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EXECUÇÃO FISCAL (EM TÓPICOS) Apostila confeccionada pelo Prof. Mauro Luís Rocha Lopes (especial para os alunos do Master Juris/Tribcast) Versão: 2015 - parte II Art. 5º A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer outro juízo, inclusive o da falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário. Competência para Processar Execução Fiscal. Domicílio Civil e Tributário. Modificação Posterior de Domicílio CPC, art. 578, caput e parágrafo único: a execução fiscal será proposta no foro do domicílio do executado, ou, havendo mais de um, no foro do domicílio de qualquer um dos devedores, facultando-se ao Fisco, ainda, eleger o foro do lugar em que se praticou o ato ou o do lugar em que ocorreu o fato que deu origem à dívida, ou, por fim, o foro da situação do bem do qual a dívida se originou. OBS: NCPC -> art. 46, §5º Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. § 1 o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. § 2 o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor. § 3 o Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. § 4 o Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. § 5 o A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.

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EXECUÇÃO FISCAL (EM TÓPICOS)

Apostila confeccionada pelo Prof. Mauro Luís Rocha Lopes (especial para os alunos do Master Juris/Tribcast) Versão: 2015 - parte II Art. 5º A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer outro juízo, inclusive

o da falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário.

Competência para Processar Execução Fiscal. Domicílio Civil e Tributário. Modificação Posterior de Domicílio

CPC, art. 578, caput e parágrafo único: a execução fiscal será proposta no foro do domicílio do executado, ou, havendo mais de um, no foro do domicílio de qualquer um dos devedores, facultando-se ao Fisco, ainda, eleger o foro do lugar em que se praticou o ato ou o do lugar em que ocorreu o fato que deu origem à dívida, ou, por fim, o foro da situação do bem do qual a dívida se originou.

OBS: NCPC -> art. 46, §5º

Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.

§ 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.

§ 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor. § 3o Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação

será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. § 4o Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão

demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. § 5o A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no

de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.

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Na vigência do atual CPC, ao devedor não se assegura, portanto, o direito de ser executado no foro de seu domicílio, salvo se nenhuma das espécies do parágrafo único do art. 578 (CPC) se verificar.

27) A interpretação do art. 578 do CPC preceitua que os foros elencados no caput do citado dispositivo concorrem com os previstos no parágrafo único do mencionado artigo de lei federal (EREsp 787977, Min. Eliana

Calmon).

De todo modo, tem sido praxe a propositura da execução fiscal no foro do domicílio do executado.

OBS: o foro competente para o processamento e julgamento da

execução fiscal envolvendo crédito tributário deve ser fixado, à luz da regra do art. 127 do CTN, no domicílio tributário do executado.

Tratando-se de pessoa jurídica, determinados débitos tributários são exigidos no local de cada um de seus estabelecimentos, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação (CTN, art. 127, II).

OBS: Exemplificativamente, débito de ICMS será exigido pelo Estado em cujo território estiver situada a filial da empresa que realizou a operação tributada, considerando-se, com vistas à fixação da competência de foro

para o processamento do executivo fiscal correlato, o domicílio daquela, ainda que distinto do da matriz.

A competência há de ser estabelecida no momento da propositura do executivo fiscal, sendo irrelevantes a posterior mudança de domicílio do executado ou o redirecionamento da cobrança para o responsável que venha a ser domiciliado em outra comarca ou seção

judiciária (perpetuatio jurisdictionis, art. 87 do CPC).

OBS: NCPC -> art. 43

Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da

petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito

ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a

competência absoluta.

28) Proposta a execução fiscal, a posterior mudança de domicílio do executado não desloca a competência já fixada (Súmula 58 STJ).

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Competência para Processar Executivos da União (e de suas entidades autárquicas). Delegação à Justiça Estadual

CF, art. 109, I: as execuções fiscais ajuizadas pela União, ou por suas autarquias ou fundações, ou movidas em face dessas entidades federais ou de empresas públicas federais, serão processadas perante a Justiça Federal.

29) Compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por conselho de fiscalização profissional (Súmula 66 STJ).

Quando algum desses entes federais ajuizar ação incidental a processo de execução fiscal tramitando perante a Justiça Estadual, como no caso de embargos de terceiro apresentados por autarquia federal para impugnar penhora de bens realizada em executivo movido por município em face de particular, deve haver declínio de competência para a Justiça Federal, a quem competirá, por um de seus órgãos, decidir sobre o interesse do aludido ente na demanda (v. STJ, Súmula 150).

30) O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal em execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a competência para a Justiça Federal (Súmula 270 STJ).

31) A nomeação de autarquia federal (INSS) para defender a massa falida na qualidade de síndico, por ser seu maior credor, não atrai para a Justiça Federal a competência para processar e julgar a execução fiscal movida por Município contra particular na Justiça do Estado (CC

33873/RS, 1a Seção, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ 19/08/2002, p. 138).

CF, art. 114, VII e VIII (EC 45/2004): à Justiça do Trabalho compete o processamento das execuções fiscais promovidas por entes federais para a cobrança de créditos relacionados a multas impostas aos empregadores por órgãos de fiscalização das relações de trabalho e das execuções de contribuições previdenciárias lançadas como decorrência lógica e necessária de sentenças trabalhistas (nesse último caso,

a execução é sui generis, pois se instaura de ofício e tem

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por título a própria sentença que reconhece o vínculo trabalhista – não se trata de “execução fiscal”).

A Justiça Federal permanece competente para processar a execução fiscal para a cobrança de verbas devidas ao FGTS, realizada, na forma do art. 2º da Lei 8.844/94, pela Fazenda Nacional ou, por delegação desta, pela

Caixa Econômica Federal, pois, na visão do STJ, há inexistência de relação de trabalho, também, porque a relação constituída nos autos faz sobrelevar o interesse federal na higidez do Fundo que tem seus recursos utilizados na implementação de políticas habitacionais vinculadas ao Sistema Financeiro de Habitação – SFH (CC 54194, Min. Humberto Martins, 2006).

32) Compete à Justiça Federal ou aos juízes com competência delegada o julgamento das execuções fiscais de contribuições devidas pelo empregador ao FGTS (Súmula 349 STJ).

A Lei 5.010/66, em seu art. 15, I, previa que nas comarcas do interior onde não funcionasse Vara da Justiça Federal, os juízes estaduais seriam competentes para processar e julgar os executivos fiscais da União e de suas autarquias, ajuizados contra devedores domiciliados nas respectivas comarcas.

Dita norma foi revogada pela Lei nº 13.043/2014 (art. 114, IX), com o que acabou extinta a delegação de competência federal à justiça estadual nas execuções fiscais.

Ocorre que a mesma Lei nº 13.043/2014, em seu art. 75, manteve a delegação aludida para os processos inaugurados antes de sua vigência.

Isso significa que muito tempo ainda transcorrerá até que o último executivo fiscal, apresentado por entidade federal na justiça estadual com base na Lei nº 5.010/66, seja extinto.

