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EXECUÇÃO NO PROCESSO
DO TRABALHO
DR. THIAGO TRINDADE ABREU DA SILVA MENEGALDO
Advogado Trabalhista, Sócio no escritório de Advocacia Geromes &
Menegaldo, Professor em diversos cursos de Pós Graduação,
Especialista em Direito Material e Processual do Trabalho pela Escola
Paulista de Direito – EPD, Presidente da Comissão De Direito do
Trabalho da 39ª Subseção da OAB de São Bernardo do Campo-SP -
gestão 2016/2018.
A Execução constitui um conjunto de atos de atuação das partes e do juiz que
tem em mira a concretização daquilo que foi decidido no processo de
conhecimento, destinados a assegurar a eficácia prática da sentença.
A Execução visa ao devedor o cumprimento de obrigação contida nos títulos
executivos judiciais e extrajudiciais:
Títulos Executivos Judiciais
- Sentença condenatória transitada em julgado (inclusive monitória);
- Sentença sem trânsito em julgado (execução provisória);
- Acordo judicial inadimplido;
Títulos Executivos Extrajudiciais
- Termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do
Trabalho (TAC´s);
- Termos celebrados perante a Comissão de Conciliação Prévia;
- Certidão de Dívida Ativa oriundas das cobranças de multas aplicadas pelos
órgãos responsáveis pela fiscalização ao cumprimento de normas trabalhistas
(Lei 6.830/80).
EXECUÇÃO TRABALHISTA
- Competência para a execução (art. 877 / 877-A);
- O início da execução pode ser promovido por qualquer
interessado ou de ofício pelo juiz;
Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-
á, previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por
cálculo, por arbitramento ou por artigos.
“Ordena-se-á”, mas não especifica “quem”.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
- Geralmente o Reclamante (Exequente) é intimado a
apresentar os cálculos (por ser o maior interessado);
- Pode ocorrer o contrário, restando para discussão apenas
eventual diferença;
- Pode ser feito pela Vara (quando tem um setor de cálculo);
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir às
partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação
fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da
discordância, sob pena de preclusão (§2º, art. 879).
- O prazo é faculdade do juiz: O contraditório pode
tranquilamente ser diferido, abrindo-se às partes o direito à
impugnação quando da garantia do juízo.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da
Justiça do Trabalho, o juiz procederá à intimação da União
para manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de
preclusão. (§3º, art. 879).
“PRECLUSÃO TEMPORAL. UNIÃO FEDERAL. APLICABILIDADE. A
União está sujeita a cumprir o prazo assinalado pelo juízo para se
contrapor aos cálculos homologados pelo juízo, nos termos que
determina o art. 879, § 3o, da CLT. Não o fazendo, incide a preclusão
temporal” (TRT – 3oR. – AP 308/2012-035-03-00.4 – Rel. Luiz Antonio de
Paula Iennaco – DJe 8/11/2013 – p. 221).
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Se dado o prazo, a parte deve zelar pelo apontamento das
impugnações com relação a parâmetros, critérios, atualização
monetária, base de cálculo e similares.
