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MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS 4ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público - PRODEP Praça Municipal, Lote 02, Eixo Monumental – Ed. Sede do MPDFT, Sala 308 Brasília-DF - CEP: 70.091-900 - Telefone: 3343 9535 e Fax: 3343-9986 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS, por meio de sua 4ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, vem, perante Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 127, caput, e 129, inciso III da Constituição Federal; no artigo 6°, inciso XIV, alínea “f”, da Lei Complementar n° 75/93, e nos artigos 1°, inciso IV, e 5°, da Lei nº 7.347/85, 8429/12 e nos demais dispositivos legais pertinentes, ajuizar a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA em desfavor do: DISTRITO FEDERAL (em face do TCDF não possuir Procuradoria Jurídica própria instalada 1 ), o qual deverá receber a citação por seu Procurador-Geral do DF, no endereço SAM Bloco "I" Edifício Sede - CEP: 70620-000). 1 Apesar da ELO 95/15 ter sido declarada constitucional ( ADI 2016.00.2.006092-4 ), não existe Procuradoria Jurídica instalada, cujo provimento dos cargos carece de concurso público.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA ... · 129, inciso III da Constituição Federal; no artigo 6°, inciso XIV, alínea “f”, da Lei Complementar n° 75/93,

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4ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público - PRODEPPraça Municipal, Lote 02, Eixo Monumental – Ed. Sede do MPDFT, Sala 308

Brasília-DF - CEP: 70.091-900 - Telefone: 3343 9535 e Fax: 3343-9986

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DAVARA DA FAZENDA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL ETERRITÓRIOS, por meio de sua 4ª Promotoria de Defesado Patrimônio Público, vem, perante VossaExcelência, com fundamento nos artigos 127, caput, e129, inciso III da Constituição Federal; no artigo6°, inciso XIV, alínea “f”, da Lei Complementar n°75/93, e nos artigos 1°, inciso IV, e 5°, da Lei nº7.347/85, 8429/12 e nos demais dispositivos legaispertinentes, ajuizar a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

em desfavor do:

DISTRITO FEDERAL (em face do TCDF não possuirProcuradoria Jurídica própria instalada1), o qualdeverá receber a citação por seu Procurador-Geral doDF, no endereço SAM Bloco "I" Edifício Sede - CEP:70620-000).

1 Apesar da ELO 95/15 ter sido declarada constitucional (ADI2016.00.2.006092-4), não existe Procuradoria Jurídica instalada, cujoprovimento dos cargos carece de concurso público.

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Em linhas gerais, o objeto da presente ação é aanulação do Despacho da Presidência proferido em 18de agosto de 2017, às fls. 107 do Processo nº26.790/2014, da Ordem Bancária (OB) nº 2017OB01285 eda Nota de Empenho, NE nº 2017NE00869, relacionadoscom o pagamento retroativo de auxílio-moradia aosmembros do Plenário do TCDF, condenando os réusnesta ação a procederem a devolução dos valoresrespectivos, conforme os fatos e os fundamentosjurídicos que o MPDFT passa a discorrer.

LEGITIMIDADE

É inequívoca a legitimidade do MPDFT para apropositura da presente ação, na defesa da ordemjurídica, da legalidade, e na defesa do patrimôniopúblico, consoante reconhece a jurisprudência deforma uníssona, conforme a Constituição Federal e aLei Orgânica do MPU.

Ressalte-se, em reforço, que, diferentemente doPoder Judiciário, não há instância revisora, nocontrole externo, de sorte que, uma vez proferidosatos e decisões pelos Tribunais de Contas, e caso sequeira discuti-los, é necessário socorrer-se doPoder Judiciário, posto não haver, repita-se,segunda instância. O TCDF decide em jurisdiçãoúnica.

Assim, ad argumentandum, caso o MPDFT nãopossuísse legitimação para agir, ficaria inertediante dos prejuízos aos cofres públicos e aoordenamento jurídico, afastando-se, assim, o plenodireito à jurisdição, o qual inadmite que lesão ou

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ameaça de Direito deixem de ser levadas ao PoderJudiciário.

