Execucao e to Da Sentenca Arbitral

Embed Size (px)

Citation preview

Parceria institucional acadmico-cientfica Escola de Direito de So Paulo da Fundao Getulio Vargas (DIREITOGV) Comit Brasileiro de Arbitragem (CBAr) 2 Fase da Pesquisa Arbitragem e Poder Judicirio Relatrio do 4 Tema: Execuo e Cumprimento da Sentena Arbitral

COORDENADORES: LUIS FERNANDO GUERRERO Advogado de Dinamarco e Rossi Advocacia. Bacharel, Mestre e Doutorando em Direito Processual pela USP. Especializado em Negociao e Mediao de Conflitos pela Northwestern University. Professor nas reas de arbitragem e processo civil. Membro do Comit Brasileiro de Arbitragem YAF ("Young International Arbitration Group", ligado "London Court of International Arbitration") e do Instituto Brasileiro de Direito Processual - IBEP. VERA CECLIA MONTEIRO DE BARROS Advogada de Selma Lemes Advogados. Especialista em Direito Processual Civil pela PUC-SP. Ps-graduada "latu sensu" pela GV. Mestranda em Direito Internacional pela USP. Membro do Comit Brasileiro de Arbitragem e do Comit de Arbitragem do CESA.

PESQUISADORES: FLVIO SPACCAQUERCHE BARBOSA Advogado de Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados. Ps-graduado pela Universit Paris I Sorbonne. Ps-graduado "lato sensu" pela PUC/SP. Membro do Comit Brasileiro de Arbitragem. MARCELO BARRADAS Advogado de Lefosse Advogados em cooperao com Linklaters. Graduado pela PUC/SP e mestre pela University of Queensland. Ps-graduado "latu sensu" pela GV. Membro do Comit Brasileiro de Arbitragem, do Comit de

1

Arbitragem do CESA e do YAF ("Young International Arbitration Group", ligado "London Court of International Arbitration").MARIANA MAGALHES CHAPEI Advogada de Ferrari e Magalhes Advogados. Graduada em Direito pela USP. Mestranda em Direito Comercial pela USP. OSWALDO TRUNCI Aluno de Graduao do quarto ano da Faculdade de Direito da USP. Estagirio da Cmara de Mediao e Arbitragem do IBDE. PRSIO THOMAZ FERREIRA ROSA Scio-titular de Ferreira Rosa Sociedade de Advogados, ps-graduao lato sensu pelo COGEAE (PUC/SP), em Arbitragem pela FGV, mestrando em Direito Processual Civil pela PUC/SP, membro do CBAr. RAFAEL S. AUILO Aluno de graduao do terceiro ano da Faculdade Paulista de Direito PUC/SP. Estagirio do escritrio Dinamarco e Rossi Advocacia.

2

SUMRIO

1. INTRODUO __________________________________________________________ 4 2. ACRDOS QUE TRATAM DA HIGIDEZ DO TTULO EXECUTIVO ___________________ 6 3. ACRDOS QUE TRATAM DOS PODERES DOS RBITROS ________________________ 17 4. COMPETNCIA - EXECUO DE SENTENA ARBITRAL E MEDIDAS URGENTES DECORRENTES __________________________________________________________ 21 5. AVALISTA, NOVAO E SENTENA ARBITRAL _______________________________ 26 6. ACORDO EM ARBITRAGEM, SENTENA ARBITRAL HOMOLOGATRIA DE ACORDO _ 28 7. LOCAO OUTORGA UXRIA ___________________________________________ 29 8. SENTENA ARBITRAL ESTRANGEIRA HOMOLOGADA TTULO EXECUTIVO JUDICIAL ______________________________________________________________________ 30 9. COMPETNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CVEIS PARA EXECUO DE SENTENAS ARBITRAIS _____________________________________________________________ 31 10. DECISES EM QUE NO H DISCUSSO RELEVANTE EM MATRIA DE ARBITRAGEM _ 32 11. CONCLUSES ________________________________________________________ 34 ANEXO I - TABELA DAS DECISES JUDICIAIS COLETADAS ______________________ 42 ANEXO II - FICHA DE LEITURA DO INTEIRO TEOR DOS ACRDOS _______________ 46

3

1. IntroduoSuperado o processo arbitral de modo regular, as partes obtero uma sentena que, de acordo com a Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1.996 (Lei de Arbitragem), produzir os mesmos efeitos de uma sentena judicial (arts. 18 e 31 da mencionada lei). Contudo, o proferimento de uma sentena arbitral, ou mesmo judicial, no garante per se a efetivao dos direitos por ela reconhecidos. Caso no ocorra o cumprimento voluntrio, ser necessria a invaso constritiva da esfera patrimonial do devedor, procedimento este realizado exclusivamente pelo Estado. Assim, estamos diante de um campo de total simbiose entre a arbitragem e o Poder Judicirio, que devero trabalhar em conjunto para que o processo arbitral seja no s correto como principalmente efetivo. Esse, portanto, o objetivo do presente estudo: analisar de que modo se d essa interao entre arbitragem e Judicirio no mbito da execuo e cumprimento de sentenas arbitrais. No mapeamento feito pela Escola de Direito de So Paulo da Fundao Getulio Vargas e pelo Comit Brasileiro de Arbitragem1, que incidiu sobre as bases eletrnicas de jurisprudncia dos Tribunais Estaduais (TJs), Federais (TRFs) e Superiores (STJ e STF)2, e que teve como termo inicial a data em que comeou a vigorar a Lei de Arbitragem (23.11.1996) e como termo final o ms de fevereiro de 20083, foram tabulados 790 precedentes judiciais sobre o tema da arbitragem em todo o pas4, dos quais 43 so

A Escola de Direito de So Paulo da Fundao Getulio Vargas e o Comit Brasileiro de Arbitragem decidiram realizar uma pesquisa emprica para mapear as decises judiciais sobre o tema da arbitragem desde que a lei entrou em vigor, em 1996. O primeiro relatrio desse projeto de pesquisa, denominado Arbitragem e Poder Judicirio, foi publicado na Revista Brasileira de Arbitragem n 19, IOB, p. 07-23. O segundo relatrio foi publicado na Revista Brasileira de Arbitragem n 22, IOB, p. 07-77. 2 Com excluso apenas do Tribunal de Justia do Piau, que, na poca da pesquisa, no disponibilizava o teor de suas decises no banco de dados da internet. 3 Com exceo do TJSP, cujo banco de dados foi atualizado at dezembro de 2007. 4 Foram excludos os Tribunais Trabalhistas, dada a grande quantidade de decises judiciais existentes nesse mbito, cuja coleta e anlise acabaria comprometendo o cronograma do restante da pesquisa. O Juzo Arbitral, regulado nos arts. 24, 25 e 26 da Lei n 9.099/1995 (Juizados Especiais Cveis), tambm no foi objeto da pesquisa, assim como os casos que envolviam levantamento de FGTS, encontrados principalmente no Superior Tribunal de Justia e nos Tribunais Regionais Federais.

1

4

relacionados com o campo temtico da execuo e cumprimento da sentena arbitral, objeto deste relatrio5. As 43 decises colhidas relacionadas com o tema da execuo e cumprimento da sentena arbitral (vide Anexo 1), por critrios temticos e para facilitar o estudo, foram divididas em nove grupos: (i) higidez do ttulo executivo; (ii) poderes dos rbitros; (iii) competncia - execuo de sentena arbitral e medidas urgentes decorrentes; (iv) avalista, novao e sentena arbitral; (v) acordo em arbitragem, sentena arbitral homologatria de acordo; (vi) locao - outorga uxria; (vii) sentena arbitral estrangeira homologada; (viii) competncia dos Juizados Especiais Cveis para execuo de sentenas arbitrais; e (ix) decises em que no h discusso relevante em matria de arbitragem, e analisadas individualmente pelo grupo de trabalho formado entre os autores deste relatrio.

5

A pesquisa objetivou identificar o posicionamento do Poder Judicirio em relao a seis campos temticos diretamente relacionados com a efetividade da arbitragem no Brasil: (i) existncia, validade e eficcia da conveno de arbitragem; (ii) medidas de urgncia e medidas coercitivas; (iii) invalidade da sentena arbitral; (iv) execuo e cumprimento da sentena arbitral; (v) execuo especfica da clusula arbitral ao do art. 7 da Lei de Arbitragem; e (vi) homologao de sentenas arbitrais estrangeiras.

5

2. Acrdos que tratam da higidez do ttulo executivoDentre as 43 decises analisadas, 16 tratam da higidez do ttulo executivo. Isso representa mais de 1/3 das decises sobre o tema de execuo de sentena arbitral. A grande maioria dessas decises decorre de embargos execuo/impugnao ou de exceo de pr-executividade, promovidos contra uma execuo que tem por objeto uma sentena arbitral. As matrias de defesa do devedor variam desde excesso de execuo at ausncia de liquidez em razo de condenao genrica pelos rbitros e, por vezes, tais defesas chegam a ter xito, impedindo assim que a sentena arbitral seja executada. Outras vezes, contudo, os devedores lanam mo de mecanismos processuais pretendendo rever o mrito da sentena arbitral, o que no permitido pela Lei de Arbitragem. Nos casos em que h extino/nulidade de execuo, notam-se vcios inerentes formao do processo de execuo, i.e., execuo de obrigao j cumprida6, ausncia de liquidao de sentena arbitral, etc. Outros revelam m formao dos ttulos. Pelo que se depreende dos acrdos, nesses casos, as sentenas arbitrais ou os documentos que assim se intitulam no teriam observado os critrios da Lei de Arbitragem para sua formao (por exemplo, sentena sem relatrio ou fundamentao7 ou ttulo decorrente de acordo firmado por quem no tinha poderes para representar a empresa devedora8) ou foram proferidas em procedimentos arbitrais que no respeitaram um ou mais requisitos legais. Segue abaixo um breve resumo do que foi decidido em cada um desses 16 casos. Caso Norfil vs. Clvis Patriota Filho (TJMT)9. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra deciso que deferiu, liminarmente, a excluso do nome do agravado do banco de dados da Centralizao dos Servios Bancrios SERASA. A empresa agravante sustenta que a publicizao da inadimplncia no ilegtima e que a deciso agravada se afastou da melhor aplicao do direito na medida em que a execuo que se encontra em trmite perante a 12 Vara Cvel do Foro Central de So Paulo (SP) baseia-se em sentena arbitral, que ttulo executivo judicial, dotado de todos os requisitos necessrios sua67

Caso Vnia Guardia Guimares vs. Roberto Magalhes Nunes de Brito e Outros (TJRJ), descrito abaixo. Caso Antonio Maurcio Caetano Cabral vs. Valquria da Costa Ferreira (TJRJ), descrito abaixo. 8 Caso Banco ABN AMRO Real S/A vs. Vilma Catia Candido de Souza (TJRJ), descrito abaixo. 9 Agravo de Instrumento n. 1752/2004, 31.03.04, Rel. Des. Orlando de Almeida Perri, TJMT.

