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EXECUÇÃO FISCAL (EM TÓPICOS) Apostila confeccionada pelo Prof. Mauro Luís Rocha Lopes (especial para os alunos do Master Juris e do TRIBCAST) Versão: 1.0 2014 Lei 6.830, de 22 de setembro de 1980 Dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública e dá outras providências Art. 1º A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil. Legitimidade Ativa O rito compreendido na LEF é específico para a cobrança dos créditos da Fazenda Pública, pois só ela possui o privilégio de poder constituir unilateralmente o título executivo que irá lastrear a execução fiscal, passando os créditos fazendários, a partir de sua inscrição em dívida ativa, a gozar de presunção relativa de liquidez e certeza. As entidades que compõem a federação brasileira União, Estados, Distrito Federal e Municípios e suas respectivas autarquias estão, pois, legitimadas a ajuizar execução fiscal para a cobrança de seus créditos. OAB A 1ª Seção do STJ acabou uniformizando a jurisprudência no sentido de que as anuidades cobradas pela OAB dos advogados não têm natureza tributária e não podem ser exigidas através de execução fiscal, submetendo-se às regras gerais sobre execução contidas no CPC (EREsp 503252/SC, Rel. p/ acórdão Min. Castro Meira).

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EXECUÇÃO FISCAL (EM TÓPICOS)

Apostila confeccionada pelo Prof. Mauro Luís Rocha Lopes (especial para os alunos do Master Juris e do TRIBCAST) Versão: 1.0 2014 Lei 6.830, de 22 de setembro de 1980 Dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública e dá outras providências Art. 1º A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas

autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil.

Legitimidade Ativa

O rito compreendido na LEF é específico para a cobrança dos créditos da Fazenda Pública, pois só ela possui o privilégio de poder constituir unilateralmente o título executivo que irá lastrear a execução fiscal, passando os créditos fazendários, a partir de sua inscrição em dívida ativa, a gozar de presunção relativa de liquidez e certeza.

As entidades que compõem a federação brasileira – União, Estados, Distrito Federal e Municípios – e suas respectivas autarquias estão, pois, legitimadas a ajuizar execução fiscal para a cobrança de seus créditos.

OAB – A 1ª Seção do STJ acabou uniformizando a jurisprudência no sentido de que as anuidades cobradas pela OAB dos advogados não têm natureza tributária e não podem ser exigidas através de execução fiscal, submetendo-se às regras gerais sobre execução contidas no CPC (EREsp 503252/SC, Rel. p/ acórdão Min. Castro Meira).

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Execução Fiscal (em tópicos) – Versão 1.0

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Fundações – são entidades autárquicas e podem propor execução fiscal.

Pessoas jurídicas de direito privado - Por não terem a prerrogativa de constituir unilateralmente o título executivo, tampouco estarem arroladas no comando do art. 1º da LEF, as pessoas jurídicas de direito privado, ainda que titulares de créditos decorrentes de prestação de serviço público delegado, não têm legitimidade para se valer do rito especial da LEF.

Autarquia, quando exploradora de atividade econômica, carece de legitimidade para a propositura de execução fiscal, eis que, não exercendo função tipicamente administrativa, não pode gozar de privilégios fiscais não extensivos ao setor privado, equiparando-se, para os efeitos do comando constitucional do art. 173, § 2º, às empresas públicas e às sociedades de economia mista

1) O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE –, empresa estatal que explora atividade econômica, não pode valer-se de mecanismo de execução de dívidas de que as empresas privadas se veem excluídas, independentemente do fato de o banco se afirmar autarquia (RE no 115.062- RS, 2a Turma, Rel. Min. Célio Borja, DJ 31/3/89, p. 4.333).

Decisões dos tribunais de contas que imponham condenação patrimonial – a título de ressarcimento ao erário ou multa – aos responsáveis por irregularidades no trato da coisa pública gozam de eficácia de título executivo extrajudicial, na forma do disposto no art. 71, § 3º, da Constituição.

No entanto, não cabe a tais cortes de contas, ainda que representadas pelo Ministério Público que perante elas atue, ajuizar execução fiscal para cobrança dos débitos correlatos.

2) A ação de cobrança somente pode ser proposta pelo ente público beneficiário da condenação imposta pelo Tribunal de Contas, por intermédio de seus procuradores que atuam junto ao órgão jurisdicional

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competente (RE no 223.037/SE, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 02/08/2002, p. 61).

A execução direta de decisão condenatória proferida por tribunal de contas há de ser regida pelas normas do CPC aplicáveis às execuções por títulos extrajudiciais.

A inscrição em dívida ativa de débitos assim constituídos, a ensejar a propositura de execução fiscal e observãncia das normas da LEF, revela-se opção discricionária do Administrador, na visão do STJ.

2-A) Consoante a orientação jurisprudencial predominante nesta Corte, não se aplica a Lei n. 6.830/80 à execução de decisão condenatória do Tribunal de Contas da União quando não houver inscrição em dívida ativa. Tais decisões já são títulos executivos extrajudiciais, de modo que prescindem da emissão de Certidão de Dívida Ativa - CDA, o que determina a adoção do rito do CPC quando o administrador discricionariamente opta pela não inscrição. (REsp 1.390.993-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/9/2013).

ECT, empresa pública federal, presta serviço público de competência exclusiva da União Federal (CF, art. 21, X), portanto não sujeita a concorrência, estando insubmissa ao mandamento constitucional segundo o

qual as empresas públicas e sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado (CF, art. 173, § 2º). Assim, entendeu o Pretório Excelso que a norma do art. 12 do Decreto-Lei no 509/69, que estendeu à ECT os privilégios conferidos à Fazenda Pública (impenhorabilidade de bens, imunidades etc.), foi plenamente recepcionada pela Carta de 1988 (v. RE 220906, Rel. Min. Maurício Correia, e RE 407099, Rel. Min. Carlos Velloso).

Disso resulta a equiparação da ECT às entidades autárquicas fazendárias, razão por que há de se considerar legitimada, em caráter excepcional (por ser pessoa de direito privado), para a cobrança de seus créditos através de execução fiscal.

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OBS: Esse entendimento não pode valer para as agências franqueadas dos correios.

FGTS é um fundo do trabalhador brasileiro gerido pelo Poder Público. As verbas devidas ao FGTS são inscritas em dívida ativa pela Procuradoria da Fazenda Nacional e por ela cobradas em execução fiscal.

Entretanto, mediante convênio, a cobrança poderá ser realizada por intermédio da Caixa Econômica Federal. É

o que estabelece a Lei 8.844/94, em seu art. 2º, caput, com a redação dada pela Lei 9.467/97.

