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“Pé Diabético”
• O rastreamento anual do pés de todas as pessoas com
diabetes tem como objetivo identificar aquelas com
maior risco de ulceração e estimular intervenções
profiláticas, incluindo o apoio ao autocuidado,
prescrição de calçados terapêuticos, cuidados
podálicos intensivos e avaliação de intervenções
cirúrgicas.
“Pé Diabético”
• O monitoramento de um conjunto de fatores,
que eleva o risco de úlcera e amputação de
extremidades, torna sua prevenção mais custo-
efetiva.
Exame do Pé Diabético
• Durante a consulta médica e/ou de
enfermagem, alguns aspectos da história são
essenciais para a identificação dos pacientes
com maior risco para ulceração dos pés, entre
eles: história pregressa de ulceração,
amputação, artropatia de Charcot, cirurgia
vascular e tabagismo.
Anamnese
• A pessoa também deverá ser questionada em relação à presença de sintomas neuropáticos positivos (dor em queimação ou em agulhada, sensação de choque) e negativos (dormência, sensação de pé morto).
• Deve-se pesquisar sintomas vasculares, como claudicação intermitente, além de complicações
renais e oftalmológicas.
Exame Físico
O segundo passo é o exame físico minucioso
dos pés que, didaticamente, pode ser dividido
em 4 etapas:
1. Avaliação da pele;
2. Avaliação musculoesquelética;
3. Avaliação vascular;
4. Avaliação neurológica.
1. Avaliação da Pele
• A inspeção da pele deve ser ampla, incluindo observação da higiene dos pés e corte das unhas, pele ressecada e/ou descamativa, unhas espessadas e/ou onicomicose, intertrigo micótico, presença de bolhas, ulceração ou áreas de eritema.
• Diferenças na temperatura de todo o pé ou em parte dele, em relação ao outro pé, podem indicar doença
vascular ou ulceração.
2. Avaliação musculoesqueléticaInspecionar eventuais deformidades.
• Deformidades rígidas são definidas como contraturas que não são facilmente reduzidas manualmente e, frequentemente, envolvem os dedos.
•As deformidades mais comuns aumentam as pressões plantares, causam ruptura da pele e incluem a hiperextensão da articulação metarsofalangeana com flexão das interfalangeanas (dedo em garra) ou extensão da interfalangeana distal (dedo em martelo).
Figura 1: Dedo em marteloFonte: http://blogamos.com/dedo-de-martelo-como-evitar
Figura 2: Dedo em garraFonte:http://www.espacoenergiaeequilibrio.com.br/2011/05/dedo-em-martelo.html
2. Avaliação musculoesquelética• A artropatia de Charcot acomete pessoas com
neuropatia nos pés e se apresenta como eritema, calor, edema, perda da concavidade da região plantar, causando uma grosseira deformidade.
Figuras 3 e 4: Osteoartropatia de Charcot: Perceba no RX o colapso longitudinal do arco médio (seta). Fonte: http://www.unifesp.br/denf/NIEn/PEDIABETICO/mestradositecopia/pages/charcot.htm
3. Avaliação Vascular• A ausência ou diminuição importante de pulso
periférico, atrofia da pele e músculos, rarefação dos pêlos indicam anormalidade vascular.
• A palpação dos pulsos pediosos e tibiais posteriores deve ser registrada como presente ou ausente. O tempo de enchimento venoso superior a 20 segundos e o índice tornozelo braquial (ITB) por Doppler <0.9 permitem quantificar a anormalidade quando os pulsos estiverem diminuídos.
Fonte figura: www.snookerclube.com.br/ulceradiabetica.htm
3. Avaliação VascularO cálculo do ITB é feito da seguinte forma:
I.T.B Direito ou Esquerdo = PAS TD ou E*/ PAS BD***Pressão sistólica(máxima) dos tornozelos direito ou esquerdo**Pressão sistólica(máxima) do braço
Interpretação: ITB > 0,9 = NORMAL; ITB 0,71 – 0,9= Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP) LEVE; ITB 0,41 – 0,7 =DAOP MODERADA; ITB <OU = A 0,41 DAOP GRAVE; Valores do I.T.B acima de 1,3 são também anormais e reproduzem doença aterosclerótica GRAVE, com calcificação parietal arterial, tornando as artérias não compressíveis a compressão do manguito do esfigmanômetro.
No caso da indispinibilidade do Doppler, o exame poderá ser executado utilizando o estetoscópio comum.
Se você tem boa compreenssão do inglês, veja o vídeo indicado abaixo e entenda como é realizado este exame: https://www.youtube.com/watch?v=8q4Cz-a6zkQ
4. Avaliação Neurológica• Tem como principal objetivo identificar a perda da
sensibilidade protetora (PSP), que pode se estabelecer antes do surgimento de eventuais sintomas.