6

pronta exeqibilidade. O Tribunal asseverou que a execuo ajuizada funda-se em sentena arbitral, exarada em procedimento do qual participaram e anuram ambas as partes, que devem, por isso, se sujeitar aos seus resultados. O Tribunal reconheceu o carter de ttulo executivo judicial da sentena arbitral (artigo 584, VI, do CPC), passvel de questionamento apenas por meio se embargos execuo ou ao de anulao de sentena arbitral. Por no existir notcia no processo acerca de impugnao adequada ao ttulo executivo judicial, o Tribunal reconheceu o direito do credor em requerer a negativao do nome do devedor no rgo de proteo ao crdito, e deu provimento ao recurso. Caso Norfil vs. Gustavo Patriota (TJMT)10. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra deciso que deferiu, liminarmente, a excluso do nome do agravado do banco de dados da SERASA. A empresa agravante sustenta que a liminar no poderia ter sido concedida visto no se tratar de uma relao de consumo, e sim de uma execuo fundada em sentena arbitral. O Tribunal negou provimento ao recurso por entender que estando o dbito em discusso em juzo diante da propositura de Ao Declaratria de Inexistncia de Dbito, revela-se prudente a excluso da anotao restritiva de crdito. Caso Campos & Saadeddine Ltda. vs. Luiz Mariano de Lima (TJMT)11. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra deciso que, nos autos da Ao de Execuo de Sentena Arbitral, julgou improcedente a Exceo de Pr-Executividade ofertada. A empresa agravante sustenta que a ao de execuo nula, pois o ttulo executivo (sentena arbitral) no lquido, certo e exigvel, por fora dos embargos de declarao opostos. A agravante aduz que a sentena arbitral, para ser executada, deve ter transitado em julgado, o que no teria ocorrido diante da apresentao de embargos de declarao. O Tribunal entendeu, contudo, que a sentena j teria transitado em julgado, estando apta a embasar a execuo proposta, razo pela qual negou provimento ao recurso. O Tribunal destacou que acaso fosse acolhida a pretenso da agravante de anular a execuo, estar-se-ia andando em sentido oposto aos ideais do direito processual moderno, que vem buscando uma prestao jurisdicional mais clere. Destacou, ainda, que no houve prejuzo para a executada porque os embargos no modificaram a sentena arbitral.10 11

Agravo de Instrumento n. 1751/2004, 16.08.04, Rel. Des. Jurandir Florncio de Castilho, TJMT. Agravo de Instrumento n. 54590/2007, 03.10.07, Rel. Des. Donato Fortunato Ojeda, TJMT.

7

Caso Joelson Matias Guimares vs. Danielle de Andrade Gomes (TJDF)12. Trata-se de recurso de apelao interposto contra sentena proferida em ao de execuo que julgou o autor carecedor do direito de ao, extinguindo o processo sem julgamento de mrito, sob o fundamento de que o recorrente no cumprira a determinao estabelecida no art. 6 da Lei 9.307/96. O Tribunal entendeu que no houve acordo anterior pela utilizao da via arbitral para a soluo de eventuais litgios e que, por isso, seria aplicvel o art. 6 da Lei 9.307/96, o qual exige que a parte interessada que deve demonstrar sua inteno de dar incio arbitragem e no o denominado Tribunal de Mediao e Justia Arbitral do Distrito Federal. O Tribunal negou provimento ao recurso, mantendo a sentena de 1 Instncia que entendeu que (i) a ao de execuo deveria ser extinta por no estar embasada em ttulo executivo; e (ii) que os documentos acostados aos autos no se revestem das caractersticas de ttulo executivo constitudo pelos ditames da Lei 9.307/96, porque carecedor do requisito da liberdade das partes de subjugarem o litgio a um terceiro e porque, embora tendo sido firmado o compromisso arbitral na forma disposta no art. 3 da Lei de Arbitragem, a notificao no teria obedecido ao disposto no artigo 6 do mesmo diploma legal. Constou do acrdo que na referida notificao teria sido consignado que o destinatrio deveria comparecer audincia para firmar compromisso arbitral e, posteriormente, viabilizar uma composio ou apresentar defesa. Deve-se destacar o equvoco cometido no acrdo acerca do artigo 6 da Lei de Arbitragem, que somente aplicvel quando h clusula compromissria vazia, ou seja, sem acordo prvio sobre a forma de instituir a arbitragem. No havendo sequer clusula compromissria, no h que se falar na aplicao do artigo 6 da lei 9.307/96, especialmente para o fim de convocar a parte contrria, que jamais consentiu com a utilizao da arbitragem, assinatura de compromisso arbitral extrajudicial. Caso Tribunal de Mediao e Justia Arbitral do Distrito Federal vs. Casa dos Motores Ltda. ME. (TJDF)13. Trata-se de recurso de apelao interposto contra sentena que indeferiu a inicial de execuo por ausncia de ttulo executivo lquido, certo e exigvel. O apelante sustentou que a sentena arbitral ttulo executivo, por fora do art. 584, VI (agora, art. 475-N), do CPC, e da Lei de Arbitragem. O Tribunal deu provimento12 13

Apelao Cvel n. 2005.07.1.024213-7, 30.05.06, Rel. Des. Gilberto Pereira de Oliveira, TJDF. Apelao Cvel n. 2005.01.1.138941-8, 20.09.06, Rel. Des. Jair Soares, TJDF.

8

ao recurso por entender que a sentena arbitral ttulo executivo judicial e que produz entre as partes e seus sucessores os mesmos efeitos da sentena proferida pelos rgos do Poder Judicirio. O Tribunal asseverou ser inquestionvel a eficcia executiva da sentena arbitral e que eventuais defeitos do ttulo, se existentes, deveriam ser suscitados pelo executado por meio de impugnao ao cumprimento da sentena. O Desembargador Silvnio Barbosa dos Santos (Revisor) acompanhou o voto do Relator e destacou no se tratar de execuo proposta por uma das partes que ento litigaram na arbitragem, mas sim do prprio Tribunal Arbitral objetivando receber suas custas processuais. Caso Flavio Bandeira Nunes de Pinho vs. Starpel Comrcio Servios em Equipamentos de Telecomunicaes Ltda. (TJRS)14. Trata-se de recurso de apelao interposto contra deciso que desacolheu ao monitria ante o julgamento de procedncia dos embargos monitrios. O recorrente sustenta ter restado incontroverso que a dvida objeto da ao monitria teria sido contrada pela apelada, na pessoa de seu nico proprietrio na poca do emprstimo, e que, pela prova carreada aos autos, o representante da apelada tinha pleno conhecimento da dvida contrada pelo ento dono da empresa, vez que assinou o acordo reconhecendo a dvida e responsabilizando-se pelo seu pagamento como co-obrigado. O Tribunal manifestou que constou do termo de audincia realizada no Tribunal Riograndense de Mediao e Arbitragem que a apelada ficaria solidariamente responsvel pelo pagamento da dvida (fiana) e deu provimento ao recurso, constituindo, de pleno direito, o ttulo executivo judicial. Caso Carmen Maral Azevedo e Francisco Carlos da Silva Azevedo vs. Cristina Lopes Dutra (TJRS)15. Trata-se de recurso de apelao interposto contra sentena que julgou procedentes os embargos, declarando nula a execuo por inexistncia de ttulo executivo, vez que desprovido de liquidez. Os apelantes aduziram que a execuo se funda em sentena arbitral proferida pela Corte Catarinense de Mediao e Arbitragem que determinou o distrato do contrato de compra e venda celebrado entre as partes. Os apelantes esclareceram que o ajuste das contas foi feito na sentena arbitral e que a liquidez do ttulo foi obtida por meio de memorial de clculo, j que a prpria sentena autorizou a sua14 15

Apelao Cvel n. 70010239465, 31.03.05, Rel. Des. Paulo Antnio Kretzmann, TJRS. Apelao Cvel n. 70014477251, 13.02.07, Rel. Des. Jos Francisco Pellegrini, TJRS.

9

imediata execuo desde que acompanhada de memorial descritivo do dbito. O Tribunal negou provimento ao recurso sob o fundamento do que o ttulo possui condenao genrica, de forma que o memorial descritivo do dbito no teria o condo de tornar lquida a dvida. Caso Jorge Fabio Pires Dias vs. De Conto Factoring e Assessoria Ltda. (TJRS)16. Trata-se de recurso de apelao interposto contra sentena que julgou improcedentes embargos execuo. O apelante sustentou, repisando os mesmos argumentos apresentados na inicial dos embargos, que a execuo instruda com ttulo judicial (deciso homologatria por juzo arbitral) cobra crdito que se encontra prescrito, vez que transcorridos trs anos da data do vencimento da obrigao originria, representada por cheque. O apelante criticou o proceder da exeqente de fazer operaes com pessoas fsicas e afirmou que a empresa credora fez transao com pessoa fsica destituda da qualidade de comerciante, ensejando a nulidade do crdito. O Apelante tambm alegou haver excesso de penhora e se insurgiu contra o entendimento de que as razes dos embargos no se enquadravam nas hipteses do art. 741 do CPC. O Tribunal manteve a sentena de improcedncia. O Tribunal no reconheceu a prescrio por entender que estava sendo cobrado crdito consubstanciado em ttulo executivo judicial (deciso de homologao de acordo prolatada pelo Juzo Arbitral de Itaqui) e no o cheque que originou a dvida. O Tribunal tambm no reconheceu o excesso de penhora e manifestou que a defesa no observou o regramento constante no art. 741 do CPC que dispe sobre as situaes que poderiam ser argidas em se tratando de execuo de ttulo judicial. Caso Banco ABN AMRO Real S/A vs. Vilma Catia Candido de Souza (TJRJ)17. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra deciso que rejeitou exceo de prexecutividade. O agravante sustentou que o ttulo executivo se funda em deciso de mrito oriunda da Justia Arbitral, onde a agravada funcionou como Juza e o condenou no pagamento de 30% do valor da condenao a ttulo de honorrios. O agravante alegou que a agravada estipulou sua honorria em ao proposta por Cosma Desidrio de Oliveira e outra, que figuraram como financiada e avalista de contrato de financiamento de veculoApelao Cvel n. 70013509336, 21.12.05, Rel. Des. Umberto Guaspari Sudbrack, TJRS. Agravo de Instrumento n. 11305/05, 06.09.05, Rel. Des. Jorge Luiz Habib, TJRJ. Inteiro teor da deciso foi publicado na Revista de Arbitragem e Mediao n 9 abril-junho/2006. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, pp. 363/366.17 16

10

automotor, no qual o agravante figurou como agente financiador. O agravante defendeu a incompetncia do juzo, na medida em que j havia proposto Ao Declaratria perante o Juzo de Direito da 2 Vara Cvel de Jacarepagu para declarar a nulidade do julgado oriundo do juzo arbitral, e defendeu a inadmissibilidade da execuo pelo fato da questo se encontrar sub judice. O agravante defendeu, ainda, que a execuo fere os princpios do contraditrio e ampla defesa, na medida em que o interessado pode, dentro de 90 dias, promover a reviso da sentena arbitral, tendo a agravada ingressado com a execuo sem aguardar o decurso de tal prazo. Em sntese, o agravante pretende seja reconhecida a incompetncia do Juzo e a inadmissibilidade da ao de execuo. O Tribunal afastou a incompetncia do Juzo e afirmou ser admissvel o manejo da ao executiva uma vez que a sentena arbitral ttulo executivo. O Tribunal tambm asseverou que o fato de tramitar ao declaratria de nulidade da sentena arbitral no elide a pretenso executiva em curso. O Tribunal, contudo, deu provimento ao recurso, por entender no estar correta a deciso que rejeitou a exceo de pr-executividade, pois a pessoa que assinou a clusula compromissria foi um preposto do banco, sem qualquer qualificao ou mesmo poderes para assinar o acordo que deu suporte ao ttulo executivo. Por essa razo, o Tribunal acolheu a exceo de pr-executividade por ausncia de liquidez do ttulo, e decretou a nulidade do processo executivo18. Caso Antonino Maurcio Caetano Cabral vs. Valquria da Costa Ferreira (TJRJ)19. Trata-se de recurso de apelao interposto contra sentena que julgou improcedente impugnao. Consta do acrdo que a apelada pretende a execuo de R$ 30.000,00, apresentando como ttulos executivos o contrato e a sentena arbitral. O contrato, segundo o acrdo, foi assinado pela apelada e pela empresa Bom Tempo Turismo Ltda., representada por pessoa diversa do apelante, que nunca participou da transao, mas apenas

O caso Banco ABN Amro Real vs. Vilma Ctia Cndido de Souza (TJRJ) tambm trata da higidez da conveno de arbitragem por falha da representao da instituio bancria executada. Analisando tecnicamente a natureza jurdica da sentena arbitral como ttulo executivo judicial, desde que lquido, certo e exigvel, o Tribunal, considerando latente a falha de representao do Banco executado por preposto sem qualquer qualificao na assinatura da conveno de arbitragem e na pendncia da ao de anulao, suplantou o pedido de suspenso das medidas executivas para acolher a exceo de pr-executividade para extinguir o processo de execuo. 19 Apelao Cvel n. 11/2007, 07.02.07, Rel. Des. Atavio Rodrigues, TJRJ. O inteiro teor da deciso foi publicado na Revista de Arbitragem e Mediao n 15 outubro/dezembro/2007. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, pp. 235/236.