IMPORTANTE: A preclusão se operará de títulos que estejam na
sentença. Isso quer dizer que se eventualmente constar outros (por erro
ou malícia) que não estavam na sentença, deverão ser retirados a
qualquer momento.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
SENTENÇA ILÍQUIDA - CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO - IMPUGNAÇÃO -
PRECLUSÃO - ARTIGO 879, §2º, DA CLT. A execução de sentença
ilíquida exige prévia apuração do valor devido e, isto ocorrendo, na
sistemática trabalhista, duas vias se abrem ao Juízo Executor. Uma, com
imediato contraditório e a outra, com contraditório postergado. A primeira
delas tem previsão no art. 879, §2º, da CLT, segundo o qual é concedida
vista imediata para manifestação das partes, em 10 dias, sob pena de
preclusão. O procedimento com contraditório postergado, por sua vez,
baseia-se no art. 884 celetista, que parte de imediata homologação da
conta pelo juiz, independentemente de manifestação das partes, ficando
o contraditório diferido para o momento dos embargos à execução e/ou
impugnação aos cálculos. Desse modo, a ausência de manifestação no
prazo previsto no art. 879, § 2º, da CLT, quando a parte for
expressamente intimada para tal, enseja preclusão, operando-se, pois, a
perda do seu direito de retificação da conta homologada.(TRT da 3.ª
Região; PJe: 0010378-89.2016.5.03.0181 (AP); Disponibilização:
17/05/2017, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 402; Órgão Julgador: Terceira
Turma; Relator: Emilia Facchini)
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
EMENTA: IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO. MARCO
INICIAL PARA OPOSIÇÃO. Não adotado pelo juízo o procedimento
facultado pelo disposto no §2º do art. 879 da CLT, o marco inicial para
manifestação acerca dos cálculos homologados é aquele determinado no
artigo 884 da CLT, o qual dispõe que, garantida a execução ou
penhorados os bens, terá o executado cinco dias para apresentar
embargos, cabendo igual prazo ao exequente para impugnação. (TRT da
3.ª Região; Processo: 0001087-83.2013.5.03.0015 AP; Data de
Publicação: 23/05/2017; Órgão Julgador: Oitava Turma; Relator: Jose
Marlon de Freitas; Revisor: Marcio Ribeiro do Valle)
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Há a prática de se nomear perito contábil para apuração de
cálculo, principalmente, quando divergem valores ou os
cálculos são complexos.
Geralmente quem paga os honorários é a Reclamada que
deu ensejo a execução, contudo, na diferença de valores,
quando o Reclamante insiste em teses superadas e seus
cálculos distanciam mais do cálculo do perito com relação
aos valores apresentados pela Reclamada, o juiz determina
que este arque com os honorários por analogia a súmula,
457,TST.
Se beneficiário da justiça gratuita, fica isento de pagamento.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Juiz dá a sentença de liquidação, ou seja, homologa os
cálculos de do Exequente ou do Executado ou ainda do
perito.
ATENÇÃO
Apesar de ser chamada de SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO,
esta decisão não comporta recurso de imediato, pois se trata
de “Decisão Interlocutória”
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
AGRAVO DE PETIÇÃO. AUSÊNCIA DE GARANTIA DO JUÍZO. NÃO
CONHECIMENTO. O cabimento do agravo de petição contra as decisões
do juiz nas execuções é condicionado à garantia do juízo pela penhora
ou depósito, conforme art. 897, "a", c/c art. 884, parágrafo 3º, ambos da
CLT. Tanto é assim que, o prazo para propositura dos embargos à
execução só começa a fluir a partir da garantia do juízo. Sem a garantia e
a prévia oposição dos embargos executórios, o recurso não desafia o
conhecimento. (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010321-50.2015.5.03.0070
(AP); Disponibilização: 29/05/2017; Órgão Julgador: Sexta Turma;
Relator: Anemar Pereira Amaral)
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
CITAÇÃO DO EXECUTADO
Art. 880 (CLT)- Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal mandará
expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o
acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando se
tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à
União, para que o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a execução, sob
pena de penhora.
Prazo para garantir o juízo: 48 horas – Garantia voluntária – Deposita o
dinheiro ou indica bens a penhora.
Critério da dupla visita: O oficial de justiça comparece, cita e não faz a
penhora no mesmo ato para propiciar o pagamento voluntário. Depois de
2 dias, não necessariamente no terceiro, retorna para completar a
diligência, caso esta não tenha sido cumprida.
CITAÇÃO DO EXECUTADO
Na inércia, o próprio juiz de ofício determina a penhora na
ordem do art. 835 (655, CPC/73);
Valor do débito com atualização e juros de mora. Discute-se
aqui a aplicação ou não da multa do 523, §1º, CPC (antigo
475-J, CPC/73).
Súmula do TRT 2ª Região
31 - Multa do art. 475-J do CPC. Inaplicabilidade ao
processo do trabalho. (Res. TP nº 02/2015 - DOEletrônico
26/05/2015)
PRAZO DO EXECUTADO PARA DEFESA
Art. 884 (CLT) - Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o
executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo
ao exeqüente para impugnação.
Cabe ainda, neste mesmo prazo, os EMBARGOS DE TERCEIRO
regulados nos artigos 674 a 679 do CPC.