O Superior Tribunal de Justiça decidiu que uma vez processada a execução fiscal da espécie, não sob a representação judicial da Fazenda Nacional, mas unicamente sob a representação da CEF, empresa pública, dotada de personalidade jurídica de direito privado, são inaplicáveis, justamente por essas particularidades, os privilégios processuais dos arts. 25 da Lei 6.830/1980 (intimação pessoal) e 188 do CPC (prazos em dobro e em quádruplo), concedidos pela legislação tão somente à Fazenda Pública (AgRg no Ag

543895/RS, 1a Turma, Rel.a Min.a Denise Arruda, DJ 05/12/2005, p. 222).

A Lei Complementar 123/2006 instituiu o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES NACIONAL, que abrange, a par dos tributos federais, o ICMS (estadual) e o ISS (municipal).

Da redação do art. 41, §§ 2º e 3º, da citada lei complementar, deduz-se que os créditos relacionados a tributos abrangidos pelo Simples Nacional, ainda que estaduais ou municipais, serão objeto de inscrição em dívida ativa da União e de cobrança a cargo da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, podendo este

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órgão, mediante convênio, delegar a Estados e Municípios tais atividades (inscrição e cobrança).

Art. 41. (...) § 2º Os créditos tributários oriundos da aplicação desta Lei Complementar serão apurados, inscritos em Dívida Ativa da União e

cobrados judicialmente pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. § 3º Mediante convênio, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional

poderá delegar aos Estados e Municípios a inscrição em dívida ativa estadual e municipal e a cobrança judicial dos tributos estaduais e municipais a que se refere esta Lei Complementar.

Multa imposta em processo criminal - após o advento da Lei 9.268, de 1996, a legitimidade para propor a execução de pena de multa, imposta em processo criminal é da Fazenda Pública, não do Ministério Público.

Execução proposta por Fazenda Pública contra Fazenda Pública

Nada impede que uma Fazenda Pública seja executada por outra Fazenda Pública, quer por débitos tributários, quer por débitos não tributários.

Rito – CPC, art. 730: os bens públicos são impenhoráveis, por decorrência direta da inalienabilidade que lhes é peculiar (art. 100 do Código Civil c/c art. 649, inciso I, do CPC)

Na execução contra a fazenda, ainda que baseada em título executivo extrajudicial, estampado na certidão de dívida ativa, aplica-se a norma do art. 100 da CF (precatório ou RPV).

3) É juridicamente possível a execução contra a Fazenda, fundada em título executivo extrajudicial (certidão de dívida ativa), observadas em seu processamento as disposições aplicáveis à espécie (arts. 730 e seguintes do CPC) (STJ, 1a Turma, REsp. no 100.700-BA, Rel. Min. Demócrito Reinaldo, julg. 17/2/97).

4) Súmula 58 do TRF da 4a Região: A execução fiscal contra a Fazenda Pública rege-se pelo procedimento previsto no art. 730 do Código de Processo Civil.

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a expressão sentença judiciária a que alude o art. 100, caput, da Constituição da República possui amplitude a alcançar a decisão, nos autos da execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública, que determina a expedição do precatório.

Aplicação Subsidiária do Código de Processo Civil

Expressamente autorizada no texto da LEF (art. 1º).

Exemplos, dentre outros: a) casos de suspeição ou impedimento do juiz; e b) normas sobre o leilão (STJ, Súmula 128 – CPC, art. 686. VI).

Nem todas as lacunas existentes na LEF demandam aplicação subsidiária do CPC, apenas aquelas consideradas indesejáveis, ensejadoras de perplexidade

no caso concreto enfocado pelo exegeta (silêncio eloqüente, não).

OBS: Exemplo = citação por hora certa (incabível na execução fiscal,

pois o art. 8º da LEF só alude a citação pelo correio, por mandado e por edital).

5) É desnecessária a intervenção do Ministério Público nas execuções fiscais (STJ, Súmula 189).

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Art. 2º Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei no 4.320, de 17 de março

de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito

Federal.

§ 1º Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o art. 1o, será considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública.

§ 2º A Dívida Ativa da Fazenda Pública, compreendendo a tributária e a não tributária, abrange a atualização monetária, juros e multa

de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato.

§ 3º A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos

os efeitos de direito, por 180 dias ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.

§ 4º A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional.

§ 5º O Termo de Inscrição de Dívida Ativa deverá conter: I – o nome do devedor, dos corresponsáveis e, sempre que

conhecido, o domicílio ou residência de um e de outros; II – o valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma

de calcular os juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato; III – a origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da

dívida; IV – a indicação, se for o caso, de estar a dívida sujeita à atualização monetária, bem como o respectivo fundamento legal e

o termo inicial para o cálculo; V – a data e o número da inscrição, no Registro de Dívida Ativa; e

VI – o número do processo administrativo ou do auto de infração, se neles estiver apurado o valor da dívida.

§ 6º A Certidão de Dívida Ativa conterá os mesmos elementos do Termo de Inscrição e será autenticada pela autoridade competente.

§ 7º O Termo de Inscrição e a Certidão de Dívida Ativa poderão ser preparados e numerados por processo manual, mecânico ou

eletrônico.

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§ 8º Até a decisão de primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa poderá ser emendada ou substituída, assegurada ao executado a

devolução do prazo para embargos. § 9º O prazo para a cobrança das contribuições previdenciárias

continua a ser o estabelecido no art. 144 da Lei no 3.807, de 26 de agosto de 1960.

Dívida Ativa. Inscrição. Requisitos do Termo. Certidão

Qualquer valor cuja cobrança seja atribuída por lei à Fazenda Pública, ou seja, qualquer crédito que deva ser exigido em juízo por entidade fazendária, será considerado dívida ativa, tenha ou não natureza tributária.

O STJ decidiu que os privilégios da Lei 6.830/80 só cabem nos casos em que a dívida ativa tiver natureza tributária (crédito que goza de proteção especial – artigos 183 a 193 do CTN) ou decorra de um ato ou de um contrato administrativo típico, afastando, por tal razão, a viabilidade de execução fiscal em que se cobrava débito relativo à indenização por dano causado ao patrimônio do DNER em decorrência de acidente automobilístico (REsp 362160, Min. José Delgado, 2002).

Seguindo essa vertente, a 1ª Seção do STJ, em regime de julgamento de recurso repetitivo, decidiu não ser possível a inscrição em dívida ativa de verba recebida indevidamente a título de benefício previdenciário, por não haver lei específica autorizando (REsp 1.350.804-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 12/6/2013, noticiado no INF 522).

