de Medicina na Universidade do Sul

de Santa Catarina. E-mail: [email protected]

5 Farmacêutica Bioquímica. Diretora técnica do Laboratório Médico Santa Luzia. E-mail:

[email protected]

Page 2: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

Resumo

Objetivo: Determinar a evolução temporal da resistência da bactéria Escherichia coli aos

antibióticos. Métodos: Estudo de tendência temporal da resistência bacteriana aos antibióticos

em infecções comunitárias do trato urinário, a partir do banco de dados do Laboratório Médico

Santa Luzia (Florianópolis, Santa Catarina) entre 2004 e 2013. Foram incluídos 61.264

protocolos que atendiam aos critérios de inclusão. Os protocolos foram divididos por idade,

faixa etária, sexo e bactéria identificada. A tendência temporal foi realizada para e estratificada

por antibiótico. Resultados: 90,6% dos pacientes eram do sexo feminino. A Escherichia coli foi

o uropatógeno mais isolado em ambos os sexos, seguida da Klebsiella pneumoniae. O

Staphylococcus saprophyticus foi detectado mais frequentemente no sexo feminino de 15 a 19

anos. O Proteus mirabilis teve sua maior prevalência em crianças do sexo masculino de 0 a 9

anos. Em relação a Escherichia coli evidenciou-se tendência ascendente de resistência (p <

0,05) para ácido nalidíxico, ampicilina, cefalotina, cefuroxima, ciprofloxacino, gentamicina,

nitrofurantoína e norfloxacino. Conclusões: A constante capacidade de adaptação bacteriana faz

com que a resistência aos antibióticos seja inevitável e irreversível. Dessa forma, para reduzir

essa habilidade bacteriana, terapias empíricas específicas para cada região e a redução do uso

inadequado de antimicrobianos tornam-se medidas essenciais.

Descritores: Trato urinário/infecção. Resistência/bactéria. Sensibilidade antimicrobiana.

Page 3: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

Abstract

Objective: To determine the temporal evolution of resistance of Escherichia coli to antibiotics.

Methods: Study of the temporal trend of bacterial resistance to antibiotics in outpatients with

urinary tract infections from a single laboratory database between 2004 and 2013. We studied

61,264 protocols that met the inclusion criteria. The protocols were divided by age, sex and

bacterium identified. The time trend was performed for and stratified by antibiotic. Results:

90.6% of the patients were female. Escherichia coli was the most prevalent uropathogen in both

sexes, followed by Klebsiella pneumoniae. Staphylococcus saprophyticus was detected more

frequently in females aged 15 to 59 years. The highest prevalence of Proteus mirabilis occurreds

in males aged 0 to 9. Escherichia coli showed an upward trend of resistance (p < 0.05) for nalidixic

acid, ampicillin, cephalothin, cefuroxime, ciprofloxacin, gentamicin, nitrofurantoin and

norfloxacin. Conclusions: The constant capacity of bacterial adaptation makes antibiotic

resistance inevitable and irreversible. Thus, to reduce this bacterial adeptness, specific empirical

therapies for each region and the reduction of inappropriate use of antimicrobials become essential

measures.

Keywords: Urinary Tract/infection. Resistance/bacteria. Antimicrobial sensitivity.

Page 4: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

Introdução

Infecção do trato urinário (ITU) é um termo que denota condições clínicas decorrentes da

colonização microbiana com invasão tecidual(1), promovendo uma resposta inflamatória do

urotélio em um segmento do aparelho urinário(1,2). As apresentações clínicas variam de presença

assintomática de microrganismos na urina até infecção renal grave(3-5).

Estima-se que haja anualmente 150 milhões de episódios de ITU no mundo, acarretando

despesas de 6 bilhões de dólares para os sistemas de saúde(6). No Brasil, a ITU é o segundo tipo

mais prevalente de doença infecciosa na prática médica(3), sendo que de 10 a 20% das mulheres

apresentarão ao menos um episódio de ITU ao longo da vida(3).

O papel principal dos exames complementares é auxiliar na investigação médica (1); entre

eles, o antibiograma é usado para estimar as modificações bacterianas frente aos antibióticos.

Dessa forma, associa-se urocultura ao teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA),

permitindo assim instituir uma terapia adequada ao perfil microbiano(4).