CONTAGEM FÁCIL: quando há guia de depósito nos autos, computa-se
da data do depósito;
CONTAGEM NEBULOSA: Se o devedor é massa falida, autarquias e
prefeituras ou demais entes dispensados, ou ainda, quando se tratar de
obrigação de fazer (considere a data da citação);
CONTAGEM PERTURBADORA: Executado não consegue garantir o
juízo e o oficial não encontra bens suficientes.
Art. 884 (CLT) - Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o
executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo
ao exeqüente para impugnação.
O correto é aguardar a penhora completa.
Homero Batista sugere que o juiz observe, por analogia, a situação da
massa falida e libere o julgamento dos embargos, advertindo as partes
que a situação é de insolvência advertindo as partes de que a situação é
de insolvência, ou, se não houver embargos, assumir o risco da liberação
de valores ao exequente.
PRAZO DO EXECUTADO PARA DEFESA
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
A expressão pré-executividade representa a ideia do ato
praticado antes da penhora (apreensão judicial dos bens do
devedor, uma das etapas mais importantes na ação de
execução).
Exceção de pré-executividade é a faculdade dada ao
executado para levar ao conhecimento do juiz da execução,
sem a necessidade da penhora ou dos embargos, matérias
que somente poderiam ser arguidas nos embargos do
devedor.
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
As matérias dessa articulação devem ser aquelas passíveis
de serem conhecidas de ofício e não necessitam de dilação
probatória, são elas:
(a) nulidade da execução;
(b) pagamento, transação, novação e outras modalidades
que impliquem a extinção da execução;
(c) prescrição intercorrente;
(d) ausência dos pressupostos processuais de existência
(petição inicial, jurisdição e a citação);
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
(e) ausência dos pressupostos processuais de validade
positivos (petição inicial válida, órgão jurisdicional
competente e imparcial e a capacidade);
(f) ausência dos pressupostos processuais de validade
negativos (litispendência e coisa julgada);
(g) condições da ação (legitimidade e o interesse
processual).
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
Procedimento
a) deve ser interposta por meio de simples petição,
dirigida ao juiz da execução, com a indicação fática e jurídica
da matéria;
b) não há prazo para a oposição da exceção, já que as suas
matérias, geralmente, são de ordem pública;
c) como a exceção é aplicável a situações especiais, a sua
oposição deverá implicar a suspensão da ação de execução,
abrindo-se o prazo para a manifestação do credor trabalhista;
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
Procedimento
d) o legitimado para a exceção é o devedor trabalhista,
ou seja, contra quem está voltada a ação de execução;
e) a decisão, a qual rejeita a exceção de pré-
executividade, é interlocutória, logo, não comporta recurso de
imediato pelo devedor (art. 893, § 1o, CLT). A matéria deverá
ser objeto dos embargos à execução;
f) a decisão, que acolhe a exceção, é uma sentença, da
qual cabe o agravo de petição pelo credor (art. 897, a).
INTIMAÇÃO DO EXEQUENTE
Art. 884 (CLT) - Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o
executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo
ao exeqüente para impugnação.
Como vimos, pode ser que o Exequente não concorde com o cálculos.
Algumas vara intimam o Exequente, através de seu advogado, que o juízo
foi garantido. Nesta hipótese, a contagem inicia da intimação.
Caso isso não ocorra (diga-se hipótese mais comum), o prazo se iniciará
a partir da efetiva ciência do Exequente, podendo inclusive apresentar no
mesmo prazo para “contraminutar” os embargos, ou intimado a levantar o
alvará do valor depositado.
FLUXOGRAMA
Sentença
ilíquidaCálculos
Sentença
de
liquidação
CitaçãoGarantia
do JuízoImpug.
Sent. Liq.
Embargos
terceiro
Embarg.
a
Execução
Sentença
48 hs
Of.
Just.
Decisão
interlocutória
CPC
10 dias – faculdade
do Juiz
Agravo
Petição
E.D.
Penhora
ou
depósito
5 dias
5 dias
Impugnação
8 dias
RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
O devedor responde com todos os seus bens presentes e
futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as
restrições estabelecidas em lei (artigo 789, CPC).
Nas palavras do Prof. Mauro Schiavi responsabilidade
patrimonial consiste em “um vínculo de direito processual
pelo qual os bens do devedor ficam sujeitos a execução e a
serem destinados à satisfação do crédito exequente”
RESPONSÁVEIS SECUNDÁRIOS
São aqueles que embora não constem no título executivo,
poderão ter seus bens sujeitos a execução.
