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1ª Promotoria de Justiça de Jussara
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA
COMARCA DE JUSSARA – ESTADO DE GOIÁS
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO
GOIÁS, pelo Promotor de Justiça ao final assinado, vem a presença de Vossa
Excelência, com fulcro nos artigos 37, § 4º, e 129, inciso III, da Constituição
Federal; na Lei Federal nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa); e
no art. 2º, inciso II, 3º, 5º caput, todos, da Lei Federal nº 7.347/85 (Lei da
Ação Civil Pública), propor a presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATOS DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
COM PEDIDO DE LIMINAR
em face de DEUSDETE JOSÉ DE ANDRADE, brasileiro, casado,
vereador, natural de Jussara/GO, nascido aos 06 de janeiro de 1963, filho de
Anésia Candida da Silva e de Pedro José de Andrade, residente na Rua
Garcia, Qd. 16, Lt. 13, Vila Rebouças, Jussara/GO;
Endereço: Rua Rebouças, n.º 685, Setor São Francisco, CEP 76.270-000 – Jussara/GO. Fone: (62) 3373-3071 e 127
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1ª Promotoria de Justiça de Jussara
EMIVALDO DE SOUZA, brasileiro, casado, advogado, natural de
Heitoraí/GO, nascido aos 25 de abril de 1968, filho de Luiza Gonçalves de
Souza e de Osvaldo Teodoro de Souza, residente na Rua 15, nº 370, Bairro
Goiás, Jussara/GO;
MAURO LUIS DA SILVA, brasileiro, casado, agricultor, natural de
Morrinhos/GO, nascido aos 22/06/1957, filho de Luzia Luiza do Carmo,
residente na Rua Pedro Luiz Ribeiro, Qd. 03, Lt. 15, S/nº, Jardim Canaã,
Jussara/GO;
ALANDELON WANDERLEI DE OLIVEIRA, brasileiro, advogado,
natural de Jussara/GO, nascido aos 30 de agosto de 1977, filho de Solângela
Façanha Wanderlei e Adeon Paulo de Oliveira, residente e domiciliado na
Rua 15 esq. com a Rua 12, Bairro Goiás, Jussara/GO;
FRANCISCO REBOUÇAS NETO, brasileiro, casado, servidor público
estadual, natural de Caetité/BA, nascido aos 02 de agosto de 1959, filho de
Helena Fernandes Rebouças e Valdemar Fernandes Rebouças, residente na
Rua Brigadeiro Faria Lima, Qd. 07, Lt. 07, Setor São Francisco, Jussara/GO;
SALVADOR TEIXEIRA LOBO, brasileiro, casado, produtor rural, natural
de Jussara/GO, nascido aos 06 de janeiro de 1963, filho de Anésia Candida da
Silva e de Pedro José de Andrade, residente na Rua Garcia, Qd. 16, Lt. 13,
Vila Rebouças, Jussara/GO; e
pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos:
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I – DOS FATOS
Segundo apurado no Inquérito Policial nº 02/2013,
no dia 19 de outubro de 2013, os então vereadores DEUSDETE JOSÉ DE
ANDRADE, JOSÉ MOREIRA DA SILVA (falecido em 20/06/2013 – fl. 36),
FRANCISCO REBOUÇAS NETO, SALVADOR TEIXEIRA LOBO e
ALANDELON WANDERLEI DE OLIVEIRA, juntamente com
EMIVALDO DE SOUZA, na qualidade de Assessor Jurídico da Câmara
Municipal, e MAURO LUIS DA SILVA, na qualidade de servidor da
Câmara Municipal de Jussara, alteraram fraudulentamente o Regimento
Interno da Câmara Municipal de Jussara.
Para investigar os fatos na esfera cível também foi
instaurado nesta Promotoria de Justiça o Inquérito Civil nº 201300497739, no
qual se concluiu que os requeridos se associaram para alterar mediante fraude
o Regimento Interno da Câmara Municipal de Jussara, com o propósito de
beneficiar o grupo político encabeçado pelos referidos vereadores,
especialmente DEUSDETE JOSÉ DE ANDRADE, que seria mantido na
presidência do poder Legislativo Municipal.
Os fatos aconteceram da seguinte forma.
Onze pessoas foram eleitas para o cargo de vereador
nas eleições 2012 no município de Jussara-GO. Como de costume, depois da
apuração das urnas e ainda antes da diplomação e posse dos novos
parlamentares, os candidatos vitoriosos iniciaram as articulações políticas
para a escolha do nome que ocuparia o cargo de Presidente da Câmara no
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período de 2013/2014, cargo este que, no biênio anterior (2011/2012), foi
ocupado pelo réu DEUSDETE JOSÉ DE ANDRADE.
Um dos grupos políticos, que detinha a maioria de
vereadores ainda não diplomados (seis votos), era formado pelos recém-
eleitos NILSON GOMES, JOSÉ MOREIRA (falecido posteriormente),
NETO DO MOTO TÁXI, JURACÍ DA AMBULÂNCIA, FRANCISCO
CORREIA e pelo requerido DEUSDETE JOSÉ DE ANDRADE (presidente à
época).
No curso das negociações sobre a presidência da
Casa de Leis, os candidatos eleitos NILSON GOMES e JOSÉ MOREIRA se
desentenderam, o que culminou na cisão do grupo político acima descrito e na
debandada de NILSON GOMES para o grupo político de oposição.
Com essa dissidência o grupo político
retromencionado, que antes constituía maioria de votos na futura composição
da Câmara Municipal, passou a ser minoria.
Tal situação representava um enorme entrave para o
grupo político formado pelo réu DEUSDETE, pois o regimento interno da
Câmara Municipal de Jussara-GO prevê que a mesa diretora da Câmara
Municipal será definida pelo voto nominal dos vereadores.
Veja-se:
Art. 10. A Mesa da Câmara compõe-se dos cargos de Presidente,
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Vice-Presidente, Primeiro Secretário e Segundo Secretário, com
mandato de 02 (dois) anos, eleitos por votação nominal.
Art. 11. O mandato da Mesa será de dois anos, vedada a
recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente
subsequente.
Art. 12. A eleição dos Membros da Mesa somente será válida, se
presentes a maioria absoluta dos Vereadores.
Art. 13. As chapas que concorrerão à eleição da Mesa deverão
ser apresentadas e protocoladas na Secretária da Câmara
Municipal até 03 (três) dias úteis antes da eleição.
§ 1ª. Só serão aceitas e protocoladas as chapas que contenham
os nomes completos e assinaturas dos candidatos aos cargos de
Presidente, Vice-Presidente, 1ª Secretário e 2ª Secretário.
§ 2º. O Vereador só poderá participar de uma chapa, e, mesmo
no caso de desistência, não poderá inscrever-se em outra.
§ 3º. Havendo desistência justificada de algum membro da chapa
inscrita, que deverá ser sempre por escrito, este poderá ser
substituído até trinta minutos antes da sessão em que ocorrerá a
eleição, exceto para o cargo de Presidente.
§ 4º. Se no dia da eleição, até trinta minutos antes da sessão, não
houver nenhuma chapa inscrita legalmente, poderá ser feita a
inscrição de chapas antes do início da mesma, independente do
disposto no § 3º deste artigo, e até mesmo com Vereador
desistente de outras chapas.
§ 5º. Para eleição dos membros da Mesa Diretora, será de forma
nominal, pela chamada em ordem alfabética, cuja relação das
respectivas chapas será apresentada ao plenário, seguidas dos
cargos pela ordem.
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Em outras palavras, com a dissidência de NILSON
GOMES, o grupo político capitaneado por DEUSDETE passou a ser minoria
na Casa e, como a mesa diretora é composta pelo voto da maioria dos
vereadores, eles deixariam de ocupar o cargo de Presidência da Casa.
No ponto destaca-se que o Presidente da Câmara é o
ordenador de despesas do Poder Legislativo Municipal. Além disso, cabe a
ele nomear e exonerar os servidores, que se registra, são todos comissionados,
determinar o pagamento de diárias, pautar os projetos de leis que serão
votados e etc.
Diante de tantos poderes é fácil entender o motivo
pelo qual o grupo político de DEUSDETE pretendia manter a Presidência da
Câmara.
Nesse contexto e diante da iminente “derrota” do
referido grupo na próxima eleição para o cargo de Presidente da Câmara
(biênio 2013/2014), o então vereador ALANDELON procurou DEUSDETE e
lhe apresentou um “jeitinho” para que o seu grupo político se mantivesse na
Presidência da Câmara.
ALANDELON propôs a DEUSDETE uma alteração
no regimento interno da Casa de Leis para que o Presidente da Câmara
Municipal no primeiro biênio da legislatura passasse a ser o vereador mais
votado nas últimas eleições.
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Melhor explicando: o atual regimento interno, como
visto acima, previa que o Presidente e demais membros da mesa diretora da
Câmara Municipal seriam eleitos pelo voto nominal dos vereadores, fato este
que implicaria na derrota do grupo político de DEUSDETE, pois este detinha
minoria de votos.
A esta altura já se sabia que DEUSDETE tinha sido
o vereador mais votado nas últimas eleições. Logo, como alternativa para
manter na mão deste o cargo de Presidente, ALANDELON propôs uma
alteração no regimento da Câmara Municipal, de forma que ficasse definido
que o vereador mais votado pelo povo nas últimas eleições, que se repete, já
se sabia ser DEUSDETE, seria automaticamente eleito como Presidente da
Casa de Leis.
O problema era que qualquer alteração no
regimento interno dependia dos votos da maioria dos vereadores, o que
não seria obtido pelo grupo político de DEUSDETE.
Por isso, DEUSDETE e ALANDELON, com apoio
de JOSÉ MOREIRA DA SILVA (falecido em 20/06/2013 – fl. 36) e dos
demais réus/vereadores FRANCISCO REBOUÇAS NETO, SALVADOR
TEIXEIRA LOBO, EMIVALDO DE SOUZA, à época Assessor Jurídico da
Câmara Municipal, e MAURO LUIS DA SILVA, então Tesoureiro da Câmara
Municipal de Jussara, decidiram falsificar todo o processo legislativo que
culminaria na alteração do regimento interno, conforme proposto pelo
requerido ALANDELON.