Testes neurológicos básicos quantitativos:• Dolorosa - Com pino, agulha ou palito• Tátil - Com chumaço de algodão• Térmica - Com cabo de diapasão 128 Hz• Vibratória - Com diapasão 128 Hz• Motora - Com martelo• Limiar percepção cutânea - Monofilamento 10g
Desses, pelos menos três testes devem ser utilizados na consulta para
detecção da PSP. É recomendável que o teste com o monofilamento
de 10g seja um dos três métodos utilizados.
A perda da sensação de pressão usando o monofilamento de 10g é
altamente preditiva de ulceração futura. Qualquer área insensível
indica perda da sensibilidade protetora (PSP). Recomenda-se que
quatro regiões sejam pesquisadas:
4. Avaliação Neurológica
Fonte da figura: http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/casos_complexos/Ilha_das_Flores/Feridas_MT1_v1.pdf
Monofilamento de 10g• Escolher um ambiente tranquilo e bem iluminado com o mínimo de
interferência externa; • A pessoa deverá ficar sentada, de frente para o examinador
(médico de família ou enfermeira) com os pés apoiados de forma confortável. Orientar sobre a avaliação e demonstrar o teste com o monofilamento para o paciente, utilizando uma área da pele com sensibilidade normal.
• Solicitar ao paciente que feche os olhos;• O filamento é aplicado sobre a pele
perpendicularmente produzindo uma curvatura no fio. Essa curvatura não deve se encostar à pele do paciente, para não produzir estímulo extra.
• Se o filamento escorregar na pele no momento do toque, não considerar a resposta e repetir o teste no mesmo ponto;
• Começar o teste com o fio a uma distância de 2cm da área a ser testada. Tocar a pele com o filamento mantendo sua curva por 1 segundo. Evitar movimentos bruscos ou muito lentos;
• Solicitar ao paciente que responda “sim” quando sentir o toque.
• Em caso de dúvida, voltar a cada ponto mais duas vezes para certificar-se da resposta. No caso de respostas positivas e negativas em um mesmo ponto, considera-se o teste normal caso o paciente acerte pelo menos uma das três tentativas;
• Registrar a resposta “S = sim” ou “N = não”, em cada ponto especificamente.
Monofilamento de 10g
Classificação de Risco e Manejo ClínicoCategoria de Risco
Definição Recomendação Acompanhamento
0 Sem PSPSem DAP
Orientações sobre calçadosapropriados
Estímulo ao autocuidado.Anual, com médico ouenfermeiro da AtençãoBásica.
1 PSP comou semDeformidade
Considerar o uso de calçadosadaptados.Considerar correção cirúrgica casonão haja adaptação.
A cada 3 a 6 meses commédico ou enfermeiro daAtenção Básica.
Fonte: Brasil, 2014
Classificação de Risco e Manejo ClínicoCategoria de Risco
Definição Recomendação Acompanhamento
2 DAP com ousem PSP
Considerar o uso de calçadosadaptados.Considerar necessidade deencaminhamento ao cirurgiãovascular.
A cada 2 a 3 meses commédico e/ou enfermeiroda Atenção Básica. Avaliarencaminhamento ao cirurgiãovascular.
3 História deúlcera ouamputação
Considerar o uso de calçadosadaptados.Considerar correção cirúrgica casonão haja adaptação.Se DAP, avaliar a necessidade de encaminhamento ao cirurgião vascular.
A cada 1 a 2 meses commédico e/ou enfermeiro daAtenção Básica ou médicoEspecialista
Fonte: Brasil, 2014
Orientações educacionais básicas para cuidados dos pés
• Examinar os pés diariamente. Se necessário, pedir ajuda a familiar ou usar espelho.
• Avisar o médico se tiver calos, rachaduras, alterações de cor ou úlceras.
• Vestir sempre meias limpas, preferencialmente de lã, algodão, sem elástico.
• Calçar sapatos que não apertem, de couro macio ou tecido. Não usar sapatos sem meias.
• Sapatos novos devem ser usados aos poucos. Usar inicialmente, em casa, por algumas horas por dia.
• Nunca andar descalço, mesmo em casa.
• Lavar os pés diariamente, com água morna e sabão neutro. Evitar água quente. Secar bem os pés, especialmente entre os dedos.
• Após lavar os pés, usar um creme hidratante. Não usar entre os dedos.
• Cortar as unhas de forma reta, horizontalmente.
• Não remover calos ou unhas encravadas em casa; procurar equipe de saúde para orientação.
Para aprofundar seus conhecimento sobre o tema, não deixa de acessar
os textos sugeridos na atividade!
BibliografiaBrasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Capítulo 5 - Avaliação e cuidados com os pés de pessoas com diabetes mellitus na atenção básica. p. 91-107. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_pessoa_diabetes_mellitus_cab36.pdf
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