Além disso, tratando-se de discutir a legalidadede pagamento autoconcedido aos membros daquelaCorte, encontram-se, inapelavelmente, suspeitos, nãorestando alternativa que não ao ajuizamento dapresente ação.

DOS FATOS

Em 2014, o TCDF autuou o Processo 26.790/14(documento 01), com a finalidade de estender, aosseus membros, a decisão cautelar proferida peloSenhor Ministro Luiz Fux, do Egrégio SupremoTribunal Federal, nos autos da Ação Ordinária nº1773/DF, que reconheceu à magistratura federal odireito ao auxílio moradia, por equiparação aosmembros do Ministério Público da União.

À época, os autos, no TCDF, foram instruídos coma Informação 1050/14, que evidenciou a simetriaconstitucional entre os Conselheiros eDesembargadores, e Procuradores do MPC/DF e membrosdo MPDFT.

Na sequência, a Informação 611/14 tambémconsignou que “aos membros deste Tribunal de Contassão assegurados os mesmos direitos, garantias evedações concedidos aos membros da magistraturanacional, de sorte que fariam jus à simetria eequivalência de direitos e vantagens asseguradaspela Constituição Federal, extensivas aos membros dorespectivo órgão ministerial”.

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Não obstante, opinou-se pelo reconhecimento aodireito de forma escalonada, entre os níveis daMagistratura (parágrafo 6º).

A Consultoria Jurídica do TCDF também foichamada a se pronunciar e ofertou o Parecer 139/14,concordando com as manifestações anteriores, mas semo escalonamento sugerido.

Em 17/09/14, o então Presidente, ConselheiroInácio Magalhães Filho, concordou com os pareceres.

Em seguida, contudo, diante da edição daPortaria GPR 1552/14, do Egrégio TJDFT, queestabeleceu o referido auxílio aos seus membros,solicitou-se novo pronunciamento da ConsultoriaJurídica daquele Tribunal, o que foi feito peloParecer 144/14, uma vez mais, para afastar oescalonamento:

“ (...) entende esta Consultoria que(...), de fato possibilita a extensão do auxíliomoradia no mesmo valor oferecido a Ministros doSTF”.

Em 01/10/14, sob a aquiescência da Presidência,foi deferido o pagamento de forma linear aos 06Conselheiros à época, ao Procurador-Geral do MPC/DFe aos outros 03 Procuradores. Quanto ao ConselheiroManoel de Andrade, que dispunha de imóvel funcional,fora autuado o Processo 27141/14 (documento 02), vezque faria jus ao “reembolso/indenização da taxamensal de ocupação” (Memorando 93/18, fls. 57).

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Em relevo, vale ressaltar que o TCDF, nasequência, deferiu a sua retroação à Portaria PGRMPU 652/13, de 18/09/13.

Isso ocorreu em face de Decisão 34/14 (de02/10/14) adotada em outro Processo, nº 27.257/14(documento 03), que reconheceu o direito àretroação, após Decisão Plenária.

A partir desses fatos, não houve nenhuma novadiscussão na referida Corte, até que, recentemente,em 6 de junho de 2017, por meio do Despacho 360/17,nos autos nº 26790/14, fls. 80, com o fito desubsidiar o reexame da matéria, até então,solidificada, e “de ordem da alta direção” do TCDF,determinou-se que se procedesse à elaboração denovos cálculos, desta feita, atinentes ao períodocompreendido no intervalo quinquenal contado da datada Decisão 34/14, acima referida, procedendo-se àcompensação dos valores já pagos.

Na sequência, foi juntada a Informação 551/17,“em atendimento a solicitação verbal proveniente dai. Presidência” do TCDF, quando se apresentousimulação de valores relativos ao período de outubrode 2009 a setembro de 2013.

Dessa vez, contudo, não houve parecer jurídicoda Consultoria. Ao contrário, o que se viu foi aremessa dos autos diretamente à Presidente do TCDF,Conselheira Anilcéia Machado, que, em 07/08/17,encaminhou o processo à Secretaria-Geral deAdministração “a fim de implementar o pagamentodevido” (fls. 102).