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Confirmando os fatos até aqui expostos, vejam-se as
declarações de DEUSDETE JOSÉ DE ANDRADE prestadas nesta
Promotoria de Justiça, verbis:
“Que concorreu ao cargo de vereador nas eleições realizadas no dia 07/10/2012, sendo eleito o vereador mais votado de Jussara; Que após a publicação do resultada da eleição iniciaram-se as discussões a respeito da composição da nova mesa diretora da Câmara Municipal; Que na legislatura
2009/2012 a Câmara era composta por 09 vereadores, mas na
legislatura seguinte passaria ter 11 vereadores; Que a coligação
do depoente contava com 06 vereadores para a próxima
legislatura; Que compunham a coligação do depoente Nilson
Gomes, José Moreira, Neto do moto táxi, Juraci e o Francisco
Correia; Que o candidato natural a presidente da Câmara por
parte desta coligação, que representava a maioria dos votos, era
José Moreira; Que houve um desentendimento entre José Moreira
e Nilson Gomes, o que fez Nilson Gomes passar integrar a outra
coligação e candidatar-se a presidente da Câmara por este outro
lado; Com a debandada de Nilson Gomes, a coligação do depoente tornou-se minoria e, por isso, não mais conseguiria eleger o presidente da Câmara; Nessa situação, em um determinado dia, o Dr. Alandelon entrou em seu gabinete e propôs ao depoente uma saída para que sua coligação mantivesse a presidência da Câmara; Que tal saída consistiria em uma alteração do regimento interno da casa, fazendo com que o vereador mais votado se tornasse o presidente da Câmara nos dois primeiros anos de mandato; A esta altura já se sabia que o depoente era o vereador mais votado nas últimas eleições, o que tornaria presidente caso aprovada a alteração do regimento; Inicialmente o depoente resistiu a ideia
de ser presidente, porém com insistência de Alandelon acabou
aceitando; Que neste dia Alandelon estava acompanhado por
José Moreira;” - fls. 67/68.
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Os demandados e o falecido vereador JOSÉ
MOREIRA, então, iniciaram a execução do “plano proposto”, conforme
abaixo alinhado.
Em seu escritório, ALANDELON, que também é
advogado, elaborou o projeto de emenda modificativa 08/2012 (fls. 39 do ICP
anexo). De acordo com este projeto, que visava a alteração do regimento
interno da Câmara Municipal de Jussara-GO, o Presidente do Poder
Legislativo Municipal no primeiro bieno subsequente à eleição municipal
seria o vereador mais votado pelo povo.
Após confeccionar o projeto legislativo,
ALANDELON colheu neste documento as assinaturas dos réus SALVADOR
e FRANSCISCO REBOUÇAS, bem como do finado JOSÉ MOREIRA (fls.
39), destacando-se que todos estes sabiam da ação fraudulenta que seria
cometida.
No dia 18 de outubro de 2012, quinta-feira,
ALANDELON se dirigiu até a sede da Câmara e procurou a servidora
Sandra, que trabalha no período vespertino, e protocolou o projeto de Emenda
Modificativa nº 08/2012.
Na oportunidade, ALANDELON apresentou
apenas uma via do projeto para a secretária SANDRA, na qual foi
afixada o carimbo de protocolado. ALANDELON, então, determinou que
SANDRA lhe devolvesse a via protocolizada e carimbada, sob a
justificativa de que ele próprio apresentaria o projeto de alteração de
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regimento na próxima sessão plenária. Desta forma, não permaneceu
nenhuma via do documento na Câmara.
Observa-se que era interesse de ALANDELON que
nenhuma via do projeto de emenda permanecesse na Câmara Municipal.
A uma porque, caso uma via do projeto de emenda
ficasse na Casa de Leis, ele seria pautado e votado na próxima sessão, o que
não era interesse dos réus.
A duas porque a manutenção de uma via do
documento na Câmara poderia fazer com que os demais vereadores tomassem
conhecimento da pretensão fraudulenta dos réus, bem como deixaria rastros
do crime e ato de improbidade praticados.
Nessa senda declarou a servidora Sandra Maria
Ribeiro quando ouvida nesta Promotoria de Justiça:
“Que recebeu via protocolo no dia 18/10/2012 a emenda
modificativa que constam às 18/21 do inquérito policial nº
201301889240; No ato do protocolo o vereador Alandelon apresentou apenas uma via, que foi carimbada pela depoente, e pediu a esta que lhe devolvesse aquela via, pois ele iria apresentar a emenda modificativa na sessão que ocorreria no dia seguinte; A depoente bateu o carimbo de protocolo e devolveu ao vereador Alandelon, não permanecendo, portanto, de nenhuma via do documento; A depoente ainda registrou o protocolo do documento no livro de protocolo;” -
fl. 17.
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A situação evidencia claramente o início da
fraude articulada pelos requeridos, pois a manobra acima mencionada
serviu apenas para “validar” o projeto em questão, visto que já era do
conhecimento dos requeridos que o referido projeto não percorreria o
procedimento legal exigido pelo Regimento Interno1, ou seja, não seria
votado durante a sessão plenária, bem como não seria obstado pelo então
Presidente da Câmara, o requerido DEUSDETE JOSÉ DE ANDRADE.
Salienta-se ainda que a secretária SANDRA
devolveu a única via do projeto de emenda regimental com o carimbo de
protocolado pois ela, mera servidora de origem humilde e vínculo
empregatício precário (cargo comissionado), jamais ousaria questionar a
ordem de um vereador e advogado influente nesta cidade.
No dia seguinte, mais especificamente na manhã do
dia 19 de outubro de 2012, na Câmara Municipal de Jussara, realizou-se uma
sessão plenária, na qual foram votados os assuntos previstos na pauta do
dia, tendo a sessão transcorrido normalmente sem qualquer entrave ou
discussão polêmica.
Registra-se, como se verá pelos depoimentos
transcritos adiante, que nesta sessão realizada no dia 19 de outubro de
1 Art. 109. Toda e qualquer proposição escrita, para constar na pauta de sessão ordinária, exceto nos casos previstos no art. 95, VIII, IX e X, deverá ser apresentada com 09 (nove) horas de antecedência na Secretaria da Câmara, que as protocolará, numerando-as e encaminhando-as ao Presidente.Art. 30. Compete ao Presidente da Câmara:(…)XIII - dirigir as atividades legislativas da Câmara em geral, em conformidade com as normas legais e deste Regimento, e em especial exercendo as seguintes atribuições:(…)b) superintender a organização da pauta dos trabalhos legislativos;
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2012 não foi pautado ou votado o Projeto de Emenda Modificativa
08/2012, que visava alterar a forma de investidura da mesa diretora da
Câmara Municipal no primeiro biênio que sucedia a eleição municipal.
É exatamente neste ponto que reside a falsificação
levada a cabo pelos requeridos.
Lirce é uma das secretárias da Câmara Municipal de
Jussara-GO e, como de hábito, esta servidora participou da sessão realizada
no dia 19/10/2012.
Nessa sessão, como nas demais que participa,
LIRCE fez apontamentos durante o ato parlamentar e, quando este se
encerrou, se dirigiu até à secretaria da Câmara e redigiu em seu computador
funcional a ata da sessão do dia 19/10/2012.
Após, imprimiu este documento e o deixou sob a
mesa da servidora ANDRÉIA, dentro do livro de atas, para que esta, no
período vespertino, transcrevesse manualmente para o livro de atas o
texto que havia sido digitado, saindo do local na sequência pois já era
horário de almoço.
Neste momento, aproveitando que todos os
servidores estavam em seu horário de almoço, os réus MAURO LUIS e
DEUSDETE se dirigiram até secretaria daquela casa e trocaram a ata digitada
e impressa por LIRCE, que estava depositada dentro do livro de atas, por
outra ata, fraudulenta, que dizia que o projeto de emenda 08/2012, que visava
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alterar o regimento interno, havia sido votado e aprovado na sessão plenária
ocorrida no dia 19/10/2012.
Noutros termos: MAURO LUIS e DEUSDETE,
aproveitando-se da ausência dos servidores que estavam em horário de
almoço, trocaram a ata digitada por LIRCE e que estava depositada dentro do
livro de ata, por outro documento fraudulento que simulava a ata da sessão
realizada, mas que continha a disposição de que na sessão plenária do dia
19/10/2012 foi votado e aprovado à unanimidade o projeto de lei que alterava
a forma de investidura do presidente e demais membros da mesa diretora da
Câmara Municipal no primeiro biênio que sucede as eleições municipais.
Após o horário de almoço a servidora ANDREIA
retornou para o trabalho e encontrou, como de hábito, a ata digitada e
impressa dentro do livro ata e sob sua mesa, razão pela qual, desconhecendo
qualquer fraude, transcreveu aquele documento manualmente para o livro ata.
Observa-se que ANDRÉIA não havia participado da
sessão ocorrida naquele dia, o que a impediu de perceber qualquer fraude na
ata digitada que estava impressa e depositada sob sua mesa.
Após transcrever manualmente o documento
fraudulento para o livro ata, ANDRÉIA depositou este livro no armário da
secretaria, como de costume.
Nesse sentido declarou Andréia:
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“Que os serviços da depoente basicamente é o de transcrever
documentos; Que pelo que se lembra não participou da sessão do dia 19/10/2012, mas se recorda de ter transcrito para o livro de ata o conteúdo da ata digitada e impressa por Lirce; Se lembra que no dia em que transcreveu a referida ata chegou em sua sala e, como de costume, a ata impressa estava dentro do livro de atas sobre sua mesa; Diante disso passou a transcrever a ata para o livro e não percebeu ter transcrito modificações do regimento interno; Que justifica isso pois não estava há muito tempo naquele serviço e não sabia da importância que representava aquilo que estava transcrevendo; Que ao terminar a transcrição guardou o livro de atas no armário como de costume; Que a depoente
normalmente abria sua sala às 08:00 horas da manhã, fechava às
11:00 para o almoço, reabria ás 13:00 e fechava ás 17:00 horas;
Que a depoente tinha a chave de sua sala;” - fls. 14/15.
Esta ata transcrita consta do livro ata que segue
anexo a esta petição inicial (fls. 33 – verso a 35 – verso do livro ata).
Observa-se que essa ata transcrita informa que os
vereadores, à unanimidade, aprovaram o projeto de emenda 08/2012 que
alterava o regimento interno da Câmara Municipal, o que não ocorreu.
Comprovando a não deliberação do plenário a
respeito do projeto de emenda 08/2012 é o depoimento da servidora LIRCE,
que confirmou com certeza que o projeto nº 18/2012 não foi inserido na
pauta do dia 19/10/2012 e que não houve qualquer deliberação a respeito
da matéria. Afirmou, ainda, a secretária, que somente soube da alteração
em questão no dia da posse dos vereadores eleitos no pleito de 2012.
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Veja-se:
“Que no dia dos fatos apurados, mais especificamente, no dia
19/10/2012, a depoente participou da sessão legislativa que
ocorreu no período da manhã; Como de hábito, fez suas
anotações e, ainda na parte da manhã, redigiu a ata e a imprimiu;
Assevera com toda certeza que nesta sessão e na ata por ele redigida e impressa não foi deliberado qualquer alteração no Regimento Interno da Câmara Municipal; Após imprimir a ata a depositou dentro do livro de atas e colocou estes objetos sobre uma das mesas da sala para que fosse transcrita por uma das servidoras no período vespertino; (…) No dia da
sessão de posse, ao ligar seu computador a depoente constatou
que todo o rascunho que houvera feito havia sido modificado e
que constava do novo rascunho que o vereador mais votado
estava automaticamente empossado no cargo de presidente da
Câmara Municipal; Aquela situação desconhecida por todos gerou revolta nos presentes, o que deixou a depoente nervosa a ponto de “passar mal” e não conseguir concluir a ata, que foi finalizada pelo Dr. Emivaldo; Durante a sessão de posse ninguém sabia onde estava o livro de ata, porém, após alguns instantes, o filho do vereador José Moreira, Wanderson, apareceu com o livro; Que no dia 02/01/2013 ao se deparar com Deusdete na Câmara municipal a depoente perguntou para aquele vereador “por que ele tinha alterado o regimento” sem comunicar a secretária da Câmara, ao que ele respondeu: “não confio em você. Você não aceitaria o que fiz”;” - fls. 09/12.
