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EWERTON DE OLIVEIRA PIRES AMBIENTE E SAÚDE: o caso das águas superficiais em Itambaracá-PR Londrina - PR 2005

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EWERTON DE OLIVEIRA PIRES

AMBIENTE E SAÚDE:

o caso das águas superficiais em Itambaracá-PR

Londrina - PR 2005

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EWERTON DE OLIVEIRA PIRES

AMBIENTE E SAÚDE:

o caso das águas superficiais em Itambaracá-PR Monografia apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. José Paulo Peccinini Pinese

LONDRINA 2005

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EWERTON DE OLIVEIRA PIRES

AMBIENTE E SAÚDE:

o caso das águas superficiais em Itambaracá-PR

COMISSÃO AVALIADORA Prof. Dr. José Paulo P. Pinese Prof. Dr. André Celligoi Profª. Ms. Rosely Maria de Lima ___________________________

Londrina, 09 de dezembro de 2005

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DEDICATÓRIA

Dedico este pequeno trabalho aos meus pais, por terem, sempre, proporcionado as melhores condições possíveis para que eu pudesse me

desenvolver.

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AGRADECIMENTOS Primeiramente, à DEUS, por ter até aqui me guiado e me sustentado. Ao meu professor, orientador e amigo, José Paulo Peccinini Pinese, pelo apoio, incentivo e compreensão ao longo destes cinco anos de pesquisas. Aos professores André Celligoi e Rosely Maria de Lima, por terem aceito o convite para a participação da banca, da qual, certamente resultarão significativas contribuições para os futuros trabalhos. Ao professor João Carlos Alves, do Departamento de Química Analítica da Universidade Estadual de Londrina, pela colaboração nas análises químicas. À todos os professores do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina. Seus ensinamentos me acompanharão por toda a vida! Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação da Universidade Estadual de Londrina (PROPPG-UEL) pela concessão das bolsas de iniciação científica. Aos meus pais, Jairo e Walderez, pelo indispensável auxílio e amor de todas as horas. Aos meus irmãos, Jackson e Damarys, pelo amor e amizade insuperáveis. À todos meus familiares, pelo carinho de sempre. À Keila, que tão bem tem me feito, pelo amor e compreensão nos difíceis dias de confecção do trabalho. E aos amigos Gustavo e Renata, por estarem sempre ao meu lado.

Muito obrigado à todos vocês!

Deus os abençoe ricamente!

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“ Esse é um momento muito rico, porque permite a afloração de quantidade de postulações que levam ao debate mais filosófico da questão da vida, é aí que incluo a saúde como não apenas um dado na questão da vida, que é o que nos preocupa fundamentalmente, mas um instrumento dessa coisa mais ampla”

Milton Santos

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PIRES, Ewerton de Oliveira. Ambiente e saúde: o caso das águas superficiais em Itambaracá-PR. 2005. Monografia (Bacharelado em Geografia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina. 2005. RESUMO Atualmente, vivemos sob um contexto de degradação ambiental, o que certamente se reflete, em muitos casos na saúde. Exemplos claros são os grandes impactos ambientais globais, como a intensificação do Efeito Estufa, o buraco na Camada de Ozônio, dentre outros. Entretanto, paralelamente a tais questões ambientais com implicações à saúde em escala global, há que se pensar a escala local, na qual a relação entre o ambiente e a saúde é de extrema importância. Ilustra tal situação o caso das populações rurais ou até mesmo urbanas que consomem água sem tratamento ou com deficiências no mesmo, o que traz à tona a necessidade de contribuições das mais diversas ciências, como a Geografia e a Geologia. Assim, este estudo busca analisar as relações entre ambiente e saúde através das características químicas das águas superficiais do município de Itambaracá-PR. Palavras-chave: Geografia da Saúde, meio ambiente, saúde coletiva, Itambaracá-PR

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SUMÁRIO Introdução ............................................................................................................. 09

1- Concepções e conceitos sobre saúde .............................................................. 12

1.1- Relações meio ambiente – saúde no contexto da crise ambiental................. 16

1.2- Abordagens para as relações meio ambiente – saúde .................................. 20

1.2.1- Contribuições da geografia ......................................................................... 20

1.2.2- Contribuições da geologia........................................................................... 21

1.3- Relações da água com a saúde..................................................................... 26

1.4- Relações do clima com a saúde .................................................................... 28

2- Estudo de caso: as águas superficiais e a saúde em Itambaracá-PR .............. 30

2.1- Aspectos socioeconômicos e históricos ......................................................... 30

2.2- Aspectos do meio físico.............................................................................................. 35

2.2.1-Características geológicas da região ....................................................................... 35

2.2.2- Hidrogeologia .......................................................................................................... 37

2.2.3- Solos........................................................................................................................ 38

2.2.4- Geomorfologia regional ........................................................................................... 40

2.2.5- Hidrografia ............................................................................................................... 42

2.2.6- Clima ....................................................................................................................... 43

2.2.6.1- Precipitação.......................................................................................................... 44

2.2.6.2- Temperatura do ar................................................................................................ 44

2.2.6.3- Classificação climática local ................................................................................. 45

2.2.7- Vegetação ............................................................................................................... 46

3- Monitoramento geoquímico das águas superficiais de Itambaracá-PR ............ 48

3.1- Flúor (F) ......................................................................................................... 51

3.2- Sódio (Na) ...................................................................................................... 54

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3.3- Potássio (K).................................................................................................... 57

Considerações finais ............................................................................................. 60

Referências bibliográficas ..................................................................................... 63

Anexos

Anexo 1 – Resolução CONAMA 357/2005

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INTRODUÇÃO Atualmente, a sociedade vive sob um quadro de degradação ambiental

e, por conseguinte, dos recursos naturais, dentre os quais, água, ar e solos são de

suma importância para a manutenção da vida. Porém, em diversos casos

encontram-se em tamanho grau de alteração que trazem problemas à saúde

humana e animal. Exemplos deste contexto são os grandes impactos ambientais

globais, como o efeito estufa, o aquecimento global, o buraco na camada de ozônio,

a poluição e escassez de água para abastecimento das populações, dentre outros.

Desta forma, torna-se clara a necessidade da emergência de novos

paradigmas de produção e consumo, buscando-se assim frear o vigente

consumismo, minimizando a demanda por recursos naturais e a geração de

resíduos, promovendo, ao mesmo tempo, um manejo mais adequado do meio

ambiente e melhores condições de saúde.

Entretanto, paralelamente a tais questões ambientais com implicações

à saúde em escala global, há que se pensar a escala local, na qual a relação entre o

ambiente e a saúde é de extrema importância. Ilustra tal situação o caso das

populações rurais ou até mesmo urbanas que consomem água sem tratamento ou

com deficiências no mesmo.

Faz-se então necessária a adoção de medidas que extrapolem o

positivismo disciplinar, devendo as soluções serem buscadas no campo da

interdisciplinaridade, articulando diversas ciências, como a Medicina e a

Epidemiologia com a Geografia, a Geologia e outras para assim evitar-se a

degradação do meio, bem como seus efeitos nocivos sobre a saúde humana.

Assim, procuraremos aqui apresentar, ainda que de forma sucinta,

uma discussão acerca das relações entre o meio ambiente – alterado ou não – e a

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saúde, bem como as contribuições que podem trazer a Geologia e a Geografia na

promoção de trabalhos que visem a minimização dos impactos ao meio ambiente e à

saúde, bem como um estudo de caso, onde buscar-se-á compreender as relações

entre a água e a saúde através de sua análise geoquímica.

Para tal, à principio apresenta-se, baseado nas questões teóricas

postas nos primeiros capítulos, uma compreensão das características

socioeconômicas e ambientais do município de Itambaracá, localizado no norte do

Estado do Paraná.

Posteriormente, busca-se informações sobre a qualidade das águas

superficiais, no que se refere à sua composição química inorgânica, através do

monitoramento dos elementos flúor, sódio e potássio, os quais podem acarretar,

sobretudo no caso do flúor, danos à saúde humana.

Para a realização do presente trabalho, primeiramente buscou-se

efetuar uma revisão bibliográfica acerca da temática, tanto nas áreas da Geografia

como na Geologia, Medicina e Odontologia.

A segunda etapa consistiu na coleta das amostras de águas

superficiais, as quais seguiram as recomendações técnicas, a saber, uso de frasco

de polietileno, enxaguado pro no mínimo seis vezes com a água a ser analisada

(para evitar interferências nos resultados). Após a coleta, foi realizado o

georreferenciamento dos pontos de amostragem, possibilitando o futuro

mapeamento dos 34 pontos de coleta.

As análises químicas foram efetuadas no laboratório de química

analítica da Universidade Estadual de Londrina. Na determinação de íons Fluoreto

utilizou-se o método da potenciometria direta, no qual são necessários dois tipos de

eletrodos, o eletrodo seletivo a íons Fluoreto e um eletrodo de referência de

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calomelano. Para determinar a concentração do íon Fluoreto nas amostras, calibrou-

se primeiro o aparelho com cinco padrões de concentrações variáveis e depois

construiu-se o gráfico de calibração para obter as concentrações de íons Fluoreto

nas amostras de água.

Sódio e Potássio foram determinados pelo método da fotometria de

chama, e as concentrações de Sódio e Potássio nas amostras foram calculadas

através do gráfico de calibração.

Através do software SPRING®, utilizando-se de uma mesa

digitalizadora realizou-se, em um primeiro momento a digitalização do mapa do

Município de Itambaracá, com escala base 1:50 000.

Após a digitalização, com base nas análises químicas e nas

anotações de campo das coordenadas geográficas foram confeccionados os mapas

das anomalias hidrogeoquímicas, através do software SURFER®, sendo também

produzidos blocos diagramas em 3D, possibilitando assim uma maior e mais fácil

compreensão do comportamento de tais anomalias.

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1- CONCEPÇÕES E CONCEITOS SOBRE SAÚDE

Os estudos da evolução histórica de um determinado campo de

conhecimento permitem uma melhor compreensão das questões a ele correlatas,

contribuindo para o desenvolvimento de um senso de análise mais crítico. Desta

forma, antes de iniciarmos a discussão acerca das inter-relações entre o meio

ambiente e a saúde, onde destacaremos os casos do clima e da água, sob as

abordagens da Geografia e da Geologia, nos ocuparemos, inicialmente, em traçar

um breve panorama das diferentes concepções e conceitos sobre a saúde.

Desde os primórdios da humanidade, podemos imaginar que a

pergunta “o que é ter saúde” habitava no imaginário das pessoas.

A princípio, quando os homens viviam em pequenos grupos e eram

nômades, ao ocorrer a escassez de determinado elemento, como comida, água ou

abrigo, deslocavam-se para garantir a sobrevivência. Como demonstram Gutierrez e

Oberdiek (2001), o que acontecia com os seres humanos era até então explicado do

ponto de vista mágico, religioso e sobrenatural. Assim,

a chegada do outono ou inverno que trazia a falta de determinados frutos ou caça, ou pesca, era atribuída aos deuses que sopravam o vento frio, causador da falta destes elementos, porque estavam irados por determinados comportamentos ou atitudes dos homens. Caso alguém morresse de frio, por falta de alimento ou por doença, essa era a vontade desses deuses que se cumpria (GUTIERREZ e OBERDIECK, 2001, p. 1-2).

Com o passar do tempo o homem foi se distribuindo espacialmente, se

diversificando e se especializando, o que lhe permitiu o domínio de técnicas, ainda

que rudimentares, de cultivo da terra, possibilitando a sua fixação espacial, bem

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como a criação e disseminação de distintas culturas e tradições para lidar com a

questão da saúde.

Cerca de 3000 a. C., conforme Gutierrez e Oberdieck (2001), Egito,

Índia e China já haviam estruturado sistemas teóricos empiristas para tratar a

questão da saúde, fundamentados em complexas filosofias, relegando-se ao

segundo plano os elementos mágico-religiosos. A saúde é vista então como

um estado de isonomia, ou seja, de harmonia perfeita entre os quatro elementos que compõem o corpo humano: terra, ar, água e fogo. A doença aparece como conseqüência da ação de fatores externos que provocam, no organismo, uma disonomia entre os elementos (p. 04).

Entre os séculos VI e IV a. C., viu-se emergir a civilização que mais

nos influenciaria: trata-se da Grécia, que teve sua cultura difundida por todo o

Ocidente pelo Império Romano.

Os gregos, de acordo com os já citados autores,

concluem que a observação empírica, como a importância do ambiente, a sazonalidade, o trabalho, a posição social do indivíduo, dentre outros, são entendidos como fundamentais para o surgimento das doenças (GUTIERREZ E OBERDIECK, 2001, p. 04).

A partir dessa visão, destaca-se Hipócrates como seu grande

expoente, o qual é considerado o “pai” da Medicina Moderna. A linha hipocrática

buscava valorizar mais o prognóstico, sendo as doenças vistas dentro do quadro de

cada indivíduo. Ressalta-se que a ênfase é dada no prognóstico, como é o modelo

clássico da medicina ocidental.

Na Idade Média, houve uma espécie de regressão no pensamento

acerca da saúde, já que a ocorrência das doenças tinham basicamente duas

interpretações: para os pagãos eram devidas à possessão do diabo ou feitiçarias,

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enquanto que para os cristãos eram vistas como sinais de purificação e expiação

dos pecados.

Ao despontar a Idade Moderna, através do Renascimento,

praticamente todas as concepções ideológicas e científicas foram revistas, sendo

que com a saúde não ocorreu de forma diferente, o que resultou em grandes e

significativos avanços, advindos dessa época a base da medicina até hoje vigente.

Existem atualmente diversas definições para o conceito de saúde. Para

a Associação Médica Americana (apud Campos et al., 1987, p. 08), a saúde

depende:

do funcionamento normal dos tecidos e órgãos do corpo; da compreensão prática dos princípios básicos de maneira saudável de viver; e do ajuste harmônico ao ambiente físico e psicológico; contribuindo tudo isso para uma vida mais rica e mais útil à humanidade.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é conceituada

como “estado de perfeito bem estar físico, mental e social, e não apenas a ausência

de doença ou enfermidade” (apud Campos et al., 1987, p. 08).

Além dos citados, existem inúmeros conceitos de saúde. Apesar dessa

multiplicidade de definições, ela é garantida a todos pela Declaração Universal dos

Direitos do Homem, aprovada em 1948 pela Organização da Nações Unidas (ONU).

Assim diz o artigo XXV: “Toda pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para

assegurar a sua saúde, seu bem estar e o de sua família [...]”.

Porém, nos moldes atuais do capitalismo neoliberal globalizado, “a

capitalização da medicina orientou o tratamento da saúde mais para a cura da

enfermidade do que para a prevenção, chegando a perverter a ética médica” (LEFF,

2001, p. 310).

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Visando minimizar esse quadro, a Conferência das Nações Unidas

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) incluiu em sua pauta de

discussões a questão da saúde. O documento final desse encontro, a Agenda 21, dá

ênfase na atenção primária à saúde, sobretudo em áreas rurais, bem como na

prevenção antes que na correção e tratamento das doenças e na redução dos riscos

para a saúde, derivado da contaminação e dos perigos ambientais: “os seres

humanos constituem o centro das preocupações relacionadas com o

desenvolvimento sustentável. Têm direito à uma vida saudável e produtiva em

harmonia com a natureza” (Agenda 21, apud LEFF, 2001, p. 313).

Essa concepção abre caminho e mostra a importância de pesquisas

interdisciplinares para analisar os efeitos conjuntos das exposições a diferentes

riscos ambientais e acerca da exposição e contato de populações com substâncias

contaminadoras e/ou tóxicas.

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1.1- RELAÇÕES MEIO AMBIENTE – SAÚDE NO CONTEXTO DA CRISE

AMBIENTAL

O fato de que a saúde humana possui estreitas relações com as

configurações e condições ambientais é patente. Por conseguinte, o ideal seria que

as populações tivessem acesso a ambientes com salubridade apropriada à

manutenção de suas funções vitais de maneira saudável, ou que, ao menos,

tivessem condições econômicas de acesso à tecnologias e assistência médica que

minimizassem as interferências negativas de ambientes insalubres e/ou degradados

sobre a saúde.