Como se vê, a ordem para pagar partiuexclusivamente da Presidente do TCDF, que não

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motivou o seu ato, de sorte a justificar o seuentendimento, em favor da retroação do pagamento a2009. Tampouco, houve solicitação dos beneficiários.A falta de parecer técnico-jurídico, repita-se, nãopermite antever quais foram os fundamentos fáticos ede Direito a autorizarem o referido pagamento.

Há, evidente, falta de motivação nos atospraticados, todos, como se vê, apenas se referindo aautorizações verbais e da Presidência do TCDF.

No dia 10/08/17, então, o Secretário-Geral doTCDF emitiu o Despacho 330/17, reconhecendo a dívidapor exercício anterior, no valor de R$ 1.604.571,19(um milhão, seiscentos e quatro mil, quinhentos esetenta e um reais, dezenove centavos).

De conseguinte, no dia 16/08/17, às 17h41, foiemitida a Nota de Empenho 2o17NE00869 (documento04), referente ao pagamento das despesas em tela, novalor de R$ 1.604.571,19 (um milhão, seiscentos equatro mil, quinhentos e setenta e um reais,dezenove centavos).

No dia 18/08/17, o Secretário-Geral do TCDF,fazendo consignar que atuava “em atendimento àsolicitação verbal” da Presidente, submeteu-lhe osautos, ficando no aguardo de orientação quanto aospróximos passos a serem “eventualmente” adotados nocaso em apreço.

Na mesma data, a Presidente do TCDF restituiu oprocesso à referida Secretaria, “para incluir emfolha de pagamento suplementar” os retroativos emtela (outubro de 2009 a setembro de 2013).

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Dessa sorte, às 15h04, foi emitida a OrdemBancária 2017OB01284 (documento 05), no mesmo valorde R$ 1.604.571,19 (um milhão, seiscentos e quatromil, quinhentos e setenta e um reais, dezenovecentavos).

Ocorre que, na sequência, o Conselheiro RenatoRainha requereu a sua exclusão da referida folha.

Assim, a anterior OB foi cancelada, mediante odocumento 2017OC00087 (documento 06). E, em seguida,foi emitida a OB2017OB01285 (documento 07), no valorde R$ 1.394.988,12 (um milhão, trezentos e noventa equatro mil, novecentos e oitenta e oito reais, dozecentavos).

Ato contínuo, por meio da NE 2017NE00873(documento 08), emitida em 18/08, às 17h40min., osaldo da 2017NE00869, no valor de R$ 209.583,07, foianulado.

Os pagamentos foram, então, efetuados daseguinte maneira:

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O valor total, portanto, foi de R$ 1.394.988,12(um milhão, trezentos e noventa e quatro mil,novecentos e oitenta e dois reais, doze centavos),concedidos aos 04 Procuradores do MPC/DF e 06 dos 07Conselheiros, exceção feita ao Conselheiro RenatoRainha, como visto anteriormente.

Vale ressaltar que a referida folha de pagamentosuplementar do mês de agosto/2017, foi tratada nosautos 82/17 (documento 09).

Ocorre, todavia, que, tão logo anunciado oreferido pagamento retroativo, surgiram váriosquestionamentos.

A repercussão atingiu o clímax negativo no dia17/08/17, um dia antes do pagamento realizado,quando o TCDF teria emitido nota à Imprensa, assim:

Esse processo estava sem andamento desde 10 deoutubro de 2014 e a tramitação foi retomada em

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junho deste ano. Segundo nota da assessoria deimprensa do TCDF, “o pagamento não foi realizadoe está condicionando à existência de recursos nadotação orçamentária do TCDF. O que ocorreu foi,apenas, o reconhecimento do direito”.(http://blogs.correiobraziliense.com.br/cbpoder/tcdf-pagara-auxilio-moradia-retroativo-a-conselheiros/).