No mesmo trilhar, ou seja, confirmando que o
projeto de emenda 08/2012 não foi pautado e votado pelo plenário da Casa é
o depoimento dos demais servidores:
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“Que somente ficou sabendo da alteração do regimento no dia da posse; Que que a mãe de Deusdete era tia da avó do pai
da depoente; Que arrumou esse emprego porque seu pai pediu
sua nomeação para o vereador Deusdete”. - Andréia – fl. 15.
“Não sabe dizer se assistiu a sessão do dia 19/10/2012, mas
repete que assistiu quase todas as sessões de 2012 e que não viu
qualquer votação sobre alteração no regimento; Que somente
ficou sabendo da falsificação da ata quando da sessão de posse;”
- Luiz Antônio Brito – fl. 60.
Corrobora com a versão acima as declarações dos
vereadores JEAN CARLOS DA SILVA, HÉLIO GONÇALVES LARA e
LEONTINO COSTA, verbis:
“Que participou da sessão do dia 19 de outubro de 2012; Que nessa Sessão não houve qualquer votação sobre alteração do regimento interno da Câmara; Que um projeto sobre alteração
do regimento da Câmara foi apresentado pelo vereador
LEONTINO COSTA, mas não sabe quando o projeto foi
apresentado e nem se este foi votado; Que enquanto vereador, nas sessões onde se fez presente, afirma que não teve votação em plenário sobre projeto alterando o regimento da Câmara; Que teve conhecimento da alteração do regimento interno na solenidade de posse dos candidatos eleitos; Que
indagou ao vereador Alandelon sobre a ATA da votação do projeto
de alteração do regimento interno e este lhe informou que a ATA
não estava no local, oportunidade que o depoente foi embora do
local ainda durante as discussões que ocorriam no local;” Jean
Carlos da Silva – fls. 49 do IP nº 02/2013 – apenso 1.
“Que participou da sessão do dia 19 de outubro de 2012; Que nessa Sessão não houve qualquer votação sobre alteração do
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regimento interno da Câmara; Que no começo de 2012 o
vereador Leontino Costa apresentou um projeto sobre alteração
do regimento da Câmara, onde o projeto falava sobre a
presidência da Câmara; Que o projeto mudava o regimento e
colocava o vereador mais votado como presidente da Câmara;
QUE ESSE PROJETO NUNCA FOI VOTADO EM PLENÁRIO;
Que enquanto vereador, nas sessões onde se fez presente, afirma que não teve votação em plenário sobre projeto alterando o regimento da Câmara no sentido de que o presidente da Câmara seria o vereador mais votado;” Hélio
Gonçalves Lara – fls. 50 do IP nº 02/2013 – apenso 1.
“Que participou da sessão do dia 19 de outubro de 2012; Que nessa Sessão não houve qualquer votação sobre alteração do regimento interno da Câmara; Que no começo de 2012
apresentou um projeto sobre alteração do regimento da Câmara,
onde o projeto falava sobre a presidência da Câmara; Que o
projeto mudava o regimento e colocava o vereador mais votado
como presidente da Câmara; Que esse projeto não chegou a ser
votado, pois o depoente conversou com os colegas e o próprio
vereador Deusdete José de Andrade, antão presidente da
Câmara, disse que tal projeto poderia causar problemas futuros;
Que devido à recusa dos colegas, o projeto não foi votado em
plenário; Que enquanto vereador, nas sessões onde se fez
presente, afirma que não teve votação em plenário sobre projeto
alterando o regimento da Câmara; QUE TEVE CONHECIMENTO DA ALTERAÇÃO DO REGIMENTO INTERNO NA SOLENIDADE DE POSSE DOS CANDIDATOS ELEITOS QUANDO O VEREADOR DEUSDETE DEU POSSE A SIM MESMO; QUE ESTÁ INCONFORMADO COM A SITUAÇÃO, POIS QUANDO FEZ O PROJETO, O PRÓPRIO VEREADOR DEUSDETE RECUSOU E, TEMPOS DEPOIS, NO APAGAR DAS LUZES, SEM O CONHECIMENTO DOS DEMAIS COLEGAS ALTEROU O REGIMENTO NO MESMO SENTIDO DO PROJETO APRESENTADO PELO DEPOENTE; Leontino Costa – fls. 52 do
IP nº 02/2013 – apenso 1.
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A declaração do vereador RICARDO DOS
SANTOS NASCIMENTO, que, à época dos fatos, ocupava o cargo de
primeiro secretário, elucida a questão, tendo este afirmado categoricamente
que o projeto em questão não foi levado à plenário e muito menos votado,
pois todos os projetos passavam por suas mãos2.
Confira-se:
“Que na Câmara exercia o cargo de primeiro secretário; Que
participou da sessão do dia 19 de outubro de 2012; Que nessa Sessão não houve qualquer votação sobre alteração do regimento interno da Câmara; Que em nenhuma outra sessão foi votado qualquer projeto desta natureza; Que como primeiro secretário, afirma que todos os projetos a serem votados na Câmara passam em suas mãos; QUE ASSEGURA QUE TAL PROJETO NUNCA FOI COLOCADO EM VOTAÇÃO;” Ricardo dos Santos Nascimento – fls. 47 do IP nº 02/2013 –
apenso 1.
Ora, a ganância dos requeridos pelo cargo de
presidente da Casa era tão grande que nem mesmo o fato de outros
vereadores (acima mencionados) terem participado da Sessão do dia
19/10/2012 foi empecilho para a continuidade da trama, o que de fato
2 Art. 36. Compete ao 1º Secretário:(...)III - ler a ata, as proposições e os demais documentos que devam ser de conhecimento da Casa;(…)Art. 141. A Ordem do Dia terá duração de 60 minutos e destinar-se-á à apreciação das matérias constantes na pauta da sessão.(...)§ 5º O Presidente determinará ao 1º Secretário a leitura de proposição:I – constante da pauta e aprovada conclusivamente pelas Comissões Permanentes, para apreciação de eventual recurso, de um terço dos membros da Casa, conforme o disposto no parágrafo 2° do art. 43 deste Regimento;
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ocorreu.
Nota-se, ainda, que as únicas pessoas que tinham a
chave da secretaria da Câmara Municipal, que permanecia trancada
durante o horário de almoço, eram Elizabete (servidora da limpeza), Lirce,
Sandra, Andréia, MAURO LUIS e DEUSDETE.
Assim, não há dúvidas de que foram os réus
MAURO LUIS e DEUSDETE que trocaram a ata depositada por LIRCE sob
a mesa de ANDRÉIA, pois estes, dentre os detentores da chave da secretaria,
seriam os únicos beneficiados com a manutenção de DEUSDETE na
Presidência da Câmara.
Nesse sentido:
“Que o depoente tinha a chave da sala da secretaria e confirma
que esta ficava fechada durante o período de almoço;” Deusdete –
fl. 67/70.
“Que a depoente tinha a chave de sua sala; Questionada sobre
quem teria tido acesso a sala durante o período de almoço do dia
19/10/2012 informou que Mauro Luiz poderia ter tido acesso, pois
ele “sempre que precisava entrava na sala para pegar alguma
coisa”; Que não sabe dizer quem mais tinha a chave da sala, mas
sabe que todas as portas daquele local tem no mínimo duas
chaves; Andréia – fls. 14/15.
“Que sabe dizer que em outubro de 2012 quem tinha a chave da
sala da depoente era Deusdete e Mauro Luiz; Que sabe que
Andréia teve chave por um tempo; Que a referida sala ficava
fechada durante o almoço;” Sandra – fls. 17/19.
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“Que sabe dizer que Lirce, Sandra, Mauro Luiz e Deusdete tinham
a chave da secretaria;” Elizete – fl. 61.
Negrita-se que a servidora ELIZETE DE SOUZA
ALVES, responsável pela limpeza da Câmara, informou que já presenciou
muitas vezes DEUSDETE, MAURO e EMIVALDO circulando na
secretaria e que às vezes DEUSDETE e MAURO permaneciam na
Câmara em horário de almoço. Veja-se:
“Que durante o horário de almoço a secretaria ficava fechada; Que já presenciou Deusdete, Mauro Luiz e Emivaldo circulando por muitas vezes na secretaria; (…) Que nos períodos de almoço todos os servidores da Câmara saiam do local, porém, destaca que Deusdete e Mauro às vezes permanecia naquela casa durante o horário de almoço.” Elizete – fl. 61.
Observe-se, ainda, que no dia 19/10/12,
excepcionalmente, a secretaria Lirce voltaria à Câmara no período vespertino
para preparar a Sessão do dia 22/10/12.
Todavia, durante seu horário de almoço, recebeu
ligação do Sr. MAURO orientando-a a não retornar no período
vespertino, o que reforça ainda mais a ligação dos requeridos com a
conduta praticada (troca dos documentos).
In verbis:
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“Neste dia, que era uma sexta-feira, excepcionalmente a depoente
iria retornar ao serviço no período vespertino, pois a próxima
sessão ocorreria já na próxima segunda-feira e a depoente
precisava preparar a pauta da próxima sessão; Durante o período de almoço daquela sexta-feira, estranhamente, o Sr. Mauro Luiz da Silva, à época tesoureiro da Câmara Municipal, ligou para a depoente e pediu para ela não ir trabalhar no período vespertino e que outras servidoras iriam realizar seu trabalho; Diante de tal determinação a depoente não foi trabalhar
no período vespertino;” - Lirce – fl. 10.
Feita a transcrição do “texto fraudulento” para o
Livro Ata, ainda faltava finalizar a trama.
Isso porque, conforme o Regimento da Câmara3,
durante as Sessões deve ser procedida a leitura, pelos próprios vereadores, das
matérias deliberadas na Sessão anterior para a aprovação ou não da Ata pelos
membros da Câmara.
Aqui sublinha-se que cabe ao primeiro secretário e,
na ausência deste, ao segundo secretário, ler na sessão seguinte a ata da
sessão anterior. Porém, é costume que o texto da ata lido em sessão seja
aquele digitado e impresso pela secretária (Lirce), por ser este de melhor
compreensão do que aquele manualmente transcrito para o livro ata.
É o que se extrai das declarações da secretaria Lirce:
3 Art. 139. O Pequeno Expediente terá duração de 30 minutos e se destinará à leitura da ata da sessão anterior, das correspondências dirigidas ao Poder Legislativo e indicações devidamente apresentadas, obedecida a ordem de leitura dos expedientes:
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“Na segunda-feira próxima ocorreu uma nova sessão legislativa;
Que no início de toda sessão é lida em plenário e aprovada a ata
da sessão anterior; Nesse dia o vereador Salvador leu em plenário
para deliberação a ata da sessão do dia 19/10/2012 que a
depoente havia digitado e imprimido, e não a ata que havia sido
transcrita para o livro de atas; Que na ata impressa e lida não
havia qualquer deliberação a respeito de mudança de regimento,
por isso ela foi aprovada; Esclarece que normalmente é lida a ata
que a depoente imprime, e não ata transcrita, pois é mais fácil
para o vereador ler o documento impresso, por este motivo aquela
situação não lhe causou nenhuma estranheza;” - fls. 10.