A CLT não disciplina a matéria, de modo que por força do
artigo 769, aplicaremos o disposto do artigo 790 do CPC.
RESPONSÁVEIS SECUNDÁRIOS
Art. 790. São sujeitos à execução os bens:
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em
direito real ou obrigação reipersecutória;
II - do sócio, nos termos da lei;
III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;
IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios
ou de sua meação respondem pela dívida;
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em
razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade
jurídica.
RESPONSÁVEIS SECUNDÁRIOS – HIPÓTESES
TRABALHISTAS
Sucessão de empregadores
A sucessão trabalhista tem fundamento nos seguintes
princípios:
- Continuidade do contrato de trabalho;
- Despersonalização do empregador e;
- Inalterabilidade do contrato de trabalho.
Em suma, QUEM RESPONDE PELO CRÉDITO
TRABALHISTA É A EMPRESA E NÃO QUEM ESTEJA NO
SEU COMANDO.
RESPONSÁVEIS SECUNDÁRIOS – HIPÓTESES
TRABALHISTAS
Sucessão de empregadores
O que diz a CLT
Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa
não afetará os direitos adquiridos por seus empregados.
Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica
da empresa não afetará os contratos de trabalho dos
respectivos empregados.
RESPONSÁVEIS SECUNDÁRIOS – HIPÓTESES
TRABALHISTAS
Requisitos da Sucessão:
-Transferência de um unidade empresarial para outro;
- Inexistência de solução de continuidade do contrato de
trabalho. (visão da doutrina clássica)
Este último requisito, para atual doutrina e
jurisprudência é irrelevante, bastando apenas que tenha
havido transferência total ou parcial de alguma unidade
de produção de uma empresa para a outra.
RESPONSÁVEIS SECUNDÁRIOS – HIPÓTESES
TRABALHISTAS
SUCESSÃO TRABALHISTA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. A
sucessão de empregadores não afeta os direitos adquiridos pelo
empregado, e, diante do princípio da despersonalização da pessoa
jurídica, tanto o sucedido quanto o sucessor que, de qualquer forma,
tenha assumido a empresa, são responsáveis pelos créditos decorrentes
dos contratos de trabalho que foram transferidos. E a responsabilidade
entre eles é solidária, sob pena de dar margem à perpetração de fraudes
contra os direitos dos trabalhadores.(TRT da 3.ª Região; PJe: 0011091-
91.2016.5.03.0075 (RO); Disponibilização: 28/03/2017; Órgão Julgador:
Decima Turma; Relator: Taisa Maria M. de Lima)
RESPONSÁVEIS SECUNDÁRIOS – HIPÓTESES
TRABALHISTAS
RECURSO DE REVISTA. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ALIENAÇÃO DA
UNIDADE PRODUTIVA. SUCESSÃO TRABALHISTA. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA.O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI nº 3.934/DF,
declarou a constitucionalidade dos arts. 60, parágrafo único, e 141, II, da Lei nº 11.101/05,
os quais estabelecem que o objeto da alienação, aprovado em plano de recuperação
judicial, estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas
obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do
trabalho e as decorrentes de acidente de trabalho. Na esteira da jurisprudência do STF, é
firme o posicionamento desta Corte Superior no sentido de que a alienação de unidade
produtiva de empresa em processo de recuperação judicial não acarreta a sucessão dos
créditos trabalhistas pela arrematante, sendo indevida a atribuição de responsabilidade
solidária à empresa que adquiriu a unidade produtiva. Recurso de revista parcialmente
conhecido e provido.(Processo: RR - 139500-05.2006.5.01.0039 Data de Julgamento: 16-
11-2016, Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT
18-11-2016. (grifei)
RESPONSÁVEIS SECUNDÁRIOS – HIPÓTESES
TRABALHISTAS
- A sucessão pode ser reconhecida em qualquer fase do processo,
independente do sucessor ter participado da fase de conhecimento;
- A empresa sucedida poderá integrar a lide como “terceiro interessado”,
uma vez que poderá ser cobrada pela empresa sucessora por eventuais
débitos trabalhistas;
-Como regra geral o sucessor responde pela integralidade da dívida (art.