18

11

foi nomeado gestor e tinha obrigao de efetuar os pagamentos. De acordo com o acrdo, no tendo recebido algumas prestaes, a apelada ingressou com demanda no 4 Tribunal Federal de Justia Arbitral, que foi julgada improcedente com a sua condenao no pagamento de R$ 9.000,00 a ttulo de honorrios dos rbitros. Consta do acrdo que o contrato no tinha clusula compromissria, tendo havido violao ao disposto no artigo 3 da Lei de Arbitragem. Consta, ainda, que posteriormente o apelante ingressou com procedimento perante o 8 Tribunal Federal de Justia Arbitral do Brasil para obter danos morais, mas acabou condenado ao pagamento de R$ 30.000,00, valor este relativo devoluo da cota investida. O Tribunal de Justia do Rio de Janeiro deu provimento ao recurso entendendo ser impossvel a cobrana da quantia uma vez que o acordo no foi assinado pelo apelante e no consta o valor de R$ 30.000,00 como passvel de cobrana. O Tribunal tambm entendeu que as partes no convencionaram a atuao do Juzo Arbitral e que a sentena nula, pois prolatada em ao cujo demandante acabou condenado sem que qualquer justificativa tenha sido trazida. O Tribunal salientou, ainda, que embora a sentena tenha sido assinada por trs juzes (constou do acrdo trs juzes, mas na realidade seriam 3 rbitros), no tem relatrio, nem fundamentao, e termina simplesmente com a parte dispositiva impondo a condenao e cobrando, ainda R$ 1.350,00 como honorrios de rbitros. O Tribunal julgou extinta a execuo ante a ausncia de ttulo executivo e determinou fosse encaminhada cpia do acrdo ao Ministrio Pblico para eventuais providncias quanto atuao das entidades arbitrais referidas20. Caso Vania Guardia Guimares vs. Roberto Magalhes Nunes de Brito e Outros (TJRJ)21. Trata-se de recurso de apelao interposto contra sentena que julgou extinta a execuo proposta pelos apelados, mas condenou a apelante aos nus da sucumbncia. A sentena considerou que o dbito foi efetivamente pago pela apelante, mas entendeu que o

Nesse caso o Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro ainda teve a oportunidade de discutir matria atinente propositura de demanda de anulao de sentena arbitral e seu prazo decadencial de 90 (noventa) dias. Tal prazo no poderia ser aplicado se a parte interessada no teve conhecimento acerca do processo arbitral e da sentena nela proferida em face de si. S se tomou conhecimento da mencionada arbitragem quando o ttulo proferido foi executado e a primeira oportunidade para defesa foi a impugnao na fase de cumprimento de sentena. Ou seja, a parte no participou do processo, assim a discusso no tange vcio de vontade como nas questes que envolvem falha de representao, mas total ausncia de manifestao de vontade. O E. Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro oficiou o Ministrio Pblico para averiguar a atuao da Cmara de Arbitragem denominada 4 e 8 Tribunais Federais de Justia Arbitral. 21 Apelao Cvel n. 2005.001.16199, 18.10.05, Rel. Des. Francisco de Assis Pessanha, TJRJ.

20

12

cumprimento da obrigao ocorreu depois do prazo consignado na sentena arbitral, razo pela qual a execuo foi extinta, mas a apelante foi condenada a arcar com os nus da sucumbncia. De acordo com o acrdo, teria constado da sentena arbitral o prazo de 72 (setenta e duas) hora para o cumprimento da obrigao, mas antes do trmino de tal prazo teria sido proposta a ao de execuo. Na medida em que a apelante comprovou o pagamento do valor constante da sentena arbitral e a execuo foi instruda com ttulo no exigvel, o Tribunal deu provimento ao recurso para declarar nula a execuo e inverter os nus da sucumbncia22. Caso Indstrias Metalrgicas Pescarmona S.A.L.C.Y.F. vs. EIT Empresa Industrial Tcnica S/A e Outras (TJSP)23. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra deciso que, em ao de execuo de sentena arbitral, suspendeu a determinao de bloqueio on line at a definio de competncia do Juzo. A agravante sustentou que a penhora ou arresto de bens ato que antecede a discusso sobre a competncia do Juzo nos processos de execuo, e que antes da apresentao de defesa pelos devedores ou de garantido o Juzo, o feito no pode ser suspenso para a anlise de eventual conexo entre execuo de sentena arbitral e ao anulatria desse ttulo executivo. Defendeu a agravante, ainda, que o ajuizamento de ao anulatria do ttulo judicial no impede o prosseguimento da execuo, nem inibe a prtica de atos executrios, sob pena de afronta ao artigo 585 1 do CPC. O Tribunal deu provimento ao agravo por entender que a propositura de ao para tornar inexigvel o ttulo executivo no impede o ajuizamento da ao de execuo. O Tribunal asseverou que a credora possui ttulo hbil a garantir seus direitos (sentena arbitral) e enquanto este no for desconstitudo no h que se falar em impossibilidade de se aforar ao visando a satisfao do seu crdito24.

22

Com relao a referido caso, cabe salientar, ainda, que como a obrigao plasmada na sentena arbitral foi cumprida voluntariamente e tempestivamente, o Tribunal extinguiu a execuo tendo em vista a ausncia de exigibilidade do ttulo exeqendo. A sentena arbitral pode fixar prazo para cumprimento espontneo da obrigao. A grande discusso tangente a esse acrdo seria permitir que a sentena arbitral impusesse multa no caso de descumprimento do prazo determinado para cumprimento de obrigao de pagar. Contudo, consta do acrdo que o pagamento deveria ser feito no prazo de 72 horas sob pena de execuo. Parece apenas que a eficcia do ttulo estava condicionada ao encerramento de um determinado termo, sem nenhuma penalidade. 23 Agravo de Instrumento n. 474.071-4/0-00, 22.05.07, Rel. Des. Carlos Stroppa, TJSP. 24 Nesse caso se discutiu tambm que a existncia de ao de anulao de sentena arbitral no suspende medidas constritivas do cumprimento de sentena, sendo prudente, porm, que no se outorgue acesso a bens da parte contrria enquanto no h deciso definitiva a respeito. Impede-se assim que eventual deciso

13

Caso Empresa de Minerao Brissolare Ltda. vs. Daniel Curti (TJSP)25. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra deciso que julgou improcedente impugnao contra cumprimento de sentena. A agravante sustentou em seu recurso que a nulidade da clusula arbitral pode e deve ser conhecida na impugnao, seja porque h previso expressa nesse sentido, seja porque a nulidade pode ser conhecida de ofcio e em qualquer grau de jurisdio. A agravante sustentou, ainda, que sendo a relao de consumo, o termo de confisso de dvida jamais poderia determinar a utilizao compulsria da arbitragem, e que a sentena arbitral impugnada foi proferida com base em um contrato nulo que no poderia produzir qualquer efeito. O Tribunal asseverou que eventual nulidade da sentena arbitral que antes podia ser argida mediante embargos do devedor (art. 741 e seguintes do CPC), agora pode ser discutida por meio de impugnao, na forma do artigo 475 do CPC, sob pena de retirar-se do executado a arguio de nulidade do ttulo executivo, faculdade que no foi suprimida ou limitada pelas recentes modificaes no regime jurdico da execuo pro ttulo judicial. O Tribunal tambm asseverou que as clusulas arbitrais inseridas nos contratos objeto da demanda (Termo de Confisso de Dvida e Contrato de Fiana) atendem perfeitamente aos requisitos dos incisos do artigo 10 da Lei n. 9.307/9626 e que no se estabeleceu entre as Partes exata relao de consumo. De acordo com o Tribunal, no incidem ao caso os princpios do Cdigo de Defesa do Consumidor porque a agravante pessoa jurdica dedicada a uma atividade econmica de relativo porte (minerao), com presumvel condio para contornar eventual alterao substancial do resultado estimado dos negcios que empreendeu. O Tribunal entendeu que no se pode cogitar, assim, da nulidade da clusula arbitral com fundamento no inciso VII, do artigo 51 do CDC, especialmente porque a agravante no demonstrou que fora impedida de dissentir de alguma clusula padro imposta previamente, nem que houve desvio da boa-f objetiva ou da supremacia do poder de contratar por parte da agravada. O Tribunal destacou, ainda, que somente com a incidncia da mora que a agravante resolveu erguer a bandeira da desvantagem da arbitragem em relao ao processo judicial e que deveria ter refletido sobre essa possibilidade antes de se submeter clusula arbitral. Por fim, o Tribunalposterior anulando a sentena arbitral tenha causado prejuzos exorbitantes ao executado e, de outro lado, que no momento em que todas as decises definitivas forem tomadas no haja garantia de efetividade da deciso. 25 Agravo de Instrumento n. 1117010-0/4, 01.08.07, Rel. Des. Irineu Pedrotti, TJSP. 26 Deve-se esclarecer que diferentemente do entendimento esposado no acrdo, o artigo 10 da Lei n. 9.307/96 aplica-se apenas ao compromisso arbitral.

14

manifestou que no havia nada de nulo nos procedimentos arbitral ou judicial e negou provimento ao recurso. Caso Empresa de Minerao Brissolare Ltda. vs. Ada Delta Posto de Servios Ltda. (TJSP)27. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra deciso proferida em ao de execuo de ttulo judicial que julgou improcedente a impugnao apresentada, determinando subsistente a penhora, bem como o prosseguimento da execuo. A agravante sustentou a inexistncia do ttulo executivo e requereu o reconhecimento da nulidade da clusula arbitral e a declarao da nulidade do instrumento de fiana com clusula de depsito. De acordo com o acrdo, houve na sentena arbitral estipulao de obrigao alternativa que consistia em pagamento em dinheiro ou entrega de imvel, sem se considerar, contudo, a quem caberia o direito de escolha. O Tribunal asseverou que antes de promover a execuo da sentena arbitral, com fundamento no artigo 584, VI, do Cdigo de Processo Civil, a agravada deveria ter promovido a citao do devedor para que pudesse exercer o direito de escolha, como no o fez, no existia ttulo executivo exigvel. O Tribunal deu provimento ao recurso para declarar inexigvel o ttulo executivo em razo do descumprimento do disposto no artigo 571, 1 e 2, do CPC, extinguindo a ao de execuo. Caso Cassandra Eliane Sapateiro vs. Banco Central do Brasil BACEN (TRF4)28. O Tribunal negou provimento a recurso de apelao por entender que a ao monitria compete a quem pretende, com base em prova escrita sem eficcia de ttulo executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungvel ou de determinado bem mvel. O Tribunal asseverou que sendo a sentena arbitral devidamente homologada ttulo executivo judicial, no se presta ao manejo de ao monitria. Caso Inemar Ribeiro da Costa vs. Saviano Al Makul Sato e Scott Gutfreund Advogados Associados (TJSP)29. Trata-se de ao de anulao de sentena arbitral sob fundamento de no apreciao de temas submetidos ao Juzo Arbitral. No Juzo originrio a inicial foi indeferida porque o magistrado entendeu que a autora no especificou o ponto de27 28

Agravo de Instrumento n. 7124083-0, 12.04.07, Rel. Des. Roberto Mac Cracken, TJSP. Apelao Cvel n. 96.04.42486-6, 29.06.00, Rel. Vivian Josete Pantaleo Caminha, JFPR. 29 Apelao Cvel n. 558.282-4/5-00, 02.04.08, Rel. Des. Dimas Carneiro, TJSP.

