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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM - ES O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, por seu Promotor de Justiça, com fundamento nos arts. 129, II, da Constituição Federal e art. 1º, IV, da Lei 7.347, de 24.07.85 (Lei de Ação Civil Pública) e pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos, cumpre propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA

EXCELENTÍSSIOMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE … · Web viewOra, sendo a expedição e registro do diploma ato indissociável da conclusão do curso, a cobrança de uma prestação adicional,

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM - ES

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, por seu Promotor de Justiça, com fundamento nos arts. 129, II,

da Constituição Federal e art. 1º, IV, da Lei 7.347, de

24.07.85 (Lei de Ação Civil Pública) e pelos motivos de

fato e de direito a seguir expostos, cumpre propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

em face da FUNDAÇÃO EDUCACIONAL VALE DO ITAPEMIRIM – FEVIT, conhecida como FDCI - FACULDADE DE DIREITO DE CACHOEIRO DE

ITAPEMIRIM, CNPJ 03.715.369/0002-50, com domicílio na Rua

Mário Imperial, 56, Caixa Postal 14, Bairro dos

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Ferroviários, nesta cidade, pelos fatos e fundamentos

jurídicos que passará a expor:

I) LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O vigente texto constitucional confere legitimidade ao

Ministério Público para zelar pelo efetivo respeito dos

Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos

direitos assegurados na Constituição, promovendo as medidas

necessárias a sua garantia; ao mesmo tempo, assegura, como

função institucional, a promoção da ação civil pública para

a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente

e de outros interesses difusos e coletivos (artigos 127 e

129, II e III, C.F.):

“Art. 127 - O Ministério Público é

instituição permanente, essencial à

função jurisdicional do Estado,

incumbindo-lhe a defesa da ordem

jurídica, do regime democrático e dos

interesses sociais e individuais

indisponíveis.

(...)”

“Art. 129 - São funções

institucionais do Ministério

Público:

(...)

II - zelar pelo efetivo respeito dos

Poderes Públicos e dos serviços de

relevância pública aos direitos

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assegurados nesta Constituição,

promovendo as medidas necessárias a

sua garantia;

III - promover o inquérito civil e a

ação civil pública, para a proteção

do patrimônio público e social, do

meio ambiente e de outros interesses

difusos e coletivos;

(...)”

Ampliando a previsão constitucional, a Lei nº

8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), dispõe em seu

artigo 81 e parágrafo único, que a defesa dos interesses e

direitos dos consumidores pode ser exercida individual ou

coletivamente, entendendo-se dentre estes últimos, além dos

interesses coletivos e difusos, também os interesses ou

direitos individuais homogêneos - decorrentes de origem

comum (inc. III). A mesma lei, outrossim, atribui ao

Ministério Público a legitimidade para ajuizar as ações

Art. 81 - A defesa dos interesses e

direitos dos consumidores e das

vítimas poderá ser exercida em juízo

individualmente, ou a título

coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva

será exercida quando se tratar de :

(...)

III - interesses ou direitos

individuais homogêneos, assim

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entendidos os decorrentes de origem

comum.

Art. 82 - Para os fins do artigo 81,

parágrafo único, são legitimados

concorrentemente:

I - o Ministério Público;

(...)

Art. 91 - Os legitimados de que trata

o artigo 82 poderão propor em nome

próprio e no interesse das vítimas ou

seus sucessores, ação civil coletiva

de responsabilidade pelos danos

individualmente sofridos, de acordo

com o disposto nos artigos seguintes.

Art. 92 - O Ministério Público, se

não ajuizar a ação, atuará sempre

como fiscal da lei.

A jurisprudência é tranqüila no sentido de

aceitar o Ministério Público como legitimado para defender

interesses homogêneos difusos como o direito pleiteado na

presente ação.

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE

DOMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL E

INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.

INACOLHIMENTO. INSTITUIÇÃO PARTICULAR

DE ENSINO SUPERIOR. COBRANÇA DE TAXA

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PARA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA.

IMPOSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DA

RESOLUÇÃO 03/89 DO CONSELHO FEDERAL

DE EDUCAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO DE

TAL ENCARGO PARA O ALUNADO. ERRO

MATERIAL. CORREÇÃO PELO TRIBUNAL.

