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Sindicato dos Trabalhadores Públicos Municipais do Agreste da Borborema Filiado à CUT Rua Tavares Cavalcante, 172 – Centro – Fone (83) 3341-3178 – E-mail: [email protected] CEP 58100-160 – Campina Grande-PB EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA DA COMARCA DE INGÁ – ESTADO DA PARAÍBA. URGENTE SINDICATO DOS TRABALHADORES PÚBLICOS DO AGRESTE DA BORBOREMA – SINTAB, empresa jurídica de direito privado, com sede administrativa na Rua Tavares Cavalcante, n° 172, Centro, na cidade de Campina Grande/PB, neste ato representado por seu Presidente interino o Sr. Giovanni Freire da Silva, por meio de seu procurador constituído que subscreve, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro com fulcro no art. 39, § 1° e art. 7°, X da CF/1988, bem como da Lei 12.016/09 em todos os seus termos, ingressar com a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA c/c COBRANÇA DE SALARIOS EM ATRASOS E pedido de medida LIMINAR em desfavor do MUNICÍPIO DE SERRA REDONDA (PREFEITURA MUNICIPAL DE SERRA REDONDA), pessoa jurídica de direito público, CNPJ n. 08.868.937/0001-95, neste ato representado pelo Prefeito Constitucional DANILO JOSE ANDRADE DE OLIVEIRA, onde deverá ser citado na Rua Dom Adauto, 11, Centro, na cidade de Serra Redonda-PB, CEP: 58.385-000, pelo que passam a expor e a requererem o seguinte: _____________________________________________________________________________________ I – BREVE SINOPSE DOS FATOS O requerente é uma entidade que tem por objetivo a defesa dos direitos e interesses individuais e coletivos de seus sindicalizados, ora servidores do Município de Serra Redonda-PB, conforme suas disposições estatutárias. Informa o sindicato-autor que o Município de Serra Redonda-PB, através de seu gestor não realizou ainda com o pagamento do salário de dezembro de 2017, os quais deveriam ter sidos pagos até o último dia 30/12/2017. É público e notório através da mídia local que sequer se tem qualquer notícia ou resposta de quando vai ser processado o pagamento desses servidores, conforme encartes jornalísticos, ora inclusos.

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Sindicato dos Trabalhadores Públicos Municipais do Agreste da Borborema Filiado à CUT

Rua Tavares Cavalcante, 172 – Centro – Fone (83) 3341-3178 – E-mail: [email protected] – CEP 58100-160 – Campina Grande-PB

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA DA COMARCA DE INGÁ – ESTADO DA PARAÍBA.

URGENTE SINDICATO DOS TRABALHADORES PÚBLICOS DO AGRESTE

DA BORBOREMA – SINTAB, empresa jurídica de direito privado, com sede administrativa na Rua Tavares Cavalcante, n° 172, Centro, na cidade de Campina Grande/PB, neste ato representado por seu Presidente interino o Sr. Giovanni Freire da Silva, por meio de seu procurador constituído que subscreve, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro com fulcro no art. 39, § 1° e art. 7°, X da CF/1988, bem como da Lei 12.016/09 em todos os seus termos, ingressar com a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA c/c COBRANÇA DE SALARIOS EM

ATRASOS E pedido de medida LIMINAR

em desfavor do MUNICÍPIO DE SERRA REDONDA (PREFEITURA MUNICIPAL DE SERRA REDONDA), pessoa jurídica de direito público, CNPJ n. 08.868.937/0001-95, neste ato representado pelo Prefeito Constitucional DANILO JOSE ANDRADE DE OLIVEIRA, onde deverá ser citado na Rua Dom Adauto, 11, Centro, na cidade de Serra Redonda-PB, CEP: 58.385-000, pelo que passam a expor e a requererem o seguinte:

_____________________________________________________________________________________

I – BREVE SINOPSE DOS FATOS

O requerente é uma entidade que tem por objetivo a defesa dos direitos e interesses individuais e coletivos de seus sindicalizados, ora servidores do Município de Serra Redonda-PB, conforme suas disposições estatutárias.

Informa o sindicato-autor que o Município de Serra Redonda-PB, através de seu gestor não realizou ainda com o pagamento do salário de dezembro de 2017, os quais deveriam ter sidos pagos até o último dia 30/12/2017.

É público e notório através da mídia local que sequer se tem qualquer notícia ou resposta de quando vai ser processado o pagamento desses servidores, conforme encartes jornalísticos, ora inclusos.

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Essa preocupação de atrasos salariais vem existindo a cada ano penalizando substancialmente todos os servidores públicos municipais, ainda que terão que recorrer a empréstimos para saldar suas despesas mensais se endividando cada vez mais.

Ademais, tal preocupação é que encerrou o ano e que todo ano tem a mesma celeuma de gestores irresponsáveis que não cumprem com o pagamento do salário do mês de dezembro de seus servidores deixando a mercê da própria sorte.

A Constituição Federal, em seus artigos 7º, X e 1º, III, dispõe que:

“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

(…) X - Proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua

retenção dolosa.

Oportuno enfatizar que o salário visa a atender às necessidades básicas de todo ser humano, bem como de sua família, ligando-o diretamente à dignidade da pessoa humana, que é um dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil, contido em seu artigo 1°, III, in albis:

“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

(...) III - a dignidade da pessoa humana;”

Cabe salientar que como vivemos num Estado Democrático de Direito a Administração Pública deve obedecer às próprias Leis e Atos Normativos que edita, como forma de respeitar o princípio da Legalidade.

Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, em sua obra Direito Administrativo Brasileiro, define: “A legalidade, como princípio de administração (CF,

art. 37, caput), significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso.”.

Portanto, o Município tem por obrigação-dever de cumprir todas as obrigações legais, qual seja efetivar o pagamento dos seus servidores, a referida postergação de suas obrigações é ilegal e inconstitucional.

Que diante dessa situação o sindicato-autor solicitou mediante oficio que a municipalidade determinar uma previsão de pagamento, que sequer foi encaminhado qualquer resposta pelo ente público, em total desídia e desrespeito com os seus administrados.

Assim, Excelência, como se pode observar, a municipalidade em momento algum poderia ter procedido da forma que vem fazendo em postergar o pagamento do salário do mês de dezembro, os quais deveriam ter sido pagos até o 5° dia útil. Diante desses os acontecimentos e da ausência de resolutividade nas ações públicas é que o sindicato-autor vem buscar a tutela jurisdicional no sentido de resguardar o cumprimento salarial dos seus filiados com o pedido de bloqueio das verbas federais.

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Some-se a tanto, ainda, o fato de existirem notícias de que o referido município gasta muito com prestadores de serviços, o que leva, inevitavelmente, à conclusão de que a Prefeito estaria mais preocupados com os prestadores em detrimento dos efetivos.

Deve-se ressaltar, Excelência, ainda, que a falta no pagamento dos servidores públicos efetivos do município configura ato ímprobo e irresponsável, a merecer imediata reprimenda do Poder Judiciário.

Extrai-se, por outro lado, que o município vem recebendo normalmente os repasses de recursos que lhes é devido (fundo de participação dos municípios – FPM, parcela de impostos – ITR, ICMS, IPTU, FNS, FUNDEB, dentre outros), não havendo, pois, razões plausíveis para a desídia no tocante ao pagamento do salário dos servidores.

Tal situação não pode perdurar, eis que desumana para os que sofrem com os atrasos em suas verbas alimentares e, acima de tudo, ilegal, vez que fere normas jurídicas preceituadas na lei e na própria Constituição Federal. Sendo os servidores públicos vinculados à Administração Pública, o efetivo pagamento de seus salários assume importância também sob outro ângulo - a garantia da correta gestão do dinheiro público.