15

omisso da arbitragem por ela invocado. O Tribunal entendeu que a autora no elencou os pontos de omisso e que no pode questionar o acerto da deciso arbitral em ao anulatria diante do carter exaustivo do artigo 32 da Lei 9.307/96. O Tribunal asseverou que a apelante se referiu a pedido de esclarecimentos que formulou frente deciso arbitral, no qual apontou as tais omisses, mas ponderou que a deciso arbitral primitiva j havia apreciado as questes apontadas como omitidas. O Tribunal afastou a extino do processo pelo indeferimento da inicial e decidiu pela improcedncia da ao entendendo pela inexistncia das alegadas omisses.

16

3. ACRDOS QUE TRATAM DOS PODERES DOS RBITROSDentre as 43 decises, 04 tratam dos poderes dos rbitros. Diferentemente das decises que tratam da higidez do ttulo, essas decises versam sobre matria atinente ao procedimento arbitral em si e o seu reflexo na sentena arbitral proferida pelos rbitros. Em suma, o que classificamos como poderes dos rbitros reflete a possibilidade dos rbitros proferirem certas decises que determinam ou autorizam atos a serem praticados pelas partes, como por exemplo, a determinao de desocupao de um imvel30. Nesses casos, a questo no chega a esbarrar na arbitrabilidade do caso, mas so relevantes porquanto discutem a possibilidade de rbitros imporem certos atos necessrios para o cumprimento da sentena. Segue abaixo um breve resumo do que foi decidido em cada um desses 04 casos. Caso Lcio Antnio Lakomy vs. Nastassia Lyra Iurk da Silva (TJPR)31. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra deciso que entendeu que apenas parte da sentena arbitral execuo por quantia certa poderia ser objeto de execuo, impossibilitando a execuo da sentena arbitral na parte que trata da desocupao do imvel locado. A sentena arbitral condenou a agravada ao pagamento dos aluguis vencidos e determinou a desocupao do imvel no prazo de 15 dias. Em sede de execuo, solicitou-se que o imvel fosse desocupado para que, em seguida, fossem executados os valores devidos. Ao despachar, a juza de 1 instncia considerou que a Lei 9.307/96, em seu artigo 31, somente constitui como ttulo executivo a sentena condenatria e que, no presente caso, a Justia Arbitral teria proferido uma sentena arbitral mista, ou seja, apenas a execuo por quantia certa poderia ser objeto de execuo. Em seu recurso, o agravante defendeu que a deciso monocrtica no se coaduna com os ditames da Lei 9.307/96, pois o seu artigo 31 foi interpretado de forma restrita, e que, no tendo sido cumprida a determinao emanada pelo rbitro, qual seja, a desocupao do imvel, foi compelido a se socorrer da fora coercitiva do poder estatal. O Tribunal deu provimento ao agravo sob o fundamento de que tendo a ao de execuo e a obrigao de fazer (no caso a desocupao do imvel) a mesma causa30 31

Caso Lcio Antnio Lakony vs. Nastassia Lyra Iurk da Silva (TJPR). Agravo de Instrumento n 315.545-3, 29.03.06, Rel. Des. Eracls Messias, TJPR.

17

de pedir, de se reconhecer a vinculao dos pedidos na sentena arbitral. O Tribunal asseverou que a sentena arbitral no deveria ser recepcionada como uma sentena mista e que a desocupao do imvel faz parte das condenaes32 arroladas na sentena que, como ttulo executivo, deve ser acolhida integralmente. Caso Ducatti de So Gonalo Veculos Ltda. Me vs. Vanda Pereira da Silva (TJRJ)33. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra deciso proferida nos autos da execuo de acordo firmado perante o Tribunal Arbitral de Araruama que determinou a citao do agravante para cumprir acordo firmado sob pena de multa diria. O agravante defendeu estar impedido de cumprir parte do acordo relativamente baixa da alienao fiduciria, porque o antigo proprietrio estaria litigando judicialmente com a financeira. O Tribunal manifestou no constar da sentena arbitral qualquer multa para a hiptese de descumprimento ou atraso no seu cumprimento, razo pela qual deu parcial provimento ao recurso para cancelar a multa que extrapola os limites do ttulo executivo34. Caso Topsports Ventures S/A vs. TV mega Ltda. (TJSP)35. Trata-se de agravos de instrumento interpostos contra deciso que, nos autos de ao de cumprimento de sentena arbitral, deferiu parcialmente o pedido de antecipao de tutela, autorizando a Topsports a negociar os direitos de transmisso da Liga dos Campees da UEFA com outras emissoras (os agravos foram julgados em conjunto). A Topsports, com seu recurso36, visa a fixao de multa diria estipulada pela sentena arbitral no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais) e a

Deve-se ressaltar que, conforme corretamente reconhecido pelo Tribunal, a deciso que determina obrigao de fazer (desocupao) tem natureza condenatria. 33 Agravo de Instrumento n. 18187/2003, 10.02.04, Rel. Des. Valria G. da Silva Maron, TJRJ. Essa deciso foi comentada Revista de Arbitragem e Mediao n 4 janeiro-maro/2005, So Paulo, Editora Revista dos Tribunais, pp. 262/266, onde consta o seu intero teor. 34 Nesse caso discutiu-se tambm o cumprimento de sentena arbitral sob pena de multa (alm daquela prevista no art. 475-J do CPC). O E. Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro determinou a inaplicabilidade da multa tendo em vista que ela no fora fixada na sentena arbitral que se pretendia executar. Nesse sentido, parece estar aberta a possibilidade para que sentenas arbitrais fixem multas que possam ser impostas no caso de seu descumprimento. A mesma questo foi trazida no caso Topsports Ventures S/A vs. TV mega Ltda. (TJSP) e o Tribunal de Justia do Estado de So Paulo analisou matria idntica. Foi proferida sentena arbitral em face da Topsports que poderia comercializar seus direitos de transmisso de evento esportivo com terceiros e cobrar indenizao da TV mega. A referida empresa requereu no Judicirio para execuo da sentena arbitral com utilizao de medidas de apoio fundadas no art. 461 do Cdigo de Processo Civil (aplicvel para as obrigaes de fazer e de no fazer). 35 Agravo de Instrumento n. 406.570-4/5-00 e 408.089-4/4-00, 18.08.05, Rel. Des. nio Zuliani, TJSP. 36 Agravo de Instrumento n. 406.570-4/5-00, 18.08.05, Rel. Des. nio Zuliani, TJSP.

32

18

TV mega se insurge contra a concesso parcial da tutela37. Consta do acrdo que as Partes firmaram contrato inominado de parceria comercial com o objetivo de gerar e explorar comercialmente programao de contedo esportivo do Canal Rede TV. Com relao ao primeiro agravo, o Tribunal manifestou que a sentena arbitral declarou que a parceria chegou ao fim, reconhecendo a responsabilidade da TV mega quando, comprometendo a reciprocidade de interesses, contratou, com exclusividade, patrocnio (Petrobrs), infringindo clusula contratual. A TV mega no admite a eficcia da arbitragem, porque as Partes recorreram ao Judicirio para resolver acerca da transmisso de jogos, mas a Topsports afirma que props a referida ao apenas para impedir que a Rede TV transmitisse os jogos da temporada, no implicando em renncia arbitragem. O Tribunal manifestou que os rbitros decidiram de forma soberana as questes postas e concluram que o contrato devia ser rescindido por culpa da TV mega, embora no descartassem a contribuio da Topsports para que o objetivo contratado se frustrasse. O Tribunal entendeu que se a renncia da arbitragem no foi colocada na primeira oportunidade quando instalado o procedimento arbitral, houve consentimento bilateral para que excepcionalmente se fizesse uso do Judicirio, como alternativa vlida para que um determinado incidente fosse resolvido pelos juzes togados, sem que isso afetasse o propsito da arbitragem. O Relator destacou que o episdio no foi considerado pelas partes, como incoerncia ou incompatibilidade com a arbitragem estabelecida e no caberia, agora, inutilizar todo o esforo empreendido para atender aquele que no se conforma com o julgamento dos rbitros. O Tribunal asseverou que a resciso do contrato foi objeto da sentena arbitral, que declarou a responsabilidade da TV mega. Com relao ao segundo agravo, o Tribunal asseverou que a Topsports est com razo em defender a insero de multa como complemento da deciso agravada e estabeleceu que incidiria multa diria a partir do julgamento dos agravos, de R$ 50.000,00, at que a TV mega regularizasse a transferncia dos direitos para que a Topsports pudesse dispor do contrato como lhe conviesse. Assim, o Tribunal negou provimento ao primeiro agravo e deu provimento ao segundo, fixando multa diria de R$ 50.000,00 enquanto persistir o no cumprimento da deciso agravada.

37

Agravo de Instrumento n. 408.089-4/4-00, 18.08.05, Rel. Des. nio Zuliani, TJSP.

19

Caso Antonio Victor Vicente Lapenta e Outros vs. Ricardo Mosca Miranda da Cruz (TJSP)38. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra deciso que deferiu a determinao de medidas cautelares constante da sentena arbitral, bem como a juntada de certides imobilirias em nome das sociedades comerciais e dos scios remanescentes, ofcio Ciretran pra bloqueio de alienao de veculos em nome das pessoas fsicas e jurdicas e, ainda, o bloqueio on line das contas dos executados. Os agravantes sustentaram que foi expedido mandado de citao, mas foi determinado o bloqueio de contas correntes, automveis, matrculas de imveis, sem mensurao ou juntada aos autos de avaliao de cada bem mvel ou imvel, causando-lhes prejuzo. Os agravantes argumentaram ainda que foi indicado bem de valor suficiente penhora, apesar de no citados na execuo, e requereram a anulao da deciso agravada, reabrindo-se o prazo para indicao de bens penhora aps a citao. O Tribunal negou provimento ao recurso por entender (i) ser admissvel o requerimento do apelado para determinar o bloqueio on line de recursos depositados em estabelecimentos bancrios, bloqueio dos bens imveis constantes das certides imobilirias, bem como ofcio Ciretran para bloqueio de alienaes de veculos; e (ii) que a deciso agravada no merece reparos por estar arrimada na determinao da sentena arbitral de que a execuo recair sobre todo o patrimnio disponvel dos devedores, deferindo-se medidas cautelares e demais meios necessrios para assegurar o pagamento da obrigao, a serem promovidos perante o Juzo de Direito que deferiu o compromisso arbitral.

38

Agravo de Instrumento n 433.010-4/3-00, 22.03.06, Rel. Des. Silvrio Ribeiro, TJSP.