No entanto, o que se viu é que o pagamento emquestão ocorreu a galope e teve a decisão depagamento tomada pela Presidente do TCDF no dia07/08/17 e ratificada em 18/08/17.

De outra parte, foi oferecida pela Procuradora-Geral do Ministério Público de Contas, Dra. CláudiaFernanda, no dia 18/08/17 (sexta-feira), aRepresentação 30/17 (documento 10), registrada nosistema do TCDF, às 11h18min., com aceite recebidona Presidência, às 12h10min., (documento 11).

Referida Representação, dirigida ao CONTROLEEXTERNO, visava questionar a concessão retroativa deauxílio-moradia aos membros do Plenário, com pedidode MEDIDA CAUTELAR, PARA EVITAR O PAGAMENTO.

Ocorre que a Representação em tela não foidistribuída ao controle externo, como se esperava,antes, formou o Processo 26.769/17 (documento 12),contando com despacho “Autue-se”, somente, em21/8/17, “cuja rubrica se presume ser da Presidenteda Corte, em razão da semelhança com o despacho defls. 05” (cf. Representação 31/17).

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De registrar que o carimbo inicial na peça nãodeixa dúvida que a sua entrada na Corte ocorreu nodia 18/08/17, às 12h10min.

Digno de nota, contudo, que a Representação foienviada por meio eletrônico, diversamente daautuação do processo referido, em meio físico, ouseja, em papel.

Na sequência, sem qualquer instrução, encontra-se despacho da Presidente, assim:

“Tendo em vista o teor do pedido formulado nobojo da presente representação – e me atendoaos limites objetivos do pedido – não há outradecisão a tomar, senão a de considerar a perdado seu objeto, uma vez que o pagamento daparcela relativa ao auxílio-moradia em atrasojá foi efetuado, na data de 18/08/17, junto coma folha de pagamento do TCDF.Assim, declaro a perda do objeto daRepresentação, determinando seja dada ciência àdigna Procuradora-Geral do Ministério Públicojunto ao Tribunal de Contas do DistritoFederal, após, sejam arquivados os autos.Brasília-DF, 21 de agosto de 2017.ANILCÉIA MACHADOPRESIDENTE”

Ressalte-se, também, que a ONG Contas Abertasofertou Representação ao TCDF e ao MPDFT (documento13), no dia 21/08/17 (segunda-feira), reafirmando odever de boa-fé que o TCDF deveria ter para com asociedade do Distrito Federal, requerendo, porigual, cautelar:

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“Até sexta-feira, nenhum centavo havia sidopago, segundo se apurou. Portanto, se for pagohoje, segunda, ou se foi pago, no final desemana, não teve tempo validamente, de integraro patrimônio jurídico dos beneficiários. Aindamais porque qualquer um que recebe um valorcontrovertido em seu contracheque e que está emdiscussão, tem o dever moral de cautela e deresponsabilidade social de não o usar até que hádecisão definitiva”.

Mas, apesar do que fora dito, e tal comoocorrera com o MPC/DF, a imprensa denunciou que essarepresentação também teve o destino final dearquivamento, por perda do objeto, o que levou areferida ONG a reagir (documento 14) e ofertar novaRepresentação, no dia 22/08/17, assim:

“De forma alguma a representante irá aceitartal conclusão a Peça ofertada pela ContasAbertas equivale a uma representação contra atoadministrativo, praticado pela Presidente doTCDF, com reflexos nas finanças públicas do DF,não podendo, obviamente,ser julgada por quempraticou o ato, e, ainda por cima,monocraticamente”

O MPC/DF, igualmente, discordou do arquivamentoe ofertou nova Representação 31/17 (documento 15),para reafirmar que a Representação 30/17 foiofertada pelo MPC/DF antes do pagamento, que,segundo o Banco de Brasília confirmou, ocorreu apósas 23 horas, do dia 18/08/17, ou seja, fora dohorário comercial, no período noturno (documento16).