Entretanto, a partir da Primeira Revolução Industrial e, particularmente

ao longo do século XX, o crescimento e a expansão dos processos produtivos para

transformação de energias e produção de matérias-primas e bens de consumo

apresentaram-se com dimensões nunca vistas, o que possibilitou uma crescente

integração econômica entre setores e países, trazendo amalgamada ao processo

toda sorte de degradação ambiental e riscos à saúde.

Segundo Freitas,

Desde 1900, a população mundial mais do que triplicou, a economia cresceu 20 vezes, o consumo de combustíveis fósseis aumentou 30 vezes e a produção industrial 50 vezes. Paralela a esse processo, ocorreu uma degradação ambiental e da saúde que vem contribuindo, cada vez mais, para que problemas de poluição locais se convertam em regionais ou até mesmo globais, alterando, por vezes de modo irreversível, os sistemas ecológicos que são críticos para o desenvolvimento econômico e a própria vida (2002, p. 261-262).

Porém, tais preocupações com as implicações do ambiente, degradado

ou não sobre a saúde humana, não são observadas pela primeira vez após a

Revolução Industrial. Conforme Nakashima e Carvalho (2002, p. 239), já no Antigo

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Testamento encontram-se regras precisas a respeito de nutrição, higiene corporal e

até conselhos para consertar-se edificações atingidas pela umidade excessiva,

visando a minimização de problemas à saúde da população.

Há também outros registros de preocupação com a saúde através do

ambiente na Antigüidade, sendo que uma deusa grega tinha o nome de Hygieia, que

vem do termo hugieion, que significa limpeza e ausência de doenças (RYLANDER e

MÉGEVAND, 1993, p. 17).

Se em tempos passados, em um contexto de menor intervenção

antrópica sobre o meio ambiente, as preocupações ambientais já eram notórias, de

acordo com Mendonça (2001A, p.115), “a história da sociedade humana do último

quarto do século XX encontra-se fortemente marcada pelo debate acerca da

questão ambiental”, a qual certamente deve abranger a discussão acerca das

relações do ambiente com a saúde coletiva, como observado nos trabalhos de Pires

& Pinese (2002); Minayo & Miranda (2002) e outros.

No que se refere ao Brasil, conforme Pádua (2002), já no século XVIII

havia preocupações com a degradação ambiental, como pode ser constatado na

Representação à Assembléia Constituinte e legislativa do Império do Brasil sobre a

Escravatura de José Bonifácio (1763-1838):

a Natureza fez tudo a nosso favor, nós porém, pouco ou nada temos feito a favor da Natureza. Nossas terras são ermas, e a s poucas que temos roteado são mal cultivadas, porque o são por braços indolentes e forçados. Nossas numerosas minas, por falta de trabalhadores ativos e instruídos, estão desconhecidas ou mal aproveitadas. Nossas preciosas matas vão desaparecendo, vítimas do fogo e do machado destruidor da ignorância e do egoísmo. Nossos montes e encostas vão-se escalvando diariamente, e, com o andar do tempo, faltarão as chuvas fecundantes que favoreçam a vegetação e alimentem nossas fontes e rios, sem o que o nosso belo Brasil, em menos de dois séculos, ficará reduzido aos páramos e desertos áridos da Líbia. Virá então este dia (dia terrível e fatal), em que a ultrajada natureza se ache vingada de tantos erros e crimes cometidos (apud PÁDUA, 2002, p. 27).

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Ao encontro das palavras de Bonifácio, Pádua (2002, p. 28) analisa

que “a ocupação colonial do território brasileiro foi essencialmente predatória, com o

domínio de práticas ambientalmente destrutivas nos diferentes setores da

economia”.

De fato,

um dos aspectos mais destacáveis na presente crise histórica é aquele advindo do estado de carência em que o desenvolvimento industrial tecnológico, guiado pelo direito de veto que o homem se arrogou sobre a natureza, produziu na qualidade ambiental e nos recursos naturais [...] (MONTEIRO, 1988, p. 134).

Certamente esse quadro de degradação ambiental histórico no Brasil e

no mundo, intensificado grandemente nas últimas décadas, traz sérias implicações

ao bem estar e saúde humana. Porém, como têm destacado Pires & Pinese (2002),

além dos impactos advindos do meio ambiente alterado pela ação antrópica, existem

também aqueles oriundos de características naturais do meio, mas que mesmo

assim são nocivas à saúde coletiva, como no caso das anomalias geoquímicas da

água.

Desta forma, destacamos a importância de buscar e promover a saúde

ambiental, a qual segundo Leff (2001, p. 312), “questiona a prática individualizada da

medicina. Abre um campo mais amplo à saúde pública para atender as condições de

saúde das maiorias empobrecidas, mas também as novas doenças de gênese

ambiental”.

Para que haja realmente a promoção da saúde de maneira ampla e

eficaz, a partir também de seus condicionantes ambientais, é necessário que se

rompa com o paradigma das análises disciplinares, buscando as soluções no campo

da interdisciplinaridade, onde as mais diversas ciências possam desenvolver um

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diálogo de saberes, norteado pelo objetivo de alcançar o bem estar coletivo,

amenizando os efeitos da, às vezes, conflituosa relação meio ambiente – saúde.

A esse respeito, Moraes (1994, p. 30) acrescenta que “a discussão

sobre a questão ambiental deverá trafegar nos limites dos marcos disciplinares”.

Destacamos ainda que, de acordo com Navarro et al. (2002, p. 42),

na busca da compreensão da epidemiologia de doenças muito ligadas ao meio, como a maioria das doenças infecciosas – particularmente as transmitidas por vetores – ou de algum tipo de câncer determinado por exposição a substâncias existentes no meio, o espaço deve, necessariamente, entrar como categoria de análise, se não se quiser ofuscar processos importantes.

Dessa forma, conforme destacaremos posteriormente, deve-se

chamar à participação no grupo interdisciplinar para se estudar as referidas doenças,

a Geografia e a Geologia, as quais, juntamente com a Medicina, a Epidemiologia, a

Sociologia, a Toxicologia, dentre outras, podem trazer grandes contribuições no

sentido de se promover a saúde ambiental.

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1.2- ABORDAGENS PARA AS RELAÇÕES MEIO AMBIENTE – SAÚDE

Conforme as proposições de Santos (1978), a função da ciência é

tentar dominar o futuro para o homem, para todos os homens. Não se trata apenas

de um exercício acadêmico. Deve-se encarar o homem enquanto um projeto,

garantindo-lhe o comando das forças naturais, caso contrário, este retorna ao

estágio animal, quando se preocupava somente com a reprodução de sua existência

e, por isso mesmo, evitava os perigos naturais. Atualmente, e cada vez mais

intensamente, a natureza amiga se transforma em natureza hostil – modificada pelo

trabalho humano – o que redobra a necessidade de vigilância.

Neste sentido, a seguir discorrer-se-á acerca das contribuições que a

Geografia e a Geologia podem oferecer no sentido de compreender o meio, para

assim nele poder intervir de maneira a não apenas dominá-lo, mas utilizá-lo de

maneira harmônica com as atividades humanas e seu bem estar, ou seja, com a

saúde. Apresentaremos também, posteriormente, dois exemplos de inter-relações

entre o meio ambiente e a saúde coletiva, a saber, a água e o clima, onde tais

ciências têm especial função a desenvolver.

1.2.1- Contribuições da Geografia

A Geografia, ciência preocupada com as relações entre a sociedade

e a natureza, tem, por conseguinte muito a oferecer aos estudos ligados à saúde e

ao ambiente, atreves da chamada Geografia da Saúde.

Conforme Rojas (2003, p. 13), a Geografia da Saúde é qualificada como uma antiga perspectiva e uma nova especialização, se distinguindo por localizar-se nas fronteiras da geografia, da medicina, da

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biologia, das ciências sociais, físicas e biológicas, e por ser essencialmente interdisciplinar.1

As aproximações entre Geografia e Saúde podem ser divididas em

três fases. A primeira, chamada de histórica ou tradicional, foi desenvolvida por

médicos interessados pela distribuição e classificação das doenças, sobretudo as

infecciosas. A segunda é marcada pela incorporação de conhecimentos mais

avançados da Geografia por médicos nos fundamentos metodológicos de suas

investigações. A terceira é a que ainda de forma tímida e insipiente abordam os

geógrafos, buscando trazer contribuições à compreensão espacial dos fenômenos

saúde-doença.

Diversos autores2 propõem que se use o termo Geografia da Saúde

(ou para a Saúde), e não mais Geografia Médica, como outrora, evidenciando que o

foco das análises é a saúde, e não a sua ausência.

Destarte, busca-se que os resultados alcançados nas pesquisa

demonstrem o potencial da Geografia da Saúde para apoiar a eliminação de

enfermidades, para distribuir com equidade os serviços de saúde e outros básicos,

bem como identificar espaços críticos prioritários para o desenvolvimento otimizado

de programas de promoção e atenção à saúde, nas mais diversas escalas.

1.2.2- Contribuições da Geologia

A Geologia, definida por Guerra (1969) como a “ciência que estuda a

estrutura da crosta terrestre, seu modelado externo e as diferentes fases da história

física da Terra”, vai contribuir para a compreensão das relações entre o meio e a

saúde, principalmente através de um de seus ramos: a geoquímica, a qual tem se 1 Tradução de Ewerton Pires 2 Destacam-se Rojas (2003) e Raul Borges Guimarães – UNESP Presidente Prudente.

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mostrado como um importante instrumento para trabalhos em Geologia e Geografia

da Saúde, sendo responsável por estudar as variações regionais na distribuição dos

elementos químicos, principalmente os metálicos e metalóides, seu comportamento

geológico-geoquímico, as contaminações naturais ou artificiais e os possíveis danos

à saúde animal e vegetal, por excessos e deficiências (SCARPELI, 2003).

As relações entre ambiente e a corrente alimentar humana são

controlados por fatores de ordem geográfica, geológica (litologia e mineralogia das

rochas, o tempo, o clima) e processos geoquímicos relevantes, controladores da

transferência dos elementos ao solo, às plantas, à água e aos homens,

considerando a passagem “intermediária” pelos animais, sendo que as águas

superficiais e subterrâneas representam o mais importante meio de conexão entre a

geoquímica das rochas, o solo e a fisiologia humana.

Para a manutenção dos processos vitais humanos, é essencial que,

através da alimentação, sejam ingeridos os chamados macronutrientes, a saber, Ca,

Cl, Mg, P, K, Na, S, O, H e S; bem como os micronutrientes, As, Co, Cr, Cu, Fe, Mn,

No, Se, Va, Zn, F, I e Si, os quais também possuem importância, porém, há que se

ressaltar que, no caso dos micronutrientes, sua assimilação em excesso traz

prejuízos à saúde, podendo ser fatal em alguns casos, devendo-se, portanto, ter

extrema cautela nas definições de necessidades e toxidade.

Partindo-se do pressuposto de que, de modo geral, o solo e as

águas, bem como a vegetação refletem as composições das rochas, torna-se de

grande valor os estudos de identificação de áreas com anomalias geoquímicas, ou

seja, locais com concentrações anormais de determinados elementos químicos,

tanto por gênese natural como antrópica, já que ao transferir sua composição aos

animais e plantas, poderá vir a ocorrer a ingestão humana de elementos em valores

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acima dos recomendados. Nesses casos, é comum a ocorrência de doenças que

acompanham faixas geológicas de composição anômala, como é o caso da fluorose

dentária no município de Itambaracá, na Região Norte do Estado do Paraná, como

demonstraram Pires & Pinese (2002) e Pinese et al. (2002).

O Flúor (F-) é um elemento bastante didático para se ilustrar a

questão das interações entre o meio e a saúde, podendo ser tanto benéficas, como

maléficas. Tal elemento, considerado como traço, quando ingerido em quantidades

corretas, é essencial para a saúde humana, principalmente para a boa preservação

de ossos e dentes. Entretanto, quando ingerido em quantidades excessivas pode

provocar uma série de doenças, dentre elas a fluorose dental, que torna os dentes

manchados e frágeis, e a fluorose esquelética, causadora de dores nas costas e no

pescoço, podendo causar até deformações permanentes dos ossos.

Contrariamente, a deficiência de flúor eleva a susceptibilidade dos

dentes à carie. Na tabela abaixo, podemos ver as relações entre a concentração de

flúor em água e seus respectivos efeitos sobre a saúde.

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Quadro 1: Efeitos do elemento flúor em água sobre a saúde humana

Concentração em mg/L Efeitos sobre a saúde

0,0 Limitações do crescimento

0,0 – 0,5 Não evita cárie dental

0,5 – 1,5 Evita enfraquecimento dos dentes, com efeitos

benéficos sobre a saúde

1,5 – 4,0 Fluorose dental (manchas nos dentes)

4,0 – 10,0 Fluorose dental grave e fluorose esquelética (dores

nas costas e ossos do pescoço)

> 10,0 Fluorose deformante

Fonte: adaptado de Scarpelli, 2003.

O Flúor possui uma peculiaridade: distintamente de outros

elementos traços essenciais à boa saúde, ele é, sobretudo, ingerido com a água.

Por esta razão, conforme Scarpelli (2003), tem-se a alta incidência de fluorose em

países como Índia, Gana, Tanzânia, Sri Lanka, Quênia, Senegal e, principalmente,

na China, nos quais rochas magmáticas ricas em flúor são abundantes e o

abastecimento de água é feito através de poços que são condicionados por tais

rochas, ricas em flúor.

Além dessa ocorrência natural, como acima descrita e também

observada no município de Itambaracá-PR, o flúor pode também ser introduzido no

ambiente pela ação antrópica, através de atividades industriais (gás freon, fluoretos

orgânicos, outros) e agrícolas (fertilizantes fosfatados podem conter até 3 a 4% de

flúor) (SCARPELLI, 2003).

O mesmo autor salienta que o aspecto mais relevante da

geoquímica do flúor é a facilidade com que ele substitui o ânion hidróxido (OH-) nos

minerais, inclusive as hidroxi-apatitas (Ca(PO4)3OH), que são componentes

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principais de dentes e ossos do homem e dos animais, as quais são convertidas em

fluor-apatitas (Ca5(PO4)3F).

Estima-se que mais de 100 milhões de pessoas no mundo todo

sofrem de fluorose. Destaca-se que 40 milhões de pessoas são afetadas por

fluorose dentária e, 2 a 3 milhões de fluorose esquelética só na China. Assim, a

geoquímica do flúor em águas subterrâneas possui grande importância social, uma

vez que a fluorose pode causar danos persistentes e muitas vezes até incuráveis.

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1.3- RELAÇÕES DA ÁGUA COM A SAÚDE

O homem, assim como ocorre com todos os seres, necessita de

água para a manutenção de suas funções vitais. Além do consumo da água para

“saciar a sede”, a usamos para uma infinidade de tarefas, como a higienização

corporal, lavagem de roupas, louças e calçadas, combate a incêndios, produção

industrial e transporte de dejetos.

Assim, sobretudo nos dois últimos casos, a água pode se

transformar no veículo de toda sorte de impurezas, seja na forma de substâncias

tóxicas ou de microorganismos patogênicos.

Como demonstra Branco (2002), ao entrar em contato com o

corpo humano interno ou externo, essa água contaminada pela ação tecnogenética

pode transmitir-nos uma série de estados mórbidos, o que, obviamente é

indesejável.

Visando neutralizar os efeitos nocivos da contaminação das

águas, as mesmas passam, ou ao menos deveriam passar, por um processo de

eliminação de microorganismos patogênicos, sendo atualmente utilizada em larga

escala a filtragem e a cloração antes da distribuição desta água, denominada

potável.

Dentre as doenças que são transmitidas pela água contaminada

por microorganismos, destacam-se as infecções entéricas, muito graves em regiões

onde o saneamento é insuficiente, como áreas do Norte e Nordeste brasileiro, onde

essa má qualidade da água de abastecimento se reflete nos elevados índices de

mortalidade infantil, uma vez que as crianças são mais susceptíveis às infecções

desse tipo.

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Entretanto, além das contaminações que o homem pode causar

à água (contaminações antrópicas ou tecnogenéticas), a água pode apresentar-se

contaminada naturalmente (impacto geogenético).

