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E.E. BENEDITO FAGUNDES MARQUES ATIVIDADE DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL * Utilize uma folha de caderno para suas respostas. Coloque nome, nº, série e data. Soneto (Luís de Camões) Busque Amor novas artes, novo engenho, para matar-me, e novas esquivanças; que não pode tirar-me as esperanças, que mal me tirará o que eu não tenho. Olhai de que esperanças me mantenho! Vede que perigosas seguranças! Que não temo contrastes nem mudanças, andando em bravo mar, perdido o lenho. Mas, conquanto não pode haver desgosto onde esperança falta, lá me esconde Amor um mal, que mata e não se vê. Que dias há que n'alma me tem posto um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê. Vocabulário: Que: pois, logo. Engenho: habilidade, técnica. Esquivança: maldade. Lenho: barco. Conquanto: embora, ainda que. 1) Na segunda estrofe do texto, o eu lírico afirma não temer os perigos do mar. No entanto, mostra-se completamente inseguro com outros assuntos. De acordo com a 1ª e 2ª estrofe do poema, interprete: a) Qual a causa da insegurança do eu lírico? b) Que desafio o eu lírico faz ao amor? c) Com base no 4º verso da primeira estrofe, explique por que o eu lírico julga que será o vencedor desse desafio. 2) A primeira estrofe é um desafio ao Amor. Qual o argumento utilizado pelo sujeito lírico para explicar a impossibilidade de sofrer mais? 3) A segunda estrofe exprime a perplexidade do sujeito lírico diante do absurdo de sua situação: a esperança de não sofrer mais, por não ter mais esperança. Qual é o paradoxo com que ele exprime essa situação absurda? 4) No oitavo verso o autor utiliza uma metáfora náutica: “andando em bravo mar, perdido o lenho”. Metáforas como esta são lugares-comuns na poesia renascentista. Procuremos entende-la: “bravo mar” é metáfora de “vida agitada”; “lenho” é “navio”, “barco”. No contexto do poema, o que “lenho perdido” representa?

Ex. Soneto Camões

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Page 1: Ex. Soneto Camões

E.E. BENEDITO FAGUNDES MARQUESATIVIDADE DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

* Utilize uma folha de caderno para suas respostas. Coloque nome, nº, série e data.

Soneto (Luís de Camões)

Busque Amor novas artes, novo engenho, para matar-me, e novas esquivanças; que não pode tirar-me as esperanças, que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho! Vede que perigosas seguranças! Que não temo contrastes nem mudanças,andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgostoonde esperança falta, lá me esconde Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.

Vocabulário: Que: pois, logo.Engenho: habilidade, técnica.Esquivança: maldade.Lenho: barco.Conquanto: embora, ainda que.

1) Na segunda estrofe do texto, o eu lírico afirma não temer os perigos do mar. No entanto, mostra-se completamente inseguro com outros assuntos. De acordo com a 1ª e 2ª estrofe do poema, interprete:a) Qual a causa da insegurança do eu lírico?b) Que desafio o eu lírico faz ao amor?c) Com base no 4º verso da primeira estrofe, explique por que o eu lírico julga que será o vencedor desse desafio.

2) A primeira estrofe é um desafio ao Amor. Qual o argumento utilizado pelo sujeito lírico para explicar a impossibilidade de sofrer mais?

3) A segunda estrofe exprime a perplexidade do sujeito lírico diante do absurdo de sua situação: a esperança de não sofrer mais, por não ter mais esperança. Qual é o paradoxo com que ele exprime essa situação absurda?

4) No oitavo verso o autor utiliza uma metáfora náutica: “andando em bravo mar, perdido o lenho”. Metáforas como esta são lugares-comuns na poesia renascentista. Procuremos entende-la: “bravo mar” é metáfora de “vida agitada”; “lenho” é “navio”, “barco”. No contexto do poema, o que “lenho perdido” representa?

5) É grande a intensidade emocional desse soneto. Entretanto, Camões equilibra a expressão do desespero amoroso com o raciocínio (uma das características do Classicismo é o equilíbrio entre razão e emoção) desenvolvendo um discurso em tese e antítese.a) Resuma a tese apresentada nos quartetos.b) A antítese começa com a conjunção adversativa “mas”. Resuma a contradição apresentada no primeiro terceto.

6) O sujeito lírico conclui confessando sua incapacidade de compreender o processo amoroso. Transcreva os versos que melhor exprimem a ideia de que o amor é um sentimento contraditório e incompreensível.

7) Faça a escansão dos dois primeiros versos e determine o tipo de verso utilizado nessa composição, a seguir, aponte o esquema de rimas utilizado por Camões nessa mesma composição.