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Turma e Ano: Flex B (2014)

Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 20 (em 19/09/14)

Professora: Elisa Pittaro

Conteúdo: (cont. questões polêmicas) Execução penal

Monitor: Joanes

EXECUÇÃO PENAL (Continuação)

Na aula anterior (aula 19), indagou-se: Qual a consequência da prática de uma falta grave para os presos que cumprem pena no regime fechado?

Pois bem! Como qualquer punição seria inócua, pois o agente já está no regime fechado, a jurisprudência firmou posicionamento entendendo que ele deve começar do ZERO um novo período para fins de progressão. Neste sentido súmula 441 do STJ interpretada a contrario sensu. Veja:

Súmula 441 - A falta grave não interrompe o prazo para

obtenção de livramento condicional. (Súmula 441,

TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/04/2010, DJe

13/05/2010.

Por quanto tempo a pratica de uma falta grave será capaz de caracterizar mau

comportamento carcerário?

Não há previsão na LEP, porém a jurisprudência firmou posicionamento indicando período de um ano. Ou seja, após esse período o agente passaria a ter bom comportamento.

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Aprofundando

polêmica em torno da condenação por crime hediondo

Quando a lei 8.072/90 entrou em vigor, ela estabelecia regime integralmente fechado para os condenados pela prática de crime hediondo.

Parte de doutrina entendia que esse disposto era inconstitucional por afrontar ao principio da individualização da pena. Isso porque, essa lei retirou o juiz a possibilidade de ajustar a execução à resposta que o apenado apresentava.

A composição do STF, na época, entendia que o processo de individualização das penas passava por três fases, ou seja: a 1ª fase seria do legislador ( quando

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estabelece os crimes e fixa as penas em abstrato); a 2ª seria a do juiz ( na sentença) e a 3ª seria a parte feita pelo juiz na execução penal. Dessa forma, além do legislador participar desse processo, ele estaria atendendo um comando constitucional que exige um tratamento mais rigoroso para crimes hediondos.

Todavia, em 2006 o STF julgou um HC onde foi questionada a constitucionalidade do regime integralmente fechado. Sendo que na ocasião o STF reconheceu a inconstitucionalidade do dispositivo da lei 8072. Além disso, o STF deu efeito erga omnes à sua decisão de forma que todos os condenados que já haviam cumprido 1/6 da pena fossem postos imediatamente em liberdade.

Na época a decisão do STF foi duramente criticada por parte da doutrina. Pois, ele não poderia ter atribuído efeito erga omnes sem observar o procedimento especifico.

Porém, em março de 2007 foi editada a lei 11464 que estabeleceu o regime inicialmente fechado e exigindo o cumprimento de 2/3 ou 3/5 da pena para fins de progressão.

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Aqueles que praticaram crimes hediondos antes da entrada em vigor da lei 11464/07 deverão cumprir quanto tempo em regime fechado para progressão?

Se consideramos que o STF não poderia ter atribuído efeito erga omnes ao seu julgado, quem efetivamente alterou a lei 8072 foi a lei 11464, sendo ela uma NOVATIO LEGIS IN MELLIUS . Porém, de acordo com a súmula 471 do STJ foi a decisão do STF quem alterou a lei 8072 estabelecendo o cumprimento de 1/6 da pena para obter a progressão. Assim sendo a lei 11464 de 2007 é uma novatio legis in pejus. Veja a súmula:

Súmula 471 - Os condenados por crimes hediondos ou

assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n.

11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n.

7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de

regime prisional. (Súmula 471, TERCEIRA SEÇÃO, julgado

em 23/02/2011, DJe 28/02/2011)

Continuando>>> 2º requisito para progressão

O preso deve apresentar bom comportamento carcerário.

A antiga redação do artigo 112 da LEP exigia a realização de exame criminológico para fins de progressão. Sendo que a atual (redação) não menciona.

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Haveria constrangimento ilegal se o juiz da VEP exigisse o exame para fins de progressão?

O que é exame criminológico?

Esse exame é uma espécie de exame da personalidade onde será analisado o binômio delito/delinquente com a aplicação de medidas ressocializadoras.

Ele é o ideal para individualização de pena e por conta disso a súmula 439 do stj e a súmula vinculante 26 do STF autorizam a sua realização.

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REGRESSÃO

É O RETORNO PARA QUALQUER REGIME MAIS RIGOROSO DESDE QUE OCORRA UMA DAS HIPOTESES DO ARTIGO 118 DA LEP. VEJA:

Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:

I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;

II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111).

§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta.

§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido previamente o condenado.