POSSIBILIDADE. RECUROS IMPROVIDOS. 1.

É sabido que a Lei n. 7.347/85 - Lei

da Ação Civil Pública cuida apenas da

tutela de interesses transindividuais

todavia, em se tratando da defesa em

juízo dos interesses transindividuais

dos consumidores, a LACP e o Código

de Defesa do Consumidor devem ser

aplicados em conjunto, pois se

complementam. 2. Há nitida relação de consumo entre as instituições particulares de ensino e seu corpo discente, sendo perfeitamente aplicável a hipótese prevista no art. 82, I do CDC, o qual legitima, concorrentemente, o Ministério Público para a defesa dos interesses e direitos dos consumidores coletivamente. (TRF 5ª R - AC 320042 - Processo: 200283000018931/PE - 2ª T

- J. 01/06/2004 - Relator(a) Petrucio

Ferreira - v.u.)

Vale destacar, também o posicionamento da

doutrina sobre o tema.

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NELSON NERY JÚNIOR: "Convém salientar que ao Ministério Público foi

conferida legitimidade para propor

ação coletiva para a defesa de

direitos individuais tratados

coletivamente (art. 81, par. único,

nº III, CDC). Muito embora essa

legitimação não esteja no art. 129,

nº III, da CF, é possível à lei

ordinária cometer outras atribuições

ao Ministério Público, desde que

compatíveis com suas finalidades

institucionais (art. 129, nº IX, CF).

As normas do CDC são, ex lege, de ordem pública e interesse social

(art. 1º, CDC). Ao definir o perfil

institucional do Ministério Público,

o art. 127, da CF, diz ser o parquet

instituição que tem por finalidade a

defesa da ordem jurídica, do regime

democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. A

categoria jurídica dos direitos e

interesses individuais homogêneos foi

delineada no CDC posteriormente à

Constituição Federal. Assim, o

ajuizamento, pelo Ministério Público,

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de ação coletiva para a defesa de

direitos individuais homogêneos

tratados coletivamente está em

perfeita consonância com suas

finalidades institucionais, sendo

legítima a atribuição, ao Ministério

Público, dessa legitimidade para

agir, pelos arts. 81 e 82, do CDC, de

conformidade com os arts. 127 e 129,

nº IX, da CF." (cf. "Código brasileiro de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto", Forense Universitária, 1992, pág. 627).

KAZUO WATANABE: "Foi a relevância

social da tutela a título coletivo dos

interesses ou direitos individuais

homogêneos que levou o legislador a

atribuir ao Ministério Público e a

outros entes públicos a legitimação

para agir nessa modalidade de demanda

molecular, mesmo em se tratando de

interesses e direitos disponíveis" (cf.

pág. 511; em sentido semelhante: JOÃO BATISTA DE ALMEIDA, "A Proteção Jurídica do Consumidor", São Paulo,

Saraiva, 1993, pág. 156).

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Por fim, há que se considerar que os interesses

defendidos na presente ação referem-se à educação, extrema

e cuidadosamente tratada pela Constituição Federal e

legislação ordinária, já que, como é cediço, é a base para

o desenvolvimento humano, social e econômico, sendo direito

diretamente ligado à cidadania e à formação e

desenvolvimento individuais(dignidade).

II – DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL

A presente demanda versa sobre a cobrança de uma

“taxa” para a confecção de diploma pelo réu, correspondente

ao valor de R$120,00 (cento e vinte reais), exigindo,

também, a “taxa” de R$40,00 (quarenta reais) para a

confecção do certificado de estágio, e, ainda, exige que os

formandos paguem a “taxa” de registro do diploma (R$30,00 –

trinta reais) em favor da UFES. A soma das referidas

“taxas” totaliza o valor de R$190,00 (cento e noventa

reais).

Insta ressaltar que o valor exigido é para benefício

exclusivo do réu, ou seja, não é destinado a União ou

qualquer entidade federal.

Sendo assim, por não serem valores que deveriam ser

destinados à União, inexiste razão para o processamento e

julgamento pela Justiça Federal. Até porque a matéria da

presente demanda não é referente a delegação do serviço,

pois versa sobre um descumprimento de contrato e de uma

prática abusiva na seara do Consumidor.