OBS: foi imposta, assim, ao INSS a tarefa de promover ação de conhecimento condenatória para buscar o necessário ressarcimento .

Já no julgamento do REsp 800405 (AgRg), decidiu a 2ª Turma do STJ que a inscrição em dívida ativa não é o meio adequado para a cobrança de créditos provenientes exclusivamente de ilícitos civis extracontratuais não

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apurados previamente na via judicial, porque não há certeza da existência de relação jurídica a ensejar o crédito, nem sequer débito resultante de obrigação vencida e prevista em lei, regulamento ou contrato.

Já no caso de imposição de dever de ressarcimento a servidor público, a inscrição em dívida ativa (e cobrança via execução fiscal) é viável diante de expressa previsão estatutária.

Lei 8.112/90 Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido,

exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito. (Redação

dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada pela Medida

Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)

Quanto aos honorários advocatícios fixados em favor da Fazenda Pública por decisão judicial transitada em julgado, devem ser exigidos na fase de cumprimento de sentença (CPC).

6) Se no processo judicial o Estado-juiz arbitra crédito em favor do Estado-administração, crédito esse que pode ser obtido diretamente nos autos, em procedimento ulterior e consequente ao trânsito em julgado, não há motivo lógico ou jurídico para conceber que o Estado-administração desista – obrigatoriamente, sob pena de cobrança em duplicidade – da sua utilização, para então efetuar a inscrição da verba honorária em dívida ativa e, depois, ajuizar novo processo, sobrecarregando desnecessariamente o Poder Judiciário com demandas (a Execução Fiscal, como se sabe, pode ser atacada por meio de outra ação, os Embargos do Devedor) cujo objeto poderia, desde o início, ser tutelado no processo original (REsp. no 1126631, 2ª Turma, Rel. Min.

Herman Benjamin, 2009).

A lei não impõe a condição de que o crédito seja originalmente de titularidade da Fazenda Pública para que possa ser inscrito em dívida ativa e exigido através do executivo fiscal.

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Basta que a cobrança judicial dele seja de responsabilidade do ente público.

OBS: Exemplo = as verbas devidas ao FGTS, de que são titulares os trabalhadores – o FGTS é um fundo do trabalhador brasileiro, gerido

pelo Poder Público –, são inscritas em dívida ativa pela Procuradoria da Fazenda Nacional e por ela cobradas em execução fiscal (ou, mediante convênio autorizado em lei, por intermédio da Caixa Econômica

Federal).

OBS: Exemplo = O Superior Tribunal de Justiça já validou execução fiscal promovida pela União Federal, sob o patrocínio da Procuradoria da Fazenda Nacional, para a cobrança de créditos que lhe haviam sido

cedidos por instituição financeira.

7) Onde a lei não restringe não cumpre ao intérprete restringi-la, e esta fala em qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei, o que me leva a defender que é a titularidade do crédito que autoriza a cobrança via execução fiscal (REsp. no 1.126.491, Eliana Calmon, 2a Turma, 2009).

A LEF se reporta à Lei 4.320/64, que estatui normas gerais de direito financeiro, para definir a dívida ativa tributária e não tributária. Dispõe esta, por seu turno,

que Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa Não Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública (art. 39, 2º).

A dívida ativa tributária foi conceituada também no Código Tributário Nacional (Lei 5.172/66), em seu art.

201, caput, como sendo a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular.

O conceito de tributo se encontra no CTN (art. 3º), sendo toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

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A dívida ativa não tributária pode ser identificada de forma residual, consistindo em qualquer crédito da Fazenda Pública, desde que não decorrente de atividade impositiva tributária, de que seriam exemplos foros, laudêmios, aluguéis, reposições, restituições, indenizações etc. (art. 39, § 2º da Lei 4.320/64)

OBS: Note-se que o referido texto legislativo arrolou também os créditos provenientes de empréstimo compulsório, contribuições estabelecidas

em lei e custas processuais, como sendo de natureza não tributária, o que, atualmente, não subsiste, tendo em vista que o STF já identificou o caráter tributário de tais exações, à luz da CF de 1988.

Tributária ou não tributária, dívida ativa será sempre aquela regularmente constituída e inscrita em registro administrativo próprio, após o encerramento do procedimento administrativo em que se tenha

assegurado defesa ao interessado e a fluência, in albis, do prazo para o respectivo recolhimento.

Incluem-se no conceito de dívida ativa todos os acréscimos incidentes sobre a prestação originalmente devida à Fazenda Pública, como os juros, a multa e outros encargos previstos em contrato ou em lei, a exemplo dos 20% que se agregam aos créditos inscritos da União Federal, para fazer face aos custos da cobrança.

A inscrição em dívida ativa traduz ato administrativo de controle da legalidade do procedimento administrativo fiscal, que cria o título hábil a lastrear a execução fiscal. Com efeito, o agente da Administração Pública a quem compete inscrever os créditos fazendários torna-se o “juiz” do procedimento de constituição de tais créditos, podendo (e devendo) determinar a anulação e o refazimento de atos viciados, evitando, com a medida, futuras nulidades no processo judicial de cobrança.

A inscrição do crédito da Fazenda Pública em dívida ativa tem como efeitos imediatos: a) torná-lo exequível, b) presumidamente líquido e certo, além de, no plano tributário, c) estabelecer o marco a partir do qual a

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alienação de bens que torne insolvente o devedor caracteriza fraude à execução fiscal (CTN, art. 185).

A dívida ativa da União é apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional, cabendo a este órgão, necessariamente, representar a União na execução de sua dívida ativa de natureza tributária (LEF, art. 2º, § 4º, e CF, art. 131, § 3º).

A inscrição da dívida ativa das demais entidades fazendárias e a representação nos correlatos processos judiciais de cobrança ficarão a cargo das autoridades indicadas nas respectivas legislações específicas.

a LEF, em seu art. 2º, §§ 5º e 6º, estabelece diversos requisitos para formação do Termo de Inscrição de Dívida Ativa, cujos elementos devem estar reproduzidos na Certidão de Dívida Ativa (CDA).

Sobre a dívida ativa tributária, o CTN, após fixar regra substancialmente idêntica (art. 202), prescreve que a omissão de quaisquer requisitos previstos no artigo anterior ou o erro a eles relativo são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente (art. 203).

Jurisprudência: pas de nullité sans grief - se a CDA indica perfeitamente o devedor e especifica a exigência fiscal, indicando os dispositivos legais pertinentes, eventual omissão incapaz de causar prejuízo ao executado não macula o processo.

OBS: Exemplo = ausência de indicação do livro e da folha da inscrição.