Excelência, a presente demanda destina-se à proteção dos direitos e das garantias constitucionais dos desafortunados servidores públicos, os quais ante à ausência de uma atuação administrativa, os quais ao arrepio do ordenamento jurídico e sem nenhum apego à ética e moralidade que se exige dos ocupantes de cargos públicos, vem massacrando tais servidores através de uma política desumana de arroxo salarial, perseguição política e descumprindo de direitos laborais básicos previstos na CF.

Os fatos narrados, em especial pelo não pagamento dos salários dos servidores municipais, justificam a intervenção do Poder Judiciário no sentido de compelir a autoridade coatora a efetuar o pagamento dos salários atrasados dos servidores públicos e/ou bloquear as verbas repassadas regularmente da Prefeitura Municipal, visando garantir o pagamento dos servidores.

Eis a breve e constrangedora sinopse fática do promovente, figurando como substituto processual.

_________________________________________________________________________

II – DA COMPETENCIA SINDICAL. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL

Na ação civil pública, por serem tutelados bens coletivos em suposta situação de risco, como é o caso presente do município de Campina Grande e do atual gestor municipal.

Por sua vez, a Constituição Federal, em seu artigo 8º, III dispõe que cabe aos sindicados a defesa dos direitos e interesses coletivos e individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. No mesmo sentido, o artigo 3º, III da Lei 8073/90 assegura que as entidades sindicais poderão atuar como substitutos processuais dos integrantes da categoria.

O Sindicato autor promove a presente ação de forma coletiva como substituto processual dos integrantes da categoria, empregados da ré, inclusive em benefício daqueles que não são associados.

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Com a edição da Lei Magna de 1988, grande parte da jurisprudência já se inclinava pela legitimidade ativa "ad causam" dos sindicatos, como substitutos processuais da categoria:

É que o acórdão abaixo está em harmonia com a jurisprudência desta Suprema Corte, no sentido de que “os sindicatos têm legitimidade processual para atuar na defesa de todos e quaisquer direitos subjetivos individuais e coletivos dos integrantes da categoria por ele representada [CB/88, art. 8º, III]”, como se pode depreender do teor da ementa dos seguintes julgados:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. REPERCUSSÃO GERAL NÃO EXAMINADA. OFENSA REFLEXA. INVIABILIDADE DO RECURSO. CONSTITUCIONAL. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. SINDICATO. ART. 8º, INC. III, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A repercussão geral pressupõe recurso admissível sob o crivo dos demais requisitos constitucionais e processuais de admissibilidade (art. 323 do RISTF). Consectariamente, se inexiste questão constitucional, não há como se pretender seja reconhecida a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso (art. 102, III, § 3º, da CF). 2. “Os sindicatos têm legitimidade processual para atuar na defesa de todos e quaisquer direitos subjetivos individuais e coletivos dos integrantes da categoria por ele representada [CB/88, art. 8º, III]”. Precedentes: AI n. 453.031-AgR/SP, Relatora Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, publicado no DJe de 7.12.2007, RE n. 226.205-AgR, Relator Min. Eros Grau, 2ª Turma, publicado no DJe de 22.5.2007 e AI n. 422.148-AgR, Relator Min. Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, publicado no DJe de 14.11.2007. 3. In casu, o acórdão recorrido assentou: “RECURSO DE REVISTA. 1. PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. No tópico, a reclamada não apontou violação de lei, nem da Constituição Federal. Dessa forma, está desfundamentado, a teor da determinação do artigo 896 da CLT e da OJ nº 115 da SBDI-1 do TST. Recurso de revista não conhecido. 2. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DO SINDICATO PARA PROPOR AÇÃO CIVIL PÚBLICA. A jurisprudência desta Corte Superior segue no sentido de reconhecer, após pronunciamento do STF a respeito do artigo 8º, III, da CF, que o sindicato profissional detém legitimidade para ajuizar ação civil pública. Conclui-se também pela análise do parágrafo 1º do artigo 129 do texto constitucional, bem como segundo Lei Orgânica do parquet, que o Ministério Público não detém exclusividade no manejo de tal remédio. Precedentes. Recurso de revista não conhecido. 3. SINDICATO. REPRESENTAÇÃO. Apesar de o TRT da 1ª Região ter afirmado que a discussão a respeito da representatividade do sindicato estava preclusa, pois já fora analisada pelo acórdão anterior que determinara o retorno dos autos à origem, o fato é que o acórdão recorrido adentrou novamente na discussão. Dessa forma, não se vislumbra violação do artigo 893, § 1º, da CLT e contrariedade à Súmula 214 do TST. Quando questionou especificamente a validade dessa representação, a recorrente não trouxe violação de lei, da Constituição Federal e, tampouco, divergência jurisprudencial para impulsionar seu recurso de revista. Recurso de revista não conhecido. 4. PERDA DE OBJETO. O tópico somente veio impulsionado por violação dos artigos 5º, II, da Constituição Federal e 267 do CPC. A alegação de afronta ao art.

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5º, II, da Carta Magna não impulsiona o recurso de revista, por tratar este dispositivo de princípio genérico cuja violação só se perfaz, quando muito, de forma reflexa ou indireta. Esse é o entendimento consagrado neste Tribunal. Em relação ao artigo 267 do CPC incide o óbice da Súmula 221, I, do TST. Recurso de revista não conhecido. 5. VÍNCULO DE EMPREGO. Extrai-se do acórdão regional que a atividade exercida pelos prestadores de serviço se inseria entre as atividades empresariais, qual seja a manutenção e assistência técnica de equipamentos xerográficos de propriedade de terceiros. Como se não bastasse, afirmou o Regional que, mesmo após a terceirização, trabalhadores mantiveram inalteradas a subordinação, habitualidade e o trabalho pessoal. Assim, para se afirmar o contrário, ainda que em tese, seria necessária nova análise da prova, o que é vedado nesta fase processual pelo disposto na Súmula 126 do TST. Recurso de revista não conhecido.” 4. NEGO SEGUIMENTO ao recurso extraordinário com agravo. (STF Brasília, 31 de maio de 2012. Relator: Ministro LUIZ FUX)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. SINDICATO. ART. 8º, III, DA CB/88. PRECEDENTE DO PLENÁRIO. ALTERAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DO STF. ORIENTAÇÃO MANTIDA PELA CORTE. 1. A orientação firmada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no sentido de que os sindicatos têm legitimidade processual para atuar na defesa de todos e quaisquer direitos subjetivos individuais e coletivos dos integrantes da categoria por ele representada [CB/88, art. 8º, III] vem sendo confirmada em sucessivos julgamentos. 2. A nova composição do Tribunal não ensejou mudança nessa orientação. Precedente. 3. Agravo regimental a que se nega provimento” (STF - RE n. 226.205-AgR, Relator Min. Eros Grau, 2ª Turma, publicado no DJe de 22.5.2007).

CONSTITUCIONAL. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. SINDICATO. ART. 8º, III, DA CF/88. PRECEDENTE DO PLENÁRIO. I - O Plenário do Supremo Tribunal Federal deu interpretação ao art. 8º, III, da Constituição, e decidiu que os sindicatos têm legitimidade processual para atuar na defesa de todos e quaisquer direitos subjetivos individuais e coletivos dos integrantes da categoria por ele representada. II - Agravo regimental improvido” (STF - AI n. 422.148-AgR, Relator Min. Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, publicado no DJe de 14.11.2007).

A norma faz referência expressa à substituição processual da categoria, sem cogitar de associados ou não associados. Dirime uma de vez, a controvérsia quanto à representação e à substituição, subjacentes à exegese do texto constitucional (art. 8º, III).