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O fato de um serviço prestado pela instituição de

ensino descumprir normas do Código de Defesa do Consumidor

e resoluções do Conselho Federal de Educação não tem o

condão de atribuir a condição de ré para a União. Não há

prova de que a União foi omissa no seu dever de fiscalizar.

O rol de competência do art. 109 da CRFB é taxativo e

não inclui que necessariamente os serviços delegados pela

União farão com que todas as causas envolvendo os

delegatários (serviços delegados) serão de competência da

Justiça Federal.

É evidente, todavia, que se no curso da causa a União

manifestar interesse na condição de assistente poderá

ocorrer a alteração da competência.

Contudo, não há que se presumir tal interesse, até

porque é a União que tem que se manifestar se possui ou não

interesse jurídico na causa.

Como ré, a União só figuraria no pólo passivo se

ficasse devidamente comprovada a omissão no dever de

fiscalizar, mas não foi o que ocorreu no caso em tela.

Deve-se ressaltar que a lesão aos direitos individuais

homogêneos ficou adstrita a relação contratual e

consumerista entre alunos e a Faculdade de Direito, não

existindo qualquer ato direto da União, ou uma vantagem

direta ou indireta deste ente federativo com a ilegalidade

que se questiona na presente demanda.

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Por outro lado, é sabido que a Constituição da

República (art. 207) criou a autonomia universitária, de

modo que possuam independência administrativa e na gestão financeira.

É óbvio que está autonomia não é absoluta, devendo

seguir parâmetros delineados por nossas leis (Código de

Defesa ao Consumidor, entre outras) e pelas Resoluções do

Conselho Nacional de Educação.

Por existir esta autonomia administrativa a

responsabilidade judicial pelos atos praticados é um

corolário lógico da mesma, já que não se pode imaginar uma

autonomia sem a conseqüente responsabilidade. Não há que se

vincular necessariamente a União sempre que uma instituição

de ensino superior for parte na demanda, também em razão da

referida autonomia estabelecida no art. 207 da Constituição

da República.

Vale mencionar, ainda, que o Supremo Tribunal Federal

têm interpretado literalmente o art. 109 da CRFB (rol

taxativo de competência da Justiça Federal). Assim sendo,

até mesmo concessionárias de serviço público federal e

Sociedades de Economia Mista não são processadas e julgadas na Justiça Federal, salvo se comprovado interesse jurídico

da União:

"Sobre a competência, está

pacificado o entendimento de que não

havendo interesse jurídico da União

Federal no feito, como no presente

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caso, em se tratando de empresa

concessionária de serviço público e

particular, a competência é da

Justiça Estadual, v.g., AI 388.982-

AgR, 1º-10-2002, 2ª T., Velloso; e RE

210.148, 5-5-1998,1ª T., Gallotti."

(AI 607.035-AgR, voto do Min.

Sepúlveda Pertence, julgamento em 12-

12-06, DJ de 9-2-07). No mesmo

sentido: AI 597.052-AgR, Rel. Min.

Sepúlveda Pertence, julgamento em 2-

3-07, DJ de 23-3-07; AI 650.085-AgR,

Rel. Min. Celso de Mello, julgamento

em 19-6-07, DJ de 5-10-07.

Por fim, em caso semelhante, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro reconheceu a competência da Justiça Estadual para julgar o feito, tanto que decidiu da seguinte forma:

Apelacao Civel. Declaratoria.

Autonomia universitaria. Reconhecendo

o insubstituivel papel da

universidade criada e mantida pela

iniciativa privada, o legislador

constituinte a consagrou no texto da

Carta Politica, ao lado das

instituicoes mantidas pela iniciativa

estatal. A ideia de autonomia

financeira da universidade privada há

de compreender a liberdade de fixacao

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das mensalidades, anuidades, taxas ou

contribuicoes, sem o que se

inviabilizam a autonomia da gestao

financeira e a propria sobrevivencia

da instituicao. Licitude na cobranca

das mensalidades escolares acrescidas

das cominacoes legais. Diploma de conclusao de curso e identidade estudantil isentos de taxas por estarem seus custos inseridos na anuidade escolar. Onus sucumbenciais. Inteligencia do paragrafo unico, do

art. 21, do CPC. Acao procedente em

parte. Sentenca confirmada. Apelos

desprovidos. (PCF) (1990.001.03539 - TJ-RJ – 8ª Câmara Cível - Rel. Des.