20

4. COMPETNCIA - EXECUO DE SENTENA ARBITRAL E MEDIDAS URGENTESDECORRENTES

Caso Americel S/A vs. Compushopping Informtica Ltda. ME e outros (TJDF)39. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra deciso proferida pelo Juzo da 20 Vara Cvel de Braslia que, em ao execuo, rejeitou preliminar de inadequao da via eleita deduzida pela agravante em sede de exceo de pr-executividade, sob o argumento de que a sentena arbitral se reveste de fora executiva, sendo competente para o processamento da execuo. A agravante sustenta que os executados utilizaram inadequadamente o rito processual considerando que sentena arbitral estaria sendo executada nos autos da Ao Ordinria de Instalao de Juzo Arbitral. A agravante defende que a deciso proferida naqueles autos apenas julgou procedente o pedido de instaurao do juzo arbitral, de cunho declaratrio, inbil, assim, para ensejar a competncia daquele juzo para processamento da execuo. Sustenta, portanto, que a distribuio da execuo deveria ter sido aleatria e no por dependncia. O Tribunal negou provimento ao recurso por entender que o Juzo da 20 Vara Cvel de Braslia competente para julgamento da execuo, vez que foi ele o instituidor do juzo arbitral prolator do ttulo executivo. O Tribunal entendeu que a expresso juzo cvel competente (constante do art. 575, CPC) faz aluso ao juzo que proferiu a sentena declarando instituda a arbitragem40. Caso Juzo de Direito da 1 Vara Cvel do Foro Regional da Ilha do Governador da Ilha do Governador vs. Juzo de Direito da 3 Vara Cvel do Foro Regional de Madureira (TJRJ)41. Trata-se de conflito negativo de competncia. O Juzo suscitado declinou a competncia para uma das Varas Cveis da Regional da Ilha do Governador por entender ser competente o Juzo suscitante por ter a parte autora domiclio na Ilha do Governador. O Juzo suscitante, todavia, entendeu que por se tratar de ao de execuo de sentena39 40

Agravo de Instrumento n. 2004.00.2.002492-9, 25.10.04, Rel. Des. Vasquez Cruxn, TJDF. O juzo competente para a execuo ou cumprimento de sentena arbitral aquele juzo que seria competente para julgar a demanda se no tivesse havido a arbitragem (art. 475-P, inciso III do Cdigo de Processo Civil, combinado com os arts. 94 e seguintes do Cdigo de Processo Civil). Portanto, no falaramos de um rgo judicirio competente nessas situaes (ex. tal Vara da Comarca de So Paulo), mas sim o Foro da Comarca de So Paulo. E a regra geral no sistema brasileiro a de que competente o foro de domiclio do ru (art. 94, caput, do Cdigo de Processo Civil), devendo tal circunstncia, porm, analisada caso a caso para determinao da justia competente e do foro competente. 41 Conflito de Competncia n. 2006.008.00112, 21.11.06, Rel. Des. Fernando Foch, TJRJ.

21

arbitral (ttulo executivo judicial), o foro competente seria aquele em que se processou a arbitragem e no o domiclio do executado. O E. Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro julgou procedente o conflito negativo de competncia e fixou a competncia do Juzo suscitado, entendo que a questo se resolve pela natureza executiva do ttulo. Caso Juza de Direito da 3 Vara Cvel da Comarca de Joinville vs. Juiz de Direito da 2 Vara Cvel da Comarca de Joinville (TJSC)42. Trata-se de conflito negativo de competncia suscitado pela Juza de Direito da 3 Vara Cvel da Comarca de Joinville. A suscitante defende que a competncia para processar e julgar o feito se delimita pelo disposto na Resoluo 04/01, do TJSC43, impondo ao juzo suscitante apenas a demanda executiva stricto sensu. O Tribunal negou provimento ao conflito de competncia por entender que sendo a sentena arbitral ttulo executivo judicial, competente o juzo da 3 Vara Cvel para processar e julgar a ao de execuo, vez que a Resoluo 04/01 do TJSC determina que as execues devem ser ali julgadas. O Tribunal reconheceu a natureza de ttulo executivo judicial da sentena arbitral, ainda que dispondo sobre obrigao de fazer, acolhendo integralmente parecer do Ministrio Pblico do Estado de Santa Catarina. A mesma discusso foi travada no caso envolvendo a Corduroy S/A vs. TCT United S/A (TJSP)44, no qual o E. Tribunal de Justia do Estado de So Paulo, incorretamente, considerou a sentena arbitral como ttulo executivo extrajudicial. O acrdo do ano de 2001, ocasio na qual ainda se discutia a constitucionalidade da Lei de Arbitragem no Supremo Tribunal Federal45, motivo que pode ter levado o TJSP a no considerar a sentena proferida em sede de arbitragem como ttulo executivo judicial. A discusso envolvia a competncia do E. Tribunal de Justia do Estado de So Paulo em oposio ao extinto 1 Tribunal de Alada Cvel do Estado de So Paulo para anlise de agravo de instrumento.

Conflito de Competncia n. 2004.004007-5, 29.06.04, Rel. Des. Orli Rodrigues, TJSC. Alterada pela Resoluo n 03/04 44 Agravo de Instrumento n 187.195-4/9-00, 21.05.01, Rel. Ds. Zlia Maria Antunes Alves, TJSP. 45 A constitucionalidade da arbitragem foi reconhecida no julgamento do AgReg no SEC n 5.206-7 pelo STF em 12.12.2001, sendo relator o Ministro Seplveda Pertence.43

42

22

Caso Sr. Pretor da 2 Vara Cvel da Comarca de Lajeado vs. Sra. Juza de Direito da 2 Vara Cvel da Comarca de Lajeado (TJRS)46. O suscitante apresenta conflito negativo de competncia para o processo e julgamento de execuo de sentena arbitral, tendo em vista no constar tal ttulo do rol do art. 585, I e IV, do CPC, consoante exige o artigo 87 do COJE. A suscitada defendeu que a sentena arbitral ttulo executivo extrajudicial, de acordo com o artigo 475-N, IV, do CPC47, o que, somado ao fato de o valor da causa corresponder ao de alada do MM. Pretor, o torna competente para o processo e julgamento do pedido. O Tribunal entendeu no existir razo para se falar em limitao reproduzida pelo artigo 87 do COJE, cuja referncia quanto execuo de ttulos executivos extrajudiciais se resume ao artigo 585, I e IV, do CPC, porque o artigo 475-N, IV, do CPC, arrola a sentena arbitral como ttulo executivo judicial. Sendo assim, o Tribunal declarou o MM. Juzo suscitante como competente para o processo e julgamento do pedido de cumprimento de sentena. H que se esclarecer que a figura do pretor competente, no Estado do Rio Grande do Sul (art. 87 do Cdigo de Organizao Judiciria do Estado do Rio Grande do Sul Lei Estadual n 7.356/80), para julgar causas de at 60 (sessenta salrios mnimos) que no sejam de competncia do juiz togado48. Essas figuras so julgadores com jurisdioConflito de Competncia n. 70022221881, 20.12.07, Rel. Des. Osvaldo Stefanello, TJRS. Contudo, o ttulo executivo indicado nesse dispositivo legal de natureza judicial. 48 Art. 87. A competncia dos Pretores limitar-se-: I - processar e julgar as seguintes causas cveis, de valor no excedente a sessenta (60) vezes o salrio mnimo vigente data de ajuizamento da demanda, ressalvadas as de competncia dos Juzes de Direito (redao dada pela Lei n 11.984/03): a) processos de conhecimento sob rito comum; b) processos de execuo por ttulos extrajudiciais, previstos no art. 585, I e IV, do CPC; c) aes de despejo de prdios urbanos e rurais; d) aes de consignao em pagamento; e) aes fundadas em contrato de alienao fiduciria; f) processos de execuo, processos cautelares e embargos de terceiro relacionados com as aes referidas nos itens anteriores; II - processar inventrios e arrolamentos de qualquer valor e julgar os de valor no superior a mil (1.000) salrios mnimos, sempre ressalvado o exame de disposies testamentrias, questes de Estado ou qualquer matria de alta indagao (redao dada pela Lei n 9.177/90). III - processar e julgar as contravenes, bem como os crimes a que sejam cominadas penas de deteno e ou multa; IV - processar, at o encerramento da instruo, os crimes a que seja cominada pena de recluso, quando a comarca ou vara estiver em regime de substituio; V - executar as sentenas criminais que proferirem, salvo onde houver juzo privativo; VI - arbitrar e conceder fianas nos feitos de sua competncia; VII - cumprir precatrias, salvo nos feitos de competncia privativa do Juiz de Direito;47 46

23

limitada no tempo e possuem competncia absoluta em razo do valor do bem da vida, ou ainda, em relao a determinadas matrias. O cargo de pretor, muito embora no tenha provimento igual ao do juiz de direito, ocupado por sujeito aprovado em concurso (de provas e ttulos), e nomeado pelo Governador do Estado. Trata-se, contudo, de cargo sui generis e extinto no sistema Judicirio brasileiro. Com a extino do referido cargo pela Constituio Federal de 1967 (art. 177, 2), os pretores concursados foram vitaliciados sem que fossem realizados novos concursos (nos termos da lei 6.929/75). O cargo tinha durao definida pela lei estadual que dispuser sobre a organizao judiciria da respectiva unidade federativa. No exemplo do Estado do Rio Grande do Sul, a durao do cargo de trs anos, admitida, ainda, a reconduo por uma vez em igual perodo, respeitados os requisitos exigidos pela lei (Leis Estaduais n. 7.288, de 17 de setembro de 1979 e 6.929, de 2 de dezembro de 1975). Em relao ao tema abordado no presente estudo, dvida reside quanto competncia do pretor para executar sentenas arbitrais. Os poucos julgados existentes sobre o assunto se inclinam para o entendimento de ser competente o pretor nesses casos, desde que respeitados os limites impostos pela respectiva norma de organizao judiciria, em especial quanto aos valores executados e a ressalva de competncia do juiz de direito daquela comarca (nesse sentido: TJ-RS, 6 Cm. Cv., CC 70022293229, rel. Des. Arthur A. Ludwig, j. 29.5.08, v.u.). Especificamente o art. 87, I, f do Cdigo de Organizao Judiciria do Estado do Rio Grande do Sul (Lei Estadual n. 7.356, de 1 de fevereiro de 1980) prev que os pretores so competentes para conhecer processos de execuo cujo valor no exceda 60 (sessenta) salrios mnimos (valor vigente data de ajuizamento da demanda).VIII - decidir os pedidos de gratuidade da Justia nos feitos de sua competncia; IX - auxiliar o Juiz de Menores, conforme dispuser o Conselho da Magistratura; X - proferir despachos de expediente, nas causas em geral, inclusive nas de valor superior ao referido nos incs. I e II, deste artigo, quando a comarca ou vara estiver em regime de substituio (redao dada pela Lei n 9.177/90); XI - autenticar, por delegao do Juiz de Direito, livros de ofcios judiciais e extrajudiciais; XII - exercer, quando a comarca ou vara estiver em regime de substituio, atribuies administrativas, conforme dispuser provimento da Corregedoria-Geral da Justia; XIII - exercer atividade censria nos processos de sua competncia. Pargrafo nico. O Conselho da Magistratura, por proposta da Corregedoria-Geral da Justia, poder estabelecer, nos limites da competncia estabelecida no presente artigo, planos de trabalho, individuais ou coletivos, observadas as peculiaridades e necessidades da comarca ou vara.

24

Caso Clvis Patriota Filho vs. Norfil (TJMT)49. O caso diz respeito competncia para medidas de urgncia em sede de execuo de ttulo executivo judicial. Inicialmente, cumpre salientar que o E. Tribunal de Justia do Estado do Mato Grosso analisou tecnicamente a situao considerando que a sentena arbitral constitui ttulo executivo judicial, como claramente est na lei (Cdigo de Processo Civil, art. 475-N, inc. IV50). Em resumo, o mencionado Tribunal de Justia considerou competente o juzo no qual se processava a execuo, qual seja, a Comarca de So Paulo para eventuais medidas de urgncia, o que est correto em face das disposies do Cdigo de Processo Civil.

49 50

Agravo de Instrumento n 33622/2005, 04.10.05, Rel. Des. Gerson Ferreira Paes, TJMT. - O julgado trata ainda do art. 584, inc. IV do Cdigo de Processo Civil que esteve em vigor at 2006 com a edio da lei n 11.232/05.