8) Sendo a omissão de dado que não prejudicou a defesa do executado, regularmente exercida, com ampla segurança, valida-se a certidão para que se exercite o exame de mérito (STF, 1a Turma, RE no 99.993, Rel.

Min. Oscar Corrêa, RTJ 107/1288)

A inscrição do débito no Livro da Dívida Ativa é que cria o título executivo, documentado (ou materializado) este na CDA.

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Emenda ou Substituição do Título Executivo Fiscal. Limite Temporal. Restrição à Nova Defesa do Executado

A LEF garante à Fazenda exequente a emenda ou a substituição do título executivo viciado, até a decisão de primeira instância, vale dizer, até o advento da sentença proferida nos embargos do devedor ou, caso estes não tenham sido oferecidos, até que se declare extinta a execução.

O privilégio alcança apenas os casos de vícios formais ou materiais do termo de inscrição e/ou da certidão correspondente que possam ser sanados através da emenda ou da substituição do título.

Quando for a hipótese de defeito substancial no procedimento administrativo de constituição do crédito –

v.g., inobservância da garantia da ampla defesa –, exige-se a renovação do lançamento, o que afasta a possibilidade aventada.

10) Inadmissível a substituição de CDA referente à cobrança de IPTU e Taxas lançados sobre área a maior, por isso que não se trata de simples correção de erro material ou formal do título executivo, mas de modificação do próprio lançamento, com alteração do valor do débito, o que não guarda apoio no art. 2º, § 8º, da Lei 6.830/80 (REsp 87768, Min. Peçanha Martins).

Também não pode a Fazenda credora pretender substituir o título original no intuito de indicar outro devedor ou responsável, a fim de redirecionar-lhe a cobrança.

9) A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução (Súmula 392 STJ).

A propositura de execução fiscal contra empresa cuja falência fora decretada anteriormente permite que a Fazenda Pública realize a retificação do título e do polo passivo, para que deles passe a constar a massa falida.

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OBS: Segundo o STJ, não há falar, na espécie, em modificação do sujeito passivo, que permanece o mesmo, tendo concluído que o

ajuizamento contra a pessoa jurídica, nessas condições, constitui mera irregularidade, sanável nos termos do art. 284 do CPC e do art. 2º, § 8º, da Lei 6.830/1980 (REsp 1.372.243-SE, Rel. para acórdão Min. Og

Fernandes, julgado em 11/12/2013).

Substituída ou emendada a certidão de dívida ativa,

será assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos.

Discussão sobre se os novos embargos poderiam versar sobre toda a matéria útil à defesa ou apenas acerca da parte da CDA modificada, havendo quem entenda que prevalece o CTN para o caso de dívida ativa tributária.

Nosso entendimento: a matéria abordada pela norma do art. 203 do CTN, alusiva a providências processuais (substituição do título executivo e devolução de prazo para ajuizamento de embargos à execução), é de cunho nitidamente formal (processual), não se encaixando entre as normas gerais em matéria de legislação tributária e, portanto, não se podendo falar em reserva de lei complementar.

Resultado: prevalece a disposição do art. 2º, §8º da LEF, mesmo para a dívida ativa tributária (não há restrição à nova defesa, oferecida após a emenda ou substituição do título)

Suspensão do Prazo Prescricional pela Inscrição em Dívida Ativa

A LEF estipula que a inscrição em dívida ativa suspende o curso da prescrição por cento e oitenta dias ou até a distribuição da execução fiscal (art. 2o, § 3o).

Disposição que só se aplica às execuções de dívida ativa não tributária.

Prescrição tributária = reserva de LC.

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11) A norma contida no art. 2º, § 3º, da Lei 6.830/80, segundo a qual a inscrição em dívida ativa suspende a prescrição por 180 (cento e oitenta) dias ou até a distribuição da execução fiscal, se anterior àquele prazo, aplica-se tão somente às dívidas de natureza não tributária, porque a prescrição das dívidas tributárias regula-se por lei complementar, no caso o art. 174 do CTN (REsp 708227, Min. Eliana Calmon, 2005).

Prazo Prescricional para a Cobrança das Contribuições Previdenciárias

A partir da Constituição de 1988, as contribuições sociais destinadas ao custeio da seguridade social – sendo uma de suas espécies a contribuição previdenciária –, previstas genericamente no art. 149 da Lei Maior e integrando, pois, o Sistema Tributário Nacional, passaram a ostentar a natureza tributária e, por conseguinte, a se submeter novamente ao regramento geral do CTN, que fixa em cinco (5) anos a prescrição da ação para cobrança do crédito tributário (art. 174).

A inovação contida na Lei no 8.212/91, cujo art. 46 pretendeu aumentar para dez (10) anos o lapso prescricional para a cobrança dos créditos da seguridade social, não tem valia no confronto com a norma do art. 174 do CTN, que tem reconhecida eficácia de lei complementar, sendo de flagrante inconstitucionalidade, por violar a exigência

constitucional de forma contida no art. 146, III, b.

Esse entendimento, também aplicável à decadência tributária, restou assentado pelo Supremo Tribunal Federal na Súmula Vinculante no 08. Por isso, a norma do art. 46 da Lei 8.212/91 foi devidamente revogada pela Lei Complementar 128/2008.

Cobrança Indireta de Tributos. Sanções Políticas. Protesto da Certidão de Dívida Ativa. Exigência de Certidão Negativa de Tributos como Condição para o Levantamento de Depósitos de Precatórios

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Art. 3º do CTN = tributo é prestação cobrada mediante atividade plenamente vinculada, o que indica não haver discricionariedade na conduta administrativa correspondente.

Não cumprindo espontaneamente o seu dever fiscal, fica o contribuinte inadimplente sujeito à adoção das medidas indicadas na LEF e no CTN que têm por objetivo a promoção da satisfação forçada do crédito fiscal.

Tais medidas envolvem a constituição unilateral do título executivo fiscal – traduzida na atividade de inscrição do débito em dívida ativa –, a extração da certidão correspondente, o ajuizamento da ação de execução fiscal e a adoção das medidas executivas estabelecidas no respectivo rito.

Esse é o procedimento exclusivamente indicado na lei para a promoção da satisfação forçada do crédito fiscal, a teor dos comandos normativos dos arts. 1º, 2º, § 2º, e 5º da LEF e dos arts. 201 e 187 do CTN, entre outros.

Todos os demais instrumentos utilizados pelo Fisco com o intuito, declarado ou disfarçado, de forçar o contribuinte a satisfazer seu débito revelam cobrança indireta de tributo, ou “sanções políticas”, representando conduta que viola o devido processo legal e a ampla defesa, constitucionalmente assegurados (art. 5º, incisos LIV e LV).