Trata-se de regiões onde existem anomalias geoquímicas, ou

seja, pela composição litológica natural, elementos químicos são disponibilizados,

sobretudo na água em concentrações elevadas, acima das que o organismo

humano necessita, o que pode causar doenças. Nesse caso, citamos, de acordo

com Martins Jr e Pinese (2003), a contaminação por Arsênio de uma população rural

de Bangladesh, a qual resultou em conseqüências gravíssimas à saúde. Outro

exemplo de anomalia geoquímica resultando em problemas para a saúde da

população, é o caso da anomalia multielementar do Norte do Paraná, a qual

destacamos a do Flúor em Itambaracá (PINESE et al., 2002).

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1.4- RELAÇÕES DO CLIMA COM A SAÚDE

Assim como a água, o clima exerce marcante influência sobre a

saúde humana. Conforme Mendonça (2001b, p. 46),

a saúde humana é fortemente influenciada pelo clima. As condições térmicas, de dispersão (ventos e poluição) e de umidade do ar exercem destacada influência sobre a manifestação de muitas doenças, epidemias e endemias humanas.

Entretanto, cabe destacar já de início, que a influência e os efeitos

do clima na saúde se dão de forma mais acentuada na parcela da população que

está mais diretamente exposta a sua ação, como é o caso das pessoas que, por

mão terem acesso a sistemas de aquecimento, resfriamento e/ou proteção ao

ambiente externo, são expostas a condições térmicas e de higrometria nocivas às

suas saúdes.

O quadro abaixo sintetiza a atuação de elementos climáticos na

saúde humana.

Quadro 2: Manifestações fisiopsicológicas do homem pela ação dos elementos climáticos

Elementos Climáticos Condições Limitantes Manifestações Fisiológicas

Altitude (Pressão Atmosférica) Limite máximo: 8.000m.

-Mal das montanhas (dor de cabeça, fadiga, alteração sensorial, depressão intelectual, indiferença, sono, descoordenação de movimentos, perda de memória) -Redução de faculdades físicas e mentais. -Tristeza, apatia.

Radiação (Associada à luminosidade) 60º e 70º de latitude

-Alta radiação/luminosidade: esgotamento nervoso, perturbações mentais, irritação, síndrome físico-psíquica, euforia. -Baixa radiação/luminosidade: deficiências orgânicas, raquitismo, depressão, debilidade mental

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Higrometria Limite Variável. Ótimo fisiológico

15º - 16ºC / 60% UR

-Diminuição da capacidade respiratória (para europeus nos trópicos). -Hiperpnéia térmica (entre negros). -Cansaço e esgotamento (brancos).

Vento e Eletricidade atmosférica

-Morbidez, cansaço e abatimento. -Debilidade do tônus nervoso, depressão, hipersensibilidade, irritabilidade. -Desidratação, dessecação do aparelho tegumentar. -Excitação nervosa, alucinações, delírio. -Palpitações, dispnéia, dores de cabeça, nevralgia.

Fonte: SORRE (1984, apud MENDONÇA, 2001, p. 47)

Ganha destaque na perspectiva de análise das relações entre clima

e saúde a questão das chamadas doenças tropicais. Ferreira (2003) aponta que este

se trata de um termo controverso, pois há inúmeras formas de definí-lo, sendo que,

segundo a referida autora, o mesmo deve ser entendido como o tipo de doença

que ocorre em países que ocupam a faixa intertropical da Terra, abrangendo tanto as doenças cuja ocorrência depende de certas condições climáticas como aquelas ligadas à pobreza e à deficiência da infra-estrutura de saneamento e atendimento à saúde (p. 180).

Apresenta-se como sendo as principais doenças tropicais as

parasitárias transmitidas por vetores, como a malária, a febre amarela, a

leishmaniose tegumentar americana, a esquistossomose, a filariose, as arboviroses

e as febres hemorrágicas, incluindo-se a dengue (FERREIRA, 2003).

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2- ESTUDO DE CASO: AS ÁGUAS SUPERFICIAIS E A SAÚDE EM

ITAMBARACÁ-PR

2.1- Aspectos socioeconômicos e históricos

Datam do ano de 1885 as primeiras informações sobre o início do

povoamento da região onde hoje localiza-se o município de Itambaracá.

Figura 1: Localização da área de estudo

Fonte: IBGE – on line (modificado pelo autor – sem escala na fonte)

Legenda: Itambaracá Londrina Curitiba

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Joaquim Severo Batista percorreu juntamente com um agrimensor

por mais de um ano fazendo a demarcação da área. Durante esse período, tiveram

contato com os primeiros habitantes da referida terra, os índios da tribo Tupi-

Guarani. Ao final da jornada, Severo Batista ficou com o título e a posse de uma

área de 40 000 (quarenta mil) alqueires, certidão esta datada de 30 de março de

1885.

Em 1922, o Coronel Batista, filho de Severo Batista doou 35

alqueires, às margens do Córrego Jaborandi à Prefeitura de Jacarezinho-PR, sendo

que esta dividiu em lotes e vendeu as terras para colonização e povoamento.

Fundou-se então, com a chegada de desbravadores de várias

localidades o Patrimônio Jaborandi, nome esse relacionado à abundância da planta

homônima.

O processo de desenvolvimento local, ligado aos excelentes solos,

propícios para a implantação da agricultura e pecuária, fez com que em 31 de

dezembro de 1943, por efeito da Lei-Estadual nº 199, Jaborandi fosse elevado a

Distrito do município de Andirá, porém com o nome de Itambaracá, termo oriundo da

língua Tupi, que significa “Pedra do Amor”. Já em 1955, pelo Decreto-Lei Estadual nº

32, de 07 de fevereiro, Itambaracá foi elevado à categoria de município, o qual foi

instalado em 30 de novembro de 1955, ocorrendo também a posse do primeiro

prefeito.

O município de Itambaracá, assim como boa parte dos municípios

norte-paranaenses teve, a princípio sua economia baseada na cultura do café. Com

o declínio dessa atividade, toda a região teve sua economia transformada. Porém,

dentre outros fatores, por estar localizada um tanto quanto deslocada do eixo de

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desenvolvimento do norte do Paraná, não observou-se industrialização local,

permanecendo a agropecuária como dominante na economia itambaracaense.

Atualmente o setor se encontra assim distribuído: 400 pequenos

produtores (correspondendo a 50% da área cultivada), 63 médios produtores (30%)

e 16 grandes produtores (20%), tendo sua produção agrícola concentrada nas

culturas de soja, milhos, feijão e trigo, que juntas representam 56% da economia do

município, onde as culturas secundárias (cana-de-açúcar e café) e a pecuária,

dentre outras são da ordem de 24% do total municipal, sendo que os 20% restantes

ficam praticamente a cargo do comércio, já que a cidade não possui indústrias

expressivas, embora se encontrem em funcionamento algumas unidades

agroindustriais de açúcar mascavo, porém sem grande representatividade na

economia local.

Tal perfil mostra a grande importância da agricultura e da pecuária, o

que acaba por chamar a atenção para as políticas públicas de auxílio aos

produtores, sobretudo os pequenos, e ao que concerne ao meio ambiente, já que as

atividades são, muitas vezes realizadas sem atender ao menos a legislação

ambiental, o que certamente poderá comprometer a manutenção da produtividade

local.

O início do povoamento da região onde hoje localiza-se Itambaracá,

se deu no ano de 1892, povoamento esse que veio a acentuar-se somente na

década de 1950, já que os férteis solos do tipo Latossolo Vermelho observados no

município (Pires & Pinese, 2002), propícios à ascendente cultura do café à época se

configuravam como atrativos populacionais. Assim, a população foi formada por

grupos oriundos de diversas regiões, inclusive de outros países, onde se destaca a

presença dos italianos, portugueses, espanhóis, alemães, turcos e japoneses.

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A análise quantitativa dos dados demográficos da área de estudo

mostra claramente o poder de atração populacional da cafeicultura, bem como a

intensa liberação de mão-de-obra e migração em virtude do declínio do café, sendo

que na década de 50 a 60 houve um aumento de 24,44% da população, passando

de 9336 para 11618 habitantes, no período em que se registra ainda a época

“áurea” do café. Já a partir da década seguinte, com o declínio cafeeiro, a população

cai bruscamente 43,11% (de 11618 para 6609 habitantes), o que se mostra ainda

mais abruptamente na população rural, que passa de 9227 para 4568 habitantes.

Nesse caso, um fator peculiar deve ser ressaltado: na década de 1960 o café estava

em queda, mas a cultura ainda persistia em praticamente toda a região norte do

estado. No entanto, em virtude da usina de açúcar e álcool de Bandeirantes, cidade

vizinha, o café em Itambaracá foi substituído pela cana, gerando grande liberação de

mão-de-obra, já que a mesma passa a ser contratada apenas para plantio e

principalmente para a colheita, na forma de “bóias-frias”.

Na década de 1990 outra queda populacional é constatada. Entre

1991 e 2001, a população sofreu queda de 26,76%, passando de 9708 para 7089

habitantes. Trata-se de uma questão importante, já que contrapõe a tendência de

crescimento que voltava a ser observada (33,12% entre 1970 e 1991), o que pode

ser correlacionado com a implantação da Usina Hidrelétrica Canoas I, a qual entrou

em operação em 1997, alagando uma área de 905 ha. de terras produtivas do

município, desalojando grande quantidade de pequenos produtores e acelerando o

êxodo rural, observado pela queda em 56,6% da população do campo.

Atualmente, segundo os dados do Censo 2000, o município conta

com 7089 habitantes, com predomínio absoluto da população urbana, que soma

5302 habitantes.

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No panorama qualitativo, alguns índices nos apresentam uma visão

da situação de vida da população. Os principais são: analfabetismo (17%);

desemprego (14%); média salarial de 1 a 3 salários mínimos; PIB per capita (R$

1327,00); distribuição de água tratada a 95% da população porém sem sistema de

esgoto.

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2.2- Aspectos do meio físico

2.2.1- Características geológicas da região

O município investigado se insere no contexto da Formação Serra

Geral, que foi proposta e introduzida como unidade estratigráfica em 1908 por White

(DNPM, 1984), merecendo vários estudos prévios; tratando-se de um perfil clássico

de uma corrida de lavas basálticas (DNPM, 1984).

De acordo com vários autores (Melfi et al., 1988 e Pinese et al.,

2000), o magmatismo mesozóico recobre mais de 1 200 000 Km2 nos estados do sul

e centro-sul do Brasil, bem como o noroeste do Uruguai, nordeste da Argentina e

sudeste do Paraguai. Segundo Salamuni et al. (1969), as “lavas ou vulcânicas” da

Formação Serra Geral podem ser consideradas como a maior manifestação

vulcânica do mundo, recobrindo toda a seqüência sedimentar da Bacia do Paraná,

sendo que tal representação possui volume calculado, em 650 mil quilômetros

cúbicos.

São verificadas espessuras superiores a 1000 metros para o pacote

de derrames, tendo seus pontos extremos em Presidente Epitácio (SP), com 1500

metros e na região limítrofe entre o Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina, onde os

derrames são da ordem de 50 metros, devido ao afastamento das fraturas de efusão

(Pinese et al., 2000).

Segundo Salamuni et al. (1961), embora não necessariamente, é

comum que a porção superficial de cada derrame seja marcada pela presença de

basalto amigdaloidal, preenchido com minerais secundários, dentre os quais são

comuns o quartzo, a calcita e as zeólitas diversas.

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Os derrames de composição intermediária apresentam uma

distribuição igualmente ampla, registrando-se em todos os quadrantes da Bacia,

porém com extensões e espessuras menores que a dos basaltos. Já o vulcanismo

de filiação ácida, ou seja, os riolitos e riodacitos, abrange uma vasta área do Rio

Grande do Sul (Nardy, 1996). No Paraná, as ocorrências vulcânicas ácidas são

descontínuas e profundamente recortadas por processos erosivos, estando os

melhores afloramentos em Guarapuava (DNPM, 1984 e Pinese et al., 2000).

Figura 2: Geologia do Estado do Paraná

Fonte: MINEROPAR (on line – sem escala na fonte)

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A partir dos levantamentos feitos por DNPM (1984) e Pinese et al.

(2000), no panorama geocronológico, as primeiras manifestações são as basálticas,

sendo representadas pelos basaltos, que apresentam idades situadas no intervalo

de 130 – 150 milhões de anos atrás (Ma.). Nas manifestações de natureza

intermediária, representada pelos latitos, as idades situam-se entre 123 e 125 Ma.,

sendo que as mais recentes são as de composição ácida, como os riolitos, entre 118

e 125 Ma. Tais datações foram obtidas através dos métodos K-Ar, Rb-Sr e Ar-Ar

(Renne et al, 1996).

Quando decompostos, os basaltos produzem um manto de

intemperização de espessuras variáveis, às vezes com até dez metros, originando a

famosa “terra roxa”, abundante na região, à qual possui grande fertilidade, sendo

esse o primeiro atrativo aos povoadores iniciais da região, fato esse que

discutiremos em trabalho futuro.

2.2.2- Hidrogeologia

O município de Itambaracá (PR) obtém sua água para

abastecimento público através de mananciais subterrâneos confinados do aqüífero

Serra Geral e em menor escala, dos mananciais do aqüífero livre ou freático (Pinese

et al. 2001 e Pires et al. 2001), já que esse tipo de recurso hídrico pode ser

considerado confiável, de baixo custo e com grande disponibilidade.

Entretanto, estudos recentes demonstraram que o município de

Itambaracá se encontra na periferia de uma anomalia hidrogeoquímica

multielementar onde se inclui a do flúor (Pinese et al., 2001 e Licht et al, 1997). A

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partir de levantamentos epidemiológicos locais, constatou-se a ocorrência freqüente

de fluorose dentária grave na população, sobretudo nas crianças de 6 a 17 anos

(Morita et al, 1998), o que torna de vital importância o aprofundamento dos estudos

na área em questão.

Conforme Celligoi (1993), na Formação Serra Geral, o fraturamento,

que condiciona o armazenamento e a circulação das águas subterrâneas é, em

geral, bastante acentuado, sendo que a maioria dos planos de fratura são

relativamente extensos, ocupando em sua grande parte todo a altura dos

afloramentos, apresentando uma boa regularidade da superfície de quebra e

persistência nas suas orientações. O processamento e contagem dos pólos dos

planos de fratura revelou quatro famílias, todas subverticais, com atitudes

predominantes: N-S, N45ºW, N50ºE e N83ºE, sendo que esta última, para fins de

interpretação geotectônica, será considerada como E-W.

2.2.3- Solos

A área de estudo se caracteriza na questão pedológica pela classe

do LATOSSOLO VERMELHO, anteriormente denominada Latossolo Roxo,

conhecida popularmente como “terra roxa”. Esta classe é constituída por solos

minerais, não hidromórficos, formados a partir de rochas eruptivas básicas da

Formação Serra Geral.

São de coloração arroxeada, porosos e muito profundos,

normalmente com mais de três metros de espessura, não sendo rara, entretanto a

ocorrência de solos com mais de cinco ou até mesmo dez metros de profundidade

(EMBRAPA, 1984).

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No que se refere à erosão, os solos desta classe quando em

condições naturais, são muito resistentes, porém após serem colocados sob cultivo,

o que é o caso de mais de 90% da área mapeada destes solos no Estado do

Paraná, sua susceptibilidade pode aumentar, ou até mesmo diminuir, em função do

declive, tipo de manejo, tempo de utilização e espécie de cultura.

Segundo dados da EMBRAPA (1984), os solos desta classe ocupam

freqüentemente superfícies de declives suaves, geralmente entre 2 e 8%, o que os

habilita a uma intensa mecanização. Com menor freqüência, ocorrem solos em

relevos entre 8 e 15%, já não tão propícios para a mecanização, sendo raras as

ocorrências de declividades superiores a 15%; se encontram em altitudes bastante

variadas, desde 200 metros em Foz do Iguaçu, até acima de 900 metros e

Apucarana.

Como são desenvolvidos a partir de rochas da Formação Serra

Geral, são encontrados com ampla distribuição geográfica, sendo distribuídos por

praticamente todo o Terceiro Planalto Paranaense (e.g. Maack, 1981).

O tipo mais comum encontrado no município de Itambaracá é o

LATOSSOLO VERMELHO Eutrófico, conforme classificação recente da Embrapa

(1999) verificado também em praticamente todos os municípios do nordeste do

estado.