Ocorre, que o texto constitucional não restringe, de modo algum a atuação dos sindicatos em tais demandas, ao revés, dele se extrai que ser inegavelmente legítima a Instituição para o exercício da ação civil pública, eis que não há como garantir o acesso pleno e efetivo à justiça (promessa expressa da Magna Carta) sem disponibilizar instrumentos reais de tutela das coletividades hipossuficientes, seja sob o aspecto econômico, seja sob o aspecto organizacional.

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Colaciona-se, ainda, parte do parecer proferido pela Professora das Arcadas, Ada Pelegrini Grinover, no âmbito do Supremo Tribunal Federal (em sede de adi), no que tange a legitimidade para a propositura de Ações Civis Públicas:

“Por outro lado, a ampliação da legitimação à ação civil pública representa poderoso instrumento de acesso à justiça, sendo louvável que a iniciativa das demandas que objetivam tutelar interesses ou direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos seja ampliada ao maior número possível de legitimados, a fim de que os chamados direitos fundamentais de terceira geração – os direitos de solidariedade – recebam efetiva e adequada tutela. Acesso à justiça: este o fundamento para uma legitimação ampla, articulada, composta para as ações em defesa de interesses ou direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. Não se pode olvidar, aqui, a lição clássica de Mauro Cappelletti, referência obrigatória na matéria, que inseriu a defesa dos direitos difusos na segunda onda renovatória do acesso à justiça.

“As opções relativas à legitimidade para defesa dos interesses difusos e coletivos devem ter por norte a maior ampliação possível do acesso à justiça. Deve-se ter em mente que, tendo em vista a anatomia social dos interesses em questão, o problema será sempre de subrepresentação, não o de um número exacerbado de litígios jurisdicionalizados. Cabe, dessa forma, ampliar ao máximo a porta de acesso desses interesses à justiça e, ainda, criar mecanismos de incentivo para sua defesa judicial - Cappelletti, Mauro e Garth, Bryan, Acesso à Justiça, trad. de Ellen Gracie Northfleet, Porto Alegre, Fabris, 1988, p. 31. [8]”. (Grifei).

Saliente-se, ainda, que a necessidade de comprovação da insuficiência de recursos se aplica exclusivamente às demandas individuais, porquanto, nas ações coletivas, esse requisito resultará naturalmente do objeto da demanda – o pedido formulado. Bastará que haja indícios de que parte ou boa parte dos assistidos sejam necessitados.

Atualmente, essa legitimidade para substituir as partes no processo está ainda mais evidenciada, ante o disposto no art. 3º da Lei nº 8.073/90, que estabelece, "in verbis":

"Art. 3º. As entidades sindicais poderão atuar como substitutos processuais da categoria."

No escopo de assegurar a realização de tais objetivos, especialmente em favor daqueles referentes à parcela menos favorecida da sociedade os órgãos sindicais têm o dever de proteger também interesses metaindividuais, em abono ao fundamento mestre do Estado Democrático de Direito, qual seja, o da dignidade da pessoa humana e ao primado da Igualdade Material. _____________________________________________________________________________________

III – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Por outro lado, a Constituição Federal de 1988 dispõe de mecanismos de coibir tais abusos, em seu artigo 37, que dentre outros, caberá à Administração a estrita observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, bem como garantir o salário aos seus trabalhadores.

Portanto, o gestor municipal não tem a mera faculdade, mas sim o dever de cumprir a lei, toda vez que assim não procede ofende os ditames constitucionais. Neste contexto, dever-se-á ser assegurada aos substituídos, servidores municipais a garantia prevista no artigo 7º, X, da Constituição Federal, que protege os salários dos trabalhadores urbanos na norma da lei, constituindo

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crime sua retenção dolosa, a lume do princípio da isonomia, sobretudo, por se tratar de verba alimentar.

Por sua vez, o art. 7º da CF88, elenca de forma não exaustiva o rol de direitos mínimos de todos os trabalhadores:

“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

(...) X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua

retenção dolosa;”

Como se vê, Excelência, a municipalidade descumpriu com o direito previsto em nossa legislação, submetendo os seus servidores a situação de humilhação, abandono, ofendendo a dignidade do trabalho humano.

Excelência, não estamos a tratar aqui de animais, mas sim de seres humanos, de famílias inteiras, muitas delas extremamente numerosas e pobres, que vem sofrendo com a leviana atuação de mal gestores já que os servidores dependem deste modestíssimo salário para viver.

Ademais, não se trata de caridade ou esmola, mas sim, do direito à percepção de verba de natureza alimentar, decorrente de compensação pelo labor prestado durante o mês.

Observe, que a ausência de pagamentos salariais é improcedente diante dos repasses federais comprovados. Logo, como poderia o Ente Municipal querer justificar a sua má gestão em não disponibilizar os salários dos seus servidores, especialmente quando recebera todas as verbas federais necessárias para fazê-lo?

Será que o gestor, num ato de solidariedade humana e comoção com a situação dos demais servidores municipais também ficou sem receber seu subsídio? Será que seus secretários e assessores também o fizeram?

Ocorre, Excelência, que ao administrador não foi conferido, por dispositivo constitucional, Lei Orgânica Municipal ou qualquer outra legislação, o direito de dispor livremente, assenhorando-se, das finanças públicas da comuna, até porque não lhes pertence, revelando-se indeclinável o dever do Poder Público de observar e cumprir a obrigação de pagar os vencimentos dos servidores a justificar o bloqueio das contas municipais para pagamentos desses servidores.

Ora, a má gestão da coisa pública a ocasionar o atraso dos salários dos servidores, gera, indubitavelmente, lesões de ordem difusa, uma vez atingir a moralidade administrativa e o patrimônio público.

Impende destacar que a percepção de salário não é um direito o qual se possa dispor, uma vez ser ele a chave mestra para a realização de muitos outros, tais como alimentação, vestuário, saúde, lazer, moradia, que também repousam sob o manto da Carta Magna. É o salário que propicia o sustento do indivíduo e de família. Assim, como abjurar sua própria subsistência? Como relegar sua dignidade humana?

Por isso, é direito constitucional de todo trabalhador, incluídos os servidores públicos, o recebimento de salário pelo trabalho executado, sobretudo, em razão da natureza alimentar que o representa.

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Outrossim, a Administração Pública está sujeita a lei, devendo, portanto, honrar com seus compromissos financeiros e, assim, efetuar o pagamento da remuneração dos servidores no tempo correto.

Logo, como é crime a retenção salarial realizada pelo gestor público municipal, entendo que deve ser garantido o direito ao pagamento no tempo correto, por ser considerada verba de natureza alimentar, indispensáveis à sobrevivência dos servidores públicos municipais. O pagamento dos salários em datas aleatórias e sem definição, torna os servidores vulneráveis e os impossibilita de garantir a manutenção adequada de seu sustento e de sua família.

Assim, tem-se que o demandado, em verdade, desrespeitou a obrigatoriedade de pagamento dos vencimentos dos servidores públicos em dia, violando, de maneira clara e inequívoca, os princípios da legalidade e moralidade que regem a Administração Pública.