O Supremo Tribunal Federal mantém um histórico de decisões reprovando a cobrança indireta de tributos, tendo tratado especificamente da apreensão de mercadoria, da interdição de estabelecimento e da proibição de exercício de atividade profissional, nas Súmulas 70, 323 e 547.

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“Protesto da certidão da dívida ativa da União”, autorizado pela Portaria 321/2006, do Procurador-Geral da Fazenda Nacional.

Protesto é ato definido na Lei no 9.492/97 (art. 1º) que tem por objetivo fazer prova da inadimplência de

obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida.

Segundo concepção doutrinária difundida, o protesto serve à configuração da mora do devedor, autorizando a execução do título protestado ou a apresentação de requerimento de falência do inadimplente.

A obrigação tributária tem fonte na lei (obrigação ex lege), não em títulos e outros documentos de dívida.

A mora do contribuinte inadimplente é automática, a partir do vencimento do prazo para recolhimento do

tributo (CTN, art. 161, caput), configurando-se, pois, independentemente de notificação ou protesto do devedor.

Para a cobrança do crédito tributário basta sua inscrição prévia no registro da dívida ativa, mediante ato unilateral que a ele atribui qualificativo processual da exequibilidade.

Não pode a Fazenda Pública requerer a falência do devedor de tributo, ausente autorização legislativa para tanto.

Protesto da certidão da dívida ativa tributária se revela, portanto, medida inútil ao Fisco, a menos que seu interesse seja o de impor constrangimento ao devedor tributário inadimplente, mediante negativação de seu nome em cadastros restritivos de crédito que são municiados com informações fornecidas pelos cartórios de protestos de títulos.

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Tal objetivo, entretanto, não pode ser alcançado pelo Estado, que assim agindo viola o devido processo legal exigível para a cobrança de seus créditos e ignora a absoluta vinculação à lei a que tal atividade se subordina.

OBS: O art. 1º, parágrafo único, da Lei de Protestos, alterado pela Lei 12.767, de 28 de dezembro de 2012, possibilitou o protesto extrajudicial

das certidões de dívida ativa (Lei 12.767/2012, Art. 25. A Lei no 9.492, de 10 de setembro de 1997, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 1º(...). Parágrafo único. Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas).

Lei 11.033/2004 (art. 19): passou a exigir a apresentação, pelo interessado, de certidão negativa de débitos fiscais, como condição para o recebimento de quantias decorrentes de precatórios judiciais.

O Estado, por lei, só estaria obrigado a cumprir sentença transitada em julgado em que condenado a pagar certa quantia em dinheiro ao particular se este lhe oferecesse prova de estar em dia com suas obrigações fiscais.

Na ADI 3.453, o STF manteve-se fiel a sua tradicional orientação de repelir métodos indiretos de cobrança de tributos e declarou a inconstitucionalidade do mencionado dispositivo de lei.

Considerou que a aplicação dele representaria afronta direta à autoridade da coisa julgada (CF, art. 5º, inciso XXXVI) e ao comando constitucional do art. 100, que, na redação da época (anterior à EC. no 62/2010), ao tratar do instituto do precatório, não reclamou a atuação do legislador infraconstitucional, mormente com o objetivo de impor restrições ao direito do cidadão à efetividade da jurisdição (ADI 3.453, Min. Cármen Lúcia, 2007).

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O STJ considerou ilícita certa restrição – contida na IN-SRF 200/2002, que regulamentou, em parte, a Lei 5.614/1970 – ao deferimento de modificações no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), quando se busca incluir, no quadro societário da empresa requerente, pessoa física com pendências na Receita Federal. Considerou-se que a inscrição ou modificação de dados no citado cadastro são garantidas a todas as empresas legalmente constituídas mediante o arquivamento de estatutos e alterações na junta comercial estadual, sendo vedada a imposição de restrições infralegais que obstruam o exercício da livre iniciativa e desenvolvimento pleno de atividades econômicas (REsp 1103009, Min. Luiz Fux).

Cessão da Cobrança da Dívida Ativa a Entidades Privadas

O Senado Federal, por intermédio da Resolução 33, editada em 13 de julho de 2006, autorizou os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a cederem a instituições financeiras a sua dívida ativa consolidada, para cobrança mediante endosso-mandato, em troca de antecipação de receita até o valor de face dos créditos, respeitados os limites fixados na Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000).

No mesmo ato normativo, estabeleceu ainda o Senado que: a) a instituição financeira endossatária poderá parcelar os débitos tributários nas mesmas condições em que o Estado, Distrito Federal ou Município endossante poderia fazê-lo; b) a instituição financeira endossatária prestará contas mensalmente dos valores cobrados; c) uma vez amortizada a antecipação referida no art. 1º, a instituição financeira repassará mensalmente ao Estado, Distrito Federal ou Município o saldo da cobrança efetivada, descontados os custos operacionais fixados no contrato; e d) o endosso mandato é irrevogável enquanto não amortizada a antecipação referida no art. 1º.

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A Resolução no 33/2006, de autoria do Senador Sérgio Cabral, deverá ter sua constitucionalidade analisada pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3.786.

O ente público passa a poder transferir à instituição financeira a responsabilidade pela cobrança de sua dívida ativa em troca de antecipação de parte da receita a ser arrecadada.

Tal transferência tem, como contrapartida, o endosso mandato da dívida ativa, caracterizado por ser endosso impróprio, em função do qual não há propriamente modificação na titularidade original do crédito, apenas transmissão da capacidade para cobrar e dar quitação.

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Art. 3º A dívida ativa regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez.

Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do executado ou de

terceiro, a quem aproveite.

Presunção de Liquidez e Certeza da Dívida Ativa

A presunção de certeza do débito diz respeito à sua existência regular.

A presunção de liquidez relaciona-se com o quantum exigido do devedor, pressupondo que o título executivo ostente elementos que permitam, a qualquer tempo, o cálculo do montante integral do débito, incluindo principal, juros, multa e demais encargos.

Parágrafo único do art. 3º: reproduz o constante do art. 204, parágrafo único, do CTN – presunção é relativa

(juris tantum), pois ao executado competirá o ônus de provar a inexigibilidade total ou parcial da quantia que lhe está sendo cobrada.

Fluência de Juros e Presunção de Liquidez da Dívida Ativa. Pagamento Parcial

Já que a CDA deve apontar os dispositivos legais embasadores do cálculo dos juros e dos índices de correção monetária que incidirão até que o crédito seja efetivamente adimplido, não se considera ilíquida a dívida ativa por aludir a valor histórico, já defasado.

A atualização do débito será sempre possível, a qualquer tempo, mediante puro cálculo aritmético, levando-se em conta as instruções contidas no título executivo.