Hipoteses de regressão (destrinchando)

1ª prática de fato definido com crime doloso. (Art. 118, I, 1ª parte)

Basta a prática do crime? Ou ele deve ter sido condenado?

Se a pratica de uma falta grave enseja regressão, com muito mais razão a prática de um crime ( que deverá ser analisado incidentalmente pelo juiz da execução).

2ª prática de falta grave ( Art. 118, I, 2ª parte c.c 49 e 50 da LEP)

3ª O agente sofrer nova condenação que em razão de uma nova unificação provoca uma mudança de regime.

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4ª o agente frustra os fins da execução.

Exemplo:

>>o agente provoca a rescisão do contrato de trabalho;

>> o agente se envolve em crime culposo ou em uma contravenção penal, etc..

5ª O agente frustra o pagamento da multa.

De acordo com o artigo 118, § 2º da LEP, antes do juiz determinar a regressão na hipótese de falta grave, ele deverá ouvir o preso.

Na hipótese da falta grave ser FULGA, como o juiz ouvira o preso? Como determinar a ordem de captura sem a regressão?

São três orientações.

1ª > No STJ ( ministra Maria Tereza) > em nome do poder geral de cautela, o juiz deverá determinar a regressão cautelar, expedir a ordem de captura para após a localização e oitiva do preso ela ser ou não convertida em definitiva.

2ª > O poder geral de cautela não autoriza os juízes a criarem cautelares prisionais. Pois essas se submetem ao rígido controle da legalidade. A solução será aguardar o comparecimento do preso para após o Juiz determinar a regressão. ( tese de defesa)

3ª Não há necessidade de recorremos a regressão cautelar, a ordem de captura terá como fundamento a sentença condenatória transitada em julgado. Pois a fulga do preso estaria condicionado a decisão judicial.

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RDD > REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO

Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características: (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

II - recolhimento em cela individual; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

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IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

§ 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos

provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso

provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

Ele surgiu a partir de uma portaria da secretaria de administração penitenciaria de São Paulo. Sendo aplicado na comarca de Presidente Prudente.

O legislador gostou do assunto e elaborou um projeto de lei para alterar a LEP. Com a morte de dois juízes que trabalhavam com execução penal esse projeto foi alterado, votado e ingressou no artigo 52 da LEP com as seguintes características:

1ª isolamento em cela individual.

2ª visitas semanais de duas pessoas.

3ª saída da cela para banho de sol por 2 horas.

Se acordo com artigo 52,I da LEP ele dura no máximo 360 dias, podendo ser renovando na hipótese de novas faltas observando o limite máximo de 1/6 da pena.

Hipóteses de cabimento

I – pratica de fato definido como crime doloso que provoque tumulto carcerário.

II – presos que apresentem alto risco para o estabelecimento prisional ou para a sociedade.

III presos sobre os quais recaiam fundadas suspeitas de participação em quadrilha ou bando.

NATUREZA JURIDICA DO RDD

Na hipótese do Art. 52, caput, o RDD apresenta natureza de sanção disciplinar, já nas hipóteses dos parágrafos 1º e 2º ele possui natureza de medida preventiva, cuja colocação ( em RDD) fica praticamente ao critério discricionário do juiz.

CRITICAS AO RDD

Esse isolamento prolongado compromete a ressocialização do preso e a própria individualização da pena.

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Ademais o legislador autoriza o diretor do estabelecimento prisional a colocar o preso provisoriamente em RDD, o que o coloca em um posição de sujeição perante o Estado Administração quando o correto seria uma relação de direitos e deveres.

O RDD não se confunde com a transferência de preso para presídios federais, previsto na lei 11671 de 2008.

lEI Nº 11.671, DE 8 DE MAIO DE 2008.

Dispõe sobre a transferência e

inclusão de presos em

estabelecimentos penais federais

de segurança máxima e dá

outras providências.

Art. 1o A inclusão de presos em estabelecimentos penais federais de

segurança máxima e a transferência de presos de outros estabelecimentos para

aqueles obedecerão ao disposto nesta Lei.

Art. 2o A atividade jurisdicional de execução penal nos estabelecimentos

penais federais será desenvolvida pelo juízo federal da seção ou subseção judiciária

em que estiver localizado o estabelecimento penal federal de segurança máxima ao

qual for recolhido o preso.

Art. 3o Serão recolhidos em estabelecimentos penais federais de segurança

máxima aqueles cuja medida se justifique no interesse da segurança pública ou do

próprio preso, condenado ou provisório.

