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EXECUÇÃO FISCAL (EM TÓPICOS) Apostila confeccionada pelo Prof. Mauro Luís Rocha Lopes (especial para os alunos do Master Juris/Tribcast) Versão: 2015 parte III Art. 11. A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem: I dinheiro; II título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em Bolsa; III pedras e metais preciosos; IV imóveis; V navios e aeronaves; VI veículos; VII móveis ou semoventes; e VIII direitos e ações. § Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em plantações ou edifícios em construção. § 2º A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do art. 9º. § 3º O juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda Pública exequente, sempre que esta o requerer, em qualquer fase do processo. Ordem de Penhora e Substituição dos Bens Penhorados deixar de lado a ordem do art. 11 da LEF é algo excepcional, somente aceitável quando as peculiaridades do caso concreto e o interesse das partes o recomendem. LEF, art. 15, II: parece permitir que, a requerimento exclusivo do credor, possa a gradação em tela ser desobedecida. Não é essa, contudo, a melhor conclusão.

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EXECUÇÃO FISCAL (EM TÓPICOS)

Apostila confeccionada pelo Prof. Mauro Luís Rocha Lopes (especial para os alunos do Master Juris/Tribcast) Versão: 2015 – parte III

Art. 11. A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem:

I – dinheiro;

II – título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em Bolsa;

III – pedras e metais preciosos; IV – imóveis; V – navios e aeronaves;

VI – veículos; VII – móveis ou semoventes; e

VIII – direitos e ações. § 1º Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre

estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em plantações ou edifícios em construção.

§ 2º A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do art. 9º.

§ 3º O juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda Pública exequente, sempre que

esta o requerer, em qualquer fase do processo.

Ordem de Penhora e Substituição dos Bens Penhorados

deixar de lado a ordem do art. 11 da LEF é algo excepcional, somente aceitável quando as peculiaridades do caso concreto e o interesse das partes o recomendem.

LEF, art. 15, II: parece permitir que, a requerimento exclusivo do credor, possa a gradação em tela ser desobedecida. Não é essa, contudo, a melhor conclusão.

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se a Fazenda credora requerer, em execução fiscal, a substituição de bens penhorados por outros, em desrespeito à ordem do art. 11 da LEF, pode e deve o julgador exigir a justificativa correlata, sob pena de indeferimento da pretensão.

OBS: por justificativa, entenda-se motivo razoável e justo para a substituição, como, v. g., a deterioração do bem penhorado ou a sua

provável difícil aceitação em futuro leilão. Assim, a) o devedor pode obter a substituição de bens penhorados não somente por depósito em dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia, mas também por outros

bens, desde que com tal providência anua o credor; e b) o credor pode pleitear a substituição de bens penhorados, independentemente da

ordem enumerada no art. 11, ficando o acolhimento de seu pedido subordinado à existência de justo motivo, a critério do Juiz.

Penhora em Dinheiro e Sigilo Bancário. Penhora “On-Line”

a penhora deve recair, preferencialmente, em dinheiro (LEF, art. 11, I), porque isso afasta a necessidade de diversos atos, no curso do executivo, tais como avaliação, registro, intimação de terceiro para eventual remição, leilão (e todas as providências correlatas), arrematação, adjudicação etc.

como a penhora em dinheiro será transformada em depósito (LEF, art. 11, § 2º), a única providência a ser tomada, em caso de rejeição dos embargos do devedor por sentença transitada em julgado ou não oferecimento destes, será a entrega da quantia depositada à Fazenda credora (“conversão em renda”), extinguindo-se a execução com a medida.

53) Na execução contra instituição financeira, é penhorável o numerário

disponível, excluídas as reservas bancárias mantidas no Banco Central (Súmula 328 STJ).

para viabilizar a penhora em dinheiro, tem sido comum a utilização da chamada penhora on-line, que consiste em medida através da qual o juiz acessa por senha o sistema informatizado do Banco Central (BACENJUD) e

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torna indisponíveis os depósitos bancários do executado até o limite do valor do débito a garantir.

CPC, art. 655-A: aplicação subsidiária aos executivos fiscais.

OBS: NCPC -> art. 854

Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação

financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao

executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne

indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado, limitando-se a

indisponibilidade ao valor indicado na execução.

§ 1º No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade excessiva, o que deverá ser

cumprido pela instituição financeira em igual prazo.

§ 2º Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será intimado na

pessoa de seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente.

§ 3º Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar que:

I - as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis;

II - ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos financeiros.

§ 4º Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3o, o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade irregular ou excessiva, a ser cumprido

pela instituição financeira em 24 (vinte e quatro) horas.

§ 5º Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-se-á a

indisponibilidade em penhora, sem necessidade de lavratura de termo, devendo o juiz

da execução determinar à instituição financeira depositária que, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, transfira o montante indisponível para conta vinculada ao juízo da

execução.

§ 6º Realizado o pagamento da dívida por outro meio, o juiz determinará,

imediatamente, por sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, a notificação da instituição financeira para que, em até 24 (vinte e

quatro) horas, cancele a indisponibilidade.

§ 7º As transmissões das ordens de indisponibilidade, de seu cancelamento e de

determinação de penhora previstas neste artigo far-se-ão por meio de sistema

eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional.

§ 8º A instituição financeira será responsável pelos prejuízos causados ao executado

em decorrência da indisponibilidade de ativos financeiros em valor superior ao

indicado na execução ou pelo juiz, bem como na hipótese de não cancelamento da

indisponibilidade no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, quando assim determinar o juiz.

§ 9º Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento do

exequente, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico

gerido por autoridade supervisora do sistema bancário, que tornem indisponíveis

ativos financeiros somente em nome do órgão partidário que tenha contraído a dívida

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executada ou que tenha dado causa à violação de direito ou ao dano, ao qual cabe

exclusivamente a responsabilidade pelos atos praticados, na forma da lei.

mesmo em se tratando de dívida ativa tributária, a citada norma tem prevalência diante da do art. 185-A do

CTN, que só admite a penhora on-line depois de esgotadas as tentativas de localização de bens penhoráveis.

54) A interpretação das alterações efetuadas no CPC não pode resultar no absurdo lógico de colocar o credor privado em situação melhor que o credor público, principalmente no que diz respeito à cobrança do crédito tributário, que deriva do dever fundamental de pagar tributos (arts. 145 e seguintes da Constituição Federal de 1988). Em interpretação sistemática do ordenamento jurídico, na busca de uma maior eficácia material do provimento jurisdicional, deve-se conjugar o art. 185-A, do CTN, com o art. 11 da Lei no 6.830/80 e arts. 655 e 655-A, do CPC, para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, independentemente do esgotamento de diligências para encontrar outros bens penhoráveis. Em suma, para as decisões proferidas a partir de 20.1.2007 (data da entrada em vigor da Lei no 11.038/2006), em execução fiscal por crédito tributário ou não, aplica-se o disposto no art. 655-A do Código de Processo Civil, posto que compatível com o art. 185-A do CTN (REsp. 1074228, Rel. Min. Mauro Campbell Marques).

OBS: NCPC -> art. 835 e 842 Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;

II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação

em mercado;

III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;

IV - veículos de via terrestre; V - bens imóveis;

VI - bens móveis em geral;

VII - semoventes;

VIII - navios e aeronaves;

IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias; X - percentual do faturamento de empresa devedora;

XI - pedras e metais preciosos;

XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação

fiduciária em garantia;

XIII - outros direitos.

§ 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar

a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto.

§ 2º Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e

o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.

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§ 3º Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada

em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será intimado da penhora.

Art. 842. Recaindo a penhora sobre bem imóvel ou direito real sobre imóvel, será

intimado também o cônjuge do executado, salvo se forem casados em regime de

separação absoluta de bens.

a alegação, pelo devedor, do princípio da menor onerosidade (CPC, art. 620), não pode ser aceita genericamente, devendo haver comprovação de que no caso específico a penhora on-line pode causar graves prejuízos, com indicação de alternativa que viabilize a satisfação do direito do credor.

OBS: NCPC -> art. 805

Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.

Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa

incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de

manutenção dos atos executivos já determinados.

55) A tese de violação ao princípio da menor onerosidade não pode ser defendida de modo genérico ou simplesmente retórico, cabendo à parte executada a comprovação, inequívoca, dos prejuízos a serem efetivamente suportados, bem como da possibilidade, sem comprometimento dos objetivos do processo de execução, de satisfação da pretensão creditória por outros meios (AgRg no REsp 1051276, Rel. Min. Herman Benjamin).

Se a penhora online recair sobre verba alimentar –salário, proventos etc –, deve ser imediatamente levantada pelo julgador, em respeito à regra de impenhorabilidade prevista no CPC, art. 649, inciso IV.

OBS: NCPC -> art. 833, IV

Art. 833. São impenhoráveis:

(...)

IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os

proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as

quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e

de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional

liberal, ressalvado o § 2º;

Entretanto, as sobras aplicadas em fundos de investimento perdem o atributo da impenhorabilidade

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absoluta, por não se revelarem vitais ao devedor ou à sua família (REsp 1.330.567-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/5/2013).

OBS: lembrando-se sempre que a execução se faz no interesse do credor (CPC, art. 612 / NCPC, art. 797).

Os valores depositados em nome das filiais estão sujeitos à penhora por dívidas tributárias da matriz. Esse entendimento, manifestado pelo STJ, baseia-se em que limitar a satisfação do crédito público, notadamente do crédito tributário, apenas ao patrimônio do estabelecimento que participou da situação caracterizada como fato gerador é adotar interpretação absurda e odiosa, afirmando ainda que a obrigação de que cada estabelecimento se inscreva com número próprio no CNPJ tem especial relevância para a atividade fiscalizatória da administração tributária, não afastando a unidade patrimonial da empresa (REsp 1.355.812-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22/5/2013).

OBS: do contrário, estaria aberto o caminho para inúmeras fraudes contra interesses fazendários, mediante desvio de patrimônio de

unidades inadimplentes para unidades regulares de uma mesma pessoa jurídica.

Penhora de Cotas Sociais

nada obsta à penhora de cotas de sociedade de responsabilidade limitada, em execução movida contra o titular das mesmas, sendo irrelevante que o contrato social respectivo contenha vedação expressa.

Em execução fiscal, a penhora de cotas sociais encontra respaldo no rol do art. 11 da LEF, pois se encaixa no inciso VIII da referida disposição (“direitos e ações”).

OBS: NCPC -> art. 835, IX

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: (...)

IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;

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(...)

OBS: Distinção haverá no tocante aos efeitos que tal penhora irá gerar para a sociedade, de acordo com a existência, ou não, de restrição

contratual – explícita ou implícita – a que o arrematante das mesmas venha a se tornar sócio.

