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EX LIBRIS: ESTUDOS JURÍDICOS DA ULBRA CAMPUS CACHOEIRA DO SUL

EX LIBRIS: ESTUDOS JURÍDICOS DA ULBRA CAMPUS … · intrinsecamente à educação e ao progresso da humanidade. ... Estudos Jurídicos da ULBRA campus Cachoeira do Sul 14 ... A sociologia,

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EX LIBRIS: ESTUDOS JURÍDICOS DA

ULBRA CAMPUS CACHOEIRA DO SUL

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DANIEL DOTTES DE FREITAS

JOÃO ALEXANDRE NETTO BITTENCOURT

Organizadores

EX LIBRIS: ESTUDOS JURÍDICOS DA

ULBRA CAMPUS CACHOEIRA DO SUL

4ª Edição

São Paulo

Perse Editora

2014

4

Título

Ex Libris: Estudos Jurídicos da ULBRA campus Cachoeira do Sul.

Todos os direitos reservados aos organizadores. Proibida a reprodução no todo ou em

parte, salvo em citações com a indicação da fonte.

Printed in Brazil/Impresso no Brasil

ISBN:

Organização e diagramação: Organizadores

Capa: Felipe Bonoto Fortes

Autoria e revisão: Autores

É de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos e opiniões, bem como a

originalidade dos respectivos textos.

Ficha Catalográfica:

A866e Freitas, Daniel Dottes de; Bittencourt, João Alexandre Netto. (Orgs).

Ex Libris: Estudos Jurídicos da ULBRA campus Cachoeira do Sul / Daniel

Dottes de Freitas; João Alexandre Netto Bittencourt. São Paulo: Perse, 2014.

378 p. 14 x 21

ISBN:

1. A possibilidade de responsabilização civil pelo dano existencial. 2. Da (Im)

possibilidade da guarda de menor ser considerada paternidade sócio afetiva. 3. A

viabilidade de responsabilização civil e criminal na alienação parental. 4. O nome

do meu pai é doador: o direito de se saber as origens biológicas. 5. O papel da

Comissão Nacional da Verdade na busca da efetivação do direito constitucional à

verdade e à justiça. 6. As prerrogativas da Fazenda Pública e o e a supremacia do

interesse público. 7. Da inseminação artificial Post Mortem e o direito sucessório.

8. Apontamentos doutrinários e jurisprudenciais acerca da Lei 12.760/2012. 9.

Possibilidade da extinção do contrato de trabalho por justa causa pelo uso

indevido da internet ou e-mail no ambiente de trabalho. 10. A legalidade do

casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. 11. Do valor probatório do

Inquérito Policial na condenação. I. Título.

CDD: 342

Índice para catálogo sistemático

1. A possibilidade de responsabilização civil pelo dano existencial. 342

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Apresentação

A obra ora apresentada, denominada Ex Libris:

Estudos Jurídicos da ULBRA campus Cachoeira do Sul é

produzida pelo seu Curso de Direito e tem por objetivo

fomentar a pesquisa discente e docente.

Nesta quarta edição nota-se que o número de

trabalhos aceitos para publicação teve considerável

acréscimo, demonstrando a contribuição da publicação no

desenvolvimento do interesse do graduando na realização de

suas pesquisas ainda durante período normal do curso.

A ideia básica da publicação da quarta edição do livro

do direito é a mesma desde seu lançamento. É fomentar a

pesquisa na Universidade e entregá-la à comunidade, jurídica

ou alienígena. Não há dúvida que a pesquisa está ligada

intrinsecamente à educação e ao progresso da humanidade.

O direito é uma das ciência que mais sofre

transformações, pois indissociável, mesmo que com certa

lentidão, da evolução do homem. Diante disso a pesquisa

desenvolvida pelos jovens pesquisadores deve ser fomentada

na Universidade. Nessa senda o Curso de Direito da ULBRA,

campus Cachoiera do Sul tem se destacado, promovendo

semestramente a premiação com a publicação das melhores

pesquisas desenvolvidas no templo do saber.

Os organizadores.

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Sumário

1. A POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO

CIVIL PELO DANO EXISTENCIAL.