Desse modo, com o escopo de garantir o sucesso da
fraude articulada, antes da abertura da Sessão do dia 22 de outubro de 2012,
vez outra foi procedida a alteração do texto digitado e impresso que se
encontrava dentro do Livro Ata.
Porém, dessa vez, substituiu-se o documento ilícito
digitado e impresso pelo correto, que ilustrava a realidade ocorrida na
Sessão do dia 19 de outubro de 2012.
Ou seja, antes da sessão seguinte, que se realizou
no dia 22/10/2012, trocou-se o texto fraudado por aquele que realmente
retratava a sessão e que não continha qualquer deliberação a respeito da
Emenda Modificativa nº 08/2012.
Procedida a alteração mencionada, após a abertura
dos trabalhos, ocorreu a leitura da Ata referente à Sessão do dia 19 e, como se
tratava do texto original (documento digitado pela secretária Lirce),
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efetivamente debatido na referida Sessão, não houve qualquer impugnação
por partes dos membros presentes que, como de hábito, não conferiram o
conteúdo do texto transcrito no Livro Ata, que se ressalta, era distinto do
texto lido em plenário.
Mais uma vez repete-se que todos os vereadores,
por confiança, acreditaram que o texto lido em plenário, que era o texto
digitado e impresso por LIRCE, retratava o mesmo conteúdo do texto
transcrito para o livro ata, por isso não houve qualquer impugnação.
Porém, destaca-se que assinaram a ata transcrita
para o livro apenas os vereadores que participaram do esquema
fraudulento, vale dizer, SALVADOR, DEUSDETE, FRANCISCO
REBOUÇAS e JOSÉ MOREIRA, o que confirma ainda mais a
participação destes no ato de improbidade aqui retratado.
Assim, as escondidas e mediante fraude, foi
aprovada a Emenda Modificativa nº 08/2012.
Já no período vespertino do dia 22/10/2012, após a
sessão plenária que ocorrera pela manha, a servidora Sandra, ao chegar para
trabalhar, encontrou sob a mesa do seu computador a Emenda Modificativa nº
08/2012, com o carimbo de “aprovado” assinado pelo presidente da Casa (fls.
39/42 do ICP).
Por isso, como de costume e sem conhecimento da
fraude, elaborou a emenda modificativa 08/2012, que consta às fls. 79/80 do
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ICP.
Ainda neste dia, os vereadores ALANDELON,
JOSÉ MOREIRA, DEUSDETE e um quarto vereador, compareceram na
sala de Sandra e, como a Emenda Modificativa com o timbre da Câmara
Municipal já estava pronta, assinaram o referido documento (fls. 79/80 do
ICP).
Após a assinatura destes vereadores, o requerido
ALANDELON determinou que Sandra carimbasse o documento com o
carimbo de “publicado”, tendo esta cumprido a determinação do vereador
requerido temendo desafiá-lo.
Veja-se como sucedeu a situação:
“Que no dia 22/10/2012, ao chegar para trabalhar estava sob a
mesa do seu computador as emendas modificativas de fls 18/22
do inquérito apenso; Diante disso, como era este o seu trabalho, a
depoente elaborou a emenda modificativa que consta das fls.
23/24 do caderno policial; Na mesma tarde os vereadores
Alandelon, José Moreira, Deusdete e um quarto, que ela não se
recorda, compareceram na sala da depoente questionando se a
emenda modificativa nº 008/2012 já estava pronta, quando
obtiveram a resposta positiva da depoente; Que pelo que se
lembra neste momento a depoente estava sozinha na sala; Que
os quatro vereadores assinaram a emenda modificativa naquele
momento; Que Alandelon permaneceu na sala e determinou que a depoente carimbasse o documento com o carimbo de “publicado”, e os demais se retiraram do recinto após assinarem o documento; Diante dessa determinação a depoente bateu o referido carimbo no documento por ela confeccionado e o colocou sobre a mesa de Lirce; Que a
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depoente bateu o carimbo na frente do vereador Alandelon que saiu da sala na sequência; Que o documento foi feito em
duas vias, sendo que uma foi para uma pasta de arquivos e outro
depositado sob a mesa de Lirce; Normalmente a via entregue a
Lirce era repassada para o servidor José Marcelino que a
publicava no mural da casa de leis; Que não sabe dizer se a
mencionada emenda foi publicada no mural; Que cabe a Lirce publicar todos os atos da Câmara Municipal; Que a depoente apenas publicou a emenda modificativa em tela, pois houve determinação do vereador Alandelon e ela não quis desafiá-lo; Que depois disso a depoente nunca mais viu aquela emenda;” - fl. 17/19.
Finalizada a fraude idealizada pelos requeridos, o
assunto tratado na Emenda Modificativa nº 08/2012 permaneceu “enterrado”,
sem qualquer divulgação ou mesmo repercussão sobre o tema, o que não
poderia ser de outra forma, visto que ninguém, além dos requeridos, tinha
conhecimento da ilicitude praticada.
Sentindo-se seguro da fraude implementada, o
requerido DEUSDETE, como prelúdio do que estava por vir, anunciava nas
dependências da Câmara Municipal: “vocês vão ter uma surpresa”4.
Na véspera da posse dos eleitos para a nova
legislatura (2013/2016), a secretária da Câmara (Lirce), como de praxe,
iniciou os preparativos para a Sessão de Posse, tendo rascunhado a Ata da
sessão de posse em seu computador e levado os demais documentos (Livro
Ata e outros) para sua casa para finalizar os preparativos. 4 Fato confirmado pela secretária LIRCE (fl. 10); a servidora Andréia afirmou às fls. 45 do Inquérito Policial nº 002/2013 que antes do dia 01/01/13 “só ouvia dizer que a população ia ter “uma surpresa” na posse.
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Todavia, naquele dia, estranhamente, o servidor
MAURO LUIS compareceu em sua casa e requereu o Livro Ata, alegando
que agia sob às ordens de DEUSDETE, no que foi atendido pela servidora.
Nesse ínterim, o requerido EMIVALDO foi
incumbido de proceder a alteração da Ata rascunhada por Lirce em seu
computador funcional, inserindo no documento (digital) as alterações
necessárias para amoldar o evento às novas regras estabelecidas
fraudulentamente pelos requeridos.
No ponto salienta-se que a ata da sessão de posse
rascunhada por LIRCE em seu computador funcional, que seria utilizado no
dia da sessão a ser realizada no dia 01/01/2013, foi transcrita com base no
regimento interno, que prevê que a mesa diretora será eleita pelo voto da
maioria dos vereadores.
Todavia, com a alteração ilícita do regimento, era
necessário adaptar esse rascunho de ata, de modo a fazer com que o
Presidente da Casa fosse o vereador mais votado nas eleições municipais. Foi
esta a modificação procedida por EMIVALDO.
Tal fato foi narrado pelo próprio EMIVALDO nas
declarações que prestou a esta Promotoria de Justiça. Confira-se:
“Que afirma que no final do ano de 2012 foi solicitado por Deusdete para que elaborasse um rascunho da ata da posse que seria realizada no dia 1º/01/2013 já constando as novas alterações do regimento interno; Que o depoente se dirigiu à
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Câmara municipal e promoveu a alteração da ata por cima de outro arquivo de ata de posse que já constava no computador utilizado por Lirce;” fls. 62/64.
Note-se que, para realizar o trabalho,
EMIVALDO estava acompanhado por MAURO LUIS, que possuía a
chave da secretaria, fato que reforça ainda mais a participação do
procurador jurídico e do tesoureiro na ilicitude perpetrada.
De posse do Livro Ata e com as modificações
realizadas por EMIVALDO, MAURO encaminhou tudo para a servidora
Sandra e determinou que esta preparasse a Ata de Posse, com as modificações
advindas da Emenda Modificativa nº 08/2012 (já inseridas por EMIVALDO),
entregando-lhe um rascunho da ata digitada e impressa, tendo esta realizado o
serviço.
Nesse sentido:
“Que nos últimos dias do ano elaborou um rascunho em seu
computador contendo a ata da sessão de posse que seria
realizada n dia 1º/01/2013; Que nesse rascunho constava que a
mesa diretora seria eleita, assim como fora feito na legislatura
anteriores; Que no último dia em que trabalhou em 2012, levou
para sua casa o livro de ata da Câmara Municipal e os demais
documentos que iria utilizar para confeccionar a ata da sessão de
posse; Que no dia 30 ou 31 de dezembro de 2012 o Sr. Mauro
Luiz compareceu na casa da depoente e disse que estava ali a
mando de Deusdete para pegar o livro de ata; A depoente
perguntou o motivo e Mauro Luiz limitou-se a responder que “o
Deusdete mandou pegar”; A depoente entregou o livro e Mauro foi
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embora; No dia da sessão de posse, ao ligar seu computador a
depoente constatou que todo o rascunho que houvera feito havia
sido modificado e que constava do novo rascunho que o vereador
mais votado estava automaticamente empossado no cargo de
presidente da Câmara Municipal; Aquela situação desconhecida
por todos gerou revolta nos presentes, o que deixou a depoente
nervosa a ponto de “passar mal” e não conseguir concluir a ata,
que foi finalizada pelo Dr. Emivaldo;” - Lirce Maria da Rocha – fls.
10/11.
“Que no dia 31/12/2012 estava na casa de sua irmã quando
Mauro Luiz chegou ao local e pediu para a depoente transcrever
manualmente para o livro de ata a ata da sessão de posse que
seria realizada no dia seguinte; Para tanto entregou à depoente
um rascunho da ata digitada e impressa; A depoente vez o
serviço, mas deixou algumas partes em branco e mais tarde
Mauro Luiz passou no local e pegou o livro com a depoente;” -
Sandra Maria Ribeiro – fl. 18/19.
“Questionado afirmou que no dia 30/12/2012 recebeu uma ligação
de Deusdete determinado que o depoente buscasse o livro ata na
casa de Lirce, pois pelo regimento “o livro deveria ficar na Câmara
Municipal”; Que o requerente buscou o livro na casa de Lirce e o
deixou na presidência da casa de leis; Relembrado das penas do
crime de falso testemunho, o depoente alterou sua afirmação e
informou que Deusdete ligou para ele no dia 30/12/2012 e pediu
para que ele pegasse o livro com Lirce e o entregasse à Sandra
para que esta iniciasse a transcrição da ata de posse; Disse ainda,
que era para o depoente fazer isto, pois Sandra era “de mais
confiança do que Lirce”; Que não sabe dizer porque Deusdete
tinha mais confiança em Sandra; Que posteriormente o depoente
buscou o livro e deixou na presidência;” - Mauro Luis da Silva – fls.
29/30.