56) Os efeitos da penhora incidente sobre as cotas sociais hão de ser determinados em atenção aos princípios societários, considerando-se haver, ou não, no contrato social proibição à livre alienação das mesmas. Havendo restrição contratual, deve ser facultado à sociedade, na qualidade de terceira interessada, remir a execução, remir o bem ou conceder-se a ela e aos demais sócios a preferência na aquisição das cotas, a tanto por tanto (CPC, arts. 1.117, 1.118 e 1.119). Não havendo limitação no ato constitutivo, nada impede que a cota seja arrematada com inclusão de todos os direitos a ela concernentes, inclusive o status de sócio (REsp 36.909-SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, RSTJ 69/386).

O Superior Tribunal de Justiça também valida a penhora da própria sede da empresa

57) É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial (Súmula

451 STJ). OBS: NCPC -> art. 861

Penhora de Títulos da Dívida Pública. Precatório

quando tiverem cotação em bolsa, terão prioridade quase absoluta, juntamente com os títulos de crédito nas mesmas condições, nas execuções fiscais (LEF, art. 11, II)

OBS: a jurisprudência considera que os títulos sem cotação em bolsa

ocupam a última posição na gradação do art. 11 da LEF (“direitos e ações”). Modernamente, diante da dificuldade de alienação de tais títulos, o STJ vem validando a recusa da Fazenda exeqüente em que

sejam penhorados.

58) É legítima a recusa pela exeqüente de nomeação à penhora de bem de difícil alienação, in casu, as apólices da dívida pública, sem cotação

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na Bolsa de Valores (AgRg nos EAg 1148740/SC, 1ª Seção, Min. Luiz Fux).

CPC, art. 682: aplicação subsidiária aos executivos fiscais, a determinar que o valor dos títulos será o da

cotação oficial do dia, provada por certidão ou publicação no órgão oficial.

o precatório é um título de crédito em face do Poder Público sem cotação em bolsa, enquadrando-se em posição subalterna no rol do art. 11 da LEF (inciso VIII – “direitos e ações”).

OBS: Pelo mesmo critério de diminuta liquidez, a Corte Superior sumulou a orientação que chancela a recusa de penhora nesse caso.

59) A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório (Súmula 406 STJ).

Na mesma linha, em execução fiscal, quando o devedor, citado para pagar ou garantir a dívida, nomeia um precatório à penhora, cabe ao procurador fazendário manifestar ao juiz a recusa à nomeação.

Enquadrando-se como “direito e ação”, o precatório está situado no último inciso do rol do art. 11 da Lei 6.830/80, que estabelece a gradação para fins de penhora.

OBS: não é que o precatório, direito de crédito, não possa ser penhorado, mas somente quando ficar demonstrada a inexistência de

outros bens que possam garantir a dívida em cobrança. Por isso, decidiu, acertadamente, o STJ que o entendimento extraído de sua

citada Súmula 406 também viabiliza a recusa da oferta do precatório na primeira nomeação feita pelo devedor (AgRg nos EDcl no REsp 1331769, Rel. Sérgio Kukina, DJe 30/10/2013).

Penhora de Faturamento. Termo Inicial do Prazo para Embargos

não se confunde com a penhora em dinheiro, que ocupa o primeiro posto na ordem de preferência do art. 11 da

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LEF e pressupõe numerário existente, certo, determinado e disponível no patrimônio do executado.

penhora de faturamento - constrição que recai sobre percentual de renda futura e incerta da empresa executada, justificável apenas em hipóteses excepcionais, vale dizer, quando restar evidenciada a impossibilidade de penhora dos bens arrolados no art. 11 da LEF, incisos I a VIII.

a penhora de renda da empresa equivale à penhora do próprio estabelecimento, encaixando-se na previsão excepcional do art. 11, § 1º, da LEF.

CPC, art. 655-A, § 3º: aplicação subsidiária - na penhora de percentual do faturamento da empresa executada será nomeado depositário, com a atribuição de submeter à aprovação judicial a forma de efetivação da constrição, bem como de prestar contas mensalmente, entregando ao exequente as quantias recebidas, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida.

OBS: NCPC -> art. 835, X e art. 866

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

(...) X - percentual do faturamento de empresa devedora;

(...)

Art. 866. Se o executado não tiver outros bens penhoráveis ou se, tendo-os, esses forem de difícil alienação ou insuficientes para saldar o crédito executado, o juiz

poderá ordenar a penhora de percentual de faturamento de empresa.

§ 1º O juiz fixará percentual que propicie a satisfação do crédito exequendo em tempo

razoável, mas que não torne inviável o exercício da atividade empresarial.

§ 2º O juiz nomeará administrador-depositário, o qual submeterá à aprovação judicial

a forma de sua atuação e prestará contas mensalmente, entregando em juízo as

quantias recebidas, com os respectivos balancetes mensais, a fim de serem imputadas

no pagamento da dívida.

§ 3º Na penhora de percentual de faturamento de empresa, observar-se-á, no que

couber, o disposto quanto ao regime de penhora de frutos e rendimentos de coisa

móvel e imóvel.

OBS: o correto é que sejam as parcelas depositadas em juízo, enquanto

estiverem pendentes de decisão final os embargos à execução fiscal.

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Jurisprudência do STJ: a penhora sobre o faturamento deve ser feita mediante percentual que não inviabilize a atividade empresarial.

60) A jurisprudência desta Corte é assente quanto à possibilidade de a penhora recair, em caráter excepcional, sobre o faturamento da empresa, desde que observadas, cumulativamente, as condições previstas na legislação processual (arts. 655-A, § 3º, do CPC) e o percentual fixado não torne inviável o exercício da atividade empresarial (AgRg no REsp 1187671, 2ª Turma, Min. Castro Meira)

o prazo dos embargos, inicia-se a partir do instante em que é o mesmo intimado da penhora de seu faturamento, não quando do aperfeiçoamento da garantia de todo o débito.

OBS: isso evita que a empresa devedora fique um longo período submissa à penhora do seu faturamento mensal sem poder embargar a

execução. Assim, tempera-se a previsão de que não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução (LEF, art. 16, §1º). Nessa linha, a recente jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça indica: 60-A) Em se tratando de penhora sobre o faturamento, o prazo de trinta dias para o oferecimento dos embargos é contado da intimação da penhora (art. 16, III, da Lei 6.830). A vedação contida no art. 16, § 1º, da Lei 6.830/80 - "não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução" - não tem o condão de alterar o termo inicial do prazo para os embargos (para que seja contado da data em que houve o primeiro "depósito" mensal) (AgRg no AREsp 161371, Min. Mauro Campbell marques, 2012).

Depositário Infiel. Prisão

CPC, art. 665, IV: aplicável subsidiariamente ao executivo fiscal, indicando que do auto – ou do termo – de penhora deve constar a nomeação do depositário dos bens.

OBS: NCPC -> art. 838

Art. 838. A penhora será realizada mediante auto ou termo, que conterá:

IV - a nomeação do depositário dos bens.

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o depositário é auxiliar da justiça e o encargo correlato encontra-se delineado nos arts. 148 a 150 do CPC.

OBS: NCPC -> art. 161 Art. 161. O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada, mas tem o

direito a haver o que legitimamente despendeu no exercício do encargo.

Parágrafo único. O depositário infiel responde civilmente pelos prejuízos causados,

sem prejuízo de sua responsabilidade penal e da imposição de sanção por ato

atentatório à dignidade da justiça.

fica o titular do munus obrigado, uma vez instado pelo juízo, a apresentar o bem penhorado no estado em que se encontrava quando lhe foi confiado, pois sua obrigação não é apenas de guarda, mas de conservação da coisa penhorada.

Jurisprudência: o depositário que aceita inicialmente o encargo, mas, depois, de forma justificada, explica que não pode mais arcar com tal ônus, dele deve ser liberado, eis que não pode ser obrigado a fazer o que a lei não lhe impõe (CF, art. 5º, II).

61) O encargo de depositário de bens penhorados pode ser expressamente recusado (Súmula 319 STJ).

ao julgar os HCs nos 87.585 e 92.566, da relatoria do Ministro Marco Aurélio, orientou-se o Supremo Tribunal Federal pela inviabilidade jurídica da custódia do depositário infiel, ao decidir que a prisão civil no Brasil está restrita ao caso de inadimplemento voluntário e inescusável de pensão alimentícia.

OBS: Assim, restam prejudicadas as normas legais que tratam de aspectos relacionados à prisão do depositário infiel (como as do art. 666, § 3º, do CPC, com a redação dada pela Lei no 11.382/2006, e do

art. 652 do Código Civil), bem assim as súmulas correlatas dos tribunais (v.g. Súmula 619 do STF e Súmulas 304 e 305 do STJ).

OBS: sem correspondente no NCPC

62) É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito (Súmula Vinculante 25 STF).

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63) Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel (Súmula 419 STJ).

de todo modo, caracterizada a infidelidade do depositário, responderá ele pelos prejuízos que, dolosa ou culposamente, tiver causado à parte (CPC, art. 150), podendo ainda ser punido atentado ao exercício da jurisdição (CPC, art. 14, V e parágrafo único).

OBS: NCPC -> art. 161

Art. 161. O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por dolo ou

culpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada, mas tem o direito a haver o que legitimamente despendeu no exercício do encargo.

Parágrafo único. O depositário infiel responde civilmente pelos prejuízos causados,

sem prejuízo de sua responsabilidade penal e da imposição de sanção por ato

atentatório à dignidade da justiça.

OBS: NCPC -> art. 77

Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:

IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e

não criar embaraços à sua efetivação;

§ 2º A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da

justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais

cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta.

§ 3º Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no § 2o será

inscrita como dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito em julgado da

decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal,

revertendo-se aos fundos previstos no art. 97.

nos casos em que o próprio executado for o depositário infiel, poderá ver sua conduta enquadrada como

atentatória à dignidade da Justiça, caso em que suportará a imposição de multa, fixada pelo juiz em até 20% do montante do débito, que reverterá em proveito do credor e poderá ser cobrada nos próprios autos da execução fiscal (CPC, arts. 599 a 601).

OBS: NCPC -> art. 772

Art. 772. O juiz pode, em qualquer momento do processo:

I - ordenar o comparecimento das partes;

II - advertir o executado de que seu procedimento constitui ato atentatório à dignidade da justiça;

III - determinar que sujeitos indicados pelo exequente forneçam informações em geral

relacionadas ao objeto da execução, tais como documentos e dados que tenham em

seu poder, assinando-lhes prazo razoável.

OBS: NCPC -> art. 774

Execução Fiscal (em tópicos) – Versão 2015

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Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou

omissiva do executado que: I - frauda a execução;

II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;

III - dificulta ou embaraça a realização da penhora;

IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais;

V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os

respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus.

OBS: NCPC -> art. 774, parágrafo único

Art. 774. Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em

montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo,

sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material.

64) a desídia do depositário de bem perecível, não o oferecendo a alienação antecipada, traduz infidelidade (RHC no 12.572-GO, 2a Turma, Rel.a Min.a Eliana Calmon, DJ 5/8/2002, p. 219).

Descaracteriza-se a infidelidade no caso de roubou ou furto da coisa, ou em outros em que fique evidenciado que o depositário não agiu de modo a responder pela perda, extravio ou inutilização do bem.