Daniela Rathke Pereira..........................................................9

2. DA (IM) POSSIBILIDADE DA GUARDA DE

MENOR SER CONSIDERADA PATERNIDADE SÓCIO

AFETIVA.

Faenal Gall Gofas.................................................................53

3. A VIABILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO

CIVIL E CRIMINAL NA ALIENAÇÃO PARENTAL.

Fernanda Barreto da Silva.................................................97

4. O NOME DO MEU PAI É DOADOR: O DIREITO DE

SE SABER AS ORIGENS BIOLÓGICAS.

Fernanda Ellwanger Kaercher..............................................123

5. O PAPEL DA COMISSÃO NACIONAL DA

VERDADE NA BUSCA DA EFETIVAÇÃO DO

DIREITO CONSTITUCIONAL À VERDADE E À

JUSTIÇA.

Isadora de Oliveira Ritzel...................................................151

6. AS PRERROGATIVAS DA FAZENDA PÚBLICA E O

E A SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO.

Juliana Ortiz Hübner........................................................189

7. DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL POST MORTEM E

O DIREITO SUCESSÓRIO.

Luiza Simões Pires Gomes..................................................217

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8. APONTAMENTOS DOUTRINÁRIOS E

JURISPRUDENCIAIS ACERCA DA LEI 12.760/2012.

Mateus Zillmann Lucca.....................................................253

9. POSSIBILIDADE DA EXTINÇÃO DO CONTRATO

DE TRABALHO POR JUSTA CAUSA PELO USO

INDEVIDO DA INTERNET OU E-MAIL NO

AMBIENTE DE TRABALHO.

Michael Ferreira Alves.......................................................295

10. A LEGALIDADE DO CASAMENTO CIVIL ENTRE

PESSOAS DO MESMO SEXO.

Milene da Silveira.............................................................335

11. DO VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO

POLICIAL NA CONDENAÇÃO.

Tiago Bica Gutterres.........................................................393

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A POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO

CIVIL PELO DANO EXISTENCIAL

Daniela Rathke Pereira1

RESUMO:A evolução da responsabilidade civil

auxiliou na criação de novas espécies de danos, com

relevância àqueles que compõem o gênero dos danos

imateriais. Nesse contexto, destaca-se o dano existencial, o

qual fora idealizado pelos pensadores do direito (em seu

primórdiono direito italiano) e, mais recentemente,escoou no

sistema jurídico brasileiro. Este artigo versa sobre o dano

existencial mediante uma abordagem evolutiva dos danos

extrapatrimoniais, a fim de avaliar a importância da ampla

defesa aos direitos essenciais da pessoa humana, do mesmo

modo que visa avaliar a probabilidade de aplicação do dano

existencial na tipologia da responsabilidade civil no direito

brasileiro. Assim, por entender que o dano existencial

contribui para a efetividade da dignidade do homem,

verificou-se que a efetiva aplicação deste dano diminuirá as

chances da vulgarização do dano moral, com a consequente

trava do ajuizamento de demandas banais.

1Daniela Rathke Pereira, acadêmica do Curso de Direito da

Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, campus Cachoeira do

Sul/RS. Trabalho de conclusão de curso apresentado à disciplina de TCC

II, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito.

Professora Orientadora: Patrícia M. Ferrari.

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PALAVRAS CHAVE: Dano existencial. Danos

imateriais. Dignidade da pessoa humana. Responsabilidade

civil.

ABSTRACT: The evolutionof civil liabilityassistedin

the creation ofnew kinds ofdamage, with relevanceto

thosethat make upthe genreofimmaterial damage. In this

context, we highlight theexistentialdamage, which had

beenidealizeby the thinkersof the right(at itsbeginningsin

Italian law) and, morerecently,leakedthe Brazilian legal

system. This articleis about theexistentialdamagethroughan

evolutionary approach tothebalance sheetdamage, in order to

assessthe importanceof broad defensefor the essential rightsof

the human person, the same waythataims to assessthe

probabilityof application ofthe existential damage on the

typologyofcivilliabilityunder Brazilian law.Thus, by

understanding theexistentialdamagecontributes tothe

effectivenessof dignity of man, it was found thatthe

effectiveapplicationof this damagewill decreasethe

chancesoftrivializing the moraldamage, with the

consequentlatch the filing ofthe commonplace demands.