25

5. AVALISTA, NOVAO E SENTENA ARBITRALCaso Lair Bortolozzo Zucco vs. Dorvalino Agusti (TJRS)51. Trata-se de exceo de pr-executividade julgada procedente para que o executado (Dorvalino Agusti) fosse considerado parte ilegtima em processo de execuo ajuizado em decorrncia de sentena arbitral. O exeqente fora avalista de nota promissria emitida em favor do exeqente. Ao invs de propor demanda executiva de ttulo executivo extrajudicial, o exeqente e o devedor principal participaram de um procedimento de soluo de conflitos (o acrdo no deixa claro se foi uma mediao, uma arbitragem ou uma mediao combinada com arbitragem). O fato que as partes celebraram acordo consubstanciado em uma sentena arbitral definindo novas formas de pagamento e no estabelecendo eventual garantia de pagamento pelo avalista. Verificado o descumprimento da sentena, o exeqente-credor buscou a execuo do avalista, que apresentou exceo de pr-executividade. O Tribunal considerou dois pontos importantes, um no tocante arbitragem e outro no tocante ao direito material: (i) extenso da conveno de arbitragem e efeitos da sentena arbitral; e (ii) novao e extino de ttulo executivo extrajudicial. Em relao ao primeiro, aplicou-se a regra geral de que a arbitragem produz efeitos e vinculante apenas em relao queles que so partes. No caso, dois so os bices para a extenso da conveno de arbitragem para terceiros. Em primeiro lugar, a garantia nesse caso no acessria da obrigao principal, mas s se relaciona com ela. Ou seja, a manifestao de vontade proferida pelo garante se refere apenas garantia e no materialmente ao negcio jurdico garantido. No faz sentido, portanto, que uma forma de soluo de conflitos estabelecida no contrato que discuta a dvida principal envolva a garantia. Em segundo lugar, o ttulo originrio, nota promissria, no deu origem ao processo arbitral, isto , nenhuma obrigao nele contida deu origem ao processo arbitral. Credor e devedor celebraram conveno de arbitragem sem a participao do avalista e nesse sentido se configurou a novao, alm da alterao das condies de pagamento o que, per se, no configuraria novao. O Tribunal ainda cotejou regularmente

Apelao Cvel n 70015727472, 12.07.06, Rel. Des. Carlos Cini Marchionatti, TJRS. Essa deciso foi comentada na Revista de Arbitragem e Mediao n 11 outubro/dezembro/2006, So Paulo, Editora Revista dos Tribunais, pp. 231/236, onde consta o seu intero teor.

51

26

a relao prejudicial entre o ttulo executivo extrajudicial e judicial, considerando que s a desconstituio da sentena arbitral homologatria de acordo (via ao de anulao de sentena arbitral fundada no art. 33 da Lei de Arbitragem) poderia restituir a obrigao do avalista presente na nota promissria que consubstanciou a dvida objeto da novao. Os dois ttulos, nitidamente se sobrepem.

27

6. ACORDO ACORDO

EM

ARBITRAGEM, SENTENA ARBITRAL HOMOLOGATRIA

DE

Caso Antonio Arnaldo Bianchi vs. Ilda Gedoz (TJRS)52. Trata-se de recurso de apelao interposto contra sentena que desacolheu os embargos execuo opostos pelo apelante. Trata-se de uma execuo de sentena arbitral (ttulo executivo judicial), embora o acrdo a trate como um ttulo executivo extrajudicial53 determinando obrigao de fazer (construo de muro). Discute-se no acrdo a legitimidade do apelante, uma vez que no acordo celebrado no Juzo Arbitral o apelante foi representado pelo seu filho, Leandro Bianchi. O Tribunal entendeu pela legitimidade do apelante54. Consta do acrdo que o apelante e a apelada assumiram obrigaes em acordo firmado no Juzo Arbitral (o apelante deveria construir a murada divisria dos imveis e a apelada deveria demolir o muro existe e efetuar a limpeza nas imediaes da divisa o apelante deveria edificar a murada 30 dias aps a demolio do antigo muro), mas o Tribunal concluiu que nenhuma das partes cumpriu o acordo. O Tribunal deu provimento ao recurso para estabelecer que o prazo de construo do muro ter inicio aps a data em que a apelada concluir a retirada do entulho resultante da demolio do antigo muro.

Apelao Cvel n 70005976881, 01.04.04, Rel. Des. Orlando Heemann Junior, TJRS. O fato de ser um acordo no altera a natureza da sentena arbitral que homologou esse acordo e reconheceu a vontade das partes. Emanada de um corpo de rbitros, ela ser uma sentena arbitral que contm um acordo de vontades, mas, sem dvida, ser um ttulo executivo judicial. 54 Aqui no h extenso ou substituio de uma das partes, apenas uma questo representativa que no impede a aplicao dos efeitos da sentena arbitral parte representada. Aplicam-se os dispositivos do Cdigo Civil (arts. 653 e seguintes), no caso de mandato genrico, e do Cdigo de Processo Civil (arts. 36 e seguintes), no caso de mandato outorgado a advogado, j que a lei brasileira parece ter sido aplicada ao caso no tocante ao mandato. A parte, de acordo com o acrdo, foi representada regularmente por seu filho na arbitragem, no havendo nenhuma irregularidade da sentena arbitral ou no procedimento.53

52

28

7. LOCAO OUTORGA UXRIACaso Carmen Lcia Cobaixo Girotto vs. Condomnio Edifcio Azalia (2TAC/SP)55, no qual a agravante insurge-se contra deciso interlocutria que no acolheu a exceo de pr-executividade apresentada por ela. Alega que, por no ter se submetido ao Tribunal Arbitral que proferiu sentena arbitral ora em execuo, parte ilegtima a figurar no plo passivo do processo de execuo. O agravado ofertou razes. A deciso, que julgou o mrito, reconheceu a sentena arbitral como ttulo executivo com base no revogado art. 584, III, Cdigo de Processo Civil e admite a impetrante como legtima litisconsorte passiva, pois de acordo com o art. 274, CC [refere-se ao cdigo de 1916], os bens comum do casal respondem pelas dvidas contradas pelo marido. Adiciona o argumento de que as despesas condominiais aproveitaram a todos e no s ao marido, de forma que so indivisveis, da que o proprietrio e a co-proprietria so solidariamente responsveis pela dvida. Manteve-se a diretriz dada no juzo de 1 grau.

55

Agravo de Instrumento n 751270-00/3, 18.09.02, Rel. Ds. Luiz de Lorenzi, extinto 2 TAC/SP.

29

8. SENTENA ARBITRAL ESTRANGEIRA HOMOLOGADA TTULO EXECUTIVO JUDICIALO caso Centralsul vs. Legumbres (TJRS)56 trata de apelao cvel contra sentena que julgou improcedentes os embargos execuo opostos em face de sentena arbitral, homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Para a apelante, a homologao do STF tem natureza administrativa e no jurisdicional e requer reforma da deciso, com rediscusso do mrito. A deciso pela improcedncia do pedido. O Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul manteve a sentena prolatada em primeira instncia e seus fundamentos no realizando qualquer ingerncia no mrito da sentena arbitral. O STF, competente poca para analisar pedidos de homologao de sentenas arbitrais estrangeiras (hoje a competncia do STJ) realizou apenas juzo de delibao da deciso trazida, no realizando nenhuma discusso acerca do seu mrito.

56

Apelao Cvel n 2002.04.01.032655-5, 07.11.06, Rel. Juiz Federal Fernando Quadros da Silva, TRF4.

30

9. COMPETNCIA

DOS

JUIZADOS ESPECIAIS CVEIS

PARA

EXECUO

DE

SENTENAS ARBITRAISCasos Joarez Melatti Schuerne vs. ngela da Conceio Esteves da Encarnao (TJRS)57; Adelibio da Silveira vs. Margarida Blume Griebler (TRF)58; Carlos Breno Ocana Rodrigues vs. Csar Augusto Vieira Coimbra (TJRS)59; Joarez Melatti Schuerne vs. Renato Jardim Andre (TJRS)60 e Janete Terezinha Dias Domingues vs. Rosita dos Santos Coelho (TJRS)61. Todos esses casos tratam da execuo de sentenas arbitrais que envolvam sentenas arbitrais de valores inferiores a 40 salrios mnimos. Em todos os casos, as Turmas recursais mantiveram as sentenas proferidas pelos Juizados Especiais afastando a possibilidade de execuo desse tipo de sentena pelos Juizados uma vez que tais rgos s podem executar decises que eles mesmos tenham proferido e no de terceiros.

57 58

Recurso Inominado n 71001150531, 14.06.07, Rel. Des. Ricardo Torres Hermann, TJRS. Recurso Inominado n 71001188382, 30.05.07, Rel. Des. Mylene Maria Michel, TJRS. 59 Recurso Inominado n 71001143742, 24.05.07, Rel. Des. Ricardo Torres Hermann, TJRS. 60 Recurso Inominado n 71001150556, 22.11.06, Rel. Des. Clvis Moacyr Mattana Ramos, TJRS. 61 Recurso Inominado n 71000574715, 08.09.04, Rel. Des. Maria Jos Schmitt Santanna, TJRS.

31

10. DECISESARBITRAGEM

EM QUE NO H DISCUSSO RELEVANTE EM MATRIA DE

Caso Mauro Cezar Melo Ribeiro vs. Banco Fidis de Investimento S/A (TJPA)62. Embora envolvesse uma sentena arbitral, a apelao no foi conhecida pelo E. Tribunal de Justia do Estado do Par por ser intempestiva. Caso Itiquira Energtica S/A vs Inepar S/A Indstria e Construes (TJPR)63. Os agravos de instrumento tratam de medidas de cumprimento de sentena arbitral em fase de execuo. Discute-se a possibilidade de penhora de recebveis aps a determinao de arresto de bens. Embora digam respeito ao clebre contexto litigioso Itiquira vs. Inepar, os acrdos selecionados nesse grupo no tratam de nenhuma discusso no tocante arbitragem, embora, ao que parea, tenha sido assumido tacitamente que a sentena arbitral hgida e capaz de ensejar processo de execuo ou de cumprimento de sentena, visto que foram determinadas medidas de arresto sem que se questionasse a sentena arbitral como ensejadora de tais medidas. Caso Infratel Infraestrutura em Telecomunicaes Ltda. vs. Rhone Administrao S/C Ltda. (TJPR)64. O acrdo trata da possibilidade de desconsiderao da personalidade jurdica de uma empresa condenada em sede de arbitragem. O caso, contudo, discute a possibilidade de constrio de bens dos scios na hiptese de no terem sido encontrados bens da empresa. O extinto Tribunal de Alada do Estado do Paran considerou ser o caso de desconsiderao da personalidade jurdica da empresa condenada sob o fundamento de que os scios estariam utilizando irregularmente a personalidade jurdica da empresa. Caso Roberto Magalhes Nunes de Brito e Outros vs. Vnia Guardi Guimares (TJRJ)65. O acrdo trata apenas das hipteses de cabimento dos embargos de declarao

62 63

Apelao n. 2004.30036979, 28.06.07, Rel. Des. Eliana Rita Daher Abufaiad, TJPA. Agravo de Instrumento n. 397.400-1; Agravo de Instrumento n. 401.942-5 e Agravo de Instrumento n. 397.467-6, 23.05.07, Rel. Des. Carlos Mansur Arida, TJPR. 64 Agravo de Instrumento n 220.318-7, 16.12.02, Rel. Des. Abraham Lincoln Calixto, TJPR. 65 Embargos de Declarao na Apelao Cvel n. 2005.001.16199, 21.02.06, Rel. Des. Francisco de Assis Pessanha, TJRJ.

32

previstos no art. 535 do Cdigo de Processo Civil e do prequestionamento para interposio de recurso especial ou extraordinrio. Caso Topsports Ventures S/A vs. TV mega Ltda. (TJSP)66. Discutiu-se no acrdo o envio dos autos para a 3 Vara Cvel da Comarca de Barueri para julgamento da demanda em juzo que j sentenciara demanda envolvendo as partes em litgio. A discusso se restringiu s regras de competncia plasmadas no art. 103 do CPC, sem tanger qualquer ponto atinente arbitragem. Caso AES Minas Pch Ltda. vs. Maxpower do Brasil Ltda. (TJSP)67. O acrdo envolve apenas a dispensa de apresentao de certides para registro de imvel objeto de processo arbitral. No h nenhum ponto que envolva discusses acerca da arbitragem.

66 67

Agravo de Instrumento n. 408.443-4/0-00, 08.09.05, Rel. Des. Enio Zuliani, TJSP. Agravo de Instrumento n. 7133540-9, 25.04.07, Rel. Des. Heraldo de Oliveira, TJSP.