Celso Guedes – Julgamento 19/03/1992)

Cumpre destacar, ainda, que no caso em tela a FDCI -

Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim possui

natureza de fundação pública municipal, criada pela Lei Municipal 4955/2000, não, sendo, portanto, de natureza privada.

Ademais, trata-se de uma instituição que visa a

prestação de um serviço público relevante, a educação.

Sendo assim, por força do art. 39-A, III, “f”, c/c art. 63,

III, “b” e “e”, da Lei Complementar Estadual nº 234/02, a

competência pertence ao MM. Juiz da Fazenda Pública Municipal da comarca de Cachoeiro de Itapemirim/ES.

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III - DOS FATOS

No dia 03/12/2007 alunos da Faculdade de Direito de

Cachoeiro de Itapemirim compareceram na Promotoria de

Justiça irresignados com a cobrança de um valores para a

confecção do diploma e registro do mesmo, além da cobrança

de uma “taxa” de certificado de estágio.

Verificando que os valores cobrados não tinham

fundamento contratual e legal, o Ministério Público expediu

a Recomendação Administrativa nº 004/2007 para o fim de

buscar um solução extrajudicial ao caso.

Embora alertada sobre a ilegalidade, o réu preferiu

alegar que a atribuição é do Ministério Público Federal e

não se comprometeu expressamente a restituir os valores

pagos e a não cobrá-los dos alunos.

Vale ressaltar os formandos se sentem injustiçados com

a referida cobrança, pois contribuíram pelo menos 05

(cinco) anos para o réu com o fim de ao final obterem os

diplomas. No entanto, sem qualquer embasamento jurídico e

contrariando resoluções do Conselho Federal de Educação, o

réu decidiu cobrar “taxas” para confeccionar o diploma e

registrá-lo, além de cobrar uma taxa para o certificado de

estágio.

Veja que até mesmo o registro do diploma está sendo

cobrado pela faculdade, determinando que os alunos paguem

um boleto bancário em favor da UFES, referente a taxa para

registro do diploma.

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Assim, caso o aluno se negue ao pagamento das

referidas “taxas”, não terão direito ao diploma e este não

será devidamente registrado junto ao órgão federal com

atribuição para tanto.

IV - FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A) Da existência de norma federal que proíbe a cobrança de

taxa para a expedição e registro de diploma

Inicialmente, temos que todos os cursos ministrados

pelo réu são remunerados por seus alunos em contraprestação

pelos serviços prestados. Dentre esses, inserem-se as aulas

ministradas e todos os demais serviços inerentes ao

objetivo último do aluno, qual seja, graduar-se e obter o

almejado diploma, com o seu respectivo registro no órgão

oficial competente.

É certo que as faculdades dispõem e oferecem aos

discentes outros serviços como transferência, xerox, 2ª via

de documentos, expedição de cartões magnéticos para acesso

ao sistema informatizado da instituição, entre outros, que

podem ser remunerados pelos alunos. Por óbvio, todos estes

serviços podem ser cobrados e estão dentro do âmbito da

autonomia universitária prevista no art. 207 da CRFB.

Todavia, entende-se como abusiva a cobrança da taxa para expedição e registro do diploma de conclusão do curso, pois tal situação encontra-se proibida por normas federais como serão abaixo transcritas.

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Em relação a esse tema, tinha-se a Resolução nº 1, de

14 de janeiro de 1983, editada pelo antigo Conselho Federal

de Educação, hoje Conselho Nacional de Educação, que

dispunha:

Resolução nº 01, de 14 de janeiro de

1983 - Disciplina a cobrança de

encargos educacionais nas

instituições escolares do sistema

federal de ensino.

Art. 1º - A fixação e o reajuste dos

encargos educacionais correspondentes

aos serviços de educação prestados

pelas instituições vinculadas ao

sistema federal de ensino, de todos

os níveis, ramos e graus, inclusive

de suprimento ou suplência e

quaisquer outros correspondentes,

serão estabelecidos nos termos desta

Resolução, tendo em vista o disposto

no Decreto-Lei nº 532, de 16 de abril

de 1969.