A Escherichia coli (E. coli) é o agente etiológico mais prevalente nas ITU(4,7-13) sua

resistência influi diretamente na antibioticoterapia dessa doença(6,14). A resistência aos β-

lactâmicos é fator determinante para E. coli e Klebsiella pneumoniae (K. pneumoniae), já que

possuem plasmídeos, os quais podem ser transferíveis entre bactérias da mesma espécie ou de

gêneros/espécies diferentes. Esses plasmídeos conferem à bactéria a capacidade de disseminar

rapidamente a resistência às cefalosporinas de terceira geração, bem como a outros antibióticos(15).

Além da crescente resistência evidenciada em estudos nacionais(9,16) e estudo

internacional(17), a E. coli tem fatores intrínsecos de virulência como flagelo para mobilidade e

fimbrias para aderência à mucosa uroepitelial, que contribuem para sua alta prevalência nas ITU.

Outro fator importante na resistência bacteriana envolve a expressão do antígeno K, um

polissacarídeo capsular que aumenta a resistência à fagocitose. Outro mediador é a hemolisina

que pode aumentar a capacidade de invasão e predispor a infecções(6).

O tratamento da ITU não complicada ocorre, na maior parte dos casos, de maneira

empírica (7,10) e frequentemente sem a necessidade da realização de exame de urina ou cultura com

TSA(6). Dessa maneira, é possível que pacientes sejam tratados com fármacos que não possuem

atividade contra o agente patogênico implicado(5,10). Em vista disso, a Organização Mundial da

Saúde (OMS) aprovou uma resolução encorajando o uso de antimicrobianos com a prescrição por

um profissional da saúde qualificado, a fim de que se minimizasse a resistência bacteriana(18).

A escassez de estudos sobre ITU comunitária nas principais bases de dados torna as

decisões terapêuticas ambulatoriais dependentes de diretrizes internacionais, que mostraram-se

inadequadas ao nosso País. Dessa forma, a OMS preconizou a elaboração de protocolos para a

indicação de antibióticos em cada região(18), ainda não padronizado no Brasil .

Dessa maneira, o presente estudo busca identificar a tendência de resistência da E. coli

aos antimicrobianos para contribuir na adequação das antibioticoterapias empíricas atuais. Com

Page 5: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

essa informação, além de haver redução dos gastos com prescrição de antibióticos inadequados à

situação do paciente, minimizar-se-á a probabilidade de expor pacientes a complicações

decorrentes do uso incorreto antimicrobiano. Isto exposto, este trabalho visa determinar qual a

evolução temporal da prevalência de resistência da E. coli nas ITU.

Métodos

Foi realizado um estudo de tendência temporal da prevalência de resistência bacteriana

aos antibióticos em infecções comunitárias do trato urinário, a partir da base de dados do

Laboratório Médico Santa Luzia, entre 2004 e 2013 na região da Grande Florianópolis (São José,

Palhoça, Biguaçu) e Tijucas. O teste de susceptibilidade bacteriana baseou-se nos protocolos para

urocultura conforme recomendações do Cumitech 2C da ASM (American Society of

Microbiology)(19) e o antibiograma de acordo com os critérios interpretativos anuais do CLSI

(Clinical and Laboratory Standards Institute, antigo NCCLS) (20,21). Todas as identificações e os

antibiogramas das bactérias foram realizados pelo sistema automatizado VITEK (bioMérieux

Inc., Durham, North Carolina, USA).

Foram incluídas todas as amostras de urina coletadas via jato médio e /ou final, de ambos

os sexos, com uroculturas consideradas positivas usando os critérios de 103 a 105UFC/ml e o

antibiograma então realizado. Foram excluídas as culturas mistas, e as culturas com crescimento

fúngico. De um total de 70.671 amostras, 61.264 atendiam aos critérios de inclusão, perfazendo

um total de 482.783 análises.

A caracterização da população estudada foi descrita com base nas variáveis demográficas

(idade: em anos; faixa etária: 0-9 anos, 10-14 anos, 15-30 anos, 31-59 anos, ≥ 60 anos; sexo:

masculino/feminino), bactéria identificada (Citrobacter freundii complex, Enterobacter sp.,

Enterococcus faecalis [E. faecalis], Escherichia coli [E. coli], Klebsiella pneumoniae [K.

pneumoniae], Proteus mirabilis [P. mirabilis], Pseudomonas aeruginosa [P. aeruginosa],

Staphylococcus aureus [S. aureus], Staphylococcus saprohyticus [S. saprophyticus],

Streptococcus agalactiae [S agalactiae]), bactéria por sexo, faixa etária e sexo/faixa etária.

A análise dos dados foi realizada no pacote estatístico Statistical Package for the Social

Sciences (SPSS), Versão 18.0 (SPSS INC., Chicago, Illinois, USA). A descrição da população foi

realizada pela frequência absoluta e relativa. A tendência temporal entre 2004 e 2013 foi analisada

por regressão linear simples para a bactéria E. coli e estratificada por antibiótico (ácido nalidíxico,

amicacina, ampicilina, amoxicilina/clavulanato, cefalotina, cefuroxima, ciprofloxacino,

gentamicina, nitrofurantoína, norfloxacino, sulfametoxazol/trimetoprima [SMX/TMP]).

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Sul

de Santa Catarina- UNISUL (CAAE:1.6667020).

Page 6: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

Resultados

Dos 61.264 indivíduos avaliados, observou-se predomínio do sexo feminino (90,6%), e

entre 31 e 59 anos (43,31%) (Tabela 1). Entre os homens, a maioria (53,3%) encontra-se na faixa

etária ≥ 60 anos, enquanto há um predomínio de mulheres (45,3%) entre 31 e 59 anos. A segunda

faixa etária mais prevalente entre as mulheres corresponde a faixa etária ≥ 60 anos (25,6%).

Quando comparada a distribuição percentual dos microrganismos em ambos os sexos, foi

observado que a E. coli foi o agente mais frequentemente isolado na população (75,2%), entre as

mulheres (77,6%) e entre os homens (52,4%). O segundo agente mais frequente correspondeu a

K. pneumoniae (6.9%), seguido pelo Proteus mirabilis (5,3%) (Tabela 2).

Para os microrganismos, observou-se predomínio da por E. coli em ambos os sexos, em

todas as faixas-etárias, com exceção de 0 a 9 anos no sexo masculino (49,03% P. mirabilis). No

sexo masculino, de 10 a 14 anos evidenciou-se como o segundo patógeno em prevalência P.

mirabilis, ao passo que entre 15 e 30 anos essa posição é ocupada pela K. pneumoniae. No sexo

feminino de 10 a 30 anos, o segundo microrganismo mais prevalente foi S. saprophyticus,

enquanto que entre 31 a 59 anos esse uropatógeno obteve a terceira posição. Em ambos os sexos,

acima de 31 anos a K. pneumoniae ocupa segunda posição na prevalência (Tabela 3).

Na análise temporal da prevalência de resistência da E. coli aos antibióticos evidenciou-

se tendência ascendente (p < 0,05) para ácido nalidíxico, ampicilina, cefalotina, cefuroxima,

ciprofloxacino, gentamicina, nitrofurantoína e norfloxacino. As maiores variações anuais

percentuais foram observadas para nitrofurantoína (20,3%), cefalotina (15,1%) e norfloxacino

(14,3%), com respectivo aumento na prevalência de resistência de 2,2%, 16,6% e 11,1% em 2004

para 9,5%, 85,8% e 22,1% em 2013. No ano de 2013, observa-se a maior prevalência de

resistência que corresponde ao antibiótico à cefalotina (85,8%).

Discussão

Os resultados desse estudo demonstraram elevada prevalência de ITU no sexo feminino.

As ITU estão entre as doenças infecciosas mais incidentes em adultos do sexo feminino(3,22). Há

diversos estudos no Brasil que demonstram ocorrência de ITU, que varia de 69 a 88,8%(7,9,16). Já

estudos internacionais demonstram prevalência de 32% a 88%(5,17). Os fatores associados a ITU

no sexo feminino incluem gestação, menopausa, sexarca, uretra curta e proximidade anorretal(1,6).

A E. coli teve maior prevalência nesse estudo, dado que corrobora com casuísticas

internacionais e nacionais, que demonstram prevalência variável de 40,2% a 75%(4,7-13). Esta

enterobactéria é um comensal da flora intestinal e causa ITU por ascensão retrógrada uretral (1,3,6).

K. pneumoniae e P. mirabilis foram responsáveis por prevalências significativas nesse

estudo, dado que vai ao encontro de diversos estudos (7-9,11,12,16). Em contraste, a distribuição

percentual das bactérias difere entre estudos brasileiros (7-9,16). Isso pode se dever ao fato de os

patógenos e sua prevalência diferirem de acordo com o local estudado.

Page 7: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

A baixa prevalência de ITU nos homens nesse estudo está atrelada a fatores de proteção

como maior comprimento da uretra e substâncias antibacterianas no fluido prostático (1). Os idosos

tiveram alta prevalência de ITU nesse estudo, corroborando com os dados da literatura (8,9). As

maiores ocorrências de prostatite e de obstrução uretral por hiperplasia prostática após os 50 anos

(9) atrelado à redução da atividade bactericida da secreção prostática3, justificam estes achados.

No presente estudo, entre 10 e 30 anos o S. saprophyticus correspondeu ao segundo

agente etiológico mais comum. Apesar de ocorrer em todas as idades a ITU (1,3), esse patógeno já

foi descrito como prevalente em mulheres jovens durante o período de atividade sexual(7).

Houve predomínio de P. mirabilis entre homens de 0 a 9 anos nesse estudo, dado que não

corrobora com a literatura (7,16). No primeiro ano de vida, as ITU são mais comuns em meninos,

devido a não circuncisão(24) e a malformações congênitas como válvula de uretra posterior (22).

Acima de 60 anos houve elevada prevalência no sexo feminino, dado de acordo com a

literatura (8,9). Tal achado está associado a alta incidência nesse grupo de incontinência urinária,

aumento do volume de urina residual e prolapso gênito-urinário(3,6). Atrelado a esses fatores a

sintomatologia mais exuberante nas mulheres, promove maior busca por médicos nesse grupo.

O uso indiscriminado de antibióticos fez com que a taxa de resistências dos uropatógenos

aumentasse pelo mundo (4,5). O presente estudo evidenciou tendência ascendente (p < 0,05) na

resistência da E. coli aos antibióticos ácido nalidíxico, ampicilina, cefalotina, cefuroxima,

ciprofloxacino, gentamicina, nitrofurantoína e norfloxacino entre uroculturas de 2004 a 2013.

Fluoroquinolonas (ciprofloxacino, norfloxacino) são comumente prescritas no tratamento

de ITU (17). Estudos observacionais nacionais retratam possível aumento da resistência em

urocultura de pacientes ambulatoriais, fortalecendo tendência ascendente estabelecida nesse

estudo. Para o ciprofloxacino foi observada prevalência de 9,1% de resistência entre 2001 e

2005(12), 10% de 2005 a 2008(9) e 21,6% de 2015 a 2016(8). Comportamento inverso é observado

em outros estudos para o ciprofloxacino com prevalências de resistência de 11,9% de 2000 a

2003(16), 9% de 2004 a 2007(25). Comportamento semelhante é observado em estudo internacional

(Estados Unidos) de 2001 a 2010 que demonstrou aumento de resistência de 4,4% para 14,9%(26).

Segundo o FDA (Food and Drug Administration), sérios efeitos colaterais das fluoroquinolonas

envolvendo tendões, músculos, articulações, sistema nervoso periférico e central, potencialmente

permanentes, excedem benefícios para pacientes com cistite não complicada e recomenda o uso

reservado somente para pacientes sem outras alternativas de tratamento(27).

Foi averiguada para a nitrofurantoína em estudos nacionais prevalência de 3,7% de

resistência entre 2001 e 2005(12), de 5,8% de 2005 a 2008(9). Desfecho inverso é observado em

outros estudos nacionais com prevalência de resistência de 2,9% no período de 2000 a 2003(16),

de 2% de 2004 a 2007(25). Comportamento análogo é demonstrado em estudo internacional

(Estados Unidos) de 2001 a 2010, que demonstra aumento de resistência de 1% para 1,4%(26).

Page 8: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

Para o ácido nalidíxico foi constatado em estudos nacionais uma prevalência de

resistência de 2000 a 2003 de 15,5%(16) e de 2004 a 2007 de 14,1%(25). Desfecho similar foi

observado em estudo nacional de 2005 a 2008 com prevalência de resistência de 22%(9).

Constatou-se para a cefalotina em casuísticas nacionais uma tendência contrária de

prevalência de 44% de resistência no período de 2001 a 2005(12), de 41% de 2005 a 2008%(9), de

9,9 de 2015 a 2016(8). Percebe-se comportamento ascendente da resistência em estudos nacionais,

que demonstram prevalência de resistência de 13,9% de 2000 a 2003(16) e de 16,3% de 2004 a

2007(25). Comportamento semelhante é evidenciado em estudo internacional (Estados Unidos) no

período de 2001 a 2010 que demonstra aumento de resistência de 13,5% para 17,2%(26).

Para o antibiótico cefuroxima estudo nacional demonstra tendência oposta de prevalência

de resistência de 14% no período de 2006 a 2007(13) e de 2,5 a 9,5% em 2012(28).

Evidenciou-se para a ampicilina em casuísticas nacionais uma prevalência de resistência

de 82% no período de 2001 a 2005(12), de 52% de 2005 a 2008(9) e de 43,4% de 2015 a 2016(8).

Estudos nacionais demonstraram comportamento semelhante com prevalência de resistência de

43,4% no período de 2000 a 2003(16), de 38,9% de 2004 a 2007(25). Estudo internacional (Estados

Unidos) no período de 2001 a 2010 demonstra aumento de resistência de 38,4% para 43,4%(25).

Para a gentamicina, estudo brasileiro evidencia prevalência de resistência de 3,8% no

período de 2001 a 2005(12), de 6% de 2005 a 2008(9) e de 6,9% de 2015 a 2016(8), dado esse que

corrobora com nosso. Outro estudo nacional evidencia desfecho semelhante com prevalência de

resistência de 3% no período de 2000 a 2003(16) e de 2% de 2004 a 2007(25).

As maiores taxas de resistência às fluoroquinolonas são evidenciadas em cepas de E. coli

produtoras de β-lactamase de espectro estendido(29), informação não disponível no estudo.

Mecanismos de resistência, como a mutação frequente (códon 83) da subunidade A (gyrA) da

DNA girase pode levar à resistência o ciprofloxacino(30). Apesar da aprovação do Ministério da

Saúde em 2010, preconizando dispensação de antimicrobianos apenas sob apresentação e

retenção da prescrição médica na farmácia(31), houve aumento na resistência bacteriana(5). Esse

fato, deve-se tanto pelo uso inadequado de antibióticos como pelo incremento na prescrição das

fluoroquinolonas devido a comodidade posológica e a atividade de amplo espectro dessa classe.

O tratamento de ITU ambulatorial não complicada é usualmente empírico(5,7). Como não

é esperado o desenvolvimento de novos antibióticos nos próximos 5 anos(14), é prudente o uso

adequado dos existentes(10). Considerações na escolha do antibiótico devem ser baseadas na

prevalência dos agentes para cada faixa-etária e sexo, no conhecimento do perfil de sensibilidade

antimicrobiana desses uropatógenos(7), disponibilidade e preço, além de efeitos adversos(32).

Características individuais devem ser consideradas, como alergia, intolerabilidade e aderência ao

tratamento(7). Recomendações internacionais indicam nitrofurantoína, SMX/TMP e fosfomicina

como agentes de primeira linha para o tratamento empírico de cistite não complicada (10,32). O uso

empírico de SMX/TMP, no entanto, não é recomendado se a resistência local excede 20%(33,34).

Page 9: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

Na população estudada, os aminoglicosídeos (amicacina e gentamicina) apresentam baixa

resistência, porém seu uso é limitado pela disponibilidade somente de tratamento parenteral. A

associação SMX/TMP não deve ser utilizada empiricamente, pois demonstrou resistência

consistentemente acima de 20%. A nitrofurantoína demonstrou boa opção para antibioticoterapia

empírica, porém não deve ser utilizada se o clearance da creatinina for < 30 ml/min/1.73 m2 (34).

Fosfomicina, recomendada como 1ª linha no tratamento da cistite não complicada (32),

embora não avaliada neste estudo, tem demonstrado baixa resistência à E. coli, excelente

tolerabilidade e posologia cômoda. Tanto a nitrofurantoína, quanto a fosfomicina não devem ser

utilizadas na suspeita de pielonefrite, pois não atingem concentração tissular adequada (35).

Apesar da resistência intermediária da E. coli às fluoroquinolonas, tais antibióticos devem

ser resguardados para o tratamento de ITU graves. Diretriz indica o ciprofloxacino ou

levofloxacino como tratamento da pielonefrite não complicada e recomenda caso haja resistência

a esse antibiótico maior que 10%, utilizar dose inicial de ceftriaxona ou 24 horas de um

aminoglicosídeo antes de iniciar o tratamento com a quinolona(32). Essa análise torna-se limitada

nesse estudo, pois não houve análise de tendência temporal para o levofloxacino e para a

ceftriaxona. Em relação ao ciprofloxacino, evidenciou-se prevalência de resistência de 22,4%.

Alterações mecânicas e hormonais na gestação predispõem a ITU, causa importante de

complicação materna e perinatal(36). A alta resistência da E. coli à cefalotina pode ser explicada

pela sua ampla utilização nos últimos anos para tratar ITU em gestantes e não-gestantes(37).

A maior resistência bacteriana à SMX/TMP reflete o uso generalizado e indevido deste

antimicrobiano de baixo custo para o tratamento de ITU no Brasil (38). Já o aumento da resistência

aos β-lactâmicos está muitas vezes associado à resistência a antibióticos de outras classes, também

muito utilizados na terapêutica de ITU, nomeadamente aminoglicosídeos e fluoroquinolonas(39).

Por se tratar de um estudo ecológico em base de dados privado não houve a discriminação

entre ITU complicada e não complicada, o que pode gerar fatores confundidores nos padrões de

resistência. Dados da anamnese como uso prévio de antibioticoterapia, comorbidades, sexarca

não foram fornecidos. Não foram encontrados estudos atuais sobre evolução temporal da

resistência antimicrobiana de uropatógenos para comparar com os resultados desse estudo, por

isso foram utilizados estudos pontuais que demonstravam taxas de resistências anuais.

Conclusão

Devido a constante capacidade de adaptação bacteriana, a taxa de resistência aumentou

de maneira global e suas consequências tornaram-se visíveis na forma d aumento de custos do

sistema de saúde e aumento na taxa de morbimortalidade dos pacientes(18).

O aumento do perfil de resistência aos antimicrobianos evidenciado nesse estudo reforça

a necessidade de terapêuticas empíricas apropriadas e cada vez mais específicas para cada região

Page 10: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

de atuação. As diretrizes internacionais devem ser usadas como guias na terapêutica inicial da

ITU comunitária, porém adaptadas às condições locais.

Agradecimentos

Agradecemos ao Dr. Válter Rotolo e à Dra. Tânia Viana e ao Núcleo de Epidemiologia

da UNISUL por contribuírem no aprimoramento técnico e visual do estudo.

Anexos

Tabela 1: Características demográficas dos indivíduos que realizaram urocultura com TSA no

período de 2004-2013 (n = 61.264)

Variável n %

Sexo

Feminino

Masculino

Idade

0-9 anos

10-14 anos

15-30 anos

31-59 anos

≥ 60 anos

55.500

5.764

4.071

530

12.849

26.527

17.287

90,6

9,4

6,64

0,86

20,98

43,31

28,21

Tabela 2: Prevalência geral e por sexo de microrganismos isolados nas uroculturas com TSA

realizadas no período de 2004-2013.

Microrganismo

Total

n (%)

Feminino

n (%)

Masculino

n (%)

Escherichia coli

Klebsiella pneumoniae

Proteus mirabilis

Staphylococcus saprophyticus

Enterococcus faecalis

Enterobacter sp.

Streptococcus agalactiae (grupo B)

Pseudomonas aeruginosa

Citrobacter freundii complex

Staphylococcus aureus

46.082 (75,4)

4.242 (6,9)

3.264 (5,3)

2.959 (4,8)

1.804 (2,9)

1.466 (2,4)

683 (1,1)

455 (0,7)

159 (0,3)

150 (0,2)

43.061 (77,6)

3.562 (6,4)

2.507 (4,5)

2.929 (5,3)

1.400 (2,5)

1.035 (1,9)

607 (1,1)

178 (0,3)

122 (0,2)

98 (0,2)

3.021(52,5)

680 (11,8)

757 (13,1)

30 (0,5)

404 (7,0)

431 (7,5)

76 (1,3)

277 (4,8)

36 (0,6)

52 (0,9)

Page 11: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

Tabela 3. Prevalência de microrganismos isolados nas uroculturas com TSA realizadas no laboratório Santa Luzia por faixa etária e sexo no período de 2004-

2013.

F: Feminino, M: Masculino, *: nenhum registro

Faixa etária (anos) 0 a 9 10 a 14 15 a 30 31 a 59 ≥ 60

Sexo F M F M F M F M F M

Microrganismo nº

%

%

%

%

%

%

%

%

%

%

Escherichia coli 2.172

68,22

297

33,56

335

72,98

29

38,67

8.874

71,08

243

64,46

20.366

80,93

836

60,66

11.314

79,20

1.616

51,86

Klebsiella pneumoniae 179

5,62

50

5,66

29

6,34

7

9,33

626

5,02

43

11,41

1.523

6,06

164

11,89

1.2,5

8,60

416

13,15

Proteus mirabilis 708

22,26

434

49,03

22

4,81

15

20,01

455

3,65

32

8,49

723

2,88

63

4,56

609

4,50

21

6,89

Staphylococcus saprophyticus 15

0,47 *

37

8,06

5

6,67

1.703

13,65

10

2,66

1.098

4,37

11

0,79

76

054

4

0,31

Enterococcus faecalis 45

1,42

21

2,37

19

4,14

2

2,66

218

1,74

12

3,18

609

2,43

73

5,29

509

3,60

296

9,59

Enterobacter sp 20

0,62

24

2,72

10

2,17

4

5,33

329

2,63

17

4,50

470

1,86

116

8,41

206

1,46

270

8,71

Streptococcus agalactiae

(grupo B)

3

0,09 *

2

0,43 *

230

1,84

7

1,86

256

1,01

17

1,23

116

0,82

52

1,67

Pseudomonas aeruginosa 31

0,90

56

6,33

2

0,43

8

10,67

7

0,05

5

1,33

32

0,12

55

3,98

106

0,75

153

4,90

Citrobacter freundii complex 12

0,37

1

0,11

1

0,21

4

5,33

10

0,08

7

1,85

46

0,18

24

1,74

54

0,38

36

2,03

Staphylococcus aureus 1

0,03

2

0,22

2

0,43

1

1,33

33

0,26

1

0,26

42

0,16

2

1,45

20

0,15

28

0,89

Page 12: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

Tabela 4: Evolução temporal da prevalência de resistência da Escherichia coli aos antibióticos no período de 2004-2013.

Antibiótico 2004

%

2005

%

2006

%

2007

%

2008

%

2009

%

2010

%

2011

%

2012

%

2013

% Valor de p

Variação

Anual

Percentual

Tendência

Ácido nalidíxico 13,2 16,9 20 18,8 23,1 24 27,1 27,4 29,6 30,4 <0,001 10,2 Ascendente

Amicacina 18,8 4,7 4,5 4,5 8,8 3,2 2,1 1,7 9,1 0,2 0,212 26,3 Estacionário

Amoxicilina/clavulanato 28,5 36,6 38,2 35,8 39,5 41,4 36,1 25 27,2 30 0,288 1,91 Estacionário

Ampicilina 41,1 40,3 39,7 43,4 43,9 43,4 45,1 45 46,1 47,5 <0,001 1,67 Ascendente

Cefalotina 16,6 19,1 20,7 19,7 28,5 27,9 41,3 42,4 50,1 85,8 <0,001 15,1 Ascendente

Cefuroxima 11,5 13,8 19 24,4 26,3 28,7 29,8 22,2 33,3 25,5 0,007 11,9 Ascendente

Ciprofloxacino 11,2 13,7 16 16,3 18,9 18,8 20,9 19,6 21,3 22,4 <0,001 8,4 Ascendente

Gentamicina 2,6 3,6 4,9 4,3 4,5 5,1 6,1 6,8 7,2 6,7 <0,001 12,3 Ascendente

Nitrofurantoína 2,2 2,8 3,2 3,5 5,7 4,8 7,8 7,3 9,1 9,5 <0,001 20,3 Ascendente

Norfloxacino 11,1 13,8 16,2 16,3 18,9 18,9 17 17,1 37,8 22,1 0,027 14,3 Ascendente

Sulfametoxazol/trimetoprima 32,9 30,3 31,6 31,6 33,5 28,7 32,2 30,4 29,3 28,6 0,077 -1,25 Estacionária

Page 13: EVOLUÇÃO TEMPORAL DA PREVALÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA

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