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MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR RELATOR – TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE GOIÁS
Autos n.º.........................374.670/2008Recorrente......................MINISTÉRIO PÚBLICORecorrido.......................JOSÉ RAIMUNDO LOPES DE SOUZA
RAZÕES DO RECURSO INOMINADO
Egrégio Tribunal Regional Eleitoral,
Ínclitos Julgadores,
Douta Procuradoria Regional Eleitoral,
O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, nos autos em que
o douto Juízo Eleitoral da 85ª Zona Eleitoral – Águas Lindas/GO julgou
improcedente representação instaurada para abertura de investigação judicial
eleitoral aforada pelo Parquet em face de JOSÉ RAIMUNDO LOPES DE
SOUZA, vem à presença deste Augusto Sodalício, apresentar RAZÕES AO
RECURSO INOMINADO, requerendo a reforma da decisão recorrida, pelos
fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expôr.
I. DO RELATÓRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
O Ministério Público Eleitoral apresentou representação,
acompanhada pelos documentos de fls. 06/170, para abertura de investigação
judicial eleitoral para apurar e responsabilizar condutas ilícitas supostamente
praticadas na campanha eleitoral pelo candidato JOSÉ RAIMUNDO LOPES DE
SOUZA.
Recebida a inicial, determinou-se pela r. decisão de fls. 172
a notificação do recorrido para oferecer resposta no prazo legal.
O recorrido, devidamente notificado (f. 173), apresentou
resposta às fls. 174/185, instruída com documentos às fls. 186/240.
Posteriormente, em atendimento ao r. despacho de fls. 242,
o recorrdio requereu a juntada de documentos (fls. 244/292).
O Ministério Público Eleitoral, por sua vez, requereu a
juntada de cópia da sentença proferida no respectivo processo de prestação de
contas, bem como a intimação do recorrido para informar como se deram os
gastos com pessoal, dado o valor expressivo dos gastos.
O recorrido juntou documentos às fls. 365/410 com o escopo
de atender a determinação contida no r. despacho de fls. 295.
Ademais, o Cartório Eleitoral carreou aos autos os
documentos de fls. 296/361, conforme certidão à fls. 362.
Através da decisão de fls. 430/431, determinou-se a
suspensão dos presentes autos até o julgamento do recurso interposto pela
parte demandada junto ao TRE/GO.
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
Em decisão de fls. 467, verso, deferindo-se pedido do
Ministério Público Eleitoral determinou-se a realização de exame grafotécnico
em documentos carreados aos autos.
Após juntada do laudo confeccionado, vieram os autos ao
Ministério Público Eleitoral para apresentação de alegações, o que o fez às fls.
590/600, tendo o recorrido apresentado apresentado alegações finais às fls.
606/618.
Sentença proferida às fls. 620/624.
É o relatório do essencial.
II . DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE.
Relativamente aos pressupostos prévios de admissibilidade
do recurso manejado, objetos do juízo de prelibação, verifica-se que estes
estão presentes. Com efeito, tomando-se por base a classificação tradicional
dos requisitos de admissibilidade dos recursos, constata-se que o recurso é
cabível e adequado.
O recurso é também tempestivo, haja vista que os autso
foram entregues ao Ministério Público Eleitoral somente no dia 27 de abril de
2012 (sexta-feira), sendo a segunda-feira, dia 30 de abril de 2012, ponto
facultativo decretado pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público, e dia 01
de maio de 2012, feriado relativo ao dia do trabalho.
Houve respeito à regularidade procedimental, não
havendo fatos impeditivos ou extintivos, tais como a renúncia. Ademais, há
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interesse recursal decorrente da sucumbência (não-atendimento de uma
expectativa juridicamente possível) e legitimidade..
III . MÉRITO.
Na sentença prolatada em primeiro grau, o magistrado
oficiante julgou improcedente a representação eleitoral promovida pelo
Ministério Público em face dos recorridos, fundamentando sua decisão na
argumentação de que o recorrido teve sua prestação de contas aprovadas em
sede recursal, que o laudo pericial constatou a existência de “apenas” 06 (seis)
lançamentos inautênticos, o que não excede os limites do tolerável e que a
conduta do recorrido não teve o condão de desequilibrar o pleito.