Ocorrem em relevo suave ondulado, caracterizado por elevações de

tipos arredondados, declives suaves (0 a 8%) e altitudes variando no intervalo de

200 a 600 metros, sendo que tal unidade pedológica é influenciada pelo clima

chuvoso, com estação seca de aproximadamente três meses.

A vegetação primária desta unidade era de florestas tropicais

subperenifólias, com árvores de grande porte, como por exemplo as Perobas,

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Cedros e Grevihas; vegetação essa que atualmente se encontra amplamente

devastada, cedendo lugar à agricultura, podendo-se no entanto encontrar áreas

isoladas de vegetação primária em bom estado de conservação.

Os LATOSSOLOS VERMELHOS Eutróficos (Embrapa, 1999) são

solos de excelente potencial agrícola, tanto do ponto de vista de propriedades

químicas como físicas; não apresentando problemas de mecanização, possuindo

alta fertilidade natural, sendo apenas deficientes em fósforo.

Apresentam alguns problemas de disponibilidade de água na

estação seca, a saber, o inverno, portanto segundo EMBRAPA (1984), é oportuno

sugerir-se que o ciclo das culturas coincida com a estação chuvosa, de setembro a

março.

2.2.4- Geomorfologia regional

A geomorfologia da região está definida sob o contexto do Terceiro

Planalto, conforme proposta por Maack (1981).

Também conhecido como Planalto de Guarapuava, o Terceiro

Planalto representa a região dos grandes derrames de lavas básicas do vulcanismo

gondwânico, sendo formado praticamente pela Formação Serra Geral, assim, é

constituído predominantemente por basaltos, porém ocorrem cerca de 5% de

intercalações de arenito junto aos basaltos (Maack, 1981). Porém, no noroeste do

Estado, ocorrem também os arenitos do Grupo Bauru (e.g. DNPM, 1984),

principalmente com a Formação Caiuá, tratando-se de uma cobertura sedimentar às

manifestações vulcânicas da Formação Serra Geral, considerada via de regra, seu

embasamento.

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Uma supervisão sobre o aspecto geológico e morfológico do sistema

orográfico do Estado do Paraná evidencia claramente a correlação das formas

existentes com a constituição geológica.

Segundo Maack (1981), a constituição geológica do Terceiro

Planalto é relativamente simples. Sobre o pedestal areno-argiloso da escarpa

mesozóica, constituída ainda em toda a extensão pelos horizontes alternadamente

coloridos do Grupo Passa dois, com as Formações Irati, Serra Alta, Estrada Nova e

Rio do Rasto, começam os depósitos eólicos do deserto mesozóico, os arenitos

Botucatu, com paredes íngremes, protegidas pelos derrames de rochas básicas, tais

como diabásios, meláfiros vesiculares, espelitos, toleiitos, vitrófiros, com lençóis

finais de diabásio porfirítico e augita-andesita porfirítica.

Localmente na região de Itambaracá, o Terceiro Planalto é

subdividido, recebendo essa unidade o nome de Planalto de Araiporanga,

abrangendo a parte Nordeste do Estado.

Trata-se de uma área relativamente baixa e cortada em platôs

isolados e mesetas pelos rios das Cinzas, Laranjinha e Congonhas. A parte mais

elevada do platô revela um declive de 1150 a 300 metros para o rio Paranapanema

desde a serra da Boa Esperança, ao sul de Araiporanga, regionalmente denominada

Serra Fria. A leste do rio Congonhas, como também entre os rios Laranjinha e das

Cinzas, ocorrem algumas elevações e mesetas isoladas com altitudes de 800 metros

situadas na proximidade da escarpa, entretanto, de um modo geral, as altitudes

desta paisagem de platôs e mesetas oscilam de 300 a 650 metros (Maack, 1981).

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2.2.5- Hidrografia

A hidrografia do município de Itambaracá é marcada principalmente

pelos rios Paranapanema, rio das Cinzas e Rio Laranjinha.

O rio das Cinzas tem sua origem na Serra das Furnas, o oeste da

escarpa devoniana. Após um percurso de 175 km, o rio rompe a escarpa mesozóica,

sendo sua foz no município de Itambaracá, nas proximidades de São Joaquim do

Pontal, formando o chamado Pontal do Paranapanema. Após 240 km o rio das

Cinzas recebe o rio Laranjinha, o qual rompe a escarpa do Terceiro Planalto depois

de um percurso de 122 km.

O rio Paranapanema, juntamente com seus afluentes da margem

sul, abrange 55 530 km2 no Estado do Paraná, formando a fronteira com o Estado

de São Paulo numa extensão de 392 km (Maack, 1981).

Embora se tratem de rios de dimensões relativamente grandes,

localmente eles não são muito aproveitados. O município utiliza para abastecimento

público a água subterrânea (e.g. Pinese et al. 2001 e Pires et al. 2001), e além disso

não são encontradas na área indústrias ou culturas que necessitem de grandes

quantidades de água.

No entanto, Itambaracá é diretamente afetada pela construção de

usinas hidrelétricas no rio Paranapanema, sobretudo por CANOAS I, que alagou

grandes áreas, causando graves prejuízos para os habitantes locais.

Através de projetos em desenvolvimento, pretende-se um melhor

aproveitamento local de tais rios, como uma exploração maior, porém sustentável da

piscicultura, bem como da pesca esportiva, além de aproveitamento para lazer, com

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esportes náuticos dentre outros, principalmente no rio Paranapanema, que se

encontra represado na região.

2.2.6- Clima

O clima, ao lado do solo, é fator básico de adaptação e produtividade

das plantas e animais. Através de análise do comportamento médio dos elementos

do clima em uma região é possível distribuir de forma mais racional as produções

nas propriedades agrícolas, otimizar o uso dos recursos produtivos, bem como

promover formas acertadas de planejamento urbano.

A agricultura de Itambaracá, é a mais importante atividade

econômica municipal, respondendo por cerca de 80 % do PIB.

Localizando-se numa região de transição climática, o município tem a

possibilidade de cultura de um vasto número de espécies, desde tropicais até

temperadas. No entanto, esse fato acarreta uma acentuada variabilidade temporal

dos elementos climáticos. Devido a essa inconstância, é muito importante o

conhecimento dos elementos climáticos e seu comportamento para o planejamento,

em bases mais técnicas, das atividades agrícolas e urbanas, conferindo-lhes maior

segurança e adequação às condições do ambiente.

Apresentaremos agora, os elementos climáticos locais de maior

relevância, a saber, precipitação e temperatura do ar, segundo dados do IAPAR

(1994).

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2.2.6.1- Precipitação

A quantidade e a distribuição de chuva que cai anualmente em certa

região é bastante importante, determinando o tipo de vegetação e influenciando a

programação das atividades agrícolas. Dessa forma, épocas de plantio e colheita,

atividades mecanizadas e mesmo escolha de espécies e variedades estão

intimamente relacionadas com o padrão de precipitação local.

Na área de estudo, a precipitação média anual é de cerca de 1500

mm, tratando-se de uma região de pluviosidade relativamente média-baixa se

comparada ao restante do Estado, onde as precipitações médias estão no intervalo

de 1300-2000 mm/ano.

Os extremos locais de precipitação se dão nos meses de dezembro

e janeiro, com as precipitações variando entre 175 a 200 mm/ mês, sendo estes os

mais chuvosos; já que julho e agosto, no intervalo de 50 a 75 mm/ mês são os que

apresentam as menores precipitações.

Nota: A unidade aqui utilizada para precipitação é o milímetro (mm), onde 1mm = 1

l/m2.

2.2.6.2- Temperatura do Ar

Os processos biofísicos e bioquímicos que condicionam o

metabolismo dos seres vivos e, portanto seu desenvolvimento, são altamente

afetados pelas condições energéticas do ambiente, mais especificamente do solo e

da atmosfera (IAPAR, 1994).

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Pode-se dizer que todos os processos que condicionam o

desenvolvimento e crescimento das plantas e animais têm a temperatura como um

dos fatores fundamentais. Assim, tanto a temperatura do solo como a do ar afetam,

além da temperatura dos vegetais e alguns animais, processos como a absorção de

água e nutrientes, respiração, fotossíntese e evapotranspiração. Ressaltamos

também aqui, como apontado por Mendonça (2000), a influência da temperatura do

ar sobre o comportamento humano.

A temperatura média anual na região é de 21ºC, onde a temperatura

média mínima é de 16ºC e a média máxima 28 ºC, sendo janeiro o mês mais quente

e julho o mais frio.

Anualmente, o município sofre de 2 a 5 dias de geadas, o que

agronomicamente acarreta efeitos prejudiciais ao crescimento e desenvolvimento

dos vegetais, pressupondo assim um maior planejamento no manejo das culturas, a

fim de se evitar tais prejuízos.

2.2.6.3- Classificação Climática Local

Para tal classificação, utilizaremos o sistema Köppen (Trewartha &

Horn, 1980), que se baseia na temperatura e pluviosidade.

Segundo o sistema Köppen, o clima local é classificado pelo código

Cfa, se tratando de clima subtropical; temperatura média no mês mais frio inferior a

18ºC (mesotérmico) e temperatura média no mês mais quente acima de 22ºC, com

verões quentes, geadas pouco freqüentes e tendência de concentração das chuvas

nos meses de verão.

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2.2.7- Vegetação

A vegetação primária da região é a Mata Pluvial Tropical, ocupando a

parte Norte do Terceiro Planalto e seus vales fluviais, desenvolvida sobre os férteis

LATOSSOLOS VERMELHOS, representando uma variação da Mata Pluvial Tropical

do litoral.

Os fatores mais importantes para a formação da mata pluvial são o grande teor de

umidade proveniente da boa distribuição das precipitações, o conseqüente ciclo

biológico contínuo e a multiplicidade de espécies que crescem em pequena área.

Elevados e delgados troncos com 30 a 40 metros de altura caracterizam os mais

importantes exemplares da mata, como as dominantes perobas, as diversas

espécies de canelas, timbaúva (Enterolobium contortisiliquum), timbó (Ateleia

glazioveana), alecrim (Holocalyx balansae), guapeva (Pouteria torta), marmeleiro

(Austroplenckia populnea), pau d’alho (Gallesia integrifólia) e figueira branca (Ficus

guaranica ) (MAACK, 1981).

Atualmente, a paisagem vegetal de toda a região Norte do Paraná está

altamente modificada. Há algumas décadas, a mata foi retirada, dando lugar a

grandes áreas de cultivo; primeiramente o café, e atualmente culturas temporárias

como a soja, o milho e o trigo. Ressaltamos também a devastação ocorrida por

ocasião da construção da Usina Hidrelétrica Canoas I, onde a região da represa foi

amplamente desmatada, estando suas margens sem a Mata Ciliar, ocasionando

diversos problemas.

No entanto, existem projetos em desenvolvimento pela Prefeitura

Municipal de Itambaracá visando a preservação e manejo de focos de mata

remanescentes. Tais projetos consistem na criação de parques, onde as espécies

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possam ter sua existência garantida, além de prover áreas de estudos biológicos e

lazer para a comunidade local. Um exemplo é a intenção de se criar uma reserva em

um desses focos de mata nativa, já que na área se encontram diversas espécies de

animais silvestres, dentre eles o Macaco-prego, Bugio, Sagüi, Capivara e Anta, as

quais ainda possuem seu habitat natural relativamente preservado, merecendo

agora as atenções municipais no sentido de lhes garantir essa situação.

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3- MONITORAMENTO GEOQUÍMICO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DE

ITAMBARACÁ-PR

Para a realização do referido monitoramento, foram realizadas

coletas de águas superficiais, as quais após análise química laboratorial

possibilitaram uma maior compreensão do comportamento geoquímico de alguns

elementos, dentre os quais destacamos o flúor, o sódio e o potássio.

Figura 3: Pontos de coleta de águas superficiais em Itambaracá-PR

ITAM BAR AC Á

RAUL M ARINHO

S. J. do PON TAL

Rio P aranapanema

Rio das C inzas

548000 550000 552000 554000 556000 558000 560000 562000 564000 566000 568000

7450000

7452000

7454000

7456000

7458000

7460000

7462000

7464000

7466000

0 2500 5000 7500

Organizador: Ewerton Pires

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Na determinação de íons Fluoreto utilizou-se o método da

potenciometria direta, no qual são necessários dois tipos de eletrodos, o eletrodo

seletivo a íons Fluoreto e um eletrodo de referência de calomelano. Para determinar

a concentração do íon Fluoreto nas amostras, calibrou-se primeiro o aparelho com

cinco padrões de concentrações variáveis e depois construiu-se o gráfico de

calibração para obter as concentrações de íons Fluoreto nas amostras de água.

Sódio e Potássio foram determinados pelo método da fotometria de

chama, e as respectivas concentrações nas amostras foram calculadas através do

gráfico de calibração.

Segundo levantamentos anteriores (LICHT et al., 1997), a área

encontra-se na periferia de uma anomalia geoquímica multielementar, onde estão

incluídos os já citados elementos.

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A tabela a seguir mostra os valores detectados após as análises.

Coordenadas UTM Amos- tra Latitude Longitude X Y

Flúor Sódio Potássio

IRp-1 22º56’55.5” 50º30’49.2” 549859 7462071.1 0.054 2.0538 2.2740IRj-2 23º00’49.3” 50º24’16.0” 560992 7446116.1 0.086 IRc-3 23º03’46.6” 50º23’30.0” 562071 7391586.7 0.071 IRp-4 22º58’33.2” 50º23’22.0” 562582 7459019.2 0.09 0.984 IRp-5 23º01’32.3” 50º22’32.5” 563968 7453444.2 0.099 3.0986 1.0851IRv-6 22º56’06.1” 50º23’59.3” 561532 7461858.8 0.102 3.5327 1.2863IRp-7 22º54’53.6” 50º24’45.4” 560234 7465781.7 0.117 1.7965 1.2863IRp-8 22º55’21.0” 50º23’14.6” 562817 7464928.6 0.137 6.1369 3.1971IRp-9 22º56’16.9” 50º21’01.6” 566598 7463193.4 0.092 1.7965 3.5994IRc-10 22º58’16.5” 50º28’15.3” 554233 7459565.1 0.096 2.2305 0.2806IRp-11 22º57’55.4” 50º29’17.6” 552461 7460220.3 0.098 2.2305 3.0965IRp-12 22º58’31.3” 50º23’20.5” 562625 7459080.5 0.122 7.8731 2.4931IRv-13 22º56’51.1” 50º22’23.9” 564250 7462151.9 0.061 6.3950 7.7263IRc-14 23º00’43.7” 50º27’53.3” 554817 7447862.1 0.110 5.2688 2.4931IRc-15 22º58’14.1” 50º31’48.8” 548154 7459659.6 0.061 3.7903 3.9516IRc-16 22º59’12.9” 50º29’24.9” 552245 7457837.8 0.057 4.2244 4.1613IRa-17 22º59’22.9” 50º27’47.8” 554951 7457520.6 0.064 3.3561 1.0157IRm-18 23º01’29.0” 50º26’11.8” 557727 7453632.5 0.058 2.9220 0.9109IRj-19 23º01’28.3” 50º25’09.9” 556953 7453657.0 0.066 2.0538 1.1206IRc-20 23º02’35.9” 50º25’37.2” 558703 7451571.4 0.058 4.2244 3.8467IRj-21 23º02’13.1” 50º25’20.5” 559181 7452270.7 0.063 5.5268 1.3303

IRm-22 23º00’08.4” 50º26’10.4” 557776 7456110.9 0.066 4.6585 1.3303IRa-23 22º57’22.8” 50º28’15.9” 554222 7461216.5 0.067 2.9220 0.5963IRp-24 22º57’21.6” 50º26’59.0” 556412 7461245.4 0.076 3.3561 1.0157IRp-25 22º56’44.5” 50º26’39.1” 556983 7462384.1 0.071 0.3173 1.6448IRp-26 22º57’36.5” 50º25’16.2” 559337 7460775.9 0.073 3.3561 1.2254IRp-27 22º57’27.8” 50º24’56.8” 559891 7461041.3 0.086 5.0926 1.8546IRp-28 22º58’30.4” 50º24’40.3” 560268 7459114.7 0.093 6.3950 1.8546IRr-29 22º57’55.8” 50º20’20.3” 567761 7460146.9 0.075 3.3561 1.1206IRr-30 22º58’24.4” 50º20’19.1” 567792 7459390.2 0.067 4.2244 1.2254IRr-31 22º59’04.1” 50º20’49.7” 566914 7458050.3 0.091 5.0926 0.9109IRd-32 23º00’00.8” 50º22’19.6” 564347 7456317.9 0.086 5.5268 0.8060IRc-33 23º02’46.2” 50º23’50.4” 561742 7451242.5 0.065 0.7514 0.5963IRc-34 23º03’12.0” 50º23’06.5” 562988 7450443.9 0.102 0.7514 0.1769

Organizador: Ewerton Pires

A partir da análise dos dados acima descritos, pode-se compreender

a distribuição espacial do flúor, sódio e potássio.

