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1 EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA PRIMEIRA VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ. Ref. DEFESA PRELIMINAR AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - processo nº 5013291-52.2018.4.04.7000 MÁRIO RENATO CASTANHEIRA FANTON, Delegado de Polícia Federal, já qualificado na procuração em anexo, vem, por intermédio de seus procuradores, apresentar defesa preliminar na ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal de Curitiba/PR, cujo processo foi tombado sob número 5013291-52.2018.4.04.7000 na primeira Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná. Provérbios 18:5 - "Não é certo dar razão ao culpado, deixando de fazer justiça ao inocente."

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) … · Portanto, Excelência, EM HIPÓTESE DE SER RECEBIDA A PETIÇÃO INICIAL, requeremos que o autor corrija o valor da causa para

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA

PRIMEIRA VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ.

Ref. DEFESA PRELIMINAR – AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA -

processo nº 5013291-52.2018.4.04.7000

MÁRIO RENATO CASTANHEIRA FANTON, Delegado de Polícia

Federal, já qualificado na procuração em anexo, vem, por intermédio de seus

procuradores, apresentar defesa preliminar na ação de improbidade

administrativa movida pelo Ministério Público Federal de Curitiba/PR, cujo processo

foi tombado sob número 5013291-52.2018.4.04.7000 na primeira Vara Federal da

Seção Judiciária do Paraná.

Provérbios 18:5 - "Não é certo dar razão ao culpado, deixando de fazer

justiça ao inocente."

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A PETIÇÃO INICIAL DEVERÁ SER REJEITADA DE PLANO,

PORQUE O REQUERIDO JÁ FOI ABSOLVIDO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA

CRIMINAL (14ª VARA FEDERAL DE CURITIBA), PROCESSO Nº 5022885-

27.2017.4.04.7000, NA DATA DE 15/02/2015, E POR UNANIMIDADE NA

PRIMEIRA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS DE

CURITIBA, NA DATA DE 04/07/2018, ANTE O MOTIVO DE FALTA DE PROVA DA

EXISTÊNCIA DO FATO (ARTIGO 386, II, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL).

AMBAS DECISÕES SEGUEM EM ANEXO.

RESSALTE-SE, POR OPORTUNO, QUE NA DATA DE 10/04/2015 A

INVESTIGAÇÃO “CARNE FRACA” TINHA APENAS 3 (TRÊS) MESES DE

EXISTÊNCIA E CONSISTIA NUMA COMPILAÇÃO DE DADOS PÚBLICOS DA

IMPRENSA E DE PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS FISCAIS SOBRE O

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA.

MAIS IMPORTANTE, ENTRETANTO, É QUE DESDE O PRIMEIRO

DIA QUE A INVESTIGAÇÃO “CARNE FRACA” EXISTIU O JUIZ FEDERAL

RESPONSÁVEL PELA MESMA FOI O M.M. MARCOS JOSEGREI DA SILVA,

TENDO ELE PLENO CONHECIMENTO DO QUE SERIA PÚBLICO E SIGILOSO

NA INVESTIGAÇÃO E QUAL SERIA O LIMITE DO LÍCITO E DO ILÍCITO NA

CONDUTA DO REQUERIDO COMO DELEGADO PRESIDENTE DA

INVESTIGAÇÃO E, NESTE CONTEXTO, APÓS TRÊS ANOS DE INSTRUÇÃO

POLICIAL INVESTIGATIVA E PROCESSUAL ACABOU POR ABSOLVER O

DELEGADO MÁRIO FANTON POR FALTA DE PROVAS DA EXISTÊNCIA DO

FATO.

NÃO HAVERIA JUIZ MAIS HABILITADO DO QUE O M.M. MARCOS

JOSEGREI DA SILVA PARA JULGAR A SUPOSTA VIOLAÇÃO DE SIGILO, POIS

FOI O JUIZ QUE ESTEVE À FRENTE DA “CARNE FRACA” ACOMPANHANDO

MEDIDAS INVESTIGATIVAS DESDE SEU INÍCIO EM JANEIRO DE 2015 E

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DEPOIS ESTEVE À FRENTE DA INVESTIGAÇÃO E DO PROCESSO JUDICIAL

DE VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL DESDE SEU INÍCIO EM MAIO DE 2015.

A PRESENTE PEÇA É EXTENSA PORQUE DEMONSTRAMOS

MINUCIOSAMENTE QUE O REQUERIDO FOI VÍTIMA DE UMA DENUNCIAÇÃO

CALUNIOSA E MEDIDAS APURATÓRIAS E DE RESPONSABILIZAÇÃO DEVEM

SER TOMADAS.

POR OPORTUNO, O CASO SE TRATA DE FATOS

INCONTROVERSOS A FAVOR DO REQUERIDO, PELA FALTA DE PROVA DA

EXISTÊNCIA DO FATO RATIFICADOS EM PRIMEIRA E SEGUNDA INSTÂNCIA

CRIMINAL.

Meritíssimo(a) Juiz(a), como de costume o réu já enfrentou quase uma

dúzia de procedimentos de ordem administrativa e judicial provocados pela Polícia

Federal de Curitiba ou pelo Ministério Público Federal de Curitiba para querer

intimida-lo a não falar sobre os crimes praticados no âmbito da operação “lava jato”

que testemunhou quando trabalhou na Polícia Federal daquele local no primeiro

semestre de 2015, o que nunca foi sua intenção fazer ou prejudicar tal trabalho,

porém está sendo compelido cada vez mais a isso pelas provocações infundadas

que sofre dos Delegados da PF de Curitiba e pelos Procuradores da República a

eles associados.

Inclusive vem sofrendo um outro inquérito policial de número 03/2015

da COAIN/COGER, processo número 5038810-97.2016.4.04.7000, 14ª Vara Federal

de Curitiba, o qual está há quase um ano sem definição do MPF e que foi instaurado

para apurar suposta violação de sigilo do inquérito 737/2015, porque o requerido

denunciou a interceptação ambiental ilegal na cela do YOUSSEF e a sindicância

falsa feita para “esquenta-la” na CPI da Petrobrás e na Corregedoria Geral da Polícia

Federal. Tal fato, pelo visto, deveria ficar “escondido”, pois os crimes públicos são

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somente os dos políticos brasileiros. Crimes funcionais de quem apura a corrupção

possuem sigilo absoluto e inimputabilidade.

Vemos que o senhor Procurador da República ALEXANDRE MELZ

NARDES atribuiu o valor da causa a R$ 1.000,00 (mil reais), mas pediu a

condenação do réu a 100 (cem) vezes o valor de seu salário.

Referido Procurador experiente que é sabe que o portal da

transparência traz informações sobre o valor percebido pelo réu como vencimentos e

também sabe que o valor da causa é muito importante para fins de honorários e

sucumbência, inclusive possível ação de regresso pela AGU contra quem deu causa

a ações de má-fé.

Naquele site da transparência consta que o salário bruto do requerido é

de R$ 29.604,70 (vinte e nove mil, seiscentos e quatro reais e setenta centavos).

Portanto, o valor da causa deverá ser cem vezes o valor do salário do

servidor, totalizando R$ 2.960.470,00 (dois milhões, novecentos e sessenta mil e

quatrocentos e setenta reais), pois este seria o valor da multa pleiteada.

Neste sentido, a jurisprudência é clara. A propósito:

“Tribunal Regional Federal da 2ª Região TRF-2 – AGRAVO DE INSTRUMENTO: AG 167454 RJ 2008.02.01.010994-3 EMENTA PROCESSO CIVIL – IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – VALOR DA CAUSA CORRESPONDENTE COM O PEDIDO DE INDENIZAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS CAPAZES DE INFIRMAR O VALOR ATRIBUÍDO À CAUSA PELO AUTOR.

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1- O valor da causa deve expressar o conteúdo econômico da demanda, razão porque na impugnação, o réu não pode alegar excesso no valor da causa atribuído pelo autor, sem fornecer dados concretos que demonstrem a necessidade de alteração, esse ônus processual é de sua responsabilidade, ou seja, somente se admite modificação do valor da causa, se o réu trouxer aos autos elementos concretos capazes de infirmá-los. 2- O valor da causa que deve ser estabelecido pelo seu autor, em ação civil pública que pleiteia a reparação do dano, deve ser aquele que corresponde ao quantum pleiteado na indenização.(grifo nosso)”

Portanto, Excelência, EM HIPÓTESE DE SER RECEBIDA A PETIÇÃO

INICIAL, requeremos que o autor corrija o valor da causa para o valor pleiteado

como condenação nos termos do artigo 292, inciso V, do Código de Processo Civil.

1. DO CONTEXTO FÁTICO EM QUE A DENÚNCIA SURGIU CONTRA O

REQUERIDO

Na verdade os fatos são uma denunciação caluniosa contra o

requerido por parte de alguns Delegados da Polícia Federal de Curitiba, porque no

primeiro semestre de 2015, durante a instrução do inquérito policial 737/2015

(processo nº 5015645-55.2015.4.04.7000) verificou que havia uma interceptação

ambiental SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL na cela dos presos da “lava jato” em

Curitiba, captando conversas de ALBERTO YOUSSEF, PAULO ROBERTO COSTA

e outros, com o fim de facilitar a obtenção de provas em referida operação ou até

mesmo facilitar a argumentação nas tratativas de delação premiada.

Por consequência deste fato, descobriu-se que a primeira sindicância

feita para apurar a interceptação ambiental encontrada na cela de ALBERTO

YOUSSEF e outros presos da “lava jato” era falsa, pois resultou negativa para

autoria e materialidade, mas acabou sendo utilizada para instruir diversos processos

da “lava jato”, configurando o crime de falsa perícia ou fraude processual.

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No mesmo período em que presidia o inquérito policial 737/2015, o

requerido descobriu e mandou apurar uma outra interceptação ambiental SEM

AUTORIZAÇÃO JUDICIAL no segundo andar do prédio da PF de Curitiba, visando

espionar e bisbilhotar os servidores denominados “dissidentes da lava jato”, recaindo

a autoria do fato, por confissão, sobre a Delegada DANIELE GOSSENHEIMER

RODRIGUES, esposa do Delegado da “lava jato” IGOR ROMÁRIO DE PAULA.

Por fim, diante da questão da interceptação ambiental ilegal que se

descobriu incidentalmente no inquérito policial 737/2015, o requerido verificou que

aquele procedimento investigativo era a materialidade de uma denunciação

caluniosa, porque foi iniciado por meio de uma informação da lavra do Delegado

IGOR ROMÁRIO DE PAULA (Evento 4, DESP1, INF2, processo nº 5015645-

55.2015.4.04.7000), citando como fontes de dados os PROCURADORES DA

REPÚBLICA DA LAVA JATO, dando conta de que havia um grupo de servidores da

PF e advogados querendo provocar uma nulidade na operação “lava jato”, alterando

o resultado da primeira sindicância (04/14) negativa sobre o episódio da

interceptação ambiental existente na cela dos presos da operação lava jato na PF de

Curitiba.

Tal fato foi a prova de uma denunciação caluniosa porque o executor

da interceptação ambiental SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL na cela de ALBERTO

YOUSSEF e outros presos foi o Agente da PF de nome DALMEY FERNANDO

WERLANG, que disse que instalou o aparelho de interceptação na cela dos presos

da “lava jato” por ordem dos Delegados da PF de Curitiba de nomes IGOR

ROMÁRIO DE PAULA, ROSALVO FERREIRA FRANCO e MÁRCIO ADRIANO

ANSELMO.

A confissão de DALMEY FERNANDO WERLANG causou a interrupção

do inquérito policial 737/2015, pois a existência ou não da interceptação ambiental

ilegal era a questão de mérito da investigação segundo informação por escrito do

Delegado IGOR ROMÁRIO DE PAULA conjuntamente com os PROCURADORES

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DA REPÚBLICA ATUANTES NA LAVA JATO (Evento 4, DESP1, INF2, processo nº

5015645-55.2015.4.04.7000).

A Corregedoria Geral da Polícia Federal instaurou uma nova

sindicância, de número 04/2015, para reapurar a primeira sindicância da PF de

Curitiba de número 04/2014, cuja presidência foi do Delegado MAURÍCIO

MOSCARDI GRILLO.

A nova sindicância verificou que o Agente DALMEY FERNANDO

WERLANG falava a verdade, pois houve uma interceptação ambiental SEM

AUTORIZAÇÃO JUDICIAL na cela de ALBERTO YOUSSEF e outros presos da

“lava jato”; que ela captou mais de 260 horas de áudio em mais de 12 dias

ininterruptos e verificou que havia sérios indícios de fraude na sindicância feita pelo

Delegado MAURÍCIO MOSCARDI GRILLO, pois ele não fez perícia do equipamento

de captação de dados e atribuiu o aparelho encontrado na cela a uma interceptação

COM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL feita em 2008 quando da prisão de Fernandinho

Beira-Mar e, na realidade, aquele aparelho, segundo o número de patrimônio da

Polícia Federal, foi enviado a Curitiba após a passagem de Fernandinho Beira Mar

na Polícia Federal. Uma evidente manobra fraudulenta!

Apurou ainda que haviam sérios indícios de fraude nos depoimentos de

IGOR ROMÁRIO DE PAULA, MÁRCIO ADRIANO ANSELMO e do carcereiro

PAULO ROMILDO, o que coincidia com o relato de DALMEY FERNANDO

WERLANG, que atribuiu a ordem de instalação da captação ambiental aos dois

primeiros Delegados e mais o Superintendente da PF de Curitiba de nome

ROSALVO FERREIRA FRANCO.

Diante de tais fatos, o requerido, na data de 04/05/2015, interrompeu a

investigação do inquérito 737/2015 e comunicou imediatamente a questão prejudicial

ao Procurador da República do feito, Exmo. Sr. JANUÁRIO PALUDO, e à

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Corregedoria Geral da Polícia Federal em Brasília, chegando-se aos resultados

relatados.

Ocorre que logo após a data de 04/05/2015 o requerido começou a ser

visto pela Polícia Federal em Curitiba e pelo Ministério Público Federal de Curitiba

como o novo “inimigo” da “lava jato”, pois mandou apurar irregularidades sérias que

comprometiam a legalidade e a idoneidade da operação “lava jato”. Registre-se que

desta forma agiu em nome da lei e justamente para resguardar o andamento legal

de referida operação, sobretudo respeitando-se a prerrogativa EXCLUSIVA DE SÓ

MAGISTRADOS DEFERIREM MEDIDAS DE AFASTAMENTO DE SIGILO DE

DADOS E TELEFÔNICOS.

Neste sentido, sofreu diversas represálias infundadas, como por

exemplo uma denúncia feita pelo Ministério Público Federal nas pessoas dos

Exmos. Procuradores JANUÁRIO PALUDO e DANIEL HOLZMANN COIMBRA, no

dia 15/08/2015, alegando que o requerido teria caluniado os Delegados

mencionados como autores da interceptação ambiental ilegal na cela de ALBERTO

YOUSSEF. Referidos Procuradores da República deram a maior notoriedade ao

assunto divulgando os fatos aos quatro cantos da imprensa brasileira antes que a

denúncia fosse apreciada pelo Poder Judiciário. Senão vejamos alguns links

eletrônicos das matérias na imprensa e respectivas datas em que forma publicadas

nos respectivos links:

https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/mpf-denuncia-por-calunia-

policiais-federais-dissidentes-na-lava-jato/

https://www.conjur.com.br/2015-ago-15/mpf-denuncia-policiais-apontaram-

problemas-lava-jato

https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Dilemas/noticia/2015/08/mpf-denuncia-

dissidentes-da-lava-jato-por-calunia.html

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Sem que a denúncia houvesse sido recebida, a imprensa nacional, por

intermédio do Ministério Público Federal, já via o requerido como o novo “bandido” e

inimigo da operação “lava jato”.

Ocorre que, como é de costume, a intenção dos Procuradores da

República da “lava jato” é buscar a desmoralização pública de seus inimigos mesmo

que sem provas, mas o M.M. Juiz Federal da 12ª Vara Federal de Curitiba, senhor

DANILO PEREIRA JÚNIOR, rejeitou de plano a denúncia.

Mesmo assim os “fiscais da lei” recorreram em sentido estrito e foram

rechaçados com sua denúncia por unanimidade pela 8ª turma do TRF4.

Logo, permaneceu apenas o dano público à imagem e à honra do

requerido que foi completamente caluniado na imprensa nacional por uma denúncia

infundada e rejeitada, sem contar que posteriormente surgiu a sindicância 04/2015

da COGER/PF que demonstrou que houve a interceptação ambiental SEM

AUTORIZAÇÃO JUDICIAL na cela de YOUSSEF e outros presos, e que os

Delegados supostamente caluniados eram os principais suspeitos da autoria do fato.

Logo, não havia nada de calúnia contra os Delegados da “lava jato” conforme

denunciou o MPF.

Dentro da Polícia Federal o requerido começou a sofrer todos os tipos

de perseguição também, porque foi orientado a não falar sobre o assunto da “escuta

ilegal”, inclusive na CPI da Petrobrás, pois a questão poderia anular a operação

“lava jato”. Entretanto, a intenção do requerido não era prejudicar a operação “lava

jato” e sim protegê-la de ilegalidades e da ação de Agentes Públicos de má-fé,

porém não de forma a escondê-las ou delas fazer parte.