9º, CLT e art. 942, CC), salvo em casos de fraude, onde haverá
responsabilidade solidária entre as empresas.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA EMPRESA
TOMADORA
Na execução trabalhista, haverá a ativação da legitimação da empresa
tomadora, na qualidade de devedor subsidiário, nas seguintes
hipóteses:
a) o devedor principal não tiver bens;
b) os bens do devedor não forem localizados ou se forem insuficientes;
c) o devedor principal vier a ser declarado falido ou estiver em
recuperação judicial;
d) não se necessita da desconsideração da personalidade jurídica do
devedor principal, visto que a desconsideração é uma faculdade do
credor e não do devedor subsidiário.
Neste sentido, mencione-se o disposto no Enunciado nº 45 do Ciclo de
Debates sobre a Efetividade da Execução Trabalhista realizado pela
Associação dos Magistrados do Trabalho da 2ª Região – AMATRA-2 em
setembro de 2014:
“EXECUÇÃO. DEVEDOR SUBSIDIÁRIO. AUSÊNCIA DE BENS
PENHORÁVEIS DO DEVEDOR PRINCIPAL. INSTAURAÇÃO DE
OFÍCIO.
I - A falta de indicação de bens penhoráveis do devedor principal e o
esgotamento, sem êxito, das providências de ofício nesse sentido,
autorizam o imediato prosseguimento da execução contra o devedor
subsidiariamente corresponsável;
II – Não cabe arguição do benefício de ordem pelo devedor
subsidiário quanto à execução dos sócios do devedor principal,
imperando a subsidiariedade prevista no próprio título executivo
judicial;
III - Todavia, a conferir maior efetividade à execução, poderá o
magistrado adotar a desconsideração da personalidade jurídica do
devedor principal, prevalecendo entre as alternativas a que conferir
maior efetividade à execução.”
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA EMPRESA
TOMADORA
A responsabilidade civil resulta do art. 186 do Código Civil: “aquele que,
por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito”.
Em consequência, o autor do dano fica obrigado a repará-lo, nos termos
do art. 927 do CC
O art. 942 do Código Civil determina que, se a ofensa tiver mais de um
autor, todos responderão solidariamente pela reparação.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA EMPRESA
TOMADORA
Nesse sentido é a previsão constante do artigo 8.2 da Convenção 167 da
OIT (ratificada pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo n.º 61/2006,
com vigência interna desde 19.05.2007, com a promulgação por
intermédio do Decreto n.º 6.271, de 22 de novembro de 2007):
Quando empregadores ou trabalhadores autônomos realizarem atividades
simultaneamente em uma mesma obra, terão a obrigação de cooperarem
na aplicação das medidas prescritas em matéria de segurança e saúde
que a legislação nacional determinar.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA EMPRESA
TOMADORA
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PRINCÍPIO DO
APRIMORAMENTO CONTÍNUO. CONVENÇÃO 155 DA OIT. SUPRALEGALIDADE. A responsabilidade
solidária entre tomador e prestador de serviços pela garantia de higidez do meio ambiente laboral foi
consagrada no artigo 17 da Convenção 155 da OIT, ratificada em 1992. Referida convenção traz
disposições que denotam o dever empresarial de aprimoramento contínuo da segurança no trabalho, a
fim de implementar novas técnicas que evitem a ocorrência de infortúnios, garantindo a preservação da
saúde e integridade física dos trabalhadores, empregados ou terceirizados. Importante destacar
prevalece, no Brasil, a tese da supralegalidade, ou seja, os tratados de direitos humanos possuem, no
mínimo, nível supralegal, caso não tenham sido aprovados com o quórum qualificado instituído pela EC
45/2004 (que acrescentou o parágrafo 3º ao artigo 5º da CRFB/88). Tais dispositivos de estatura
supralegal integram, assim, o chamado bloco de constitucionalidade, previsto no parágrafo 2º do artigo 5º
da CRFB/88, como normas materialmente constitucionais. Respondem solidariamente, portanto, a
tomadora e a prestadora do trabalho pelos danos sofridos pelo trabalhador em decorrência de
inadequação do meio ambiente de trabalho, com observância do princípio da restituição integral para o
arbitramento das indenizações (artigos 1º, III e 3º, I da Constituição da República e artigos 944 e 949 do
Código Civil).(TRT da 3.ª Região; PJe: 0010234-33.2014.5.03.0134 (RO); Disponibilização: 25/05/2017,
DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 1208; Órgão Julgador: Decima Primeira Turma; Relator: Adriana Goulart de
Sena Orsini)
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA (...) 3. TERCEIRIZAÇÃO.