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Art. 12. Na execução fiscal, far-se-á a intimação da penhora ao executado, mediante publicação, no órgão oficial, do ato de juntada

do termo ou do auto de penhora. § 1º Nas comarcas do interior dos Estados, a intimação poderá ser

feita pela remessa de cópia do termo ou do auto de penhora, pelo correio, na forma estabelecida no art. 8o, I e II, para a citação.

§ 2º Se a penhora recair sobre imóvel, far-se-á a intimação ao cônjuge, observadas as normas previstas para a citação.

§ 3º Far-se-á a intimação da penhora pessoalmente ao executado se, na citação feita pelo correio, o aviso de recepção não contiver a

assinatura do próprio executado, ou de seu representante legal.

Intimação da Penhora

ato relevante no contexto da execução fiscal, pois marca o início do prazo para o oferecimento de embargos (art. 16).

Regra: publicação, no órgão oficial, do ato de juntada do termo ou do auto de penhora (art. 12, caput).

OBS: dispensa-se a intimação quando executado é intimado

pessoalmente da constrição, o que ocorre frequentemente, por estar o mesmo, em regra, na posse do bem, do qual será, também em regra,

nomeado depositário.

65) Total pertinência tem a Súmula no 12, do TRF da 4a Região quando estabelece que “na execução fiscal, quando a ciência da penhora for pessoal, o prazo para a oposição dos embargos do devedor inicia no dia seguinte ao da intimação deste” (REsp 200.351-RS, 2a Turma, Rel. Min.

Franciulli Netto, DJ 19/6/2000, p. 131).

OBS: deve o oficial de justiça advertir o executado de que a partir daquele ato (intimação pessoal da penhora) começará a correr o prazo

de trinta dias para opor embargos.

O comparecimento espontâneo do devedor pode suprir a ausência de citação, mas não a de intimação da penhora, na leitura do STJ.

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66) O comparecimento espontâneo do executado, após a efetivação da penhora, não supre a necessidade de sua intimação com a advertência do prazo para o oferecimento dos embargos à execução fiscal. (AgRg no REsp 1358204, Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em

07/03/2013) OBS: Se, no processo de conhecimento, o comparecimento espontâneo

do réu supre a ausência de citação e marca o início do prazo para o oferecimento de contestação, não vejo porque o mesmo não se deva observar quando o executado comparece aos autos da execução fiscal

após a formalização da penhora, mutatis mutandis. Exigir que ele seja intimado de um ato – penhora – do qual se presume já tenha tido

ciência – afinal, ingressou nos autos depois de sua realização – parece-me uma demasia. De todo modo, o STJ se mostra coerente com orientação que já vinha adotando previamente, no sentido de que a

intimação da penhora só é válida quando o executado é alertado sobre o início do prazo de 30 dias para embargar a execução fiscal, devendo tal

advertência constar expressamente do mandado.

comarcas de interior dos Estados: desde que o executado não tenha sido intimado pessoalmente da

penhora, a intimação será feita por via postal, na forma estabelecida no art. 8º, I e II, para a citação (LEF, art. 12, § 2º).

OBS: CPC, art. 738 – não pode ser aplicado subsidiariamente: nas execuções fiscais permanece vigente a regra especial fixada no art. 16, § 1º, da LEF, que estabelece, como pressuposto da ação de embargos, a

garantia do débito.

OBS: NCPC -> art. 915

Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado,

conforme o caso, na forma do art. 231.

§ 1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar

conta-se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de

cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último. § 2º Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado:

I - da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente

sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens;

II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4o deste artigo

ou, não havendo este, da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões diversas da prevista no inciso I deste parágrafo.

§ 3º Em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à execução, não se aplica o

disposto no art. 229.

§4º Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de ordem, a realização

da citação será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao

juiz deprecante.

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Intimação da Penhora ao Executado Não Localizado

se a citação tiver sido realizada pessoalmente por mandado ou por via postal, tendo o executado, no último caso, firmado, ele próprio ou por seu representante, o AR: a intimação da penhora é realizada

na forma expressa do art. 12, caput, da LEF, ou seja, através da publicação na imprensa oficial do ato de juntada aos autos do termo ou auto de penhora.

mas, se o executado não foi citado pessoalmente, por mandado, ou não assinou o aviso de recepção da carta citatória, a LEF determina a intimação pessoal da penhora (art. 12, § 3º).

não sendo possível a intimação pessoal da penhora, por estar o executado em local incerto e não sabido, anula-se a citação, convertendo-se a penhora em arresto.

estando o executado em local incerto e não sabido (ou no exterior), deve ser citado por edital e, caso não compareça, será nomeado ao mesmo curador especial, com legitimidade para propositura de embargos (Súmula 196 do STJ), devendo o aludido curador ser intimado pessoalmente da penhora.

Intimação do Cônjuge do Executado

LEF, art. 12, § 2º: se a penhora recair em bem imóvel, será necessária a intimação do cônjuge do executado, observando-se as formalidades estabelecidas para a citação.

Sana-se o vício se o cônjuge do executado ajuíza embargos de terceiro, demonstrando inequívoca ciência da constrição.

67) Embora intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do executado pode opor embargos de terceiro para defesa de sua meação (Súmula 134 STJ).

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os bens indivisíveis, de propriedade comum decorrente do regime da comunhão no casamento, podem ser penhorados e leiloados, reservando-se ao cônjuge meeiro, estranho à execução, a metade do preço alcançado na arrematação (CPC, art. 655-B).

OBS: NCPC -> art. 843

Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-parte do

coproprietário ou do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem.

§ 1º É reservada ao coproprietário ou ao cônjuge não executado a preferência na

arrematação do bem em igualdade de condições.

§ 2º Não será levada a efeito expropriação por preço inferior ao da avaliação na qual o

valor auferido seja incapaz de garantir, ao coproprietário ou ao cônjuge alheio à

execução, o correspondente à sua quota-parte calculado sobre o valor da avaliação.

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Art. 13. O termo ou auto de penhora conterá, também, a avaliação dos bens penhorados, efetuada por quem o lavrar.

§ 1º Impugnada a avaliação, pelo executado, ou pela Fazenda Pública, antes de publicado o edital de leilão, o juiz, ouvida a outra

parte, nomeará avaliador oficial para proceder a nova avaliação dos bens penhorados.

§ 2º Se não houver, na comarca, avaliador oficial ou este não puder apresentar o laudo de avaliação no prazo de 15 (quinze) dias, será

nomeada pessoa ou entidade habilitada, a critério do juiz. § 3º Apresentado o laudo, o juiz decidirá de plano sobre a avaliação.

Avaliação dos Bens Penhorados

termo de penhora: lavrado em cartório na hipótese em que a penhora é efetuada após nomeação, pelo devedor, de bens próprios ou de terceiros.

o termo deverá fazer referência ao valor atribuído aos bens pelo próprio executado, que os nomeou, o que significa que o escrivão, ao lavrá-lo, irá, meramente, consignar a avaliação realizada pelo devedor.

auto de penhora: tem lugar quando a penhora é feita em diligência levada a cabo pelo oficial de justiça.

OBS: não se deve esquecer que o despacho do juiz que ordenar a citação importa também em ordem implícita para penhora (ou arresto),

registro e avaliação dos bens penhorados (LEF, art. 7º, incisos I a V).

sendo a penhora realizada por oficial de justiça, este deve realizar avaliação prévia dos bens objeto da constrição, eis que esta deverá se aproximar, o quanto possível, do valor integral e atualizado do débito objeto da execução fiscal.

OBS: o oficial de justiça deve possuir conhecimentos de técnica de avaliação, merecendo o cargo respectivo, em alguns estados, a

denominação Oficial de Justiça Avaliador (OJA). No exercício da função, pode o oficial buscar subsídios em outras sedes e até mesmo através de

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contato com peritos ou avaliadores oficiais, se houver, tencionando sempre a fixação do valor mais aproximado do bem penhorado.

importância da correta avaliação dos bens penhorados em execução fiscal: a) caracterizará, eventualmente, excesso ou insuficiência de penhora, ensejando as necessárias medidas correlatas

(levantamento ou reforço de penhora, respectivamente);

b) norteará a adjudicação dos bens penhorados, pela Fazenda Pública, antes do leilão (adjudicação direta) ou após o leilão negativo, a teor do art. 24 da LEF;

c) norteará, também, a remição dos bens penhorados, pelo

terceiro proprietário (LEF, art. 19, I); d) poderá determinar a necessidade de segundo leilão, mesmo

tendo sido o primeiro positivo, na forma do entendimento cristalizado na Súmula no 128 do Superior Tribunal de Justiça (Na execução fiscal haverá segundo leilão, se no primeiro não houver lanço superior à avaliação); e

e) poderá vir a caracterizar a nulidade da arrematação, por preço vil, mediante aplicação subsidiária do comando extraído do art. 692 do CPC (Não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão, ofereça preço vil).

OBS: NCPC -> art. 891 Art. 891. Não será aceito lance que ofereça preço vil.

Parágrafo único. Considera-se vil o preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e

constante do edital, e, não tendo sido fixado preço mínimo, considera-se vil o preço

inferior a cinquenta por cento do valor da avaliação.

Não há nulidade na inexistência de avaliação no auto de penhora, pois a qualquer momento pode ser realizada, sendo que a penhora também pode a qualquer tempo ser reforçada.

Impugnação da Avaliação e Decisão no Incidente

em qualquer caso e até a publicação do edital de leilão, estará autorizada a impugnação da avaliação prévia, realizada pelo oficial de justiça, ou do valor que o executado tenha atribuído aos bens penhorados após nomeação realizada pelo próprio, devendo o juiz, após

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ouvir a outra parte, nomear avaliador oficial ou pessoa ou entidade habilitada, para proceder à nova avaliação (LEF, art. 13, §§ 1º e 2º).

as impugnações meramente protelatórias, despidas de fundamentação razoável, deverão ser rechaçadas de plano pelo Juiz.

caso contrário, deverá o julgador nomear avaliador habilitado para apresentar laudo atestando o valor de mercado dos bens penhorados, com o que haverá subsídio técnico para a decisão no incidente processual em exame.

avaliação não se repete, salvo sob alegação de erro no laudo ou dolo do avaliador; majoração ou diminuição do valor dos bens; ou havendo fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (CPC, art. 683, aplicável subsidiariamente).

OBS: NCPC -> art. 873

Art. 873. É admitida nova avaliação quando:

I - qualquer das partes arguir, fundamentadamente, a ocorrência de erro na avaliação

ou dolo do avaliador;

II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição no

valor do bem; III - o juiz tiver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem na primeira avaliação.

Parágrafo único. Aplica-se o art. 480 à nova avaliação prevista no inciso III

do caput deste artigo.

Jurisprudência vem admitindo a reavaliação dos bens penhorados em execução fiscal, quando entre a data da avaliação inicial e a do leilão decorre um longo período.