Sobre as represálias perpetradas contra o requerido, transcenderam a

legalidade e a razoabilidade, transformando-o, da condição de Delegado exemplar e

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abnegado, num verdadeiro “bandido”, dada a quantidade de procedimentos a que já

respondeu e vem respondendo; e quantidade de ações movidas por ele para se

defender. A saber:

1) Por provocação do Delegado IGOR ROMÁRIO DE PAULA de

Curitiba, foi investigado nos Expediente Preliminar de Natureza

Disciplinar promovido pela COAIN/COGER/PF, de números

06/2015, por não ter supostamente cumprido ordem judicial de

busca e apreensão na casa da cunhada do suspeito João

Vaccari Neto – FOI ARQUIVADO POR ATIPICIDADE PENAL E

FUNCIONAL

2) Foi investigado no Expediente de Natureza Disciplinar nº

10/2015, que se destinava a apuração do porquê que o

Delegado Igor Romário não instaurou o Inquérito nº 1162/2015

antes do DPF Fanton denunciá-lo na COGER, já que os fatos

são de data anterior. Tal expediente voltou-se contra o Autor,

gerando o PAD nº 11/2016, da COGER/PF – REFERIDO PAD

APURAVA OS MESMOS FATOS DA AÇÃO PENAL DE

VIOLAÇÃO DE SIGILO A ANDRÉ VARGAS MAS FOI

PARALISADO PARA AGUARDAR O DESFECHO DA AÇÃO

PENAL;

3) Respondeu ao inquérito policial nº 01/2016, da COAIN/COGER,

por suposto falso testemunho que de fato não cometeu. AUTOS

JÁ ARQUIVADOS POR FALTA DE TIPICIDADE PENAL E

ADMINISTRATIVA perante a 3ª Vara da Justiça Federal de

Bauru, Processo nº 0000905-33.2016.403.6108;

4) Respondeu ao inquérito policial nº 1162/2015, da PF de Curitiba,

provocado pelos Delegados ROSALVO FERREIRA FRANCO,

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IGOR ROMÁRIO DE PAULA e MAURÍCIO MOSCARDI GRILLO,

que alegaram que o Autor teria violado o sigilo da investigação

“carne fraca”, a qual também estava sob sua presidência deste

na época – CONFORME JÁ DITO FOI ABSOLVIDO EM

PRIMEIRA E SEGUNDA INSTÂNCIA POR FALTA DE PROVA

DA EXISTÊNCIA DO FATO;

5) Respondeu a ao PAD nº 02/2015 da PF/SR/SC, sobre fato

idêntico ao anulado no PAD nº 07/2014, da PF/SR/SC, no qual

veio a ser condenado, mas o fato já se encontrava com

prescrição de mais de 3 anos. A PENA FOI ANULADA

RECENTEMENTE PELO JUÍZO DA 1ª VARA FEDERAL DE

BAURU, NO PROCESSO Nº 5000219-19.2017.4.03.6108;

6) Foi denunciado por crime de calúnia (processo 5040132-

89.2015.4.04.7000/PR - 12ª Vara Federal) contra os Delegados

de Curitiba sobre os fatos aqui narrados, tendo sido a

DENÚNCIA REJEITADA DE PLANO PELA 12ª VARA

FEDERAL DE CURITIBA E DEPOIS PELO TRF4, 8ª TURMA,

(processo número 5050414-89.2015.4.04.7000/PR); e

7) Por requisição do Procurador da República JANUÁRIO PALUDO

e ANTÔNIO CARLOS WELTER foi investigado no inquérito

policial nº 03/2015 (processo nº 5038810-97.2016.4.04.7000 -

14ª Vara Federal), da PF de Curitiba, porque teria violado o sigilo

do inquérito 737/2015 (aquele em que era uma denunciação

caluniosa provocada por informação de IGOR ROMÁRIO e os

PROCURADORES DA REPÚBLICA DA LAVA JATO), uma vez

que depôs sobre ele, a interceptação ambiental ilegal da cela de

YOUSSEF e do segundo andar da PF de Curitiba perante a CPI

da Petrobrás e para Delegado Federal que o levou à

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Corregedoria Geral da PF no dia 04/05/2015 – REFERIDO

INQUÉRITO POLICIAL É UMA DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA

E UM CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONTRA O

REQUERIDO PARA COAGI-LO A NÃO TESTEMUNHAR

CRIMES QUE VIU – FAZ MAIS DE 7 (SETE) MESES QUE O

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL FICA POSTERGANDO

PRAZOS.

Por outro lado, o requerido vem se utilizando de todos os meios

possíveis de defesa na Justiça, pois a Polícia Federal lhe nega acesso a todos

documentos e apurações que ocorrem sobre a justificativa do manto do sigilo

absoluto. A propósito, seguem as ações movidas pelo requerido para se defender:

1) Ação de Exibição de Documentos nº 0003158-

22.2016.4.03.6325 (JEF/SP) - RECENTEMENTE DESCOBRIU-

SE QUE A POLÍCIA FEDERAL DESOBEDECEU ORDEM DO

JEF, NESTES AUTOS, DEFERIDA EM SEDE DE TUTELA

ANTECIPADA, BEM COMO DESCUMPRIU DECISÃO DA 1ª

VARA FEDERAL EM BAURU, QUE JULGOU PROCEDENTE O

PEDIDO, EIS QUE NÃO INFORMOU, AINDA QUE

RESERVADAMENTE, SOBRE A EXISTÊNCIA DE

INVESTIGAÇÃO SOBRE O AUTOR;

2) Ação de Exibição de Documento nº 0002458-12.2017.4.03.6325,

em trâmite no JEF de Bauru;

3) Ação de obrigação de fazer, com pedido de condenação da PF

ao pagamento de diárias nos deslocamentos do Autor para se

defender na sede do PAD Nº 11/2016 que está em trâmite na PF

de Curitiba/PR - Ação nº 0000170-91.2017.4.03.6325, do JEF de

Bauru;

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4) Ação de obrigação de fazer para que a PF se abstenha de iniciar

PAD contra o Autor, pois existe ação penal em curso sobre o

mesmo fato e há possibilidade de tudo ser fruto de uma

denunciação caluniosa por parte dos servidores que poderiam

ser atingidos pelo resultado da nova sindicância envolvendo as

interceptações ambientais ilegais na cela do preso Alberto

Youssef - 1ª Vara Federal de Bauru, ação nº 0005783-

98.2016.403.6108;

5) Ação declaratória de nulidade de ato administrativo nº 5000219-

19.2017.4.03.6108 (1ª Vara Federal de Bauru), que anulou pena

imposta no PAD nº 02/2015, da PF de Santa Catarina; e

6) Ação de obrigação de fazer para que a PF realize todos os atos

de instrução do PAD N° 11/2016 na PF de Curitiba por meio de

videoconferência.

Na mesma linha de atuação dos Procuradores da República de Curitiba

atuantes na “lava jato”, surgiu o Exmo. Procurador ALEXANDRE MELZ NARDES

apresentando denúncia contra o requerido na data de 31/05/2017 por volta de 13h

55min.

Daí, antes que a denúncia que deu causa à ação penal sobre os

mesmos fatos da presente ação fosse recebida (EVENTO 1 - HORA 13:55 - DIA

31/05/17), quando os autos do inquérito policial ainda eram sigilosos (SIGILO

RETIRADO NO EVENTO 16 DA AÇÃO PENAL - HORA 19:19 - DIA 23/06/17 -

DENÚNCIA RECEBIDA NA MESMA DATA de 23/06/17), ela já estava circulando

nos principais veículos de comunicação do País para desmoralizar e desonrar o

Delegado MÁRIO RENATO CASTANHEIRA FANTON. Neste sentido, reproduzimos

os sítios eletrônicos de divulgação com a respectiva hora da notícia:

14

https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/delegado-da-pf-e-denunciado-por-vazar-dados-da-operacao-carne-fraca-ao-ex-deputado-andre-vargas.ghtml - dia 31/05/17 - 17h44min

https://www.oantagonista.com/brasil/delegado-que-tentou-sabotar-lava-jato-vazou-carne-fraca-para-petista/ - dia 31/05/17 - 22h05min

http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/delegado-da-pf-denunciado-por-vazar-carne-fraca-a-condenado-na-lava-jato/ - dia 31/05/17 - 20h38min

Agora vemos que o requerido foi absolvido em primeira e segunda

instância criminal e perguntamos: Como ficará a imagem e a honra deste cidadão

que foi acusado na imprensa de violador de sigilo para Deputado do PT preso na

“lava jato” como se inimigo da operação fosse?

Como fica a imagem e a honra de um servidor público que despendeu

sua vida e a vida de sua família em lotações nos quatro cantos do Brasil para

perseguir seu sonho de firmar numa carreira pública respeitável?

Quem agiu com quebra dos princípios da Administração Pública nesta

ocasião, tais como legalidade, presunção de inocência, respeito ao devido processo

legal, dever de lealdade com a Administração, impessoalidade e sobretudo princípio

da MORALIDADE?

2. DOS INDÍCIOS DE UMA DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA CONTRA O

REQUERIDO NA AÇÃO PENAL EM QUE FOI ABSOLVIDO E QUE É

IDÊNTICA À PRESENTE AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

2.1. PRIMEIRO INDÍCIO DE DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA

CONTRA O REQUERIDO

Como já mencionado, o inquérito policial nº 1162/2015 da Polícia

Federal de Curitiba, que apurou a suposta violação de sigilo funcional do requerido

15

na operação “carne fraca”, surgiu em 18/05/2015 por iniciativa dos Delegados de

Polícia Federal IGOR ROMÁRIO DE PAULA, MAURÍCIO MOSCARDI GRILLO e

ROSALVO FERREIRA FRANCO, sustentando que o requerido teria violado o sigilo

da investigação “carne fraca” (inquérito policial 136/2015) no dia 16/03/2015 para o

preso ADIR ASSAD e no dia 10/04/2015 para o preso ANDRÉ ILÁRIO VARGAS.

A princípio, já se observa a falta de razoabilidade dos fatos, pois

demonstra que o requerido ficava violando o sigilo da investigação que presidia pra

qualquer um que surgisse em sua frente como se fosse um infante brincalhão. Ora

se vilipendiava o sigilo para um preso, ora para outro. Qual o motivo de uma conduta

tão fútil? Neste trecho importante trazer o raciocínio do Exmo. Juiz Relator da Turma

Recursal em seu voto e que será oportuno ser repetido em outras fundamentações:

“Além disso, trata-se de crime doloso, ou seja, deve a acusação

fazer prova também da deliberada intenção do agente em violar o

sigilo funcional. No caso examinado não há, em nenhum momento

do processo, demonstração de que o acusado teria tal intenção e

por qual razão o teria feito, ou seja, em que medida o acusado se

beneficiaria com tal atitude. Embora a motivação do delito não esteja

inserida no tipo penal, é fator relevante na avaliação da

verossimilhança da acusação. Mesmo nos tipos penais formais,

como no caso, há de haver uma motivação que dê credibilidade

à acusação, enfim, de que o acusado teria de alguma forma

auferido vantagem com a prática do delito.

No caso em tela, não se vislumbra tal motivação, ao contrário,

ao que tudo indica o diálogo visava tão somente angariar

informações sobre pessoas sob investigação, no sentido de

beneficiar a apuração dos fatos e não de prejudicá-la, de modo

que o apelado teria conduzido a conversa de forma a não revelar

fato sigiloso de cuja ciência obteve em razão do desempenho do

cargo público. Ademais, não é crível admitir que o apelado, na

16

qualidade de delegado condutor e responsável pelas investigações,

tenha procurado comprometer o curso das apurações, tampouco

que teria praticado a conduta delituosa na presença de outro

servidor público com o qual, segundo relato do próprio réu, já havia

reprovação em relação à sua conduta.”

É importante ressaltar que, no dia 04/05/2015, o requerido deu seu

último despacho no inquérito policial da “carne fraca” (136/2015) e deixou a cidade

de Curitiba/PR em direção a Brasília/DF para apresentar o depoimento do Agente

DALMEY FERNANDO WERLANG, que comunicou que instalou a interceptação

ambiental SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL na cela de ALBERTO YOUSSEF,

PAULO ROBERTO COSTA e outros presos da “lava jato” e que fez isso a mando

dos delegados IGOR ROMÁRIO DE PAULA, ROSALVO FERREIRA FRANCO e

MÁRCIO ADRIANO ANSELMO, bem como que a primeira sindicância nº 04/2014 da

PF de Curitiba sobre o assunto foi uma farsa engendrada pelo Delegado MAURÍCIO

MOSCARDI GRILLO para encobrir a materialidade da interceptação ilegal e a

autoria dos Delegados mandantes.

DALMEY também informou que o inquérito policial 737/2015 era uma

farsa criada por IGOR ROMÁRIO DE PAULA para perseguir e responsabilizar as

testemunhas que sabiam ser ele o autor/mandante da interceptação ambiental ilegal

e evitar prejudicar a operação “lava jato” com uma nulidade.

Daí, no dia 18/05/2015, os Delegados IGOR ROMÁRIO DE PAULA,

ROSALVO FERREIRA FRANCO e MAURÍCIO MOSCARDI GRILLO deram causa

ao inquérito policial nº 1162/2015 na PF de Curitiba, comunicando que o requerido

tinha violado o sigilo da operação “carne fraca” nas datas de 16/03/2015 ao preso

ADIR ASSAD e 10/04/2015 ao preso ANDRÉ ILÁRIO VARGAS.

JUSTAMENTE OS MESMOS DELEGADOS ACUSADOS DE

MANDAR INSTALAR UMA INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL NA CELA DOS

17

PRESOS DA “LAVA JATO” E FRAUDAR UMA SINDICÂNCIA PARA

ENCONBRIR O ILÍCITO, DERAM CAUSA A UM INQUÉRITO POLICIAL CONTRA

O DELEGADO QUE OS DENUNCIOU EM TEMPO POSTERIOR AOS FATOS

PERANTE À CORREGEDORIA GERAL DA POLÍCIA FEDERAL.

E O INQUÉRITO CONTRA O REQUERIDO SOMENTE SURGIU 14

(QUATORZE) DIAS DEPOIS DELE DENUNCIAR TAIS DELEGADOS NA

CORREGEDORIA GERAL DA POLÍCIA FEDERAL.

NOTA-SE, TAMBÉM, QUE AS DATAS DA SUPOSTA VIOLAÇÃO DE

SIGILO ERAM DE DOIS MESES (16/03/15) E UM MÊS (10/04/15) ANTES DA

INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL DA VIOLAÇÃO DE SIGILO E O

REQUERIDO SEQUER FOI AFASTADO DA INVESTIGAÇÃO QUE VIOLARA O

SIGILO ATÉ A DATA DE 04/05/2015, QUANDO PARTIU DE CURITIBA A BRASÍLIA

PARA DENUNCIAR A ILICITUDE DA INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL. CONSTA

EM ANEXO SEU ÚLTIMO DESPACHO NO INQUÉRITO 136/2015 (“CARNE

FRACA”) NA DATA DE 04/05/2015.

NÃO É LÓGICO, RAZOÁVEL E LEGALMENTE PERMITIDO QUE OS

DELEGADOS QUE NOTICIARAM O REQUERIDO O DEIXASSEM NA

PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO DA “CARNE FRACA” POR MAIS DE DOIS MESES

DEPOIS DE SABER QUE O MESMO VINHA VIOLANDO SEU SIGILO PARA

TERCEIROS QUE ENCONTRAVA PELA FRENTE. SENÃO VEJAMOS O

TESTEMUNHO DE ACUSAÇÃO DO POLICIAL DA “LAVA JATO” DE NOME LUIZ

CARLOS MILHOMEM, QUE DIZ QUE O DELEGADO IGOR ROMÁRIO DE PAULA

SOUBE NA DATA DE 10/04/2015, DURANTE O DEBRIEFING DA PRISÃO DE

ANDRÉ ILÁRIO VARGAS, QUE O REQUERIDO VIOLARA O SIGILO DA

INVESTIGAÇÃO “CARNE FRACA” AO PRESO:

Evento 121, minuto 6'06", vídeo 4 - Disse que após chegarem na PF,

houve uma reunião entre as pessoas que participaram da diligência

18

do André Vargas, foi uma espécie de debriefing, na sala do

coordenador da lava jato (Delegado IGOR) e lá foi relatado a ele o

que tinha acontecido e não se tocou mais no assunto.

Evento 121, minuto 6'30", vídeo 4 - Confirmou o que a Procuradora

do MPF perguntou, de que o Agente Wiligton Gabriel contou ao

Delegado Igor, no debriefing, o que tinha ocorrido sobre a possível

conversa violadora de sigilo que presenciou.

Se o requerido violou realmente o sigilo da “carne fraca”, depreende-se

que IGOR ROMÁRIO DE PAULA prevaricou não afastando o Delegado Mário

Fanton no dia 10/04/2015 da presidência da “carne fraca” nem instaurando

procedimento para apurar sua conduta ou fica evidente que houve uma

fabricação ardilosa de fatos para querer incriminar o Delegado Mário Fanton

por ter denunciado os Delegados da PF de Curitiba como autores de uma

diligência ilegal na “lava jato”.

O FISCAL DA LEI, NA PESSOA DO EXMO. ALEXANDRE MELZ

NARDES, PREFERIU IGNORAR ESSE DETALHE E PERSEGUIR SEU

PROPÓSITO DE DENUNCIAR E CONDENAR O DELEGADO MÁRIO FANTON,

PORÉM OUTROS DETALHES QUE ABORDAREMOS INDICAM QUE HOUVE

UMA CLARA DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA CONTRA REFERIDO DELEGADO

POR VINGANÇA E RETALIAÇÃO.