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3.1- Flúor (F)

O flúor está presente em quantidades traço em uma grande

variedade de materiais geológicos onde o íon F- substitui livremente o grupo hidroxila

(OH-) em minerais como micas, anfibólios, apatitas e argilas. Adicionalmente,

concentra-se na fluorita (CaF2) em alguns tipos de depósitos minerais e mais

raramente como cimento de arenitos (MINEROPAR, 2001).

O flúor é um elemento essencial aos mamíferos, onde promove o

endurecimento da matriz mineral à base de apatita, dos dentes e esqueleto. O teor

definido como ideal na água potável é definido pela Organização Mundial da Saúde

em 0,79 mg/L para países tropicais, embora o Conselho Nacional de Meio Ambiente

(CONAMA) aceite valores de até 1,4 mg/L (ver resolução em anexo).

O mapa e o bloco diagrama a seguir demonstram respectivamente

através de isolinhas e representação tridimensional as concentrações de flúor (mg/L)

em águas superficiais no município.

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Figura 4: Distribuição das concentrações de Flúor em águas superficiais –

Itambaracá-PR

ITAM BAR AC Á

RAUL M ARINHO

S. J. do PON TAL

Rio P aran apan ema

Rio das C inzas

0 2500 5000 7500

548000 550000 552000 554000 556000 558000 560000 562000 564000 566000 568000

7450000

7452000

7454000

7456000

7458000

7460000

7462000

7464000

7466000

Organizador: Ewerton Pires

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Figura 5: Bloco diagrama da distribuição das concentrações de Flúor em águas

superficiais – Itambaracá-PR

0 2500 5000 7500

Organizador: Ewerton Pires

Pode-se constatar que há uma maior concentração do elemento nas

proximidades dos distritos de São Joaquim do Pontal e de Raul Marinho, o que

indica a necessidade de aprofundamento dos estudos, inclusive em águas

subterrâneas – as quais são utilizadas para abastecimento – para a verificação de

possíveis impactos negativos sobre a saúde humana.

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3.2- SÓDIO (Na)

O sódio, a exemplo dos outros metais alcalinos, ocorre na natureza

no estado de oxidação +1. Como o alumínio, ele forma silicatos, e nas rochas é

principalmente incorporado nos feldspatos. Em ocorrência natural, é o sétimo

elemento mais abundante da crosta, conforme Mineropar (2001).

É empregado como condimento alimentar através do sal de cozinha

(NaCl), além de diversos usos industriais, como na produção de sabão, vidro,

industriais têxteis, química e metalúrgica.

O sódio é um elemento vital, essencial, não tóxico, que tem parte

importante na regularização do equilíbrio das soluções celulares. A dieta humana

deve conter quantidade considerável de sódio, o principal cátion extracelular dos

animais e importante para as funções nervosas.

Os sais de sódio, inclusive o sal de cozinha, são relativamente

inofensivos quando não ingeridos em excesso. Porém, em pessoas hipertensas,

deve-se buscar um balanceamento da dieta de sódio, evitando o consumo em

demasia, maléfico nesse caso.

Em seres humanos, os teores médios no sangue são de 1.970

mg/dm3, nos ossos 10.000 ppm, no fígado 2.000 a 4.000 ppm, nos músculos 2.600 a

7.800 ppm. A quantidade média de sódio em uma pessoa adulta de 70 quilos é de

100 gramas, sendo a ingestão média diária de 2 a 15 gramas. A ingestão por seres

humanos via oral de 12 g/Kg de NaCl é tóxica, conforme Mineropar (2001).

A seguir, demonstra-se a sua distribuição (concentrações em mg/L)

na área de estudo.

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Figura 6: Distribuição das concentrações de Sódio em águas superficiais –

Itambaracá-PR

ITAM BAR AC Á

RAUL M ARINHO

S. J. do PON TAL

Rio P aranapanema

Rio das C inzas

548000 550000 552000 554000 556000 558000 560000 562000 564000 566000 568000

7450000

7452000

7454000

7456000

7458000

7460000

7462000

7464000

7466000

0 2500 5000 7500

Organizador: Ewerton Pires

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Figura 7: Bloco diagrama da distribuição das concentrações de Sódio em águas

superficiais – Itambaracá-PR

0 2500 5000 7500

Organizador: Ewerton Pires

Conforme visto, há uma tendência de concentração de sódio nas

proximidades da sede do município e, em maior intensidade em Raul Marinho, o que

não traz maiores preocupações, já que o sódio, via de regra, em consumo normal

não apresenta toxidez, embora possa caracterizar a água com gosto desagradável,

ou até não recomendável ao consumo humano, o que não foi constatado no local.

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3.3- POTÁSSIO (K)

O potássio nunca é encontrado livre na natureza. É um dos metais

mais reativos e eletropositivos e, depois do lítio, é o metal mais leve que se conhece.

Assim como s outros metais alcalinos (lítio, sódio, rubídio e césio), ocorre na

natureza no estado de oxidação +1. Nas rochas ele está nos minerais silicatados e é

principalmente incorporado no retículo dos feldspatos e micas. O potássio nos

minerais pode ser substituído por rubídio, césio, bário, chumbo e tálio e assim afeta

o comportamento geral desses elementos traços. Durante a diferenciação

magmática, o potássio liga-se ao feldspato potássico e é enriquecido nas rochas

graníticas que se cristalizam num estágio tardio (MINEROPAR, 2001).

Em ocorrência natural, o potássio é o sexto elemento mais

abundante da crosta, tendo amplo uso na produção de fertilizantes agrícolas, sendo

também utilizado para a produção de sal sem sódio para aplicações terapêuticas.

O potássio e seus sais, são essenciais para os processos vitais. É

um macronutriente não tóxico que ativa as reações enzimáticas, participa nas

funções musculares, é essencial para o sistema nervoso e funções cardíacas.

De acordo com Mineropar (2001), em seres humanos, os teores

médios no sangue são de 1.620 mg/dm3, nos ossos 2.100 ppm, no fígado 16.000

ppm e nos músculos 16.000 ppm. Assim, a quantidade média de potássio em uma

pessoa adulta de 70 quilos é de 140 gramas e a ingestão média diária é de 1.400 –

7.400 mg.

No que refere à distribuição espacial do elemento no ambiente da

área de estudo, apresenta-se de forma bastante desigual, havendo forte

concentração no distrito de Raul Marinho.

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Figura 8: Distribuição das concentrações de Potássio em águas superficiais –

Itambaracá-PR

ITAM BAR AC Á

RAUL M ARINHO

S. J. do PON TAL

Rio P aran apan ema

Rio das C inzas

548000 550000 552000 554000 556000 558000 560000 562000 564000 566000 568000

7450000

7452000

7454000

7456000

7458000

7460000

7462000

7464000

7466000

0 2500 5000 7500

Organizador: Ewerton Pires

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Figura 9: Bloco diagrama da distribuição das concentrações de Potássio em águas

superficiais – Itambaracá-PR

0 2500 5000 7500

Organizador: Ewerton Pires

Por se tratar de área de agricultura intensiva, tais resultados podem

estar associados ao uso de fertilizantes, os quais através do escoamento superficial

atingem os cursos d´água, alterando suas composições químicas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como verificado, a questão saúde é bastante complexa, sendo que

há discórdia e alterações freqüentes até mesmo em suas definições e conceitos.

São diversos os fatores que influenciam a saúde, os quais vão desde os patogênicos

até os ambientais, passando pelos sociais. Procuramos aqui nos centrar nos de

ordem ambiental, sobretudo no que diz respeito à água superficial.

Nesse contexto, destaca-se a relevante contribuição que pode

oferecer a Geografia que, através da chamada Geografia da Saúde há tempos tem

trabalhado a relação meio ambiente – saúde, já que desde cedo os epidemiologistas

enfocam em suas pesquisas o espaço e o lugar, que são categorias de análise

geográfica. Tal contribuição é potencializada quando associa-se à Geografia a

Geologia, Geoquímica e outras ciências na busca constante da melhora da saúde

coletiva.

Atualmente a Geografia não pode ser considerada como apenas

uma ciência auxiliar às ciências da saúde, assumindo papel de maior contribuição,

voltando suas ações para o planejamento, sendo grande sua capacidade de

identificação e monitoramento de áreas de risco à saúde, bem como auxílio aos

programas de promoção/atenção à saúde.

As relações entre ambiente e a corrente alimentar humana são

controlados por fatores de ordem geográfica, geológica (litologia e mineralogia das

rochas, o tempo, o clima, e etc) e processos geoquímicos relevantes, controladores

da transferência dos elementos químicos ao solo, às plantas, à água e aos homens,

considerando a passagem “intermediária” pelos animais, sendo que as águas

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superficiais e subterrâneas representam o mais importante meio de conexão entre a

geoquímica das rochas, o solo e a fisiologia humana.

Em tais estudos, ganha grande importância a contribuição da

Geoquímica, uma vez que os constituintes químicos do meio, sobretudo da água,

quando em quantidades anômalas, podem trazer sérios prejuízos à saúde humana e

animal.

Dessa forma, o conhecimento e a representação cartográfica da

distribuição espacial e dos mecanismos de migração dos elementos químicos

disponíveis no ambiente, bem como de outras variáveis ambientais e

epidemiológicas são fundamentais para as pesquisas em Epidemiologa, em

Geologia e em Geografia da Saúde, sendo assim a Geoquímica um instrumento de

grande valia para as ações que visem a mitigação dos impactos negativos no

ambiente sobre a saúde coletiva.

Admitindo-se as interações entre o meio ambiente e saúde e as

contribuições que as ciências, sobretudo quando atuando de forma integrada, há

ainda que se refletir acerca da questão da escala de análise. A otimização das

ações no campo da saúde será efetiva quando os pesquisadores e governos

buscarem a coerente ligação entre o local e o geral, já que muito pouco adianta

pensar as ações de saúde com base apenas em dados estatísticos, sendo

necessária a atuação junto às comunidades, para assim se ter um panorama

confiável das necessidades no campo da saúde das populações, partindo-se

posteriormente aos programas de âmbito mais geral.

No caso aqui exposto, buscou-se, em escala local, analisar como se

dão as relações entre águas superficiais, no que se refere à sua constituição

geoquímica dos elementos Flúor, Sódio e Potássio e a saúde coletiva.

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Com base nos dados levantados e análises realizadas, embora a

distribuição espacial das concentrações dos elementos analisados seja bastante

diferenciada, o que pode indicar alguma tendência de anomalias, não constatou-se

nenhuma constituição química para os referidos elementos com valores que

pudessem causar danos imediatos à saúde humana ou animal.

Entretanto, levantamentos epidemiológicos realizados na área de

estudo demonstraram a ocorrência de fluorose dentária, em muitos casos em

estágio grave, de forma endêmica, o que imediatamente remete a reflexões acerca

da água de consumo da população, no caso, águas subterrâneas do aqüífero Serra

Geral, as quais possivelmente apresentem elevadas concentrações do elemento

Flúor.

Destarte, torna-se de suma importância que se aprofundem os

estudos na área, aumentando a malha de amostragem, incluindo outros elementos,

inclusive em águas subterrâneas, a fim de que se possa compreender a dinâmica

das distribuições das concentrações geoquímicas nas águas, buscando sempre a

minimização dos impactos sobre a saúde humana e animal.

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ANEXOS

Anexo 1- RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005

Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seuenquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes - DOU 18.03.2005 18/03/2005 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005 DOU 18.03.2005 Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seuenquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das competências que lhe são conferidas pelos arts. 6º, inciso II e 8º, inciso VII, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990 e suas alterações, tendo em vista odisposto em seu Regimento Interno, e CONSIDERANDO a vigência da Resolução CONAMA nº 274, de 29 de novembro de 2000, quedispõe sobre a balneabilidade; CONSIDERANDO o art. 9º, inciso I, da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que instituiu a PolíticaNacional dos Recursos Hídricos, e demais normas aplicáveis à matéria; CONSIDERANDO que a água integra as preocupações do desenvolvimento sustentável, baseadonos princípios da função ecológica da propriedade, da prevenção, da precaução, do poluidor-pagador, do usuário-pagador e da integração, bem como no reconhecimento de valor intrínseco ànatureza; CONSIDERANDO que a Constituição Federal e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, visam controlar o lançamento no meio ambiente de poluentes, proibindo o lançamento em níveis nocivosou perigosos para os seres humanos e outras formas de vida; CONSIDERANDO que o enquadramento expressa metas finais a serem alcançadas, podendo serfixadas metas progressivas intermediárias, obrigatórias, visando a sua efetivação; CONSIDERANDO os termos da Convenção de Estocolmo, que trata dos Poluentes OrgânicosPersistentes - POPs, ratificada pelo Decreto Legislativo nº 204, de 7 de maio de 2004; CONSIDERANDO ser a classificação das águas doces, salobras e salinas essencial à defesa deseus níveis de qualidade, avaliados por condições e padrões específicos, de modo a assegurarseus usos preponderantes; CONSIDERANDO que o enquadramento dos corpos de água deve estar baseado não necessariamente no seu estado atual, mas nos níveis de qualidade que deveriam possuir paraatender às necessidades da comunidade; CONSIDERANDO que a saúde e o bem-estar humano, bem como o equilíbrio ecológico aquático,não devem ser afetados pela deterioração da qualidade das águas; CONSIDERANDO a necessidade de se criar instrumentos para avaliar a evolução da qualidadedas águas, em relação às classes estabelecidas no enquadramento, de forma a facilitar a fixação econtrole de metas visando atingir gradativamente os objetivos propostos; CONSIDERANDO a necessidade de se reformular a classificação existente, para melhor distribuiros usos das águas, melhor especificar as condições e padrões de qualidade requeridos, semprejuízo de posterior aperfeiçoamento; e CONSIDERANDO que o controle da poluição está diretamente relacionado com a proteção dasaúde, garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado e a melhoria da qualidade de vida,levando em conta os usos prioritários e classes de qualidade ambiental exigidos para um determinado corpo de água;

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RESOLVE: Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramentodos corpos de água superficiais, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes.