OBS: Daí o CTN, em seu art. 201, parágrafo único, explicitar, com relação à dívida ativa tributária, que a fluência de juros de mora não

exclui a liquidez do crédito.

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Pagamento parcial do débito realizado anteriormente à inscrição em dívida ativa e inobservado pela Fazenda Pública, quando da constituição do título, desnatura a presunção de liquidez da dívida?

Na hipótese em que a parcela quitada não possa ser destacada do débito global por simples conta de subtração, isto é, quando a execução reste inviabilizada por dificuldade operacional e material na fixação do débito residual, SIM.

do contrário, NÂO. OBS: De qualquer modo, até a decisão de primeira instância, será sempre facultado à Fazenda exequente emendar ou substituir o título

cuja presunção de liquidez esteja maculada, na forma do art. 2º, § 8º, da LEF.

Prova de Fato Negativo com vistas à Desconstituição do Título Executivo Fiscal

a teoria dinâmica de distribuição do ônus da prova, cuja aplicação ao processo de execução da dívida ativa tributária – e aos correlatos incidentes – não viola a presunção legal de certeza da dívida inscrita, estabelece que cabe ao juiz impor o ônus da prova à parte que esteja em condições de produzi-la com menos inconvenientes, dispêndio ou demora.

aliás, a Fazenda Pública tem a obrigação de trazer a juízo os documentos administrativos relativos ao débito cobrado em execução fiscal, quando intimada a tanto,

por força do comando contido no art. 41, caput e parágrafo único, da LEF, devendo assumir o ônus de sua inércia injustificada

12) Processo Civil. Execução Fiscal. ICMS declarado e não pago. Não obstante a Certidão de Dívida Ativa goze da presunção de certeza e liquidez, a Fazenda está obrigada a provar a existência da declaração de débito, se o contribuinte desde os Embargos do Devedor afirma, peremptoriamente, que não a fez; trata-se de prova que só está ao alcance da Fazenda, que teria recebido a declaração. Recurso Especial

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conhecido e provido (REsp. no 95.865-SP, 2a Turma, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ 3/8/98, p. 176).

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Art. 4º A execução fiscal poderá ser promovida contra:

I – o devedor; II – o fiador; III – o espólio;

IV – a massa; V – o responsável, nos termos da lei, por dívidas tributárias ou não, de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado; e

VI – os sucessores a qualquer título.

§ 1º Ressalvado o disposto no art. 31, o síndico, o comissário, o liquidante, o inventariante e o administrador, nos casos de falência, concordata, liquidação, inventário, insolvência ou

concurso de credores, se, antes de garantidos os créditos da Fazenda Pública, alienarem ou derem em garantia quaisquer dos

bens administrados, respondem, solidariamente, pelo valor desses bens.

§ 2º À dívida ativa da Fazenda Pública, de qualquer natureza, aplicam-se as normas relativas à responsabilidade prevista na legislação tributária, civil e comercial.

§ 3º Os responsáveis, inclusive as pessoas indicadas no § 1º deste

artigo, poderão nomear bens livres e desembaraçados do devedor, tantos quantos bastem para pagar a dívida. Os bens dos responsáveis ficarão, porém, sujeitos à execução, se os do devedor

forem insuficientes à satisfação da dívida. § 4º Aplica-se à dívida ativa da Fazenda Pública de natureza não

tributária o disposto nos arts. 186 e 188 a 192 do Código Tributário Nacional.

Execução Fiscal Promovida contra o Responsável Tributário cujo Nome não Consta do Termo de Inscrição em Dívida Ativa

Embora a Lei de Execução Fiscal (art. 2º, § 5º, inciso I) e o CTN (art. 202, inciso I) indiquem que o Termo de Inscrição de Dívida Ativa deve conter o nome do corresponsável, decide-se, frequentemente, que não é exigível fazer constar da Certidão de Dívida Ativa o nome do responsável tributário.

13) Podem (os responsáveis por substituição) ser citados – e ter seus bens penhorados – independentemente de processo judicial prévio para a

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verificação inequívoca das circunstâncias de fato aludidas no art. 135, caput, do CTN, matéria essa que, no entanto, poderá ser discutida, amplamente, em embargos do executado (STF, RE 100920, Min. Moreira Alves).

Este entendimento jurisprudencial está sendo temperado, pois o Superior Tribunal de Justiça afirmou:

14) A presunção de liquidez da certidão de dívida ativa só alcança as pessoas nela referidas. Para admitir que a execução fiscal atinja terceiros, não referidos na CDA, é lícito ao juiz exigir a demonstração de que estes são responsáveis tributários, nos termos do CTN (art. 135) (Resp 272236, Min. Humberto Gomes de Barros).

No caso de falecimento do devedor no curso da execução fiscal, a jurisprudência admite o redirecionamento da cobrança para o espólio, que responde pelo crédito tributário, na forma do art. 131, III, do CTN.

OBS: esse redirecionamento não cabe quando a execução fiscal tenha sido proposta, por inadvertência da Fazenda credora, contra devedor já falecido, sequer sendo cabível emenda ou substituição da certidão nula,

diante do vício inicial insanável. Nesse sentido decidiu o STJ (REsp 1222561, Min. Mauro Campbell Marques, 2011).

A penhora de bens, para garantia do débito, deve ser antecedida de citação, sob pena de violação do devido processo legal. Se a penhora não for precedida de citação na execução fiscal, o responsável tributário tem embargos de terceiro para afastá-la, sem prejuízo de sua renovação pelos meios regulares.

Jurisprudência: o ato judicial que defere pedido de inclusão de responsável no polo passivo da execução fiscal não caracteriza despacho de mero expediente, mas decisão interlocutória passível de recurso (agravo), eis que gera lesividade para a parte integrada ao processo (REsp 1100394, Rel. Min. Luiz Fux, 2009).

Responsabilidade Tributária do Sócio-Gerente da Pessoa Jurídica

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Nas sociedades em que os sócios tenham responsabilidade limitada (v. g., as sociedades por quota de responsabilidade limitada e as sociedades anônimas), em princípio, somente aquele que exerce a direção ou a gerência da empresa, praticando atos típicos de administração, pode vir a ser chamado a responder pelo crédito tributário a que se obrigou, originariamente, a pessoa jurídica.

CTN alude, no particular, a diretores, gerentes ou ]representantes de pessoas jurídicas de direito privado (art. 135, inciso III).

Como são administradores de bens alheios, sempre que procederem com má-fé, praticando atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, serão responsabilizados pessoal e exclusivamente pelos créditos tributários daí decorrentes (responsabilidade por substituição).