Diante disso, vale entender como funciona/funcionava esta delegação.

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A disposição da Lei nº 5.010/66 encontrava amparo no vigente comando constitucional do art. 109, § 3º e a delegação de competência federal à justiça local prevalecia ainda que o território do município em que fosse domiciliado o executado estivesse incluído na zona de jurisdição de seção ou subseção judiciária federal. O que importava é que na “comarca” – expressão de que se valeram o legislador e o constituinte para condicionar a delegação e que representa divisão estabelecida pela lei de organização judiciária do estado – não houvesse vara federal instalada (STJ, CC 61954, Min. Castro Meira, 2006).

CF, art. 109, §4º: na hipótese de delegação, eventual

recurso que venha a ser interposto contra decisão do Juiz de Direito local deverá ser dirigido ao Tribunal Regional Federal situado na área de jurisdição daquele.

34) Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência verificado, na respectiva Região, entre Juiz Federal e Juiz Estadual investido de jurisdição federal. (Súmula 3 STJ)

A 1a Seção do Superior Tribunal de Justiça, na esteira da orientação preconizada na Súmula 58, havia firmado entendimento de que o art. 109, § 3º, da CF/1988 trata da competência territorial, não podendo o juiz dela declinar de ofício, ainda que o devedor mude de domicílio (CC no 20671/BA, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ 25/2/1998, p. 11).

Aliás, a Súmula no 33 da Corte Superior de Justiça já consagrara a tese de que a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.

35) A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício. (Súmula

33 STJ)

Entretanto, o entendimento foi alterado, passando o STJ a entender que a competência firmada com base no art. 109, § 3º, da CF/1988 é absoluta.

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36) A execução fiscal proposta pela União e suas autarquias deve ser ajuizada perante o Juiz de Direito da comarca do domicílio do devedor, quando esta não for sede de vara da justiça federal (...). A decisão do Juiz Federal, que declina da competência quando a norma do art. 15, I, da Lei nº 5.010, de 1966 deixa de ser observada, não está sujeita ao enunciado da Súmula nº 33 do Superior Tribunal de Justiça (REsp 1146194, julgado em 14/08/2013, Relator para o acórdão, Min. Ari

Pargendler).

OBS: fundamento central do julgado foi o de que a norma legal visa facilitar tanto a defesa do devedor quanto o aparelhamento da execução, que assim não fica, via de regra, sujeita a cumprimento de atos por cartas precatórias (1ª Seção, DJe 25/10/2013).

Também decidiu a 1a Seção do STJ que a competência federal delegada à Justiça local cessa, inclusive para os processos em curso, por força da instalação de Vara Federal na sede da comarca, sob o fundamento de

inaplicabilidade do princípio da perpetuatio jurisdictionis aos casos de competência absoluta (CC 38713, Rel. p/ acórdão Min. Teori Zavascki, DJ 03/11/2004).

Fixada a competência da Justiça Estadual para o processamento de execuções fiscais movidas por entes federais quando a comarca em que domiciliado o executado não seja sede de vara federal, será ela também competente para o julgamento das ações incidentais, acessórias ou conexas ao executivo (embargos à execução, embargos de terceiro, cautelar, anulatória etc.).

Execução Fiscal e Juízo Universal

A cobrança do crédito fazendário não se submete a juízos universais como o da falência. Ainda assim, a existência de concurso de credores afeta o procedimento de satisfação do crédito fazendário, que não goza de preferência absoluta, cedendo, por exemplo, diante de créditos trabalhistas, de créditos com garantia real e de créditos extraconcursais.

Obs: mais, sobre o assunto, nos tópicos relacionados ao art. 29.

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Executivo Fiscal e Ação Tributária Envolvendo o Mesmo Débito. Conexão e Prevenção

A simples propositura de ação judicial questionando o débito fiscal não inibe a Fazenda Pública de promover-lhe a execução, na forma do art. 585, § 1o, do CPC, a menos que se faça presente alguma das causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário de que cogita o art. 151 do CTN.

gravitando em torno do mesmo débito, execução fiscal e ação objetivando a sua anulação (anulatória, mandado de segurança), opera-se conexão – ou continência, se o objeto de uma compreender o da outra – a ensejar a reunião das ações perante o juízo prevento (CPC, art. 105).

OBS: a possibilidade de manifestações judiciais incompatíveis entre si estará presente sempre que houver vinculação de demandas pelo

critério da prejudicialidade. Assim, por exemplo, uma ação de conhecimento em que se discuta a exigibilidade de um título executivo extrajudicial há de ser julgada anteriormente à excussão, no processo

de execução, dos bens do suposto devedor, sob pena de se viabilizar contradição insanável entre os provimentos jurisdicionais de

conhecimento e de execução. Daí a conexão que justifica a competência originária do juízo da execução para também processar e julgar os embargos do devedor. Mesma solução há de ser dada para o caso de

coexistência de ações de execução e anulatória do débito objeto da primeira, nesse caso impondo-se a reunião perante o juízo prevento. OBS: NCPC -> art. 55, §2º, I e §3º

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido

ou a causa de pedir.

§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um

deles já houver sido sentenciado.

§ 2o Aplica-se o disposto no caput:

I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;

II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.

§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar

risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos

separadamente, mesmo sem conexão entre eles.

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a partir do reconhecimento da relação de prejudicialidade envolvendo as ações, duas providências devem ser tomadas: a) a reunião de processos perante o mesmo juízo; e b) a suspensão da execução fiscal, até que decidido definitivamente o pedido deduzido na ação anulatória.

37) O juízo único é o que guarda a mais significativa competência funcional para verificar a verossimilhança do alegado na ação de conhecimento e permitir prossiga o processo satisfativo ou se suspenda o mesmo. Refoge à razoabilidade permitir que a ação anulatória do débito caminhe isoladamente da execução calcada na obrigação que se quer

nulificar, por isso que, exitosa a ação de conhecimento, o seu resultado pode frustrar-se diante de execução já ultimada (CC 31963/RS, 1ª

Seção, Rel. p/ acórdão Min. Luiz Fux, DJ 05/08/2002, p. 190). 38) A ação de anulação de débito fiscal tem conexão de natureza prejudicial com a ação de execução do mesmo título que se busca anular (REsp 572756/RS, 2a Turma, Rel.a Min.a Eliana Calmon, DJ 17/05/2004, p. 193).

OBS: A reunião de demandas conexas, prevista no art. 105 do CPC, tem

por finalidade agrupá-las para que sejam decididas simultaneamente, mediante um único ato judicial. No entanto, no caso específico dos processos de execução fiscal e de ação anulatória, não há que se falar

em julgamento simultâneo. Na verdade, a reunião dos aludidos processos tem por objetivo, tão somente, a garantia de que o juízo

suspenderá o executivo, uma vez garantido o débito, até que decidida em última instância, por ele próprio, a ação de conhecimento.