33

11. ConclusesDo relato dos casos acima chega-se concluso de que a Lei de Arbitragem tem sido corretamente interpretada pelo Poder Judicirio. ainda que tenha havido o proferimento de algumas decises questionveis.. Conforme j anunciado na introduo desta pesquisa, o estudo de casos se deu com base na anlise de acrdos dos nossos Tribunais Estaduais de forma que em muitas ocasies no foi possvel ter acesso a questes ou detalhes que seriam importantes para o entendimento completo do caso concreto. Assim, a ausncia de dados mais detalhados ou aprofundados dos processos nos acrdos impediu a anlise aprofundada da correta aplicao da Lei de Arbitragem no panorama geral. Dentre as questes debatidas no conjunto de decises selecionadas para anlise do tema relativo execuo e ao cumprimento da sentena arbitral, aquela referente ao reconhecimento da natureza jurdica de ttulo executivo judicial da sentena arbitral , sem dvida, a mais delicada e tambm a mais relevante para a solidez do instituto da arbitragem. Na maioria das ocasies em que a higidez da sentena arbitral foi colocada em questo, o Poder Judicirio reconheceu a condio de ttulo executivo judicial da sentena arbitral, como dita o artigo 475-N, IV do Cdigo de Processo Civil. H casos, entretanto, em que se verificou uma falta de atualizao do Poder Judicirio quando ainda trata a sentena arbitral como ttulo executivo extrajudicial, no obstante a alterao da Lei de Arbitragem e do prprio Cdigo de Processo Civil. Estes so os casos Corduroy vs. TCT United S/A e Antonio Arnaldo Bianchi vs. Ilda Gedoz. Em relao a este ltimo caso, vale ressaltar que no importa se a sentena arbitral homologou acordo feito no procedimento arbitral ou se definitivamente julgou o mrito, a sua natureza jurdica sempre ser de ttulo executivo judicial. As demais excepcionais decises questionando a fora executiva da sentena arbitral esto, muitas vezes, pautadas na existncia de vcio maculando a conveno de arbitragem que deu origem deciso arbitral - como quando, por exemplo, o signatrio da 34

clusula compromissria

no tinha poderes de representao para vincular a parte

arbitragem - ou h dvida quanto observncia dos princpios da ampla defesa e do contraditrio no curso do procedimento arbitral. Nesse sentido, correta a nulidade da sentena decretada no caso Antonino Maurcio Caetano Cabral vs. Valquria da Costa Ferreira. Vale observar que h casos em que h desvio de aplicao da lei. No caso Norfil vs. Gustavo Patriota o Tribunal de Justia do Mato Grosso entendeu que uma simples ao de inexistncia de dbito poderia suspender os efeitos da sentena arbitral68, sendo que para desconstituir dbito determinado em condenao arbitral dever-se-ia promover a nulidade da sentena arbitral. Curioso que, em caso semelhante, Norfil vs. Clvis Patriota Filho, o mesmo Tribunal de Justia do Mato Grosso reconheceu o direito da Norfil em negativar o nome do executado em funo de sentena arbitral, visto que as nicas formas de se impugnar tal ttulo executivo judicial seriam os embargos execuo /impugnao ou anulao de sentena arbitral eno ao de declaratria de nulidade de dbito. H, de fato, ainda algumas confuses acerca da disposio legal acerca da clusula e do compromisso arbitral, como ocorreu no caso Empresa de Minerao Brissolare vs. Daniel Curti, no qual o Tribunal aplicou o artigo 10, que trata de compromisso, clusula compromissria inserida em Termo de Confisso de Dvida e Contrato de Fiana. Outro assunto que d margem a questionamentos quanto fora executiva das sentenas arbitrais a liquidez desses ttulos, o que pode acontecer quando nem todas as

Embora tal discusso no tenha sido tratada em nenhum julgado analisado, h grande debate na doutrina acerca do momento adequado para questionamentos acerca da validade e eficcia da sentena arbitral, especialmente via ao de anulao de sentena arbitral ou via embargos execuo ou impugnao ao cumprimento de sentena aps a lei n 11.232 de 2005. Em relao a este ltimo ponto, h polmica tambm em relao ao foro adequado para apresentao dos embargos ou da impugnao em relao a ttulos que contenham clusula compromissria. Nesse sentido, podem ser sugeridos alguns artigos que tratam sobre tais temas: L. F. GUERRERO, Cumprimento da Sentena Arbitral e a Lei 11.232/2005 in Revista de Arbitragem e Mediao, Vol. 15, So Paulo, Revista dos Tribunais, J. Kleinheisterkamp, Interdependncia entre os Procedimentos de Anulao e de Execuo: Estudo Comparativo com Foco na Legislao Brasileira e Alem in Revista Brasileira de Arbitragem n 1, So Paulo, IOB Thompson, 2003, p. 96 e G. E. Nanni, Efeito Vinculante de Conveno de Arbitragem Estipulada no Curso de Processo Judicial Impossibilidade de Reviso da Sentena Arbitral Viabilidade da Arbitragem in Revista Brasileira de Arbitragem n 3, So Paulo, IOB Thompson, 2004, p.167.

68

35

informaes necessrias ao cumprimento da obrigao fixada na sentena arbitral foram disponibilizadas ou no esto completamente claras. Nesse sentido, vale observar que em alguns casos foram movidas aes monitrias e no execues para o cumprimento da sentena arbitral, que ttulo executivo judicial, comportando execuo direta. Infelizmente, no pudemos ter acesso ao inteiro teor das aes para termos conhecimento de quais os motivos que levaram as partes a propor ao monitria. J no caso Carmen Maral Azevedo e Francisco Carlos da Silva Azevedo vs. Cristina Lopes Dutra a discusso centrou-se no fato de que como a sentena arbitral no seria lquida, ela no seria vlida ainda que apresentado memorial descritivo de clculo. Ocorre que se a sentena arbitral determinou a apresentao posterior de memorial para a sua execuo forada, caso a parte no a cumprisse voluntariamente, ainda que os valores no tivessem sido fixados em sentena, a sua determinao deveria ter sido respeitada. Ponto relevante tambm o fato de que ainda no h uma uniformidade nas decises que tratam dos casos em que h embargos execuo/impugnao69 de sentena arbitral e ao de nulidade dessa deciso. A preocupao com possveis decises conflitantes pode resultar na reunio desses processos ou na suspenso dos embargos/impugnao at julgamento final da ao declaratria. De um lado, nos casos Banco ABN Amro Real vs. Vilma Ctia Cndido de Souza e Antonio Arnaldo Bianchi vs. Ilda Gedoz no houve a unio de demandas, enquanto que, de outro lado, nos casos Inemar Ribeiro da Costa vs. Saviano Al Makul Sato e Scott GutfreudA defesa do executado na execuo fundada em ttulo executivo judicial no mais feita por meio de embargos, mas por meio de impugnao. A impugnao do executado prevista nos artigos 475-J, 1, 475-L e 475-M substituiu os embargos do devedor na execuo de ttulo executivo judicial (artigos 741 a 743 do CPC) como meio de reao do executado contra a atividade executiva. Os embargos continuam existindo na execuo fundada em ttulo extrajudicial. Nesse sentido, na Revista de Arbitragem e Mediao n 16 janeiro-maro/2008, So Paulo, Editora Revista dos Tribunais, pp.98/108, h um artigo sobre pedido de anulao de sentena arbitral em execuo. O trabalho trata, em especial, sobre os diferentes entendimentos acerca das matrias passveis de serem argidas em embargos do devedor/impugnao oposto no mbito de execuo de sentena arbitral. Tal questo, contudo, ainda objeto de divergncia. Na Revista de Arbitragem e Mediao n 22 julho-setembro/2009, So Paulo, Editora Revista dos Tribunais, pp.98/108, h um acrdo do TJRJ (AI 2008.001.12975) em que se entende que as regras decorrentes da reforma do cumprimento de sentenas no seriam aplicveis s sentenas arbitrais, amparando essa idia na falta de sincretismo, ou necessidade de citao do devedor.69

36

Advogados Associados e Indstrias Metalrgicas Pescarmona S.A.L.C.Y.F. vs. EIT Empresa Industrial Tcnica S.A.e Outros determinou-se a unio das demandas70. Em relao ao primeiro destes casos, vale observar que a execuo sequer foi suspensa em funo da existncia de outra ao, ela foi extinta o que parece ser um exagero, at porque as medidas no devem ser suspensas, sendo prudente, apenas, que no se outorgue acesso a bens da parte contrria enquanto no h deciso definitiva a respeito. De qualquer modo, a discusso acerca da conexo entre os embargos execuo/impugnao e a ao de anulao de sentena arbitral deve ser analisada com cuidado. Se h identidade de causa de pedir entre as demandas, interessante que haja suspenso dos embargos/impugnao para julgamento conjunto, impedindo-se decises conflitantes. Dos acrdos objeto de estudo pode-se notar que ainda h um nmero razovel de partes condenadas em procedimentos arbitrais que, quando iniciada a execuo da sentena arbitral, tentam resgatar a discusso de mrito da controvrsia submetida arbitragem e j finalmente resolvida, especialmente quando h ao de nulidade da sentena arbitral em curso. O caso Centralsul vs. Legumbres traduz bem a determinao de que no se pode discutir o mrito da ao, isso porque sequer o Supremo Tribunal Federal71 teria competncia para reexaminar o mrito de sentena arbitral estrangeira, realizando apenas processo de delibao, anlise de requisitos formais para a homologao da sentena. De outro lado, uma vez homologada a sentena arbitral estrangeira, opera-se coisa julgada formal e material, de modo a impedir qualquer rediscusso, podendo ser re-proposto o pedido se negada a homologao e sanados os vcios (art. 40 da Lei de Arbitragem). Uma vez homologada, a sentena arbitral estrangeira dotada da mesma eficcia de uma sentena arbitral proferida internamente, isto , ser equiparada a uma sentena judicial e ser classificada como ttulo executivo judicial.70

Na Revista de Arbitragem e Mediao n 14 julho-setembro/2007, So Paulo, Editora Revista dos Tribunais, pp. 253/258, h uma deciso do TJSP (AI 7.129.791-7) determinando que a existncia de ao de nulidade de sentena arbitral no justifica a suspenso da execuo do ttulo ou da respectiva impugnao. 71 Aps a EC n 45/2004 a competncia passou a ser do STJ.