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No dia 01 de janeiro de 2013, dia da posse dos
candidatos eleitos, foi anunciada a alteração do Regimento Interno da Câmara
Municipal pelo requerido DEUSDETE JOSÉ DE ANDRADE, que estava na
condução dos trabalhos, tendo este, na oportunidade, dado posse aos
vereadores eleitos e a si mesmo no cargo de Presidente da Câmara
Municipal, nos termos da alteração decorrente da Emenda Modificativa
nº 08/2012.
Obviamente, tal situação causou grande comoção
entre os presentes, principalmente por parte dos vereadores eleitos, visto
que ninguém tinha conhecimento da alteração no Regimento da Câmara.
Diante de tais fatos, os vereadores eleitos se
dirigiram até a Delegacia local e representaram à autoridade policial pelo
crime de falsidade ideológica, situação investigada no Inquérito Policial
nº 002/2013.
Ora, os fatos até aqui demonstrados ilustram
claramente a prática de improbidade administrativa por parte dos
requeridos.
No entanto, para que não fique nenhuma dúvida,
sobreleva realçar alguns pontos que espancam qualquer controvérsia
sobre o fato.
Primeiro, é absolutamente impossível que um
projeto dessa envergadura – que decide quem será o Presidente da Câmara, a
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decisão mais importante do Poder Legislativo nos dois primeiros anos da
legislatura – não seja conhecido pela comunidade Jussarense, pelos
servidores da Câmara e, pasme, pelos próprios vereadores que
“aprovaram” o projeto, conforme já transcrito nas linhas anteriores.
Segundo, para viabilizar a execução da trama, os
requeridos inverteram as funções de servidores solicitando que servidores
realizassem funções atípicas para facilitar a “tramitação” do projeto
fraudulento, tudo isso para evitar represálias ou retaliações por parte de
servidores experientes na execução das funções, como ocorreu em relação à
secretária Lirce, que atua diretamente nas fases mais importantes do processo
legislativo, desde a elaboração da Ata de julgamento até a publicação das leis
e atos oficiais. Veja-se:
“Neste dia, que era uma sexta-feira, excepcionalmente a depoente
iria retornar ao serviço no período vespertino, pois a próxima
sessão ocorreria já na próxima segunda-feira e a depoente
precisava preparar a pauta da próxima sessão; Durante o período
de almoço daquela sexta-feira, estranhamente, o Sr. Mauro Luiz da Silva, à época tesoureiro da Câmara Municipal, ligou para a depoente e pediu para ela não ir trabalhar no período vespertino e que outras servidoras iriam realizar seu trabalho;
Diante de tal determinação a depoente não foi trabalhar no
período vespertino; (…) Que nos últimos dias do ano elaborou um
rascunho em seu computador contendo a ata da sessão de posse
que seria realizada n dia 1º/01/2013; Que nesse rascunho
constava que a mesa diretora seria eleita, assim como fora feito
na legislatura anteriores; Que no último dia em que trabalhou em 2012, levou para sua casa o livro de ata da Câmara Municipal e os demais documentos que iria utilizar para confeccionar a ata da sessão de posse; Que no dia 30 ou 31 de dezembro de 2012 o Sr. Mauro Luiz compareceu na casa da
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depoente e disse que estava ali a mando de Deusdete para pegar o livro de ata; A depoente perguntou o motivo e Mauro Luiz limitou-se a responder que “o Deusdete mandou pegar”; A depoente entregou o livro e Mauro foi embora; No dia da sessão de posse, ao ligar seu computador a depoente constatou que todo o rascunho que houvera feito havia sido modificado e que constava do novo rascunho que o vereador mais votado estava automaticamente empossado no cargo de presidente da Câmara Municipal; Aquela situação desconhecida
por todos gerou revolta nos presentes, o que deixou a depoente
nervosa a ponto de “passar mal” e não conseguir concluir a ata,
que foi finalizada pelo Dr. Emivaldo;” - Lirce – fls. 09/12.
Nesse ponto, repita-se as declarações de Sandra:
“Que a depoente bateu o carimbo na frente do vereador Alandelon
que saiu da sala na sequência; Que o documento foi feito em duas
vias, sendo que uma foi para uma pasta de arquivos e outro
depositado sob a mesa de Lirce; Normalmente a via entregue a
Lirce era repassada para o servidor José Marcelino que a
publicava no mural da casa de leis; Que não sabe dizer se a
mencionada emenda foi publicada no mural; Que cabe a Lirce publicar todos os atos da Câmara Municipal; Que a depoente apenas publicou a emenda modificativa em tela, pois houve determinação do vereador Alandelon e ela não quis desafiá-lo;
Que depois disso a depoente nunca mais viu aquela emenda; Que no dia 31/12/2012 estava na casa de sua irmã quando Mauro Luiz chegou ao local e pediu para a depoente transcrever manualmente para o livro de ata a ata da sessão de posse que seria realizada no dia seguinte; Para tanto entregou à depoente um rascunho da ata digitada e impressa; A depoente fez o serviço, mas deixou algumas partes em branco e mais tarde Mauro Luiz passou no local e pegou o livro com a depoente; No dia da sessão todo mundo percebeu
que o regimento tinha sido alterado, o que deflagrou uma revolta
geral;” - Sandra – fls. 17/19.
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Corrobora com a versão as declarações de Andréia:
“Que quem recebe os documentos protocolizados na Câmara são
Lirce e Sandra e na falta destas a própria depoente; Que sempre é
Lirce quem bate o carimbo de publicado nos documentos e que
nunca viu Sandra realizar esse ato; Apresentado o documento de
fls. 23 do inquérito policial apenso, consiste na publicação da
emenda modificativa nº 08/2012, informa que reconhece a assinatura do carimbo publicado como sendo de Sandra e que estranha tal fato, pois como dito, nunca viu Sandra publicar nenhum documento;” – fl. 15.
Terceiro, a participação dos vereadores requeridos (a
exceção de José Moreira, porque falecido) é latente. É o que se extrai da
analise do conjunto probatório anexo.
Observe-se que somente os vereadores (requeridos)
que participaram da fraude assinaram os documentos relativos à Emenda
Modificativa nº 18/2012.
Veja-se:
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A documentação acima demonstra a má-fé dos
vereadores envolvidos na fraude mencionada.
Tal fato é corroborado pelas próprias declarações
prestadas pelos vereadores DEUSDETE JOSÉ DE ANDRADE e
FRANCISCO REBOUÇAS NETO, que, no afã de convalidar as
improbidades praticadas, afirmaram que a votação do projeto em questão de
fato ocorreu, o que contraria todos os fatos e elementos indicados alhures e
nos documentos que instruem a presente ação. Um absurdo! Veja-se:
“Que não sabe dizer porque sua assinatura consta apenas na
primeira folha da emenda modificativa; Que não sabe dizer porque
os vereadores ouvidos na fase policial informaram que o referido
projeto de lei não foi levado a votação em plenário; Que afirma
que não houve qualquer briga ou debate caloroso durante a
votação do projeto nº 08/2012 no dia 19/10/2012;” - Francisco - fls.
65/66.
“Que neste dia Alandelon estava acompanhado por José Moreira;
Na sequência Alandelon foi para seu escritório, elaborou o projeto,
e colheu a assinatura de José Moreira, Francisco Rebouças e
Salvador e o protocolizou; Automaticamente o projeto foi inserido na pauta da sessão legislativas que ocorreu no dia seguinte; Nesta sessão do dia 19/10/2012 o projeto foi colocado em votação e, após parecer da comissão, foi devidamente votado e aprovado; Que não houve debates calorosos ou qualquer discussão para aprovação do projeto nº 08/2012, que mudava a forma de investidura do presidente da Câmara Municipal; No dia 22/10/2012 ocorreu a próxima sessão, na qual a ata da sessão anterior foi devidamente lida e aprovada;” - Deusdete – fls. 67/70.
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Repita-se, em todas as etapas do processo de
“legalização” da Emenda Modificativa nº 08/2012, somente os vereadores
requeridos ALANDELON WANDERLEY DE OLIVEIRA, FRANCISCO
REBOUÇAS NETO, SALVADOR TEIXEIRA LOBO e DEUSDETE
JOSÉ DE ANDRADE assinaram nos respectivos documentos.
Destaque-se que tanto no Parecer Conjunto
quanto na Emenda Modificativa o campo destinado à assinatura dos
vereadores JEAN CARLOS DA SILVA e RICARDO DOS SANTOS
NASCIMENTO ficou em branco.
OUTROSSIM, CONFORME SE APURA DA
CÓPIA DO DOCUMENTO COLACIONADO ÀS FLS. 53/v, NOVE
VEREADORES COMPARECERAM NA SESSÃO DO DIA 19/10/12 E
OITO NA SESSÃO DO DIA 22/10/12, SENDO QUE, CONFORME SE
APURA DO LIVRO ATA DA CÂMARA (ANEXO – fls. 34/35), EM
AMBAS AS SESSÕES HOUVE VOTAÇÃO POR UNANIMIDADE DOS
PRESENTES.
ORA, CONFORME MENCIONADO
INICIALMENTE, HAVIA UM “RACHA” ENTRE OS GRUPOS
POLÍTICOS À ÉPOCA DOS ACONTECIMENTOS, SENDO ESTE
FATO, INCLUSIVE, O GRANDE MOTIVADOR DA “MANOBRA”
DISCUTIDA NOS PRESENTES AUTOS.
ENTÃO, COMO HAVERIA CONSENSO
ENTRE OS VEREADORES DO GRUPO OPOSITOR PARA A
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VOTAÇÃO DO PROJETO MAIS POLÊMICO E IMPORTANTE DA
CÂMARA MUNICIPAL, QUE DEFINIRIA O CARGO DE
PRESIDENTE PARA OS PRIMEIROS DOIS ANOS DA
LEGISLATURA 2013/2016?
E MAIS, COMO OBTER UNANIMIDADE EM
UM PROJETO QUE JÁ SE SABIA QUEM SERIA O MAIOR
BENEFICIADO DE TODOS – O REQUERIDO DEUSDETE JOSÉ DE
ANDRADE – O CANDIDATO MAIS BEM VOTADO PARA O CARGO
DE VEREADOR NO PLEITO DE 2012!?
Obviamente, os fatos não aconteceram dessa
forma, conforme amplamente demonstrado nas linhas pretéritas,
SITUAÇÃO CORROBORADA PELAS DECLARAÇÕES PRESTADAS
PELOS ENTÃO VEREADORES NA DELEGACIA DE POLÍCIA
LOCAL, QUE REPUDIARAM VEEMENTEMENTE A VERSÃO
APRESENTADA PELOS REQUERIDOS E AFIRMARAM COM
SEGURANÇA QUE O FAMIGERADO PROJETO NUNCA FOI
VOTADO NA CÂMARA !
Quarto, depois da elucidação da fraude perpetrada
pelos requeridos, vários vereadores levaram o caso ao conhecimento da
autoridade policial local, que instaurou o Inquérito Policial nº 02/2013 e
colheu declarações de vereadores e servidores da casa.
As declarações formuladas pelos servidores da
Câmara preocuparam o grupo dos requeridos diante da desarticulação da
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“fraude” e da iminente responsabilização civil e penal dos requeridos.