CAPÍTULO I Das Definições Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 %; II - águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 % inferior a 30 5%; III - águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 %; IV - ambiente lêntico: ambiente que se refere à água parada, com movimento lento ou estagnado; V - ambiente lótico: ambiente relativo a águas continentais moventes; VI - aqüicultura: o cultivo ou a criação de organismos cujo ciclo de vida, em condições naturais,ocorre total ou parcialmente em meio aquático; VII - carga poluidora: quantidade de determinado poluente transportado ou lançado em um corpode água receptor, expressa em unidade de massa por tempo; VIII - cianobactérias: microorganismos procarióticos autotróficos, também denominados comocianofíceas (algas azuis) capazes de ocorrer em qualquer manancial superficial especialmentenaqueles com elevados níveis de nutrientes (nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas com efeitos adversos a saúde; IX - classe de qualidade: conjunto de condições e padrões de qualidade de água necessários aoatendimento dos usos preponderantes, atuais ou futuros; X - classificação: qualificação das águas doces, salobras e salinas em função dos usospreponderantes (sistema de classes de qualidade) atuais e futuros; XI - coliformes termotolerantes: bactérias gram-negativas, em forma de bacilos, oxidase-negativas, caracterizadas pela atividade da enzima ?-galactosidase. Podem crescer em meios contendo agentes tenso-ativos e fermentar a lactose nas temperaturas de 44? - 45?C, com produção de ácido, gás e aldeído. Além de estarem presentes em fezes humanas e de animais homeotérmicos,ocorrem em solos, plantas ou outras matrizes ambientais que não tenham sido contaminados pormaterial fecal; XII - condição de qualidade: qualidade apresentada por um segmento de corpo d'água, numdeterminado momento, em termos dos usos possíveis com segurança adequada, frente às Classes de Qualidade; XIII - condições de lançamento: condições e padrões de emissão adotados para o controle delançamentos de efluentes no corpo receptor; XIV - controle de qualidade da água: conjunto de medidas operacionais que visa avaliar a melhoria e a conservação da qualidade da água estabelecida para o corpo de água; XV - corpo receptor: corpo hídrico superficial que recebe o lançamento de um efluente; XVI - desinfecção: remoção ou inativação de organismos potencialmente patogênicos; XVII - efeito tóxico agudo: efeito deletério aos organismos vivos causado por agentes físicos ouquímicos, usualmente letalidade ou alguma outra manifestação que a antecede, em um curtoperíodo de exposição; XVIII - efeito tóxico crônico: efeito deletério aos organismos vivos causado por agentes físicos ou químicos que afetam uma ou várias funções biológicas dos organismos, tais como a reprodução, ocrescimento e o comportamento, em um período de exposição que pode abranger a totalidade deseu ciclo de vida ou parte dele; XIX - efetivação do enquadramento: alcance da meta final do enquadramento; XX - enquadramento: estabelecimento da meta ou objetivo de qualidade da água (classe) a ser,obrigatoriamente, alcançado ou mantido em um segmento de corpo de água, de acordo com os usos preponderantes pretendidos, ao longo do tempo; XXI - ensaios ecotoxicológicos: ensaios realizados para determinar o efeito deletério de agentesfísicos ou químicos a diversos organismos aquáticos; XXII - ensaios toxicológicos: ensaios realizados para determinar o efeito deletério de agentes físicos ou químicos a diversos organismos visando avaliar o potencial de risco à saúde humana; XXIII - escherichia coli (E.Coli): bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae caracterizadapela atividade da enzima ?-glicuronidase. Produz indol a partir do aminoácido triptofano. É a única

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espécie do grupo dos coliformes termotolerantes cujo habitat exclusivo é o intestino humano e deanimais homeotérmicos, onde ocorre em densidades elevadas; XXIV - metas: é o desdobramento do objeto em realizações físicas e atividades de gestão, deacordo com unidades de medida e cronograma preestabelecidos, de caráter obrigatório; XXV - monitoramento: medição ou verificação de parâmetros de qualidade e quantidade de água, que pode ser contínua ou periódica, utilizada para acompanhamento da condição e controle daqualidade do corpo de água; XXVI - padrão: valor limite adotado como requisito normativo de um parâmetro de qualidade deágua ou efluente; XXVII - parâmetro de qualidade da água: substancias ou outros indicadores representativos daqualidade da água; XXVIII - pesca amadora: exploração de recursos pesqueiros com fins de lazer ou desporto; XXIX - programa para efetivação do enquadramento: conjunto de medidas ou ações progressivas e obrigatórias, necessárias ao atendimento das metas intermediárias e final de qualidade de águaestabelecidas para o enquadramento do corpo hídrico; XXX - recreação de contato primário: contato direto e prolongado com a água (tais como natação, mergulho, esqui-aquático) na qual a possibilidade do banhista ingerir água é elevada; XXXI - recreação de contato secundário: refere-se àquela associada a atividades em que o contato com a água é esporádico ou acidental e a possibilidade de ingerir água é pequena, como na pesca e na navegação (tais como iatismo); XXXII - tratamento avançado: técnicas de remoção e/ou inativação de constituintes refratários aosprocessos convencionais de tratamento, os quais podem conferir à água características, tais como: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou patogênica; XXXIII - tratamento convencional: clarificação com utilização de coagulação e floculação, seguidade desinfecção e correção de pH; XXXIV - tratamento simplificado: clarificação por meio de filtração e desinfecção e correção de pH quando necessário; XXXV - tributário (ou curso de água afluente): corpo de água que flui para um rio maior ou para umlago ou reservatório; XXXVI - vazão de referência: vazão do corpo hídrico utilizada como base para o processo de gestão, tendo em vista o uso múltiplo das águas e a necessária articulação das instâncias doSistema Nacional de Meio Ambiente-SISNAMA e do Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hídricos-SINGRH; XXXVII - virtualmente ausentes: que não é perceptível pela visão, olfato ou paladar; e XXXVIII - zona de mistura: região do corpo receptor onde ocorre a diluição inicial de um efluente.

CAPÍTULO II

Da Classificação dos Corpos de Água Art. 3º As águas doces, salobras e salinas do Território Nacional são classificadas, segundo a qualidade requerida para os seus usos preponderantes, em treze classes de qualidade. Parágrafo único - As águas de melhor qualidade podem ser aproveitadas em uso menos exigente,desde que este não prejudique a qualidade da água, atendidos outros requisitos pertinentes. SEÇÃO I Das Águas Doces Art. 4º As águas doces são classificadas em: I - classe especial: águas destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção; b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e, c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral. II - classe 1: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conformeResolução CONAMA no 274, de 2000; d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes aosolo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

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III - classe 2: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conformeResolução CONAMA nº 274, de 2000; d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, comos quais o público possa vir a ter contato direto; e e) à aqüicultura e à atividade de pesca. IV - classe 3: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; c) à pesca amadora; d) à recreação de contato secundário; e e) à dessedentação de animais. V - classe 4: águas que podem ser destinadas: a) à navegação; e b) à harmonia paisagística. SEÇÃO II Das Águas Salinas Art. 5º As águas salinas são assim classificadas: I - classe especial: águas destinadas: a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral; e b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. II - classe 1: águas que podem ser destinadas: a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; b) à proteção das comunidades aquáticas; e c) à aqüicultura e à atividade de pesca. III - classe 2: águas que podem ser destinadas: a) à pesca amadora; e b) à recreação de contato secundário. IV - classe 3: águas que podem ser destinadas: a) à navegação; e b) à harmonia paisagística. SEÇÃO III Das Águas Salobras Art. 6º As águas salobras são assim classificadas: I - classe especial: águas destinadas: a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral; e, b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. II - classe 1: águas que podem ser destinadas: a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à aqüicultura e à atividade de pesca; d) ao abastecimento para consumo humano após tratamento convencional ou avançado; e e) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação de parques, jardins,campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto. III - classe 2: águas que podem ser destinadas: a) à pesca amadora; e b) à recreação de contato secundário. IV - classe 3: águas que podem ser destinadas: a) à navegação; e b) à harmonia paisagística.

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CAPÍTULO III

Das Condições e Padrões de Qualidade das Águas SEÇÃO I Das Disposições Gerais Art. 7º Os padrões de qualidade das águas determinados nesta Resolução estabelecem limitesindividuais para cada substância em cada classe. Parágrafo único - Eventuais interações entre substâncias, especificadas ou não nesta Resolução,não poderão conferir às águas características capazes de causar efeitos letais ou alteração de comportamento, reprodução ou fisiologia da vida, bem como de restringir os usos preponderantesprevistos, ressalvado o disposto no § 3º do art. 34, desta Resolução. Art. 8º O conjunto de parâmetros de qualidade de água selecionado para subsidiar a proposta deenquadramento deverá ser monitorado periodicamente pelo Poder Público. § 1º Também deverão ser monitorados os parâmetros para os quais haja suspeita da sua presençaou não conformidade. § 2º Os resultados do monitoramento deverão ser analisados estatisticamente e as incertezas demedição consideradas. § 3º A qualidade dos ambientes aquáticos poderá ser avaliada por indicadores biológicos, quandoapropriado, utilizando-se organismos e/ou comunidades aquáticas. § 4º As possíveis interações entre as substâncias e a presença de contaminantes não listadosnesta Resolução, passíveis de causar danos aos seres vivos, deverão ser investigadas utilizando-se ensaios ecotoxicológicos, toxicológicos, ou outros métodos cientificamente reconhecidos. § 5º Na hipótese dos estudos referidos no parágrafo anterior tornarem-se necessários em decorrência da atuação de empreendedores identificados, as despesas da investigação correrão assuas expensas. § 6º Para corpos de água salobras continentais, onde a salinidade não se dê por influência diretamarinha, os valores dos grupos químicos de nitrogênio e fósforo serão os estabelecidos nasclasses correspondentes de água doce. Art. 9º A análise e avaliação dos valores dos parâmetros de qualidade de água de que trata esta Resolução serão realizadas pelo Poder Público, podendo ser utilizado laboratório próprio,conveniado ou contratado, que deverá adotar os procedimentos de controle de qualidade analíticanecessários ao atendimento das condições exigíveis. § 1º Os laboratórios dos órgãos competentes deverão estruturar-se para atenderem ao disposto nesta Resolução. § 2º Nos casos onde a metodologia analítica disponível for insuficiente para quantificar asconcentrações dessas substâncias nas águas, os sedimentos e/ou biota aquática poderão serinvestigados quanto à presença eventual dessas substâncias. Art. 10. Os valores máximos estabelecidos para os parâmetros relacionados em cada uma dasclasses de enquadramento deverão ser obedecidos nas condições de vazão de referência. § 1º Os limites de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), estabelecidos para as águas doces declasses 2 e 3, poderão ser elevados, caso o estudo da capacidade de autodepuração do corporeceptor demonstre que as concentrações mínimas de oxigênio dissolvido (OD) previstas nãoserão desobedecidas, nas condições de vazão de referência, com exceção da zona de mistura. § 2º Os valores máximos admissíveis dos parâmetros relativos às formas químicas de nitrogênio efósforo, nas condições de vazão de referência, poderão ser alterados em decorrência de condiçõesnaturais, ou quando estudos ambientais específicos, que considerem também a poluição difusa,comprovem que esses novos limites não acarretarão prejuízos para os usos previstos no enquadramento do corpo de água. § 3º Para águas doces de classes 1 e 2, quando o nitrogênio for fator limitante para eutrofização,nas condições estabelecidas pelo órgão ambiental competente, o valor de nitrogênio total (apósoxidação) não deverá ultrapassar 1,27 mg/L para ambientes lênticos e 2,18 mg/L para ambienteslóticos, na vazão de referência. § 4º O disposto nos §§ 2º e 3º não se aplica às baías de águas salinas ou salobras, ou outroscorpos de água em que não seja aplicável a vazão de referência, para os quais deverão ser elaborados estudos específicos sobre a dispersão e assimilação de poluentes no meio hídrico.

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Art. 11. O Poder Público poderá, a qualquer momento, acrescentar outras condições e padrões dequalidade, para um determinado corpo de água, ou torná-los mais restritivos, tendo em vista as condições locais, mediante fundamentação técnica. Art. 12. O Poder Público poderá estabelecer restrições e medidas adicionais, de caráterexcepcional e temporário, quando a vazão do corpo de água estiver abaixo da vazão de referência. Art. 13. Nas águas de classe especial deverão ser mantidas as condições naturais do corpo deágua. SEÇÃO II Das Águas Doces Art. 14. As águas doces de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões: I - condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidospelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionaisrenomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro métodocientificamente reconhecido. b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes; c) óleos e graxas: virtualmente ausentes; d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes; e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes; f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverão ser obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução CONAMA nº 274, de 2000.Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 200 coliformes termotolerantes por 100mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformestermotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; h) DBO 5 dias a 20ºC até 3 mg/L O2; i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2; j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT); l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/L; e m) pH: 6,0 a 9,0. II - Padrões de qualidade de água:

TABELA I - CLASSE 1. ÁGUAS DOCES PADRÕES PARÂMETROS VALOR MÁXIMO Clorofila a 10 µg/L Densidade de cianobactérias 20.000 cel/mL ou 2 Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al Antimônio 0,005mg/L Sb Arsênio total 0,01 mg/L As Bário total 0,7 mg/L Ba Berílio total 0,04 mg/L Be Boro total 0,5 mg/L B Cádmio total 0,001 mg/L Cd Chumbo total 0,01mg/L Pb Cianeto livre 0,005 mg/L CN Cloreto total 250 mg/L Cl Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl Cobalto total 0,05 mg/L Co Cobre dissolvido 0,009 mg/L Cu Cromo total 0,05 mg/L Cr

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Cromo total 0,05 mg/L Cr Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe Fluoreto total 1,4 mg/L F Fósforo total (ambiente lêntico) 0,020 mg/L P Fósforo total (ambiente intermediário, com tempo de residênciaentre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico)

0,025 mg/L P

Fósforo total (ambiente lótico e tributários de ambientesintermediários)

0,1 mg/L P

Lítio total 2,5 mg/L Li Manganês total 0,1 mg/L Mn Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg Níquel total 0,025 mg/L Ni Nitrato 10,0 mg/L N Nitrito 1,0 mg/L N Nitrogênio amoniacal total 3,7mg/L N, para pH £

7,5 2,0 mg/L N, para 7,5 < pH £ 8,0 1,0 mg/L N, para 8,0 < pH £ 8,5 0,5 mg/L N, para pH > 8,5

Prata total 0,01 mg/L Ag Selênio total 0,01 mg/L Se Sulfato total 250 mg/L SO4 Sulfeto (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S Urânio total 0,02 mg/L U Vanádio total 0,1 mg/L V Zinco total 0,18 mg/L Zn PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Acrilamida 0,5 µg/L Alacloro 20 µg/L Aldrin + Dieldrin 0,005 µg/L Atrazina 2 µg/L Benzeno 0,005 mg/L Benzidina 0,001 µg/L Benzo(a)antraceno 0,05 µg/L Benzo(a)pireno 0,05 µg/L Benzo(b)fluoranteno 0,05 µg/L Benzo(k)fluoranteno 0,05 µg/L Carbaril 0,02 µg/L Clordano (cis + trans) 0,04 µg/L 2-Clorofenol 0,1 µg/L Criseno 0,05 µg/L 2,4-D 4,0 µg/L Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L Dibenzo(a,h)antraceno 0,05 µg/L 1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L 1,1-Dicloroeteno 0,003 mg/L 2,4-Diclorofenol 0,3 µg/L Diclorometano 0,02 mg/L DDT (p,p'-DDT + p,p'-DDE + p,p'-DDD) 0,002 µg/L Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L Endossulfan (a + b + sulfato) 0,056 µg/L Endrin 0,004 µg/L Estireno 0,02 mg/L Etilbenzeno 90,0 µg/L

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Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina) 0,003 mg/L C6H5OHGlifosato 65 µg/L Gution 0,005 µg/L Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,01 µg/L Hexaclorobenzeno 0,0065 µg/L Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,05 µg/L Lindano (g-HCH) 0,02 µg/L Malation 0,1 µg/L Metolacloro 10 µg/L Metoxicloro 0,03 µg/L Paration 0,04 µg/L PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 µg/L Pentaclorofenol 0,009 mg/L Simazina 2,0 µg/L Substâncias tensoativas que reagem com o azul de metileno 0,5 mg/L LAS 2,4,5-T 2,0 µg/L Tetracloreto de carbono 0,002 mg/L Tetracloroeteno 0,01 mg/L Tolueno 2,0 µg/L Toxafeno 0,01 µg/L 2,4,5-TP 10,0 µg/L Tributilestanho 0,063 µg/L TBT Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 0,02 mg/L Tricloroeteno 0,03 mg/L 2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L Trifluralina 0,2 µg/L Xileno 300 µg/L

III - Nas águas doces onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:

TABELA II - CLASSE 1. ÁGUAS DOCES PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO DE ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Arsênio total 0,14 µg/L As PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Benzidina 0,0002 µg/L Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L Benzo(a)pireno 0,018 µg/L Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L Criseno 0,018 µg/L Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L 3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/L PCBs - Bifenilas policloradas 0,000064 µg/L Pentaclorofenol 3,0 µg/L Tetracloreto de carbono 1,6 µg/L Tetracloroeteno 3,3 µg/L Toxafeno 0,00028 µg/L 2,4,6-triclorofenol 2,4 µg/L