2.2. SEGUNDO INDÍCIO DE DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA

CONTRA O REQUERIDO

O segundo indício irrefutável de denunciação caluniosa contra o

Delegado Mário Fanton advém da acusação que os Delegados de Curitiba e as

19

testemunhas que eles arregimentaram disseram, ou seja, que o mesmo teria violado

o sigilo da investigação “carne fraca” ao preso ADIR ASSAD no dia 16/03/2015.

As duas testemunhas que afirmaram tal fato foram os policiais

destacados para trabalhar exclusivamente na “lava jato” por mais de dois anos de

nomes WILIGTON GABRIEL PEREIRA e MÁRIO NUNES GUIMARÃES JÚNIOR.

Ambos disseram em fase de inquérito policial que o Delegado Mário

Fanton ocupou a viatura ocupada por ambos e mais o preso ADIR ASSAD entre São

Paulo/SP e Curitiba/PR na data de sua prisão em 16/03/2015 e, NO INTERIOR DO

VEÍCULO, o primeiro veio contando detalhes sigilosos da “carne fraca” ao preso.

WILIGTON GABRIEL PEREIRA, por sua vez, também foi a única

testemunha direta da suposta violação de sigilo para ANDRÉ ILÁRIO VARGAS, o

que ocorreu nos mesmos termos de depoimento que relatou a violação de sigilo ao

preso ADIR ASSAD e na mesma investigação.

MÁRIO NUNES GUIMARÃES JÚNIOR é Escrivão da Polícia Federal

lotado em Florianópolis/SC e trabalhou em Curitiba/PR por três anos

aproximadamente por conta exclusiva da operação "lava jato" e prestou depoimento

sobre referida violação às fls. 38/39 (Processo 5023524-16.2015.4.04.7000/PR,

Evento 2, DEPOIM_TESTEMUNHA2, Página 17 dos autos eletrônico), na data de

19/05/2001, portanto quase dois meses após o fato, e disse:

"...QUE durante a viagem de retorno, escoltando o preso ADIR

ASSAD, no trecho São Paulo/SP x Curitiba/PR, encontravam-se NA

VIATURA o Depoente, o APF GABRIEL e o DPF FANTON, e o

preso mencionado; QUE o Depoente se recorda que não participou

da escolta durante todo o trecho (percurso) entre São Paulo e

Curitiba, porém na parte em que esteve presente escutou o DPF

20

FANTON, relatar para o APF GABRIEL, sobre o fato de estar

conduzindo uma investigação relacionada ao Ministério da

Agricultura, onde havia alguns fiscais recebendo propinas originárias

de empresas do ramo de alimentos e/ou produtos embutidos,

impróprios para o consumo humano, os quais, após receberem uma

'maquiagem' eram colocados à venda no comércio; QUE

obviamente, segundo o DPF FANTON, a colocação dos produtos à

venda, mesmo estando impróprios para o consumo humano, ocorria

somente após o pagamento de propinas para os fiscais do Ministério

da Agricultura, cujo dinheiro vinhas das empresas do ramo

alimentício, fiscalizadas; QUE o DPF FANTON narrou vários outros

detalhes sobre a investigação no Ministério da Agricultura,

entretanto, o Depoente não se recorda quais foram os demais

comentários em razão de que durante o trajeto, ter a

responsabilidade de cuidar da segurança do preso ADIR ASSAD;

QUE o preso ADIR ASSAD ouviu toda a conversa, inteirou-se

bastante sobre os fatos comentados no interior da viatura naquela

ocasião, entretanto o Depoente não recorda se ele (ADIR ASSAD)

interagiu e/ou conversou sobre este assunto específico; QUE o DPF

FANTON fez estes comentários de forma ostensiva,

despreocupada, e sem considerar que havia uma pessoa presa

NO INTERIOR DA VIATURA, bem como, aliado ao fato de que é

dever funcional e profissional de qualquer Policial, especialmente, os

Policiais Federais, guardar e manter o sigilo dos dados pertinentes

às investigações sob sua responsabilidade, cujas informações foram

obtidas em razão do cargo e/ou serviço, as quais devem ser

mantidas em segredo."(G.N.)

..."QUE o Depoente se recorda que no momento da parada para

fazer a refeição o APF GABRIEL comentou com ele (com o

Depoente) discretamente numa parte reservada, distante do grupo

onde se encontravam os presos e os demais colegas Policiais,

sobre conduta nada discreta do DPF FANTON onde este narrou

21

detalhes sobre a investigação envolvendo o Ministério da

Agricultura." (G.N.)

Note-se que referido Escrivão descreveu detalhes do que teria sido

conversado pelo delegado MÁRIO FANTON indevidamente com o preso ADIR

ASSAD sobre a operação "carne fraca" no dia 16/03/2015, sendo que foi bem

específico ao dizer que a conversa se dera NO INTERIOR DA VIATURA ocupada

por ele, WILIGTON GABRIEL, ADIR ASSAD e MÁRIO FANTON (apelado).

WILIGTON GABRIEL, por sua vez, foi ouvido por duas vezes, sendo a

primeira acostada no Processo 5023524-16.2015.4.04.7000/PR, Evento 1,

NOT_CRIME2, Fls. 10/11, com data de 12/05/2015; e a segunda acostada no

Processo 5023524-16.2015.4.04.7000/PR, Evento 2, DEPOIM_TESTEMUNHA2,

Fls. 23/25, com data de 18/05/2015, pelo que disse sobre a suposta conversa com

ADIR ASSAD:

Fls. 11 do Inquérito Policial

"...Informo ainda que esta não foi a primeira vez que o DPF Fanton

falou da sua operação com um dos presos. tal fato aconteceu, em

menor intensidade, quando da condução do preso Adir Assad, em

16/03/2015, nos momentos iniciais da viagem São Paulo-Curitiba,

sendo que desta vez, apenas comentou o caso de forma mais

simplificada, sem citar os nomes dos envolvidos, elencando

somente o órgão em que trabalhavam os corruptos e a forma de

corrupção.

Neste caso ENCONTRAVA-SE NO CARRO além deste subscritor,

o EPF Mario, DPF Fanton e Adir Assad.creio que EPF Mario deva

22

se recordar da situação, visto que comentamos a indiscrição do

delegado." (g.n.)

Fls. 24/25 do Inquérito Policial

"...QUE o Depoente afirma ainda que esta não foi a primeira vez que

o DPF FANTON comentou com pessoa presa sobre a Operação

envolvendo o pagamento de propinas no Ministério da Agricultura,

pois, no dia 16/03/2015, por ocasião da prisão de ADIR ASSAD,

quando do retorno a esta Superintendência Regional, no trecho São

Paulo/SP x Curitiba/PR, abordou o mesmo tema, sendo de uma

forma mais branda; QUE a conversa entre o DPF FANTON com o

preso ADIR ASSAD não prosperou com maior intensidade pelo fato

dele (ADIR ASSAD) não ser do Estado do Paraná e não possuir

conhecimentos sobre os fatos; QUE estes fatos sobre a conversa do

DPF FANTON e o preso ADIR ASSAD podem ser confirmados pelo

EPF MÁRIO NUNES GUIMARÃES, que na ocasião presenciou os

comentários, o qual no dia ENCONTRAVA-SE NA VIATURA junto

como Depoente."(g.n.)

Portanto, por duas vezes, num período de dois meses após o fato,

WILIGTON GABRIEL PEREIRA repetiu que o apelado conversou com Adir Assad,

na data de 16/03/2015, NO INTERIOR DA VIATURA, na presença do escrivão Mário

Nunes, detalhes da investigação "carne fraca", tais como o órgão em que

trabalhavam os corruptos, a forma de corrupção e o fato de haver pagamento de

propinas no Ministério da Agricultura.

Destarte, os dois policiais destacados há mais de dois anos para

trabalhar exclusivamente na “lava jato” foram uníssonos em dizer que o Delegado

MÁRIO FANTON violou o sigilo da “carne fraca” ao preso ADIR ASSAD no trajeto

23

entre São Paulo e Curitiba NO INTERIOR DA VIATURA em que os quatro

ocuparam.

Entretanto, é absolutamente inverídico que o Delegado MÁRIO

FANTON e o policial WILIGTON GABRIEL PEREIRA ocuparam a mesma viatura do

preso ADIR ASSAD naquele dia e tal fato foi confirmado pelo Agente da Polícia

Federal RICARDO RODOLFO BORN, pois foi ele o motorista da viatura do preso

ADIR ASSAD e foi ele quem fez a segurança pessoal do preso durante todo o dia de

sua prisão.

Tais fatos vão muito além da simples contradição, pois ficou provado

ter havido um ato criminoso de denunciação caluniosa contra o requerido.

Senão vejamos o que disse o agente policial RICARDO RODOLFO BORN às fls.

90/91 (Processo 5023524-16.2015.4.04.7000/PR, Evento 18, DESP2, Página 10 dos

autos eletrônico):

"...QUE foram utilizadas duas viaturas, sendo a primeira uma

RANGER ROVER, não caracterizada, e a segunda um

RENAULT/FLUENCE preto; QUE após a prisão de ADIR ASSAD, o

depoente, o policial MÁRIO e o preso, ocuparam o veículo

FLUENCE, formação que foi utilizada até o final da viagem; QUE o

DPF FANTON e o policial GABRIEL ocuparam o veículo RAGER

ROVER; QUE na primeira parada que fizeram para refeição, a

equipe continuou a mesma; QUE até este momento não se recorda

dos diálogos travados com o preso, mas foram conversas

normais; QUE gostaria de frisar que desde o momento da prisão

o preso ADIR ASSAD ficou sob responsabilidade do depoente;

QUE no primeiro restaurante não presenciou qualquer diálogo

que envolvesse o conteúdo de investigações em trâmite na

SR/DPF/PR; QUE nas demais paradas para refeições, também

não presenciou diálogos neste sentido; QUE afirma que

24

inclusive os deslocamentos do preso ao banheiro este sempre

esteve sob sua custódia; QUE perguntado, objetivamente, se o

preso teve conversas reservadas com o DPF FANTON ou com

outro policial da equipe, responde negativamente; QUE diz que

se lembraria de eventual diálogo travado entre o preso e um

policial da equipe caso o tema fosse alguma investigação.

Portanto, RICARDO RODOLFO BORN, que também é um Agente da

Policia Federal sem vínculos com a operação "lava jato", desmentiu categoricamente

os dois policiais recrutados para trabalhar em tal operação, cujos nomes são MÁRIO

NUNES e WILIGTON GABRIEL PEREIRA, pois afirmou que o delegado Mário

Fanton NÃO OCUPOU A MESMA VIATURA DO PRESO nem a do policial MÁRIO

NUNES no dia da prisão de ADIR ASSAD.

Afirmou que ele fez a escolta pessoal do preso ADIR ASSAD

durante todo o dia de sua prisão e em momento algum presenciou conversas

com o preso sobre investigações na PF do Paraná, nem conversas reservadas

do delegado Mário Fanton (requerido) com o preso Adir Assad.

Como se não bastasse o testemunho contundente do Agente

RICARDO RODOLFO BORN contra as duas testemunhas incriminadoras, o preso

ADIR ASSAD se pronunciou no mesmo sentido às fls. 88/89 (Processo 5023524-

16.2015.4.04.7000/PR, Evento 18, DESP2, Página 8 dos autos eletrônico). A saber:

"...QUE o depoente foi sozinho no banco traseiro; QUE fizeram

uma primeira parada depois de aproximadamente 80 KM para uma

refeição, num restaurante na beira da estrada; QUE neste primeiro

trajeto, não desenvolveu diálogos com os policiais sobre temas

relevantes; QUE houve uma conversa sobre esporte, inclusive

os policiais comentaram que precisavam praticar exercícios;

QUE OBJETIVAMENTE PERGUNTADO, DIZ QUE NÃO FOI FEITO

25

QUALQUER COMENTÁRIO SOBRE OUTRAS INVESTIGAÇÕES

EM ANDAMENTO NA SR/DPF/PR; QUE na hora da refeição outras

equipes também fizeram uma parada no mesmo restaurante;

...QUE muito embora estivesse bastante atabalhoado com a

situação, não se recorda de comentários sobre fatos relevantes

durante a refeição. QUE na continuidade do trajeto, retornou na

mesma viatura com os mesmos policiais e também não

ocorreram diálogos sobre assuntos relevantes, especialmente

porque um dos policiais descansou e dormiu em parte do trajeto.

QUE também chegando na SR/DPF/PR não houve conversas

relevantes" (g.n.)

De início, o depoimento de ADIR ASSAD já demonstra a inverdade

criada por MÁRIO NUNES e WILIGTON GABRIEL PEREIRA, porque ele diz que foi

sozinho no banco de trás do veículo. Se foi sozinho no banco de trás, pressupõe-se

três pessoas no veículo e não quatro como os dois policiais incriminadores

afirmaram.

Depois, diz categoricamente que não conversou nada de relevante

envolvendo investigações no Paraná naquele dia.

Diante das absurdas e contundentes contradições, muito embora não

fosse preciso, porque o próprio preso negou qualquer conversa incriminadora,

MÁRIO NUNES, WILIGTON GABRIEL PEREIRA e RICARDO RODOLFO BORN

foram ACAREADOS na data de 21/01/2017, ou seja, quase dois anos após os

fatos, cujo auto encontra-se acostado às fls. 416/418 (Processo 5023524-

16.2015.4.04.7000/PR, Evento 156, INQ1, Página 18 dos autos eletrônico), tendo

WILIGTON GABRIEL PEREIRA se retratado e afirmado que não ocupou a

mesma viatura de MÁRIO NUNES nem a do preso ADIR ASSAD, pois teria

vindo sozinho na viatura com o delegado MÁRIO FANTONe mais alguns

26

quadros apreendidos, exatamente como foi descrito pelo Delegado FANTON em

seu termo de declarações na investigação policial. Senão vejamos o que disse

WILIGTON GABRIEL PEREIRA na acareação:

"QUE o primeiro acareado confirma que se recorda de ter

ocupado um veículo com o DPF FANTON e mais alguns

quadros apreendidos."

Em fase judicial, a princípio quando questionado sobre a intenção de

ratificar ou não seu depoimento em fase policial, se manifestou positivamente:

evento 121, vídeo 2, minuto 11' 56", quando questionado pela

acusação se ratifica seu depoimento: "afirma ratificar o

depoimento que prestou em fase policial".

Entretanto, quando a oportunidade de perguntas passou à defesa e

mediante o questionamento específico da acareação, confirmou a retratação, de que

o requerido não ocupou a mesma viatura de Adir Assad no dia 16/03/2015, ou seja,

se lembrou bem do detalhe inverídico de quase três anos de existência e que foi

contestado pessoalmente por seu colega de profissão RICARDO RODOLFO BORN,

logo não ratificou integralmente seu depoimento, pois não fez menção à

acareação a posteriori. A propósito:

evento 121, vídeo 3, minuto 4': “Olha, eu te falo exatamente o que

acontece. A conversa existiu tá. Agora é o seguinte, eu faço parte de

um grupo aonde nós analisamos e montamos várias operações da

Lava Jato, várias, não é uma ou duas, são várias. E fica

praticamente impossível saber aonde cada pessoa está em cada

operação, tá. É difícil isso, porque se fosse assim eu teria dito o

local exato onde ele estava."

27

WILIGTON GABRIEL PEREIRA em dois depoimentos recentes aos

fatos, no dia 12/05/2015 e 18/05/2015, disse o local exato em que o Delegado

MÁRIO FANTON estava, ou seja, no interior da viatura com o preso ADIR ASSAD e

seu colega de “lava jato” MÁRIO NUNES GUIMARÃES JÚNIOR.

Diante do que disse, perguntamos: Fica difícil dizer onde cada pessoa

se encontra? se ela está ao seu lado sozinha num mesmo veículo ou em outro

lugar? Por que WILIGTON GABRIEL PEREIRA disse, então, apenas dois meses

após o fato, que o requerido estava num veículo junto com o preso, mais seu colega

MÁRIO NUNES e ele mesmo, e depois de dois anos se retratou disso?

Note-se que WILIGTON GABRIEL PEREIRA disse, por duas vezes, em

12/05/2015 e 18/05/2015, que o apelado estava no interior do carro com ele, MÁRIO

NUNES e ADIR ASSAD, ou seja, em declaração muito recente após dois meses do

fato e quando só teriam ocorrido mais duas fases da "lava jato", envolvendo a prisão

de ANDRÉ VARGAS (10/04/2015) e MARICE CORRÊA (15/04/2015).

Daí, após dois anos dos fatos, em acareação ocorrida em 21/01/2017,

quando confrontado pessoalmente com o depoimento do policial RICARDO

RODOLFO BORN, SE RETRATOU e lembrou exatamente que o apelado estava no

carro com ele e não com MÁRIO NUNES, RICARDO RODOLFO BORN e o preso

ADIR ASSAD.

Ocorre que, em testemunho judicial, WILIGTON GABRIEL PEREIRA

ficou silente por todo período sobre sua retratação, inclusive manteve a ratificação

da primeira versão inverídica. Somente quando a defesa lhe questionou

especificamente sobre a acareação e sua retratação é que disse não saber onde o

apelado estava quando teria conversado com ADIR ASSAD na data de 16/03/2015.