KEYWORDS: Existential damage. Immaterial

damage.Human dignity.Civil liability.

SUMÁRIO:1 Introdução. 2 O homem, a filosofia e o

Direito. 2.1 O homem como protagonista do Direito. 3

A tutela constitucional da Dignidade da Pessoa

Humana. 3.1 Direitos de personalidade como meio de

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materialização da dignidade do homem. 4 Aspectos

pertinentes à Responsabilidade Civil no que tange aos

direitos existenciais. 4.1 Principais vetores, espécies e

pressupostos da Responsabilidade Civil. 4.2 A nova

roupagem do dano a partir da repersonalização do

direito. 5 O Dano Existencial. 5.1 Primórdios do dano

existencial. 5.2 Conceito de Dano Existencial. 5.3 Dano

Existencial no direito brasileiro e suas dimensões. 5.4

Os exemplos de Dano Existencial e aplicações na

prática. 5.5 Argumentos contrários à aplicação da

Responsabilidade civil por Dano Existencial. 6

Conclusão. 7 Referências bibliográficas.

1 Introdução

Não há falar em dignidade da pessoa humana (artigo

1º, III, CRFB/88)2 sem um denso sistema jurídico para a

proteção deste fundamento do Estado Democrático de

Direito.

Em face da constante variação do sistema jurídico

para que haja modulação de acordo com os interesses sociais

vigentes em determinada época, o instituto da

responsabilidade civil, mais especificamente no que tange às

indenizações por danos causados à pessoa humana é palco de

uma longa história de transmutação.

Até a plausibilidade do ―dano moral‖, o único dano

indenizável era o dano ao patrimônio. Somente nas últimas 2Art. 1º da CF. A República Federativa do Brasil, formada pela união

indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se

em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] III - a

dignidade da pessoa humana.

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décadas é que a compensação por dano moral restou

tipificada em nosso ordenamento jurídico. E, desde então,o

dano moral acabou por ser considerado como gênero ao qual

se abrigavam as mais diversas espécies de danos.

Desvencilhando-se desse conceito, passou-se a

defender que as categorias de danos deveriam ser divididas

em danos patrimoniais e danos extrapatrimoniais. Por ser o

dano extrapatrimonial um conceito abrangente, surgiram na

doutrina novas espécies de danos com o objetivo primordial

de delimitar a amplitude do dano moral. Portanto, a pesquisa

surge para trazer a lume o dano existencial ao direito

brasileiro.

O objetivo geral do trabalho consiste em compreender

o dano existencial e a sua origem no direito pátrio, tanto na

tipologia da responsabilidade civil, quanto no que atine ao

princípio da dignidade da pessoa humana, considerando a

legislação civil e constitucional vigentes, ou seja, verificar-

se-á a possibilidade de concessão de indenização nos casos de

danos que atentem à cotidianidade da pessoa.

Como objetivos específicos buscar-se-á definir a

importância do ―homem‖ para o direito, explicitando a

dignidade da pessoa humana como fundamento da República

Federativa do Brasil, bem como os meios estatais disponíveis

para a respectiva tutela, estabelecer o conceito de direitos de

personalidade, conceituar o instituto da responsabilidade

civil, principalmente os requisitos para a configuração de um

dano indenizável apontando, conseguintemente, a evolução

do conceito de ―dano‖ no Brasil e, por fim, abordar o dano

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existencial e suas principais vertentes, verificando a

possibilidade de aplicação da responsabilidade civil por dano

à existência da pessoa humana no mundo jurídico pátrio.

A pesquisa utilizará o método de abordagem dedutivo,

pois, a partir de uma análise geral da proteção do homem no

direito brasileiro, pretende-se concluir a relevância de um

novo dano imaterial, qual seja, o dano existencial e suas

diretrizes para com todo o ordenamento jurídico. Para tanto,

além de utilizar o método de abordagem dedutivo, fez-se uso

dos métodos histórico, comparativo e bibliográfico.