15) O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente (Súmula 430 STJ).

OBS: mesmo a disposição genérica do art. 50 do Código Civil só admite a responsabilidade patrimonial de administradores ou sócios da pessoa

jurídica por obrigações assumidas por esta em caso de comprovado abuso da personalidade jurídica da empresa, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial.

Só cabe pretender responsabilizar o sócio por crédito tributário constituído no período em que tenha ele exercido a gerência ou a administração da empresa contribuinte, e desde que reste provado que, em razão da prática de conduta ilícita (excesso de mandato, infração à lei etc.), a referida sociedade tornou-se insolvente frente ao Fisco.

Jurisprudência: para os fins do disposto no art. 135, inciso III, do CTN, a dissolução irregular da sociedade, que simplesmente deixa de operar, sem a quitação dos tributos que oneraram suas atividades, gera a

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responsabilidade do gerente ou diretor pelas dívidas tributárias da empresa.

16) A jurisprudência desta Corte é no sentido de que o sócio-gerente de sociedade só pode ser responsabilizado pelo não pagamento de tributo, respondendo com o seu patrimônio, se comprovado, pelo Fisco, ter aquele agido com dolo ou culpa, com infração à lei, do contrato social ou estatuto e que redunde na dissolução irregular da sociedade. Ademais, o não pagamento de tributo, de per si, não caracteriza violação à lei, mormente quando verificado que a sociedade continua em pleno funcionamento, como na hipótese vertente (AGREsp 401306, Min. Francisco Falcão, 2002).

17) Quando o gerente abandona a sociedade – sem honrar-lhe o débito fiscal – o fato ilícito que o torna responsável não é o atraso de pagamento, mas a dissolução irregular da pessoa jurídica (REsp 101597, Min.

Humberto Gomes de Barros).

Indícios de dissolução irregular de uma sociedade costumam ser evidenciados nos próprios autos da execução fiscal, como no caso em que o oficial de justiça certifica não ter podido realizar a diligência de citação em razão de a empresa não estar mais localizada no seu endereço declarado e de não possuir bens.

18) Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente (Súmula 435 STJ).

A simples devolução da carta citatória, pelos correios, não enseja a presunção de dissolução irregular da sociedade, já que a informação lançada pelo carteiro não ostenta o atributo da “fé pública”.

Diante da inviabilidade de se realizar a citação por via postal, deve ser extraído mandado, para que o analista judiciário executante de mandados – oficial de justiça – diligencie no endereço da empresa executada e certifique, se for o caso, os indícios da extinção irregular da sociedade.

19) Não se pode considerar que a carta citatória devolvida pelos correios seja indício suficiente para se presumir o encerramento irregular da sociedade. Não possui o funcionário da referida empresa a fé pública

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necessária para admitir a devolução da correspondência como indício de encerramento das atividades da empresa (Resp 1017588, Min.

Humberto Martins).

O sócio-gerente que se retira da sociedade antes de sua dissolução irregular só pode vir a ser responsabilizado por débitos tributários da mesma se ficar provado que contribuiu, com má gestão, para o fato.

20) O redirecionamento da execução fiscal contra os sócios da empresa executada, motivado pela dissolução irregular da sociedade, justifica-se apenas em relação àqueles que nela permaneceram até o seu

encerramento (REsp 1.429.281/SC, Rel. Min. ARI PARGENDLER, Primeira Turma, DJe 19/3/14).

Mesmo que tenha sido responsável pela dissolução irregular, ao administrador só pode ser imputada responsabilidade tributária relativa a débito vencido em sua gestão.

20-A) O pedido de redirecionamento da execução fiscal, quando fundado na dissolução irregular da sociedade executada, pressupõe a permanência de determinado sócio na administração da empresa no momento da ocorrência dessa dissolução, que é, afinal, o fato que desencadeia a responsabilidade pessoal do administrador. Ainda, embora seja necessário demonstrar quem ocupava o posto de gerente no momento da dissolução, é necessário, antes, que aquele responsável pela dissolução tenha sido também, simultaneamente, o detentor da gerência na oportunidade do vencimento do tributo. É que só se dirá responsável o sócio que, tendo poderes para tanto, não pagou o tributo (daí exigir-se seja demonstrada a detenção de gerência no momento do vencimento do débito) e que, ademais, conscientemente, optou pela irregular dissolução da sociedade (por isso, também exigível a prova da permanência no momento da dissolução irregular) (EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.009.997/SC, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJe 4/5/2009).

Demonstrando cabalmente o gerente que não praticava atos de gestão, de fato exercidos por outra pessoa, afasta-se a responsabilidade do gerente

21) Se para o Tribunal o executado, embora constasse como sócio-gerente no contrato social, provou que não praticou atos de gestão, atendido foi o disposto no art. 333, I, do CPC, cabendo ao exequente provar o contrário,

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não havendo que se falar em indevida inversão do ônus da prova (REsp 621154, Min. Eliana Calmon).

A falência não configura modo irregular de dissolução da sociedade, pois além de estar prevista em lei, consiste numa faculdade estabelecida em favor do comerciante impossibilitado de honrar os compromissos assumidos.

OBS: Essa é a orientação do Superior Tribunal de Justiça (REsp 697115, Min. Eliana Calmon), que só admite ser o representante da empresa falida chamado a responder pelo débito tributário inadimplido

pela última no caso de demonstração de atuação com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto.

Como caracterizar a ação com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto, para fins de imputação de responsabilidade tributária a administradores de sociedades?

Em princípio, nada obsta a que se observem, por analogia, as prescrições do Código Civil, que, em seu art. 1.015, admite a responsabilização pessoal do administrador por débito contraído em nome da sociedade em face de terceiros em casos de excesso de poderes, caracterizado este quando:

a) a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade; ou

b) a limitação de poderes for conhecida do terceiro; ou

c) a operação realizada se revelar estranha ao objeto social da sociedade.

Outro caso típico de infração à lei, a ensejar a responsabilidade tributária pessoal do administrador da sociedade, é a distribuição de lucros ilícitos ou fictícios, por ele promovida sem que os sócios conhecessem – ou tivessem como conhecer – a ilegitimidade de tal distribuição (Código Civil, art. 1.009).

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Em suma, sempre que ficar provado que o administrador agiu sabendo – ou devendo saber – que sua conduta estava em desacordo com a vontade da maioria dos sócios, poderá ser ele pessoalmente responsabilizado, no plano tributário, em razão de excesso de poderes ou infração às disposições dos atos constitutivos da empresa.

OBS: em casos tais, o Código Civil, no art. 1.013, § 2º, estabelece a responsabilidade do administrador, perante a sociedade, por perdas e danos.