A reunião de demandas conexas é matéria de interesse público, por estar relacionada aos ideais de celeridade, racionalidade e efetividade da tutela jurisdicional. Por isso, é lícito ao juiz apreciar de ofício o vínculo de conexidade existente entre causas, ainda que não alegada em preliminar pelo réu na forma do art. 301, VII, do CPC.

se as demandas corriam perante juízos possuidores da mesma competência territorial, prevento será aquele que despachou em primeiro lugar (CPC, art. 106). Não sendo o caso de identidade de competência territorial, o juízo perante o qual a primeira citação válida se operou será o prevento (CPC, art. 219).

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OBS: NCPC -> arts. 58 e 59 Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente.

Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.

Jurisprudência: A existência de vara especializada em razão da matéria contempla hipótese de competência absoluta, sendo, portanto, improrrogável.

39) É possível a conexão entre a ação anulatória e a execução fiscal, em virtude da relação de prejudicialidade existente entre tais demandas, recomendando-se o simultaneus processus. Entretanto, nem sempre o reconhecimento da conexão resultará na reunião dos feitos. A

modificação da competência pela conexão apenas será possível nos casos em que a competência for relativa e desde que observados os requisitos dos §§ 1º e 2º do art. 292 do CPC. A existência de vara especializada em razão da matéria contempla hipótese de competência absoluta, sendo, portanto, improrrogável, nos termos do art. 91 c/c 102 do CPC. Dessarte, seja porque a conexão não possibilita a modificação da competência absoluta, seja porque é vedada a cumulação em juízo incompetente para apreciar uma das demandas, não é possível a reunião dos feitos no caso em análise, devendo ambas as ações tramitarem separadamente. Embora não seja permitida a reunião dos processos, havendo prejudicialidade entre a execução fiscal e a ação anulatória, cumpre ao juízo em que tramita o processo executivo decidir pela suspensão da execução, caso verifique que o débito está devidamente garantido, nos termos do art. 9º da Lei 6.830/80. (CC 105358, 1ª Seção, Min. Mauro Campbell Marques, 2010)

OBS: NCPC -> art. 327

Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários

pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.

§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:

I - os pedidos sejam compatíveis entre si; II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;

III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.

§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será

admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do

emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais

a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.

§ 3o O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.

a suspensão do executivo dependerá sempre de que o débito esteja plenamente garantido, pois tal condição é requisito para a admissibilidade dos embargos (LEF, art.

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16, § 1º), sendo irrelevante, a esse fim, que o devedor tenha manifestado sua oposição ao título através de ação autônoma, não incidental.

Essa orientação é pacífica na jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça, como se vê do excerto de julgado abaixo.

A ação ordinária em que se discute débito fiscal somente suspende a

execução fiscal já proposta se houver garantia do juízo (AgRg no

REsp 1251021, Re;. Min. Humberto Martins, 2011).

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Art. 6º A petição inicial indicará apenas:

I – o juiz a quem é dirigida; II – o pedido; e III – o requerimento para a citação.

§ 1º A petição inicial será instruída com a Certidão da Dívida Ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse transcrita.

§ 2º A petição inicial e a Certidão de Dívida Ativa poderão

constituir um único documento, preparado inclusive por processo eletrônico. § 3º A produção de provas pela Fazenda Pública independe de

requerimento na petição inicial.

§ 4º O valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais.

Indicação, na Peça Inicial, de Bens do Devedor Passíveis de Penhora. O Art. 53 da Lei no 8.212/91

Lei 8.212/91, art. 53: inovação às execuções fiscais promovidas pela União Federal, ou por suas autarquias e fundações, consistente na possibilidade de indicação,

por parte do credor, de bens à penhora, a qual será efetivada concomitantemente com a citação inicial do devedor.

a consequência de tal proceder será a indisponibilidade imediata dos bens penhorados, independentemente de provimento judicial nesse sentido, de acordo com o § 1º do dispositivo.

entretanto, dispõe o § 2º do art. 53 que deve a penhora ser levantada se efetuado o pagamento integral do débito atualizado no prazo de dois dias úteis a contar da

citação, desde que não haja outra execução pendente. OBS: a execução pendente a que se refere a ressalva indicada só pode

ser aquela promovida pela mesma entidade integrante do pólo ativo da execução fiscal em que se realizou a penhora a ser levantada. É que não

seria razoável, v.g., manter-se a penhora de bens efetuada em execução fiscal promovida pela União Federal, após haver sido quitada a integralidade do débito exequendo, pelo simples fato de o mesmo

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devedor estar sendo chamado a responder também por outro débito em execução fiscal movida pelo INSS. Cada entidade fazendária deve

buscar garantias para a sua própria execução, não podendo se valer, para tanto, de penhora de bens realizada em executivos alheios.

CPC, art. 652, §2º: a indicação de bens à penhora manifestada na peça inicial tornou-se faculdade do credor nas execuções em geral. Com isso, as fazendas estaduais e municipais, às quais não aproveitava a disposição especialíssima do art. 53 da Lei no 8.212/91, passaram a poder invocar subsidiariamente a referida norma geral do CPC para assim procederem em relação aos seus executivos fiscais.

OBS: NCPC -> art. 829, § 2º

Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias,

contado da citação.

§ 2º A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros

forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.

Cumulação de Pedidos em Execução Fiscal

CPC, arts. 292 e 573 (aplicação subsidiária): admite-se a cumulação de pedidos em execução fiscal promovida contra o mesmo devedor, devendo a petição inicial, na hipótese, fazer-se acompanhada das certidões (que espelham os títulos executivos) que sirvam de lastro às dívidas cobradas.

OBS: NCPC -> art. 327

Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários

pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.

§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:

I - os pedidos sejam compatíveis entre si; II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;

III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.

§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será

admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do

emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com

as disposições sobre o procedimento comum.

§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.

OBS: NCPC -> art. 780

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Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos

diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento.

é dispensável que os débitos tenham vínculos entre si, bastando que possam ser exigidos de um mesmo devedor.

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Art. 7º O despacho do juiz que deferir a inicial importa em ordem para:

I – citação, pelas sucessivas modalidades previstas no art. 8º; II – penhora, se não for paga a dívida, nem garantida a execução,

por meio de depósito, fiança ou seguro garantia; (Lei nº 13.043/14) III – arresto, se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar; IV – registro da penhora ou do arresto, independentemente do

pagamento de custas ou outras despesas, observado o disposto no art. 14; e

V – avaliação dos bens penhorados ou arrestados.

Honorários Advocatícios. Fixação Inicial. Cumulação com a Verba Honorária Arbitrada nos Embargos. Honorários Devidos à União Federal

Prática judiciária corriqueira é a estipulação de verba, a título de honorários advocatícios, no momento em que é despachada a petição inicial da execução fiscal, para a hipótese em que ocorra o pagamento imediato do débito por parte do executado.