37

H, ainda, casos em que o devedor procura trazer discusso as questes que podem ser suscitadas em embargos de execuo de ttulo extrajudicial, ignorando a equiparao da sentena arbitral sentena judicial. Os Tribunais, entretanto, tm se mantido coerentes quanto impossibilidade de anlise do mrito ou mesmo de invalidade da arbitragem. No caso da Topsports Ventures S/A vs. TV mega Ltda., por exemplo, o Tribunal de Justia de So Paulo afastou a alegao de renncia arbitragem, visto que durante este procedimento nada se tratou acerca de referida eventual nulidade. No que diz respeito aos poderes do juiz, a deciso mais relevante envolve a prerrogativa do rbitro fixar multa e outras medidas coercitivas visando assegurar a eficcia do teor da sentena arbitral, tais como o bloqueio de bens e renda do devedor. A oposio possibilidade de imposio de multas nas sentenas diz respeito ausncia de disposio legal sobre o tema para obrigaes de pagar no sistema processual brasileiro e, principalmente, pelo fato dos rbitros no serem dotados de poderes de execuo de suas decises alm daquela fixada no art. 475-J do CPC. Nesse caso, o rbitro no poderia impor medidas constritivas no tocante execuo de suas decises, cabendo estas apenas ao juiz togado em momento oportuno. Embora tenha o monoplio da cognio, o rbitro estaria impedido de tomar qualquer medida no tocante efetivao de suas decises72. Apesar de uma minoria de decises entendendo que isso no seria possvel pelo fato de o rbitro no possuir poderes de coero, a maior parte dos julgados entende que ao rbitro tambm permitido determinar essas providncias, que, conforme o caso, so ou no aplicadas pelo juiz togado. Quanto s obrigaes de fazer e de no fazer (CPC, art. 461) e de entregar coisa (CPC, art. 461-A) parece no haver nenhum empecilho para que tais medidas sejam aplicadas no momento da execuo da sentena, embora persista a discusso acerca dos poderes dos rbitros para determinao de tais medidas durante a cognio. A inclinaoSobre os poderes dos rbitros, verificar: Os rbitros possuem parcela relevante da jurisdio que conferida pelas partes por meio das convenes de arbitragem e da disposio do art. 18 da Lei de Arbitragem. O rbitro juiz de fato e de direito, porm, os rbitros no possuem outra parcela relevante da jurisdio que o imperium e a coertio, para fazer valer a sentena de natureza condenatria, mandamental ou executiva latu senso in L. F. GUERRERO, Cumprimento da Sentena Arbitral e a Lei 11.232/2005 in Revista de Arbitragem e Mediao, Vol. 15, So Paulo, Revista dos Tribunais, 2007, C. DE M. VALENA FILHO, Poder Judicirio e Sentena Arbitral, Curitiba, Juru, 2002, p. 46 e seguintes e Nilton Cesar72

38

dos Tribunais brasileiros, porm, parece ser no sentido de que tais medidas so possveis e que podem ser determinadas pelos rbitros, embora estes no possam efetiv-las e dependam do Judicirio para tanto. Em relao competncia, h uma tendncia nas decises estudadas por se fixar como competente para o processo de execuo da sentena arbitral o juzo perante o qual tramitou a ao de instaurao de juzo arbitral do artigo 7 da Lei 9.307/96, nos casos em que assim foi constitudo o tribunal arbitral, e por entender que esse mesmo juzo competente para eventuais medidas de urgncia que sejam necessrias no curso da execuo. O caso Carmen Lcia Cobaixo Girotto vs. Condomnio Edifcio Azalia traz interessante discusso envolvendo a necessidade de ambos os cnjuges participarem do procedimento arbitral no qual se discutiu contrato de locao. No se trata, entretanto, de exigncia de outorga uxria j que a demanda envolvendo locao no uma demanda real imobiliria vez que decorrente de contrato73. A nica exceo diz respeito aos contratos de locao fixados com prazo superior a 10 (dez) anos. Nesse caso ser necessria vnia conjugal (art. 3 da lei n 8.245, de 18 de outubro de 1991) e a participao de ambos os cnjuges no processo arbitral ser necessria. No foi possvel verificar ainda se a recorrente foi parte do contrato de locao, pois em caso positivo, deveria ela sim ter feito parte do processo arbitral em flagrante afronta ao art. 10, 1, inciso II do Cdigo de Processo Civil. Nos termos do art. 11 do Cdigo de Processo Civil, o processo arbitral em comento estaria invalidado assim como a sentena arbitral dele resultante. Faz-se necessrio, ainda, um comentrio sobre a possibilidade ou no de execuo de sentenas arbitrais pelos Juizados Especiais. Embora este seja um contexto de causas de menor montante (valores inferiores a 40 salrios mnimos) e que esto distantes do comrcio internacional, bero da arbitragem, o Judicirio brasileiro, na sua verso mais

73

RT615/73 e RJTJESP 105/281.

39

prxima dos small claims courts, no deixou de receber questes que envolviam a arbitragem e que, por isso, sero analisadas nesse relatrio. Em nosso sistema jurdico, as sentenas arbitrais (ou laudo arbitral, como referido no CPC) sempre foram equiparadas s sentenas judiciais, ainda que as sentenas arbitrais at 1996 dependessem de homologao judicial. Como se v a seguir: Art. 584. So ttulos executivos judiciais: (...) III - sentena homologatria de transao, de conciliao, ou de laudo arbitral;. A Lei dos Juizados Especiais surgiu em 1995 e ento o legislador poderia ter indicado a sentena arbitral no art. 3 da 9.099/95. No o fez por opo poltica. Depois de 1996 tambm nada foi feito. A no execuo de sentenas arbitrais no JEC resulta de aplicao literal da lei, mas no tcnica, necessariamente. Isso no faz muito sentido hoje. Ademais porque a sentena arbitral tem os mesmos efeitos de uma sentena judicial (arts. 18 e 31 da Lei de Arbitragem). Se tal sentena arbitral envolve montante inferior a 40 salrios mnimos no nos parece haver impedimento lgico para sua execuo no JEC. Alm disso, h contradio tambm com as disposies previstas no art. 24 da Lei n. 9.099/95, que permite que as demandas apresentadas nos JECS sejam resolvidas por arbitragem. Como seria a execuo dos julgados proferidos desse modo j que eles no seriam proferidos pelos JECS? No faz sentido, nesse caso, como no faz sentido em outros casos de menor monta, que poderiam ser julgados pelos JECS, permitir que a execuo se desse fora dessa estrutura. Isso porque a arbitragem est de acordo com todos os princpios

40

da Lei n. 9.099/95 (especialmente a informalidade, celeridade74) e tal lei apia exclusivamente a arbitragem (art. 24 da Lei do JEC). Deve-se, portanto, buscar formas de conciliar mtodos de soluo de conflitos que possam ser conciliadas sob pena de submisso do jurisdicionado a procedimentos complexos, desnecessariamente. Por fim, conclui-se que a Lei de Arbitragem foi recepcionada pelo Poder Judicirio brasileiro, de forma que, na maioria das decises estudadas, especialmente no tocante a execues de sentenas arbitrais, a lei foi aplicada tecnicamente. Em virtude da quantidade pequena de decises (43) envolvendo o tema da execuo e cumprimento das sentenas arbitrais, possvel se concluir, ainda, que a grande maioria das decises arbitrais so cumpridas espontaneamente pelas partes, o que deixa assente que a arbitragem tem sido um meio eficaz de soluo de conflitos.

74

R. DA C. CHIMENTI, Teoria e Prtica dos Juizados Especiais Cveis Estaduais e Federais, 10 ed., So Paulo, Saraiva, 2008, pp. 5-25.

41

ANEXO I - TABELA DAS DECISES JUDICIAIS COLETADASNmero do Processo

Classe Processual

rgo Julgador

Requerente

Requerido

1

Agravo de instrumento Agravo de instrumento Agravo de instrumento Agravo de instrumento

1752/2004

3 Cmara Cvel

Norfil S/A Indstria Txtil Norfil S/A Indstria Txtil Norfil S/A Indstria Txtil Campos & Saadeddine Ltda.

Clvis Patriota Filho

2

33622/2005

3 Cmara Cvel

Clvis Patriota Filho

3

1751/2004

1 Cmara Cvel

Gustavo Patriota

4

54590/2007

2 Cmara Cvel 1 Turma Recursal dos Juizados Especiais Cveis e Criminais 6 Turma Cvel

Luiz Mariano de Lima

5

Apelao Cvel no Juzado Especial

2005 07 1 024213-7

Joelson Matias Guimares Tribunal de Mediao e Justia Arbitral do Distrito Federal Americel S/A

Danielle de Andrade Gomes

6

Apelao Cvel

2005.01.1.138941-8

Casa dos Motores Ltda. ME Compushopping Informrica Ltda. ME e Outros Banco Fidis de Investimento S/A INEPAR S.A.Indstria e Construes Itiquira Energtica S.A. INEPAR S.A.Indstria e Construes Nastassia Lyra Iurk Marcondes da Silva.

7

Agravo de Instrumento

2004 00 2 002492-9

3 Turma Cvel

8

Apelao Cvel

200.430.036.979

4 Cmara Cvel Isolada

Mauro Cezar Melo Ribeiro Itiquira Energtica S.A. INEPAR S.A.Indstria e Construes Itiquira Energtica S.A. Lcio Antnio Lakomy

9

Agravo de Instrumento Agravo de Instrumento Agravo de Instrumento Agravo de Instrumento

397400-1

18Cmara Cvel

10

401942-5

18Cmara Cvel

11

397467-6

18Cmara Cvel

12

315545-3

11 Cmara Cvel

42

13

Agravo de Instrumento Conflito de competncia

220318-7

7 Cmara Cvel (extinto TA) Primeira Cmara de Direito Civil

Infratel Infraestrutura em Telecomunicaes Ltda. Juza de Direito da terceira vara cvel da comarca de Joinville Lair Bortolozzo Zucco

Rhone Admonistrao S/A Ltda. Juiz de Direito da segunda vara cvel da comarca de Joinville Dorvalino Agusti Starpel Comrcio Servios em Equipamentos de Telecomunicaes Ltda Cristina Lopes Dutra

14

2004.004007-5

15

Apelao Cvel

70015727472

20 Cmara Cvel

16

Apelao Cvel

70010239465

10 Cmara Cvel

Flavio Bandeira Nunes de Pinho

17

Apelao Cvel

70014477251

19 Cmara Cvel

Carmen Marcal Azevedo e outro Jorge Fbio Pires Dias Antonio Arnaldo Bianchi

18

Apelao Cvel

70013509336

5 Cmara Cvel

DE ContoFactoring e Assessoria Ltda

19

Apelao Cvel

70005976881

12 Cmara Cvel

Ilda Gedoz

20

Conflito de Competncia

70022221881

6 Cmara Cvel

Pretor da 2 Vara Juiza de Direito da 2 Civel da Comarca de Vara Civel da Lajeado Comarca de Lajeado Joarez Melatti Schuerne Angela da Conceio Esteves da Encarnao Margarida Blume Griebler Cesar Augusto Viera Coimbra

21

Recurso Cvel

71001150531

1 Turma Recursal Cvel 2 Turma Recursal Cvel 1 Turma Recursal Cvel 2 Turma Recursal Cvel 2 Turma Recursal Cvel

22

Recurso Cvel

71001188382

Adelibio da Silveira

23

Recurso Cvel

71001143742

Carlos Breno Ocana Rodrigues Joarez Melatti Schuerne Janete Teresinha Dias Domingues

24

Recurso Cvel

71001150556

Renato Jardim Andre

25

Recurso Cvel

71000574715

Rosita dos Santos Coelho

43

26

Agravo de Instrumento

2005.002.11305

Dcima Oitava Cmara Cvel Dcima Primeira Cmara Cvel Terceira Cmara Cvel

Banco ABN AMRO Vilma Catia Candido REAL S.A. de Souza Antonio Maurcio Caetano Cabral Valquria da Costa Ferreira

27

Apelao cvel

2007.001.00011

28

Conflito de Competncia

2006.008.00112

Juizo de direito da 1 Juizo de direito da 3 Vara Cvel Regional Vara Cvel Regional da Ilha do de Madureira Governador Vania Guardia Guimares Roberto Magalhes Nunes de Brito e outro Ducatti de So Gonalo Veiculos Ltda ME Topsports Ventures S.A. Topsports Ventures S.A. Antonio Victor Vicente Lapenta e Outros Corduroy S/A Indstrias Txteis Roberto Magalhes Nunes de Brito e outro Vania Guardia Guimares Vanda Pereira da Silva Tv Omega Ltda e Topstports Ventures S/A TV mega Ltda.

29

Apelao cvel

2005.001.16199

Sexta Cmara Cvel

30

Embargos de Declarao Agravo de Instrumento Agravo de Instrumento Agravo de Instrumento Agravo de Instrumento Agravo de Instrumento

2005.001.16199

Sexta Cmara Cvel

31

18187/2003

Primeira Cmara Cvel

32

406.5704/500 e 4 Cmara de Direito 408.0894/400, Privado 4 Cmara de Direito Privado 5 Cmara de Direito Privado 8 Cmara de Direito Privado

33

408.443-4/0-00

34

433.010-4/3-00

Ricardo Mosca Miranda Cruz

35

187.195-4/9-00

TCT United S/A Saviano Al Makul Satto e Scott Gutfreund Advogados Associados EIT Empresa Industrial Tcnica S/A Condomnio Edifcio Azalia

36

Agravo de Instrumento

475.995-4/4-00

5 Cmara de Direito Privado