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Saliente-se, ainda, que, segundo informação doMPC/DF (documento 17), a Ordem Bancária e opagamento respectivo só ocorreram após arepresentação ministerial, que, repita-se, possuíapedido de cautelar para não pagamento. Isso equivalea dizer que desde as 12h10min do dia 18/08/17, já setinha conhecimento da Representação do MPC/DF, temposuficiente para que os pagamentos não ocorressem.

Frise-se novamente: a Representação só foiautuada no dia 21/08, quando o pagamento já haviasido concedido.

De outra parte, em face dos mesmos fatos, oMPDFT autuou a NF nº 08190.137721/17-44 e nelaexpediu o ofício nº 1.297 – 4ª PRODEP de requisiçãode cópia dos autos ao TCDF no dia 18/08/17(documentos 18 e 19), ofício este devidamentenoticiado pela imprensa no domingo, dia 20/08/17(documento 20), na coluna Eixo Capital, no JornalCorreio Braziliense (MP questiona auxílio-moradiaretroativo no TCDF).

No âmbito da referida NF, então, colheu-se todaa documentação que dá base a esta ação.

DO DIREITO

É evidente o desacerto dos atos adotados pelaPresidência do TCDF, para pagar o retroativo, emquestão, em manifesto vilipêndio aos princípiosconstitucionais da Administração Pública, em nítidoaçodamento, certamente premida pelo tempo, em razão

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do questionamento feito pelo MPC/DF, repita-se, às11h10min., do dia 18/08/17.

Tais fatos gravíssimos se tornam ainda maisevidentes diante da informação de que, segundo aProcuradoria-Geral de Contas/DF, a nenhum dosmembros do MPC foi dada a oportunidade de requerer obenefício, tampouco de recusá-lo, sendo a PGCsurpreendida com o seu depósito em conta, sem quetenha autorizado o crédito (documento 21), razãopela qual requereu que a Corte de Contas anulasse edesfizesse o ato gerador do pagamento (documento22).

Referida informação também contrasta com o fatode que um Conselheiro da mesma Corte, que, antes dodepósito em conta, como se viu, requereu a suaexclusão em folha, tendo sido anulada a OrdemBancária então elaborada, tudo a indicar que aAdministração tenha, ainda que informalmente, dadoconhecimento do pagamento ao (s) Conselheiro (s),mas não o fez, justamente, com a autora daRepresentação, que requerera a suspensão dopagamento.

Frise-se, todavia, que, além do ConselheiroRenato Rainha, apenas, a PGC/DF Cláudia Fernanda deOliveira Pereira requereu a anulação do ato,restando os demais beneficiários do ato silentes, oque não obsta tenham que proceder a devolução dopagamento indevido, na forma da lei.

Como é sabido, na Administração Pública vigoramos princípios constitucionais da AdministraçãoPública, dentre eles, o da moralidade, economicidadee legitimidade (artigos 37 e 70 da ConstituiçãoFederal), além dos princípios da razoabilidade,

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motivação, transparência, eficiência e interessepúblico (artigo 19 da Lei Orgânica do DF).

O pagamento dos retroativos em tela desobedeceu,às escâncaras, referidos princípios.

Há evidências fortes de que a Presidente do TCDFdeixou de autuar no tempo devido a Representação doMPC/DF, para, após o pagamento, arquivá-la com baseno fato consumado.

Está bastante claro, ainda, que o pagamentoocorrido não afasta o dever de análise de sualegalidade, ao contrário, o reforça, não sendo ocaso de perda do objeto.

É o que alega, inclusive, a ONG Contas Abertas,com evidente singeleza:

“É tão absurda a conclusão, com a devida vênia,que seria o mesmo que admitir que questionamentosobre um pagamento irregular perde o objeto nomomento em que a irregularidade se consuma,sendo inaceitável que essa r. Corte aquiesça comtal posicionamento.A entidade, repita-se, não apenas requereu asuspensão, discutiu a ilegalidade do pagamento,afirmando em negrito e sublinhado, que opagamento retroativo é indevido, até prova emcontrário, porque o STF, no MS 34260, validandoas decisões do CNJ, inadmitiu a retroação dessesvalores a juízes, parâmetro seguido pelosTribunais de Contas”.

