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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DA COMARCA DE NATAL, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE: A , pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº HAZBUN LTDA. 08.374.688/0001-81, com sede na Rua Trairi, nº 656, Petrópolis, Natal/RN, com endereço eletrônico [email protected], neste ato representada por seu sócio, o Sr. George Hissa Hasbun, brasileiro, casado, economista, inscrito no CPF/MF sob o nº 443.512.404-15, residente e domiciliado em Natal/RN , vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intercessão de seus advogados (Doc. 1) (Doc. , 2) com fulcro no que dispõe o art. 381 e seguintes c/c art. 300, todos do Código de Processo Civil ajuizar a presente ação de PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA COM PEDIDO DE CONCESSÃO LIMINAR DE TUTELA DE URGÊNCIA tendo como também interessada a ., pessoa jurídica CECRISA REVESTIMENTOS CERÂMICOS S.A de direito provado, inscrita no CNPJ sob o nº 79.655.916/0001-30, com sede na BR 101, KM 392, nº 2585, Vila São Domingos, Criciúma/SC, CEP: 88812-600, fone (48) 3431-6333, com endereço eletrônico [email protected], pelos fatos e fundamentos que abaixo passa a expor: I – DAS RAZÕES JUSTIFICADORAS DA PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA. No dia 30 de agosto de 2012, a requerente adquiriu junto à demandada 634 (seiscentos e trinta e quatro) caixas de cerâmica da cor “Creme Lux” medindo 20x20cm, conforme se vê nas notas fiscais anexadas ( fabricada e comercializada pela Cecrisa, para revestimento da fachada do Doc. 3), empreendimento “ incorporado e construído pela Hazbun Ltda. Riviera Ponta Negra Residence Service”, O “Riviera Ponta Negra” se trata de condomínio de alto padrão situado na Avenida Engenheiro Roberto Freire, nº 4382, Ponta Negra, nesta capital, composto por duas torres sendo uma composta por residenciais e a outra por um hotel administrado pela detentora da marca Golden Tulip. flats Ante o alto padrão inerente aos empreendimentos assinados pela Hazbun e prezando pela qualidade em seus produtos, a requerente contratou uma empresa especializada em projetos de fachada Num. 12820924 - Pág. 1 Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: AUGUSTO FELIPE ARAUJO PINHO https://pje.tjrn.jus.br/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=17102008560524900000012090416 Número do documento: 17102008560524900000012090416

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS …downloads.cecrisa.com.br/Setores/Hazbun/1.1 Petição Inicial.pdf · anexo T da NBR 13818/1997, onde é colocada como exigível,

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DA

COMARCA DE NATAL, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE:

A , pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nºHAZBUN LTDA.

08.374.688/0001-81, com sede na Rua Trairi, nº 656, Petrópolis, Natal/RN, com endereço eletrônico

[email protected], neste ato representada por seu sócio, o Sr. George Hissa Hasbun, brasileiro,

casado, economista, inscrito no CPF/MF sob o nº 443.512.404-15, residente e domiciliado em Natal/RN

, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intercessão de seus advogados (Doc. 1) (Doc.

,2) com fulcro no que dispõe o art. 381 e seguintes c/c art. 300, todos do Código de Processo Civil ajuizar

a presente ação de

PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA COM PEDIDO DE CONCESSÃO LIMINAR DE

TUTELA DE URGÊNCIA

tendo como também interessada a ., pessoa jurídicaCECRISA REVESTIMENTOS CERÂMICOS S.A

de direito provado, inscrita no CNPJ sob o nº 79.655.916/0001-30, com sede na BR 101, KM 392, nº

2585, Vila São Domingos, Criciúma/SC, CEP: 88812-600, fone (48) 3431-6333, com endereço eletrônico

[email protected], pelos fatos e fundamentos que abaixo passa a expor:

I – DAS RAZÕES JUSTIFICADORAS DA PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA.

No dia 30 de agosto de 2012, a requerente adquiriu junto à demandada 634 (seiscentos e

trinta e quatro) caixas de cerâmica da cor “Creme Lux” medindo 20x20cm, conforme se vê nas notas

fiscais anexadas ( fabricada e comercializada pela Cecrisa, para revestimento da fachada doDoc. 3),

empreendimento “ incorporado e construído pela Hazbun Ltda.Riviera Ponta Negra Residence Service”,

O “Riviera Ponta Negra” se trata de condomínio de alto padrão situado na Avenida

Engenheiro Roberto Freire, nº 4382, Ponta Negra, nesta capital, composto por duas torres sendo uma

composta por residenciais e a outra por um hotel administrado pela detentora da marca Golden Tulip.flats

Ante o alto padrão inerente aos empreendimentos assinados pela Hazbun e prezando pela

qualidade em seus produtos, a requerente contratou uma empresa especializada em projetos de fachada

Num. 12820924 - Pág. 1Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: AUGUSTO FELIPE ARAUJO PINHO

https://pje.tjrn.jus.br/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=17102008560524900000012090416

Número do documento: 17102008560524900000012090416

para auxílio na aplicação do referido revestimento cerâmico, tendo recebido da contratada todos os

procedimentos, testes, especificações de traços, argamassa, juntas de trabalho e materiais e o trabalho foi

.inteiramente acompanhado por projetista especializado (Doc. 4)

Todavia, malgrado tratar-se de construção nova, cujo habite-se foi concedido em

04.02.2016 antes mesmo da entrega do empreendimento algumas cerâmicas se desprenderam e,(Doc. 5),

no início do mês de setembro do ano passado, a empresa administradora do Golden Tullip – torre hotel –

informou e notificou a Hazbun sobre a ocorrência de novos desprendimentos da cerâmica da fachada, que

caiu sobre a área da piscina (Doc. 6).