68) Decorrido considerável lapso temporal entre a avaliação e a hasta pública, a rigor deve-se proceder à reavaliação do bem penhorado. Para tanto, porém, é imprescindível que a parte traga elementos capazes de demonstrar a efetiva necessidade dessa reavaliação. Exegese do art. 683, II, do CPC (AgRMC 16022, Min. Nancy Andrighi, 2010)

OBS: a correção monetária – que não se confunde com reavaliação e nem traduz plus, caracterizando-se como medida de restabelecimento

do padrão aquisitivo da moeda em período inflacionário – deve ser

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imposta ao valor da avaliação, quando em vias de se levar o bem a leilão, ainda que por determinação judicial ex officio.

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Art. 14. O oficial de justiça entregará contrafé e cópia do termo ou

do auto de penhora ou arresto, com a ordem de registro de que trata o art. 7o, IV;

I – no Ofício próprio, se o bem for imóvel ou a ele equiparado; II – na repartição competente para emissão de certificado de

registro, se for veículo;

III – na Junta Comercial, na Bolsa de Valores, e na sociedade comercial, se forem ações, debênture, parte beneficiária, cota ou qualquer outro título, crédito ou direito societário nominativo.

Registro da Penhora. Finalidade

registro da penhora é determinado pelo simples despacho do juiz que defere a inicial, realizando-se a medida com isenção de taxa ou de qualquer outra cobrança (LEF, art. 7º, IV).

em caso de penhora realizada por oficial de justiça, ele próprio diligenciará no sentido de registrar a constrição na repartição competente, de modo que o mandado correlato somente será devolvido a cartório, para juntada aos autos, após o seu cumprimento integral (citação, penhora, avaliação e registro).

sendo a penhora efetivada mediante termo nos autos, após a nomeação de bens pelo devedor, lavrado o referido instrumento, deverá ser expedido ofício ao órgão encarregado do registro.

a penhora reputa-se perfeita e acabada com a lavratura do auto ou termo respectivo, independentemente do registro posterior, que não é ato integrativo dela.

OBS: CPC, art. 659, §4º: cabe ao exequente providenciar a respectiva averbação no registro imobiliário, mediante a apresentação de certidão de inteiro teor do ato, independentemente de mandado judicial. Tal disposição geral não se aplica aos executivos fiscais, nos quais, por força da norma especial ora analisada, cabe ao oficial de justiça realizar

o aludido registro.

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a penhora de bem não o torna indisponível, podendo ser alienado pelo executado, transferindo-se regularmente ao patrimônio de seu adquirente, embora não perdendo o caráter de garantia do débito em execução.

a principal finalidade do registro da penhora consiste, assim, na publicidade da medida, alertando a todos sobre a existência de um gravame indeclinável sobre o bem.

feito o registro da penhora, não cabe a alegação de boa-fé de terceiro, se o bem vier a ser alienado ou gravado com ônus real.

Fraude à Execução Fiscal

na execução fiscal para cobrança de dívida ativa tributária, aplica-se a norma do art. 185 do CTN (com a alteração promovida pela LC 118/2005).

na execução fiscal para cobrança de dívida ativa não tributária, aplica-se a norma do art. 593, II, do CPC.

OBS: NCPC -> art. 792

Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: (...)

IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação

capaz de reduzi-lo à insolvência;

V - nos demais casos expressos em lei.

§ 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.

§ 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a

exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se

encontra o bem.

§ 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução

verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar. § 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente,

que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.

a presunção de fraude à execução é absoluta (juris et de jure), sendo dispensável a prova do concílio fraudatório à sua caracterização.

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no plano da dívida ativa tributária, a simples alienação de bem, ou sua oneração, pelo devedor de crédito inscrito, sem que outro haja para satisfazer a dívida, serão tidas por ineficazes em relação ao Fisco, podendo sobre ele incidir a penhora em execução fiscal, desnecessária a perquirição sobre intenção de fraude ou prévia ciência do débito por parte do adquirente ou do credor em benefício do qual se estabeleceu o ônus.

OBS: na redação original do art. 185 do CTN, que vigorou até que implementada a alteração promovida pela LC 118/2005, exigia-se, para a caracterização da fraude em questão, que o débito estivesse “em fase

de execução” (execução fiscal proposta e citação realizada). Atualmente, basta que o débito já esteja inscrito.

a jurisprudência evidenciada na Súmula 375 do STJ não se aplica às execuções fiscais promovidas para a cobrança da dívida ativa tributária.

69) A Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.141.990/SP, de relatoria do Min. Luiz Fux, submetido ao rito dos recursos repetitivos consolidou entendimento segundo o qual não incide a Súmula 375/STJ em sede de execução tributária. De acordo com o art. 185 do CTN, em sua redação original, presume-se a ocorrência de fraude à execução quando a alienação de bens ocorre após a citação do devedor. Com a modificação introduzida pela Lei Complementar 118/2005, tal presunção passou ocorrer da data da inscrição em dívida ativa (AgRg no REsp 1240398,

Min. Humberto Martins, 2011).

70) O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhorado bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente (Súmula 375 STJ).

OBS: a exigência de penhora registrada, definida na citada Súmula 375 do STJ, pode ser imposta no caso de sucessivas transmissões, para não

prejudicar aquele que adquiriu o bem não do devedor tributário, mas de terceiro, e que, por isso, de outra forma não poderia ter tido ciência da irregularidade da transmissão original.

no tocante à dívida ativa de natureza não tributária, entretanto, diante da redação do art. 593, II, do CPC, é preciso que fique evidenciado que ao tempo da alienação ou oneração já corria contra o devedor o executivo fiscal (citação realizada), pois se enquadra como “demanda capaz de reduzi-lo – o devedor – à insolvência”.

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ainda nos casos de execução fiscal de débito não tributário, a alienação de bens também poderá ser considerada fraudulenta, mesmo antes da citação ou do registro da penhora, quando realizada pelo exequente a averbação de que trata a norma do art. 615-A do CPC (acrescentada pela Lei 11.382/2006), diante do que prevê o § 3º do citado dispositivo.

OBS: NCPC -> art. 828

Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz,

com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou

indisponibilidade.

§ 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao

juízo as averbações efetivadas.

§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das averbações

relativas àqueles não penhorados.

§ 3º O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento,

caso o exequente não o faça no prazo.

§ 4º Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada

após a averbação. § 5º O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar

as averbações nos termos do § 2o indenizará a parte contrária, processando-se o

incidente em autos apartados.

a fraude à execução fiscal, ato que atenta contra a própria atividade jurisdicional do Estado, pode ser reconhecida incidentalmente nos próprios autos do processo correspondente, caracterizando a ineficácia do negócio em relação à Fazenda credora.

não se confunde com a fraude contra credores, de que trata o novo Código Civil em seus arts. 158 a 165, violadora de interesse exclusivo do credor e cujo reconhecimento, ainda que em favor do Fisco, há de se dar na via adequada (ação revocatória ou pauliana, através da qual se perseguirá a anulação do negócio jurídico).

a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça afirmou, na redação original do art. 185 do CTN, que a fraude à execução fiscal só poderia apanhar as

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alienações de bens realizadas pelo responsável depois do redirecionamento da execução fiscal a ele.

71) A jurisprudência desta Corte tem considerado válida a alienação de bem do sócio da empresa devedora, antes de ter sido redirecionada a execução, não havendo que se falar em fraude à execução. (...) O sócio somente será considerado como devedor do Fisco, para fins de aplicação do art. 185 do CTN, quando for deferida a sua inclusão no pólo passivo da execução (EREsp 110365, Min. Francisco Falcão, 2004).

OBS: Mantida essa orientação e adaptada à mudança do texto do art. 185 do CTN, pela LC 118/2005, a fraude à execução fiscal só tornará

ineficaz em relação ao Fisco a alienação de bem realizada pelo responsável tributário: a) quando o nome deste estiver inserido no

termo de inscrição em dívida ativa previamente ao ato; ou b) depois que o executivo lhe tiver sido redirecionado.

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Art. 15. Em qualquer fase do processo, será deferida pelo Juiz: I – ao executado, a substituição da penhora por depósito em

dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia; e (Lei nº 13.043/14) II – à Fazenda Pública, a substituição dos bens penhorados por outros, independentemente da ordem enumerada no art. 11, bem

como o reforço da penhora insuficiente.

Substituição dos Bens Penhorados

a melhor interpretação da norma do art. 15, incisos I e II, da LEF, é a de que:

a) o devedor pode obter a substituição de bens penhorados

não somente por depósito em dinheiro, fiança bancária ou

seguro garantia, mas também por outros bens, desde que com tal providência anua o credor; e

b) o credor poderá pleitear a substituição de bens penhorados, independentemente da ordem enumerada no art. 11,

ficando o acolhimento de seu pedido subordinado à existência de justo motivo, a critério do Juiz.

de regra, não pode o Juiz, de ofício, substituir bens que foram nomeados pelo devedor e cuja penhora foi aceita pela Fazenda Pública.

a substituição da penhora (assim como o reforço e a redução) não reabre o prazo para o oferecimento dos embargos à execução.

72) A jurisprudência do STJ consolidou o entendimento de que a substituição, o reforço ou a redução da penhora não implicam a reabertura de prazo para embargar, uma vez que permanece de pé a primeira constrição efetuada (Precedentes do STJ: AgRg no REsp 1191304/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 17.08.2010, DJe 03.09.2010; AgRg no REsp 1075706/MG, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 17.02.2009, DJe 24.03.2009; e AgRg no REsp 626.378/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 17.10.2006, DJ 07.11.2006), ressalvando-se, contudo, a possibilidade de alegação de matérias suscitáveis a qualquer tempo ou inerentes ao incorreto reforço ou diminuição da extensão do ato constritivo (REsp 1126307, Min. Luiz Fux, 2011).

OBS: esse entendimento é aplicável aos casos em que a verificação da necessidade de reforço, substituição ou redução da penhora ocorre

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depois da fase dos embargos; quando a insuficiência da penhora é vislumbrada de plano pelo julgador, isto é, logo após a efetivação da

constrição, enquanto não reforçada a penhora não serão admissíveis os embargos, cujo prazo se iniciará a partir da complementação da garantia (LEF, art. 16, §1º).

não cabe ao executado pretender a substituição do depósito em dinheiro por fiança bancária ou seguro garantia, ao menos sem o consentimento da Fazenda Pública credora.

apenas excepcionalmente, provada o benefício ao devedor sem prejuízo ao credor (CPC, art. 620), pode ser feita a substituição do depósito pela fiança ou pelo seguro.