Disse que fica impossível saber onde cada pessoa está em cada operação. Note-se

que já não era mais no interior da viatura como disse duas vezes no inquérito

policial nas datas de 12/05/2015 e 18/05/2015!

28

Logo, WILIGTON GABRIEL acabou por ratificar o depoimento do

requerido e do agente RICARDO RODOLFO BORN e contradisse o depoimento do

policial MÁRIO NUNES no aspecto de ter ocupado o mesmo carro do preso no dia

16/03/2015, local este em que teria ocorrido a violação de sigilo.

A falta de idoneidade da testemunha WILIGTON GABRIEL PEREIRA

como uma pessoa contumaz em fazer afirmação falsa foi citada inclusive pelo Juiz

Federal na Sentença Absolutória, quando GABRIEL disse que o requerido

mencionou a ANDRÉ ILÁRIO VARGAS haver interceptação telefônica na “carne

fraca” e tal fato só surgiu pela primeira vez um ano após a conversa. Senão vejamos

o trecho da sentença:

Sentença, página 9, parágrafo sexto - "A tanto se devem acrescer

as ressalvas quanto a possíveis enganos e algumas imprecisões -

devidamente justificadas pela condição de condutor da viatura por

ocasião dos fatos e a atenção que, nessa condição, se deve ter -

feitas pela própria testemunha WILIGTON GABRIEL PEREIRA.

Registre-se, exemplificativamente, ter aduzido que o réu teria

mencionado ao preso a existência de interceptação telefônica.

Contudo, esta medida foi autorizada no bojo da investigação da

Operação Carne Fraca pela primeira vez em 21/01/2016 (evento 12

dos autos 5062179-57.2015.4.04.7000), ou seja, após a data dos

fatos objeto desta denúncia (10/04/2015)."(g.n.)

PORTANTO, O REQUERIDO DELEGADO MÁRIO FANTON NUNCA

OCUPOU A VIATURA DE ADIR ASSAD NO DIA DE SUA PRISÃO E O PRÓPRIO

POLICIAL QUE FEZ SUA SEGURANÇA PESSOAL (RICARDO RODOLFO BORN)

E ADIR ASSAD DISSERAM QUE O DELEGADO MÁRIO FANTON NÃO

CONVERSOU NADA COM O PRESO NAQUELE DIA. COM EFEITO, FICOU

EVIDENTE PARA O FISCAL DA LEI MAIS UM INDÍCIO DE DENUNCIAÇÃO

CALUNIOSA CONTRA O REQUERIDO MÁRIO FANTON, MAS ELE PREFERIU

29

PERSEGUIR SEU OBJETIVO DE, DE ALGUMA FORMA, TENTAR INCRIMINAR O

DELEGADO MÁRIO FANTON, CONSIDERADO O NOVO INIMIGO DA “LAVA

JATO”, POIS, COM SEU COMPROMISSO MORAL E LEGAL, NÃO JOGOU A

SUJEIRA QUE DESCOBRIU PARA DEBAIXO DO TAPETE.

FICOU CLARO E INCONTESTE QUE O POLICIAL DA “LAVA JATO”

WILIGTON GABRIEL PEREIRA FEZ AFIRMAÇÃO FALSA EM SEUS

TESTEMUNHOS COM O ÚNICO PROPÓSITO DE TENTAR INCRIMINAR O

DELEGADO MÁRIO FANTON E O EXMO. SENHOR ALEXANDRE MELZ NARDES

FECHA OS OLHOS PARA TAL FATO E AINDA UTILIZA O TESTEMUNHO DE

REFERIDO POLICIAL NAQUILO QUE LHE APROVEITA, QUE ERA UMA

SUPOSTA CONVERSA VIOLADORA DE SIGILO COM O OUTRO PRESO (ANDRÉ

ILÁRIO VARGAS) UM MÊS DEPOIS DA PRIMEIRA CONVERSA COM ADIR

ASSAD.

A PROVA IRREFUTÁVEL DISSO É O TESTEMUNHO DE ANDRÉ

ILÁRIO VARGAS, POIS NEGOU ITEM POR ITEM DAQUILO QUE FOI AFIRMADO

POR WILIGTON GABRIEL PEREIRA COMO TENDO SIDO SIGILOSO E

DEVASSADO PARA ELE NO DIA 10/04/2015 E QUE JÁ FOI ABORDADO NO

JUÍZO CRIMINAL EM DUAS INSTÂNCIAS E CONSIDERADO INEXISTENTE PARA

A PROVA DOS FATOS, GERANDO A ABSOLVIÇÃO DO REQUERIDO.

ENTRETANTO, DEMONSTRAREMOS MAIS UMA VEZ EM SEDE

CÍVEL O QUE WILIGTON GABRIEL PEREIRA DISSE E O QUE O PRESO ANDRÉ

ILÁRIO VARGAS DISSE, POIS SÓ HAVIA AMBOS NA VIATURA EM QUE

OCORREU A CONVERSA COM O REQUERIDO.

ANTES, PORÉM, DEMONSTRAREMOS O TERCEIRO INDÍCIO DE

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA SURGIDO EM INSTRUÇÃO JUDICIAL E QUE O

EXMO. SENHOR ALEXANDRE MELZ NARDES NOVAMENTE FECHOU OS

30

OLHOS PORQUE ATRAPALHARIA SEU DESIDERATO DE TENTAR PREJUDICAR

O DELEGADO MÁRIO FANTON.

2.3. TERCEIRO INDÍCIO DE DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA

CONTRA O REQUERIDO

Já dissemos aqui que, em relação à suposta violação de sigilo para o

preso ANDRÉ ILÁRIO VARGAS no dia 10/04/2015, só estavam na viatura em que a

conversa teria ocorrido, o preso, o policial da “lava jato” WILIGTON GABRIEL

PEREIRA e o requerido MÁRIO FANTON.

Portanto, as citações que o Procurador da República ALEXANDRE

MELZ NARDES faz das testemunhas DANIEL GOUVÊA TEIXEIRA e MAURÍCIO

MOSCARDI GRILLO são para tentar reforçar a tese que criou de tentar incriminar o

requerido, pois ambos não estavam na viatura em que ocorreu a conversa, não a

ouviram e só sabem dela por aquilo que ouviram falar em rodas de fofocas 14

(quatorze) dias após o requerido denunciar os Delegados IGOR ROMÁRIO DE

PAULA, ROSALVO FERREIRA FRANCO, MÁRCIO ADRIANO ANSELMO e o

próprio MAURÍCIO MOSCARDI GRILLO à Corregedoria Geral da Polícia Federal por

fraudarem à operação “lava jato” e provocarem uma nulidade nela.

Neste contexto, a relevância máxima das provas se dá ao testemunho

de WILIGTON GABRIEL PEREIRA, ANDRÉ ILÁRIO VARGAS e ao interrogatório do

requerido MÁRIO FANTON.

Já provamos no tópico anterior que WILIGTON GABRIEL PEREIRA

não merece crédito algum porque nos mesmos termos de depoimentos que prestou

no inquérito policial que apurou os fatos da violação de sigilo disse que o Delegado

MÁRIO FANTON devassava o sigilo em outra oportunidade ao preso ADIR ASSAD,

exemplificando vários detalhes do que teria sido dito de sigiloso e ele mesmo depois

31

desmentiu que o Delegado MÁRIO FANTON estivesse dividindo espaço no carro

com o preso e com o policial da “lava jato” MÁRIO NUNES GUIMARÃES JÚNIOR.

O que restou de relevante e imparcial, por fim,foi o testemunho de

ANDRÉ ILÁRIO VARGAS.

Em sede policial observamos que ANDRÉ ILÁRIO VARGAS negou

todos os detalhes que WILIGTON GABRIEL PEREIRA disse ter sido falado, mas

verifica-se que ele não assinou o termo de depoimento e em Juízo esclareceu o

porquê daquela conduta: QUE TINHA SIDO COAGIDO PELO DELEGADO DA

INVESTIGAÇÃO CRIMINAL A INCRIMINAR O REQUERIDO MÁRIO FANTON.

Senão vejamos:

Evento 121, minuto 7’06", vídeo 5 – André Vargas: “...E, e esse não,

esse era um senhor, deve tá aí, deve tê aí o nome dele, que tentou

coletar meu depoimento. Aí ele me perguntou se eu já tinha

conversado... eu dei uma declaração, mas estranhamente ele não

avisou a minha advogada. ESTRANHAMENTE ELE NÃO AVISOU

A MINHA ADVOGADA, QUAL QUE ERA O OBJETIVO DAQUILO.

PORQUE ERA NATURAL QUE SE FOSSE COLHER

DECLARAÇÃO, QUE TIVESSE OBJETIVO E EU NÃO FUI

INFORMADO E POR ISSO É... NÃO CONVALIDEI AQUELE

TERMO DE DECLARAÇÃO... PORQUE, É, ME SENTI

ABSOLUTAMENTE USADO, ME PARECE... OU... ALGUMA

DESAVENÇA INTERNA LÁ, ALGUMA COISA,

Evento 121, minuto 1’11", vídeo 6 – A defesa pergunta: “O senhor

falou anteriormente, no início do seu depoimento, e me chamou

bastante a atenção palavras como: ‘não havia uma boa-fé’, ‘o senhor

se sentiu usado’, ‘o senhor foi chamado para depor num assunto que

o senhor acreditava que era sobre o seu processo e não era’.

32

Quando o senhor chegou para depor sobre essas situações, o

senhor sentiu que estava sendo induzido a responder certas

perguntas? “É, em meio, em meio ao depoimento eu senti que não

se tratava de uma...não se tratava de uma... nem mesmo

averiguação de eventuais irregularidades é, da..., da..., do Ministério

da Agricultura, que eu não teria nada mais a dizer também. Eu senti

que se tratava de uma investigação sobre o Delegado Fanton e que,

e que eu tava no meio de uma, hã... é..., E FAZENDO PERGUNTAS

NO SENTIDO DE INDUZIR PARA QUE EU AFIRMASSE ESSA,

ESSA, NESSA LINHA. Então eu não senti, lógico, senão eu teria

avisado minha advogada, porque a coisa mais natural, você vai ouvir

alguém, ainda mais alguém preso, que já tá respondendo, é, mais

tudo bem, é, eu não posso fazer julgamento de valor e, mas

realmente eu não tinha claro nem o objetivo e não tava

acompanhado de minha advogada.”

Evento 121, minuto 02’32", vídeo 6 – Indagado pela defesa quais

teriam sido suas impressões pessoais ao depor? respondeu: “NÃO

FOI ALGO NATURAL, até porque eu fui inquirido em vários

processos, respondo ações, sei quando tô sendo inquirido, ouvi as

testemunhas dos meus casos e nós sabemos como é que elas são

tratadas. AGORA, NO, NO ÂMBITO DA INVESTIGAÇÃO, NO

ÂMBITO ALI DAQUELE DEPOIMENTO, REALMENTE FOI ALGO

FORA DA CURVA.”

Evento 121, minuto 03’27", do vídeo 6 – Indagado pela defesa: “Se

haveria qualquer interesse da sua parte em proteger, de alguma

maneira, o Delegado Fanton, que foi a pessoa que inclusive

procedeu, é, diligenciou para prendê-lo? Haveria qualquer interesse

do senhor em ajudá-lo? Resposta de André Vargas: OLHA, EU,

EU, EU, EU NUM GOSTO DE POLÍCIA. NÃO SEI PORQUE, MAS

NÃO, NÃO GOSTO. Não é que, há situações que envolve a polícia

33

normalmente são situações tensas, situações com... e essa foi uma

das situações mais tensas. ENTÃO EU NÃO TENHO MOTIVO

NENHUM NEM PARA PROTEGÊ-LO NEM PRA ATACÁ-LO,

PORQUE EU ACHO QUE CADA UM CUMPRE SUAS FUNÇÕES."

ANDRÉ ILÁRIO VARGAS disse ao Juiz Marcos Josegrei da Silva que

não assinou seu termo de depoimento em fase policial porque se sentiu coagido

pelo Delegado do feito (SEVERINO MOREIRA) a incriminar o Delegado MÁRIO

FANTON com afirmações preconcebidas para simplesmente dizer SIM ou NÃO. Ele

notou que havia algo de errado e era no sentido de prejudicar o Delegado MÁRIO

FANTON, pois sua advogada foi até impedida de assistir a audiência.

Tal conduta dantesca e criminosa passou desapercebida aos olhos do

Exmo. ALEXANDRE MELZ NARDES, principalmente ao soma-la aos diversos

indícios de denunciação caluniosa contra o requerido e sem contar o mais

importante, que ANDRÉ ILÁRIO VARGAS nega item por item das afirmações

incriminadoras da testemunha WILIGTON GABRIEL PEREIRA.

Ou o Exmo. Procurador ALEXANDRE MELZ NARDES é um

profissional sem compromisso com a lei e a Justiça ou age no cumprimento de seu

dever por sentimento ou interesse pessoal escuso, porque prefere perseguir a

condenação de um inocente que não há uma prova para incrimina-lo do que

incriminar todos que até aqui já citamos com farto material probatório.

2.4. TERCEIRO INDÍCIO DE DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA

CONTRA O REQUERIDO

OS INDÍCIOS DE DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA SÃO TANTOS QUE

GRITAM NO PAPEL, MAS NÃO CONSEGUEM ATINGIR QUEM SE FAZ DE

SURDO E CEGO.

34

Mas os indícios de "fabricação" de depoimentos não é isolada nos

depoimentos como informado por ANDRÉ ILÁRIO VARGAS, pois o próprio

WILIGTON GABRIEL PEREIRA foi bastante seguro em dizer que prestou só um

depoimento em fase policial e que teria sido perante a delegada TÂNIA MARIA

MATOS FERREIRA FOGAÇA.

Evento 121, vídeo 2, minuto 12'34" - Perguntado pelo MPF, de

que depois teria sido ouvido novamente após mandar a

informação (notícia crime), pelo Dr. Severino, respondeu: "Não,

eu não fui ouvido. Não, eu fui ouvido. Não, Não, eu não me lembro

de ter sido ouvido. Eu fui ouvido pela delegada TÂNIA, que é da

COAIN de Brasília, na questão do, da, da informação com relação

ao preso de São Paulo, que a senhora acabou de ler o nome dele, o

Adir Assad."

É importante esclarecer que WILIGTON GABRIEL PEREIRA prestou

uma notícia crime sobre os fatos no dia 12/05/2015(Inquérito Policial - Evento 1,

NOT_CRIME2, Pág. 7 dos autos eletrônico ou fls. 10 dos autos físico), depois

prestou um depoimento perante o delegado SEVERINO MOREIRA (Delegado que

tentou constranger ANDRÉ VARGAS) no dia 18/05/2015 (Inquérito Policial - Evento

2, DEPOIM_TESTEMUNHA2, Pág. 2, fls. 23 dos autos físico), e foi ouvido pela

delegada TÂNIA MARIA MATOS FERREIRA FOGAÇA, em acareação, sobre a

controvérsia envolvendo ADIR ASSAD (Inquérito Policial - Evento 156, INQ1, Página

19 dos autos eletrônico ou fls. 417 dos autos físico) e, por último, foi ouvido em Juízo

(Ação Penal - Evento 121, Vídeo 2 e 3).

A negativa de WILIGTON GABRIEL PEREIRA ter prestado um

depoimento em fase judicial que não fosse com a Delegada Tânia Fogaça tem

correlação exatamente com a percepção que o M.M. Juiz Marcos Josegrei teve na

sentença, aonde descreveu a discrepância do teor do conteúdo da notícia crime

apresentada por WILIGTON GABRIEL na data de 12/05/2015 e seu depoimento

35

extremamente detalhado prestado na data de 18/05/2015. Senão vejamos o que

disse sua Excelência:

Sentença Absolutória - página 8, parágrafo segundo - "Bem se vê

que, embora no depoimento prestado na fase de inquérito

policial a testemunha tenha sido totalmente assertiva sobre os

assuntos abordados na conversa objeto da denúncia nestes autos,

seu depoimento em Juízo mais se assemelha à notícia-crime

por ele subscrita no que toca à ressalva de que estaria dirigindo e

que, devido a isso, apenas ouviu partes das conversas - o que indica

certa imprecisão no relato do que foi ouvido- e a menção a

'interceptação telefônica' sobre a qual o réu teria conversado com

André Vargas." (g.n.)

Vendo os detalhes não encontrando lógica entre si, bem como a

enorme quantidade de dados que WILIGTON GABRIEL PEREIRA e MÁRIO NUNES

sustentaram quanto à uma possível violação de sigilo a ADIR ASSAD, o que foi

negado, in totum, pelas testemunhas RICARDO RODOLFO BORN e pelo próprio

ADIR ASSAD, inclusive havendo retratação póstuma (após dois anos) de WILIGTON

GABRIEL PEREIRA, sobre a condição básica de existência do crime (o preso e o

apelado ocuparem o mesmo carro), TUDO LEVA A CRER SE TRATAR DE UMA

INVESTIGAÇÃO ARDILOSAMENTE "FABRICADA" PARA INCRIMINAR

TERCEIRO INOCENTE.

Tais fatos não se isolam, mas reforçam a tese da existência de um

conluio quando observamos que o próprio ANDRÉ ILÁRIO VARGAS denunciou em

Juízo ter notado uma possível confabulação fraudulenta de evidências quando foi

depor em sede policial, pois se sentiu usado, proibido de avisar sua advogada do

ato, e induzido a criar situações em depoimento que incriminassem o requerido,

classificando o episódio como "algo fora da curva".