Nesse sentido, vejamos os seguintes julgados desta Corte de Justiça:

EMENTA: REMESSA DE OFÍCIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SERVIDORES PÚBLICOS. ATRASO NO PAGAMENTO DA REMUNERAÇÃO. RETENÇÃO INDEVIDA. ART. 7º, INCISO X, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. OBRIGAÇÃO DE GARANTIR O PAGAMENTO DA REMUNERAÇÃO NA DATA CORRETA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO. - É direito constitucional de todo trabalhador, incluídos os servidores públicos, o recebimento de salário pelo trabalho executado, sobretudo, em razão da natureza alimentar que o representa. - Deve ser garantido o direito ao pagamento da remuneração no tempo correto, por ser considerada verba de natureza alimentar, indispensáveis à sobrevivência dos servidores públicos municipais, sendo, portanto, indevida a retenção. O pagamento dos salários em datas aleatórias e sem definição, torna os servidores vulneráveis e os impossibilita de garantir a manutenção adequada de seu sustento e de sua família - Havendo comprovação de atraso de pagamento da remuneração dos servidores públicos municipais, há de ser mantida a sentença de primeiro grau, cabendo ao Ente Municipal adotar a medida imposta no decreto judicial. (TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00000940520138150161, 2ª Câmara Especializada Cível, Relator DES. OSWALDO TRIGUEIRO DO VALLE FILHO, j. em 12-12-2017)

EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ATRASO DE SALÁRIO E DÉCIMO TERCEIRO DE SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS. RETENÇÃO INDEVIDA. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. RETIFICAÇÃO. NECESSIDADE. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA PELO ÍNDICE DA CADERNETA DE POUPANÇA ATÉ 25/03/2015, DATA DA MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE, PELO STF, DO ART. 1º-F, DA LEI Nº 9.494/97, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.960/09. APLICAÇÃO DO IPCA-E NO PERÍODO POSTERIOR. JUROS DE MORA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE QUE ATINGIU SOMENTE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. UTILIZAÇÃO

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DO ÍNDICE DE CADERNETA DE POUPANÇA. PROVIMENTO PARCIAL DA REMESSA. - É direito líquido e certo de todo servidor público, ativo ou inativo, perceber seus proventos pelo exercício do cargo desempenhado, nos termos dos artigos 7º, X, e 39, § 3º, da Carta Magna, considerando ato abusivo e ilegal qualquer tipo de retenção injustificada. – A correção monetária e os juros de mora, como consectários legais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados de ofício, o que afasta suposta violação do princípio do non "reformatio in pejus". Por força da declaração de inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, a correção monetária há de ser computada desde que cada parcela passou a ser devida, utilizando-se como indexador o índice da caderneta de poupança até 25/03/2015, data da modulação dos efeitos, momento em que incidirá o IPCA-E. (TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00011129620138150311, 1ª Câmara Especializada Cível, Relator DES. LEANDRO DOS SANTOS, j. em 11-07-2017).

DO BLOQUEIO DAS CONTAS MUNICIPAIS - Neste diapasão, caso o gestor não proceda com a quitação salarial de todos os servidores municipais, ainda que o administrador público tem que velar pelo equilíbrio orçamentário, arrecadando os tributos devidos e efetuando os pagamentos correntes da máquina administrativa, ainda que as verbas especificas estão sendo repassadas pelos entes federados.

Assim sendo, os Tribunais pátrios, vem admitindo como extrema ratio o bloqueio de verbas municipais para assegurar tais pagamentos, senão vejamos:

EMENTA: REMESSA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. BLOQUEIO DO FUNDEF E FPM. PAGAMENTO DE SERVIDORES EM ATRASO. POSSIBILIDADE. I - O bloqueio de verbas municipais que visam o pagamento do funcionalismo público, não se trata de interferência do Poder Judiciário na esfera administrativa, tendo em vista que tem como finalidade restabelecer a normalidade no Município. II - Remessa improvida. (TJ-MA - REMESSA: 29362005 MA, Relator: JORGE RACHID MUBÁRACK MALUF, Data de Julgamento: 04/07/2005, BARAO DE GRAJAU)

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. BLOQUEIO DE 50% (CINQUENTA POR CENTO) DO FUNDO DE PARTICIPAÇÃO MUNICIPAL (FPM) E 60% DO FUNDO DE DESENVOLVIMENTO DO ENSINO - FUNDEB ATRASO NO PAGAMENTO DE SERVIDORES. REFORMA PARCIAL DA DECISÃO. AGRAVO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. UNANIMIDADE. 1. Ação civil pública. Atraso no pagamento de vencimentos de servidores municipais no mês de dezembro e o 13º salário do ano de 2014. 2. Bloqueio de contas do Município referente a recursos oriundos do Fundo de Participação do Município e do Fundeb. 3. Manutenção do bloqueio de 60%(sessenta por cento) dos recursos do FUNDEB/FUNDEF para pagamento dos servidores municipais inerentes a educação básica. 4. Contudo, o mesmo não deve ocorrer em relação ao Fundo de Participação do

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Município - FPM, pois tal medida inviabilizaria toda a gestão da municipalidade. 5. Decisão parcialmente reformada. 6. Agravo conhecido e parcialmente provido. Unanimidade. (TJ-MA - AI: 0011642015 MA 0000115-46.2015.8.10.0000, Relator: RAIMUNDO JOSÉ BARROS DE SOUSA, Data de Julgamento: 30/03/2015, QUINTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 07/04/2015)

EMENTA: AGRAVO - TUTELA ANTECIPADA – VENCIMENTOS ATRASADOS – VERBA DE CARÁTER ALIMENTAR – BLOQUEIO E APREENSÃO DE DINHEIRO EM CONTA CORRENTE DO ESTADO – POSSIBILIDADE – HIPÓTESE NÃO PREVISTA NA LEI 9.494/97 – VERBA JÁ PREVISTA NO ORÇAMENTO – DESNECESSIDADE DE PRECATÓRIO – ARTIGO 475 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – INAPLICABILIDADE – RELEVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE DO PROCESSO – IMPROVIDO – A tutela antecipada concedida contra a Fazenda Pública, para bloqueio e apreensão de valores para pagamento de vencimento atrasado e incontroverso de servidor público, não é inconstitucional e não se encontra nas hipóteses proibitivas da Lei 9.494/97. Quando se trata de crédito de natureza alimentícia, e a verba já está prevista no orçamento, a expedição de precatório não se afigura imprescindível. Uma vez presentes os requisitos para a concessão da tutela antecipada, não há exigir outras condições nem opor obstáculos como o do artigo 475 do Código de Processo Civil, em face da preponderância do princípio da efetividade do processo. (TJMS. 4ª Câmara Cível, AG nº. 2001.006851-6, Rel. Des. João Maria Lós, DPJ 19.11.2001).

No intuito de regulamentar o mencionado dispositivo constitucional, a Lei complementar nº 101/2000, em seu artigo 19, assim dispõe:

“Art. 19 - Para os fins do disposto no artigo 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir determinados:

I - União: 50% (cinquenta por cento); II - Estados: 60% (sessenta por cento); III - Municípios: 60% (sessenta por cento).”

Desse modo, o bloqueio pugnado não pode se dar sob a totalidade dos recursos disponíveis, mas sim no percentual máximo das receitas públicas destinadas ao gasto com pessoal, vez que sequer temos idéia do montante total a ser respondido, ainda que os créditos recebidos pelo FUNDEB, FNS, cuja receita é superavitária.

O limite a ser bloqueado em cada conta bancária da Prefeitura corresponde a 60% (sessenta por cento) da receita corrente líquida percebida pelo Município, a incidir sobre toda a verba existente, bem como as que vierem a ser creditadas em favor do Município até o final do mandato do requerido na chefia do Executivo Município.

Como é de conhecimento geral, as verbas públicas devem ser destinadas aos seus fins específicos, quais sejam: fazer frente às despesas operacionais da máquina administrativa, pagar dívidas já assumidas e investir em programas de governo.

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Dispõe a Lei de Responsabilidade Fiscal, ainda, que a Lei de Diretrizes Orçamentárias deve trazer o anexo de metas fiscais, no qual o ente tem de fazer um demonstrativo, ano a ano, da margem de aumento das despesas obrigatórias de caráter continuado, como é a relativa ao pagamento do pessoal (artigo 4º, §2º, inciso V da Lei Complementar nº 101/2000). Tal providência visa ao controle das finanças públicas. Ora, se o município de Massaranduba deixou de efetuar o pagamento do pessoal, o que, por si só, já corresponde a uma ilegalidade, significa que deixou de considerar a margem de aumento das despesas obrigatórias de caráter continuado, que planejou incorretamente o orçamento, ou, mais grave ainda, que utilizou os recursos orçamentários destinados ao pagamento de pessoal para outras finalidades.