Art. 2º Constituem encargos

educacionais de responsabilidade do

corpo discente:

I - a anuidade;II - a taxa;

III - a contribuição.

§ 1º A anuidade escolar, desdobrada em duas

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semestralidades, constitui a

contraprestação pecuniária

correspondente à educação ministrada

e à prestação de serviços a ela

diretamente vinculados, como a

matrícula, estágios obrigatórios,

utilização de laboratórios e

biblioteca, material de ensino de uso

coletivo, material destinado a provas

e exames, 1ª via de documentos para

fins de transferência, de

certificados ou diplomas (modelo oficial ) de conclusão de cursos, de

identidade estudantil, de boletins de

notas, de cronogramas, de horários

escolares, de currículos, e de

programas.

§ 2º A taxa escolar remunera, a

preços de custo, os serviços

extraordinários efetivamente prestados ao corpo discente como a 2ª

chamada de provas e exames,

declarações, e de outros documentos

não incluídos no § 1º deste artigo,

atividades extra-curriculares

optativas, bem como os estudos de

recuperação, adaptação e dependência,

prestados em horários especiais com

remuneração específicas para os

professores.

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§ 3º A contribuição escolar remunera

os serviços de alimentação, pousada e

transporte e demais serviços não

incluídos nos parágrafos anteriores,

efetivamente prestados pela

instituição.

Tal Resolução foi modificada pela Resolução nº 03/89,

também do Conselho Federal de Educação, que substituiu os

termos “anuidade” por “mensalidade” constantes do artigo 4º da Resolução 01/83 e suprimiu o termo “diploma” do

parágrafo primeiro, ficando com a seguinte redação:

‘Resolução nº 03, de 13 de outubro de

1989 - Disciplina a cobrança de

Encargos Educacionais nas

Instituições do Sistema Federal de

Educação

Art. 4º Constituem encargos

educacionais de

responsabilidade de corpo discente:

I – a mensalidadeII – a taxa

III – a contribuição.

§ 1º A mensalidade escolar constitui a contraprestação pecuniária

correspondente à educação ministrada

e à prestação de serviços a ela

diretamente vinculados como

matrícula, estágios obrigatórios,

utilização de laboratórios e

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biblioteca, material de ensino de uso

coletivo, material destinado a provas

e exames, de CERTIFICADOS DE CONCLUSÃO DE CURSOS, de identidade estudantil, de boletins de notas,

cronogramas, de horários escolares,

de currículos e de programas.

§ 2º A taxa escolar remunera, a

preços de custo, os serviços

extraordinários efetivamente prestados ao corpo discente como a

segunda chamada de provas e exames,

declarações, e de outros documentos

não incluídos no § 1º deste artigo,

atividades extracurriculares

optativas, bem como os estudos de

recuperação, adaptação e dependência

prestados em horários especiais com

remuneração específica para os

professores.

§ 3º A contribuição escolar da

instituição remunera os serviços de

alimentação, pousada e transporte e

demais serviços não incluídos nos

parágrafos anteriores.

Art. 11 - É vedada qualquer forma de

arrecadação

paralela obrigatória de receita.

Art. 13 - A instituição de ensino

devolverá ao aluno

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qualquer valor cobrado em excesso ou

em desacordo com esta Resolução ou

decisão do Conselho Federal de

Educação.

Parágrafo único. A devolução de que

trata este art.

observará o mesmo critério

estabelecido no art. 7º da presente

Resolução1.

A jurisprudência, com o advento da Resolução nº 03/89

(que, como visto, dentre outras coisas suprimiu o termo

“diploma” do parágrafo primeiro do artigo 4º), firmou

entendimento no sentido de que os custos com o diploma

sequer deveriam ser arcados pelos alunos através de sua

“diluição” nas mensalidades, mas sim, exclusivamente, pela

instituição educadora:

MANDADO DE SEGURANÇA. ENSINO

SUPERIOR. EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA.

CONDICIONAMENTO AO PAGAMENTO DE TAXA.