36

Só podemos concluir que os depoimentos de WILIGTON GABRIEL

PEREIRA, IGOR ROMÁRIO DE PAULA, MAURÍCIO MOSCARDI GRILLO e MÁRIO

NUNES GUIMARÃES JÚNIOR foram feitos em conjunto, sem a presença do

Escrivão em alguns casos ou em todos, e com identidades de teses e riqueza de

detalhes, tudo com o objetivo de evitar CONTRADIÇÕES.

Pela experiência advocatícia, observamos ser muito comum nas

unidades policiais, principalmente em situações de excesso de trabalho e na

lavratura de autos de prisão em flagrante, que um servidor público redija apenas um

termo de depoimento e o repita para as demais testemunhas do mesmo fato, bem

como os faz pessoalmente e individualmente, sem a presença de um Escrivão,

saindo depois para coletar assinaturas na unidade policial dos não presentes. E

vemos que, no presente caso, as circunstâncias indicam que algo semelhante

ocorreu com intuito de prejudicar o apelado e fugir da verdade real.

Queremos dizer que não é normal que WILIGTON GABRIEL

PEREIRA seja contrariado in totum por RICARDO RODOLFO BORN e ADIR

ASSAD, no que tange à possível conversa violadora de 16/03/2015, sendo que

seriam testemunhas diretas do ato. E, depois, novamente, é contrariado in

totum pela testemunha ANDRÉ ILÁRIO VARGAS, que, além de ser a única

testemunha direta de um segundo fato narrado no mesmo termo de

depoimento, também revela que o Delegado presidente na fase do inquérito

policial tentou lhe induzir a incriminar o apelado.

O testemunho de WILIGTON GABRIEL PEREIRA, embora só ele tenha

presenciado a conversa, guarda coerência relativa apenas com o testemunho

indireto de outros policiais da "lava jato" (LUIZ CARLOS MILHOMEM, MÁRIO

NUNES GUIMARÃES JÚNIOR e MAURÍCIO MOSCARDI GRILLO), que não

estiveram presentes em nenhuma das conversas "violadoras" e que são de

outras lotações destacados para trabalhar exclusivamente na "lava jato" E QUE

VIRAM NO APELADO UMA AMEAÇA A TAL OPERAÇÃO, PORQUE LEVOU A

37

QUESTÃO DA ILEGALIDADE DA INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL NA CELA DE

YOUSSEF PARA SER APURADA NA CORREGEDORIA GERAL DA POLÍCIA

FEDERAL.

É de se considerar com muita relevância que a partir de 04/05/2015 o

requerido se tornou inimigo declarado de todos servidores, seja da PF e do MPF de

Curitiba, porque denunciou uma ilegalidade na cela dos presos da primeira fase da

“lava jato” que captou 12 (doze) dias de áudios ininterruptos e que vieram a fazer

delações premiadas depois. Tanto é que a sindicância 04/2015 da COGER/PF que

reapurou o episódio nunca surgiu em nenhum processo judicial e nunca foi

apreciada pelos Tribunais Superiores.

Entretanto, mesmo o M.M. Juiz Federal que sentenciou criminalmente

percebendo que houveram dois testemunhos de WILIGTON GABRIEL PEREIRA

sobre o mesmo fato e que ambos não guardavam a mesma intensidade e coerência

entre si, INDICANDO CERTAMENTE MAIS UMA PEÇA FRÁGIL NESSE CASTELO

DE FALSIDADE E DE DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA CONTRA O REQUERIDO, o

senhor Procurador da República ALEXANDRE MELZ NARDES não viu tal fato e não

tomou providências quanto a ele, porque o objetivo era perseguir e punir o suposto

inimigo da operação “lava jato” que descobriu nulidades nela e que estão

escondidas até hoje, mas estão expostas em parte nos anexos desta defesa prévia

e caso as perseguições prossigam certamente serão abordadas pelo Supremo

Tribunal Federal.

3. DO MÉRITO DA AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E DA AÇÃO

PENAL EM QUE HOUVE ABSOLVIÇÃO DO REQUERIDO – HOUVE

VIOLAÇÃO DE SIGILO A ANDRÉ ILÁRIO VARGAS?

O Procurador da República ALEXANDRE MELZ NARDES, após perder

a ação penal perante 4 (quatro) Juízes Federais, sendo um de primeiro grau e três

da turma recursal, vem, agora, perante mais um M.M. Juiz(a) Federal alegar os

38

mesmos fatos que alegou na denúncia, nas alegações finais e nas razões de

apelação ipsis literis.

De certo, seus interesses vão muito além da compreensão humana,

invadindo sua esfera psíquica de interesse e sentimento pessoal contra o requerido,

pois em primeira e segunda instância criminal foi reconhecido QUE NÃO HÁ

PROVAS DA EXISTÊNCIA DO FATO e ele repete teses e argumentos agora em

esfera cível que levaram a esta mesma conclusão. Tenta sustentar fatos

absolutamente incontroversos e assim reconhecidos por diversos Magistrados

Federais.

Certamente ele está se valendo da sorte de encontrar um novo Juízo

que analise a causa sem a profundidade devida e sem a contextualização em que

ocorreram os fatos na Polícia Federal em Curitiba no ano de 2015.

A princípio, o Exmo. ALEXANDRE MELZ NARDES sustenta que o

requerido violou os princípios da Administração Pública da legalidade, moralidade e

da lealdade merecendo, por isto, a perda do emprego, o pagamento de uma multa

de quase R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais), a perda dos direitos políticos e a

proibição de contratar com o Poder Público.

Não lhe importa a verdade e a motivação dos fatos e muito menos o

destino do requerido que sacrificou sua vida estudando após a graduação para ser

aprovado num concurso público relevante e, dentro da carreira, lotações como

Epitaciolândia/AC na fronteira com a Bolívia e Peru, sempre atuando com o maior

denodo, lealdade à Lei, à Administração Pública e sobretudo a Deus. Inclusive, é

importante mencionar que o requerido foi o único Delegado da Polícia Federal

escolhido no ano de 2009 para palestrar sobre a política antidrogas no Japão por 18

(dezoito) dias. Logo, não se trata de qualquer profissional que fica violando o sigilo

de sua investigação para presos da “lava jato” a cada momento que os vê e pelo

simples prazer de agir contrário a lei e expor o sucesso de seu trabalho ao ridículo.

39

TUDO UM COMPLETO DESPROPÓSITO E ABSURDO PARA QUEM

JÁ FOI ABSOLVIDO POR DUAS VEZES PELO MESMO FATO, SOB

FUNDAMENTO DE NÃO HAVER PROVAS DA EXISTÊNCIA DO FATO.

Tal como na denúncia, alegações finais e razões de apelação

criminais, o Exmo. ALEXANDRE MELZ NARDES repetiu que o requerido teria

violado o sigilo a ANDRÉ ILÁRIO VARGAS segundo o testemunho do policial da

“lava jato”, agora aposentado, WILIGTON GABRIEL PEREIRA. Senão vejamos item

por item da suposta violação:

a) A existência de investigação sigilosa sob sua presidência;

b) Instaurada em face de servidores do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento;

c) Que dentre os investigados estava o fiscal federal JUAREZ JOSÉ

DE SANTANA;

d) Violou o objeto da investigação sigilosa que presidia, referentes a

crimes funcionais praticados por servidores do Ministério da

Agricultura;

e) Que citou o nome de investigados como “DANIEL” (DANIEL

GONÇALVES FILHO) e “JUAREZ” (JUAREZ JOSÉ SANTANA);

f) Que teria revelado existir um informante na investigação;

g) Que revelou fatos sob a investigação como alteração de produtos

de origem animal;

h) Que revelou o recebimento de vantagens indevidas e a aquisição,

por servidor público, de várias franquias de lanchonetes Subway;

A PRINCÍPIO E DE FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA, APÓS A FASE

DE INSTRUÇÃO PROCESSUAL PENAL, A DEFESA DO REQUERIDO PROVOU

QUE A INVESTIGAÇÃO “CARNE FRACA” EM ABRIL DE 2015 POSSUÍA APENAS

TRÊS MESES DE EXISTÊNCIA E SÓ CONTINHA EM SEU INTERIOR UMA

40

COMPILAÇÃO DE DADOS PÚBLICOS DA IMPRENSA E DE PROCEDIMENTOS

ADMINISTRATIVOS INTERNOS DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA NO PARANÁ

E PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS EXTERNOS DE FISCALIZAÇÃO, ALÉM

DE DIVERSAS INVESTIGAÇÕES NA POLÍCIA FEDERAL DO PARANÁ E NO

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL DO PARANÁ SOBRE OS MESMOS FATOS E

INVESTIGADOS, TUDO SEM SIGILO, NÃO HAVENDO QUALQUER

IMPEDIMENTO DE SE FALAR DE TAIS FATOS COM QUALQUER PESSOA, POIS

ERAM MATERIALMENTE PÚBLICOS. NESTE SENTIDO SE PRONUNCIOU

INCLUSIVE O PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL:

VOTO DO RELATOR DA TR DO JEF – “Ademais, o réu noticiou

que o envolvimento de JUAREZ JOSÉ DE SANTANA e DANIEL

GONÇALVES FILHO com irregularidades ligadas à empresas do

ramo alimentício não era sigiloso por completo, considerando a

existência de inquéritos policiais não resguardados por sigilo, a

exemplo do IPL n° 362/2015 - conduzido pela Polícia Federal em

Curitiba-, sobre operações fraudulentas envolvendo o setor privado.”

NESTE SENTIDO, AINDA, FOI JUNTADO NO INQUÉRITO POLICIAL

E NA AÇÃO PENAL DA VIOLAÇÃO DE SIGILO, CÓPIA DAS MATÉRIAS DA

IMPRENSA CITANDO OS INVESTIGADOS ANTES DO INÍCIO DA INVESTIGAÇÃO

ENVOLVIDOS EM FRAUDES EM ALIMENTOS, CORRUPÇÃO NO MINISTÉRIO DA

AGRICULTURA, BEM COMO JUNTAMOS, OUTROSSIM, CÓPIA DOS

PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS DA PF E DO MPF SOBRE TAIS PESSOAS

E MESMA CONDUTA SEM SIGILO.

Diante da prova incontestável da publicidade dos fatos na imprensa e

nas instituições de investigação, o PRÓPRIO Procurador da República ALEXANDRE

MELZ NARDES assim se manifestou em Alegações Finais de Acusação:

41

Alegações Finais do MPF feita pelo Exmo. ALEXANDRE MELZ

NARDES - evento nº 127, página 9, parágrafo segundo:"Ainda

vale ressaltar que o fato de haver matéria jornalística sobre

adulteração de carne ou contra DANIEL GONÇALVES, datada de

30/08/2012 (Evento 121, Vídeo12, 13:00), ou a existência de

investigação sem sigilo sobre adulteração de carne ou sobre a

oitiva de JUAREZ em outros inquéritos, não autoriza o réu a tratar de

tais assuntos com ANDRÉ VARGAS, pois, certamente, causaria

desconfiança acerca da existência de alguma investigação sobre tais

assuntos ou pessoas." (g.n.).

Note-se Excelência, que o Procurador da República ALEXANDRE

MELZ NARDES disse na inicial da ação de improbidade administrativa que o

requerido violou o sigilo da “carne fraca”, informando ao preso ANDRÉ ILÁRIO

VARGAS que havia existência de investigação sigilosa sob sua presidência,

instaurada contra servidores do MAPA por crimes funcionais, dentre eles DANIEL

GONÇALVES FILHO e JUAREZ JOSÉ SANTANA, adulteração em produtos de

origem animal, recebimento de vantagens indevidas e um servidor público como

beneficiário de várias franquias do subway.

Porém, em sede de alegações finais de acusação, após enfrentar a

prova produzida pela defesa, de que todos estes fatos não haviam sido

mencionados pelo requerido e mesmo que se fossem não passavam de dados

públicos e notórios, o senhor ALEXANDRE MELZ NARDES reconhece que:

1- HAVIA MATÉRIA JORNALÍSTICA SOBRE ADULTERAÇÃO DE CARNE E CONTRA DANIEL GONÇALVES FILHO NO ANO DE 2012;

2- QUE HAVIA A EXISTÊNCIA DE INVESTIGAÇÃO SEM SIGILO SOBRE ADULTERAÇÃO DE CARNE OU SOBRE A OITIVA DE JUAREZ EM OUTROS INQUÉRITOS;

42

Excelência, caso o requerido tivesse conversado tais assuntos públicos

com ANDRÉ ILÁRIO VARGAS ou qualquer outra pessoa, ONDE ESTÁ O DEVER

DE SIGILO?

O próprio ALEXANDRE MELZ NARDES reconhece que os fatos são

públicos e daí vem dizer que o requerido não deveria falar deles porque poderia

despertar a atenção do interlocutor quanto à existência de uma investigação em

curso. Ressalte-se que conversar com qualquer pessoa sobre dados públicos não é

proibido por qualquer norma e o M.M. Juiz Relator da Turma Recursal foi expresso

neste sentido:

“tudo indica o diálogo visava tão somente angariar informações sobre pessoas sob investigação, no sentido de beneficiar a apuração dos fatos e não de prejudicá-la, de modo que o apelado teria conduzido a conversa de forma a não revelar fato sigiloso de cuja ciência obteve em razão do desempenho do cargo público” (g.n.)

Conforme já mencionamos, o Delegado MAURÍCIO MOSCARDI

GRILLO, que foi denunciado pelo requerido por crimes na condução da “lava jato”,

foi quem presidiu a investigação “carne fraca” antes do requerido e depois dele até o

fatídico dia em que deflagrou a operação e deu entrevista dizendo que a carne

brasileira tinha papelão, carne putrefata, substância cancerígena, etc. e causou um

problema econômico de proporções internacionais.

Pois bem, o Delegado MAURÍCIO MOSCARDI GRILLO noticiou o

requerido por violação de sigilo, mas ele sabia que haviam diversos inquéritos

policiais sem sigilo sobre corrupção no MAPA na PF de Curitiba e em outras cidades

do Paraná, envolvendo os mesmos investigados da “carne fraca”, fraude em

alimentos, etc. e disse que quando assumiu a investigação após a saída do

requerido tratava de dados da “carne fraca” com muita naturalidade com a imprensa

ou interessados, pois desviava a conversa para outros inquéritos sobre a mesma

43

matéria e mesmos investigados SEM SIGILO na PF de Curitiba e do Paraná.

Senão vejamos seu relato sobre isso:

Minuto 4"02", do vídeo 9, Evento 121 - ..."eu consegui deflagrar a

operação é, TINHAM OUTROS INQUÉRITOS PARECIDOS COM,

COM A OPERAÇÃO CARNE FRACA NO ÂMBITO DA POLÍCIA

FEDERAL. ENTÃO, EVENTUAIS QUESTIONAMENTOS QUE

EXISTIRAM POR PARTE DE ALGUNS INVESTIGADOS A GENTE

DIRECIONOU PRA COMO SE FOSSE PRA OUTROS, OUTROS,

INQUÉRITOS pra que a gente não pudesse ter é, é, dúvida sobre

a operação carne fraca"

A pergunta que se faz é: SE O DELEGADO MAURÍCIO MOSCARDI

GRILLO PODIA CONVERSAR SOBRE A “CARNE FRACA” COM QUALQUER

PESSOA ENCAMINHANDO A CONVERSA PARA INQUÉRITOS ANÁLOGOS

SEM SIGILO, O DELEGADO MÁRIO FANTON, COMO PRESIDENTE DA

INVESTIGAÇÃO NA OCASIÃO, NÃO PODERIA FAZER ISSO, POIS ESTARIA

VIOLANDO O SIGILO, MESMO HAVENDO INQUÉRITOS ANÁLOGOS COM

MESMOS SUSPEITOS SEM SIGILO? Fica evidente o interesse e o sentimento

pessoal do Procurador da República nesta situação porque o requerido descobriu

crimes na condução da “lava jato” que podem responsabilizar Delegados e

Procuradores da República.

Vejamos agora o que disse o interlocutor ANDRÉ ILÁRIO VARGAS

sobre a percepção de haver uma investigação em curso e sobre detalhes ditos por

WILIGTON GABRIEL PEREIRA como sigilosos, do tipo dono de franquia do subway

sendo investigado, existência de interceptação telefônica, promessa de benefício

com Sérgio Moro em caso de colaboração, etc. Elencaremos cada item esboçado

pelo Exmo. Procurador da República ALEXANDRE MELZ NARDES na inicial e

confrontaremos com o depoimento de ANDRÉ ILÁRIO VARGAS.

44

Antes informamos que o depoimento de ANDRÉ ILÁRIO VARGAS em

sede policial, por estar sem assinatura e ante o fato dele ter se sentido coagido pelo

Delegado do feito a incriminar o requerido, deverá ser analisado a título de

informante.