Além disso, conforme frisado anteriormente, a Lei de Responsabilidade Fiscal prevê, como instrumento de controle das finanças públicas, além da reserva de contingência, a limitação de empenho, a qual, aliás, não pode recair sobre obrigações legais do ente, tais como o pagamento de pessoal.

Art. 9º - Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

§ 1º - No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.

§ 2º - Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.

Art. 4º - (...) § 1º - Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas

Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes.

§ 2º - O Anexo conterá, ainda: (...) V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e

da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. (...)

Assim, quando tinha clara ciência da sua obrigação legal de pagar em dia os vencimentos dos servidores, o réu, através do seu então Prefeito, descumpriu adrede seu conteúdo, motivo pelo qual cometeu, dolosamente, ao menos em tese, o crime de responsabilidade previsto no artigo 1º, incisos III e XIV do Decreto-lei nº 201/1967.

Logo, sobram razões para reconhecer a necessidade de decretar-se o bloqueio das contas públicas municipais, a fim de garantir o pagamento dos salários dos servidores, porquanto referida falta de pagamento, além de ser extremamente lesiva ao patrimônio público municipal, prejudica a continuidade do serviço público.

Ante a situação exposta, nota-se que, além de uma desorganização administrativa, vive a municipalidade envolvida em poder praticamente ditatorial

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do administrador público, quando este opta por realizar pagamento de servidores no dia que lhe apraz.

Se o servidor presta o serviço, tem, incontinenti, direito à percepção de seu salário, não estando o pagamento sujeito ao poder discricionário do gestor público.

Assim, o atraso salarial ora questionado, revela que o tratamento dado pelo gestor público ao pagamento do seu funcionalismo é totalmente arbitrário. Isso porque o administrador deve atuar conforme a norma, em prol do interesse público. Ao deixar de fazê-lo, estará violando os princípios administrativos da legalidade, da finalidade e definitivamente, o princípio da moralidade administrativa.

Pode-se afirmar, com propriedade, que, no âmbito do direito administrativo, somente é permitido ao agente atuar de acordo com os mandamentos legais. Por essa limitação legal da competência do agente público, é intolerável a eventual alegação de desconhecimento da lei ou erro pelo agente, desenhando-se a presunção que milita em seu desfavor: sempre que o agente descumprir a norma legal ou agir em desacordo com aquilo que lhe é determinado, presume-se a sua má fé.

Por sua vez, a demora na prestação jurisdicional é fator indiscutível, já que a falta de pagamento dos vencimentos se perpetua até a presente data, motivo pelo qual é de extrema gravidade a situação do município com relação ao pagamento de direitos que se consubstanciam com a prestação dos serviços públicos.

Assim, necessária a determinação do bloqueio das contas municipais do FUNDEB, ICMS e FPM, através de ofício aos superintendentes dos Bancos do Brasil e da Caixa Econômica Federal, no percentual de 60% daquelas contas, vinculando referido percentual ao pagamento dos servidores da secretaria de saúde.

A medida terá caráter inclusive alimentar, vez que é com a renda dos vencimentos que os funcionários proporcionam o sustento próprio e de seus familiares.

Vale salientar que se requer o bloqueio no percentual de 60%, em vista de que, com relação ao FPM, o gasto permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, no artigo 20, inciso III, alínea “b” para pessoal é de 56%, enquanto que, com relação ao FUNDEB, recurso vinculado que é, o artigo 22 da Lei 11.494/2007 assegura aos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na rede pública, pelo menos, 60% (sessenta por cento) para remuneração.

EMENTA: REMESSA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. BLOQUEIO DO FUNDEF E FPM. PAGAMENTO DE SERVIDORES EM ATRASO. POSSIBILIDADE. I - O bloqueio de verbas municipais que visam o pagamento do funcionalismo público, não se trata de interferência do Poder Judiciário na esfera administrativa, tendo em vista que tem como finalidade restabelecer a normalidade no Município. II - Remessa improvida. (TJ-MA - REMESSA: 29362005 MA, Relator: JORGE RACHID MUBÁRACK MALUF, Data de Julgamento: 04/07/2005, BARAO DE GRAJAU)

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EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CAUTELAR INOMINADA. LIMINAR INAUDITA ALTER PARS. BLOQUEIO DO FPM, FUNDEF E ICMS. PAGAMENTO DO FUNCIONALISMO MUNICIPAL. POSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. I - Presentes os pressupostos permissivos (fumus boni júris e periculum in mora), como também as informações necessárias, há possibilidade da concessão de liminar em intimação do ente público. II - O bloqueio das verbas municipais visando pagamento dos servidores públicos, não se trata de interferência do Poder Judiciário na discricionariedade administrativa. III - Recurso conhecido e improvido. (Agravo de Instrumento nº 143562003 (0468622003), 4ª Câmara Cível do TJMA, Montes Altos, Rel. Milson de Souza Coutinho. j. 21.10.2003).

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER TUTELA ANTECIPADA CONCEDIDA BLOQUEIO DE VERBAS COMO FORMA DE COERÇÃO PARA CUMPRIMENTO DA MEDIDA ANTECIPATÓRIA AUSÊNCIA DE RECURSO DETERMINAÇÃO JUDICIAL DE COMPLEMENTAÇÃO DO VALOR BLOQUEADO IRRESIGNAÇÃO INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO - REDISCUSSÃO DA MATÉRIA PRECLUSÃO POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO DA QUANTIA FIXADA A TÍTULO DE BLOQUEIO DESPROVIMENTO - ¿Não se conformando a parte com a decisão interlocutória proferida pelo juiz art. 162, § 2°, cabe-lhe o direito de recurso através do agravo de instrumento art. 522. Mas se não interpõe o recurso no prazo legal, ou se é ele rejeitado pelo tribunal, opera-se a preclusão, não sendo mais lícito à parte reabrir discussão, no mesmo processo, sobre a questão¿ Theodoro Júnior, Humberto. Curso de direito processual civil. 25. ED. Rio de Janeiro Forense, 1998. V. 1. p. 531 - É possível ao magistrado, até mesmo de ofício, a majoração, a redução ou o cancelamento da multa cominatória, quando entender que ela se tornou insuficiente, excessiva, ou ainda, desnecessária. (TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 20020120869249001, 1ª CÂMARA CÍVEL, Relator Leandro dos Santos, j. em 04-12-2012)

Destaca que analisando o site da fazenda observou que as verbas do FUNDEF, ICMS e FNS estavam sendo repassadas normalmente, requerendo, desse modo, liminarmente, o bloqueio de 100%(cem por cento) do FUNDEF e de 60% (sessenta por cento) do FPM para que os funcionários fossem pagos devidamente.

Ressalte-se que o não pagamento dos vencimentos do funcionalismo público na data prevista, trata-se de ilegalidade e abuso por parte do Prefeito Municipal, deixando aberta a possibilidade de interferência do Poder Judiciário para a correção de tal situação, não havendo outra forma, senão, o bloqueio das verbas.

Nesse passo, sob o tema conclui Maria Sylvia Zanella Di Pietro: “Essa tendência que se observa na doutrina, de ampliar o alcance da

apreciação do Poder Judiciário, não implica invasão na discricionariedade administrativa; o que se procura é colocar essa discricionariedade em seus devidos limites, para distingui-la da interpretação (apreciação que leva a uma única

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solução, sem interferência da vontade do intérprete) e impedir as arbitrariedades que a Administração Pública pratica sob o pretexto de agir discricionariamente.”