Não obstante, verifica-se que a sentença guerreada merece
reforma, pelos fatos que se passa à expôr.
Conforme se extrai da petição inicial, a presente AIJE tem
por objeto principal os seguintes aspectos: a) divergências entre a prestação de
contas parcial e final do candidato; b) utilização de recursos que não podem ser
validamente identificados por CPF ou CNPJ; c) existência de despesas
declaradas que não tramitaram na conta bancária de campanha; d)
divergências relativas a doação do candidato Donizete dos Santos; e) gastos
com pessoal.
Inicialmente, há que se consignar que, conforme
documentos de fls. 418/451, o Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Goiás,
dando provimento ao recurso impetrado, aprovou as contas do recorrido,
reformando sentença de primeiro grau, o que não se questiona, apesar de ter
sido frisado na sentença guerreada.
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Todavia, tal fato não prejudica o presente pedido de
cassação do diploma outorgado, haja vista a ocorrência de causa, cuja prova
somente se produziu de forma superveniente à decisão emanada do E.
TRE/GO, e que foi analisada de forma extremamente superficial na sentença
recorrida.
Desta feita, há que se considerar a gravidade apontada pelo
laudo pericial criminal federal de fls. 475/488 com documentos de fls. 489/552,
o qual indica a existência de recibos de prestação de serviço de campanha
eleitoral, utilizados pelo recorrido na sua prestação de contas, com assinaturas
inautênticas, vale dizer falsificadas.
Referido laudo concluiu que dos recibos utilizados pelo
recorrido para justificar gastos de campanha, “(...) alguns recibos
apresentaram inconsistências quanto aos períodos de contrato de
trabalho, números de cheques para pagamento e quanto aos nomes dos
prestadores de serviço e respectivas numeração de CPF.
Quanto aos grafismos apostos à guisa de
assinaturas/rubricas em nome dos prestadores de serviço, foi possível
realizar exames para a determinação da autenticidade em apenas 21
(vinte e um) recibos, para os quais haviam padrões gráficos para os
confrontos, tendo sido identificados 6 (seis) lançamentos inautênticos e
10 (dez) lançamentos autênticos”. (fls. 488 – original sem destaque)
Desta feita, constatou-se que o recorrido apresentou recibos
de prestação de serviço falsificados para justificar perante a Justiça Eleitoral
gastos de campanha.
Ao contrário do fundamentado na sentença recorrida, não houve “rasuras” nos recibos de despesas apresentadas. Referidos
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recibos eram inautênticos no que se refere às assinaturas. Portanto, o recorrido valeu-se de documentos falsos para a prestação de contas.
Ressalte-se que o Juízo Eleitoral de primeiro grau sequer analisou a questão referente ao uso de documentos falsos para a prestação de contas do recorrido, tendo apenas mencionado que “ao meu sentir, tais rasuras não têm o condão de prejudicar o efetivo controle das contas ...”.
Ressalta-se, todavia, que o que o douto Juízo de primeiro grau chama de “rasura”, trata-se na verdade de aposição de assinatura falsa.
Portanto, evidencia-se a ocorrência de irregularidade
operada para justificar gastos ilícitos, referentes à gastos com prestadores de
serviço, devendo-se aplicar o disposto no artigo 30-A, parágrafo 2º da lei nº
9.504/1997.
Calha, mais uma vez, salientar que a decisão emanada pelo
E. TRE/GO que aprovou as contas do recorrido, não pode obstaculizar a
cassação do diploma do candidato representado, uma vez que a prova da
falsificação de documentos utilizados na prestação de constas somente
ocorreu após a decisão emanada do E. TRE/GO, portanto, afigurando-se causa
superveniente.
Assim, a gravidade residente da falsidade das assinaturas
de recibos, o que demonstra suas inautenticidades, retira toda a validade
jurídica dos comprovantes.