TRECHOS DA PETICÃO INICIAL DE IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA QUE TERIAM SIDO VIOLADOS

a) A existência de investigação sigilosa sob sua presidência;

b) Instaurada em face de servidores do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento;

POSIÇÃO DE ANDRÉ ILÁRIO VARGAS - DEPOIMENTO

FASE JUDICIAL - minuto 3'03"- vídeo 5 - Evento 121 -"...NUNCA

me informou sobre nenhuma investigação QUE ESTARIA

HAVENDO AQUI SOBRE O MINISTÉRIO DA

AGRICULTURA.NUNCA me informou, NUNCA foi objetivo em

relação a isso"

FASE JUDICIAL - minuto 13'30"- video5 - Evento 121 -"MAS

NÃO HOUVE NENHUMA INFORMAÇÃO, É... NENHUM TIPO DE

AFIRMAÇÃO DO DR. FANTON QUE ELE ESTAVA FAZENDO

UMA INVESTIGAÇÃO,"

FASE JUDICIAL - minuto 16'30" - vídeo 5 - Evento 121 -"EM

NENHUM MOMENTO ESSA INFORMAÇÃO VAZOU NÉ... ENTÃO,

PORTANTO, ELA NÃO TINHA ESSA COMPLEXIDADE, ESSA

IMPRESSÃO ...EU NÃO SAÍ DA CONVERSA COM O DR.

45

FANTON COM A IMPRESSÃO DE QUE ELE ESTAVA FAZENDO

UMA INVESTIGAÇÃO."

c) Que dentre os investigados estava o fiscal federal JUAREZ JOSÉ

DE SANTANA;

d) Que citou o nome de investigados como “DANIEL” (DANIEL

GONÇALVES FILHO) e “JUAREZ” (JUAREZ JOSÉ SANTANA)

e) Violou o objeto da investigação sigilosa que presidia, referentes a

crimes funcionais praticados por servidores do Ministério da

Agricultura;

f) Que teria revelado existir um informante na investigação;

POSIÇÃO DE ANDRÉ ILÁRIO VARGAS - DEPOIMENTO

FASE JUDICIAL -minuto 5'55" - vídeo 5 - Evento 121 -"...mas

NADA QUE INDICASSE QUE ELE ERA O INVESTIGADOR”

FASE JUDICIAL - minuto 3'10" - vídeo 5 - Evento 121 -

...PERGUNTOU SE EU CONHECIA O JUAREZ DO MINISTÉRIO

DA AGRICULTURA. Eu disse que conhecia, porque sou

deputado federal da cidade, eu fui vereador, fui deputado

estadual, é..., em relação ao JUAREZ eu falei pra ele que é, pra

mim, que era uma pessoa de bem, não ouvia reclamações dele.

FASE POLICIAL - fls 42 (autos eletrônico) e 43 (autos da PF) ,

Evento 18, DESP1, "...QUE RELATIVAMENTE AO JUAREZ, O

DPF FANTON FOI NEUTRO"

46

FASE JUDICIAL -minuto 5'08" - vídeo 5 - Evento 121 -"...Depois,

é..., ele me perguntou do DANIEL, se eu conhecia o DANIEL,

DANIEL acho que GONÇALVES, acho que é esse o nome"

FASE JUDICIAL - minuto 5'55" - vídeo 5 - Evento 121 -“Foram

essas duas perguntas e que eu me lembre assim mais um ou

outro comentário, mas NADA QUE INDICASSE QUE ELE ERA O

INVESTIGADOR ou um... talvez um levantamento de

informações e tal...e nisso ficou.”

FASE JUDICIAL -minuto 13" - vídeo 5- Evento 121 -"O ÚNICO

TEMA NOSSO FOI O TEMA DA IMPRESSÃO QUE EU TINHA EM

RELAÇÃO A ESSAS DUAS PESSOAS E PONTO FINAL... AO

DANIEL E AO JUAREZ"

FASE JUDICIAL - minuto 13'30"- video5 - Evento 121 -"MAS

NÃO HOUVE NENHUMA INFORMAÇÃO, É... NENHUM TIPO DE

AFIRMAÇÃO DO DR. FANTON QUE ELE ESTAVA FAZENDO

UMA INVESTIGAÇÃO,"

FASE JUDICIAL - minuto 16'30" - vídeo 5 - Evento 121 -"EM

NENHUM MOMENTO ESSA INFORMAÇÃO VAZOU NÉ... ENTÃO,

PORTANTO, ELA NÃO TINHA ESSA COMPLEXIDADE, ESSA

IMPRESSÃO ...EU NÃO SAÍ DA CONVERSA COM O DR.

FANTON COM A IMPRESSÃO DE QUE ELE ESTAVA FAZENDO

UMA INVESTIGAÇÃO."

FASE POLICIAL - Processo 5023524-16.2015.4.04.7000/PR,

Evento 18, DESP1, Página 41 dos autos eletrônico ou fls. 43 dos

autos do inquérito da PF,-"...QUE EM NENHUM MOMENTO O

47

DPF FANTON CITOU O NOME DE QUALQUER EMPRESA

eventualmente envolvida na conduta criminosa que estaria

ocorrendo no Ministério da Agricultura;

A questão sobre o Delegado MÁRIO FANTON, na condição de

presidente de uma investigação, em que detinha os poderes de investigação conforme o

artigo 6º do Código de Processo Penal lhe confere, fazer pergunta se conhecia duas

pessoas de identidade pública na imprensa, o M.M. Juiz Federal da “carne fraca” Marcos

Josegrei da Silva e o Juiz Presidente da Turma Recursal do JEF assim se manifestaram

na sentença absolutória e no voto absolutório:

Sentença Absolutória - "... os depoimentos colhidos em Juízo

revelam de maneira incontroversa que MARIO RENATO

CASTANHEIRA FANTON conversou com o preso investigado na

Operação Lava-Jato ANDRÉ VARGAS e formulou perguntas a ele

referentes a pessoas investigadas na Operação Carne Fraca.

Quanto ao restante, não se pode precisar com exatidão qual foi o

conteúdo do diálogo, se superficial ou detalhado, bem como se

houve menção efetiva a fato criminoso que seria objeto da

Operação."

Sentença Absolutória - último parágrafo, fls. 09 - "Outrossim, soa

verossímil a alegação do acusado de que, com as perguntas que fez

durante a viagem de Londrina a Curitiba, objetivava unicamente

obter informações sobre os investigados Juarez e Daniel, a fim de

verificar se seria possível qualificar o preso André Vargas como

testemunha, tendo em vista que, à época, o inquérito policial

referente à Operação Carne Fraca estava sob sua

responsabilidade." (g.n.)

48

Voto do M.M. Juiz Federal relator da TR do JEF – “Já, a

testemunha de defesa mostrou-se coerente, afirmando,

peremptoriamente, que durante o diálogo o acusado limitou-se à

colheita de impressões do depoente sobre as pessoas de JUAREZ

JOSÉ DE SANTANA e DANIEL GONÇALVES FILHO, mas que em

nenhum momento pressentiu que estaria em curso alguma

investigação a respeito de fatos envolvendo tais pessoas.”

g) Que revelou fatos sob a investigação como alteração de produtos

de origem animal;

h) Que revelou o recebimento de vantagens indevidas e a aquisição,

por servidor público, de várias franquias de lanchonetes Subway;

POSIÇÃO DE ANDRÉ ILÁRIO VARGAS – DEPOIMENTO

FASE JUDICIAL - minuto 0'53" - vídeo 6 - Evento 121 -"...A

defesa pergunta: se ELE REITERA QUE EM MOMENTO ALGUM

O DELEGADO FANTON CITOU O NOME DE EMPRESAS COMO

SUBWAY, SADIA, NÃO FALOU? RESPOSTA DE ANDRÉ

VARGAS: “NÃO, NENHUMA EMPRESA!”.

FASE JUDICIAL - minuto 1'05" - vídeo 6 - Evento 121 -...A defesa

pergunta: “EM ALGUM MOMENTO ELE FALOU QUE PESSOAS

ESTAVAM SOBRE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA? Resposta

de André Vargas: "NÃO"!

FASE JUDICIAL - minuto 14'11"- vídeo 5 - Evento 121 -

..."Conforme a pergunta é feita, QUANDO HÁ BOA FÉ NA

PERGUNTA, você responde, é, é uma resposta. VEJA, EM

RELAÇÃO À PROPOSTA PARA O DR. SÉRGIO MORO, É

PORQUE ME FOI PERGUNTADO, MAS NÃO FOI CITADO EM

49

NENHUM MOMENTO, NÃO SE TINHA ISSO, PERCEBE. O

Delegado que tava me perguntando, perguntou: O senhor, o

doutor Fanton ofereceu... fez uma afirmação para eu dizer sim

ou não E NATURALMENTE EU DISSE NÃO, NÉ, MAS NÃO ERA

TEMA, NÃO ERA TEMA, NÃO FOI TEMA NOSSO

Neste contexto probatório de que tudo que foi alegado pela testemunha

WILIGTON GABRIEL PEREIRA e que foi reproduzido pelo MPF em suas peças de

acusação ter sido negado ponto a ponto pelo interlocutor ANDRÉ ILÁRIO VARGAS,

o próprio MPF reconheceu em sua denúncia que a possível conduta do requerido

não causou qualquer prejuízo à investigação “carne fraca”. Senão vejamos:

TRECHO DA DENÚNCIA DO MPF: "Não se provou, até o

momento, a ocorrência de prejuízos para a investigação,

especialmente que o fiscal federal agropecuário JUAREZ JOSÉ

DE SANTANA tenha sido alertado indevidamente da existência do

Inquérito Policial, até a deflagração de sua fase ostensiva, quando

referido investigado foi preso." (g.n.)

Se JUAREZ JOSÉ DE SANTANA era investigado na “carne fraca” e se

ANDRÉ ILÁRIO VARGAS era seu amigo ou apadrinhado, seria possível ter havido

violação de sigilo por parte do requerido ao segundo e este não fazer qualquer alerta

ao primeiro que estava sendo investigado? Isso demonstra que é absolutamente

verossímil a alegação de ANDRÉ ILÁRIO VARGAS de que em momento algum teve

a impressão que o Delegado Fanton estivesse fazendo uma investigação e que

fazemos questão de enfatizar:

FASE JUDICIAL - minuto 16'30" - vídeo 5 - Evento 121 -"EM

NENHUM MOMENTO ESSA INFORMAÇÃO VAZOU NÉ... ENTÃO,

PORTANTO, ELA NÃO TINHA ESSA COMPLEXIDADE, ESSA

IMPRESSÃO ...EU NÃO SAÍ DA CONVERSA COM O DR.

50

FANTON COM A IMPRESSÃO DE QUE ELE ESTAVA FAZENDO

UMA INVESTIGAÇÃO."

Mais coerente ainda soa a interpretação do M.M. Juiz Marcos Josegrei

da Silva que analisou todas as provas colhidas em três anos e concluiu que o

Delegado Mário Fanton era o presidente da “carne fraca” e que visava de alguma

forma qualificar ANDRÉ ILÁRIO VARGAS como testemunha em sua investigação.

Repetimos o trecho da sentença:

Sentença Absolutória - último parágrafo, fls. 09 - "Outrossim, soa

verossímil a alegação do acusado de que, com as perguntas que fez

durante a viagem de Londrina a Curitiba, objetivava unicamente

obter informações sobre os investigados Juarez e Daniel, a fim de

verificar se seria possível qualificar o preso André Vargas como

testemunha, tendo em vista que, à época, o inquérito policial

referente à Operação Carne Fraca estava sob sua

responsabilidade." (g.n.)

Vejamos novamente o que disse o presidente da Turma Recursal do

JEF em seu voto absolutório:

Voto do M.M. Juiz Federal relator da TR do JEF–“No caso

examinado não há, em nenhum momento do processo,

demonstração de que o acusado teria tal intenção e por qual razão o

teria feito, ou seja, em que medida o acusado se beneficiaria com tal

atitude. Embora a motivação do delito não esteja inserida no tipo

penal, é fator relevante na avaliação da verossimilhança da

acusação. Mesmo nos tipos penais formais, como no caso, há de

haver uma motivação que dê credibilidade à acusação, enfim, de

que o acusado teria de alguma forma auferido vantagem com a

prática do delito.

51

No caso em tela, não se vislumbra tal motivação, ao contrário,

ao que tudo indica o diálogo visava tão somente angariar

informações sobre pessoas sob investigação, NO SENTIDO DE

BENEFICIAR A APURAÇÃO DOS FATOS E NÃO DE

PREJUDICÁ-LA, de modo que o apelado teria conduzido a

conversa de forma a não revelar fato sigiloso de cuja ciência obteve

em razão do desempenho do cargo público. Ademais, não é crível

admitir que o apelado, na qualidade de delegado condutor e

responsável pelas investigações, tenha procurado comprometer o

curso das apurações, tampouco que teria praticado a conduta

delituosa na presença de outro servidor público com o qual, segundo

relato do próprio réu, já havia reprovação em relação à sua conduta”

(grifo nosso)

Outra questão de pura lógica e razoabilidade é que se não houve

qualquer prejuízo à investigação conforme bem dito pelo M.M. Juiz Federal relator

da TR do JEF, muito embora o delito seja próprio, o resultado como forma de mero

exaurimento é muito pertinente para a análise do dolo delitivo, pois ninguém que

esteja com o intuito de violar sigilo de uma investigação própria que esteja

presidindo estará fazendo isso sem um propósito vinculado a um prejuízo ou, do

contrário, se trata de uma pessoa oligofrênica, o que não é o caso do requerido.

Ademais tudo que foi relatado até o momento e todas as testemunhas

arroladas pela acusação disseram, no dia dos fatos, foi que ouviram do requerido

que ele tentaria conversar com ANDRÉ ILÁRIO VARGAS com o fim de tentar ouvi-lo

como testemunha numa investigação que presidia.

Tal intenção poderia parecer uma mera desculpa insignificante se não

tivesse sido confirmada por todas testemunhas e porque só o requerido detinha o

poder de diligenciar na investigação “carne fraca”, pois ele era o seu regular

52

Delegado presidente na data dos fatos e o artigo 6º do CPP lhe dá poderes de ouvir

testemunhas.

Agora, vejamos cada depoimento sobre o dolo do requerido:

DEPOIMENTO DE ANDRÉ VARGAS ILÁRIO QUANTO AO DOLO

DISSE NA FASE POLICIAL - Autos do Inquérito - Processo 5023524-

16.2015.4.04.7000/PR, Evento 18, DESP1, Página 41 dos autos eletrônico ou fls. 42

dos autos físico.

"...QUE diante da afirmação do DPF Fanton que poderia

procurar o declarante, posteriormente OBJETIVANDO COLHER

MAIS DADOS sobre o assunto conversado, o declarante

imediatamente o informou que não queria se envolver nesta

situação, mesmo porque não dispunha de outros dados a

respeito dos fatos comentados e NEM IRIA FORMALIZAR

NENHUM DOCUMENTO, sendo que o DPF Fanton não fez

nenhuma proposta de conversar com o Juiz Sergio Moro, visando

informá-lo sobre uma eventual colaboração odo declarante

relativamente aos fatos citados."

..."QUE no decorrer das conversas o declarante indagou ao DPF

Fanton os motivos pelos quais ele estava fazendo aqueles

comentários e/ou perguntas, tendo o mesmo respondido que estava

fazendo umas averiguações e que caso se desdobrasse em uma

investigaçãoPROCURARIA O DECLARANTE PARA COLHER

MAIS DADOS" (g.n.)

53

Está absolutamente claro que o apelado propôs a ANDRÉ VARGAS

ouvi-lo novamente num termo de depoimento (DOCUMENTO), ou seja, está

expressa a intenção do apelado em conversar com ANDRÉ VARGAS para coopta-lo

como testemunha. ISSO É DOLO DE DILIGENCIAR E NÃO VIOLAR SIGILO!

O Delegado Mário Fanton, como presidente da investigação “carne

fraca” na época, poderia fazer uso do estrito cumprimento do dever legal de

diligenciar e angariar testemunhas.

NA FASE JUDICIAL - EVENTO 121 - VÍDEO 05 E 06

minuto 9’58" , vídeo 5 - Evento 121 – André Vargas, questionado

pela acusação sobre o trecho de seu depoimento, de que o DPF

Fanton teria lhe dito que estava fazendo algumas averiguações e

caso se desdobrasse numa investigação, o procuraria para colher

mais dados, respondeu: “Na verdade ele falou que estava fazendo

apenas algumas averiguações E SE EU EVENTUALMENTE

PUDESSE AJUDAR, mas como eu não podia ajudar porque eu não

tinha nenhum conhecimento objetivo em relação aqueles fatos."

DEPOIMENTO DE DANIEL GOUVÊA TEIXEIRA QUANTO AO DOLO

Muito pertinente antes de ouvir o relato de DANIEL GOUVÊA

TEIXEIRA, é ver o que o M.M. Juiz Federal relator da TR do JEF interpretou do

conjunto probatório envolvendo referida testemunha que o Exmo. ALEXANDRE

MELZ NARDES tenta usar para incriminar o requerido, mesmo sendo ela uma

testemunha indireta que não ouviu nenhum trecho da conversa com ANDRÉ ILÁRIO

VARGAS nem soube o que teria sido conversado posteriormente por relatos. A

propósito:

54

Voto do M.M. Juiz Federal relator da TR do JEF – “A testemunha

DANIEL GOUVEA TEIXEIRA afirmou que falou com o réu no dia da

prisão de ANDRÉ VARGAS; que o réu contou que iria interrogar o

preso no caminho para Curitiba; que a testemunha o alertou sobre o

vínculo entre ANDRÉ VARGAS e JUAREZ (apadrinhamento

político). ALÉM DISSO, PRESTOU INFORMAÇÃO DE QUE O

DELEGADO FANTON SEMPRE TRATOU A OPERAÇÃO

CONDUZIDA COM BASTANTE SIGILO.”