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA RETENÇÃO DE SALÁRIOS DE SERVIDORES BLOQUEIO DE VERBAS QUE NÃO PERTENCEM AO MUNICÍPIO - IMPOSSIBILIDADE - CONCESSÃO PARCIAL DA SEGURANÇA ATRASOS COMPROVADOS AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA - MANUTENÇÃO DA SENTENÇA - DESPROVIMENTO DA REMESSA. - "Constitui direito líquido e certo de todo servidor público receber os vencimentos que lhes são devidos pelo exercício do cargo. Atrasando e suspendendo o pagamento de tais verbas, sem motivos ponderáveis, comete o prefeito municipal, inquestionavelmente, ato abusivo e ilegal, impondo-se julgar procedente o pedido de cobrança, conhecendo, mas desprovendo a remessa oficial de sentença que assim o faz. ". (TJPB; AC 024.2009.001.616-3/001; Terceira Câmara Cível; Rei. Des. Genésio Gomes Pereira Filho; DJPB 19/08/2011; Pág. 9). TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00012369420128150091, 3ª Câmara cível, Relator Des Saulo Henriques de Sá e Benevides, j. em 27-05-2014)

EMENTA: ADMINISTRATIVO - RECURSO OFICIAL - MANDADO DE SEGURANÇA - RETENÇÃO DE VENCIMENTOS DE SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL - NATUREZA ALlMENTAR - OBRIGAÇÃO DE PONTUALlDADE DO PODER PÚBLICO MUNICIPAL - AFRONTA AO DIREITO LIQUIDO E CERTO - LIMINAR DEFERIDA - MANDAMUS CONCEDIDO - REMESSA NECESSÁRIA DESPROVIDA. - É direito líquido e certo de todo trabalhador perceber de sua função, sendo considerado ato abusivo e ilegal qualquer tipo de retenção injustificada. (TJPB - ACÓRDÃO do Processo Nº 00015242020128150551, 3ª Câmara cível, Relator DES. JOSÉ AURÉLIO DA CRUZ, j. em 04-02-2014)

Que os substitutos processuais estão passando por situação de extrema penúria, eis que não vem recebendo os seus vencimentos de maneira inadequada. Tem-se, com isso, que a prioridade municipal não esteve – e não está - voltada aos funcionários. O dinheiro arrecadado possui outras prioridades que não pagar os funcionários que, de forma inegável, utilizam seus salários para própria sobrevivência. A Prefeitura tem prioridade sobre aqueles que utilizam seus vencimentos para pagar o alimento comprado no mercado. Se o mercado não lhe fornece a comida, esta inevitavelmente faltará. Por certo, a barriga (principalmente dos filhos de tenra idade) não tem mais como esperar.

Por sua vez, a verba salarial, por tratar-se de vencimentos, têm nítida característica alimentar, como se infere do ensinamento de HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, in verbis:

"...a remuneração do trabalho pessoal, de maneira geral, destina-se ao sustento do indivíduo e de sua família. Trata-se, por isso de verba de natureza

alimentar, donde sua impenhorabilidade". (Processo de Execução, EUD, 16ª ed. P. 253 – Neste mesmo sentido, ainda, CANDIDO RANGEL DINAMARCO, Impenhorabilidade de vencimentos e descontos feitos pela administração, RT 547, pp 19.)

EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL. RETENÇÃO

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DE SALÁRIO PELO CHEFE DO EXECUTIVO. ATO DESPROVIDO DE FUNDAMENTAÇÃO LEGAL OU MOTIVAÇÃO. RETENÇÃO INDEVIDA. PAGAMENTO DO SALÁRIO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. GARANTIA CONSTITUCIONAL, CONCESSÃO DA ORDEM. MANUTENÇA DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO DA REMESSA. É direito líquido e certo de todo servidor público perceber seus salários pelo exercício do cargo desempenhado, nos termos do art. 7°, X, da Carta Magna, considerando ato abusivo e ilegal qualquer tipo de retenção injustificada. TJPB; Proc. 022.2009.001.007-1/002; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Genésio Gomes Pereira Filho; DJPB 17/08/2011. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do MS 12.397/DF, firmou o entendimento de que, deixando o servidor público de auferir seus vencimentos, parcial ou integralmente, por ato ilegal ou abusivo da autoridade impetrada, os efeitos patrimoniais da concessão da ordem em mandado de segurança devem retroagir à data da prática do ato impugnado, violador de direito líquido e certo. Inaplicabilidade dos enunciados das Súmulas 269/STF e 271/STF. REsp 804.817/SC, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 10/06/2008, DJe 01/09/2008 (TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00320100016116002, 4ª Câmara cível, Relator Romero Marcelo da Fonseca Oliveira, j. em 12-09-2012)

Essa característica de natureza alimentar dos vencimentos, já está plenamente pacificada na doutrina, valendo conferir, dentre outros, Themístocles Brandão Cavalcante, que aduziu:

"A todo serviço deve corresponder uma retribuição pecuniária: esta constitui, por conseguinte, uma contraprestação que se acha obrigado o Estado"

É palmar e inegável o direito dos requerentes em compelir a

Prefeitura Municipal em pagar imediatamente e sem maiores delongas os valores de verba salarial. No caso sub judice é, também, possível a TUTELA ANTECIPADA, na forma do art. 273, I, do Código de Processo Civil.

Relativamente a este aspecto, deve ser salientado que não há tempo para aguardar-se o advento da sentença condenatória. Se os desesperados requerentes ficarem a mercê de um provimento futuro, por certo ficarão a mercê da sorte, causando males irreversíveis.

As necessidades básicas e vitais do ser humano não pode ser colocada em compasso de espera, muito menos esperar a boa vontade da Prefeita Municipal em pagar quando quiser e se quiser.

Se o pagamento dos vencimentos tem caráter alimentar, inequívoco o direito dos autores em receber os valores a que fazem jus, com sua respectiva correção monetária, sendo de igual forma inequívoco o dano de difícil reparação, posto que os autores se encontram privados de valores necessários à sua subsistência, valendo lembrar, mais uma vez, a característica alimentar das verbas pleiteadas, que não podem ser postergadas.

Aí está a verossimilhança do direito invocado e o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, a ensejar de pronto a concessão da liminar de tutela antecipada.

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Com efeito, antecipar a tutela, para evitar que as delongas do processo de conhecimento traga prejuízo irreversível aos funcionários públicos deste município, é fato que não se pode negar.

Por fim, deve-se ressaltar não haver óbice legal ao presente pedido, vez que a Lei n° 9.494/1997 da natureza igualmente cautelar do pedido liminar. Além do mais, tal diploma legal veda a antecipação de tutela quando se tratar de alteração de vencimento dos servidores, não havendo vedação, até mesmo para a prestação antecipatória, para garantir o pagamento de salários. Vejamos o que diz a jurisprudência:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO CIVIL PÚBLICA - PREFEITURA MUNICIPAL - SERVIDORES COM VENCIMENTOS EM ATRASO - CRONOGRAMA DE PAGAMENTO FIRMADO ENTRE OS LITIGANTES E HOMOLOGADO EM JUÍZO - NÃO CUMPRIMENTO - LIMINAR QUE DETERMINA O BLOQUEIO DE CONTAS - LEGALIDADE - DECISÃO MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO. É Execrável e merecedora de interferência do Poder Judiciário a atitude do administrador público que não respeita os compromissos legais com a folha de pagamento, que, de forma injustificada, não cumpre acordo judicial relativo a cronograma para quitação dos salários dos servidores, e, ao mesmo tempo, compromete as rendas da municipalidade com outras despesas que não aquelas decorrentes das atividades essenciais como educação, saúde e assistência social. (TJMT - 2º - PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO - CLASSE II - 15 - Nº 11.933 - SÃO FÉLIX DO ARAGUAIA AGRAVANTE - MUNICÍPIO DE ALTO BOA VISTA AGRAVADO - MINISTÉRIO PÚBLICO)

_____________________________________________________________________________________

IV – DO PEDIDO LIMINAR

A tutela de urgência transpõe-se como uma possibilidade do juiz conceder ao autor um provimento provisório que lhe assegure o acesso ao bem da vida objeto da sua pretensão, antecipando, de logo, provisoriamente, a própria solução definitiva esperada no processo.