TOMADOR DE SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE. ACIDENTE DE TRABALHO.
INEXISTÊNCIA DE AFRONTA AO ART. 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/1993 E DE
CONTRARIEDADE À SÚMULA Nº 331, V, DO C. TST. Consta do v. acórdão regional que o
Reclamante era empregado da Reclamada PROEN e prestou serviços, mediante
terceirização, à Reclamada AES Sul, tomadora, vindo a sofrer acidente de trabalho, não
postulando créditos trabalhistas típicos, mas sim indenizações por acidente de trabalho
ocorrido no estabelecimento empresarial da tomadora. De acordo com o quadro fático
delineado no v. acórdão regional, o acidente decorreu das condições inseguras de trabalho
propiciadas pela própria tomadora de serviços, o que justifica a atribuição de
responsabilidade solidária, nos termos do art. 942 do Código Civil de 2002. Todavia, na
presente demanda, o Reclamante postulou a responsabilização tão somente subsidiária da
tomadora, razão pela qual não se determinou a solidariedade. Desse modo, não há ofensa
ao art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, nem contrariedade à Súmula nº 331, V, do C. TST.
(...). (Processo: AIRR - 104-46.2012.5.04.0030; Data de Julgamento: 05/11/2014; Relatora
Ministra: Jane Granzoto Torres da Silva, 8ª Turma; Data de Publicação: DEJT 07/11/2014)
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA EMPRESA
TOMADORA
Diplomas Legais da Teoria da Desconsideração da Pessoa Jurídica:
a) na sociedade por cota de responsabilidade limitada, nos casos de excesso de
mandato e pelos atos praticados com violação do contrato ou da lei, a
responsabilidade dos sócios-gerentes ou que derem o nome a firma encontra-se
prevista no art. 10 do Decreto 3.708/19;
b) na sociedade anônima, a responsabilidade do acionista, controlador e o
administrador está prevista nos arts. 115, 117 e 158, da Lei 6.404/76;
c) no Código Tributário Nacional, o art. 135 preceitua que “São pessoalmente
responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei,
contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II -
os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou
representantes de pessoas jurídicas de direito privado”.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA
d) no direito pátrio, a disregard doctrine foi acolhida pelo Código
de Proteção e Defesa do Consumidor (art. 28, caput, Lei
8.078/90), autorizando a desconsideração da personalidade
jurídica da sociedade quando houver:
1) abuso de direito, desvio ou excesso de poder, lesando
consumidor;
2) infração legal ou estatutária, por ação ou omissão, em
detrimento do consumidor;
3) falência, insolvência, encerramento ou inatividade, em razão da
má administração; e
4) obstáculo ao ressarcimento dos danos que causar aos
consumidores, pelos simples fato de ser pessoa jurídica.
O art. 28, § 2º, 3º e 4º também prevê a desconsideração da
pessoa jurídica, para decretar:
1) responsabilidade subsidiária das sociedades integrantes
do grupo societário e das controladoras;
2) responsabilidade solidária das sociedades consorciadas; e
3) responsabilidade subjetiva das coligadas, que
responderão se culpabilidade for comprovada;
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA
O art. 50 do Código Civil adota a referida teoria:
“Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado
pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode
o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério
Público quando lhe couber intervir no processo, que os
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações civis
sejam estendidos aos bens particulares dos administradores
ou sócios da pessoa jurídica”.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA
O NCPC disciplinou o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica (arts. 134 a 137):
(a) o incidente será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público,
quando lhe couber intervir no processo. Será obrigatória a observância
dos pressupostos previstos em lei. Admite-se a hipótese de
desconsideração inversa da personalidade jurídica;
(b) o pedido é cabível em todas as fases do processo de conhecimento,
no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo
extrajudicial;
(c) a instauração do incidente será imediatamente comunicada ao
distribuidor para as anotações devidas. A comunicação é dispensada
quando o pedido é efetuado na petição inicial, hipótese em que será
citado o sócio ou a pessoa jurídica;
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
(d) a instauração do incidente suspende o processo, exceto se o
requerimento for efetuado na petição inicial. O requerimento deve
demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos
para desconsideração da personalidade jurídica. Instaurado o
incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-
se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 dias. Concluída a
instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão
interlocutória, contra a qual caberá agravo de instrumento. Se a
decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno;
(e) acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou
oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz
em relação ao requerente.