Dessa forma a falsidade decorrente da divergência gritante
entre as assinaturas da mesma pessoa em relação a diversos recibos denotam
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que os valores declarados com pessoal não foram efetivamente recebidos
pelos destinatários dos recibos, o que evidencia que os recibos foram
adulterados, não se prestando para validar os gastos alegados com pessoal.
Dessa forma, o gasto com pessoal é plenamente ilícito, caracterizando grave
violação à lisura e à moralidade da campanha eleitoral.
Portanto, dada a falsidade das assinaturas nos recibos é
patente a imprestabilidade dos mesmos a comprovar os gastos com pessoal,
sendo por consequência tais gastos ilícitos.
Ademais, tal ilegalidade apresenta proporcionalidade capaz
de gerar a perda do mandato tal qual estabelecido pelo art. 30 A
Sendo de se ressaltar que a jurisprudência do E. TSE já se
manifestou que para a perda do mandato pelo 30-A basta a existência de
proporcionalidade (relevância jurídica) do ilícito praticado pelo candidato e não
da potencialidade do dano em relação ao pleito eleitoral (desequilíbrio das
eleições), ao contrário do justificado na sentença recorrida (RECURSO
ORDINÁRIO N° 1.540 - CLASSE 27ª - BELÉM – PARÁ - Publicação DJE -
Diário da Justiça Eletrônico, Data 01/06/2009, Página 25/26/27). In verbis:
“RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO
JUDICIAL ELEITORAL (AIJE) COM BASE NO ART. 22 DA
LEI COMPLEMENTAR N° 64/90 E ART. 30-A DA LEI N°
9.504/97. IRREGULARIDADES NA ARRECADAÇÃO E
GASTOS DE RECURSOS DE CAMPANHA. PRAZO PARA O
AJUIZAMENTO. PRAZO DECADENCIAL. INEXISTÊNCIA.
COMPETÊNCIA. JUIZ AUXILIAR. ABUSO DE PODER
POLÍTICO. CONEXÃO. CORREGEDOR. PROPOSITURA.
CANDIDATO NÃO ELEITO. POSSIBILIDADE.
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LEGITIMIDADE ATIVA. MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL.
POSSIBILIDADE. SANÇÃO APLICÁVEL. NEGATIVA DE
OUTORGA DO DIPLOMA OU SUA CASSAÇÃO. ART. 30-A,
§ 2o. PROPORCIONALIDADE. PROVIMENTO.
1. O rito previsto no art. 22 da Lei Complementar n° 64/90
não estabelece prazo decadencial para o ajuizamento da
ação de investigação judicial eleitoral. Por construção
jurisprudencial, no âmbito desta c. Corte Superior, entende-se
que as ações de investigação judicial eleitoral que tratam de
abuso de poder económico e político podem ser propostas
até a data da diplomação porque, após esta data, restaria,
ainda, o ajuizamento da Áção de Impugnação de Mandato
Eletivo (AIME) e do Recurso Contra Expedição do Diploma
(RCED). (REspe n° 12.531/SP, Rei. Min. limar Galvão, DJ de
1°.9.1995 RO n° 401/ES, Rei. Min. Fernando Neves, DJ de
1°.9.2000, RP n° 628/DF, Rei. Min. Sálvio de Figueiredo, DJ
de 17.12.2002). O mesmo argumento é utilizado nas ações
de investigação fundadas no art. 41-A da Lei 9.504/97, em
que também assentou-se que o interesse de agir persiste até
a data da diplomação (REspe 25.269/SP, Rei. Min. Caputo
Bastos, DJ de 20.11.2006). Já no que diz respeito às
condutas vedadas (art. 73 da Lei n° 9.504/97), para se evitar
o ROn°1.540/PA. 2 denominado "armazenamento tático de
indícios", estabeleceu-se que o interesse de agir persiste até
a data das eleições, contando-se o prazo de ajuizamento da
ciência inequívoca da prática da conduta. (QO no RO
748/PA, Rei. Min. Carlos Madeira, DJ de 26.8.2005 REspe
25.935/SC, Rei. Min. José Delgado, Rei. Designado Min.