Os capítulos foram distribuídos de maneira a

possibilitar uma análise geral da evolução histórica do direito

no que se relaciona com o respeito à valorização do ser

humano, dos direitos fundamentais e da personalidade, tal

como seus reflexos na responsabilidade civil.

Consecutivamente, a abordagem principal: o dano

existencial, sua origem, evolução, conceito, casos práticos e,

finalmente, a demonstração de sua admissão na

jurisprudência brasileira.

Enfim, instigar-se-á ao estudo da responsabilidade

civil por dano existencial, conquanto acredita-se que a

responsabilidade civil não é um instituto estanque,

mostrando, assim, que tal instituto está cada vez mais apto a

proteger os injustamente lesados em seus interesses imateriais

mais significativos.

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2 O homem, a filosofia e o direito

Não é difícil perceber que o direito é o substrato mais puro da

evolução humana, razão pela qual não tende a formas rígidas,

mas procura a inspiração da própria vida.3

O homem, na qualidade de ator principal, justifica a

essência do direito, pois não haveria motivos para a criação

de normas senão a privilegiada função de regular e permitir a

coexistência harmônica dos seres humanos em sociedade.

A sociologia, ciência conectada ao direito, justifica

em parte o que fora introduzido acima, vez que ―o direito é

por natureza um fato social, fenômeno que só ocorre nos

agrupamentos humanos‖4. O homem prescinde de uma vida

de relações e seu desenvolvimento se justifica, portanto,

através dos contatos que estabelece em sociedade5.

A filosofia do direito se preocupa com o fenômeno

jurídico; é ramo do saber que elabora novas sugestões com

vistas ao progresso, ou seja, novas proposições

indispensáveis para a reestruturação da sociedade em busca

de uma vida melhor. Não se aparta, portanto, da filosofia

3 MACEDO, Sílvio de. Introdução à Filosofia do Direito. 3ª ed. São

Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 75. 4 JÚNIOR, José Cretella. Curso de Filosofia do Direito. 5ª ed. Rio de

Janeiro: Forense, 1997, p. 80. 5Ubi homo ibi societas; ubi societas, ibi jus, que significa, onde está o

homem, aí está a sociedade; onde está a sociedade, aí está o direito.

(ROMANO, Santi, 1945, p. 21. Apud: MEIRELES, Raimundo Gomes.

Direito e Filosofia. Revista Espaço Acadêmico, ano II, n. 17, 2002.

Disponível em:

<http://www.espacoacademico.com.br/017/17cmeireles.htm>. Acesso

em: 26 out 2013).

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existencial que focaliza no ser que escolhe, que coexiste em

sociedade, que enfrenta desafios e atina com possibilidades,

percurso de vida que modela pelo seu projeto de vida e pela

sua vida de relações.6

2.1 O homem como protagonista do Direito

Considera-se que o ser humano é o núcleo dos valores

que são apreciados como essenciais pela sociedade e,

consequentemente, para o direito. Cinge-se, a partir da frase

supra mencionadasobre arepersonalização do direito7, com

enfoque especial no âmbito dos danos às pessoas.

Após o desfecho da 2ª Guerra Mundial, os direitos

humanos foram reconstruídos com foco na dignidade da

pessoa humana que, inclusive, é um dos fundamentos da

República trazidos pela Carta Constitucional brasileira de

1988 (artigo 1º, III, CRFB/1988).

Mas nem sempre o homem foi figura principal para a

sociedade. Apenas com o decorrer da história e com a

evolução e transmutação dos pensadores, passou-se a

valorizar o homem e a ele delegar direitos cujo escopo

6 FROTA, Hidemberg Alves da; BIÃO, Fernada Leite. O Fundamento

Filosófico do Dano Existencial. Repertório de Jurisprudência IOB, v. III,

n. 20, p. 717-711, 2011. 7 Fenômeno que indica, em suma, que a pessoa humana deve passar a ser

o eixo central do Direito, com o abandono da primazia outorgada ao

patrimônio e aos bens, que sempre lograram estar no centro das atenções

do Direito, mormente no Direito Privado e nos Códigos Oitocentistas.

(CAPPELARI, Récio. Os novos danos à pessoa: na perspectiva da

repersonalização do direito. 1ª ed. Rio de Janeiro: GZ, 2011.)