A PRÓPRIA TESTEMUNHA DANIEL GOUVÊA TEIXEIRA, QUE O

SENHOR ALEXANDRE MELZ NARDES TENTA UTILIZAR CONTRA O

REQUERIDO, AFIRMANDO QUE NO DIA DOS FATOS LHE PASSOU DADOS

SIGILOSOS PARA CONVERSAR COM ANDRÉ ILÁRIO VARGAS, DISSE QUE

NOTAVA QUE A CONDUTA DO DELEGADO MÁRIO FANTON NA CONDUÇÃO

DA INVESTIGAÇÃO ERA DE BASTANTE ZELO E SIGILO.

PERGUNTA-SE: COMO UM SERVIDOR QUE AGE DESTA FORMA

TERIA VIOLADO O SIGILO NO DIA 16/03/2015 E NO DIA 10/04/2015 PARA ADIR

ASSAD E ANDRÉ ILÁRIO VARGAS, SEM NENHUM BENEFÍCIO COMO

CONTRAPRESTAÇÃO, E COMO SE FOSSE UMA PESSOA COM PROBLEMAS

MENTAIS?

O Procurador da República viu esse trecho do depoimento de

DANIEL GOUVÊA TEIXEIRA?

NA FASE POLICIAL - Autos do Inquérito - Processo 5023524-

16.2015.4.04.7000/PR, Evento 18, DESP1, Página 39 dos autos eletrônico ou fls.

19/20 dos autos físico.

55

"QUE o DPF Fanton então lhe retornou a mensagem dizendo

que estava prendendo ANDRÉ VARGAS em sua residência em

Londrina; QUE nesse momento, o DPF FANTON solicitou o envio

da maior quantidade possível de informações relativas ao

relacionamento amistoso entre ANDRÉ VARGAS e JUAREZ JOSE

E SANTANA, POIS ANDRÉ VARGAS SERIA OUVIDO PELO DPF

FANTON NA SEMANA SEGUINTE."

FICA A PERGUNTA: OUVIR ANDRÉ VARGAS NA SEMANA

SEGUINTE EM SUA INVESTIGAÇÃO DEMONSTRA DOLO DE VIOLAR O SIGILO

OU DE DILIGENCIAR (ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL)?

NA FASE JUDICIAL - DEPOIMENTO DE DANIEL GOUVÊA TEIXEIRA

- INFORMANTE/COLABORADOR -EVENTO 121_VÍDEO01

minuto 20'20" - Pergunta da defesa para DANIEL GOUVÊA

TEIXEIRA: "Às fls. 40, no evento 18, é, aqui tá constando um

depoimento teu sobre o ânimo do delegado Fanton conversar

com André Vargas. Eu gostaria que, por favor, se isso realmente

partiu de você, que houvesse sua ratificação em relação ao que

você disse, aspas: 'Que o DPF Fanton então lhe retornou a

mensagem, dizendo que estava prendendo André Vargas em sua

residência em Londrina/PR. Que, neste momento, o DPF Fanton

solicitou o envio de maior quantidade possível de informações

relativas ao relacionamento amistoso entre ANDRÉ VARGAS e

JUAREZ JOSÉ SANTANA, POIS ANDRÉ VARGAS SERIA OUVIDO

PELO DPF FANTON NA SEMANA SEGUINTE'. VOCÊ RATIFICA?

Resposta de DANIEL: SIM, SIM

56

Defesa: Assim, essa seria, essa frase que você diz: "André

Vargas seria ouvido na semana seguinte pelo DPF Fanton".

Resposta de DANIEL: ISSO FOI O QUE ELE ME INFORMOU NA

ÉPOCA

Defesa: Sim. Então isso relata bem o ânimo do DPF Fanton

Resposta de DANIEL: Ânimo?

Defesa: A intenção, vontade, né

Resposta de DANIEL: Ah sim

Defesa: Em ouvir André Vargas

Resposta de DANIEL: Sim

Defesa: Como testemunha

Respota de DANIEL: Sim,

Defesa: Correto? E não como, com o dolo de violar o sigilo. Então

ele obtinha informações a teu respeito, o que você tinha em poder,

informações que você detinha, pra inquiri-lo em virtude do poder

dele de diligenciar no inquérito, pra poder questionar André Vargas.

INTERFERÊNCIA DO JUIZ: "Mas qual é a pergunta?

Defesa: EU QUERIA QUE ELE RATIFICASSE?

Resposta de DANIEL: SIM, MAS É ISSO MESMO

Depreende-se deste trecho do depoimento de DANIEL GOUVÊA

TEIXEIRA, em que ele informa que o requerido lhe disse, por conversa de

WhatsApp, no momento em que estava com ANDRÉ VARGAS no interior da viatura,

que queria informações sobre este e JUAREZ SANTANA, pois PRETENDIA OUVI-

LO (ANDRÉ VARGAS) NA SEMANA SEGUINTE, que o dolo do apelado na

conversa com ANDRÉ VARGAS era qualifica-lo como testemunha.

Ademais, como já provado nos autos da ação penal com cópia do

email, DANIEL GOUVÊA TEIXEIRA passou as informações detalhadas sobre

57

JUAREZ JOSÉ SANTANA ao requerido somente na data de 14/04/2015, ou seja, 4

(quatro) dias depois da suposta violação de sigilo, o que demonstra que a afirmação

do MPF de que o Delegado Fanton estava munido de muitas informações sigilosas

no momento da conversa com ANDRÉ ILÁRIO VARGAS é inverídica. O email está

juntado no corpo do inquérito policial - Autos do Inquérito - Processo 5023524-

16.2015.4.04.7000/PR, Evento 19, INQ4, Página 6 dos autos eletrônico ou fls. 187

dos autos físico.

DEPOIMENTO DE LUIZ CARLOS MILHOMEM QUANTO AO DOLO

NA FASE POLICIAL - Autos do inquérito - Processo 5023524-

16.2015.4.04.7000/PR, Evento 18, DESP2, Página 12fls. 92/93 dos autos físicos do

inquérito

..."QUE neste ato apresenta um pen drive sandisk onde gravou

cópia de duas telas de TELEGRAM referentes a um grupo criado

pelo DPF MARCIO ANSELMO na data da prisão de ANDRÉ

VARGAS; QUE está é uma rotina nas deflagrações das fases da

LAVA JATO".(g.n.)

Senão vejamos referidas telas de conversas do aplicativo telegram do

dia dos fatos (prisão de ANDRÉ VARGAS ILÁRIO), que reproduzimos abaixo e que

foram acostadas na versão impressa, às fls. 107/108 - Processo 5023524-

16.2015.4.04.7000/PR, Evento 18, DESP4, Página 12:

"Mario Fanton Ta falando da minha investigação q tenho e vai me ajudar Marcio Del Delefin PR KKKKK Marcio Del Delefin PR Sério? Mario Fanton

58

Sim Mario Fanton Vou ouvir ele essa semana"(g.n.)

NA FASE JUDICIAL - EVENTO 121_VÍDEO04

minuto 5"02" –“É questionado sobre o que que o Delegado Fanton

teria postado no grupo de telegram e ele respondeu que seria algo

do tipo: "Que ele tinha falado com um amigo e que esse amigo iria

ajuda-lo, mas sem citar o nome do ex-deputado André Vargas".

minuto 9'58" - Confrontado pela defesa com o teor da conversa do

telegram, CONFIRMOU A CONVERSA E O TRECHO DE QUE O

DPF FANTON IRIA OUVIR ELE ESSA SEMANA.

No minuto 9'57" - A defesa lê o trecho do que foi postado no grupo

telegram e que repetimos acimaE ELE CONFIRMOU QUE SERIA O

MESMO CONTEÚDO, OU SEJA:

59

"Mario Fanton Ta falando da minha investigação q tenho e vai me ajudar Marcio Del Delefin PR Sério? Mario Fanton Sim MARIO FANTON VOU OUVIR ELE ESSA SEMANA"(G.N.)

Se a intenção era ouvir ANDRÉ VARGAS naquela semana, estava

conversando sobre essa possibilidade, ou seja, de vir a ser uma testemunha da

investigação que presidia, HÁ O DOLO DE VIOLAR O SIGILO OU DE QUALIFICA-

LO COMO TESTEMUNHA?

DEPOIMENTO DE WILIGTON GABRIEL PEREIRA QUANTO AO DOLO

NA FASE POLICIAL - Autos do inquérito - Processo 5023524-

16.2015.4.04.7000/PR, Evento 18, DESP1, Página 22 dos autos eletrônico ou fls.

23/25 dos autos físico do inquérito, WILIGTON GABRIEL PEREIRA disse:

"Lembro ainda que FANTON DISSE QUE QUERIA OUVIR O

ANDRÉ VARGAS NESTE PROCEDIMENTO e que em troca

falaria com o Juiz (Sérgio Moro) que o mesmo estaria

colaborando com as investigações."

FASE JUDICIAL- EVENTO 121_VÍDEO 02

No minuto 12’, vídeo 2, Evento 121 - "Afirma ratificar o

depoimento que prestou em fase policial."

60

No minuto 17’27 a 47", vídeo 2 - Evento 121 -" AFIRMOU QUE O

DELEGADO FANTON TERIA PROMETIDO A ANDRÉ VARGAS

QUE FALARIA COM SÉRGIO MORO CASO COLABORASSE.

Neste ponto, O DOLO DO REQUERIDO FICA TÃO EXPRESSO PELA

ÚNICA TESTEMUNHA DIRETA DOS FATOS, que vem acompanhado da promessa

de benefício, ou seja, SE ANDRÉ VARGAS ACEITASSE SER TESTEMUNHA,

PODER-SE-IA OBTER UM BENEFÍCIO COM SÉRGIO MORO.

Embora seja inverdade a questão do benefício com Sérgio Moro,

porquanto o requerido e ANDRÉ VARGAS negaram ter existido tal promessa,

nenhum dos dois, bem como as outras testemunhas que citamos, negaram que a

intenção do requerido, divulgada por ele mesmo na época dos fatos e antes de

qualquer apuração, era de que tentaria qualificar ANDRÉ VARGAS como

testemunha em sua investigação.

Se a principal testemunha e a única direta dos fatos, disse que ouviu o

requerido dizer que iria ouvir ANDRÉ ILÁRIO VARGAS no procedimento que

presidia e, caso colaborasse, tentaria até um benefício com Sérgio Moro, QUAL O

DOLO DO REQUERIDO? É DOLO DE VIOLAR SIGILO QUE TINHA AO

CONVERSAR COM ANDRÉ ILÁRIO VARGAS?

DEPOIMENTO DE MAURÍCIO MOSCARDI GRILLO QUANTO AO DOLO

NA FASE POLICIAL - INQUÉRITO POLICIAL - (Processo 5023524-

16.2015.4.04.7000/PR, Evento 156, INQ15, Página 31 dos autos eletrônico ou 30

dos autos físico), o Delegado MAURÍCIO MOSCARDI GRILLO testemunhou:

61

"...Por mais que tivesse entendido, sob a ótica investigativa,

inadequada a abordagem realizada pelo DPF FANTON, naquela

ocasião não vislumbrei elementos suficientes que pudessem

caracterizar uma conduta típica, a ponto de gerar uma manifestação

formal à corregedoria sobre os fatos. Note-se o DPF FANTON

presidia o IPL 136/2015 ao tempo da malfadada conversa com o

preso ANDRÉ VARGAS e, por tal motivo, ERA

COMPREENSÍVEL QUE O DPF FANTON DETINHA AUTONOMIA

PARA MELHOR DIRECIONAR AS INVESTIGAÇÕES, NÃO

HAVENDO MOTIVOS PARA DESACREDITAR OS METÓDOS

EMPREGADOS, especialmente porque ele mesmo havia

sustentado que a conversa envolveu apenas 'fato público e de

domínio mundial difundido pela rede de computadores' com o

preso ANDRÉ VARGAS."

INQUÉRITO POLICIAL (Processo 5023524-16.2015.4.04.7000/PR,

Evento 2, DEPOIM_TESTEMUNHA2, Página 11 dos autos eletrônico ou fls. 32 dos

autos físico)

"QUE o depoente percebeu que O DPF FANTON FALAVA SÉRIO

QUANDO DISSE QUE ESTAVA PENSANDO EM CONVERSAR

NOVAMENTE COM ANDRÉ VARGAS SOBRE O ASSUNTO."

NA FASE JUDICIAL - EVENTO 121_VÍDEO 08 e 09

minuto 10'55" do vídeo 8 - Evento 121 - "é...preliminarmente, não

parecia nenhum fato errado, como eu já disse anteriormente,

que o Fanton teria me dito, pois ele falou que era uma conversa

aberta, como até vocês mesmos já trouxeram em representação

para a corregedoria da Polícia Federal, é, dizendo que era um

62

papo público, tudo mais, foi o que ele me disse NA ÉPOCA

sobre a situação.

...é, era uma postura dele...ele era o presidente dentro dos

autos...ele era...ele tinha autonomia para tomar decisões e não

cabia a mim fazer qualquer ingerência.

minuto 13’18" do vídeo 8 - Evento 121 – Pergunta: “Dr. Moscardi,

ele, o Delegado Fanton sendo o presidente da investigação

como, como o doutor mesmo falou, ELE NÃO ESTARIA

AUTORIZADO A TOMAR, OU A DILIGENCIAR, NESSE SENTIDO,

NO CALOR DOS FATOS, PARA ANGARIAR ALGUMAS

INFORMAÇÕES QUE VIESSEM A COLABORAR

PROPRIAMENTE PARA A INVESTIGAÇÃO QUE ESTAVA SENDO

REALIZADA? “

“Eu acho que desde que ele não expusesse a investigação pra

uma pessoa que pudesse levar os fatos é, pro criminoso

principal da operação, ELE ATÉ PODERIA.

... SE FOI DOLOSO OU NÃO FOI DOLOSO O ATO DELE, É

OUTRA SITUAÇÃO. Só tô falando meu, minha posição naquele

momento foi pedir apuração e a corregedoria é que decidiu

efetivamente se o fato era ou não típico a ponto de instaurar uma,

um inquérito.

minuto 15’17" do vídeo 8 - Evento 121 – PERGUNTA: “MAS TODA

INFORMAÇÃO QUE CHEGOU AO DOUTOR, O SENHOR SOUBE

ATRAVÉS DO WILLIAN GABRIEL?”

63

“NÃO, eu soube através do Igor E ATRAVÉS DO PRÓPRIO

FANTON, QUE ELE COMUNICOU QUE TERIA CONVERSADO

COM O... e também do próprio colaborador, o DANIEL

GONÇALVES que me passou informações que ele teria recebido

do... DANIEL GOUVÊA, que passou informações que teria recebido

do Fanton.”

minuto 08’30" do vídeo 9 - Evento 121 – Pergunta: O DP Fanton me

auxilia aqui. Na realidade a tem o documento, inclusive é o seu

termo de depoimento, que foi da data de 18 de maio, que justamente

alguém fez esse questionamento que eu estava lhe fazendo, QUE O

DEPOENTE PERCEBEU QUE O DP FANTON FALAVA SÉRIO

QUANDO DISSE QUE ESTAVA PENSANDO EM CONVERSAR

NOVAMENTE COM ANDRÉ VARGAS SOBRE O ASSUNTO."

O delegado MOSCARDI afirmou com clareza que a intenção do

requerido em conversar com ANDRÉ VARGAS era qualifica-lo como testemunha,

INCLUSIVE VIA TAL ATO COMO NORMAL, pois ele era o presidente da

investigação e tinha autonomia para melhor dirigi-la.

PORTANTO, TODAS AS TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO

DISSERAM CLARAMENTE QUE O REQUERIDO CONVERSOU COM ANDRÉ

ILÁRIO VARGAS SEM VIOLAR QUALQUER SIGILO E COM A INTENÇÃO DE

OUVI-LO COMO TESTEMUNHA EM SUA INVESTIGAÇÃO QUE PRESIDIA.

QUAL É A CONDUTA ANORMAL OU IMPROBA NESTE FATO?

Neste momento, novamente transcrevemos o voto do M.M. Juiz

Federal relator da TR do JEF, que foi acompanhado por mais dois outros M.M.

Juízes Federais integrantes da Turma Recursal. A saber:

64

Voto do M.M. Juiz Federal relator da TR do JEF - “Além disso, trata-se de crime doloso, ou seja, deve a acusação fazer prova também da deliberada intenção do agente em violar o sigilo funcional. No caso examinado não há, em nenhum momento do processo, demonstração de que o acusado teria tal intenção e por qual razão o teria feito, ou seja, em que medida o acusado se beneficiaria com tal atitude. Embora a motivação do delito não esteja inserida no tipo penal, é fator relevante na avaliação da verossimilhança da acusação. Mesmo nos tipos penais formais, como no caso, há de haver uma motivação que dê credibilidade à acusação, enfim, de que o acusado teria de alguma forma auferido vantagem com a prática do delito. NO CASO EM TELA, NÃO SE VISLUMBRA TAL MOTIVAÇÃO, AO CONTRÁRIO, AO QUE TUDO INDICA O DIÁLOGO VISAVA TÃO SOMENTE ANGARIAR INFORMAÇÕES SOBRE PESSOAS SOB INVESTIGAÇÃO, NO SENTIDO DE BENEFICIAR A APURAÇÃO DOS FATOS E NÃO DE PREJUDICÁ-LA, DE MODO QUE O APELADO TERIA CONDUZIDO A CONVERSA DE FORMA A NÃO REVELAR FATO SIGILOSO de cuja ciência obteve em razão do desempenho do cargo público. Ademais, não é crível admitir que o apelado, na qualidade de delegado condutor e responsável pelas investigações, tenha procurado comprometer o curso das apurações, tampouco que teria praticado a conduta delituosa na presença de outro servidor público com o qual, segundo relato do próprio réu, já havia reprovação em relação à sua conduta.” (grifo nosso)

CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O DOLO DO APELADO

Pela análise de todos testemunhos acima, inclusive tais pessoas foram

arroladas pela acusação, bem como pelo relato do M.M. Juiz Federal a quo e M.Ms.