Cezar Peluso, DJ de 20.6.2006).
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2. Não houve a criação aleatória de prazo decadencial para o
ajuizamento das ações de investigação ou representações da
Lei n° 9.504/97, mas sim o reconhecimento da presença do
interesse de agir. Tais marcos, contudo, não possuem
equivalência que justifique aplicação semelhante às
hipóteses de incidência do art. 30-A da Lei 9.504/97. Esta
equiparação estimularia os candidatos não eleitos, que por
ventura cometeram deslizes na arrecadação de recursos ou
nos gastos de campanha, a não prestarem as contas.
Desconsideraria, ainda, que embora em caráter excepcional,
a legislação eleitoral permite a arrecadação de recursos após
as eleições (Art. 19, Resolução-TSE n° 22.250/2006). Além
disso, diferentemente do que ocorre com a apuração de
abuso de poder e captação ilícita de sufrágio não há outros
instrumentos processuais - além da ação de investigação
judicial e representação - que possibilitem a apuração de
irregularidade nos gastos ou arrecadação de recursos de
campanha (art. 30-A da Lei 9.504/97). Assim, tendo sido a
ação ajuizada em 5.1.2007, não procede a pretensão do
recorrente de ver reconhecida a carência de ação do
Ministério Público Eleitoral em propor a representação com
substrato no art. 30-A da Lei n° 9.504/97. Tendo em vista que
a sanção prevista pela violação ao mencionado dispositivo
representa apenas a perda do mandato, sua extinção é que
revela o termo a partir do qual não mais se verifica o
interesse processual no ajuizamento da ação.
3. Durante o período eleitoral, os juízes auxiliares são
competentes para processar as ações propostas com fulcro
no art. 30-A da Lei n° 9.504/97 (AgR-Rep n° 1229/DF, Rei.
Min. César Asfor Rocha, DJ de 13.12.2006; RO n° 1596/MG,
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Rei. Min. Joaquim Barbosa, DJ de 16.3.2009), o que não
exclui a competência do Corregedor, pela conexão, quando a
ação tiver por objeto a captação ilícita de recursos cumulada
com o abuso de poder económico.
4. O Ministério Público Eleitoral é parte legítima para propor a
ação de investigação judicial com base no art. 30-A (RO n°
1596/MG, Rei. Min. Joaquim Barbosa, DJ de 16.3.2009).
5. A ação de investigação judicial com fulcro no art. 30-A
pode ser proposta em desfavor do candidato não eleito, uma
vez que o bem jurídico tutelado pela norma é a moralidade
das eleições, não havendo falar na capacidade de
ROn°1.540/PA. 3 influenciar no resultado do pleito. No caso,
a sanção de negativa de outorga do diploma ou sua cassação
prevista no § 2o do art. 30-A também alcança o recorrente na
sua condição de suplente.
6. Na hipótese de irregularidades relativas à arrecadação e gastos de recursos de campanha, aplica-se a sanção de negativa de outorga do diploma ou sua cassação, quando já houver sido outorgado, nos termos do § 2o do art. 30-A. No caso, o recorrente arrecadou recursos antes da
abertura da conta bancária, em desrespeito à legislação
eleitoral, no importe de sete mil e noventa e oito reais (R$
7.098,00), para a campanha de deputado estadual no Pará.