73) O processo executivo pode ser garantido por diversas formas, mas isso não autoriza a conclusão de que os bens que as representam sejam equivalentes entre si. Por esse motivo, a legislação determina que somente o depósito em dinheiro "faz cessar a responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora" (art. 9º, § 4º, da Lei 6.830/1980) e , no montante integral, viabiliza a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art. 151, II, do CTN). Nota-se, portanto, que, por falta de amparo legal, a fiança bancária, conquanto instrumento legítimo a garantir o juízo, não possui especificamente os mesmos efeitos jurídicos do depósito em dinheiro. (...) Em conclusão, verifica-se que, regra geral, quando o juízo estiver garantido por meio de depósito em dinheiro, ou ocorrer penhora sobre ele, inexiste direito subjetivo de obter, sem anuência da Fazenda Pública, a sua substituição por fiança bancária. De modo a conciliar o dissídio entre a Primeira e a Segunda Turmas, admite-se, em caráter excepcional, a substituição de um (dinheiro) por outro (fiança bancária), mas somente quando estiver comprovada de forma irrefutável, perante a autoridade judicial, a necessidade de aplicação do princípio da menor onerosidade (art. 620 do CPC), situação inexistente nos autos (REsp 1.077.039, Min. Mauro Campbell Marques).

jurisprudência (STJ): pode ser recusada a substituição por precatório.

74) A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório (Súmula 406 STJ).

a possibilidade de redução da penhora, embora a LEF não a preveja, na hipótese em que o valor dos bens penhorados revele-se consideravelmente superior ao do crédito objeto da execução fiscal, justifica-se em nome

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da isonomia e por aplicação subsidiária do comando geral do art. 685, inciso I, do CPC.

Pode o juiz poderia indeferir o pedido, formulado pelo executado, de substituição de um bem penhorado por outro, mesmo tendo o credor exeqüente concordado com a medida?

STJ: não.

74-A) Hipótese em que requerida pelo devedor a substituição da penhora por bem imóvel, apesar da anuência da Fazenda Pública, o Tribunal de

origem entendeu por bem manter o decreto de indeferimento. A execução realiza-se no interesse do credor (art. 612 do CPC), que inclusive poderá, querendo, dela desistir (art. 569 do CPC). Dessa forma, tendo o credor anuído com a substituição da penhora, mesmo que por um bem que guarde menor liquidez, não poderá o juiz, ex officio, indeferi-la. Ademais, nos termos do art. 620 do CPC, a execução deverá ser feita pelo modo menos gravoso para o executado (REsp 1.377.626-RJ, Rel. Min.

Humberto Martins, julgado em 20/6/2013).

OBS: Embora a execução seja feita no interesse do credor, pode haver situações em que o novo bem a ser penhorado venha a se revelar de

difícil administração para o juízo, no que toca a sua guarda, conservação ou mesmo expropriação. Em situação tal, não vemos como o juiz, a quem cabe zelar pelo rápido e eficaz andamento do executivo

que esteja sob sua direção, fique obrigado a deferir o pedido de substituição, apenas por ter o credor com ele concordado. Pensamos,

assim, que o julgado apontado deve ser encarado com a devida reserva.

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Art. 16. O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados:

I – do depósito; II – da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia;

(Lei nº 13.043/14) III – da intimação da penhora.

§ 1º Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução.

§ 2º No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas e juntar aos autos os documentos e

rol de testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o dobro desse limite.

§ 3º Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as exceções, salvo as de suspeição, incompetência e impedimentos,

serão argüidas como matéria preliminar e serão processadas e julgadas com os embargos.

Embargos do Executado e Prazo

embargos à execução: natureza de ação autônoma de conhecimento (constitutivo negativa ou desconstitutiva), objetivando o embargante a desconstituição total ou parcial do título executivo (termo de inscrição em dívida ativa), materializado na CDA.

ajuizamento e regular processamento dos embargos dependem do preenchimento das ordinárias condições

da ação (legitimidade ad causam, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido), somadas às condições específicas arroladas na LEF, quais sejam o prazo e a garantia do juízo.

LEF, art. 16, I, II e III: o prazo para o oferecimento dos embargos à execução fiscal será de trinta dias, contados do depósito, da juntada da prova da fiança bancária (ou do seguro garantia) ou da intimação da penhora.

garantia prestada mediante depósito em dinheiro: prazo dos embargos corre a partir do momento em que o

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devedor é intimado da formalizado do termo de depósito nos autos.

75) Feito um depósito em garantia pelo devedor, é aconselhável que ele seja formalizado, reduzindo-se a termo, para dele tomar conhecimento o juiz e o exeqüente, iniciando-se a contagem do prazo para embargos da intimação do termo, quando passa o devedor a ter segurança quanto à aceitação do depósito e a sua formalização (EREsp 1062537, Corte

Especial, Min. Eliana Calmon).

OBS: crítica: sendo a execução fiscal garantida por depósito em dinheiro, irrelevante haveria de ser o momento da juntada aos autos da

guia bancária correlata, pois o prazo para embargar teria de se iniciar a partir da data em que efetivada a garantia, como indica a LEF.

OBS: a previsão dos artigos 736 e 738 do CPC, segundo a qual os embargos do devedor devem ser oferecidos no prazo de quinze dias a

contar da juntada aos autos do mandado de citação, não mais se exigindo para tanto prévia garantia do juízo, não se aplica ao executivo

fiscal, que tem regramento próprio e distinto.

OBS: 738 CPC -> art. 915 NCPC

Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado,

conforme o caso, na forma do art. 231.

§ 1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de

cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último.

§ 2º Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado:

I - da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente

sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens;

II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4o deste artigo ou, não havendo este, da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem

sobre questões diversas da prevista no inciso I deste parágrafo.

§ 3º Em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à execução, não se aplica o

disposto no art. 229.

§4º Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de ordem, a realização da citação será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao

juiz deprecante.

em suma, o prazo para a oposição dos embargos à execução fiscal é de trinta dias e começa a correr:

a) da data da intimação do devedor quanto à formalização do termo de depósito em garantia do débito;

b) da juntada aos autos da prova da fiança bancária (ou do seguro garantia), pouco importando a data em que contratada a mesma pelo executado com o banco (REsp

111241, 1a Seção, Min. Herman Benjamin, 2009); e

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c) da intimação da penhora, pouco importando a data em que

juntada aos autos a respectiva prova.

OBS: v. o item “intimação da penhora” nos tópicos atinentes ao art. 12 da LEF.

OBS: a substituição da penhora (assim como o reforço e a redução) não reabre o prazo para o oferecimento dos embargos à execução (v. tópicos

sobre o art. 15 da LEF).

OBS: na hipótese contrária da emenda (ou substituição) do título executivo, na forma do art. 2o, § 8o, da LEF, assegura-se ao executado a devolução do prazo para o oferecimento dos embargos (v. tópicos

sobre o art. 2º da LEF).

OBS: o prazo para o oferecimento de embargos à execução fiscal, no caso de penhora do faturamento da empresa executada, começa a correr na data em que a sociedade devedora é intimada da medida,

ainda que a penhora se protraia no tempo até a integralização da garantia (v. tópicos atinentes ao art. 12 da LEF).

OBS: ao executado citado por edital que se mantiver revel deverá ser nomeado curador especial, o qual, assumindo legitimidade à

propositura dos embargos à execução (Súmula 196 STJ), deverá ser intimado pessoalmente da penhora (v. tópicos atinentes aos artigos 8º e 12 da LEF).

Prazo dos Embargos e Litisconsórcio Passivo

Havendo mais de um executado respondendo pelo mesmo débito, o prazo para o oferecimento dos embargos será autônomo, ou seja, a efetivação da garantia, por um dos executados, acarreta a abertura do prazo para que o mesmo embargue a execução, ficando o início do prazo indigitado, para os demais, dependente de intimação de que a penhora (ou outra forma de garantia) foi realizada.

OBS: a autonomia dos prazos para embargar a execução, quando

proposta contra dois ou mais devedores, está presente também no tratamento geral que o CPC confere às execuções, a teor da norma do

art. 738, § 1º, com a redação dada pela Lei no 11.382/2006.

a circunstância de possuírem os executados diferentes procuradores não autoriza a contagem em dobro do

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prazo para embargar a execução, visto que o art. 191 do

CPC faz referência a contestar e recorrer, não albergando, portanto, a propositura de embargos.

OBS: NCPC -> art. 229 Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de

advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas

manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.

§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida

defesa por apenas um deles. § 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.

OBS: a esse respeito, a norma do § 3º do art. 738 do CPC é expressa.

Defesa do Executado Anterior à Garantia Integral da Execução. “Exceção de Pré-Executividade”

LEF, art. 16, §1º: condição específica da ação de embargos à execução fiscal = garantia da dívida (depósito, fiança/seguro ou penhora).

jurisprudência: há de se temperar a exigência, em homenagem à ampla defesa, quando ficar comprovado nos autos que o executado não tem forças patrimoniais para garantir a integralidade da dívida.

76) Consideradas as circunstâncias factuais do caso concreto, inexistindo ou insuficientes os bens do executado para cobrir ou para servir de garantia total do valor da dívida exequenda, efetivada a constrição parcial e estando previsto o reforço da penhora, a lei de regência não impede o prosseguimento da execução, pelo menos, para o resgate parcial do título executivo. Ficaria desajustado o equilíbrio entre as partes litigantes e constituiria injusto favorecimento ao exequente a continuação da constrição parcial, se impedido o devedor de oferecer embargos para a defesa do seu patrimônio constrito. Se há penhora, viabilizam-se os embargos, decorrentes da garantia parcial efetivada com a penhora (EREsp. 80723/PR, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ 17/06/2002, p.

183).

A circunstância de ser a parte executada beneficiária da assistência judiciária gratuita não viabiliza, por si só, que sejam conhecidos os embargos à execução fiscal sem a garantia do juízo. A miserabilidade declarada pelo executado, com o objetivo de obter os benefícios da chamada “justiça gratuita”, não indica,

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necessariamente, ausência de patrimônio para garantir a dívida em execução fiscal.

76-A) Nos termos da jurisprudência do STJ, a garantia do pleito executivo fiscal é condição de procedibilidade dos embargos de devedor nos exatos termos do art. 16, § 1º, da Lei n. 6.830/80. O 3º, inciso VII, da Lei n. 1.060/50 não afasta a aplicação do art. 16, § 1º, da LEF, pois o referido dispositivo é cláusula genérica, abstrata e visa à isenção de despesas de natureza processual, não havendo previsão legal de isenção de garantia do juízo para embargar. Ademais, em conformidade com o princípio da especialidade das leis, a Lei de Execuções Fiscais deve prevalecer sobre a Lei n. 1.060/50 (REsp 1.437.078-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25/3/2014).

OBS: a falta de bens penhoráveis há de ser atestada por oficial de justiça, após diligência necessária na tentativa de localizá-los, e

ratificada por pesquisas empreendidas pelo credor, eventualmente com o auxílio do juízo, que venham a se revelar infrutíferas.

de todo modo, é de boa aceitação, tanto na doutrina quanto nos tribunais pátrios, a apresentação da chamada exceção de pré-executividade, para alegação de defeitos no título executivo extrajudicial, carência de ação, ausência de requisitos do processo, pagamento, e outras circunstâncias evidenciáveis de plano, que venham a macular no nascedouro a execução fiscal, independentemente de garantia do juízo.

OBS: Encontram-se também em doutrina as expressões “objeção de

pré-executividade” e “oposição pré-processual”.

77) A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória (Súmula 393 STJ)

a questão alusiva à responsabilidade de sócio por débito contraído pela pessoa jurídica demanda prova para ser solvida e não tem cabimento em sede de exceção de pré-executividade.