“Coincidentemente”, o circuito interno de
filmagem da Câmara Municipal simplesmente desapareceu e com ele
todos os arquivos que contemplaram as filmagens das Sessões realizadas
pelo Poder Legislativo, o que poderia solucionar definitivamente a
questão, conforme resposta encaminhada pelo atual procurador jurídico
da Câmara Municipal de Jussara a esta Promotoria de Justiça (fls.
32/33).
Ademais, depois dos depoimentos dos servidores
o requerido DEUDETE JOSÉ DE ANDRADE chegou ao ponto de
ameaçar de morte a servidora Lirce, fato presenciado por outros
servidores da Câmara. Verbis:
“Depois que a depoente prestou depoimento na delegacia de
polícia, Deusdete dirigiu-se até sua sala, onde também estava
Sandra, e ameaçou dizendo: “para eu acabar com sua vida não custa nada”;” - Lirce – fl. 11.
“Que nos dias que secederam a posse presenciou quando
Deusdete foi até a sala da depoente e disse para Lirce: “a coisa não tá boa pra mim. Pra matar um é daqui pra li”;” - Sandra – fl.
19.
“Que ouviu boatos no sentido de que Deusdete havia ameaçado Lirce por ter prestado depoimento;” - Andréia – fl.
15.
“Que nos primeiros dias que secederam a sessão de posse estava
no corredor da Câmara Municipal quando ou Deusdete, que
estava saindo da sala da secretaria, dizer para Lirce: “Eu só
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tenho uma vida, para perdê-la não custa nada”; - Elizete de
Souza – fl. 61.
Além disso, objetivando reverter a situação
desfavorável em que o grupo dos requeridos se encontrava, o requerido
EMIVALDO, então procurador jurídico da Câmara, pediu à servidora
Sandra que assinasse uma declaração afirmando que ela tinha sofrido
“pressão” durante o depoimento prestado na delegacia de polícia, tendo
esta se recusado a compactuar com a articulação proposta. Veja-se:
“Que depois da posse a depoente foi chamada no escritório do Dr. Emivaldo quando este a pediu para assinar uma declaração afirmando que ela tinha sofrido “pressão” no momento de seu depoimento prestado na delegacia de polícia; Que a depoente se recusou a assinar tal declaração” -
Sandra – fl. 19.
Quinto, a execução da ilicitude somente foi possível
com a participação dos vereadores requeridos e de MAURO LUIS DA
SILVA e EMIVALDO DE SOUZA, conforme exaustivamente
comprovado nas linhas pretéritas, até porque ambos ocupavam cargos de
alto escalão – tesoureiro e procurador jurídico da Câmara – e, a eventual
derrota do grupo ensejaria a exoneração/rescisão contratual de ambos, o que
de fato ocorreu com a ascensão na nova mesa diretora da Câmara.
Conclui-se, deste modo, que todos os requeridos
praticaram atos de improbidade administrativa contrários aos princípios que
regem a administração pública.
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II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO
II.1 - DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO
A Ação Civil Pública, ex vi do disposto no artigo 1º
da Lei n.º 7.347/85, como fator de mobilização social, é a via processual
adequada para impedir a ocorrência ou reprimir danos ao patrimônio público,
meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico, protegendo, assim, os interesses difusos,
coletivos e individuais homogêneos da sociedade, sendo que, diante de sua
magnitude e excelência, mereceu assento constitucional, como se extrai do
art. 129, inciso III da Constituição da República Federativa brasileira.
A ação civil pública protege interesses não só de
ordem patrimonial como, também, de ordem moral e cívica. O seu objetivo
não é apenas restabelecer a legalidade, mas também punir ou reprimir a
imoralidade administrativa a par de ver observados os princípios gerais da
administração.
Não restam dúvidas de que o patrimônio público é
um interesse de dimensão difusa, o que autoriza sua tutela processual por
intermédio da ação civil pública. Nesse diapasão, caracteriza-se a tutela do
patrimônio público, inclusive na dimensão da moralidade administrativa,
como um interesse metaindividual de natureza difusa, sendo o Ministério
Público parte legítima para aforar ação de improbidade com a finalidade de
punir os agentes ímprobos que violam os princípios da Administração
Pública.
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Neste sentido, tem-se que a Carta Magna confere
esta atribuição ao Parquet:
“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos”.
Em consonância com essa orientação, a Lei Orgânica
do Ministério Público – Lei federal n.º 8.625/93 – assim estatui:
“Art. 25. Além das funções previstas nas Constituições Federal e
Estadual, na Lei Orgânica e em outras leis, incumbe, ainda, ao
Ministério Público:
IV – promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma da
lei:
a) para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao
meio ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, e a outros
interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis e
homogêneos;
b) para a anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao
patrimônio público ou à moralidade administrativa do Estado ou de
Município, de suas administrações indiretas ou fundacionais ou de
entidades privadas de que participem.”
Por sua vez, a Lei nº 8.429/92, que dispõe sobre as
sanções aplicáveis nos casos de prática de atos de improbidade administrativa
estabelece a legitimidade ativa do Ministério Público:
“Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta
pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro
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de 30 (trinta) dias da efetivação da medida cautelar”.
A remansosa jurisprudência da Corte Superior
Federal culminou com a edição da Súmula 329, assim redigida: “O
Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em
defesa do patrimônio público”.
Patente, portanto, a legitimidade do Ministério
Público para aforar ação civil pública em defesa do patrimônio público e da
moralidade administrativa.
II.2 – DOS ATOS DE IMPROBIDADE
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37,
caput e § 4º, dispõe:
“Art. 37. A administração pública, direta, indireta ou fundacional, de
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e, também, ao
seguinte:
(...)
§ 4º. Os atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação prevista em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.
Com o escopo de conferir densidade normativa ao
referido preceito constitucional, foi editada a Lei n.º 8.429/92, que dispõe
sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos, nos casos de improbidade
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no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública
direta, indireta ou fundacional.
O mencionado diploma normativo contempla,
basicamente, três categorias de atos de improbidade administrativa, a saber:
em seu artigo 9º, os atos de improbidade administrativa que importam
enriquecimento ilícito do agente ou de terceiros; em seu artigo 10, os atos de
improbidade administrativa que causam prejuízo ao erário; e no artigo 11, os
atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da
administração pública.
No caso sob análise, verifica-se que os atos
praticados pelos requeridos configuram atos de improbidade
administrativa que atentaram contra os Princípios da Administração
bem como praticaram ato visando fim proibido em lei, uma vez que o
grupo alterou fraudulentamente o Regimento Interno da Câmara Municipal de
Jussara.
Nesse passo, dispõe o artigo 11, caput, e seu inciso I,
todos da Lei nº 8.429/92:
“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e
notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;”
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No caso vertente, os requeridos praticaram as
condutas previstas no artigo 11, caput , e seu inciso I, da Lei 8.429/92, ao
modificarem ilicitamente o Regimento Interno da Câmara Municipal de
Jussara, com o propósito de garantir a permanência do grupo político de
vereadores, beneficiar servidores ligados ao grupo e sobretudo o vereador
DEUSDETE JOSÉ DE ANDRADE, que, com a implementação da fraude
ocuparia o cargo de Presidente da Câmara na gestão 2013/2014.
O dolo dos requeridos restou sobejamente
comprovado nas linhas anteriores, eis que estes, em comum acordo,
foram os responsáveis por arquitetar e executar a criação de um esquema
elaborado para fraudar o Regimento Interno da Câmara Municipal de
Jussara, prática essa que afronta o artigo 11, caput, e seu inciso I da Lei
8.429/92, diante da evidente violação aos princípios da moralidade e
legalidade.
O princípio da legalidade baseia-se no fato de que,
se todo o poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido, a prática e o
modo de execução dos atos administrativos não podem relegar-se ao alvedrio
dos administradores – pelo contrário, devem realizar-se nos estritos limites
traçados pela lei. Nas palavras do saudoso Hely Lopes Meirelles:
“Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal.
Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei
não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a
lei autoriza. A lei para o particular significa 'pode fazer assim'; para
o administrador público significa 'deve fazer assim'”.5
5 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 24ª Ed. São Paulo: Malheiros, 1998. p. 82.
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Para sintetizar qual deve ser a postura do
administrador público, cumpre lembrar as palavras de Seabra Fagundes para
quem “administrar é aplicar a lei de ofício”.
Ainda sobre o tema, Hely Lopes Meirelles em sua
obra Direito Administrativa Brasileiro, explica sobre o princípio da
legalidade, verbis:
“significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso.” (MIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 30. Ed. São Paulo: Malheiros, 2005).
O princípio da moralidade administrativa, por seu
turno, impõe que os agentes públicos ajam com lealdade, boa-fé,
honestidade, em consonância com as regras da boa administração e com
os princípios éticos de razoabilidade e justiça.
Nesse sentido, o escólio de José Augusto
DELGADO:
“O princípio da moralidade “prega um comportamento do
administrador que demonstre haver assumido como móbil da sua
ação a própria idéia do dever de exercer uma boa administração”.6
6 Revista Trimestral de Direito Público, v. 01/1993, p. 209.
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Maria Sylvia Zanella Di Pietro, de seu turno,
relaciona a moralidade à exigência de probidade no trato da coisa pública:
“Quando se exige probidade ou moralidade administrativa, isso
significa que não basta a legalidade formal, restrita, da atuação
administrativa, com observância da lei; é preciso também a
observância de princípios éticos, de lealdade, de boa-fé, de regras
que assegurem a boa administração e a disciplina interna na
Administração Pública.”7
Ora, o princípio da moralidade a obsta que o
administrador/servidor público pratique conduta que viola a ética, vedando
qualquer comportamento astucioso, veja:
“Princípio da Moralidade Administrativa. De acordo com ele a Administração e seus agentes têm de atuar na conformidade de princípios éticos. Violá-los implicará violação ao próprio direito, configurando ilicitude que sujeita a conduta viciada a invalidação, porquanto tal princípio assumiu foros de pauta jurídica. (...) Segundo os cânones da lealdade e da boa fé a Administração haverá de proceder em relação aos administrados com sinceridade e lhaneza, sendo-lhe interdito qualquer comportamento astucioso, eivado de malícia, produzido de maneira a confundir, dificultar ou minimizar o exercício de direito por parte dos cidadãos.” (Celso Antônio Bandeira de Melo, p. 69).
Ainda, segundo José Augusto Delgado:
“(...) o valor jurídico do ato administrativo não pode ser afastado de seu valor moral, implicando isso um policiamento ético na administração. A motivação e o modo de agir do
7 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13ª ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 657.
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agente público submetem-no a controles, especialmente ante o princípio da moralidade administrativa. Ações maliciosas ou imprudentes devem ser reprimidas. A doutrina há de buscar alcance largo ao princípio da moralidade (O princípio da moralidade administrativa e a Constituição Federal de 1988, in RT 680/38, junho de 1992, apud Fábio Osório Medina, Improbidade Administrativa, 2.ª ed. , Porto Alegre, Síntese, 1998, p. 144).
Dessa forma, como se demonstrou acima, a situação
narrada é transgressora dos mais basilares princípios constitucionais que
regem a atividade administrativa, sendo constatada a prática de ato de
improbidade administrativa previsto no art. 11, caput, e inciso I da Lei
8429/92.