OBS: ao se eximir de adimplir sua obrigação no prazo regular o devedor age de modo injurídico, respondendo pelas despesas que o credor suportou para ajuizar o processo de cobrança forçada, incluídos aí os

honorários advocatícios, ainda que o pagamento seja efetivado logo após a citação.

CPC, art. 652-A (aplicação subsidiária): ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários de advogado a serem pagos pelo executado (art. 20, § 4º).

Atente-se à redução pela metade da verba honorária, para o caso de pagamento integral da dívida no prazo indicado no mandado de citação (parágrafo único do art. 652-A do CPC).

OBS: NCPC -> art. 827

Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo executado.

§ 1o No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários

advocatícios será reduzido pela metade.

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Possível, no caso de julgamento de improcedência dos embargos à execução, impor-se ao devedor, além dos honorários previamente fixados no despacho inicial do executivo, cumulativamente, verba sucumbencial devida em função da derrota na ação desconstitutiva promovida.

40) Mais do que mero incidente processual, os embargos do devedor constituem verdadeira ação de conhecimento. Neste contexto, é viável a cumulação dos honorários advocatícios fixados na ação de execução com aqueles arbitrados nos respectivos embargos do devedor (EREsp 81.755-

SC, Rel. Min. Waldemar Zveiter, DJ 2/4/2001, p. 247).

Todavia, os honorários advocatícios não são devidos na hipótese de indeferimento liminar dos embargos do devedor, ainda que o executado tenha apelado da decisão indeferitória e o exequente tenha apresentado contrarrazões ao referido recurso (como decidiu o STJ no AgRg no AREsp 182.879-RJ, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 5/3/2013 e noticiado no INF 519).

OBS: NCPC -> art. 827, §2º

Art. 827. (...)

§ 2º O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, quando rejeitados

os embargos à execução, podendo a majoração, caso não opostos os embargos, ocorrer

ao final do procedimento executivo, levando-se em conta o trabalho realizado pelo

advogado do exequente.

com relação à execução fiscal movida pela União Federal, não cabe a fixação de honorários, seja na fase de execução, seja nos embargos.

41) O encargo de 20% do Decreto-Lei no 1.025, de 1969, é sempre devido nas execuções fiscais da União e substitui, nos embargos, a condenação do devedor em honorários advocatícios. (Súmula 168 TFR – extinto)

OBS: tal encargo presta-se a integrar fundo para cobrir as despesas da União Federal com a arrecadação de tributos não recolhidos

voluntariamente, o que inclui não somente honorários advocatícios, mas sistemas de informática, publicações, pro labore de peritos

técnicos, avaliadores e contadores etc.

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Decreto-Lei 1.569/77 (art. 3º): o encargo será reduzido a 10% se o débito for pago após a inscrição em dívida ativa, mas antes do ajuizamento da execução.

OBS: jurisprudência - após a propositura da execução fiscal, ainda que não embargada, não pode o juiz reduzi-lo, porquanto se dirige ao

custeio da cobrança como um todo (sistemas de processamento de dados, publicações, pro labore de contadores e peritos etc.), e não

apenas à verba honorária (REsp 329556, Min. Peçanha Martins).

Lei 10.522/2002, art. 37-A, §1º (redação da Lei 11.941/2009): estendeu aos créditos de autarquias e fundações públicas federais – exceto os do BACEN – inscritos em dívida ativa o encargo de 20%, previsto no D-L 1.025/69.

Execução Fiscal de Débito Irrisório. Indeferimento da Inicial

Prática comum por parte de muitos juízes tem sido o indeferimento de plano da peça inicial, nas execuções de débitos de valores reputados insignificantes, sob o argumento de ausência de interesse de agir por parte da Fazenda exeqüente, mas a jurisprudência, todavia, repele esse prática.

42) A extinção das ações de pequeno valor é faculdade da Administração Federal, vedada a atuação judicial de ofício. (Súmula 452 STJ)

O art. 65 da Lei nº 7.799/89, em seu parágrafo único, dispõe que o Ministro da Fazenda poderá dispensar a constituição de créditos tributários, a inscrição ou ajuizamento, bem assim determinar o cancelamento de débito de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional, observados os critérios de custos de administração e cobrança.

A regulamentação da citada previsão encontra-se em vigor através da Portaria MF nº 75, de 22 de março de 2012, que determinou o não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional cujo valor

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consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), excluídas as multas criminais.

OBS: Para os conselhos profissionais, entidades autárquicas federais, aplica-se a Lei 12.514/2011, prevendo esta que tais entes não executem em juízo dívidas referentes a anuidades inferiores a 4 (quatro) vezes o

valor cobrado anualmente da pessoa física ou jurídica inadimplente, sem prejuízo à realização de medidas administrativas de cobrança,

aplicação de sanções por violação da ética ou suspensão do exercício profissional (art. 8º, caput, e parágrafo único).

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Art. 8º O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados

na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:

I – a citação será feita pelo correio, com aviso de recepção, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma;

II – a citação pelo correio considera-se feita na data da entrega da carta no endereço do executado; ou, se a data for omitida, no aviso de recepção, 10 (dez) dias após a entrega da carta à agência postal;

III – se o aviso de recepção não retornar no prazo de 15 (quinze) dias da entrega da carta à agência postal, a citação será feita por oficial de justiça ou por edital;

IV – o edital de citação será afixado na sede do juízo, publicado uma só vez no órgão oficial, gratuitamente, como expediente judiciário,

com o prazo de 30 (trinta) dias, e conterá, apenas, a indicação da exequente, o nome do devedor e dos corresponsáveis, a quantia devida, a natureza da dívida, a data e o número da inscrição no

Registro da Dívida Ativa, o prazo e o endereço da sede do juízo. § 1º O executado ausente do País será citado por edital, com prazo

de 60 (sessenta) dias.

§ 2º O despacho do juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição.

Citação pelo Correio

a citação, para que o executado, no prazo de cinco dias, pague o débito total indicado na CDA ou garanta a execução, será feita pelo correio, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma (LEF, art. 8º, I).

OBS: Há entendimento do Superior Tribunal de Justiça impondo que a

citação postal, quando autorizada por lei, seja feita com aviso de recebimento (Súmula 429), mas no plano da execução fiscal tal exigência já se encontra expressa no citado dispositivo da LEF.

jurisprudência: considerando que a Fazenda Pública não está sujeita ao pagamento de custas e emolumentos e que a prática de atos judiciais de seu interesse independerá de preparo ou prévio depósito (LEF, art. 39), não se pode exigir da exequente o pagamento das despesas relacionadas à postagem da missiva, como

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condição à realização da citação postal (REsp 1076914, Rel. Min. Luiz Fux).

considera-se realizada a citação pelo correio desde que a carta tenha sido entregue no endereço do executado. A partir desse instante, passará a correr o prazo de cinco dias para pagamento ou garantia da execução fiscal.

se o aviso de recepção for omisso, a LEF, por presunção, estabelece que o prazo aludido terá início dez dias após a data da entrega da carta à agência postal (art. 8º, inciso II).