RESOLUÇÃO 03/89 DO CONSELHO FEDERAL

DE EDUCAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO DE

TAL ENCARGO PARA O ALUNADO. 1. Com o

advento da Resolução 03/89 do

Conselho Federal de Educação revogou-

se a Resolução 01/83, instrumento no

qual constava, claramente, que a

anuidade - encargo de

responsabilidade do aluno - já

englobava as despesas de emissão de

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diploma. Ocorre que a novel Resolução

03/89 além de modificar a

nomenclatura de anuidade para

mensalidade, excluiu a expressão " diploma", pelo que se conclui que a expedição de tal documento passou a ser encargo exclusivo da Instituição de Ensino, não mais estando embutido na mensalidade paga pelo

universitário. 2.

Irreparável a decisão monocrática que

reconheceu aos autores o direito de

perceberem seus diplomas

independentemente do pagamento de

taxa; 3. Remessa Oficial improvida.

(TRF 5ª R - REO 88521 - Processo:

200081000222661/CE - 2ª T - J.

05/10/2004 - Relator(a) Petrucio

Ferreira)

"ADMINISTRATIVO. MANDADO DE

SEGURANÇA. ENSINO SUPERIOR. EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA. RETENÇÃO. ILEGALIDADE. EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO DE TAXAA instituição de ensino superior, por

já cobrar anuidade escolar, na qual

está incluída a primeira via de

expedição de certificados ou diplomas

no modelo oficial, não podem cobrar

taxa para expedir primeira via de

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diploma do aluno, tampouco reter a expedição do documento até pagamento

da taxa estabelecida. Remessa oficial à qual se nega provimento." (Tribunal

Regional Federal da 1ª Região, REOMS

n° 2003.36.00.013030-0/MT, rel.

Desembargadora Federal Maria Isabel

Galotti Rodrigues, Julg. 12.05.2006,

DJ 29.05.2006 p. 177, grifos

acrescidos).

“MANDADO DE SEGURANÇA. ENSINO

SUPERIOR.

EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA INDEPENDENTE DOPAGAMENTO DE TAXA. POSSIBILIDADE.A universidade privada está adstrita

ao cumprimento das normas gerais da

educação nacional. A Resolução do

Conselho Federal de Educação (Res. Nº

01/83) determinou que a expedição da

1ª via de diploma está compreendida

no valor da mensalidade paga.

Remessa oficial improvida.” (Tribunal

Regional Federal da 5ª Região, REO nº

055973-6/CE, rel. Desembargador

Federal Nereu Santos. Julg.

18.05.2000, DJ 31.07.2000, p. 672,

grifos acrescidos)

Em suma, verifica-se nitidamente que a expedição e o registro de diplomas, assim como o certificado de

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estágio, não podem ser considerados serviços extraordinários pelo réu, pois o pagamento por tais serviços já se encontram realizados nas mensalidades escolares pagas durante todo o período de graduação dos alunos.

B) Da existência de direito difuso e coletivo

Após a análise dos dispositivos legais acima, mostra-

se que a facilitada e desembaraçada diplomação dos

formandos é item público. Trazer o debate para o cenário

das regulações eminentemente privadas, a versar sobre

regras contratuais, seria sem propósito. A certificação não está atrelada ao contrato de prestação de serviços firmado entre unidade de ensino e estudante. Seu propósito é outro: permitir que o recém graduado exerça profissionalmente os conhecimentos e técnicas obtidas nos bancos acadêmicos.

É importante ressaltar também que a questão essencial

em discussão relaciona-se com educação e sempre que tal

tema estiver em destaque, presente se encontra um direito

difuso, considerando os princípios e normas que regem o

sistema de ensino no Brasil (CF, Lei nº 9.394/96 - LDB e

CDC - art. 81).

Destaque-se, também, que em decorrência de uma prática

abusiva várias pessoas sofreram um dano patrimonial

(aqueles que pagaram as “taxas”) e outros estão sendo

cobrados indevidamente para tanto, impedindo, assim, a

obtenção do diploma.