Nesse sentido, confira-se o entendimento
jurisprudencial:
“ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CARACTERIZAÇÃO DE
LESÃO A PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS. ART. 11 DA LIA.
DESNECESSIDADE DE INTENÇÃO ESPECÍFICA E DE DANO
AO ERÁRIO. SUFICIÊNCIA DO DOLO GENÉRICO DE SE
CONDUZIR DELIBERADAMENTE CONTRA AS NORMAS.
SANÇÕES DO ART. 12 DA LEI DE IMPROBIDADE.
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE INOBSERVADOS.
READEQUAÇÃO DAS SANÇÕES IMPOSTAS. PRECEDENTES
DO STJ . 1. O afastamento da pena de perda da função pública e
a redução da sanção de suspensão dos direito políticos de 8 (oito)
anos para 3 (três) anos observou os princípios da
proporcionalidade e razoabilidade e levou em conta, para tanto, a
conduta dos réus, ora agravantes, assentada pelo Tribunal de
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origem. 2. Agravo regimental não provido.” (STJ - AgRg nos EDcl
no AREsp 33.898/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/05/2013, DJe 09/05/2013).
“ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAÇÃO DO
ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. INVERSÃO DO ÔNUS
DA PROVA. REVISÃO DO CRITÉRIO DO JUIZ. REEXAME DE
PROVAS. INADMISSIBILIDADE. VIOLAÇÃO DO ART. 47 DO CPC
NÃO CARACTERIZADA. AUSÊNCIA DE HIPÓTESE DE
LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. LEI DE
IMPROBIDADE. APLICABILIDADE A VEREADOR. DECRETO-LEI
Nº 201/67. INCIDÊNCIA CONCOMITANTE COM A LEI Nº
8.429/92. POSSIBILIDADE. ELEMENTO SUBJETIVO. EXIGÊNCIA
DO DOLO, NAS HIPÓTESES DOS ARTIGOS 9º E 11 DA LEI
8.429/92 E CULPA, PELO MENOS, NAS HIPÓTESES DO ART.
10. TRIBUNAL DE ORIGEM QUE CONSIGNA ABUSO NO
GASTO DE VERBA DE GABINETE DE VEREADOR. REVISÃO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. CARACTERIZAÇÃO DE
LESÃO A PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS E
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. ARTS. 9º E 11 DA LIA.
DESNECESSIDADE DE INTENÇÃO ESPECÍFICA. SUFICIÊNCIA DO DOLO GENÉRICO DE SE CONDUZIR DELIBERADAMENTE CONTRA AS NORMAS. 1. (…) 8. O elemento subjetivo necessário à configuração de improbidade administrativa previsto pelo art. 11 da Lei 8.429/1992 é o dolo eventual ou genérico de realizar conduta que atente contra os princípios da Administração Pública, não se exigindo a presença de intenção específica, pois a atuação deliberada em desrespeito às normas legais, cujo desconhecimento é inescusável, evidencia a presença do dolo. (…) 10. Agravo regimental não
provido.” (STJ - AgRg no REsp 1230039/MG, Rel. Ministro
BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
15/12/2011, DJe 02/02/2012).
“DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. SUBSÍDIOS DE
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VEREADORES. PODER LEGISLATIVO DO MUNICÍPIO DE
LAJEADO. PREVISÃO DE SUBSÍDIOS DOS EDIS. APROVAÇÃO
DA LEI-LAJEADO Nº 8.032/08. LEGISLATURA DE 2009 A 2012.
REJEIÇÃO DO VETO DO PODER EXECUTIVO. QUÓRUM
MÍNIMO DE DEZ VEREADORES. COMPLEMENTAÇÃO COM
VOTO DO PRESIDENTE DA CÂMARA DE VEREADORES.
ILEGALIDADE. ANULAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO.
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA MANTIDA. PRELIMINARES
REJEITADAS. AGRAVO RETIDO IMPROVIDO. 1. (…) 3. Mérito:
Em princípio não cabe ao Poder Judiciário imiscuir-se quando os
critérios seguidos para a fixação de subsídios de agentes políticos
municipais, pois se trata de assunto de interesse local. Todavia, exige-se da Câmara Municipal o respeito e a observância das limitações constitucionais, sob pena de inconstitucionalidade material, hipótese em que compete ao Poder Judiciário intervir para proteção dos direitos ameaçados e lesados, restabelecendo a situação de normalidade jurídico-legal. Na hipótese dos autos a casa legislativa de Lajeado rejeitou o veto do Presidente do Poder Executivo e aprovou a Lei-Lajeado nº 8.032/08 para fixação dos subsídios dos vereadores sem obter a maioria absoluta dos membros da Câmara. Contabilização do voto do Presidente da Câmara de Vereadores que não encontra guarida. Violação à regra disposta na Lei Orgânica do Município (artigo 73) e ao Regimento Interno da Câmara de Vereadores de Lajeado (artigo 160, § 1º). Anulação do ato administrativo determinada na origem. Sentença de procedência mantida. PRELIMINARES REJEITADAS. AGRAVO RETIDO IMPROVIDO. APELAÇÕES IMPROVIDAS.” (Apelação Cível Nº 70047260203, Terceira
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Nelson Antônio
Monteiro Pacheco, Julgado em 31/01/2013).
Pela situação de fato narrada acima, está claro que à
época dos fatos, os vereadores ALANDELON WANDERLEY DE
OLIVEIRA, JOSÉ MOREIRA DA SILVA (falecido) e DEUSDETE JOSÉ
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DE ANDRADE, foram os mentores intelectuais da fraude mencionada,
contando com a fundamental participação dos vereadores FRANCISCO
REBOUÇAS NETO e SALVADOR TEIXEIRA LOBO, bem como do
servidor MAURO LUIS DA SILVA e do procurador jurídico da Câmara
EMIVALDO DE SOUZA. Logo, denota-se que esses agiram ao alvedrio da
lei e devem sofrer responsabilização direta pela prática de atos de
improbidade administrativa, nos termos do art. 1º e art. 2º da Lei 8429/92.
III – DO AFASTAMENTO LIMINAR DO REQUERIDO DEUSDETE
JOSÉ DE ANDRADE DAS FUNÇÕES INERENTES AO CARGO DE
VEREADOR DO MUNICÍPIO DE JUSSARA
Consoante o apurado nos autos do Inquérito Civil
anexo, o requerido DEUSDETE JOSÉ DE ANDRADE, na condição de
Chefe do Poder Legislativo do Município de Jussara, em conjunto com os
demais requeridos, articularam um “esquema” fraudulento para alterar o
Regimento Interno dessa Casa de Leis a fim de manter o poder nas mãos do
grupo político do qual fazia parte e sobretudo para que o próprio DEUSDETE
continuasse ocupando o cargo de Presidente.
Ressalte-se que atualmente DEUSDETE exerce o
cargo de vereador e, pelo que foi acima narrado e documentos apresentados, é
incontestável que, enquanto o requerido estiver no exercício do cargo de
vereador, terá amplo acesso aos documentos da Câmara e
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hierarquia/influência sobre os servidores do Poder Legislativo, sendo que
muitos destes serão testemunhas nesta demanda.
Sendo assim, caso DEUSDETE se mantenha no
cargo de vereador durante a instrução processual, a apuração dos ilícitos
praticados fatalmente será comprometida pela manipulação de pessoas, dados
e/ou informações.
Além disso, a postura do requerido DEUSDETE
frente à população local, e principalmente do ordenamento jurídico pátrio, são
práticas que não podem ser toleradas pela Justiça.
Ora, diante do histórico acima narrado, é
absolutamente possível imaginar que o requerido, em razão do cargo que
ocupa, possa tentar induzir os servidores da Câmara em erro, para que as
declarações e/ou os documentos entregues ao Ministério Público para
instrução dos processos judiciais sejam inócuos.
É que, conforme acima demonstrado, o requerido
manipula e distorce fatos, conforme se deu em relação a “inclusão
irregular do projeto na pauta”, nas ações de execução dadas a MAURO e
EMIVALDO, nos desvios de funções dos servidores da Câmara, na
alteração e substituição de documentos, o desaparecimento do
equipamento de filmagem das Sessões da Câmara entre outras coisas.
Outrossim, não se pode olvidar que o requerido
abusa de seu poder tentando dissuadir as testemunhas, conforme ocorreu com
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a testemunha Lirce, inclusive ameaçando-a de morte8, e com a testemunha
Sandra, ao tentar, através de EMIVALDO, alterar o depoimento9 daquela,
prestado na Delegacia de Polícia.
No ponto observa-se que DEUSDETE é vereador
em Jussara há 06 mandatos consecutivos. Logo, seu poder e hierarquia
sobre servidores da Câmara e até outros vereadores é inquestionável.
Ora, tais condutas comprometem a apuração dos
fatos ilícitos, tornando-se, por conseguinte, de rigor seu afastamento do cargo
de vereador, sob pena de desproteção à coisa pública e à sociedade.
Neste sentido, o artigo 20, parágrafo único, da Lei
8.429/92 dispõe categoricamente:
“Art. 20. Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual”.
8 “Depois que a depoente prestou depoimento na delegacia de polícia, Deusdete dirigiu-se até sua sala, onde também estava Sandra, e ameaçou dizendo: “para eu acabar com sua vida não custa nada”;”-Lirce– fl. 11.“Que nos dias que secederam a posse presenciou quando Deusdete foi até a sala da depoente e disse para Lirce: “a coisa não tá boa pra mim. Pra matar um é daqui pra li”;” - Sandra – fl. 19.“Que ouviu boatos no sentido de que Deusdete havia ameaçado Lirce por ter prestado depoimento;” - Andréia – fl. 15.“Que nos primeiros dias que secederam a sessão de posse estava no corredor da Câmara Municipal quando ouviu Deusdete, que estava saindo da sala da secretaria, dizer para Lirce: “Eu só tenho uma vida, para perdê-la não custa nada”; - Elizete de Souza – fl. 61.9 “Que depois da posse a depoente foi chamada no escritório do Dr. Emivaldo quando este a pediu para assinar uma declaração afirmando que ela tinha sofrido “pressão” no momento de seu depoimento prestado na delegacia de polícia; Que a depoente se recusou a assinar tal declaração” - Sandra – fl. 19.
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Vê-se, pois, que o afastamento liminar do requerido
DEUSDETE, no caso em epígrafe, é medida perfeitamente albergada pela
legislação pátria.
Com efeito, após a análise de todo o conteúdo dos
fatos, verifica-se que são gritantes e escancarados os atos de improbidade
administrativa praticados por DEUSDETE e os demais requeridos que, sem
dúvida, ferem de morte os princípios regentes da Administração Pública.
De mais a mais, há urgência da medida,
consubstanciada na necessidade de garantir a escorreita instrução processual
da presente ação de improbidade.
Conclui-se, pois, que, além dos atos de improbidade
praticados por parte do requerido, o afastamento do exercício do cargo de
vereador é indispensável, visto que, permanecendo no cargo, ele constituirá
causa natural de perturbação à instrução processual.
Outrossim, encontram-se presentes os requisitos
necessários.