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Art. 15. Aplicam-se às águas doces de classe 2 as condições e padrões da classe 1 previstos no artigo anterior, à exceção do seguinte: I - não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejamremovíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais; II - coliformes termotolerantes: para uso de recreação de contato primário deverá ser obedecida aResolução CONAMA nº 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de1.000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 (seis)amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. coli poderá serdeterminada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limitesestabelecidos pelo órgão ambiental competente; III - cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; IV - turbidez: até 100 UNT; V - DBO 5 dias a 20ºC até 5 mg/L O2; VI - OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/L O2; VII - clorofila a: até 30 ìg/L; VIII - densidade de cianobactérias: até 50000 cel/mL ou 5 mm3/L; e, IX - fósforo total: a) até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e, b) até 0,050 mg/L, em ambientes intermediários, com tempo de residência entre 2 e 40 dias, etributários diretos de ambiente lêntico. Art. 16. As águas doces de classe 3 observarão as seguintes condições e padrões: I - condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os critérios estabelecidospelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionaisrenomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro métodocientificamente reconhecido; b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes; c) óleos e graxas: virtualmente ausentes; d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes; e) não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejamremovíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais; f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato secundário não deverá serexcedido um limite de 2500 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelomenos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. Para dessedentação de animais criados confinados não deverá ser excedido o limite de 1000 coliformestermotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas durante operíodo de um ano, com freqüência bimestral. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 4000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6amostras coletadas durante o período de um ano, com periodicidade bimestral. A E. Coli poderáser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limitesestabelecidos pelo órgão ambiental competente; h) cianobactérias para dessedentação de animais: os valores de densidade de cianobactérias nãodeverão exceder 50.000 cel/ml, ou 5mm3/L; i) DBO 5 dias a 20ºC até 10 mg/L O2; j) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/L O2; l) turbidez até 100 UNT; m) cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; e, n) pH: 6,0 a 9,0. II - Padrões de qualidade de água:

TABELA III - CLASSE 3. ÁGUAS DOCES PADRÕES PARÂMETROS Valor MÁXIMO Clorofila a 60 µg/L Densidade de cianobactérias 100.000 cel/mL ou Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Alumínio dissolvido 0,2 mg/L Al

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Alumínio dissolvido 0,2 mg/L Al Arsênio total 0,033 mg/L As Bário total 1,0 mg/L Ba Berílio total 0,1 mg/L Be Boro total 0,75 mg/L B Cádmio total 0,01 mg/L Cd Chumbo total 0,033 mg/L Pb Cianeto livre 0,022 mg/L CN Cloreto total 250 mg/L Cl Cobalto total 0,2 mg/L Co Cobre dissolvido 0,013 mg/L Cu Cromo total 0,05 mg/L Cr Ferro dissolvido 5,0 mg/L Fe Fluoreto total 1,4 mg/L F Fósforo total (ambiente lêntico) 0,05 mg/L P Fósforo total (ambiente intermediário, com tempo de residênciaentre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico)

0,075 mg/L P

Fósforo total (ambiente lótico e tributários de ambientesintermediários)

0,15 mg/L P

Lítio total 2,5 mg/L Li Manganês total 0,5 mg/L Mn Mercúrio total 0,002 mg/L Hg Níquel total 0,025 mg/L Ni Nitrato 10,0 mg/L N Nitrito 1,0 mg/L N Nitrogênio amoniacal total

13,3 mg/L N, para pH £ 7,5 5,6 mg/L N, para 7,5 < pH £ 8,0 2,2 mg/L N, para 8,0 < pH £ 8,5 1,0 mg/L N, para pH >8,5

Prata total 0,05 mg/L Ag Selênio total 0,05 mg/L Se Sulfato total 250 mg/L SO4 Sulfeto (como H2S não dissociado) 0,3 mg/L S Urânio total 0,02 mg/L U Vanádio total 0,1 mg/L V Zinco total 5 mg/L Zn PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Aldrin + Dieldrin 0,03 µg/L Atrazina 2 µg/L Benzeno 0,005 mg/L Benzo(a)pireno 0,7 µg/L Carbaril 70,0 µg/L Clordano (cis + trans) 0,3 µg/L 2,4-D 30,0 µg/L DDT (p,p'-DDT + p,p'-DDE + p,p'- DDD) 1,0 µg/L Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 14,0 µg/L 1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L 1,1-Dicloroeteno 30 µg/L Dodecacloro Pentaciclodecano 0,001 µg/L Endossulfan (a + b + sulfato) 0,22 µg/L Endrin 0,2 µg/L Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina) 0,01 mg/L C6H5OH Glifosato 280 µg/L

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Gution 0,005 µg/L Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,03 µg/L Lindano (g-HCH) 2,0 µg/L Malation 100,0 µg/L Metoxicloro 20,0 µg/L Paration 35,0 µg/L PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 µg/L Pentaclorofenol 0,009 mg/L Substâncias tenso-ativas que reagem com o azul de metileno 0,5 mg/L LAS 2,4,5-T 2,0 µg/L Tetracloreto de carbono 0,003 mg/L Tetracloroeteno 0,01 mg/L Toxafeno 0,21 µg/L 2,4,5-TP 10,0 µg/L Tributilestanho 2,0 µg/L TBT Tricloroeteno 0,03 mg/L 2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L

Art. 17. As águas doces de classe 4 observarão as seguintes condições e padrões: I - materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes; II - odor e aspecto: não objetáveis; III - óleos e graxas: toleram-se iridescências; IV - substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento de canais denavegação: virtualmente ausentes; V - fenóis totais (substâncias que reagem com 4. aminoantipirina) até 1,0 mg/L de C6H5OH; VI - OD, superior a 2,0 mg/L O2 em qualquer amostra; e, VII - pH: 6,0 a 9,0. SEÇÃO III Das Águas Salinas Art. 18. As águas salinas de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões: I - condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidospelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionaisrenomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido; b) materiais flutuantes virtualmente ausentes; c) óleos e graxas: virtualmente ausentes; d) substâncias que produzem odor e turbidez: virtualmente ausentes; e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes; f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; g) coliformes termolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverá ser obedecida aResolução CONAMA nº 274, de 2000. Para o cultivo de moluscos bivalves destinados à alimentação humana, a média geométrica da densidade de coliformes termotolerantes, de ummínimo de 15 amostras coletadas no mesmo local, não deverá exceder 43 por 100 mililitros, e opercentil 90% não deverá ultrapassar 88 coliformes termolerantes por 100 mililitros. Esses índices deverão ser mantidos em monitoramento anual com um mínimo de 5 amostras. Para os demaisusos não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termolerantes por 100 mililitros em80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com periodicidadebimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformestermotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; h) carbono orgânico total até 3 mg/L, como C; i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2; e j) pH: 6,5 a 8,5, não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unidade.

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II - Padrões de qualidade de água:

TABELA IV - CLASSE 1. ÁGUAS SALINAS PADRÕES PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Alumínio dissolvido 1,5 mg/L Al Arsênio total 0,01 mg/L As Bário total 1,0 mg/L Ba Berílio total 5,3 µg/L Be Boro total 5,0 mg/L B Cádmio total 0,005 mg/L Cd Chumbo total 0,01 mg/L Pb Cianeto livre 0,001 mg/L CN Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu Cromo total 0,05 mg/L Cr Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe Fluoreto total 1,4 mg/L F Fósforo Total 0,062 mg/L P Manganês total 0,1 mg/L Mn Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg Níquel total 0,025 mg/L Ni Nitrato 0,40 mg/L N Nitrito 0,07 mg/L N Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N Polifosfatos (determinado pela diferença entre0,031 mg/L P Prata total 0,005 mg/L Ag Selênio total 0,01 mg/L Se Sulfetos (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S Tálio total 0,1 mg/L Tl Urânio Total 0,5 mg/L U Zinco total 0,09 mg/L Zn PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Aldrin + Dieldrin 0,0019 µg/L Benzeno 700 µg/L Carbaril 0,32 µg/L Clordano (cis + trans) 0,004 µg/L 2,4-D 30,0 µg/L DDT (p,p'-DDT+ p,p'-DDE + p,p'- DDD) 0,001 µg/L Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L Endossulfan (a + b + sulfato) 0,01 µg/L Endrin 0,004 µg/L Etilbenzeno 25 µg/L Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-60 µg/L C6H5OH Gution 0,01 µg/L Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 µg/L Lindano (g-HCH) 0,004 µg/L Malation 0,1 µg/L Metoxicloro 0,03 µg/L Monoclorobenzeno 25 µg/L Pentaclorofenol 7,9 µg/L PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 µg/L

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PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 µg/L Substâncias tensoativas que reagem com o azulde metileno

0,2 mg/L LAS

2,4,5-T 10,0 µg/L Tolueno 215 µg/L Toxafeno 0,0002 µg/L 2,4,5-TP 10,0 µg/L Tributilestanho 0,01 µg/L TBT Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4- TCB) 80 µg/L Tricloroeteno 30,0 µg/L

III - Nas águas salinas onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumointensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:

TABELA V - CLASSE 1. ÁGUAS SALINAS PADRÕES para CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA pesca ou cultivode organismos para fins de consumo intensivo PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Arsênio total 0,14 µg/L As PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Benzeno 51 µg/L Benzidina 0,0002 µg/L Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L Benzo(a)pireno 0,018 µg/L Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L 2-Clorofenol 150 µg/L 2,4-Diclorofenol 290 µg/L Criseno 0,018 µg/L Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L 1,2-Dicloroetano 37 µg/L 1,1-Dicloroeteno 3 µg/L 3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L<, /DIV> Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/L PCBs - Bifenilas Policloradas 0,000064 µg/L Pentaclorofenol 3,0 µg/L Tetracloroeteno 3,3 µg/L 2,4,6-Triclorofenol 2,4 µg/L

Art. 19. Aplicam-se às águas salinas de classe 2 as condições e padrões de qualidade da classe 1,previstos no artigo anterior, à exceção dos seguintes: I - condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os critérios estabelecidospelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionaisrenomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro métodocientificamente reconhecido; b) coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 2500 por 100 mililitros em 80%ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformestermotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; c) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como C; e d) OD, em qualquer amostra, não inferior a 5,0 mg/L O2. II - Padrões de qualidade de água:

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TABELA VI - CLASSE 2. ÁGUAS SALINAS PADRÕES PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Arsênio total 0,069 mg/L As Cádmio total 0,04 mg/L Cd Chumbo total 0,21 mg/L Pb Cianeto livre 0,001 mg/L CN Cloro residual total (combinado + livre) 19 µg/L Cl Cobre dissolvido 7,8 µg/L Cu Cromo total 1,1 mg/L Cr Fósforo total 0,093 mg/L P Mercúrio total 1,8 µg/L Hg Níquel 74 µg/L Ni Nitrato 0,70 mg/L N Nitrito 0,20 mg/L N Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N Polifosfatos (determinado pela diferença entrefósforo ácido hidrolisável total e fósforo reativototal)

0,0465 mg/L P

Selênio total 0,29 mg/L Se Zinco total 0,12 mg/L Zn PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Aldrin + Dieldrin 0,03 µg/L Clordano (cis + trans) 0,09 µg/L DDT (p-p'DDT + p-p'DDE + p-p'DDD) 0,13 µg/L Endrin 0,037 µg/L Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,053 µg/L Lindano (g-HCH) 0,16 µg/L Pentaclorofenol 13,0 µg/L Toxafeno 0,210 µg/L Tributilestanho 0,37 µg/L TBT

Art. 20. As águas salinas de classe 3 observarão as seguintes condições e padrões: I - materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes; II - óleos e graxas: toleram-se iridescências; III - substâncias que produzem odor e turbidez: virtualmente ausentes; IV - corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes; V - resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; VI - coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 4.000 coliformestermotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante operíodo de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição aoparâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; VII - carbono orgânico total: até 10 mg/L, como C; VIII - OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/ L O2; e IX - pH: 6,5 a 8,5 não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unidades. SEÇÃO IV Das Águas Salobras Art. 21. As águas salobras de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões: I - condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidospelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionaisrenomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro métodocientificamente reconhecido; b) carbono orgânico total: até 3 mg/L, como C;

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c) OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/ L O2; d) pH: 6,5 a 8,5; e) óleos e graxas: virtualmente ausentes; f) materiais flutuantes: virtualmente ausentes; g) substâncias que produzem cor, odor e turbidez: virtualmente ausentes; h) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; e i) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverá ser obedecida aResolução CONAMA nº 274, de 2000. Para o cultivo de moluscos bivalves destinados àalimentação humana, a média geométrica da densidade de coliformes termotolerantes, de um mínimo de 15 amostras coletadas no mesmo local, não deverá exceder 43 por 100 mililitros, e opercentil 90% não deverá ultrapassar 88 coliformes termolerantes por 100 mililitros. Esses índicesdeverão ser mantidos em monitoramento anual com um mínimo de 5 amostras. Para a irrigação dehortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejamingeridas cruas sem remoção de película, bem como para a irrigação de parques, jardins, camposde esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto, não deverá ser excedido ovalor de 200 coliformes termotolerantes por 100mL. Para os demais usos não deverá ser excedidoum limite de 1.000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. coli poderá serdeterminada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limitesestabelecidos pelo órgão ambiental competente. II - Padrões de qualidade de água:

TABELA VII - Classe 1. ÁGUAS SALOBRAS PADRÕES PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al Arsênio total 0,01 mg/L As Berílio total 5,3 µg/L Be Boro 0,5 mg/L B Cádmio total 0,005 mg/L Cd Chumbo total 0,01 mg/L Pb Cianeto livre 0,001 mg/L CN Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu Cromo total 0,05 mg/L Cr Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe Fluoreto total 1,4 mg/L F Fósforo total 0,124 mg/L P Manganês total 0,1 mg/L Mn Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg Níquel total 0,025 mg/L Ni Nitrato 0,40 mg/L N Nitrito 0,07 mg/L N Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N Polifosfatos (determinado pela diferença0,062 mg/L P Prata total 0,005 mg/L Ag Selênio total 0,01 mg/L Se Sulfetos (como H2S não dissociado) 0,002 mg/L S Zinco total 0,09 mg/L Zn PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Aldrin + dieldrin 0,0019 µg/L Benzeno 700 µg/L Carbaril 0,32 µg/L Clordano (cis + trans) 0,004 µg/L 2,4-D 10,0 µg/L DDT (p,p'DDT+ p,p'DDE + p,p'DDD) 0,001 µg/L Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L

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Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L Endrin 0,004 µg/L Endossulfan (a + b + sulfato) 0,01 µg/L Etilbenzeno 25,0 µg/L Fenóis totais (substâncias que reagem com4-aminoantipirina)

0,003 mg/L C6H5OH

Gution 0,01 µg/L Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 µg/L Lindano (g-HCH) 0,004 µg/L Malation 0,1 µg/L Metoxicloro 0,03 µg/L Monoclorobenzeno 25 µg/L Paration 0,04 µg/L Pentaclorofenol 7,9 µg/L PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 µg/L Substâncias tensoativas que reagem comazul de metileno

0,2 LAS

2,4,5-T 10,0 µg/L Tolueno 215 µg/L Toxafeno 0,0002 µg/L 2,4,5-TP 10,0 µg/L Tributilestanho 0,010 µg/L TBT Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 80,0 µg/L

III - Nas águas salobras onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumointensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:

TABELA VIII - Classe 1. ÁGUAS SALOBRAS Padrões para corpos de água onde haja pesca ou cultivo deorganismos para fins de consumo intensivo PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Arsênio total 0,14 µg/L As PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Benzeno 51 µg/L Benzidina 0,0002 µg/L Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L Benzo(a)pireno 0,018 µg/L Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L 2-Clorofenol 150 µg/L Criseno 0,018 µg/L Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L 2,4-Diclorofenol 290 µg/L 1,1-Dicloroeteno 3,0 µg/L 1,2-Dicloroetano 37,0 µg/L 3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/L Pentaclorofenol 3,0 µg/L PCBs - Bifenilas Policloradas 0,000064 µg/L Tetracloroeteno 3,3 µg/L Tricloroeteno 30 µg/L 2,4,6-Triclorofenol 2,4 µg/L

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Art. 22. Aplicam-se às águas salobras de classe 2 as condições e padrões de qualidade da classe1, previstos no artigo anterior, à exceção dos seguintes: I - condições de qualidade de água: a) não verificação de efeito tóxico agudo a organismos, de acordo com os critérios estabelecidospelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionaisrenomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro métodocientificamente reconhecido; b) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como C; c) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/L O2; e d) coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 2500 por 100 mililitros em 80%ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüênciabimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformestermotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente. II - Padrões de qualidade de água:

TABELA IX - CLASSE 2. ÁGUAS SALOBRAS PADRÕES PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Arsênio total 0,069 mg/L As Cádmio total 0,04 mg/L Cd Chumbo total 0,210 mg/L Pb Cromo total 1,1 mg/L Cr Cianeto livre 0,001 mg/L CN Cloro residual total (combinado + li e)- 19,0 µg/L Cl Cobre dissolvido 7,8 µg/L Cu Fósforo total 0,186 mg/L P Mercúrio total 1,8 µg/L Hg Níquel total 74,0 µg/L Ni Nitrato 0,70 mg/L N Nitrito 0,20 mg/L N Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N Polifosfatos (determinado pela diferen- ça entrefósforo ácido hidrolisável total e fósforo reativototal)

0,093 mg/L P

Selênio total 0,29 mg/L Se Zinco total 0,12 mg/L Zn PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Aldrin + Dieldrin 0,03 µg/L Clordano (cis + trans) 0,09 µg/L DDT (p-p'DDT + p-p'DDE + p-p'DDD) 0,13 µg/L Endrin 0,037 µg/L Heptacloro epóxido+ Heptacloro 0,053 µg/L Lindano (g-HCH) 0,160 µg/L Pentaclorofenol 13,0 µg/L Toxafeno 0,210 µg/L Tributilestanho 0,37 µg/L TBT

Art. 23. As águas salobras de classe 3 observarão as seguintes condições e padrões: I - pH: 5 a 9; II - OD, em qualquer amostra, não inferior a 3 mg/L O2; III - óleos e graxas: toleram-se iridescências; IV - materiais flutuantes: virtualmente ausentes; V - substâncias que produzem cor, odor e turbidez: virtualmente ausentes; VI - substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento de canais denavegação: virtualmente ausentes; VII - coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 4.000 coliformes

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termotolerantes por 100 mL em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas durante operíodo de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição aoparâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambientalcompetente; e VIII - carbono orgânico total até 10,0 mg/L, como C.