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Convém consignar que os interesses ditos individuais

homogêneos (Lei 8.078/90, art. 81, III), que se apresentam

“uniformizados pela origem comum”, a despeito de, na sua

essência remanescerem individuais, podem e até devem ser

tutelados, processualmente falando, de forma coletiva

(arts. 90 a 100 do mesmo diploma legal).

Art. 81. A defesa dos interesses e

direitos dos consumidores e das

vítimas poderá ser exercida em juízo

individualmente, ou a título

coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva

será exercida quando se tratar de:

I - interesses ou direitos difusos,

assim entendidos, para efeitos deste

código, os transindividuais, de

natureza indivisível, de que sejam

titulares pessoas indeterminadas e

ligadas por circunstâncias de fato;

II - interesses ou direitos

coletivos, assim entendidos, para

efeitos deste código, os

transindividuais, de natureza

indivisível de que seja titular

grupo, categoria ou classe

de pessoas ligadas entre si ou com a

parte contrária por uma relação

jurídica base;

III - interesses ou direitos

individuais homogêneos, assim

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entendidos os decorrentes de origem

comum.

Art. 90. Aplicam-se às ações

previstas neste título as normas do

Código de Processo Civil e da Lei n°

7.347, de 24 de julho de 1985,

inclusive no que respeita ao

inquérito civil, naquilo que não

contrariar suas disposições.

C) Da Abusividade da cobrança de taxa

A proteção conferida pelo CDC contra a abusividade de

cláusulas contratuais é suficiente para afastar em

definitivo a exigibilidade da “taxa” em comento. Dispõe o

art. 51 do referido Código:

“Art. 51 - São nulas de pleno

direito, entre outras, as cláusulas

contratuais relativas ao fornecimento

de produtos e serviços que:

(...)

IV- estabeleçam obrigações iníquas,

abusivas, que coloquem o consumidor

em desvantagem exagerada, ou sejam

incompatíveis com a boa-fé ou a

eqüidade;

(...)

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X- permitam ao fornecedor, direta ou

indiretamente, variação do preço de

maneira unilateral;

(...)

§ 1º - Presume-se exagerada, entre

outros casos, a vantagem que:

(...)

II- restringe direitos ou obrigações

fundamentais inerentes à natureza do

contrato, de tal modo a ameaçar seu

objeto ou o equilíbrio contratual;

(...)”

Ora, sendo a expedição e registro do diploma ato

indissociável da conclusão do curso, a cobrança de uma

prestação adicional, estranha às mensalidades regularmente

pagas pelo discente, restringe sobremaneira o direito

fundamental do concluinte de obter, ao final do curso e sem

ônus para tanto, o documento que, a teor do art. 48 da Lei

9394/96, atesta sua habilitação para exercer a profissão

escolhida:

“Art. 48. Os diplomas de cursos

superiores reconhecidos, quando

registrados, terão validade nacional

como prova da formação recebida por

seu titular.”

Cumpre ressaltar que a fixação do preço da “taxa” combatida nestes autos se faz unilateralmente pela instituição de ensino, implicando séria ameaça ao

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equilíbrio contratual, já debilitado ante a desigualdade

econômica existente entre as partes, caracterizando-se,

portanto, a abusividade e ilegalidade dessa cobrança.

Até porque, sequer consta no contrato do réu a

cobrança das referidas “taxas”. E mesmo se existisse a

referida previsão o art. 51 da lei 8078/90 dispõe que a

mesma seria nula de pleno direito.

D) Da restituição do valor pago indevidamente

Não seria justo permitir que o réu se beneficiasse da

prática abusiva em tela, em detrimento daqueles que com

receio de não obterem o diploma efetuaram o pagamento da

“taxas” cobradas ilegalmente.

Sendo assim, torna-se imprescindível a aplicação do

art. 42, parágrafo único, da Lei 8072/90, verbis:

“Art. 42. (...)Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à

repetição do indébito, por valor

igual ao dobro do que pagou em

excesso, acrescido de correção

monetária e juros legais, salvo

hipótese de engano justificável.”

O réu deve, portanto, restituir em dobro os valores

pagos indevidamente pelos alunos que pagaram as referidas

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“taxas”, já que ficou comprovado se tratar de uma cobrança

ilegal e abusiva.