O fumus boni iuris está presente, sendo a tese
jurídica exposta plausível e estando evidenciada a prática dos atos ímprobos,
através dos documentos apresentados com a presente ação.
O periculum in mora se funda na necessidade de se
assegurar a instrução processual.
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Deste modo, para garantir desde logo a preservação
dos interesses tutelados pela actio em comento, o legislador previu a
possibilidade de concessão de medida liminar, in verbis:
"Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo." (Art. 12, da Lei n. 7.347/85).
Outro não é o posicionamento da doutrina:
"Antes de outras apreciações, anote-se que: a) tendo em vista o peculiar sistema da Lei n. 7.347/85, é admissível a concessão de medida liminar initio litis tanto nas ações cautelares (...) como no bojo da ação principal, impondo-se ou não multa liminar diária" (MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo, meio ambiente, consumidor e outros interesses difusos e coletivos. 5ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 267).
Sobre o assunto, traga-se à baila os ensinamentos de
Fábio Medina Osório:
“Se existem indícios de que o administrador público, ficando em
seu cargo poderá perturbar, de algum modo, a coleta de provas do
processo, o afastamento liminar se impõe imediatamente,
inexistindo poder discricionário da autoridade judiciária. Não se
mostra imprescindível que o agente público tenha, concretamente,
ameaçado testemunhas ou alterado documentos, mas basta que,
pela quantidade de fatos, pela complexidade da demanda, pela
notória necessidade de dilação probante, se faça necessário, em
tese, o afastamento compulsório e liminar do agente público do
exercício de seu cargo, sem prejuízo de seus vencimentos,
enquanto persistir a importância da coleta de elementos
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informativos ao processo”.
Ainda, neste diapasão a lição de Wallace Paiva
Martins Júnior:
"(…) a necessidade do afastamento temporário, justamente
quando é sabido que no último ano do mandato, geralmente, há a
‘faxina' das provas e indícios do ato ímprobo, circunstância
agravada com a perspectiva de reeleição ou de candidatura de
aliado político, na medida em que o agente público poderá acenar
ou influir sobre a estabilidade dos servidores públicos arrolados
como testemunhas, prestadores de informações requisitadas etc.
Ora, cabe ao juiz verificar os pressupostos do cabimento ou não da
liminar, dentro do sistema jurídico brasileiro, sendo essa decisão
vinculada no sentido de que, existindo necessidade, não existe a
faculdade". (destaque nosso)
Assim, havendo provas suficientes da prática de
atos de improbidade administrativa, bem assim indícios sérios de que o
requerido dificultará a produção escorreita das provas durante a
instrução processual da presente ação, o deferimento do afastamento
liminar é medida que se apresenta absolutamente necessária no presente
momento.
Neste sentido, o posicionamento jurisprudencial:
“CONSTITUCIONAL, PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO.
MINISTÉRIO PÚBLICO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE.
LICITAÇÃO. ANULAÇÃO DE EDITAL. INDÍCIOS DE
SUPERFATURAMENTO. PREJUÍZOS AO ERÁRIO PÚBLICO.
AFASTAMENTO DO PREFEITO MUNICIPAL. O Ministério Público
tem por função institucional a defesa do patrimônio público, sendo
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titular do inquérito civil e da ação civil pública, por expressa
previsão do art. 129, III, da Constituição Federal. O princípio da
continuidade do Serviço Público forma um conjunto com os
princípios da probidade e da legalidade, mediante os quais se deve
obter a equação eficaz para o interesse público, cumprindo ao
administrador encontrar fórmulas legais para situações transitórias
de emergência, mas livres de qualquer ofensa à moralidade
administrativa. O Prefeito Municipal deve ser afastado do cargo, em caso de graves irregularidades, quando esteja visível a sua contribuição para a paralisação das investigações e para a prática de atos administrativos danosos, quando exista fundada incompatibilidade entre sua ação ou omissão e a condução imparcial da coleta de provas na instrução processual relativas a eventuais crimes de improbidade administrativa (Lei nº 8.429/92). Dá-se provimento ao recurso.
(AGRAVO (C. CÍVEIS ISOLADAS) Nº 1.0000.00.204839-5/000 -
COMARCA DE ITAJUBÁ - AGRAVANTE(S): MINISTÉRIO
PÚBLICO ESTADO MINAS GERAIS, PJ 2 V CV COMARCA
ITAJUBÁ - AGRAVADO(S): MUNICÍPIO DE ITAJUBÁ, SAULO
GERMINIANI E OUTROS - RELATOR: EXMO. SR. DES. ALMEIDA
MELO).
“AÇÃO CIVIL PÚBLICA – IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA –
PREFEITO MUNICIPAL – FORO POR PRERROGATIVA DE
FUNÇÃO – ADIN Nº 2.797, PENDENTE DE JULGAMENTO –
CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE PELO
TRIBUNAL – ADMISSIBILIDADE – INQUÉRITO CIVIL –
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO – CERCEAMENTO DE
DEFESA – INOCORRÊNCIA - DECISÃO QUE CONCEDEU
LIMINAR PARA O AFASTAMENTO DO PREFEITO E
INDISPONIBILIDADE DE SEUS BENS – CONJUNTO
PROBATÓRIO – PRESENÇA DOS REQUISITOS DO ‘FUMUS
BONI JURIS' E ‘PERICULUM IN MORA'. Enquanto pendente de
julgamento pelo Colendo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL o
mérito da Adin nº 2.797, é legítimo ao Tribunal de Justiça Estadual
proceder o controle difuso de constitucionalidade da Lei nº
10.628/02, fixando a competência do juiz de primeiro grau para
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processar e julgar atos de improbidade administrativa de Prefeito
Municipal. Por se tratar de procedimento que em nada repercute
ou afeta a ação civil pública, o princípio do contraditório não
prevalece no curso das investigações preparatórias realizadas pelo
Ministério Público. Estando presentes, pelo menos provisoriamente, o ‘fumus boni iuris' e o ‘periculum in mora', requisitos indispensáveis à concessão da liminar, de modo a se caracterizar a plausibilidade aparente da pretensão aviada, revela-se prudente o seu deferimento, de modo a assegurar a efetividade da prestação jurisdicional reclamada. (AGRAVO Nº
1.0016.04.035400-9/001 - COMARCA DE ALFENAS -
AGRAVANTE(S): JOSÉ WURTEMBERG MANSO, PREFEITO
MUN DE ALFENAS - AGRAVADO(A)(S): MINISTÉRIO PÚBLICO
ESTADO MINAS GERAIS - RELATOR: EXMO. SR. DES.
EDILSON FERNANDES).
De outro lado, em caso similar, bem asseverou o
Ministro Edson Vidigal, ao apreciar hipótese assemelhada (STJ - SLS n.16-
BA), que o afastamento temporário de Prefeito é medida prevista em lei,
sendo “necessária apuração, com rigor e maior celeridade possível, das
irregularidades imputadas ao mesmo, pois o 'homem público', que administra
o dinheiro público, tem a obrigação de se revelar probo e merecedor da
comunidade que o elegeu ”.
IV – DOS PEDIDOS
Ante o exposto, o Ministério Público requer:
a) a autuação da presente petição inicial e dos autos
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de inquérito civil público nº 201300497739;
b) o afastamento liminar do requerido DEUSDETE
JOSÉ DE ANDRADE das funções inerentes ao cargo de Vereador do
Município de Jussara, na forma do artigo 20, parágrafo único, da lei 8.429/92
determinando que, prontamente, assuma a função o seu substituto legal, no
caso, o candidato suplente eleito nas eleições 2012, devendo ser oficiado à
Câmara Municipal de Jussara para adoção das providências legais atinentes à
substituição em referência, na forma do artigo 44, I, da Lei Orgânica do
Município de Jussara – Lei Municipal n° 001/90.
c) a notificação dos requeridos para apresentar
manifestação preliminar, nos termo do artigo 17, § 7º, da Lei de Improbidade
Administrativa;
d) em seguida, seja recebida a inicial, procedendo-se
a citação dos requeridos para, se quiser, apresentar resposta, no prazo legal,
sob pena de revelia;
e) a notificação do município de Jussara, na pessoa
de sua Prefeita Municipal, e da Câmara Municipal de Jussara, na pessoa do
seu Presidente, para tomar conhecimento do aforamento desta ação e
especialmente para os fins do disposto no artigo 17, §º 3º da LIA;
f) a produção de todas as provas necessárias à
demonstração do alegado, dentre elas o depoimento pessoal do s requerido s ,
o que desde já requer, oitiva de testemunhas, além de prova pericial e
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juntada de novos documentos que se fizerem necessários;
g) sejam julgados procedentes os pedidos
constantes na presente Ação Civil Pública, pelos fatos e fundamentos
jurídicos expostos, impondo-se aos requeridos as sanções previstas no artigo
12, inciso III da Lei 8429/92 pela transgressão dos princípios
constitucionais que regem a atividade administrativa, com destaque para o
da legalidade e moralidade.
h) a condenação dos requeridos no pagamento das
custas processuais;
i) seja oficiado o Tribunal Superior Eleitoral, para a
efetivação da suspensão dos direitos políticos dos demandados, e o Banco
Central, para que este comunique às instituições financeiras oficiais a
proibição de contratar com o poder público e de receber incentivos e
benefícios fiscais ou creditícios;
j) Seja oficiado à Controladoria-Geral da União, ao
Tribunal de Contas dos Municípios e do Estado de Goiás, ao Governador do
Estado de Goiás, à Presidência da Assembleia Legislativa e ao Poder
Executivo do Município de Jussara, comunicando da sanção de proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário;
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Dá-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil
reais) para os fins legais.
Nesses termos,
Pede deferimento.
Jussara, 19 de dezembro de 2013.
RÔMULO CORRÊA DE PAULAPromotor de Justiça
Em Substituição Automática
ROL DE TESTEMUNHAS
1 – LIRCE MARIA DA ROCHA GONÇALVES, servidora pública, podendo
ser encontrado (a) na Câmara Municipal de Jussara;
2 – SANDRA MARIA RIBEIRO, servidora pública, podendo ser encontrado
(a) na Câmara Municipal de Jussara;
3 – RICARDO DOS SANTOS NASCIMENTO, vereador, podendo ser
encontrado (a) na Câmara Municipal de Jussara;
4 – LEONTINO COSTA, vereador, podendo ser encontrado (a) na Câmara
Municipal de Jussara;
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1ª Promotoria de Justiça de Jussara
5 – JEAN CARLOS DA SILVA, empresário, podendo ser encontrado na Rua
Rebouças, Qd. 09, Lt. 02, Jardim Guanabara, Jussara-GO;
6 – HÉLIO GONÇALVES LARA, caminhoneiro, residente à Avenida Água
Limpa, Clube do Laço, Jussara-GO;
7 – ELIZETE DE SOUZA ALVES, servidora pública, podendo ser
encontrado (a) na Câmara Municipal de Jussara;
8 – ANDRÉIA BARBOSA DOS SANTOS, servidora pública, podendo ser
encontrado (a) na Câmara Municipal de Jussara;
Jussara, 19 de dezembro de 2013.
RÔMULO CORRÊA DE PAULAPromotor de Justiça
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