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
Há na doutrina trabalhista uma razoável resistência a
aplicação do incidente de desconsideração da personalidade
jurídica ao processo trabalhista, pelos seguintes motivos:
(a) a exigência de iniciativa da parte, o que colide com o
princípio do impulso oficial (art. 878, CLT);
(b) a suspensão automática do processo, para a solução do
incidente, o que colide com a celeridade processual, com
prejuízo evidente à garantia da efetividade da jurisdição;
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
(c) a necessidade que possui o credor em provar os requisitos
quanto à desconsideração da personalidade jurídica, o que
poderia inviabilizar o seu deferimento, pelas dificuldades práticas
na produção dessa prova;
(d) a necessidade do contraditório prévio, o que colide com o
processo trabalhista, o qual exige a garantia do juízo, para que,
posteriormente, o devedor possa discutir a sua legitimação
quando da oposição de embargos à execução;
(e) a possibilidade de recurso imediato, o que colide com o
princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias
no processo trabalhista (art. 893, § 1º, CLT; Súm. 214, TST).
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
A IN 39 do TST, em seu artigo 6º entende aplicável este instituto
ao processo do trabalho.
Sua observação deve ser ADAPTADA as peculiaridades do
processo do trabalho, vejamos:
-Instauração de ofício (artigo 878, CLT);
- Instaurado, haverá a citação do sócio.
- Decisão do incidente é interlocutória.
- O juiz, observando a teoria menor, não exigirá que o credor
trabalhista demonstre a culpa do sócio (ou ex) na gestão
patrimonial da pessoa jurídica.
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
Em relação aos recursos na seara trabalhista, temos:
(a) na fase de conhecimento, seja a matéria discutida em
decisão interlocutória ou na própria sentença definitiva, o
recurso cabível é o ordinário quando da prolação da
sentença (art. 893, § 1º, CLT). Assim, tratando-se de decisão
interlocutória proferida no curso do processo, a parte
interessada deverá consignar sua insatisfação – “protesto
não preclusivo” (art. 795) e, posteriormente, questioná-la
pelo recurso ordinário;
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
(b) se ocorrer o incidente apenas na fase recursal por
decisão monocrática do relator do processo, o recurso
oponível será o agravo regimental;
(c) na liquidação ou execução de sentença, após a decisão
do incidente, a priori, tem-se o direcionamento da execução
em relação à pessoa do sócio ou ex-sócio.
Após a garantia do juízo (art. 884), o sócio deverá interpor
embargos à execução. Da decisão que julgar os embargos,
caberá o agravo de petição (art. 897, “a”).
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
A instauração do incidente suspenderá o processo, sem
prejuízo de concessão da tutela de urgência de natureza
cautelar (art. 301, CPC) (art. 6º, § 2º, IN 39).
Isso significa que o juiz trabalhista, de ofício, poderá adotar
as medidas necessárias, durante o desenrolar do incidente,
para evitar o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo. Por exemplo, durante a solução do incidente,
poderá ser determinada a indisponibilidade dos bens do
sócio ou ex-sócio.
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
O Prof. Homero Batista entende ser incabível a aplicação do incidente da
desconsideração da personalidade jurídica no Processo do Trabalho.
Adotada a premissa deste Curso, de que o incidente de desconsideração
da personalidade jurídica – arts. 133 a 137 do CPC/2015 – é
incompatível com o processo do trabalho, necessário se faz adaptar a
previsão do art. 674, § 2.º, III, do CPC/2015. Neste particular, admite-se
que o sócio, ex-sócio ou acionista ajuízem embargos de terceiro no
processo do trabalho, mas não sob a alegação de que deixou de haver o
incidente. Devem se valer das alegações clássicas de que o patrimônio
da sociedade não foi esgotado ou de que o patrimônio atingido dispunha
de alguma proteção jurídica.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA