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Artigos JORGE LUÍS DE CARVALHO NINA - GESTOR COMERCIAL [email protected] "Exceptio non adimpleti contractus” INTRODUÇÃO Neste artigo trataremos da “EXCEPTIO NON ADIMPLETI CONTACTUS”, ou seja, a exceção de contrato não cumprido, assim como a possibilidade ou não do corte no fornecimento de energia elétrica por parte das concessionárias, a função social do contrato e o interesse da coletividade, os artigos 22 e 42 do Código de Defesa do Consumidor, assim como o entendimento jurisprudencial sobre o assunto em questão, e o contexto histórico da exceção do contrato não cumprido. “Contrato e a convenção, entre duas ou mais pessoas para constituir, regular ou extinguir entre elas uma relação jurídica patrimonial, incidem sobre o contrato três princípios básicos, o da autonomia da vontade, o da supremacia da ordem pública, o da obrigatoriedade do contrato, significando que o contrato faz lei entre as partes. (pacto sunt servanda).” (Führer, Cláudio, p 37) A “exceptio non adimpleti contractus” ou a exceção do contrato não cumprido está previsto no Código Civil nos artigos 476 e 477, historicamente Frederic Girard aponta Roma como o seu nascedouro. Diversamente Cassin afirma que sua origem se reporta

Exceptio non adimpleti contractus

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Exceptio non adimpleti contractus

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Artigos

JORGE LUÍS DE CARVALHO NINA - GESTOR [email protected]"Exceptio non adimpleti contractus”

INTRODUÇÃO

Neste artigo trataremos da “EXCEPTIO NON ADIMPLETICONTACTUS”, ou seja, a exceção de contrato não cumprido, assimcomo a possibilidade ou não do corte no fornecimento de energiaelétrica por parte das concessionárias, a função social do contrato eo interesse da coletividade, os artigos 22 e 42 do Código de Defesado Consumidor, assim como o entendimento jurisprudencial sobre oassunto em questão, e o contexto histórico da exceção do contratonão cumprido.

“Contrato e a convenção, entre duas ou mais pessoas paraconstituir, regular ou extinguir entre elas uma relação jurídicapatrimonial, incidem sobre o contrato três princípios básicos, o daautonomia da vontade, o da supremacia da ordem pública, o daobrigatoriedade do contrato, significando que o contrato faz leientre as partes. (pacto sunt servanda).” (Führer, Cláudio, p 37)

A “exceptio non adimpleti contractus” ou a exceção do contrato nãocumprido está previsto no Código Civil nos artigos 476 e 477,historicamente Frederic Girard aponta Roma como o seunascedouro. Diversamente Cassin afirma que sua origem se reporta

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ao direito canônico e esta última tese recebe a acolhida de SerpaLopes e Caio Mário da Silva Pereira. O direito canônico é que teriaprecisado que, em certos contratos bilaterais – os sinalagmáticos -,as prestações se vinculam não apenas no instante de sua gênese,mas também no de sua execução.

Os contratos sinalgmáticos têm obrigações correlatas, sendo ainterdependência recíproca das prestações, contendonecessariamente prestação e contraprestação, tendo ambas aspartes deveres e direitos, não há impedimento de que uma daspartes tenha maior número de direito que a outra, pois tal fato nãoretira a bilateralidade contratual, permitindo a aplicação daexceptio contractus.

De acordo com o artigo 476 do Código Civil apenas aos contratosbilaterais pode ser aplicada a exceção do contrato não cumprido,fica excluída a aplicação em contratos unilaterais, tendo comojustificativa de que nestes não há contraprestação para uma daspartes. Segundo o autor Silvio Rodrigues, “A exceptio non adimpleticontractus paralisa a ação do autor, ante a alegação do réu de nãohaver recebido a contraprestação devida; não se debate o mérito dodelito argüido, nem o expediente nega a obrigação; apenas contestasua exigibilidade, em face de não haver o exeptio adimplido ocontrato.”

A exceptio non adimpleti contractus é uma maneira de obrigar odevedor a pagar seu débito, para que a outra parte possa cumprirsua obrigação no contrato, e a exceptio poderá ser invocada aqualquer momento, independente do motivo que levou a outra parteao inadimplemento.

Não posso deixar de falar sobre a função social do contrato, pois osinteresses sociais estão acima dos interesses individuais das partes.

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Segundo o autor: (Gonçalves, Carlos Roberto, p 4) “ O Código Civilde 2002 procurou afasta-se das concepções individualistas quenortearam o diploma anterior para seguir orientação compatívelcom a socialização do direito contemporâneo. O principio dasocialidade por ele adotado reflete a prevalência dos valorescoletivos sobre os individuais, sem perda, porém, do valorfundamental da pessoa humana.”

Com a elaboração do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº8.078/90) houve profundas modificações à ordem jurídica nacional,caracterizando uma nova relação de consumo, inovando emaspectos de direito penal, administrativo, comercial, processual civile civil, em especial. O Código de Defesa do Consumidor pretendeestabelecer um equilíbrio entre as partes em uma relação deconsumo, por que sabemos que o consumidor e a parte mais frágilem uma relação de consumo, garantindo assim o interesse social.

Segundo o autor Silvio Rodrigues, “ todavia, essa liberdadeconcedida ao individuo, de contratar o que entender, encontrousempre limitação na idéia de ordem publica, pois, cada vez que ointeresse individual colide com a sociedade, é o desta última quedeve prevalecer.” (Silvio Rodrigues, p 16)

No Código de Defesa do Consumidor os artigos 22 e 42, protege oconsumidor garantindo continuidade no fornecimento de serviçosessenciais e o não constrangimento na cobrança de débitos porparte do consumidor, com base nesses dois artigos o corte nofornecimento de energia elétrica por parte de pagamento doconsumidor e o uso da exceptio non adimpleti contractus pelasconcessionárias responsáveis pelo fornecimento de energia elétrica,criou grandes embates jurídicos, durante algum tempo ajurisprudência optou pela proibição do corte de energia elétrica,baseando-se pela essencialidade do fornecimento e pala

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continuidade do serviço de acordo com o artigo 22 do CDC e o artigo42 do mesmo diploma, afim de, evitar o constrangimento doconsumidor. A lei das concessões dos serviços públicos deixa claroque, ao dizer “não se caracteriza como descontinuidade do serviço asua interrupção em situação de emergência ou após aviso prévio”,em caso de “inadimplemento do usuário, considerado o interessepúblico”. O STJ tem considerado esse novo entendimento,considerando legítimo o corte no caso de inadimplemento doconsumidor, não caracterizando descontinuidade do serviço, sendoque no caso concreto se leva em consideração as empresas de direitopúblico ou empresas privadas que prestam serviços públicos, com oargumento de prejudicar pessoas que necessitam desses serviçospúblicos e para não prejudicar a comunidade o entendimentojurisprudencial é que a cobrança se realize por outros meios legais enão o corte de energia. Mas a concessionária de energia elétricapoderá promover o corte do fornecimento do município, maspreservando as unidades que prestam serviços essenciais apopulação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O corte de energia elétrica por parte da concessionária não éabsoluto, devendo respeitar o interesse da coletividade, evitandoessa medida nas ruas, escolar, hospitais, repartições públicas ou emunidades que não podem deixar de funcionar a bem do interessepúblico e coletivo, a concessionária deverá recorrer a outros meioslegais para efetuar a cobrança desses prestadores de serviçosessenciais à população. Tratando-se de pessoa física o fornecimentopoderá ser suspenso mediante ao inadimplemento, mas com o avisoprévio do corte por parte da concessionária. Quando for pessoafísica ou jurídica de direito privado em algumas circunstanciaspeculiares que o distinguem da comunidade dos usuários ofornecimento deverá ser mantido e a cobrança deverá ser realizada

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por outros meios legais.

REFERÊNCIAS

• Resumo de Obrigações e Contratos, Cláudio Führer.

• Dos Contratos e das Declarações Unilaterais da Vontade, SilvioRodrigues

• Código Civil

• Código de Defesa do Consumidor

• Internet / Sites

• http://conjur.estadao.com.br, acesso 08/05/06

• http://jus2.uol.com.br, acesso 08/05/06

• http://www.consumidorbrasil.com.br, acesso 08/05/06

Currículo do articulista:

estudante do 9º período do curso de Direito na UNDB.

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