É tão atual e evidente a necessidade alimentar e o periculum in mora do pedido liminar que não se há de cogitar a aplicação da súmula 269 do STF 1 ao caso vertente, sob pena de se violentar a dignidade humana e os valores sociais do trabalho, princípios fundamentais da República Federativa do Brasil elencados logo no primeiro artigo da Constituição (art. 1º, incs. III e IV).

Bem se vê, a medida pleiteada não visa cobrar dívida pretérita dos servidores, mas garantir hoje e agora o direito líquido e certo de não passar fome, assegurado a todo e qualquer trabalhador com o natural recebimento em dia do seu salário, conforme garantido no inc. X

Destarte, o fumus boni iuris resulta manifesto na exposição de direito demonstrada; o periculum in mora, por sua vez, caracterizado resta, máxime pela natureza alimentar dos salários, que, em atraso, como comprovado, vem infligindo sacrifícios e humilhações desmedidos aos servidores deste município, não sendo despiciendo ressalvar, ainda, que independem de prova os fatos notórios, nos limites do artigo 374, I, do Código de Processo Civil.

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Fora tudo isto, em não sendo concedido o direito de bloqueio das verbas federais percebidas pela municipalidade, assim como, de parte do FPM, só restará aos servidores, com o atraso e não quitação dos débitos salariais, se socorrerem de ações ordinárias de cobrança, cujo o rito é estendido, prejudicando o percebimento de verbas alimentares.

Quanto ao periculum in mora, se substancia no efetivo prejuízo da ordem econômica que os servidores municipais de Massaranduba/PB já se encontram sofrendo – experimentam ao se acharem impossibilitados de receberem os seus salários quando na verdade o impetrado não efetua o pagamento dentro do prazo limite e se encontra nas vias de fato, desde novembro de 2013.

Sobre a concessão de medida liminar vejamos o ensinamento de Hely Lopes Meirelles, in Mandado de Segurança, págs. 69/70:

“A liminar não é uma liberalidade da Justiça; é medida acauteladora do direito dos impetrantes, que não pode ser negada quando ocorrem seus pressupostos como, também, não deve ser concedida quando ausentes os requisitos de sua admissibilidade”.1 (Grifo Nosso).

Vejamos também a jurisprudência o que diz a respeito ao caso em exame:

“Inobstante não é absoluto o poder discricionário do Juiz em matéria cautelar. É seu dever conceder a liminar quando demonstrada pelo autor a plausibilidade do direito, haja evidência de que decurso do tempo tornará fato consumado a vitória da outra parte, a quem o direito aparentemente não assiste. O indeferimento da liminar, nestas hipóteses, implica ofensa ao direito constitucional à utilidade do processo." (M.S. 89.04.15019 RTRF 4ª Região, 21-262-1991).” (Grifo Nosso)

Resta evidente, portanto, a presença do fumus boni iuris, questão que se mostra induvidosa e estreme de dúvidas.

De acordo com os documentos coligidos no encarte processual, percebe-se nitidamente que não há insurgência quanto ao requisito do periculum in mora, que naturalmente deflui da própria situação que busca o autor da ação coletiva corrigir, qual seja o atraso injustificado no pagamento dos vencimentos de cidadãos que prestam serviço ao ente público demandado.

E não só a natureza alimentar autoriza tal concessão, em respeito ao princípio da dignidade humana insculpido na Constituição Federal, mas também o próprio fato de que a determinação liminar não configura imprevisíveis reflexos financeiros ao ente público demandado, posto que a verba pleiteada há de ser obrigatória e naturalmente prevista em dotação orçamentária municipal, não representando comprometimento da execução do orçamento ou do equilíbrio das contas públicas, obedecendo, pois, ao princípio da não surpresa.

Nesse sentido, em recente julgado, aplicando o entendimento da Corte Suprema sobre o tema, o Tribunal Superior do Trabalho afirmou a possibilidade de antecipação dos efeitos da tutela contra a Fazenda Pública em casos de atraso no pagamento de salários. Veja-se:

1 Hely Lopes Meirelles, in Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, “Hábeas data”. 18ª ed.,

págs. 69 e 70.

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EMENTA: ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. SALARIOS ATRASADOS. FAZENDA PÚBLICA. POSSIBILIDADE. 1. O Supremo Tribunal Federal, ao confirmar a constitucionalidade do artigo 10 da Lei n. o 9.494/97, que trata de restrições à antecipação dos efeitos contra a Fazenda Pública, reconheceu implicitamente a possibilidade de sua concessão nos casos em que não é vedada (ADC n. o 4). Nesse sentido firmou-se a jurisprudência daquela Excelsa Corte, bem como o entendimento da doutrina especializada. 2. Não há cogitação e violação do artigo 2°B da Lei n. o 9.494/97, sobretudo literal, 710S exatos termos do artigo 896, c J da Consolidação das Leis do Trabalho, uma vez que a restrição à antecipação dos efeitos da tutela contra a Fazenda Pública refere-se a hipóteses em que vedada a concessão de medidas liminares em mandado de segurança e ação cautelar, nas quais se inclui a liberação de recursos, que não equivale a pagamento de salários atrasados, caso dos autos. 3. Acrescente-se, ainda, que a intenção do legislador ao impor restrições à concessão da antecipada dos efeitos da tutela é a de resguardar o Poder Público contra decisões que possam comprometer a execução orçamentária e o equilíbrio das contas públicas, pautando-se pelo princípio da não surpresa. Tal circunstância, todavia, não ocorre quando o ente público não paga os salários de empregados públicos contratados que, por regra constitucional (artigo 169, §1º), requer previa dotação orçamentária. ( ..)". (TST - RR: 898007120065220105 89800-71.2006.5.22.0105, Relator: José Maria Quadros de Alencar Data de Julgamento: 20/11/2013, 1ª' Turma, Data de Publicação: DEJT 22/11/2013). (grifo nosso).

Por outro lado, as declarações carreadas aos autos evidenciam a situação pela qual estão passando os servidores públicos municipais e seus familiares. Sendo o salário verba de natureza alimentar, constituindo-se, em muitos casos, a única fonte de renda das famílias, impõe-se o rápido atendimento à pretensão ministerial, sob pena de danos irreparáveis e prejuízos de ordem patrimonial e moral para um incontável número pessoas – periculum in mora.

Em razão do acima narrado, não há como negar a necessidade de concessão de liminar em antecipação de tutela no presente caso - ante o fato de estar a demanda amparada em inarredáveis princípios e em inabaláveis argumentos fáticos - para determinar que o Município de Serra Redonda cumpra a determinação, nos termos do artigo 12, da Lei nº 7.347/1985, sob a cominação de multa diária:

§ 3º - A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e 461-A.

§ 4º - A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.

§ 5º - Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento.

§ 6º - A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.

§ 7º - Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado. (grifado).

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Nesse sentido, inclusive, é o ensinamento de Luiz Guilherme Marinoni (in, Manual do Processo de Conhecimento. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 229):

“(...) é correto dizer que a tutela antecipatória visa apenas a distribuir o ônus do tempo do processo. É preciso que os operadores do direito compreendam a importância do novo instituto e o usem de forma adequada. Não há motivos para timidez no seu uso, pois o remédio surgiu para eliminar um mal que já está instalado, uma vez que o tempo do processo sempre prejudicou o autor que tem razão...”