Juízes Federais ad quem, houve unanimidade de que a intenção do apelado em

conversar com ANDRÉ VARGAS ILÁRIO, na data dos fatos, era qualifica-lo como

testemunha em sua investigação.

Observe-se que a revelação de que o requerido pretendia ouvir

ANDRÉ ILÁRIO VARGAS como testemunha se deu em tempo real com os fatos e

de forma espontânea. Não surgiu como justificativa póstuma ao início da

investigação.

65

DANIEL GOUVÊA TEIXEIRA disse que soube disso no momento em

que o requerido estava na viatura com o preso e teria lhe pedido dados para poder

manter uma conversa com o mesmo, pois o ouviria como testemunha na semana

seguinte.

LUIZ CARLOS MILHOMEM apresentou na investigação a tela de

conversa de grupo de telegram do dia da prisão, onde consta, em momento real, o

requerente dizendo para os membros do grupo que ouviria ANDRÉ VARGAS

em sua investigação.

WILIGTON GABRIEL foi no mesmo sentido, incluindo que a tentativa

de qualificação de ANDRÉ VARGAS como testemunha, pelo que ouviu no carro,

veio acompanhada do incentivo de se buscar um benefício legal com o M.M. Juiz

Sérgio Moro.

MAURÍCIO MOSCARDI GRILLO, hoje um grande desafeto do apelado

pela questão da denúncia contra si sobre a interceptação ambiental SEM

AUTORIZAÇÃO JUDICIAL na cela de ALBERTO YOUSSEF, também disse que o

requerido revelou, na época dos fatos e de forma espontânea, que pretendia ouvir

ANDRÉ VARGAS em sua investigação e acredita que fosse lícito assim agir, pois

era o presidente da investigação e detinha autonomia para dirigir seus trabalhos.

É bom que se diga que a informação de que o requerido pretendia

ouvir ANDRÉ VARGAS como testemunha em sua investigação "carne fraca" ganha

excepcional contundência, porque só mesmo ele tinha a exclusividade de assim

proceder, uma vez que estava formalmente na presidência da investigação e detinha

poderes legais para ouvir ou angariar a testemunha que entendesse conveniente.

Logo, a justificativa de tentar cooptar ANDRÉ ILÁRIO VARGAS como

testemunha só é válida porque o requerido detinha condições jurídicas (presidente

da investigação "carne fraca") para assim proceder. Se qualquer outro acusado

alegasse tal fato, não soaria verossímil.

66

Portanto, apenas com a prova de ausência de dolo delitivo já é

suficiente para provar que não existiu qualquer conduta criminosa, anormal ou

IMPROBA. Neste sentido a doutrina é clara.

"Note-se que, dependendo do elemento subjetivo do agente, ou seja,

de sua finalidade, a qualificação jurídica do crime muda

completamente (crime doloso, crime culposo ou crime

preterdoloso).Não se pode, à vista disso, desconhecer que a

finalidade, o dolo e a culpa estão na própria conduta.

...Descobriu-se, assim, a finalidade, como elemento inseparável da

conduta. Sem o exame da vontade finalística não se sabe se o fato é

típico ou não." (CAPEZ, Fernando, Direito Penal Parte Geral, 6ª

edição, 2000, Complexo Jurídico Damásio de Jesus, pág. 74)(g.n.)

Por conseguinte, fica provado que a acusação, tanto em âmbito

criminal como civil, jamais prosperou, devendo a presente ação de improbidade

administrativa ser rejeitada de plano, sem recebimento da petição inicial.

Com efeito, ficou evidente por todo conjunto probatório que o requerido

Delegado MÁRIO RENATO CASTANHEIRA FANTON atuou com a máxima

discrição e zelo, pois ANDRÉ VARGAS disse nunca ter notado que estivesse na

condução de uma investigação.

Seu objetivo foi o de tentar angariar uma testemunha para a

investigação que presidia, consistindo o ato no estrito cumprimento de seu dever

legal muito aquém de uma conduta improba ou violadora de princípios para com a

Administração Pública. Neste sentido a sentença absolutória:

SentençaAbsolutória - fls. 10, parágrafos primeiro e segundo:

..."Assevero também, que, à míngua da comprovação no curso da

instrução de qualquer finalidade escusa, não haveria sentido que o réu

- Delegado de Polícia Federal e, portanto, conhecedor de seus deveres

funcionais - assumisse o risco deliberado de dolosamente prejudicar a

67

investigação que ele próprio conduzia à época revelando

indevidamente fatos sigilosos ao preso conduzido. (g.n.)

4. DA EXTINÇÃO DO FEITO PELO ARTIGO 935 DO CÓDIGO CIVL

PRELIMINARMENTE, CONFORME JÁ DITO, A PRESENTE AÇÃO DE

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA É UMA REPRODUÇÃO IDÊNTICA DA AÇÃO

PENAL MOVIDA PELO PROCURADOR DA REPÚBLICA EXMO. ALEXANDRE

MELZ NARDES NA 14ª VARA FEDERAL, INCLUSIVE TUDO SENDO UMA

REPETIÇÃO DA PEÇA DE DENÚNCIA, DE ALEGAÇÕES FINAIS E DAS RAZÕES

DE APELAÇÃO, SOBRE FATOS QUE JÁ SE TORNARAM INCONTROVERSOS

DIANTE DA VERDADE REAL.

É IMPORTANTE INFORMAR QUE O REQUERIDO FOI ABSOLVIDO

NA AÇÃO PENAL COM BASE NO ARTIGO 386, INCISO II, DO CPP E FOI

ABSOLVIDO POR UNANIMIDADE NA TURMA RECURSAL NA DATA DE

04/07/2018, MANTENDO-SE OS MESMOS FUNDAMENTOS E DISPOSITIVOS DA

SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU.

PORTANTO, EM SEDE PENAL, O REQUERIDO FOI ABSOLVIDO

DUAS VEZES, POR QUATRO MAGISTRADOS FEDERAIS DIFERENTES, POR

FALTA DE PROVAS DA EXISTÊNCIA DO FATO.

ASSIM SENDO, INVOCAMOS O TEOR DO DISPOSITIVO DO

ARTIGO 935 DO CÓDIGO CIVIL, QUE ASSIM ESTABELECE:

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal,

não se podendo questionar mais sobre a existência do

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fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões

se acharem decididas no juízo criminal. (grifo nosso)

SEGUNDO SE DEPREENDE DE REFERIDO DISPOSITIVO,

QUANDO A EXISTÊNCIA DO FATO FOR DISCUTIDA EM SEDE DE JUÍZO

CRIMINAL NÃO É CABÍVEL MAIS QUE SE DISCUTA EM SEDE CIVIL.

EM SEDE CRIMINIAL, CUJA SENTENÇA E VOTO DO RELATOR DA

TURMA RECURSALQUE JUNTAMOS EM ANEXO, O M.M. JUIZ FEDERAL

MARCOS JOSEGREI DA SILVA E A TURMA RECURSAL ABSOLVERAM O

REQUERIDO POR FALTA DE PROVAS DA EXISTÊNCIA DO FATO.

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL APELOU E A TURMA

RECURSAL MANTEVE A ABSOLVIÇÃO DO M.M. JUIZ MARCOS JOSEGREI EM

SUA INTEGRALIDADE, SOB FUNDAMENTO DE NÃO HAVER PROVAS DA

EXISTÊNCIA DO FATO.

PORTANTO EXCELÊNCIA, 4 (QUATRO) JUIZES FEDERAIS, DE

PRIMEIRO E SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO, JÁ DECIDIRAM EM SEDE

PENAL SOBRE A NÃO EXISTÊNCIA DO FATO.

DESTA FEITA, A PRESENTE AÇÃO DE IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA NÃO É CABÍVEL POR FALTA DE UMA DAS CONDIÇÕES DA

AÇÃO, QUE É A POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO E A PRESENÇA DOS

EFEITOS DA COISA JULGADA, DEVENDO SER REJEITADA DE PLANO E

EXTINTA.

NÃO TEM CABIMENTO SE REDISCUTIR EM SEDE DE AÇÃO CIVIL

DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA UMA CAUSA DE PEDIR QUE JÁ FOI

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REPETIDA NA DENÚNCIA, NAS ALEGAÇÕES FINAIS E NAS RAZÕES DE

APELAÇÃO CRIMINAL E QUE RESTOU IMPROCEDENTE PELA FALTA DE

PROVA DA EXISTÊNCIA DO FATO.

ADMITIR TAL ESPÉCIE DE DEMANDA SERIA UM DESERVIÇO AO

PODER JUDICIÁRIO TENDO QUE TER DE APRECIAR CAUSAS JÁ JULGADAS

EM PRIMEIRA E SEGUNDA INSTÂNCIA CRIMINAL E QUE RECONHECERAM

QUE NÃO HÁ PROVAS DA EXISTÊNCIA DO FATO.

COM EFEITO, PEDIMOS A EXTINÇÃO LIMINAR DA PRESENTE

AÇÃO COM A REJEIÇÃO DA INICIAL, TUDO SOB FUNDAMENTO DO ARTIGO

935 DO CÓDIGO CIVIL.

5. DAS CONCLUSÕES FINAIS E DO PEDIDO

Diante do conjunto probatório reconhecido pelo M.M. Juiz Federal de

primeira instância e por três Juízes Federais de segunda instância, ficou claro que o

requerido conversou com ANDRÉ ILÁRIO VARGAS com o intuito de ouvi-lo como

testemunha em sua investigação, o que foi um ato positivo e não negativo, além de

que tomou todos os cuidados para não revelar qualquer sigilo.

Não houve qualquer prova de que o fato existiu porque a única coisa

que se provou foi que o requerido perguntou se o interlocutor conhecia JUAREZ

SANTANA e DANIEL GONÇALVES FILHO e isso não despertou qualquer atenção

em ANDRÉ ILÁRIO VARGAS de que o requerido estivesse conduzindo uma

investigação e muito menos sigilosa.

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Os fatos demonstraram de forma inconteste que WILIGTON GABRIEL

PEREIRA e MÁRIO NUNES GUIMARÃES JÚNIOR praticaram denunciação

caluniosa contra o requerido envolvendo suposta conversa com ADIR ASSAD no dia

16/03/2015, pois provou-se que sequer o requerido conversou ou ocupou o mesmo

veículo de ADIR ASSAD. Logo, os detalhes sigilosos revelados pelas duas

testemunhas foram obtidos de forma fraudulenta para incriminar inocente e isso

deve ser investigado e punido, sobretudo porque o presidente anterior da

investigação era o Delegado MAURÍCIO MOSCARDI GRILLO que sabia do objeto

da investigação e queria se vingar do requerido por ter sido denunciado pelo mesmo

no escândalo da interceptação ambiental SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL na cela de

ALBERTO YOUSSEF e outros.

Quanto à suposta conversa do requerido com ANDRÉ ILÁRIO

VARGAS, provou-se ser mais uma denunciação caluniosa porque este negou item

por item do que foi dito por WILIGTON GABRIEL PEREIRA, inclusive que teria sido

dito haver interceptação telefônica, o que o próprio M.M. Juiz Federal de primeiro

grau rechaçou, informando que a interceptação telefônica surgiu quase um ano após

os fatos.

A questão é séria e preocupante porque ficou evidente que o

Procurador da República ALEXANDRE MELZ NARDES fechou os olhos para

detalhes criminosos importantíssimos referentes aos Delegados noticitantes e as

testemunhas incriminadoras arroladas pelos mesmos. Sem sombra de dúvidas, seria

o caso de condenação dos tais por denunciação caluniosa e falso testemunho.

Mas o Exmo. ALEXANDRE MELZ NARDES escolheu o caminho

impossível, que era tentar condenar o requerido MÁRIO FANTON por violação de

sigilo num contexto probatório todo contraditório e criacionista, não havendo que se

falar jamais em improbidade administrativa.

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A atitude de referido Procurador somente evidenciou o contexto de

perseguição e retaliação que o requerido vive com inúmeros processos infundados

da mesma espécie porque foi testemunha de diversos crimes envolvendo uma

interceptação ambiental sem autorização judicial na cela dos presos ALBERTO

YOUSSEF, PAULO ROBERTO COSTA e outros da primeira fase da operação “lava

jato”, inclusive pelo fato de se iniciar um inquérito policial para perseguir

testemunhas inocentes de tais crimes mediante uma informação falsa do Delegado

IGOR ROMÁRIO DE PAULA fundamentada em dados repassados pelos

PROCURADORES DA REPÚBLICA ATUANTES NA LAVA JATO EM CURITIBA.

INFORMAMOS que anexamos, a cópia da denúncia, das alegações

finais de acusação, das razões de apelação de acusação e de defesa, bem como de

todos os anexos que acompanharam as contrarrazões de defesa, onde se

encontram todos os documentos provando a interceptação ambiental SEM

AUTORIZAÇÃO JUDICIAL na cela de ALBERTO YUSSEF, PAULO ROBERTO

COSTA e outros presos, bem como da interceptação ambiental SEM

AUTORIZAÇÃO JUDICIAL no segundo andar da PF de Curitiba, sem contar o mais

importante, as principais peças do inquérito 737/2015 que demonstraram ser uma

outra denunciação caluniosa provocada por IGOR ROMÁRIO DE PAULA e suas

fontes PROCURADORES DA REPÚBLICA DA LAVA JATO ao se confrontar com a

sindicância 04/2015 da COAIN/COGER/PF sobre o grampo ilegal na “lava jato”.

Enviaremos por correios as mídias digitais integrais da sindicância

04/2015 e 05/2015 da COGER/PF, onde contém perícia dos áudios ilícitos das celas

dos presos da “lava jato”, depoimento em vídeo dos executores da medida

confessando o ato, depoimentos em vídeo dos superiores hierárquicos de DALMEY

FERNANDO WERLANG negando a ordem de instalação num contexto de evidentes

indícios contrários, como a própria e presente ação penal também se mostra uma

criação criminosa dos mesmos Delegados de Curitiba envolvidos em tais ilícitos.

72

O que não foi juntado como anexo, está com a devida referência ao

Evento e item do Processo Criminal ou do Inquérito Policial, pois ficaria impossível

recarregar todas as peças de tais procedimentos no EPROC novamente.

O depoimento de ANDRÉ ILÁRIO VARGAS nós fizemos do dowload do

processo criminal e o upload para os presentes autos por ser a maior fonte de todas

as provas. Portanto, as referências ao depoimento de referida testemunha advém do

processo criminal, mas estarão também disponíveis como anexo dos presentes

autos certamente com uma referência diferente, mas com mesmo conteúdo e

minutos cada vez que for citado.

Nestes Termos,

1- Pedimos seja rejeitada liminarmente a petição inicial de

improbidade administrativa com base no artigo 935 do Código Civil;

nos efeitos da coisa julgada material; e nas absolvições pelo

mesmo fato em sede criminal em primeira e segunda instância

contra o requerido, uma vez que já se tornaram incontroversos;

2- Sejam os autos, com todas suas peças, remetidas à Procuradoria

Geral da República em sua Corregedoria Geral e ao Conselho

Nacional do Ministério Público para apurar os crimes de

prevaricação em não apurar as denunciações caluniosas

identificadas, ao menos a de 16/03/2015, envolvendo conversa com

ADIR ASSAD; os crimes de denunciação caluniosa dos

Delegados de Polícia Federal noticiantes e das testemunhas da

“lava jato” por eles arregimentadas e para apurar ato de

improbidade administrativa de divulgar à imprensa denúncia sobre

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inquérito policial sigiloso e ainda não apreciada pelo Poder

Judiciário1;

3- Caso não seja rejeitada liminarmente a presente ação, requeremos

o julgamento antecipado da lide face o objeto ter se tornado

incontroverso em sede penal, bem como a condenação da União

em custas e honorários sob o valor da causa corrigido e em

litigância de má-fé, nos termos do artigo 80, inciso I, e 81, do

Código de Processo Civil. Caso Vossa Excelência entenda

diferente, protestamos pela produção de provas por todos os meios

em direito admitidos. A saber:

“Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou

fato incontroverso;

Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o

litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a

um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido

da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que

esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com

todas as despesas que efetuou.” (g.n.)

Esperamos deferimento.

Bauru/SP, 16 de junho de 2018.

MICHEL DAVID ASCKAR OAB/SP 16.533

Daniel 6:4 da Bíblia Sagrada: “Então os príncipes e presidentes procurando achar ocasião contra

Daniel a respeito do reino mas não podiam achar culpa alguma; porque ele era fiel e não se achava

nele vício ou culpa.” ...”Até aqui nos ajudou o Senhor”.

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ELIOENA ASCKAR FANTON OAB/SP 213.884

EDUARDO DAVID ASCKAR OAB/SP 151.017