7. Não havendo, necessariamente, nexo de causalidade entre a prestação de contas de campanha (ou os erros dela decorrentes) e a legitimidade do pleito, exigir prova de potencialidade seria tornar inóqua a previsão contida no art. 30-A, limitado-o a mais uma hipótese de abuso de poder. O bem jurídico tutelado pela norma revela que o que está em jogo é o princípio constitucional da
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moralidade (CF, art. 14, dência do art. 30-A da Lei 9.504/97, necessária prova da proporcionalidade (relevância jurídica) do ilícito praticado pelo candidato e não da potencialidade do dano em relação ao pleito eleitoral. Nestes termos, a sanção de negativa de outorga do diploma ou de sua cassação (§ 2o do art. 30-A) deve ser proporcional à gravidade da conduta e à lesão perpetrada ao bem jurídico protegido. No caso, a
irregularidade não teve grande repercussão no contexto da
campanha em si. Deve-se, considerar, conjuntamente, que:
a) o montante não se afigura expressivo diante de uma
campanha para deputado estadual em Estado tão extenso
territorialmente quanto o Pará; b) não há contestação quanto
a origem ou destinação dos recursos arrecadados; questiona-
se, tão somente, o momento de sua arrecadação (antes da
abertura de conta bancária) e, consequentemente, a forma
pela qual foram contabilizados.
8. Quanto a imputação de abuso de poder, para aplicação da
pena de inelegibilidade, necessária seria a prova de que o
ilícito teve potencialidade para desequilibrar a disputa
eleitoral, ou seja, que influiu no tratamento isonômico entre
candidatos ("equilíbrio da disputa") e no respeito à vontade
popular (AG 7.069/RO, Rei. Min. Carlos Ayres Britto, DJ de
14.4.2008, RO n° 781, Rei. e. Min. Peçanha Martins, DJ de
24.9.2004). No caso, não se vislumbra que as irregularidades
na prestação de contas tenham tido potencial para influir na
legitimidade do pleito, desequilibrando a disputa entre os
candidatos e viciando a vontade popular. Assim, como a
relevância da ilicitude relaciona-se tão só à campanha, mas
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sem a demonstração da potencialidade para desequilibrar o
pleito (afetação da isonomia), não há falar em inelegibilidade.
9. Recurso ordinário provido para afastar a inelegibilidade do
candidato, uma vez que não foi demonstrada a
potencialidade da conduta para desequilibrar o pleito, e
reformar o acórdão e manter hígido o diploma do recorrido,
considerando que as irregularidades verificadas e o montante
por elas representado, não se mostraram proporcionais à
sanção prevista no § 2o do art. 30-A da Lei n° 9.504/97.
Dessa forma, o valor efetivamente gasto com pessoal não
condiz com o declarado no DRD, o que impede o controle efetivo pela Justiça
Eleitoral da regularidade da movimentação de recursos financeiros de
campanha eleitoral e confirma a realização de condutas ilícitas do recorrido.
Ocorrera o descumprimento de obrigações de natureza eleitoral, a
comprometer a confiabilidade das contas prestadas, o que enseja a
procedência da presente ação com a cassação da diplomação do recorrido.
Por fim, há que se frisar que o douto Juízo Eleitoral de
primeiro grau não analisou o pedido vertido em sede de alegações finais para se
determinasse a extração de cópia dos autos pelo Cartório Eleitoral e remessa ao
Ministério público Eleitoral para oferecimento de denúncia em virtude do ilícito
penal referente ao uso de documento falso para fins eleitorais, ao que o Parquet
Eleitoral reitera a este Egrégio tribunal Regional Eleitoral referido pedido.
Diante do exposto, pelos argumentos acima esposados, o
Ministério Público Eleitoral, por seu agente signatário, requer que a remessa
dos autos ao Egrégio Tribunal Regional Eleitoral de Goiás, e, ante o
preenchimento dos requisitos de admissibilidade, que o recurso interposto seja
CONHECIDO, e, no mérito, requer seja-lhe DADO PROVIMENTO, reformando-
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se a decisão do juízo monocrático eleitoral que julgou improcedente
representação para a abertura de investigação judicial eleitoral ajuizada pelo
Ministério Público Eleitoral, com o fito de que seja cassado o diploma do
recorrido José Raimundo Lopes de Souza, nos termos do artigo 30-A,
parágrafo 2º da Lei nº 9.504/1997.
Águas Lindas de Goiás, 02 de maio de 2012.
WALTER TIYOZO LINZMAYER OTSUKA Promotor Eleitoral