O renomado processualista, em outra de suas obras, assim se manifesta (in, A Antecipação de Tutela. São Paulo: Malheiros, 1998, pp. 26-27. 4 ed. 14):

“A tutela antecipatória, agora expressamente prevista no Código de Processo Civil, (art. 273), é fruto de uma visão da doutrina processual moderníssima, que foi capaz de enxergar o equívoco de um procedimento destituído de uma técnica de distribuição do ônus do tempo do processo. A tutela antecipatória constitui instrumento da mais alta importância para a efetividade do processo, não só porque abre oportunidade para a realização urgente dos direitos em caso de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação como, também, porque permite a antecipação da realização dos direitos no caso de abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu.

Preserva-se, assim, o princípio de que a demora do processo não pode prejudicar o autor que tem razão e, mais do que isso, restaura-se a idéia - que foi apagada pelo cientificismo de uma teoria distante do direito material - de que o tempo do

processo não pode ser um ônus suportado unicamente pelo autor”. (grifado).

Analisando os dispositivos legais em tela, observa-se que, para a concessão liminar das tutelas antecipada e específica, necessário que o requerente demonstre: 1-prova inequívoca; 2-verossimilhança das alegações; 3-fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; 4-relevante fundamento da demanda e 5-justificado receio de ineficácia do provimento final.

Os dois primeiros requisitos equivalem à plausibilidade do direito, e,

no presente caso, está manifesto, porquanto, conforme exaustivamente demonstrado na documentação anexada à inicial, existem evidências dos malefícios e dos danos trazidos ao patrimônio público pelo ato do MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE.

Resta, portanto, apenas explicitar o relevante fundamento da demanda, consistente na defesa da Constituição Federal e do Erário municipal. Dispõe o mesmo diploma legal, agora no seu artigo 497 e 537 do NCPC:

Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providencias que assegurem a obtenção da tutela pelo resultado prático equivalente.

Art. 537 – A multa independe de requerimento da parte e poderá ser praticada na fase de conhecimento em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito.

Neste sentido, merece transcrição a lição de Luiz Guilherme Marinoni (Técnica Processual e Tutela dos Direitos. São Paulo: editora Revista dos Tribunais, p. 662.):

“(...) Se a multa tem por meta compelir o réu a cumprir, é evidente que a sua efetividade depende de sua capacidade de intimidação e, assim, somente pode incidir sobre uma vontade. Caso a multa incidir sobre a pessoa jurídica de direito público, apenas o seu patrimônio poderá responder pelo não cumprimento da decisão.

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Entretanto, não há cabimento na multa recair sobre o patrimônio da pessoa jurídica, se a vontade responsável pelo não cumprimento da decisão é exteriorizada por determinado agente público. Se a pessoa jurídica exterioriza a sua vontade por meio de autoridade pública, é lógico que a multa somente pode lograr o seu objetivo se for imposta diretamente ao agente capaz de dar atendimento à decisão jurisdicional.

(...) É que essa multa somente poderá ser imposta se a autoridade pública,

que exterioriza a vontade da pessoa jurídica, não der cumprimento à decisão. Note-se que a multa somente pode ser exigida da própria autoridade que tinha capacidade para atender à decisão- e não a cumpriu. A tese que sustenta que a multa não pode recair sobre a autoridade somente poderia ser aceita se partisse da premissa completamente absurda de que o Poder Público pode descumprir decisão jurisdicional em nome do interesse público. (sem grifo no original).

Outrossim, deve o Juízo, em face da possibilidade concreta de desídia do representante do réu, determinar, através do seu poder geral de cautela, para cumprimento efetivo da referida obrigação, determinando o bloqueio de verbas públicas suficientes ao pagamento dos servidores municipais.

Diante dessas considerações, requer que seja concedida a medida liminar da tutela específica, nos termos dos artigos 12 da Lei 7.347/1985 – sem justificação prévia e com a cominação de astreintes em caso de descumprimento – 273 e 461 do Código de Processo Civil, afastando a incidência do artigo 1º da Lei nº 9.494/1997, em combinação com o artigo 2º da Lei nº 8.437/1992, a fim de que o réu, sob pena de cominação de multa diária no valor de R$ 5.000,00 ao seu representante legal, a ser revertida em favor desse sindicato. _________________________________________________________________________

IV– DO PEDIDO E SUAS ESPECIFICAÇÕES

DITO ISTO, e pelos doutos suplementos jurídicos advindos desse Douto Magistrado, requer a Vossa Excelência:

a) a concessão de liminar, inaudita altera pars, compelindo-se a Prefeito Constitucional do Município de Pocinhos proceder de imediato com o pagamento dos salários atrasados de todos os servidores públicos municipais, comprovando-se o pagamento em juízo por meio de documentos;

a.1) Havendo descumprimento da ordem judicial que seja compelida a promovida no pagamento da multa diária (astreintes) no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), nos termos art. 300 c/c 497 e 537 do NCPC, revertendo tal cominação em favor do promovente;

b) não sendo comprovado o pagamento acima, que seja determinado o bloqueio judicial das verbas do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), do FUNDEB (Fundo de Manutenção da Educação Básica) e do FNS (Fundo Nacional de Saúde), repassadas mensalmente ao município, através de ofício aos superintendentes dos Bancos do Brasil e da Caixa Econômica Federal;

b.1) Considerando o quanto previsto no art. 12 da Lei nº 7.347/85, bem como os limites de gastos com folha de pagamento de servidores, disciplinados no art. 19 da LC 101/2000, e ainda ante a presença dos pressupostos do fumus boni juris e periculum in mora, requer a CONCESSÃO, de liminar inaudita altera parte, determinando V. Exa. O bloqueio de 60% (sessenta por cento) de todas as receitas do Município, creditadas nas contas correntes da Prefeitura Municipal, necessários à cobertura dos valores decorrentes dos

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salários retidos dos servidores, ante o inquestionável caráter alimentar destes, até final julgamento, obedecidas as formalidades legais pertinentes, para a garantia dos respectivos pagamentos;

c) Que seja a municipalidade citada para, no prazo legal, contestar, querendo, sob pena de revelia e confissão, com a aplicação do artigo 212, § 2º, do Código de Processo Civil;

d) A procedência da ação, para que o acionado seja, em definitivo, condenado a efetuar o pagamento do salário do mês de dezembro de 2017 que encontra-se em atraso, sob pena de multa (astreintes) ao gestor público;

e) A condenação do Requerido ao pagamento de custas processuais e honorários sucumbenciais, nos termos do art. 85, § 2º do NCPC;

f) Que seja remetido cópia do presente processo para o representante do Ministério Público, para emitir o seu parecer adotando as medidas judiciais cabíveis, em conformidade com o disposto no art. 26 da Lei 12.016/09;

g) Diante da urgência que a parte autora não tem interesse em conciliar ou mediar (art. 319, VII c/c art. 334, § 5º, ambos do NCPC);

h) seja deferido o benefício da Assistência Judiciária Gratuita em favor da autora, ante a reconhecida hipossuficiência econômica, caso negativo que se conceda um prazo para pagamento até que seja emitidas as custas judiciais;

i) a condenação da promovida no pagamento das custas processuais e de honorários advocatícios no importe de 20% (vinte por centos) sobre o valor da condenação, ou do montante da folha de pagamento atualizados até a data do efetivo pagamento;

j) Por oportuno, requer o julgamento antecipado de mérito (ex vi do art. 355, I do NCPC);

Requer pela produção de todos os meios de prova em direito admitidas, em especial prova documental, pericial e testemunhal, cujo rol será apresentado oportunamente, bem como o depoimento pessoal do gestor, que desde-já se requer sob pena de confissão;

Dá-se à causa o valor, inestimável de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos meramente fiscais e de alçada.

Termos em que Confia no deferimento.

Ingá-PB, 09 de janeiro de 2018.

Antônio Jose Ramos Xavier

(Advogado OAB/PB 8.911)