Assim, o motivo invocado pela Presidente do TCDFpara mandar arquivar ambas as Representações nãoprocede e, por tudo o que se aponta nesta ação, deve

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o ato do pagamento feito ser anulado pelo PoderJudiciário, pois a motivação utilizada é indevida enão corresponde aos fatos, como ocorreram, tampoucose reveste de juridicidade.

Trata-se de clara violação ao princípio damoralidade, posto que o objetivo a alcançar eraapenas o pagamento, independentemente, do dever deboa-fé.

Não fosse isso bastante, o pagamento efetuadotambém atenta contra a economicidade, em face doatual cenário de grave crise financeira e fiscal queo Estado atravessa, de modo que sequer aoportunidade e conveniência poderiam justificar ouautorizar o TCDF fazer a famigerada autoconcessão.

A esse respeito, tanto a ONG Contas Abertas,como o MPC/DF fizeram as suas considerações, senãovejamos, respectivamente:

“A boa-fé que se exige do cidadão é a mesma boa-fé que se exige do TCDF. É dizer: que ponderemos interesses em conflito e considerem arealidade em seu entorno”.

“No momento, o Governo do Distrito Federal-GDFestuda parcelar salários de servidores e até deaposentados, não podendo ignorar-se que umadecisão nesse sentido tem potencial efeitonegativo nas finanças públicas, em geral,situação que esta Corte não pode ignorar, a teordos princípios constitucionais expressos nosArtigos 37 e 70 da Constituição Federal”.

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Nem seria necessário ir-se tão longe, pois é tãonítido, claro e indene de discussão que pagamentoscomo esses não devem ser suportados pela sociedadeque a ONG Contas Abertas, transcreveu trechos devoto do Relator das Contas do Governo tecendocríticas à forma como direitos corporativistas sãoconcedidos.

Um trecho de voto proferido pelo próprio TCDF emoutro processo, abaixo transcrito, dá ode àresponsabilidade fiscal, recitada para terceiros. Areferência a tal julgamento em tela basta paraconfirmar a plena consciência que possuía Presidentedo TCDF de que laborou com inequívoca ofensa aointeresse público e à razoabilidade:

“A hora é de austeridade fiscal. Despesas,mesmo que autorizadas no orçamento, antes deserem executadas, devem ser analisadas sob aótica de sua oportunidade, conveniência, face ademanda sociais mais relevantes” (ConselheiroPaiva Martins, 01/08/17, sala de Sessões doTCDF).

Assim, segundo a expressa dicção do TCDF, nãobasta que possua autorização orçamentária efinanceira para o pagamento, é preciso verificar seo benefício atende à legalidade e aos demaisprincípios constitucionais.

A essa altura, está claro que o pagamentoocorreu em ofensa aos princípios constitucionais daAdministração Pública, notadamente, os damoralidade, da economicidade, da transparência e dointeresse público.

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Tem mais.

O E. Supremo Tribunal Federal, ao ratificar adecisão do Conselho Nacional de Justiça – CNJ nosautos do Pedido de Providências nº 0006056-54.2015.2.00.000, no âmbito do MS nº 34.260,determinou a suspensão do pagamento dos valoresretroativos referentes ao auxílio-moradia do períodode maio de 2009 a fevereiro de 2014, que não haviamsido pagos pelo TJ-AP, sinalizando que o Alta Cortenão entende como legal a retroação do pagamento doauxílio-moradia, como ocorreu neste caso.

Repita-se então: havia representação do MPC/DFquestionando o pagamento, e portanto cumpria àPresidência do TCDF sobrestar e, não, acelerar oprocedimento questionado, dispensando, inclusive, oparecer jurídico devido. É, assim, que agem e devemagir os gestores de boa-fé, evitando que seus atossejam questionados e primando, antes de tudo, pelacorreção e certeza.