CAPÍTULO IV

Das Condições e Padrões de Lançamento de Efluentes Art. 24. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ouindiretamente, nos corpos de água, após o devido tratamento e desde que obedeçam àscondições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis. Parágrafo único - O órgão ambiental competente poderá, a qualquer momento: I - acrescentar outras condições e padrões, ou torná-los mais restritivos, tendo em vista as condições locais, mediante fundamentação técnica; e II - exigir a melhor tecnologia disponível para o tratamento dos efluentes, compatível com as condições do respectivo curso de água superficial, mediante fundamentação técnica. Art. 25. É vedado o lançamento e a autorização de lançamento de efluentes em desacordo com ascondições e padrões estabelecidos nesta Resolução. Parágrafo único - O órgão ambiental competente poderá, excepcionalmente, autorizar olançamento de efluente acima das condições e padrões estabelecidos no art. 34, desta Resolução,desde que observados os seguintes requisitos: I - comprovação de relevante interesse público, devidamente motivado; II - atendimento ao enquadramento e às metas intermediárias e finais, progressivas e obrigatórias;III - realização de Estudo de Impacto Ambiental-EIA, às expensas do empreendedor responsável pelo lançamento; IV - estabelecimento de tratamento e exigências para este lançamento; e V - fixação de prazo máximo para o lançamento excepcional. Art. 26. Os órgãos ambientais federal, estaduais e municipais, no âmbito de sua competência,deverão, por meio de norma específica ou no licenciamento da atividade ou empreendimento,estabelecer a carga poluidora máxima para o lançamento de substâncias passíveis de estarempresentes ou serem formadas nos processos produtivos, listadas ou não no art. 34, destaResolução, de modo a não comprometer as metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final,estabelecidas pelo enquadramento para o corpo de água. § 1º No caso de empreendimento de significativo impacto, o órgão ambiental competente exigirá,nos processos de licenciamento ou de sua renovação, a apresentação de estudo de capacidade desuporte de carga do corpo de água receptor. § 2º O estudo de capacidade de suporte deve considerar, no mínimo, a diferença entre os padrõesestabelecidos pela classe e as concentrações existentes no trecho desde a montante, estimando a concentração após a zona de mistura. § 3º Sob pena de nulidade da licença expedida, o empreendedor, no processo de licenciamento,informará ao órgão ambiental as substâncias, entre aquelas previstas nesta Resolução para padrões de qualidade de água, que poderão estar contidas no seu efluente. § 4º O disposto no § 1º aplica-se também às substâncias não contempladas nesta Resolução,exceto se o empreendedor não tinha condições de saber de sua existência nos seus efluentes. Art. 27. É vedado, nos efluentes, o lançamento dos Poluentes Orgânicos Persistentes-POPs mencionados na Convenção de Estocolmo, ratificada pelo Decreto Legislativo nº 204, de 7 de maiode 2004. Parágrafo único - Nos processos onde possa ocorrer a formação de dioxinas e furanos deverá ser utilizada a melhor tecnologia disponível para a sua redução, até a completa eliminação. Art. 28. Os efluentes não poderão conferir ao corpo de água características em desacordo com asmetas obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do seu enquadramento. § 1º As metas obrigatórias serão estabelecidas mediante parâmetros. § 2º Para os parâmetros não incluídos nas metas obrigatórias, os padrões de qualidade a seremobedecidos são os que constam na classe na qual o corpo receptor estiver enquadrado. § 3º Na ausência de metas intermediárias progressivas obrigatórias, devem ser obedecidos os

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padrões de qualidade da classe em que o corpo receptor estiver enquadrado. Art. 29. A disposição de efluentes no solo, mesmo tratados, não poderá causar poluição oucontaminação das águas. Art. 30. No controle das condições de lançamento, é vedada, para fins de diluição antes do seulançamento, a mistura de efluentes com águas de melhor qualidade, tais como as águas de abastecimento, do mar e de sistemas abertos de refrigeração sem recirculação. Art. 31. Na hipótese de fonte de poluição geradora de diferentes efluentes ou lançamentosindividualizados, os limites constantes desta Resolução aplicar-se-ão a cada um deles ou ao conjunto após a mistura, a critério do órgão ambiental competente. Art. 32. Nas águas de classe especial é vedado o lançamento de efluentes ou disposição deresíduos domésticos, agropecuários, de aqüicultura, industriais e de quaisquer outras fontes poluentes, mesmo que tratados. § 1º Nas demais classes de água, o lançamento de efluentes deverá, simultaneamente: I - atender às condições e padrões de lançamento de efluentes; II - não ocasionar a ultrapassagem das condições e padrões de qualidade de água, estabelecidos para as respectivas classes, nas condições da vazão de referência; e III - atender a outras exigências aplicáveis. § 2º No corpo de água em processo de recuperação, o lançamento de efluentes observará asmetas progressivas obrigatórias, intermediárias e final. Art. 33. Na zona de mistura de efluentes, o órgão ambiental competente poderá autorizar, levandoem conta o tipo de substância, valores em desacordo com os estabelecidos para a respectivaclasse de enquadramento, desde que não comprometam os usos previstos para o corpo de água. Parágrafo único - A extensão e as concentrações de substâncias na zona de mistura deverão serobjeto de estudo, nos termos determinados pelo órgão ambiental competente, às expensas doempreendedor responsável pelo lançamento. Art. 34. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ouindiretamente, nos corpos de água desde que obedeçam as condições e padrões previstos nesteartigo, resguardadas outras exigências cabíveis: § 1º O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos tóxicos aos organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo comos critérios de toxicidade estabelecidos pelo órgão ambiental competente. § 2º Os critérios de toxicidade previstos no § 1º devem se basear em resultados de ensaiosecotoxicológicos padronizados, utilizando organismos aquáticos, e realizados no efluente. § 3º Nos corpos de água em que as condições e padrões de qualidade previstos nesta Resoluçãonão incluam restrições de toxicidade a organismos aquáticos, não se aplicam os parágrafosanteriores. § 4º Condições de lançamento de efluentes: I - pH entre 5 a 9; II - temperatura: inferior a 40ºC, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor nãodeverá exceder a 3ºC na zona de mistura; III - materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Imhoff. Para o lançamento emlagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveisdeverão estar virtualmente ausentes; IV - regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vezes a vazão média do período deatividade diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela autoridade competente; V - óleos e graxas: 1. óleos minerais: até 20mg/L; 2. óleos vegetais e gorduras animais: até 50mg/L; e VI - ausência de materiais flutuantes. § 5º Padrões de lançamento de efluentes:

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TABELA X - LANÇAMENTO DE EFLUENTES

PADRÕES PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo Arsênio total 0,5 mg/L As Bário total 5,0 mg/L Ba Boro total 5,0 mg/L B Cádmio total 0,2 mg/L Cd Chumbo total 0,5 mg/L Pb Cianeto total 0,2 mg/L CN Cobre dissolvido 1,0 mg/L Cu Cromo total 0,5 mg/L Cr Estanho total 4,0 mg/L Sn Ferro dissolvido 15,0 mg/L Fé Fluoreto total 10,0 mg/L F Manganês dissolvido 1,0 mg/L Mn Mercúrio total 0,01 mg/L Hg Níquel total 2,0 mg/L Ni Nitrogênio amoniacal total 20,0 mg/L N Prata total 0,1 mg/L Ag Selênio total 0,30 mg/L Se Sulfeto 1,0 mg/L S Zinco total 5,0 mg/L Zn PARÂMETROS ORGÂNICOS Valor máximo Clorofórmio 1,0 mg/L Dicloroeteno 1,0 mg/L Fenóis totais (substâncias que reagem com4-aminoantipirina)

0,5 mg/L C6H5OH

Tetracloreto de Carbono 1,0 mg/L Tricloroeteno 1,0 mg/L

Art. 35. Sem prejuízo do disposto no inciso I, do § 1º do art. 24, desta Resolução, o órgão ambiental competente poderá, quando a vazão do corpo de água estiver abaixo da vazão dereferência, estabelecer restrições e medidas adicionais, de caráter excepcional e temporário, aoslançamentos de efluentes que possam, dentre outras conseqüências: I - acarretar efeitos tóxicos agudos em organismos aquáticos; ou II - inviabilizar o abastecimento das populações. Art. 36. Além dos requisitos previstos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis, os efluentesprovenientes de serviços de saúde e estabelecimentos nos quais haja despejos infectados commicroorganismos patogênicos, só poderão ser lançados após tratamento especial. Art. 37. Para o lançamento de efluentes tratados no leito seco de corpos de água intermitentes, oórgão ambiental competente definirá, ouvido o órgão gestor de recursos hídricos, condiçõesespeciais.

CAPÍTULO V Diretrizes Ambientais para o Enquadramento Art. 38. O enquadramento dos corpos de água dar-se-á de acordo com as normas e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos-CNRH e Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos. § 1º O enquadramento do corpo hídrico será definido pelos usos preponderantes mais restritivos daágua, atuais ou pretendidos. § 2º Nas bacias hidrográficas em que a condição de qualidade dos corpos de água esteja em desacordo com os usos preponderantes pretendidos, deverão ser estabelecidas metasobrigatórias, intermediárias e final, de melhoria da qualidade da água para efetivação dos

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respectivos enquadramentos, excetuados nos parâmetros que excedam aos limites devido às condições naturais. § 3º As ações de gestão referentes ao uso dos recursos hídricos, tais como a outorga e cobrançapelo uso da água, ou referentes à gestão ambiental, como o licenciamento, termos de ajustamentode conduta e o controle da poluição, deverão basear-se nas metas progressivas intermediárias e final aprovadas pelo órgão competente para a respectiva bacia hidrográfica ou corpo hídricoespecífico. § 4º As metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final, deverão ser atingidas em regime de vazão de referência, excetuados os casos de baías de águas salinas ou salobras, ou outros corposhídricos onde não seja aplicável a vazão de referência, para os quais deverão ser elaboradosestudos específicos sobre a dispersão e assimilação de poluentes no meio hídrico. § 5º Em corpos de água intermitentes ou com regime de vazão que apresente diferença sazonalsignificativa, as metas progressivas obrigatórias poderão variar ao longo do ano. § 6º Em corpos de água utilizados por populações para seu abastecimento, o enquadramento e olicenciamento ambiental de atividades a montante preservarão, obrigatoriamente, as condições deconsumo. CAPÍTULO VI Disposições Finais e Transitórias Art. 39. Cabe aos órgãos ambientais competentes, quando necessário, definir os valores dospoluentes considerados virtualmente ausentes. Art. 40. No caso de abastecimento para consumo humano, sem prejuízo do disposto nestaResolução, deverão ser observadas, as normas específicas sobre qualidade da água e padrões de potabilidade. Art. 41. Os métodos de coleta e de análises de águas são os especificados em normas técnicascientificamente reconhecidas. Art. 42. Enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces serãoconsideradas classe 2, as salinas e salobras classe 1, exceto se as condições de qualidade atuaisforem melhores, o que determinará a aplicação da classe mais rigorosa correspondente. Art. 43. Os empreendimentos e demais atividades poluidoras que, na data da publicação desta Resolução, tiverem Licença de Instalação ou de Operação, expedida e não impugnada, poderão acritério do órgão ambiental competente, ter prazo de até três anos, contados a partir de suavigência, para se adequarem às condições e padrões novos ou mais rigorosos previstos nesta Resolução. § 1º O empreendedor apresentará ao órgão ambiental competente o cronograma das medidasnecessárias ao cumprimento do disposto no caput deste artigo. § 2º O prazo previsto no caput deste artigo poderá, excepcional e tecnicamente motivado, ser prorrogado por até dois anos, por meio de Termo de Ajustamento de Conduta, ao qual se darápublicidade, enviando-se cópia ao Ministério Público. § 3º As instalações de tratamento existentes deverão ser mantidas em operação com a capacidade, condições de funcionamento e demais características para as quais foram aprovadas,até que se cumpram as disposições desta Resolução. § 4º O descarte contínuo de água de processo ou de produção em plataformas marítimas depetróleo será objeto de resolução específica, a ser publicada no prazo máximo de um ano, a contarda data de publicação desta Resolução, ressalvado o padrão de lançamento de óleos e graxas aser o definido nos termos do art. 34, desta Resolução, até a edição de resolução específica. Art. 44. O CONAMA, no prazo máximo de um ano, complementará, onde couber, condições epadrões de lançamento de efluentes previstos nesta Resolução. Art. 45. O não cumprimento ao disposto nesta Resolução acarretará aos infratores as sanções previstas pela legislação vigente. § 1º Os órgãos ambientais e gestores de recursos hídricos, no âmbito de suas respectivascompetências, fiscalizarão o cumprimento desta Resolução, bem como quando pertinente, aaplicação das penalidades administrativas previstas nas legislações específicas, sem prejuízo do

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sancionamento penal e da responsabilidade civil objetiva do poluidor. § 2º As exigências e deveres previstos nesta Resolução caracterizam obrigação de relevanteinteresse ambiental. Art. 46. O responsável por fontes potencial ou efetivamente poluidoras das águas deve apresentarao órgão ambiental competente, até o dia 31 de março de cada ano, declaração de cargapoluidora, referente ao ano civil anterior, subscrita pelo administrador principal da empresa e pelo responsável técnico devidamente habilitado, acompanhada da respectiva Anotação deResponsabilidade Técnica. § 1º A declaração referida no caput deste artigo conterá, entre outros dados, a caracterizaçãoqualitativa e quantitativa de seus efluentes, baseada em amostragem representativa dos mesmos,o estado de manutenção dos equipamentos e dispositivos de controle da poluição. § 2º O órgão ambiental competente poderá estabelecer critérios e formas para apresentação dadeclaração mencionada no caput deste artigo, inclusive, dispensando-a se for o caso para empreendimentos de menor potencial poluidor. Art. 47. Equiparam-se a perito, os responsáveis técnicos que elaborem estudos e pareceresapresentados aos órgãos ambientais. Art. 48. O não cumprimento ao disposto nesta Resolução sujeitará os infratores, entre outras, àssanções previstas na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e respectiva regulamentação. Art. 49. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Art. 50. Revoga-se a Resolução CONAMA nº 020, de 18 de junho de 1986.

MARINA SILVA

Presidente do Conselho