Ainda que o Juízo não entenda aplicável o dispositivo

legal específico acima mencionado, deve-se, ao menos, ser

deferida a restituição dos valores, devidamente corrigidos

monetariamente, sob pena de se permitir um enriquecimento

sem causa, o que é expressamente vedado pelo art. 884 do

Código Civil.

V - DA MEDIDA LIMINAR

A suspensão liminar da cobrança da “taxa” de expedição

do diploma para os alunos que colarão grau ao final do

corrente ano letivo é medida necessária e urgente, tendo em

vista que o provimento tão-somente ao final da ação

compelirá vários formandos a pagar o malsinado preço.

Para tanto, temos que a prova inequívoca decorre dos

fatos narrados e comprovados pelos documentos encartados em

anexo, principalmente pela omissão da Instituição em

cumprir a Recomendação Administrativa nº 004/2007, que

determinava que o réu deveria se comprometer por escrito a

não cobrar as referidas “taxas”.

A verossimilhança da alegação exsurge dos argumentos

exaustivamente desenvolvidos nesta ação e normas

pertinentes que comprovam a ilegalidade das “taxas” em

exame.

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O fundado receio de dano irreparável ou de difícil

reparação decorre da proximidade do encerramento do ano

letivo e iminente cerimônia de colação de grau

(13/12/2007), de maneira que, não sendo concedida a

antecipação de tutela, vários concluintes serão compelidos

a pagar as “taxas” abusivas.

Ressalte-se que inexiste o perigo da irreversibilidade

do provimento antecipatório, tendo em vista que se ao final

V. Exa. entender legítima a cobrança de soma adicional para

expedição do diploma, o que se cogita por puro apego ao

debate, as instituições poderão reaver o que entendem

devido, fundamentada em decisão judicial.

Assim, presentes, os requisitos necessários à

concessão da tutela antecipada, requer o Ministério

Público, com fundamento no art. 84, § 3º do Código de

Defesa do Consumidor e no art. 12 da Lei n.º 7.347/1985:

A) a suspensão da cobrança das “taxas” para expedição do diploma (R$120,00), registro do diploma (R$30,00) e da taxa de certificado de estágio (R$40,00) de TODOS OS ALUNOS DA FDCI - FACULDADE DE DIREITO DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM, até que seja proferida a sentença de mérito, bem como daqueles

que já colaram grau mas não obtiveram, não retiraram ou não

conseguiram registrar os respectivos diplomas em razão do

não pagamento de taxa, determinando-se multa cominatória no valor de R$ 10.000,00 por aluno e por dia de descumprimento da ordem judicial, a ser revertida para o Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, gerido pelo Procon/ES.

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VI – DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO:

a) a confirmação do pedido liminar constante na alínea “a”

do item anterior, condenando o réu definitivamente à

obrigação de não fazer lá referida;

b) a citação do réu, na forma da lei, para, querendo,

contestar a presente Ação Civil Pública;

c) a condenação do réu à obrigação de não fazer consistente

em não exigir de seus concluintes, deste ano letivo e dos vindouros, as “taxas” para expedição do diploma, registro do diploma e a taxa de certificado de estágio, bem como à

obrigação de indenizar,consistente na devolução, em dobro,

de todos os valores cobrados indevidamente de todos (ex)

alunos formados, a título de taxa de expedição ou registro

de diplomas, acrescidos de correção monetária e juros

legais (parágrafo único do art. 42 do CDC), estabelecendo-

se também, para o descumprimento da decisão, multa diária a

ser quantificada por Vossa Excelência;

d) condenação da ré ao pagamento de danos morais coletivos,

a ser fixado pelo Juízo, para ser revertido ao Fundo

Estadual de Defesa do Consumidor, gerido pelo Procon/ES;

e) a intimação da União Federal para manifestar se possui interesse jurídico no feito.

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Requer-se, ainda, o julgamento antecipado da lide,

conforme art. 330, inciso I do CPC, por tratar-se de

matéria exclusivamente de direito e, caso Vossa Excelência

entenda ser necessária qualquer dilação probatória.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova

em direito admitidos.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Termos em que pede deferimento.

Cachoeiro de Itapemirim/ES, 07 de dezembro de 2007.

Cleto Vinícius Vieira Pedrollo

Promotor de Justiça