Ademais, o falso argumento da perda do objetonão pode passar pelo crivo atento do PoderJudiciário e nem deste MPDFT.

O pagamento, portanto, foi feito de formaabsolutamente ilegal, conforme também deixa claro adecisão do Egrégio STF na AO 1773, de 15/09/14, aqual reconheceu o direito ao auxílio-moradia aosMagistrados, mas não garantiu o pagamento retroativoa 2009. Ao contrário, o Parecer do MPF, encartado nareferida ação, é cristalino, no sentido de que opagamento deveria ocorrer apenas dali para diante,ex nunc. Isso porque, a equiparação que sereconhecia naquela oportunidade, à falta de lei,deveria dar-se na forma preconizada para o MPU. Ora,

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nesse caso, então, é de se contar a partir daPortaria 652/13, MPU, de 01/10/13, que indicou oDistrito Federal, como localidade cujas condições demoradia são excessivas. E, como aqui já se viu, essepagamento já foi feito pelo TCDF (Decisão 34/14).

Ressalte-se que a LOMAN, com relação à “ajuda decusto” em tela, exigia integração legislativa2, desorte que a considerá-la como marco, dever-se-iaatentar para a severa discussão atinente à chamadaprescrição do fundo de Direito3, que poderia gerar oefeito inverso: ausência de direito a qualquerparcela após a sua edição4.

De outra banda, a decisão do Egrégio STF aindase deu em sede liminar, e a matéria ainda está sendoquestionada por meio de outras ações em trâmitenaquela Corte.

De fato, na ADI 5645, a Requerente aponta aofensa ao princípio da legalidade e da moralidade(Art. 37, caput, da Constituição da RepúblicaFederativa do Brasil – CRFB/1988); e a violação à

2 Art. 65 - Além dos vencimentos, poderão ser outorgadas aos magistrados,nos termos da lei, as seguintes vantagens (...) II - ajuda de custo, paramoradia, nas localidades em que não houver residência oficial àdisposição do Magistrado. (Redação dada pela Lei nº 54, de22.12.1986)3 Vide a discussão no RESP 534.671-CE, quando o STJ afastou o direito àindenização em face de ação que vindicava parcelas mensais, a título depensão, ajuizada 13 anos após o fato. Não prevaleceu a tese do tribunalad quo no sentido de que estavam apenas prescritas as parcelas anterioresaos 05 anos da propositura da ação, por se tratar de trato sucessivo: “Nocaso em tela, tendo a parte interessada deixado escoar o prazo qüinqüenalpara propor a ação objetivando o reconhecimento do seu direito, não restaopção ao Poder Judiciário senão decretar extinto o processo, semjulgamento do mérito”.4 Art. 1º. As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bemassim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadualou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anoscontados da data do ato ou fato do qual se originarem (Decreto 20910/32).

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regra do subsídio (CRFB/1988, art. 128, I), além deinvocar outras normas relacionadas.

O Relator reconheceu que “o assunto reveste-sede plausibilidade normativa, caracterizada pelarelevância da matéria e de seu especial significadopara a ordem social e para a segurança jurídica, comindiscutíveis efeitos econômicos e sociais quanto àcapacidade orçamentária e à prestação de serviçospúblicos e ao desempenho de funções institucionaisno âmbito do Ministério Público brasileiro”.

Não se ignore, ainda, que no citado Mandado deSegurança - MS 34.260 (documento 23), o MinistroDias Toffoli, do STF, analisou a questão e manteve adecisão do Conselho Nacional de Justiça-CNJ, quesuspendeu o pagamento de valores retroativos doauxílio-moradia de juízes estaduais para o períodoentre maio de 2009 a fevereiro de 2014. Referidadecisão foi amplamente divulgada pela mídia.

Como se vê, sobejam argumentos para seconsiderar que o pagamento do retroativoautoconcedido pelo TCDF foi ilegal, não podendoaceitar-se qualquer pretensão de boa-fé por parte dequem autorizou o ato.

A uma, porque os pagamentos desobedeceram osprincípios constitucionais da Administração Pública,ofendendo a economicidade, em tempo de grave crisefinanceira e fiscal do Estado.

A duas, porque se deixou de autuar em tempo aRepresentação do MPC/DF, e, de outra parte,acelerou-se a liberação dos valores, a fim de fazervaler a teoria do fato consumado, em manifesta

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afronta aos princípios da moralidade e dalegitimidade.

A três, porque a decisão foi tomada, isolada emonocraticamente, pela Presidente do TCDF AnilcéiaMachado, sem qualquer motivação. Leia-se e releia-seos autos do processo e não se constata a existênciade nenhum argumento apto a justificar o referidopagamento e tampouco há parecer da consultoriajurídica. Manifesto, portanto, o atropelo doprocedimento administrativo em flagrante atentado aoartigo 19 da Lei Orgânica do DF.

A quatro, porque diversamente do que quer fazercrer agora a Presidente do TCDF, segundo declaraçãoda imprensa, o pagamento não foi autorizado pelo STFnos autos da Ação Ordinária em referência.

Em reforço, veja-se que o clamor da imprensa eda sociedade demonstram a repulsa ao pagamento, comoe no momento em que ocorreu, senão confira-se:

“O Tribunal de Contas samba na cara dasociedade. (...)Enganaram a sociedade. Tudo jáestava pronto para o pagamento, embora houvessepedido do Ministério Público de Contas e da ONGContas Abertas para que o pagamento não fosserealizado. (...)O dinheiro já está na conta correntedos Conselheiros, inclusive dos que pediamsacrifícios e austeridade à população. (...)OTribunal de Contas, ao dizer uma coisa e fazeroutra, sambou na cara da sociedade, na cara dospacientes que aguardam a morte nas filas doshospitais públicos, dos servidores públicos que nãoestão recebendo a recomposição salarial prevista em

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lei e que devem ter os salários parcelados. Quevergonha, Excelentíssimos Senhores Conselheiros”5.

DO PEDIDO

Posto isso, o MPDFT ajuíza a presente ação civilpública, com o propósito de anular o Despacho daPresidência proferido em 18 de agosto de 2017, àsfls. 107 do Processo nº 26.790/2014, bem como as OB´s e NE´s relativas ao pagamento em tela,relacionadas com a concessão dos pagamentosretroativos feitos pelo TCDF, na forma como ocorreu,deixando, ainda, para eventual ação de improbidadeadministrativa, a discussão a respeito daresponsabilidade por violação aos princípiosconstitucionais da Administração Pública.

Nesse sentido, claro está que, sem providênciajudicial, a Presidente do TCDF manterá a suadecisão, tanto que arquivou duas Representações, doMPC/DF e da ONG Contas Abertas, que questionaram osreferidos pagamentos.

Desse modo, o MPDFT requer que esse r. juízo:

1) Receba a presente inicial,2) Mande citar o Distrito Federal da presente

ação, para oferecer contestação, se quiser,e,

3) ao final, julgue procedente o pedido, paramandar anular: o Despacho da Presidênciaproferido em 18 de agosto de 2017, às fls.107 do Processo nº 26.790/2014, que

5 http://edsonsombra.com.br/post/o-tribunal-de-contas-do-distrito-federal-samba-na-cara-da-sociedade20170822

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determinou o pagamento em questão; a OrdemBancária (OB) nº 2017OB01285 e a Nota deEmpenho, NE nº 2017NE00869; porque foramexpedidas em contrariedade aos princípiosconstitucionais da Administração Pública,condenando o Distrito Federal, através doTCDF e MPC, a providenciar o ressarcimento aoerário dos beneficiários do ato ilegal.

Protesta o MPDFT pela produção de todos os meiosde prova possíveis e admitidos no Direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.394.988,12 (hummilhão, trezentos e noventa e quatro mil, novecentose oitenta e dois reais e doze centavos).

Brasília, 24 de agosto de 2017.

Alexandre Fernandes GonçalvesPromotor de Justiça

Marcelo da Silva BarencoPromotor de Justiça