Art. 4o A admissão do preso, condenado ou provisório, dependerá de decisão

prévia e fundamentada do juízo federal competente, após receber os autos de

transferência enviados pelo juízo responsável pela execução penal ou pela prisão

provisória.

§ 1o A execução penal da pena privativa de liberdade, no período em que

durar a transferência, ficará a cargo do juízo federal competente.

§ 2o Apenas a fiscalização da prisão provisória será deprecada, mediante carta

precatória, pelo juízo de origem ao juízo federal competente, mantendo aquele juízo a

competência para o processo e para os respectivos incidentes.

Art. 5o São legitimados para requerer o processo de transferência, cujo início

se dá com a admissibilidade pelo juiz da origem da necessidade da transferência do

preso para estabelecimento penal federal de segurança máxima, a autoridade

administrativa, o Ministério Público e o próprio preso.

§ 1o Caberá à Defensoria Pública da União a assistência jurídica ao preso que

estiver nos estabelecimentos penais federais de segurança máxima.

§ 2o Instruídos os autos do processo de transferência, serão ouvidos, no prazo

de 5 (cinco) dias cada, quando não requerentes, a autoridade administrativa, o

Ministério Público e a defesa, bem como o Departamento Penitenciário Nacional –

DEPEN, a quem é facultado indicar o estabelecimento penal federal mais adequado.

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§ 3o A instrução dos autos do processo de transferência será disciplinada no

regulamento para fiel execução desta Lei.

§ 4o Na hipótese de imprescindibilidade de diligências complementares, o juiz

federal ouvirá, no prazo de 5 (cinco) dias, o Ministério Público Federal e a defesa e,

em seguida, decidirá acerca da transferência no mesmo prazo.

§ 5o A decisão que admitir o preso no estabelecimento penal federal de

segurança máxima indicará o período de permanência.

§ 6o Havendo extrema necessidade, o juiz federal poderá autorizar a imediata

transferência do preso e, após a instrução dos autos, na forma do § 2o deste artigo,

decidir pela manutenção ou revogação da medida adotada.

§ 7o A autoridade policial será comunicada sobre a transferência do preso

provisório quando a autorização da transferência ocorrer antes da conclusão do

inquérito policial que presidir.

Art. 6o Admitida a transferência do preso condenado, o juízo de origem deverá

encaminhar ao juízo federal os autos da execução penal.

Art. 7o Admitida a transferência do preso provisório, será suficiente a carta

precatória remetida pelo juízo de origem, devidamente instruída, para que o juízo

federal competente dê início à fiscalização da prisão no estabelecimento penal federal

de segurança máxima.

Art. 8o As visitas feitas pelo juiz responsável ou por membro do Ministério

Público, às quais se referem os arts. 66 e 68 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984,

serão registradas em livro próprio, mantido no respectivo estabelecimento.

Art. 9o Rejeitada a transferência, o juízo de origem poderá suscitar o conflito de

competência perante o tribunal competente, que o apreciará em caráter prioritário.

Art. 10. A inclusão de preso em estabelecimento penal federal de segurança

máxima será excepcional e por prazo determinado.

§ 1o O período de permanência não poderá ser superior a 360 (trezentos e

sessenta) dias, renovável, excepcionalmente, quando solicitado motivadamente pelo

juízo de origem, observados os requisitos da transferência.

§ 2o Decorrido o prazo, sem que seja feito, imediatamente após seu decurso,

pedido de renovação da permanência do preso em estabelecimento penal federal de

segurança máxima, ficará o juízo de origem obrigado a receber o preso no

estabelecimento penal sob sua jurisdição.

§ 3o Tendo havido pedido de renovação, o preso, recolhido no

estabelecimento federal em que estiver, aguardará que o juízo federal profira

decisão.

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§ 4o Aceita a renovação, o preso permanecerá no estabelecimento federal de

segurança máxima em que estiver, retroagindo o termo inicial do prazo ao dia

seguinte ao término do prazo anterior.

§ 5o Rejeitada a renovação, o juízo de origem poderá suscitar o conflito de

competência, que o tribunal apreciará em caráter prioritário.

§ 6o Enquanto não decidido o conflito de competência em caso de renovação,

o preso permanecerá no estabelecimento penal federal.

Art. 11. A lotação máxima do estabelecimento penal federal de segurança

máxima não será ultrapassada.

§ 1o O número de presos, sempre que possível, será mantido aquém do limite

de vagas, para que delas o juízo federal competente possa dispor em casos

emergenciais.

§ 2o No julgamento dos conflitos de competência, o tribunal competente

observará a vedação estabelecida no caput deste artigo.

Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.