A partir daí, apesar de a Hazbun Ltda. realizar os reparos das cerâmicas desprendidas,

consoante se denotapassaram a ser cada vez mais frequentes os descolamentos em ambas as torres,

nas imagens anexadas , bem como as reclamações dos condôminos sobre as infiltrações nas(Doc. 7)

paredes internas das unidades, causadas por fissuras nos rejuntes da fachada razão pela qual a(Doc. 8),

requerente contratou engenheiro renomado para inspeção e verificação da causa de tais destacamentos, a

fim de que a Construtora adotasse as medidas pertinentes.

Em seu parecer , o engenheiro civil (Doc. 9) Nielsen José Dias Alves (CREA/RN

e com vasta4955-D), Mestre em Estruturas e Construção Civil pela Universidade de Brasília

experiência no assunto, chegou à conclusão de que

As causas dos problemas de desplacamento do revestimento cerâmico, na maiorparte das regiões avaliadas, não são executivas, nem de projeto.Aparentemente, a expansão por umidade encontrada no revestimentocerâmico, superior ao limite mínimo da norma, é que está levando a maior

da. Um outro aspecto queparte das cerâmicas a se desprenderem da fachacorrobora com essa ideia, é o fato da cerâmica está gretada, o que geralmente éassociado a uma expansão por umidade acima do limite proposto pela norma NBR13818/1997. Cabe salientar, que uma pequena parte (10%), das cerâmicas que sesoltaram, apresentavam falhas de preenchimento.

Apenas o gretamento do revestimento, já reprova o mesmo, de acordo com oanexo T da NBR 13818/1997, onde é colocada como exigível, para quaisquersituações onde se tenha revestimento cerâmico esmaltado, que a cerâmica sejaresistente ao gretamento.

A través de ensaio de percussão/termografia infravermelho, testes de resistência de

aderência à tração, ensaios no revestimento cerâmico(EPU)/gretamento, o profissional concluiu que a

cerâmica adquirida junto à Cecrisa possuía valor de Expansão por Umidade (EPU) superior ao

.determinado pela NBR 13.818

Ou seja, como se abstrai da interpretação da própria nomenclatura do termo, ao ter contato

com a umidade ou variação de temperatura, a cerâmica expandia-se além dos limites aceitáveis pela

norma técnica aplicável e, por esta razão, desprendiam-se, tornando-as, portanto, imprestáveis ao fim a

que se destinam.

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Outrossim, o constatou que a soltura das cerâmicas provocou a fissura nos rejuntes e expert

“pelas aberturas formadas ocorre e posterior infiltração de água deterioração da pintura interna dos

” (p. 8 do Doc. 9).apartamentos

Vale frisar, o profissional também testou o material de colagem aplicado e verificou que “ a

argamassa colante que foi utilizada é adequada, uma vez que todos os valores foram superiores ao

(p. 11), bem como que “limite mínimo da norma (NBR 13755, 1996)” uma pequena parte (10%), das

” (p. 12).cerâmicas que se soltaram, apresentavam falhas de preenchimento

Visando corroborar e dar ainda mais robusteza à conclusão do perito, a requerente

contratou novo estudo, desta vez à empresa paulista de consultoria Figueiredo & Associados ,(Doc. 10)

que capturou diversas imagens do empreendimento e ratificou todos os termos do parecer anterior,

alertando, ainda, sobre os riscos existentes e a “necessidade de interdição de flats e unidades hoteleiras

para realização das intervenções necessárias.”

Noutro sentido, a atual situação de descolamento das cerâmicas da fachada (apenas

daquelas adquiridas junto à Cecrisa, frise-se) é insustentável, eis que além de afetar drasticamente a

, decorrentes da diminuição da demanda do hotel, eestética do prédio com reflexos financeiros diretos

indiretos, por diminuir as chances de venda das unidades da torre e dar causa a diversas reclamaçõesflat

dos condôminos, impôs a para evitar o risco ànecessidade de instalação de bandejas de contenção

integridade física daqueles que ali transitam.

Impende esclarecer, Excelência, que não se trata de descolamento de algumas

cerâmicas, mas da queda uma quantidade significativa de peças que não permitem sequer o

. Apenas a título de exemplo, veja aaguardo de eventual decisão em ação de obrigação de fazer

imagem da fachada frontal e lateral do prédio:

Deve-se frisar que a Hazbun Ltda. sempre pautou suas atividades na seriedade e no

respeito ao consumidor, conduta esta que lhe garantiu a posição de destaque que atualmente ostenta no

ramo de incorporações norte-rio-grandense e é responsável por empreendimentos de alto padrão, sendo

inadmissível a vinculação da sua imagem à atual fachada do empreendimento.

Ademais, são inúmeras as reclamações dos condôminos da Torre Flat, provocando

desgaste nas relações com os clientes e, vale dizer, só não existe aptidão de gerar outros problemas

tornandomaiores pela queda das cerâmicas porque a Hazbun instalou bandejas de contenção

completamente inviável aguardar a determinação de prova pericial no bojo de ação indenizatória a ser

ajuizada, uma vez que o dano estético e material apenas se agrava, gerando riscos e maculando a imagem

da Construtora.

Por estas razões, a requerente suplica a Vossa Excelência pelo deferimento do pedido

formulado do seguinte modo: (1º) que seja nomeado perito, para acompanhar ou eleinaudita altera pars,

Num. 12820924 - Pág. 3Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: AUGUSTO FELIPE ARAUJO PINHO

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próprio realizar a coleta do material necessário à perícia nas cerâmicas; (2º) autorizar a Hazbun a, tão logo

realizada a coleta, proceder a mudança das cerâmicas da fachada e, por fim (3º) citar e intimar a

demandada para participar da produção da prova pericial, com nomeação de assistente técnico e

formulação de quesitos, tudo nos termos preconizados pelo Código de Processo Civil.

II – DO CABIMENTO

Conforme se abstrai da leitura da narrativa fática, indubitável o cabimento da produção

antecipada de prova, cuja finalidade é a proteção ao direito processual à prova, uma vez que a situação

fática torna muito difícil e, inclusive, grave, a produção apenas na pendência de ação de conhecimento a

eventualmente ser proposta.

A bem da verdade, a produção da prova pericial apenas no bojo de eventual ação

indenizatória implicaria a necessidade de deixar a fachada do prédio nos moldes atuais: com constante

queda de peças (!) que, além de provocaram um péssimo aspecto estético, tem aptidão para pôr em risco a

segurança das pessoas.

Igualmente, a requerente deseja a produção da prova para iniciar os trabalhos de

e eventual resultado desfavorável da perícia à Hazbun, o que sesubstituição da cerâmica da fachada

admite apenas para fins argumentativos, tem ainda o condão de evitar o ajuizamento de ação futura.

Nesse sentido, a produção antecipada de prova é regulamentada pelo Código de Processo

Civil, cujo teor do preconiza:

Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil averificação de certos fatos na pendência da ação;II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meioadequado de solução de conflito;III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento deação.

Como se vê, trata-se de ação autônoma a ser ajuizada antes de eventual propositura de ação

de conhecimento na qual a prova poderá ser utilizada, ou com o fito de esclarecer fatos que possam evitar

o manejo de nova lide.

O deferimento da produção antecipada da prova pericial é imprescindível para que a autora

tenha condições de adotar as providências para fazer cessar os riscos e os danos que vem sofrendo

continuamente, bem como para evitar sua responsabilização perante condôminos e terceiros sujeitos ao

risco do descolamento das peças.

Desse modo, da análise dos resultados obtidos com a prova desta ação é que se constatará

a (im)prestabilidade das peças comercializadas pela Cecrisa e permitirá que a Hazbun proceda com a

troca do revestimento cerâmico, sem que tal ação prejudique seu direito de se ver indenizada em ação

futura.

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III – DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA

A produção antecipada da prova, nos moldes previstos pelos arts. 381 a 384 do Novo

Código de Processo Civil, possui natureza jurídica de ação autônoma, cuja interposição pode prescindir

da existência de perigo de dano, de modo que, a depender do inciso do art. 381 do CPC utilizado em sua

causa de pedir, a ação poderá ou não ter natureza cautelar.

Com isso em mente, imperioso ressaltar que no caso, a ação tem por lastro os incisos I e III

do mencionado artigo, havendo fundado receio de que venha tornar-se impossível ou muito difícil a

verificação de certos fatos na pendência de ação, bem como a prova a ser produzida tem o condão de

justificar ou evitar o ajuizamento de ação, de modo que comporta a realização de pedido de tutela de

urgência.

Nesse sentido, é remansoso o entendimento dos tribunais pátrios, notadamente do E. TJRS,

conhecido por estar na vanguarda em suas decisões, senão, vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CAUTELAR DE PRODUÇÃOANTECIPADA DE PROVAS. REQUISITOS DEMONSTRADOS.

Cabível o deferimento liminar da produção antecipada de prova, desde quedemonstrada urgência ou excepcionalidade do caso – hipótese, aqui,configurada. Há necessidade da prova pericial para se aferir sobre o alegadovício de construção. Negativa de seguimento ao agravo de instrumento. Decisãomonocrática. (TJRS - Agravo de Instrumento nº 70067467993. 20ª Câmara Cível.Rel. Des. Glênio José Wasserstein Hekman. Julgado em 25/11/2015). (Grifonosso).

Neste diapasão, tem-se que os requisitos para deferimento da tutela de urgência,

determinados no art. 300 do Código de Processo Civil, são a e o probabilidade do direito perigo de dano

ou risco ao resultado útil do processo.

Como já narrado no início desta peça, o descolamento das cerâmicas da fachada está

ocorrendo com ainda mais frequência e chegou inclusive a danificar um carro que estava estacionado no

empreendimento, ensejando a instalação de bandejas ao redor do edifício provando dano estético ao,

prédio e desgaste na relação com os clientes, situação que não pode perdurar até a instrução

probatória de eventual ação de conhecimento.

Daí decorre o pois, verificado que a expansão por umidade da periculum in mora,

cerâmica atinge patamar superior ao permitido pela NBR, bem como não se adequa às normas de

segurança aplicáveis em razão do gretamento existente, as cerâmicas estão permanentemente suscetíveis

ao descolamento e à queda, causando, em todo momento, falhas nos rejuntes que, por sua vez, originam

infiltrações e deterioração da pintura das unidades.

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Doutro lado, a é verificada com os robustos estudos técnicos, probabilidade do direito

confeccionados por profissionais reconhecidamente competentes, que lastreiam o pleito autoral. Ademais,

a probabilidade de provimento da presente ação de produção antecipada de provas decorre da própria

singeleza de tal procedimento. Tem a Hazbun, datíssima vênia, cristalino direito a ver provada a

existência ou não de vícios no produto por ela de boa-fé adquirido.

Como se sabe, a produção antecipada de provas se trata de ação incidental com o escopo

de se afirmar “o direito à produção de uma determinada prova e se pede que essa prova seja produzida

, de modo que antes da fase instrutória do processo para o qual ela serviria”[1] a improcedência da

ação apenas ocorreria se a prova que se busca fosse manifestamente inadmissível, o que não é o

caso, visto que apenas com a perícia de profissional técnico habilitado é que poderá ser comprovada

a in/adequação das cerâmicas comercializadas pela Cecrisa.

Por todo exposto, existindo o perigo de dano e a probabilidade do direito, urge a concessão

da tutela de urgência requerida, para que o perito nomeado por este R. Juízo realize aliminarmente,

colheita do material, autorizando assim a Hazbun a, imediatamente, realizar os reparos necessários na

fachada e intimando-se a interessada para acompanhar a confecção da prova pericial.

IV – DA PROVA A SER ANTECIPADA.

Conforme se percebe da narrativa fática, através deste procedimento a autora pretende que

este MM. Juízo determine a realização de prova pericial no produto adquirido pela Hazbun junto à

Cecrisa, deferindo o pleito para nomear desde já perito responsável pela elaboraçãoinaudita altera pars

da prova e fixar o prazo para entrega do laudo, intimando-o desde logo para cumprir o que determina o §

2º do art. 465.

Paralelamente, que determine a citação e intimação da requerida para fins de exercício das

condutas previstas no § 1º do art. 465 e autorize, tão logo seja coletado o material pelo perito, a

substituição das cerâmicas da fachada do prédio, ante a urgência que o caso requer.

Impende ressaltar que o deferimento do pleito formulado em nada gera prejuízos para

a parte adversa, que terá sua participação na produção da prova inteiramente respeitada,

mormente se considerarmos que o presente feito sequer comporta defesa (art. 382, § 4º, CPC), ao

passo que permite a Hazbun a adoção de medidas urgentes no reparo da fachada para evitar danos

ainda maiores.

Vale dizer, a urgência do caso repousa na necessidade imediata e inadiável de realizar a

substituição das cerâmicas que estão caindo atualmente, agravando diariamente os danos materiais já

suportados, decorrentes de infiltração e danificação da pintura das unidades do empreendimento, e de

ordem moral, eis que a imagem da construtora fica vinculada à inadequação dos materiais empregados.

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Desse modo, mais que clarividente a necessidade de produção de prova nos termos

requeridos, nomeando-se, desde já, o Eng. Ms. Nielsen José Dias Alves, inscrito no CREA/RN sob o nº

4955-D como assistente técnico da parte requerente.

Igualmente, com o escopo de contribuir com a celeridade que a urgência do caso requer, a

Hazbun anexa nesta oportunidade os quesitos a serem respondidos pelo perito .(Doc. 11)

Em todo caso, na hipótese deste MM. Juízo inferir a tutela de urgência pleiteada, com a

abertura de novo prazo comum para apresentação de quesitos, nos termos do art. 465, § 1º, III do CPC,

esta parte reserva-se ao direito de acrescer itens ao rol supramencionado, caso repute necessário.

V – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a autora pugna:

a) Que seja deferida a tutela de urgência requerida, nomeando-se desde já perito de confiança deste

MM. Juízo para apresentar proposta de prestação de serviços e realizar a colheita do material a ser

periciado, autorizando-se, tão logo sejam retiradas as peças necessárias, que a Hazbun Ltda. adote

as medidas necessárias à troca das cerâmicas da fachada;

b) Após, que seja citada e intimada a parte demandada para, querendo, participar da confecção da

prova pericial, nomeando assistente técnico e formulando quesitos, tudo nos termos do

procedimento previsto no Código de Processo Civil;

c) Que, após a produção da prova e o transcurso do prazo legal, os autos sejam entregues à autora,

nos termos do que determina o art. 383 do Código de Processo Civil.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para efeitos fiscais.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Natal/RN, 19 de outubro de 2017.

AUGUSTO FELIPE DE ARAUJO PINHOOAB/RN 8.676

VALÉRIA NIOLLE TEIXEIRA DA SILVA FIGUEIREDO BRUNETOAB/RN 14.592

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_______________________________________________________________________________________________________________________________

ROL DOS DOCUMENTOS

• Doc. 1 – Documentos Societários;

• Doc. 2 - Procuração

• Doc. 3 – Notas fiscais da cerâmica;

• Doc. 4 – Contrato com empresa especializada em fachadas;

• Doc. 5 – Habite-se do Riviera Ponta Negra;

• Doc. 6 – Notificação Golden Tullip;

• Doc. 7 – Imagens das quedas;

• Doc. 8 – Algumas reclamações sobre infiltrações nas áreas de descolamento;

• Doc. 9 – Parecer - Nielsen;

• Doc. 10 – Parecer Figueiredo & Associados;

• Doc. 11 – Quesitos

[1] JÚNIOR, Fredie Diddier; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria. Curso de Direito Editora JusPodvim: Salvador/Bahia, 10ª ed., 2015, p. 137.Processual Civil. Vol. 2.

Num. 12820924 - Pág. 8Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: AUGUSTO FELIPE ARAUJO PINHO

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Av. Hermes da Fonseca, 957, Tirol, Natal-RN, CEP n.º 59014-495. Tel.: (84) 3216-2300

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS

DA COMARCA DE NATAL, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE:

A HAZBUN LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no

CNPJ/MF sob o nº 08.374.688/0001-81, com sede na Rua Trairi, nº 656, Petrópolis,

Natal/RN, com endereço eletrônico [email protected], neste ato representada por seu

sócio, o Sr. George Hissa Hasbun, brasileiro, casado, economista, inscrito no CPF/MF sob

o nº 443.512.404-15, residente e domiciliado em Natal/RN (Doc. 1), vem, respeitosamente,

à presença de Vossa Excelência, por intercessão de seus advogados (Doc. 2), com fulcro

no que dispõe o art. 381 e seguintes c/c art. 300, todos do Código de Processo Civil ajuizar

a presente ação de

PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA COM PEDIDO DE CONCESSÃO

LIMINAR DE TUTELA DE URGÊNCIA

tendo como também interessada a CECRISA REVESTIMENTOS CERÂMICOS S.A.,

pessoa jurídica de direito provado, inscrita no CNPJ sob o nº 79.655.916/0001-30, com

sede na BR 101, KM 392, nº 2585, Vila São Domingos, Criciúma/SC, CEP: 88812-600,

fone (48) 3431-6333, com endereço eletrônico [email protected], pelos fatos e

fundamentos que abaixo passa a expor:

I – DAS RAZÕES JUSTIFICADORAS DA PRODUÇÃO ANTECIPADA DA

PROVA.

No dia 30 de agosto de 2012, a requerente adquiriu junto à demandada 634

(seiscentos e trinta e quatro) caixas de cerâmica da cor “Creme Lux” medindo 20x20cm,

conforme se vê nas notas fiscais anexadas (Doc. 3), fabricada e comercializada pela

Num. 12820961 - Pág. 1Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: AUGUSTO FELIPE ARAUJO PINHO

https://pje.tjrn.jus.br/pje1grau/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=17102008493376600000012090453

Número do documento: 17102008493376600000012090453

Av. Hermes da Fonseca, 957, Tirol, Natal-RN, CEP n.º 59014-495. Tel.: (84) 3216-2300

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Cecrisa, para revestimento da fachada do empreendimento “Riviera Ponta Negra

Residence Service”, incorporado e construído pela Hazbun Ltda.

O “Riviera Ponta Negra” se trata de condomínio de alto padrão situado na

Avenida Engenheiro Roberto Freire, nº 4382, Ponta Negra, nesta capital, composto por

duas torres sendo uma composta por flats residenciais e a outra por um hotel administrado

pela detentora da marca Golden Tulip.

Ante o alto padrão inerente aos empreendimentos assinados pela Hazbun e

prezando pela qualidade em seus produtos, a requerente contratou uma empresa

especializada em projetos de fachada para auxílio na aplicação do referido revestimento

cerâmico, tendo recebido da contratada todos os procedimentos, testes, especificações de

traços, argamassa, juntas de trabalho e materiais e o trabalho foi inteiramente

acompanhado por projetista especializado (Doc. 4).

Todavia, malgrado tratar-se de construção nova, cujo habite-se foi

concedido em 04.02.2016 (Doc. 5), antes mesmo da entrega do empreendimento algumas

cerâmicas se desprenderam e, no início do mês de setembro do ano passado, a empresa

administradora do Golden Tullip – torre hotel – informou e notificou a Hazbun sobre a

ocorrência de novos desprendimentos da cerâmica da fachada, que caiu sobre a área da

piscina (Doc. 6).

A partir daí, apesar de a Hazbun Ltda. realizar os reparos das cerâmicas

desprendidas, passaram a ser cada vez mais frequentes os descolamentos em ambas as

torres, consoante se denota nas imagens anexadas (Doc. 7), bem como as reclamações dos

condôminos sobre as infiltrações nas paredes internas das unidades, causadas por fissuras

nos rejuntes da fachada (Doc. 8), razão pela qual a requerente contratou engenheiro

renomado para inspeção e verificação da causa de tais destacamentos, a fim de que a

Construtora adotasse as medidas pertinentes.

Em seu parecer (Doc. 9), o engenheiro civil Nielsen José Dias Alves

(CREA/RN 4955-D), Mestre em Estruturas e Construção Civil pela Universidade de

Brasília e com vasta experiência no assunto, chegou à conclusão de que

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As causas dos problemas de desplacamento do revestimento cerâmico, na maior parte das regiões avaliadas, não são executivas, nem de projeto. Aparentemente, a expansão por umidade encontrada no revestimento cerâmico, superior ao limite mínimo da norma, é que está levando a maior parte das cerâmicas a se desprenderem da fachada. Um outro aspecto que corrobora com essa ideia, é o fato da cerâmica está gretada, o que geralmente é associado a uma expansão por umidade acima do limite proposto pela norma NBR 13818/1997. Cabe salientar, que uma pequena parte (10%), das cerâmicas que se soltaram, apresentavam falhas de preenchimento.

Apenas o gretamento do revestimento, já reprova o mesmo, de acordo com o anexo T da NBR 13818/1997, onde é colocada como exigível, para quaisquer situações onde se tenha revestimento cerâmico esmaltado, que a cerâmica seja resistente ao gretamento.

Através de ensaio de percussão/termografia infravermelho, testes de

resistência de aderência à tração, ensaios no revestimento cerâmico(EPU)/gretamento, o

profissional concluiu que a cerâmica adquirida junto à Cecrisa possuía valor de

Expansão por Umidade (EPU) superior ao determinado pela NBR 13.818.

Ou seja, como se abstrai da interpretação da própria nomenclatura do termo,

ao ter contato com a umidade ou variação de temperatura, a cerâmica expandia-se além dos

limites aceitáveis pela norma técnica aplicável e, por esta razão, desprendiam-se, tornando-

as, portanto, imprestáveis ao fim a que se destinam.

Outrossim, o expert constatou que a soltura das cerâmicas provocou a

fissura nos rejuntes e “pelas aberturas formadas ocorre infiltração de água e posterior

deterioração da pintura interna dos apartamentos” (p. 8 do Doc. 9).

Vale frisar, o profissional também testou o material de colagem aplicado e

verificou que “a argamassa colante que foi utilizada é adequada, uma vez que todos os

valores foram superiores ao limite mínimo da norma (NBR 13755, 1996)” (p. 11), bem

como que “uma pequena parte (10%), das cerâmicas que se soltaram, apresentavam

falhas de preenchimento” (p. 12).

Visando corroborar e dar ainda mais robusteza à conclusão do perito, a

requerente contratou novo estudo, desta vez à empresa paulista de consultoria Figueiredo

& Associados (Doc. 10), que capturou diversas imagens do empreendimento e ratificou

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todos os termos do parecer anterior, alertando, ainda, sobre os riscos existentes e a

“necessidade de interdição de flats e unidades hoteleiras para realização das intervenções

necessárias.”

Noutro sentido, a atual situação de descolamento das cerâmicas da fachada

(apenas daquelas adquiridas junto à Cecrisa, frise-se) é insustentável, eis que além de

afetar drasticamente a estética do prédio com reflexos financeiros diretos, decorrentes

da diminuição da demanda do hotel, e indiretos, por diminuir as chances de venda das

unidades da torre flat e dar causa a diversas reclamações dos condôminos, impôs a

necessidade de instalação de bandejas de contenção para evitar o risco à integridade

física daqueles que ali transitam.

Impende esclarecer, Excelência, que não se trata de descolamento de

algumas cerâmicas, mas da queda uma quantidade significativa de peças que não

permitem sequer o aguardo de eventual decisão em ação de obrigação de fazer.

Apenas a título de exemplo, veja a imagem da fachada frontal e lateral do prédio:

Deve-se frisar que a Hazbun Ltda. sempre pautou suas atividades na

seriedade e no respeito ao consumidor, conduta esta que lhe garantiu a posição de destaque

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que atualmente ostenta no ramo de incorporações norte-rio-grandense e é responsável por

empreendimentos de alto padrão, sendo inadmissível a vinculação da sua imagem à atual

fachada do empreendimento.

Ademais, são inúmeras as reclamações dos condôminos da Torre Flat,

provocando desgaste nas relações com os clientes e, vale dizer, só não existe aptidão

de gerar outros problemas maiores pela queda das cerâmicas porque a Hazbun

instalou bandejas de contenção tornando completamente inviável aguardar a

determinação de prova pericial no bojo de ação indenizatória a ser ajuizada, uma vez que o

dano estético e material apenas se agrava, gerando riscos e maculando a imagem da

Construtora.

Por estas razões, a requerente suplica a Vossa Excelência pelo deferimento

do pedido formulado do seguinte modo: (1º) que seja nomeado perito, inaudita altera pars,

para acompanhar ou ele próprio realizar a coleta do material necessário à perícia nas

cerâmicas; (2º) autorizar a Hazbun a, tão logo realizada a coleta, proceder a mudança das

cerâmicas da fachada e, por fim (3º) citar e intimar a demandada para participar da

produção da prova pericial, com nomeação de assistente técnico e formulação de quesitos,

tudo nos termos preconizados pelo Código de Processo Civil.

II – DO CABIMENTO

Conforme se abstrai da leitura da narrativa fática, indubitável o cabimento

da produção antecipada de prova, cuja finalidade é a proteção ao direito processual à

prova, uma vez que a situação fática torna muito difícil e, inclusive, grave, a produção

apenas na pendência de ação de conhecimento a eventualmente ser proposta.

A bem da verdade, a produção da prova pericial apenas no bojo de eventual

ação indenizatória implicaria a necessidade de deixar a fachada do prédio nos moldes

atuais: com constante queda de peças (!) que, além de provocaram um péssimo aspecto

estético, tem aptidão para pôr em risco a segurança das pessoas.

Igualmente, a requerente deseja a produção da prova para iniciar os

trabalhos de substituição da cerâmica da fachada e eventual resultado desfavorável da

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perícia à Hazbun, o que se admite apenas para fins argumentativos, tem ainda o condão de

evitar o ajuizamento de ação futura.

Nesse sentido, a produção antecipada de prova é regulamentada pelo Código

de Processo Civil, cujo teor do preconiza:

Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação; II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação.

Como se vê, trata-se de ação autônoma a ser ajuizada antes de eventual

propositura de ação de conhecimento na qual a prova poderá ser utilizada, ou com o fito de

esclarecer fatos que possam evitar o manejo de nova lide.

O deferimento da produção antecipada da prova pericial é imprescindível

para que a autora tenha condições de adotar as providências para fazer cessar os riscos e os

danos que vem sofrendo continuamente, bem como para evitar sua responsabilização

perante condôminos e terceiros sujeitos ao risco do descolamento das peças.

Desse modo, da análise dos resultados obtidos com a prova desta ação é que

se constatará a (im)prestabilidade das peças comercializadas pela Cecrisa e permitirá que a

Hazbun proceda com a troca do revestimento cerâmico, sem que tal ação prejudique seu

direito de se ver indenizada em ação futura.

III – DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA

A produção antecipada da prova, nos moldes previstos pelos arts. 381 a 384

do Novo Código de Processo Civil, possui natureza jurídica de ação autônoma, cuja

interposição pode prescindir da existência de perigo de dano, de modo que, a depender do

inciso do art. 381 do CPC utilizado em sua causa de pedir, a ação poderá ou não ter

natureza cautelar.

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Com isso em mente, imperioso ressaltar que no caso, a ação tem por lastro

os incisos I e III do mencionado artigo, havendo fundado receio de que venha tornar-se

impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência de ação, bem como a

prova a ser produzida tem o condão de justificar ou evitar o ajuizamento de ação, de modo

que comporta a realização de pedido de tutela de urgência.

Nesse sentido, é remansoso o entendimento dos tribunais pátrios,

notadamente do E. TJRS, conhecido por estar na vanguarda em suas decisões, senão,

vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CAUTELAR DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. REQUISITOS DEMONSTRADOS.

Cabível o deferimento liminar da produção antecipada de prova, desde que demonstrada urgência ou excepcionalidade do caso – hipótese, aqui, configurada. Há necessidade da prova pericial para se aferir sobre o alegado vício de construção. Negativa de seguimento ao agravo de instrumento. Decisão monocrática. (TJRS - Agravo de Instrumento nº 70067467993. 20ª Câmara Cível. Rel. Des. Glênio José Wasserstein Hekman. Julgado em 25/11/2015). (Grifo nosso).

Neste diapasão, tem-se que os requisitos para deferimento da tutela de

urgência, determinados no art. 300 do Código de Processo Civil, são a probabilidade do

direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

Como já narrado no início desta peça, o descolamento das cerâmicas da

fachada está ocorrendo com ainda mais frequência e chegou inclusive a danificar um carro

que estava estacionado no empreendimento, ensejando a instalação de bandejas ao redor do

edifício, provando dano estético ao prédio e desgaste na relação com os clientes, situação

que não pode perdurar até a instrução probatória de eventual ação de conhecimento.

Daí decorre o periculum in mora, pois, verificado que a expansão por

umidade da cerâmica atinge patamar superior ao permitido pela NBR, bem como não se

adequa às normas de segurança aplicáveis em razão do gretamento existente, as cerâmicas

estão permanentemente suscetíveis ao descolamento e à queda, causando, em todo

momento, falhas nos rejuntes que, por sua vez, originam infiltrações e deterioração da

pintura das unidades.

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Doutro lado, a probabilidade do direito é verificada com os robustos

estudos técnicos, confeccionados por profissionais reconhecidamente competentes, que

lastreiam o pleito autoral. Ademais, a probabilidade de provimento da presente ação de

produção antecipada de provas decorre da própria singeleza de tal procedimento. Tem a

Hazbun, datíssima vênia, cristalino direito a ver provada a existência ou não de vícios no

produto por ela de boa-fé adquirido.

Como se sabe, a produção antecipada de provas se trata de ação incidental

com o escopo de se afirmar “o direito à produção de uma determinada prova e se pede

que essa prova seja produzida antes da fase instrutória do processo para o qual ela

serviria”1, de modo que a improcedência da ação apenas ocorreria se a prova que se

busca fosse manifestamente inadmissível, o que não é o caso, visto que apenas com a

perícia de profissional técnico habilitado é que poderá ser comprovada a

in/adequação das cerâmicas comercializadas pela Cecrisa.

Por todo exposto, existindo o perigo de dano e a probabilidade do direito,

urge a concessão da tutela de urgência requerida, liminarmente, para que o perito

nomeado por este R. Juízo realize a colheita do material, autorizando assim a Hazbun a,

imediatamente, realizar os reparos necessários na fachada e intimando-se a interessada para

acompanhar a confecção da prova pericial.

IV – DA PROVA A SER ANTECIPADA.

Conforme se percebe da narrativa fática, através deste procedimento a

autora pretende que este MM. Juízo determine a realização de prova pericial no produto

adquirido pela Hazbun junto à Cecrisa, deferindo o pleito inaudita altera pars para nomear

desde já perito responsável pela elaboração da prova e fixar o prazo para entrega do laudo,

intimando-o desde logo para cumprir o que determina o § 2º do art. 465.

Paralelamente, que determine a citação e intimação da requerida para fins de

exercício das condutas previstas no § 1º do art. 465 e autorize, tão logo seja coletado o

1 JÚNIOR, Fredie Diddier; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria. Curso de Direito

Processual Civil. Vol. 2. Editora JusPodvim: Salvador/Bahia, 10ª ed., 2015, p. 137.

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material pelo perito, a substituição das cerâmicas da fachada do prédio, ante a urgência que

o caso requer.

Impende ressaltar que o deferimento do pleito formulado em nada gera

prejuízos para a parte adversa, que terá sua participação na produção da prova

inteiramente respeitada, mormente se considerarmos que o presente feito sequer

comporta defesa (art. 382, § 4º, CPC), ao passo que permite a Hazbun a adoção de

medidas urgentes no reparo da fachada para evitar danos ainda maiores.

Vale dizer, a urgência do caso repousa na necessidade imediata e inadiável

de realizar a substituição das cerâmicas que estão caindo atualmente, agravando

diariamente os danos materiais já suportados, decorrentes de infiltração e danificação da

pintura das unidades do empreendimento, e de ordem moral, eis que a imagem da

construtora fica vinculada à inadequação dos materiais empregados.

Desse modo, mais que clarividente a necessidade de produção de prova nos

termos requeridos, nomeando-se, desde já, o Eng. Ms. Nielsen José Dias Alves, inscrito no

CREA/RN sob o nº 4955-D como assistente técnico da parte requerente.

Igualmente, com o escopo de contribuir com a celeridade que a urgência do

caso requer, a Hazbun anexa nesta oportunidade os quesitos a serem respondidos pelo

perito (Doc. 11).

Em todo caso, na hipótese deste MM. Juízo inferir a tutela de urgência

pleiteada, com a abertura de novo prazo comum para apresentação de quesitos, nos termos

do art. 465, § 1º, III do CPC, esta parte reserva-se ao direito de acrescer itens ao rol

supramencionado, caso repute necessário.

V – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a autora pugna:

a) Que seja deferida a tutela de urgência requerida, nomeando-se desde já perito de

confiança deste MM. Juízo para apresentar proposta de prestação de serviços e

realizar a colheita do material a ser periciado, autorizando-se, tão logo sejam

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retiradas as peças necessárias, que a Hazbun Ltda. adote as medidas necessárias à

troca das cerâmicas da fachada;

b) Após, que seja citada e intimada a parte demandada para, querendo, participar da

confecção da prova pericial, nomeando assistente técnico e formulando quesitos,

tudo nos termos do procedimento previsto no Código de Processo Civil;

c) Que, após a produção da prova e o transcurso do prazo legal, os autos sejam

entregues à autora, nos termos do que determina o art. 383 do Código de Processo

Civil.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para efeitos fiscais.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Natal/RN, 19 de outubro de 2017.

AUGUSTO FELIPE DE ARAUJO PINHO OAB/RN 8.676

VALÉRIA NIOLLE TEIXEIRA DA SILVA FIGUEIREDO BRUNET OAB/RN 14.592

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