78) malgrado serem os embargos à execução o meio de defesa próprio da execução fiscal, a orientação desta Corte firmou-se no sentido de admitir a exceção de pré-executividade nas situações em que não se faz necessária dilação probatória ou em que as questões possam ser conhecidas de ofício pelo magistrado, como as condições da ação, os

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pressupostos processuais, a decadência, a prescrição, entre outras. Contudo, no caso concreto, como bem observado pelas instâncias ordinárias, o exame da responsabilidade dos representantes da empresa executada requer dilação probatória, razão pela qual a matéria de defesa deve ser aduzida na via própria (embargos à execução), e não por meio do incidente em comento (REsp 1104900, Min. Denise Arruda).

Não cabe invocar excesso de execução em exceção de pré-executividade. Foi o que indiretamente decidiu o STJ em julgado (AgRg no AREsp 150.035, Min. Humberto

Martins, 2013) noticiado no Informativo 523. Trata-se (o excesso de execução) de matéria que deve ser alegada nos embargos, sob pena de preclusão, por aplicação do princípio da concentração da defesa nos embargos (LEF, art. 16).

jurisprudência: alegação de inconstitucionalidade da lei em que se fundamenta o crédito em cobrança é cabível em sede exceção de pré-executividade.

79) O espectro das matérias suscitáveis através da exceção tem sido ampliado por força da exegese jurisprudencial mais recente, admitindo-se, por exemplo, a argüição de prescrição, ou mesmo de inconstitucionalidade da exação que deu origem ao crédito exeqüendo, desde que não demande dilação probatória (exceptio secundum eventus probationis) A inconstitucionalidade das exações que ensejaram a propositura da ação executória sub judice infirma a própria exigibilidade dos títulos em que esta se funda, matéria, inequivocamente argüível em sede de exceção de pré-executividade (AgRg no Ag 977769, Min. Luiz

Fux, Corte Especial, 2010).

A análise dos requisitos de validade do termo de inscrição na dívida ativa – que é o título executivo extrajudicial com que se apresenta a Fazenda Pública em juízo na execução fiscal – e da correspondente certidão, previstos no art. 202 do CTN e art. 2º, parágrafo 5°, da LEF, é, claramente, matéria que o juiz pode de ofício (isto é, sem provocação da parte interessada) apreciar.

O problema é que há casos em que a aferição da validade do título, suscitada na exceção de pré-

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executividade, pressupõe análise de elementos que não se encontram no processo de execução fiscal, como, por exemplo, documentos que devam ser requisitados por integrarem os autos do procedimento administrativo de constituição do crédito fazendário.

OBS: Trata-se de situação que vai demandar sensibilidade por parte do julgador. Sendo alegação altamente relevante, pensamos que o juiz deve aceitar a exceção e determinar a juntada aos autos do documento em

poder da administração. Se a relevância não saltar aos olhos numa primeira análise, deve ser aplicar a literalidade da Súmula 393, relegando-se o exame da matéria à fase dos embargos.

se, depois de ouvida a parte contrária, o juiz considerar procedentes as alegações lançadas pelo devedor na exceção, deverá acolhê-la e extinguir a execução fiscal, decisão esta sujeita a apelação, por se tratar de sentença.

só não irá extinguir o executivo se a nulidade recair apenas em parte da dívida, situação em que, por meio de uma decisão interlocutória, o juiz decotará o débito, para extirpar-lhe a parcela indevida. A impugnação do credor, na espécie, deve ser manifestada através de agravo.

também no caso de o juiz, ao acolher a exceção, excluir apenas um executado da relação processual, subsistindo outro(s) no polo passivo da execução, o processo não será extinto, cabendo, de tal decisão, à evidência, o recurso de agravo.

entendendo o julgador pela impropriedade da exceção de pré-executividade, por depender o desate da questão de prova, deverá rejeitá-la, relegando a discussão à fase adequada (embargos), a ser instaurada depois de garantido o juízo.

a exceção também poderá ser rejeitada com o exame de seu mérito, com o que estará o juiz afastando o vício

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nela alegado, a impossibilitar o executado de renovar a discussão nos futuros embargos.

em qualquer caso, a decisão que rejeita a exceção de pré-executividade pode ser impugnada através de agravo.

OBS: Decidiu o STJ que a exceção de pré-executividade configura comparecimento espontâneo, suprindo a falta de citação, e não afetando, portanto, a validade do processo (REsp 857614, Rel. Min. Luiz Fux, 2008).

jurisprudência: cabe exceção de pré-executividade mesmo depois de expirado o prazo dos embargos, quando se tratar de vício do processo ou outra matéria

de cognição ex officio.

80) A exceção de pré-executividade é passível de dedução, ainda que esgotado o prazo para a oposição de embargos à execução, quando a alegação do executado refere-se a vício do processo de execução ou do título executivo relativo à matéria cognoscível ex officio pelo julgador. Isto porque, não se encontrando findo o processo de execução, é lícito ao executado argüir nulidades de natureza absoluta, que porventura maculem o respectivo título exeqüendo, posto configurarem matéria de ordem pública, não se operando sobre elas a preclusão (AgRg no Ag 977769, Min. Luiz Fux, Corte Especial, 2010).

Todavia, rejeitou o STJ a possibilidade se invocar excesso de execução após o decurso do prazo dos embargos, invocando a

preclusão como decorrência da imposição, extraída da norma do art. 16, §2º da LEF, de concentração da defesa nos embargos

(AgRg no AREsp 150.035-DF, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 28/5/2013).

“Matéria Útil à Defesa” nos Embargos à Execução. Concentração da Defesa

sendo a execução fiscal verdadeira execução por título extrajudicial, permite-se ao executado opor-se à cobrança alegando qualquer matéria útil ao seu objetivo principal, que é a desconstituição do título executivo (LEF, art. art. 16, § 2º e CPC, art. 745, V.

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matérias de cognição ex officio podem ser alegadas a qualquer tempo, mesmo após o oferecimento dos embargos (ou o transcurso em branco do prazo destes).

81) Em execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da propositura da ação pode ser decretada de ofício (art. 219, § 5º, do CPC) (Súmula 409 STJ).

OBS: NCPC -> art. 240 Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz

litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o

disposto nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).

§ 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda

que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação. § 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias

para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no § 1o.

§ 3º A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço

judiciário.

§ 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1o aplica-se à decadência e aos demais

prazos extintivos previstos em lei.

OBS: atualmente, até mesmo a autoridade administrativa, no âmbito

federal, está autorizada a reconhecer de ofício a prescrição de créditos tributários (Lei 11.941/2009, art. 53, caput), o que fará para evitar os

tradicionais prejuízos que a Fazenda Pública suporta com a propositura de execuções fiscais fadadas ao insucesso.

OBS: Na mesma linha, a Lei nº 9.649/97, em seu art. 1º-C (redação da Lei nº 11.941/2009), dispõe que verificada a prescrição do crédito, o representante judicial da União, das autarquias e fundações públicas federais não efetivará a inscrição em dívida ativa dos créditos, não procederá ao ajuizamento, não recorrerá e desistirá dos recursos já interpostos.

Compensação e Parcelamento

LEF, art. 16, § 3º: veda seja deduzida em embargos a pretensão de compensação, sem que haja lei específica autorizando-a.

OBS: compensação consiste em encontro de contas realizado entre duas

pessoas que sejam ao mesmo tempo credora e devedora uma da outra, de modo que seus débitos e créditos se extinguem reciprocamente. Embora prevista no Código Civil como modalidade de extinção da

obrigação, não se aplica à Fazenda Pública, salvo se houver lei específica da entidade federativa autorizando.

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quando a LEF (art. 16, §3º) impede que o devedor invoque crédito em face da Fazenda Pública exequente, está, na verdade, a vedar que, através de embargos à execução fiscal, busque o executado decisão judicial autorizando a compensação, como meio de extinção (total ou parcial) do débito, sem que haja previsão legal específica a tanto.

a hipótese contrária, isto é, aquela em que haja lei específica autorizando, para os casos que arrola, o referido encontro de contas, permite a invocação da compensação em sede de embargos à execução fiscal, pois seria absurdo que somente o devedor ainda não submetido ao executivo pudesse fazê-lo.

82) Esta colenda Primeira Seção, assentou por meio de suas doutas turmas a admissibilidade da alegação da extinção do crédito pelo instituto da compensação, em embargos à execução fiscal (EREsp

438396, Min. Humberto Martins).

OBS: Na seara federal, a edição da Lei no 8.383/91 trouxe a perspectiva

de compensação de créditos decorrentes de pagamento indevido de tributos e contribuições federais (inclusive previdenciárias) com valores correspondentes a períodos subseqüentes. Atualmente, sobre a

compensação tributária no plano federal, vigora a regra do art. 74 da Lei 9.430/96.

O pedido de parcelamento do débito fiscal não deve ser manifestado através de embargos à execução fiscal, por depender, quando cabível, de requerimento administrativo a partir do qual a Fazenda exequente haverá de aferir sua viabilidade.

OBS: não cabe aplicar à execução fiscal as disposições do art. 745-A e respectivos parágrafos do CPC, uma vez que a concessão de parcelamento de débitos fazendários é ato de autonomia da entidade

credora, dependente de lei específica, como, exemplificativamente em relação aos débitos tributários, prevê o art. 155-A do CTN.

OBS: NCPC -> art. 916 Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e

comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas

e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido

pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e

de juros de um por cento ao mês.

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§ 1º O exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento dos

pressupostos do caput, e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias. § 2º Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as

parcelas vincendas, facultado ao exequente seu levantamento.

§ 3º Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão

suspensos os atos executivos.

§ 4º Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que

será convertido em penhora. § 5º O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente:

I - o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o

imediato reinício dos atos executivos;

II - a imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações

não pagas. § 6º A opção pelo parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao direito de

opor embargos.

§ 7º O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença.

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Art. 17. Recebidos os embargos, o juiz mandará intimar a Fazenda, para impugná-los no prazo de 30 (trinta) dias, designando, em

seguida, audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. Não se realizará audiência, se os embargos

versarem sobre matéria de direito ou, sendo de direito e de fato, a prova for exclusivamente documental, caso em que o juiz proferirá a sentença no prazo de 30 (trinta) dias.

Recebimento dos Embargos. Efeito. Impugnação

Embora sempre tenha sido entendido que o recebimento dos embargos suspende o curso da execução fiscal, a jurisprudência passou a adotar orientação contrária, aplicando subsidiariamente ao executivo fiscal o comando do art. 739-A do CPC (acrescentado pela Lei

11.382/2006), segundo o qual os embargos do executado não terão efeito suspensivo.

OBS: NCPC -> art. 919

Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo. § 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos

embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e

desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.

§ 2º Cessando as circunstâncias que a motivaram, a decisão relativa aos efeitos dos

embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.

§ 3º Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte

do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante.

§ 4º A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados

não suspenderá a execução contra os que não embargaram quando o respectivo

fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante. § 5º A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de

substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens.

83) O efeito suspensivo era a regra prevista no § 1º do artigo 739 do Código de Processo Civil desde o advento da Lei 8.953/94, que acrescentara o mencionado parágrafo. Com a Lei 11.382/06, que incluiu o artigo 739-A e seus parágrafos, a sistemática para a suspensão desse incidente na execução foi modificada, e, de regra, passou a ser a exceção no sistema processual. Tratando-se de execução fiscal e não havendo previsão expressa na Lei 6.830/80 para a concessão do efeito suspensivo, compete ao juízo analisar o pedido do devedor para deferi-lo, ou não, nos termos do que dispõe o artigo 739-A do Código de Processo Civil, não sendo viável sua concessão automática por interpretação dos artigos 18 e 19 da Lei de Execução Fiscal. Precedentes (AgRg no REsp

1150534, Min. Benedito Gonçalves).

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OBS: posição equivocada da jurisprudência, segundo entendimento pessoal deste professor: a) somente após rejeição dos embargos o

terceiro garantidor do débito será chamado a remir o bem ou a pagar a dívida (art. 19); b) o depósito feito em garantia só pode ser levantado ou convertido em renda após o trânsito em julgado (art. 32, § 2º); c) caso não sejam oferecidos embargos, a Fazenda Pública manifestar-se-á sobre a garantia da execução (art. 18), o que evidencia que, na hipótese

contrária, ou seja, com o oferecimento dos embargos, a execução fica suspensa; d) em regra, não se admite que, em execução fiscal, o devedor possa oferecer embargos sem a prévia garantia do juízo (LEF, art. 16,

§1º), ao passo que os embargos na execução comum estão livres da exigência: por decorrência lógica não pode ser aplicada ao processo de

execução fiscal, de modo capenga, o tratamento do CPC.

a 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp nº 1.272.827, PE (relator o Ministro Mauro Campbell Marques), processado sob o regime do art. 543-C do Código de Processo Civil, consolidou o entendimento de que as disposições do art. 739-A do CPC aplicam-se aos embargos à execução fiscal, condicionando-se a concessão do efeito suspensivo à verificação dos requisitos previstos no parágrafo primeiro.

como os embargos à execução fiscal têm natureza jurídica de ação, a impugnação apresentada pela Fazenda exequente ostenta o caráter de resposta (contestação).

OBS: Por conta disso, parte da doutrina critica o legislador por ter nomeado intimação (o Juiz mandará intimar a Fazenda) o ato processual

de chamamento da Fazenda Pública ao processo dos embargos, deflagrado pelo executado. Argumenta-se que melhor seria tratar a

providência como de citação, que é o ato pelo qual se convoca o réu a tomar ciência da pretensão que lhe é movida, e a partir do qual passa a

correr o prazo para a veiculação da resposta. Outro segmento doutrinário rechaça a crítica, esclarecendo que, quando da propositura dos embargos, a Fazenda Pública já está no juízo executivo, daí não ser

necessária a citação, ou seja, basta a intimação, porque as partes já se encontram diante do juízo para a composição da lide.

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Lei 9.289/96, art. 7º: embargos à execução fiscal, na Justiça Federal, estão isentos de preparo (taxa).

Contagem do Prazo para Impugnação

o prazo para a Fazenda exequente impugnar os embargos à execução fiscal é de trinta dias e corre da data da intimação pessoal de seu representante judicial, a teor do art. 25 da LEF.

84) A intimação de representante judicial da Fazenda Pública, nos embargos à execução fiscal, será feita pessoalmente (Súmula 240 TFR).

OBS: a esse prazo, previsto em lei especial, não se aplica a benesse processual deferida genericamente à Fazenda Pública pela regra do art.

188 do CPC, pois se a LEF foi editada com o escopo de agilizar o processo de cobrança forçada dos créditos da Fazenda Pública, não se justificaria quadruplicar o prazo de impugnação aos embargos, em

prejuízo à evolução do executivo fiscal.

OBS: NCPC -> art. 183

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas

autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as

suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação

pessoal. § 1o A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.

§ 2o Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de

forma expressa, prazo próprio para o ente público.

se a Fazenda exequente deixar de impugnar os embargos no prazo legal, torna-se revel, mas os efeitos da revelia não se manifestam, por ser o crédito fiscal de natureza indisponível (CPC, art. 320, II).

OBS: NCPC -> art. 345

Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:

I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere

indispensável à prova do ato;

IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em

contradição com prova constante dos autos.

OBS: lembrando que o débito regularmente inscrito em dívida ativa presume-se líquido e certo (LEF, art. 3º, caput); tratando-se de presunção relativa, seu inegável efeito é o de transferir ao devedor o

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ônus da prova, isto é, o ônus de evidenciar, cabalmente, que deve menos ou que não deve o que lhe está sendo exigido (LEF, art. 3º,

parágrafo único); assim, meras alegações de fato deduzidas na petição inicial dos embargos à execução fiscal, desprovidas de lastro probatório eficaz, não serão suficientes à desconstituição do débito, ainda que

sobre elas silencie a Fazenda exeqüente)

85) A ausência de impugnação dos embargos do devedor não produz, em relação à Fazenda Pública, os efeitos da revelia (Súmula 256 TFR).

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Art. 18. Caso não sejam oferecidos os embargos, a Fazenda Pública

manifestar-se-á sobre a garantia da execução.

Não Oferecimento de Embargos. Efeito

o devedor, em execução fiscal, não é citado para se defender, mas para pagar o débito ou garantir a execução, a fim de embargá-la; se não toma a providência última, passa o crédito fiscal a gozar de

presunção absoluta (juris et de jure) de liquidez e certeza.

não sendo embargada a execução fiscal, o crédito fiscal, já definitivamente constituído administrativamente, torna-se imutável também na seara judicial, ensejando a tomada das providências necessárias à satisfação forçada da pretensão do credor (execução da garantia do débito).

LEF, art. 18: norma que confere à Fazenda exequente, após o decurso in albis do prazo para oferecimento dos embargos à execução fiscal e antes de iniciada a fase de produção de receita para a satisfação do crédito exeqüendo (leilão, arrematação, adjudicação etc.), oportunidade para verificar a regularidade formal e material da garantia, podendo oferecer manifestação ao juízo requerendo, por exemplo, reforço, redução e/ou registro da penhora, substituição da garantia e remoção e/ou reavaliação do bem penhorado.

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Art. 19. Não sendo embargada a execução ou sendo rejeitados os embargos, no caso de garantia prestada por terceiro, será este intimado, sob pena de contra ele prosseguir a execução nos próprios

autos, para, no prazo de 15 (quinze) dias:

I – remir o bem, se a garantia for real; ou II – pagar o valor da dívida, juros e multa de mora e demais encargos, indicados na Certidão de Dívida Ativa, pelos quais se

obrigou, se a garantia for fidejussória.

Remição do Bem de Terceiro

caso de executivo fiscal garantido por penhora incidente sobre bem que não seja de propriedade do próprio executado.

a possibilidade de remição é conferida pela LEF ao terceiro, estranho à relação processual, proprietário do bem penhorado, para que possa livrar o seu patrimônio de constrição judicial por dívida alheia, uma vez encerrada a fase dos embargos com desfecho favorável à Fazenda credora.

OBS: a remição de que trata o dispositivo em questão é o ato processual de remir ou resgatar, e não se confunde com a remissão, ato de remitir

ou perdoar, que vem a ser instituto de direito material (cause de extinção do crédito tributário prevista no art. 156, IV, do CTN).

o prazo legal à remição aludida é de quinze dias, mas não é peremptório, nenhum prejuízo resultando da remição intempestiva, a não ser para o próprio terceiro que a efetuar, pois terá de suportar as despesas do leilão, caso já tenham sido assumidas (gastos com a publicação dos editais, comissão do leiloeiro etc.).

não poderá mais o terceiro remir o bem após a arrematação, por resguardo aos interesses do arrematante.

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o preço a nortear a remição será o correspondente ao valor da avaliação, atualizado até a data da prática do ato.

após remir o bem que deu em garantia de execução fiscal por débito alheio, o terceiro sub-roga-se no crédito da Fazenda Pública, até o limite do que pagou pela

remição, incorporando todos os direitos, ações, privilégios e garantias daquela (Código Civil, art. 349), podendo, portanto, cobrá-lo nos próprios autos da execução fiscal.

OBS: nesse caso, sendo a Fazenda Pública estranha à discussão que se seguirá (envolvendo o terceiro garantidor e o devedor original), perderá

competência o eventual juízo privativo fazendário para processar a demanda, sendo o caso, então, de declínio de competência.

caso o proprietário do bem penhorado, regularmente intimado, não se apresente para remi-lo, a consequência única de sua omissão será a alienação judicial do bem, com vistas à produção de receita para saldar a dívida.

OBS: ocorrendo a arrematação, naturalmente que a sub-rogação supramencionada ocorrerá, com os consectários já expostos.

Remição pelo Executado e Adjudicação de Bens por seus Familiares e por Credores com Garantia Real ou Concorrentes

CPC, art. 651 (aplicação subsidiária): remição da execução, a cargo do próprio executado, realizada antes de alienados ou adjudicados os bens penhorados mediante o pagamento da dívida e seus acréscimos, inclusive honorários advocatícios = pleno cabimento em sede de execução fiscal, por ser de interesse do devedor e por não trazer prejuízo à Fazenda exequente.

NCPC -> art. 826.

Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo,

remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida,

acrescida de juros, custas e honorários advocatícios.

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OBS: o CPC (art. 787) também albergava a remição dos bens penhorados, conferindo, a tanto, legitimidade aos familiares do devedor

(cônjuge, descendente ou ascendente). Sucede que a Lei 11.382/2006 revogou os arts. 787 a 790 do CPC, que tratavam do tema, “substituindo-os” pelas disposições do acrescido art. 685-A e

respectivos parágrafos, que prevêem a adjudicação dos bens penhorados, a cargo do credor com garantia real, dos credores

concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, do cônjuge e dos descendentes ou ascendentes do executado (com aplicação subsidiária ao executivo fiscal).

OBS: NCPC -> art. 876, §5º

Art. 876. É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer

que lhe sejam adjudicados os bens penhorados.

(...) § 5o Idêntico direito pode ser exercido por aqueles indicados no art. 889, incisos II a

VIII, pelos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge,

pelo companheiro, pelos descendentes ou pelos ascendentes do executado.

§ 6o Se houver mais de um pretendente, proceder-se-á a licitação entre eles, tendo preferência, em caso de igualdade de oferta, o cônjuge, o companheiro, o descendente

ou o ascendente, nessa ordem.

§ 7o No caso de penhora de quota social ou de ação de sociedade anônima fechada

realizada em favor de exequente alheio à sociedade, esta será intimada, ficando

responsável por informar aos sócios a ocorrência da penhora, assegurando-se a estes a preferência.

NCPC -> art. 902 Art. 902. No caso de leilão de bem hipotecado, o executado poderá remi-lo até a

assinatura do auto de arrematação, oferecendo preço igual ao do maior lance

oferecido.

Parágrafo único. No caso de falência ou insolvência do devedor hipotecário, o direito de remição previsto no caput defere-se à massa ou aos credores em concurso, não

podendo o exequente recusar o preço da avaliação do imóvel.

Execução da Fiança Bancária e do Seguro Garantia

o banco fiador e a seguradora também são considerados terceiros garantidores, pois não integram, originariamente, o pólo passivo da execução fiscal (a garantia, na espécie, revela-se caução fidejussória).

jurisprudência: a execução da fiança bancária (e do seguro garantia, leia-se) pressupõe trânsito em julgado

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da decisão de rejeição dos embargos do executado, por aplicação analógica da norma do art. 32, § 2º, da LEF.

86) O levantamento de depósito judicial em dinheiro depende do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 32, § 2º, daquele dispositivo normativo. Precedentes: REsp 543442/PI, Rel. Ministra ELIANA CALMON, DJ 21/06/2004; EREsp 479.725/BA, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, DJ 26/09/2005. À luz do princípio ubi eadem ratio ibi eadem dispositio, a equiparação dos institutos - deposito judicial e fiança bancária - pelo legislador e pela própria jurisprudência deste e. Superior Tribunal de Justiça impõe tratamento semelhante, o que vale dizer que a execução da fiança bancária oferecida como garantia da execução fiscal também fica condicionado ao trânsito em julgado da ação satisfativa

(REsp. 1033545, Rel. Min. Luiz Fux).

sendo garantia pessoal, a instituição financeira/seguradora deverá apresentar-se, após devidamente intimada na forma do art. 8º da LEF (por aplicação analógica), a fim de saldar o débito atualizado, acrescido de juros, multa de mora e demais encargos indicados na CDA, pelos quais se obrigou.

a omissão do banco fiador ou da seguradora levará a Fazenda exequente a direcionar-lhe a execução fiscal nos próprios autos, de acordo com o previsto no art. 19 da LEF.

OBS: a execução da fiança bancária ou do seguro garantia não requer maiores solenidades; se a instituição financeira/seguradora prestou,

livremente, a fiança ou o seguro em favor do executado, comprometendo-se a honrar integralmente o débito exequendo, presume-se sua ciência prévia de que o executivo voltaria contra si,

caso não cumprisse, posteriormente à rejeição ou ao decurso in albis do prazo dos embargos, o dever jurídico assumido; assim, a intimação de

que trata o art. 19 da LEF, dirigida ao garante, pode ser entendida como a comunicação do início do processo executivo, a iniciar seu curso tão logo expire o prazo de quinze dias para o pagamento do débito, afastada

a necessidade de citação posterior do banco/instituição de seguros.

para que seja redirecionada a execução fiscal, não é preciso inscrever a dívida em nome do banco ou da

seguradora, pois a expressão prosseguir a execução nos próprios autos (LEF, art. 19) revela o desejo do legislador

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de imprimir agilidade à nova cobrança a se instaurar contra o fiador/segurador, com fulcro no mesmo título.

CPC, art. 595, parágrafo único (aplicação subsidiária): o fiador, que pagar a dívida, poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo, norma que se estende ao segurador.

OBS: NCPC -> art. 794

Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam executados os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e desembargados,

indicando-os pormenorizadamente à penhora.

§ 1º Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do devedor, situados na

mesma comarca que os seus, forem insuficientes à satisfação do direito do credor.

§ 2º O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo.

§ 3º O disposto no caput não se aplica se o fiador houver renunciado ao benefício de

ordem.

Legitimidade do terceiro-garante para embargar

tanto o garante pessoal (banco fiador/seguradora) quanto aquele que deu o bem em garantia de débito alheio (garantia real) não dispõem de legitimidade para embargar a execução fiscal, porque estranhos à relação processual original.

entretanto, como têm legítimo interesse jurídico na vitória do executado (embargante), em decorrência da responsabilidade que assumiram pelo débito, podem ingressar, como assistentes, nos embargos à execução fiscal, na forma do disposto no art. 50 do CPC.

no caso de garantia real, o terceiro, proprietário do bem penhorado, não efetuando a remição, terá legitimidade apenas para oferecer embargos à arrematação ou à adjudicação, valendo-se dos fundamentos elencados no art. 746 do CPC.

OBS: NCPC -> art. 675

Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de

conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da

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alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da

assinatura da respectiva carta.

Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em

embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente.

OBS: em nenhuma hipótese poderá pretender discutir o mérito da

dívida, por ser estranho à relação de direito material que a originou.

igualmente o banco (ou a seguradora), no caso de o débito estar garantido por fiança bancária (ou seguro garantia), embora possa validamente embargar a execução voltada contra si, verá seu campo de argumentações reduzido a nulidades processuais e questões atinentes à própria fiança (ou ao próprio seguro garantia), sem que possa solicitar manifestação judicial referente ao estágio processual anterior à sua intimação inicial ou ao título executivo original (ilegitimidade).

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Art. 20. Na execução por carta, os embargos do executado serão oferecidos no Juízo deprecado, que os remeterá ao Juízo

deprecante, para instrução e julgamento. Parágrafo único. Quando os embargos tiverem por objeto vícios ou

irregularidades de atos do próprio Juízo deprecado, caber-lhe-á unicamente o julgamento dessa matéria.

Competência na Execução por Carta

a execução por carta, que tem lugar nos casos em que o devedor ou os seus bens estão situados fora da sede do juízo original, nada mais é do que a execução em que os atos principais do procedimento respectivo, isto é, penhora de bens, avaliação, alienação judicial (leilão), entre outros, são realizados perante o juízo deprecado, por requisição do primeiro – chamado deprecante – exteriorizada em carta precatória.

o mandamento do art. 20, caput, da LEF (a determinar que os embargos sejam oferecidos no juízo deprecado, que os remeterá ao deprecante para instrução e julgamento) não é absoluto, servindo apenas para tornar mais fácil o exercício da defesa (através da ação de embargos) por parte do executado, quando residente na sede do juízo deprecado.

OBS: se, por acaso, for mais vantajoso ao devedor oferecer seus embargos diretamente ao juízo deprecante, o qual será, em regra, o

competente para apreciá-los, nenhum prejuízo resultará da medida.

LEF, art. 20, parágrafo único: fixa expressa e excepcionalmente a competência do juízo deprecado para o julgamento dos embargos que versem questões alusivas a vícios ou irregularidades de seus próprios atos.

portanto, que em sede de execução fiscal com penhora de bens realizada mediante carta precatória, os embargos de mérito deverão ser processados e julgados pelo juízo deprecante (juízo da execução) e os embargos que enfrentem os atos praticados perante o juízo

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deprecado (por exemplo, alegação de excesso de penhora) serão de competência deste.

Em se tratando de embargos mistos (nos quais são invocadas irregularidades nos atos praticados pelo juízo deprecado e se discute, cumulativamente, o mérito da dívida), a competência para o julgamento será do juízo da execução, ou seja, do juízo deprecante.

87) Na execução por carta, os embargos do devedor serão decididos no juízo deprecante, salvo se versarem unicamente vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação de bens (Súmula 46 STJ).

OBS: o que resulta na aplicação da disposição do art. 747 do CPC subsidiariamente à execução fiscal.

NCPC -> art. 914, §2º

Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá se

opor à execução por meio de embargos.

§ 1º Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em

apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser

declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. § 2º Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou

no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante,

salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação

ou da alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado.

em se tratando de embargos de terceiro, ainda tem plena aceitação o entendimento do extinto TFR, sendo a competência para processar e julgar a referida ação do juízo deprecado, perante o qual se deu a constrição impugnada, a menos que o bem tenha sido indicado expressamente pelo juízo deprecante.

88) O juízo deprecado, na execução por carta, é o competente para julgar os embargos de terceiro, salvo se o bem apreendido foi indicado pelo juízo

deprecante (Súmula 33 TFR).

NCPC -> art. 676, parágrafo único

Art. 676. Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a

constrição e autuados em apartado.

Parágrafo único. Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos

serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta.

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Art. 21. Na hipótese de alienação antecipada dos bens penhorados,

o produto será depositado em garantia da execução, nos termos previstos no art. 9º, inciso I.

Alienação Antecipada. Cabimento

CPC, art. 670 (aplicação subsidiária): qual a medida deverá ser adotada com relação aos bens sujeitos à deterioração ou depreciação ou quando houver manifesta vantagem.

complementando as hipóteses de cabimento da alienação antecipada, o art. 1.113 do CPC arrola os

semoventes e outros bens de guarda dispendiosa (caput e § 1o).

a alienação antecipada tem lugar a partir da efetivação da penhora e a manifesta vantagem que a enseja engloba não somente os casos de constrição de bens sujeitos à deterioração, depreciação ou alto custo de armazenagem, como outros, em que a providência seja necessária para impedir prejuízo ao credor, ao devedor ou ao depositário.

OBS: exemplos: penhora de cavalos de raça, cuja manutenção satisfatória envolve dispêndio financeiro elevado; penhora de gêneros

alimentícios, por serem bens de consumo deterioráveis; penhora de bens sujeitos à depreciação em função de evolução tecnológica, tais

como computadores; e penhora de ações ou outros títulos que estejam em comprovada alta no mercado próprio (“manifesta vantagem”).

se a venda antecipada for requerida por uma das partes, terá o juiz, antes de decidir, que ouvir a parte contrária (CPC, art. 670, parágrafo único)

OBS: NCPC -> arts. 852 e 583

Art. 852. O juiz determinará a alienação antecipada dos bens penhorados quando:

I - se tratar de veículos automotores, de pedras e metais preciosos e de outros bens

móveis sujeitos à depreciação ou à deterioração; II - houver manifesta vantagem.

Art. 853. Quando uma das partes requerer alguma das medidas previstas nesta

Subseção, o juiz ouvirá sempre a outra, no prazo de 3 (três) dias, antes de decidir.

Execução Fiscal (em tópicos) – Versão 2015

Mauro Luís Rocha Lopes – Master Juris Professores Associados

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Parágrafo Único. O juiz decidirá de plano qualquer questão suscitada.

OBS: deve o juiz facultar a remição da execução pelo devedor (CPC, art. 651) ou do bem objeto daquela, por seu proprietário, em se tratando de garantia real prestada por terceiro, na forma do art. 19, I,

da LEF, ou mesmo a adjudicação pelos familiares deste ou do executado, ou por eventuais credores concorrentes ou titulares de

garantia real, como dispõe o art. 685-A, § 2º, do CPC.

CPC, artigos 1.113 a 1.116: procedimento da alienação antecipada de bens penhorados.

OBS: NCPC -> art. 730

Art. 730. Nos casos expressos em lei, não havendo acordo entre os interessados sobre

o modo como se deve realizar a alienação do bem, o juiz, de ofício ou a requerimento

dos interessados ou do depositário, mandará aliená-lo em leilão, observando-se o

disposto na Seção I deste Capítulo e, no que couber, o disposto nos arts. 879 a 903.