OBS: não exige a LEF, para fins de eficácia da citação pelo correio, que o executado tenha firmado, ele próprio ou por seu representante legal, o aviso de recepção (A.R.) da carta citatória. Contenta-se a normatização

específica com a entrega da missiva no endereço do executado.

no caso de o executado não ter firmado (ou o seu representante legal) o aviso de recepção, a posterior intimação da penhora deve ser pessoal (LEF, art. 12, § 3º)

Citação por Mandado e por Edital. Nomeação de Curador Especial

a inviabilidade de citação pelo correio, na execução fiscal, deve ser seguida de expedição de mandado de citação, para que o oficial de justiça, portador de fé pública, diligencie no endereço do executado e certifique ao Juízo os motivos da eventual impossibilidade de localizá-lo, arrestando-lhe os bens a garantir o débito.

OBS: NCPC -> art. 249

Art. 249. A citação será feita por meio de oficial de justiça nas hipóteses previstas

neste Código ou em lei, ou quando frustrada a citação pelo correio.

43) A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais modalidades. (Súmula 414 STJ)

o prazo de cinco dias para pagamento do débito ou garantia da execução começa a fluir tão logo seja

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consumada a diligência citatória, somente sendo junto aos autos o mandado quando integralmente cumprido.

OBS: como não há previsão específica na LEF, não se cogita de “citação por hora certa” na execução fiscal, de sorte que, inviabilizada a citação pessoal, o caminho processual é o da citação editalícia (art. 8º, IV).

o executado ausente do País será necessariamente citado por edital, pouco importando que esteja em local certo e sabido, não se aplicando as disposições processuais referentes à carta rogatória, por força do comando expresso contido no art. 8º, § 1º, da LEF.

OBS: a peculiaridade, nesse caso específico, é no tocante ao prazo para o aperfeiçoamento da citação editalícia, estabelecido em sessenta dias

pela norma da LEF citada.

CPC, art. 9º, II (aplicação subsidiária): necessária a nomeação de curador especial ao executado que, citado por edital, não compareça a Juízo.

OBS: NCPC -> art. 72

Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:

II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa,

enquanto não for constituído advogado.

44) Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos. (Súmula 196 STJ)

OBS: NCPC -> art. 258 Art. 258. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente a ocorrência das circunstâncias autorizadoras para sua realização, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário-mínimo.

Interrupção da Prescrição pelo Despacho que Ordena a Citação

O novo Código Civil, Lei nº 10.406/2002, contém disposição similar, ao estatuir, em seu art. 202, inciso I,

que a prescrição é interrompida por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o

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interessado a promover no prazo e na forma da lei processual.

OBS: Ao determinar a formação da relação processual, o ato do julgador interrompe o curso da prescrição porque atesta implicitamente que a

Fazenda Pública exerceu efetivamente o direito de exigir o seu crédito. Por essa razão, a partir do momento em que determinada a citação do executado, a prescrição fica praticamente superada, somente voltando a

correr em casos excepcionais (ver tópicos do art. 40 relacionados à prescrição intercorrente).

OBS: Em relação ao crédito tributário, não era assim, antes do advento

da LC 118/2005. Em sua redação original, o art. 174, parágrafo único, inciso I, do CTN, previa que somente a citação pessoal do executado

tinha o condão de interromper a prescrição. A alteração do CTN teve por objetivo igualar o tratamento normativo envolvendo dívida ativa tributária e não tributária, eis que a cobrança da última já se submetia

à disposição no mesmo sentido do art. 8º, §2º, da LEF. Exatamente por ter a jurisprudência dominante assentado a reserva de lei complementar para o trato da prescrição tributária, o legislador valeu-

se desse instrumento para assimilar as situações e evitar as práticas condenáveis de devedores do Fisco, que opunham embaraços às

diligências citatórias com o único intuito de ganhar tempo e auferir benefício com a eventual ocorrência da prescrição.

jurisprudência: a interrupção da prescrição, pelo despacho judicial que ordena a citação, retroage à data da propositura da ação, por aplicação subsidiária do art. 219, §1º, do CPC (Resp 1.120.295, 1ª Seção, Min. Luiz Fux)

OBS: decisão polêmica, pois a reserva de lei complementar para o trato

da prescrição tributária (CF, art. 146, III, b), em princípio, impediria a aplicação subsidiária de norma do CPC (lei ordinária).

OBS: é de se lembrar que o CTN não prevê expressamente a retroação da interrupção da prescrição tributária à data do ajuizamento da execução, sendo provável que a invocação de regra prevista em lei

ordinária (art. 219, §1º do CPC) acabe levando o Supremo Tribunal Federal a se manifestar acerca dos limites da reserva de lei

complementar prevista no art. 146, III, “b”.

ressalvou o Superior Tribunal de Justiça que a retroação prevista

no art. 219, § 1º, do CPC não ocorre quando a demora é imputável exclusivamente ao Fisco (REsp 1.228.043, Rel. Min. Mauro

Campbell Marques, 2011).

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OBS: NCPC -> art. 240 Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz

litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o

disposto nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).

§ 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda

que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.

§ 2o Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias

para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no § 1o.

§ 3o A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.

(...)

45) O prazo prescricional, interrompido pela citação válida, somente reinicia o seu curso após o trânsito em julgado do processo extinto sem julgamento do mérito (REsp 1.165.458, Rel. Min. Luiz Fux, 2010).

OBS: É que, antes do trânsito em julgado, a Fazenda Pública não poderia renovar a propositura do executivo, diante do obstáculo da

litispendência, a tornar incongruente a fluência do lapso prescricional no período.

CTN, art. 125, III: a interrupção da prescrição contra o devedor solidário prejudica os demais.

46) De acordo com o art. 125, III, do CTN, em combinação com o art. 8o, § 2o, da Lei no 6.830/80, a ordem de citação da pessoa jurídica interrompe a prescrição em relação ao sócio, responsável tributário pelo débito fiscal (REsp 717250/SP, 2a Turma, Min. Eliana Calmon, DJ 06/06/2005, p. 294).

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Art. 9º Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão da Dívida Ativa, o

executado poderá: I – efetuar depósito em dinheiro, à ordem do juízo em

estabelecimento oficial de crédito, que assegure atualização monetária;

II – oferecer fiança bancária ou seguro garantia; (Lei nº 13.043/14) III – nomear bens à penhora, observada a ordem do art. 11; ou IV – indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela

Fazenda Pública. § 1º O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel

à penhora com o consentimento expresso do respectivo cônjuge.

§ 2º Juntar-se-á aos autos a prova do depósito, da fiança bancária, do seguro garantia ou da penhora dos bens do executado ou de terceiros. (Lei nº 13.043/14)

§ 3º A garantia da execução, por meio de depósito em dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia, produz os mesmos efeitos da

penhora. (Lei nº 13.043/14)

§ 4º Somente o depósito em dinheiro, na forma do art. 32, faz cessar a responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora.

§ 5º A fiança bancária prevista no inciso II obedecerá às condições

preestabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. § 6º O executado poderá pagar parcela da dívida que julgar

incontroversa, e garantir a execução pelo saldo devedor.

Depósito em Dinheiro

realizado pelo executado para garantir o débito que lhe é imputado.

não se confunde com a penhora, ainda recaia esta sobre dinheiro.

OBS: penhora de dinheiro, no entanto, converte-se em depósito (LEF, art. 11, §2º).

deve ser sempre aceito pelo juiz, trazendo inegável economia processual e vantagem para o credor.

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gera a perda da disponibilidade do referido capital por parte do devedor, mas transfere à instituição depositária a obrigação de corrigi-lo e remunerá-lo, na forma dos artigos 9º, § 4º, e 32 da LEF.

OBS: se o devedor ajuíza ação anulatória de débito fiscal quando já proposta a execução fiscal pertinente ao mesmo, eventual depósito

realizado com o intuito de suspender a exigibilidade do crédito (art. 151, II, do CTN) deverá ser transformado em garantia da execução, impondo-se a reunião das ações, com o intuito de se evitar decisões conflitantes,

como já visto anteriormente. De fato, não se pode admitir a suspensão da exigibilidade de um crédito que já esteja sendo cobrado em juízo, caso em que se deve buscar, de qualquer modo, a garantia da execução

fiscal. Fiança Bancária e Seguro Garantia Judicial

Fiança bancária, em execução fiscal, consiste em garantia do débito prestada por terceiro, no caso, um banco (caução fidejussória).

Em consonância com o disposto no § 5o do art. 9o da LEF, o Conselho Monetário Nacional editou a Resolução no 724/82, estabelecendo que a fiança bancária devia conter cláusula de solidariedade, com renúncia ao benefício de ordem e declaração de que a garantia abrange o valor da dívida original, juros e demais encargos exigíveis, inclusive correção monetária, como indicado na CDA. É fato que dita resolução foi revogada pela Resolução no 2.325/96, que alterou e consolidou todas as normas do Conselho Monetário Nacional relativas à prestação de garantias por parte das instituições financeiras. Ocorre que a nova resolução nada dispôs sobre as condições a serem satisfeitas para a aceitação da fiança bancária como garantia em execução fiscal. Ficou, assim, a cargo do juiz definir tais condições, sendo de se inferir que as algumas das antigas exigências definidas na Resolução no 724/82 podem ser mantidas, no particular.

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Assim, para ser fiador em execução fiscal o banco deve ser uma instituição saudável financeiramente e não poderá requerer benefício de ordem, devendo assumir a condição de responsável solidário pelo valor a que se obrigar.

Todavia, a exigência de que a fiança bancária alcance a totalidade do débito indicado na CDA não subsiste. Do contrário, a própria entidade exequente sairia prejudicada, perdendo o direito de alcançar uma garantia de extrema liquidez, ainda que parcial.

Logicamente, sendo prestada fiança em montante insuficiente a abraçar o valor integral da dívida, haverá o juiz de determinar a complementação da garantia através de penhora.

A fiança há de possibilitar que, ultrapassada a fase dos embargos de devedor, com decisão favorável à Fazenda Pública, seja a instituição financeira imediatamente chamada a pagar o débito, sob pena de a execução voltar-se contra ela nos próprios autos.

OBS: só podem ser aceitas fianças concedidas por prazo indeterminado, ou com validade até a solução final da execução fiscal. Já decidiu o STJ

que a carta de fiança bancária com prazo de validade determinado não se presta à garantia da execução fiscal, pois existe o risco de inexistirem os efeitos práticos da penhora oferecida, considerando a notoriedade da afirmação de que os processos executivos fiscais têm longa duração (AgRg no REsp 1216345, Min. Cesar Asfor Rocha, 2012).

não cabe ao banco executado conceder fiança a si próprio.

47) A fiança bancária, como toda fiança, pressupõe três pessoas distintas: o credor, o devedor-afiançado e o banco-fiador. Não é juridicamente possível que uma pessoa, in casu, a Caixa Econômica Federal, seja simultaneamente devedora-afiançada e fiadora. Inteligência do art. 1.481 do CC e do art. 9o, II, da Lei no 6.830/80 (REsp. no 62.198-SP, 2a Turma, Rel. Min. Adhemar Maciel, DJ 9/6/97, p.

25.497).

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aceita a fiança bancária, poderá o devedor promover sua substituição, a qualquer tempo, por depósito em dinheiro, que possui maior liquidez.

a recíproca não é verdadeira, pois a fiança e o depósito em dinheiro não são absolutamente equivalentes.

apenas excepcionalmente, provado o benefício ao devedor sem prejuízo ao credor (CPC, art. 620), pode ser feita a substituição do depósito pela fiança.

48) O processo executivo pode ser garantido por diversas formas, mas

isso não autoriza a conclusão de que os bens que as representam sejam equivalentes entre si. Por esse motivo, a legislação determina que somente o depósito em dinheiro "faz cessar a responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora" (art. 9º, § 4º, da Lei 6.830/1980) e , no montante integral, viabiliza a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art. 151, II, do CTN). Nota-se, portanto, que, por falta de amparo legal, a fiança bancária, conquanto instrumento legítimo a garantir o juízo, não possui especificamente os mesmos efeitos jurídicos do depósito em dinheiro. (...) Em conclusão, verifica-se que, regra geral, quando o juízo estiver garantido por meio de depósito em dinheiro, ou ocorrer penhora sobre ele, inexiste direito subjetivo de obter, sem anuência da Fazenda Pública, a sua substituição por fiança bancária. De modo a conciliar o dissídio entre a Primeira e a Segunda Turmas, admite-se, em caráter excepcional, a substituição de um (dinheiro) por outro (fiança bancária), mas somente quando estiver comprovada de forma irrefutável, perante a autoridade judicial, a necessidade de aplicação do princípio da menor onerosidade (art. 620 do CPC), situação inexistente nos autos (REsp 1.077.039, Min. Mauro Campbell Marques).

OBS: O Procurador-Geral da Fazenda Nacional editou a Portaria PGFN nº 644/2009 (com as alterações da Portaria PGFN nº 1.378/2009), de

modo a estabelecer “critérios e condições para aceitação de carta de fiança bancária” no âmbito do órgão que dirige. A par de definir os

contornos administrativos envolvidos na aceitação da fiança bancária em garantia de créditos da União Federal, estabeleceu que a carta de fiança bancária somente poderá ser aceita se sua apresentação ocorrer antes de depósito ou de decisão judicial que determine a penhora em dinheiro (art. 3º). Trata-se de norma que não vincula a convicção do

juiz, à evidência.

CPC, art. 656, § 2º (redação dada pela Lei 11.382/2006): aplicável às execuções em geral, permite ao executado substituir a penhora por fiança bancária

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ou seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito, mais 30% (trinta por cento).

OBS: NCPC -> art. 835, §2º Art. 835. (...)

§ 2º Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e

o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da

inicial, acrescido de trinta por cento.

Havia quem sustentasse aplicável aos executivos fiscais tal previsão, o que validaria a aceitação do seguro como garantia do crédito da Fazenda Pública, mesmo não estando previsto especificamente na redação original do art. 9º da LEF.

OBS: a PGFN editou a Portaria nº 164/2014, regulamentando o

oferecimento e a aceitação do seguro garantia em execuções fiscais, sem a exigência dos 30% adicionais previstos no CPC (inclusive em valor

inferior ao do débito em cobrança), mas desde que sua apresentação ocorra antes de depósito ou da efetivação da constrição em dinheiro, decorrente de penhora, arresto ou outra medida judicial.

A discussão em torno do tema foi resolvida coma edição da Lei nº 13.043/14, que alterou os artigos 7º, inciso II; 9º, inciso II, §§2º e 3º; 15, inciso I; e 16, inciso II da LEF, passando a prever expressamente a possibilidade de oferecimento de seguro garantia em execução fiscal,

conferindo-lhe status análogo ao da fiança bancária, sem exigir o adicional de 30% previsto no CPC (“por conta da obrigação de atualização monetária permanente do valor da apólice”).

Há julgados de TRFs, ainda assim, aplicando o CPC para exigir os 30% adicionais. O STJ indica que não irá se posicionar nesse sentido (v. AgRg na MC 24283, Min. Sérgio Kukina, DJe 11/06/2015).

para viabilizar a aceitação do seguro garantia em execução fiscal, deve se exigir que ostente ele as mesmas características tradicionalmente exigidas para a aceitação da fiança bancária, quais sejam, a cláusula de

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solidariedade com renúncia ao benefício de ordem, idoneidade da instituição garantidora e prazo indeterminado ou relacionado à duração do processo.

viabilizado pelo juiz o seguro garantia no processo da execução fiscal, à seguradora devem ser impostas as mesmas consequências legais (LEF, art. 19, II) a que o banco fiador se submete nos casos em que não forem oferecidos embargos pelo executado ou naqueles em que haja rejeição dos embargos.

Nomeação de Bens à Penhora

ato despido de maiores formalidades, podendo ser a indicação realizada diretamente ao oficial de justiça em diligência.

a nomeação deve obedecer à ordem do art. 11, sob pena de recusa da Fazenda e indeferimento pelo juiz.

Indicação de Bens de Terceiros

executado poderá indicar à penhora bens de terceiro, devidamente autorizado por este (e pelo respectivo cônjuge, caso se trate de bem imóvel).

a penhora, nesse caso, dependerá da concordância expressa da Fazenda Pública credora, que deverá ser chamada pelo juízo a se manifestar sobre a indicação feita pelo devedor, caso não tenha concordado previamente.

o terceiro que tenha dado o bem em garantia de débito alheio não se torna responsável solidário por tal débito, ao contrário do que ocorre com o banco fiador. Obem penhorado é que se sujeitará à eventual arrematação, mas não poderá ir à leilão sem que o terceiro seja chamado a resgatá-lo (art. 19, I, da LEF)

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Art. 10. Não ocorrendo o pagamento, nem a garantia da execução de

que trata o art. 9º, a penhora poderá recair em qualquer bem do executado, exceto os que a lei declare absolutamente impenhoráveis.

Penhora por Oficial de Justiça e Gradação Legal

não havendo pagamento do débito ou garantia da execução pelo devedor, a penhora poderá ser realizada livremente, excetuando-se unicamente os bens declarados por lei absolutamente impenhoráveis.

OBS: sempre que possível, deve ser observada a ordem do art. 11 da LEF, construída a partir de critérios de liquidez e, portanto, visando à rápida satisfação do crédito em jogo.

Impenhorabilidade Absoluta e Execução Fiscal

os bens que a lei declare absolutamente impenhoráveis não poderão ser penhorados em execução fiscal (como, de resto, em qualquer execução).

regra de sentido idêntico encontra-se no art. 30 da LEF, que, aliás, é reprodução quase fiel do comando do art. 184 do CTN.

CPC, art. 649: rol de bens absolutamente impenhoráveis, nos seus incisos II a XI.

OBS: a impenhorabilidade estabelecida no item I do art. 649 do CPC (os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução) se choca com a já citada regra do art. 30 da LEF, segundo a qual respondem pelo pagamento da dívida ativa os bens gravados com

cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade. Assim, não se aplica ela aos executivos fiscais.

OBS: NCPC -> art. 833 e 834

Art. 833. São impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;

II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns

correspondentes a um médio padrão de vida;

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III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de

elevado valor; IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os

proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as

quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e

de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional

liberal, ressalvado o § 2o;

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;

VI - o seguro de vida;

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem

penhoradas;

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação

compulsória em educação, saúde ou assistência social;

X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta)

salários-mínimos;

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;

XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de

incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.

§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem,

inclusive àquela contraída para sua aquisição. § 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para

pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às

importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a

constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.

§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos,

os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de

financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando

respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.

Art. 834. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis.

OBS: verba alimentar – proveniente de salário, proventos etc. – não pode ser penhorada (CPC, art. 649, IV). Entretanto, as sobras aplicadas em fundos de investimento perdem o atributo da impenhorabilidade

absoluta, por não se revelarem vitais ao devedor ou à sua família. Não se deve perder de vista que a execução se faz no interesse do credor (CPC, art. 612). Ver REsp 1.330.567-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi,

julgado em 16/5/2013, INF 523.

conquanto não possam ser penhorados em execução fiscal bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis (arts. 10 e 30 da LEF), os bens clausulados, tratados no art. 649, I, do CPC, prestam-se a garantir os débitos para com a Fazenda Pública, por

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isso que o ato voluntário do particular tornando-os impenhoráveis e inalienáveis não é oponível ao Fisco.

Bem de Família

Lei 8.009/90 (art. 1º): O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é absolutamente impenhorável também na execução fiscal.

a não sujeição do bem de família, registrado como tal, à execução por dívidas não se confunde com a impenhorabilidade da Lei no 8.009/90, que não revogou os arts. 70 a 73 do Código Civil de 1916, cujas disposições foram substituídas pelas dos arts. 1.711 a 1.722 do novo Código (Lei no 10.406/2002).

dessa forma, não configurada a hipótese do art. 1º da Lei 8.009/90, o registro de que trata o art. 1.714 do novo Código Civil tornará o bem meramente clausulado, o que, a teor do art. 30 da LEF, não impede a penhora em execução fiscal.

por outro lado, é desnecessário o registro para que se possa invocar a proteção da Lei 8.009/90. Todavia, sendo vários os imóveis utilizados como residência da entidade familiar e apenas um deles ostentando o registro aludido, nele recairá a impenhorabilidade (Lei 8.009/90, art. 5º).

a impenhorabilidade compreende não somente o imóvel, mas as eventuais plantações e benfeitorias de qualquer natureza, além dos equipamentos ou móveis que guarnecem a casa (desde que quitados), excluindo-se apenas os veículos de transporte, as obras de arte e os adornos suntuosos.

OBS: jurisprudência: somente os aparelhos que excedam, em número,

às necessidades familiares estão desabrigados da impenhorabilidade prevista na Lei no.009/90. É bem verdade que a impenhorabilidade não

deve ser estendida desmedidamente, para alcançar bens voluptuários ou supérfluos (v.g., máquinas de fliperama e aparelhagens de home-theater), pois a benesse legal, à luz de sua teleologia, protege, em última

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análise, a dignidade do executado e de sua família, abrigando, portanto, a residência e, em adição, apenas o que usualmente se mantém na

mesma.

A Lei 11.382/2006 alterou o inciso II do art. 649 do CPC, tornando explicitamente impenhoráveis os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida.

OBS: jurisprudência: admite a extensão do benefício da impenhorabilidade do bem de família para o dinheiro depositado em caderneta de poupança com vinculação à cláusula contratual de

garantia para a aquisição de imóvel de moradia familiar (STJ, REsp. no 707623, Rel. Min. Herman Benjamin).

49) O conceito de impenhorabilidade do bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas (STJ, Súmula 364).

50) A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora (STJ, Súmula 449).

OBS: jurisprudência - havendo separação dos cônjuges, a entidade familiar, para efeitos de impenhorabilidade de bem, não se extingue, ao revés, surge uma duplicidade da entidade, composta pelos excônjuges varão e virago. Por isso, ainda que já tenha sido beneficiado o devedor, com a exclusão da penhora sobre bem que acabou por incorporar ao patrimônio do ex-cônjuge, não lhe retira o direito de invocar a proteção legal quando um novo lar é constituído (REsp. no 859937, 1a Turma, Rel. Min. Luiz Fux).

a Lei 8.009/90 contém hipóteses de inoponibilidade da impenhorabilidade do bem de família, especialmente relevantes no contexto das execuções fiscais. As mais visualizáveis são as seguintes:

a) execuções fiscais movidas em razão de não recolhimento de contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração creditada aos trabalhadores da própria residência (art. 3o, inciso

I);

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b) execuções fiscais movidas para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel

familiar (art. 3o, inciso IV); c) execuções fiscais movidas por obrigação decorrente de fiança

concedida em contrato de locação (art. 3o, inciso VII); e

d) execuções fiscais diversas, quando o devedor, sabendo-se insolvente, tenha adquirido de má-fé – devidamente comprovada – imóvel mais valioso para transferir a residência familiar,

desfazendo-se ou não da moradia antiga (art. 4o, caput).

Reconhecimento Judicial de Ofício da Impenhorabilidade Absoluta

há quem sustente que, como as normas acerca da impenhorabilidade tutelam interesses privados, seria lícito ao executado nomear bem impenhorável, renunciando tacitamente ao benefício legal.

jurisprudência: a penhora de bem considerado absolutamente impenhorável gera nulidade absoluta, que deve ser conhecida de ofício pelo juiz.

51) Inobstante a indicação do bem pelo próprio devedor, não há que se falar em renúncia ao benefício de impenhorabilidade absoluta, constante do artigo 649 do CPC. A ratio essendi do artigo 649 do CPC decorre da necessidade de proteção a certos valores universais considerados de maior importância, quais sejam o Direito à vida, ao trabalho, à sobrevivência, à proteção à família. Trata-se de defesa de direito fundamental da pessoa humana, insculpida em norma infraconstitucional. Há que ser reconhecida nulidade absoluta da penhora quando esta recai sobre bens absolutamente impenhoráveis. Cuida-se de matéria de ordem pública, cabendo ao magistrado, de ofício, resguardar o comando insculpido no artigo 649 do CPC. Tratando-se de norma cogente que contém princípio de ordem pública, sua inobservância gera nulidade absoluta consoante a jurisprudência assente neste STJ

(REsp 864962, 2ª Turma, Min. Mauro Campbell Marques, 04/02/2010).

52) A proteção legal conferida ao bem de família pela Lei 8.009/1990 não pode ser afastada por renúncia do devedor ao privilégio, pois é princípio de ordem pública, prevalente sobre a vontade manifestada (AgRg nos EREsp 888654, 2ª Seção, Min. João Otávio de Noronha, 14/03/2011).

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OBS: as normas que tratam de impenhorabilidade absoluta são de ordem pública, cogentes, e, por tal razão, sua violação caracteriza

nulidade absoluta, passível de reconhecimento judicial independentemente de provocação do executado. Não se deve olvidar que se trata de proteção do “necessário físico” da pessoa, certo que, por

exemplo, a penhora do imóvel residencial do executado não afeta apenas os interesses pessoais do mesmo, mas a tranquilidade e a

dignidade de sua família, alvos inegáveis da proteção concebida pelo legislador. Entretanto, finda a execução, não há mais espaço para se invocar a proteção legal consistente na impenhorabilidade, cuja

aplicação extemporânea estaria a violar a segurança jurídica e o interesse do arrematante, terceiro de boa-fé.

Ausência de Garantia. Conseqüências

Quando o devedor, citado, deixa de oferecer garantia ao débito no prazo legal e o oficial de justiça não logra realizar a chamada penhora coercitiva, de que trata o comentado art. 10 da LEF, em razão da não localização de bens passíveis de constrição, o procedimento da execução fiscal entra em crise, fato que acaba levando à suspensão do andamento do feito e, com o passar do tempo, à consumação da prescrição intercorrente (art. 40 da LEF).

CTN, art. 185-A: caso o débito tributário não possa ser garantido por inércia do executado e ausência de dados relacionados a bens penhoráveis, o juiz da execução fiscal deverá, de ofício, decretar a indisponibilidade de eventuais bens e direitos de titularidade do devedor, até o valor atualizado da dívida, comunicando a decisão a órgãos responsáveis por registros de transferência de propriedade de bens móveis e imóveis, como DETRAN (veículos automotores), Capitania dos Portos (embarcações), Registro Aeronáutico Brasileiro (aeronaves), RGI (imóveis), Banco Central (depósitos e aplicações financeiras) etc.

OBS: o objetivo maior da medida reside na identificação de bens penhoráveis, a fim de se viabilizar o prosseguimento da execução fiscal. Daí o sentido da disposição do § 2º do art. 185-A do CTN, a estabelecer

que o juízo da execução fiscal deverá receber dos órgãos aludidos informações a respeito de bens e direitos registrados em nome do

executado.

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a inovação normativa examinada, porque localizada no texto do Código Tributário Nacional, aplica-se exclusivamente às execuções de dívida ativa tributária.

OBS: estude os tópicos relativos à penhora “on line” no próximo artigo.