Cônjuge do administrador: resguardo da meação (Súmula 251 STJ).

22) A meação só responde pelo ato ilícito quando o credor, na execução fiscal, provar que o enriquecimento dele resultante aproveitou ao casal (Súmula 251 STJ).

No entanto, jurisprudência: os bens indivisíveis, de propriedade comum decorrente do regime da comunhão no casamento, podem ser penhorados e leiloados, reservando-se ao cônjuge meeiro, estranho à execução, a metade do preço alcançado (REsp 511663, Rel. Min. Barros Monteiro).

OBS: A Lei 11.382/2006 dispôs no mesmo sentido, acrescentando a correlata norma ao CPC (art. 655-B).

Nos casos de débitos relativos a contribuições para a

Seguridade Social, dispunha o art. 13, caput, da Lei no 8.620/93 que o titular de firma individual e os sócios das empresas com cotas de responsabilidade limitada respondem solidariamente, com seus bens pessoais, pelos débitos junto à Seguridade Social.

Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: a disposição do art. 13 da Lei no 8.620/93 havia de ser interpretada em consonância com a norma geral do art. 135, inciso III, do CTN e com as novas normas sobre responsabilidades de sócios de sociedades limitadas previstas no Código Civil de 2002 (art. 1.016 c/c art.

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1.053) = responderiam apenas os sócios que, agindo ilicitamente, com excesso de mandato ou violando o contrato social, tivessem praticado ato de gestão (REsp 717717, Min. José Delgado).

O debate restou superado com a revogação da aludida disposição por meio da Lei 11.941/2008.

Com relação aos casos pretéritos, o STF declarou a inaplicabilidade da disposição do art. 13 da Lei 8.620/93, por inconstitucionalidade.

23) O art. 135, III, do CTN responsabiliza apenas aqueles que estejam na direção, gerência ou representação da pessoa jurídica e tão-somente quando pratiquem atos com excesso de poder ou infração à lei, contrato social ou estatutos. Desse modo, apenas o sócio com poderes de gestão ou representação da sociedade é que pode ser responsabilizado, o que resguarda a pessoalidade entre o ilícito (mal gestão ou representação) e a conseqüência de ter de responder pelo tributo devido pela sociedade. O art. 13 da Lei 8.620/93 não se limitou a repetir ou detalhar a regra de responsabilidade constante do art. 135 do CTN, tampouco cuidou de uma nova hipótese específica e distinta. Ao vincular à simples condição de sócio a obrigação de responder solidariamente pelos débitos da sociedade limitada perante a Seguridade Social, tratou a mesma situação genérica regulada pelo art. 135, III, do CTN, mas de modo diverso, incorrendo em inconstitucionalidade por violação ao art. 146, III, da CF. O art. 13 da Lei 8.620/93 também se reveste de inconstitucionalidade material, porquanto não é dado ao legislador estabelecer confusão entre os patrimônios das pessoas física e jurídica, o que, além de impor desconsideração ex lege e objetiva da personalidade jurídica, descaracterizando as sociedades limitadas, implica irrazoabilidade e inibe a iniciativa privada, afrontando os arts. 5º, XIII, e 170, parágrafo único, da Constituição (RE 562276, Min. Ellen Gracie).

A legitimidade passiva do responsável tributário não pode ser, em regra, impugnada através de exceção de pré-executividade.

24) Havendo indícios de que a empresa encerrou irregularmente suas atividades, é possível redirecionar a execução ao sócio, a quem cabe provar o contrário em sede de embargos à execução, e não pela estreita via da exceção de pré-executividade (AGA 561854, Min. Teori Zavascki,

2004).

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Admite-se, excepcionalmente, a aludida exceção quando houver prova pré-constituída, ou seja, direito líquido e certo a afastar a legitimação passiva do pretenso responsável.

25) Consiste a pré-executividade na possibilidade de, sem embargos ou penhora, arguir-se na execução, por mera petição, as matérias de ordem pública ou as nulidades absolutas. A tolerância doutrinária, em se tratando de execução fiscal, esbarra na necessidade de se fazer prova de direito líquido e certo, exceto se a questão da ilegitimidade for líquida e certa, como abstraído no voto divergente na hipótese dos autos, tendo, pois, pertinência a exceção de pré-executividade (REsp 602249, Min. Eliana Calmon, 2004).

A impugnação recursal dirigida à decisão que determina o redirecionamento do executivo fiscal ao administrador da sociedade não pode ser manejada por esta, que não dispõe de legitimidade extraordinária para buscar, em juízo, o reconhecimento de eventual direito de que seja titular outra pessoa (o sócio).

OBS: De fato, especificamente sobre o tema, anotou o STJ, em

julgamento submetido ao regime dos recursos repetitivos, que a pessoa jurídica não tem legitimidade para interpor recurso no interesse do

sócio (REsp 1.347.627-SP, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 9/10/2013).

Benefício de Ordem, Responsabilidade e Dívida Ativa Tributária

CTN (art. 124, II): previsão de responsabilidade solidária pelo adimplemento da prestação tributária, vedando expressamente, no parágrafo único, a invocação do benefício de ordem.

LEF (art. 4º, § 3º): garante aos responsáveis, inseridos no pólo passivo do executivo fiscal, a possibilidade de nomear à penhora bens livres e desembaraçados do devedor, certo que somente na insuficiência destes ficarão os seus sujeitos à execução (benefício de ordem ou de excussão).

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Solução: aplicação da LEF apenas à dívida ativa não tributária.

OBS: possuindo a LEF natureza de lei ordinária, não cabe benefício de ordem nas execuções fiscais da dívida ativa tributária promovidas

contra o responsável solidário, eis que a antecedente norma do art. 124 do CTN, que é contrária, já gozava de eficácia de lei complementar quando entrou em vigor a LEF, não tendo sido por esta revogada.

Fiador na Execução Fiscal

O contrato de fiança, regulado no Código Civil (arts. 818 e seguintes), pode ser formado acessoriamente a qualquer contrato firmado pela Administração Pública direta ou indireta.

Fiador é figura mais facilmente visualizável na execução de dívida ativa de natureza não tributária, dado o

caráter ex lege da obrigação tributária – não se permitindo às convenções particulares a modificação da definição legal do sujeito passivo

Fiador pode ser chamado a responder também pelo crédito tributário, nos casos em que a execução fiscal é garantida por fiança bancária, sendo o banco fiador intimado a pagar o débito, desde que não embargada a execução ou rejeitados os embargos, sob pena de voltar-se contra si o executivo (art. 19, inciso II, da LEF).

Equiparada ao fiador, no rol dos legitimados a figurar no pólo passivo da execução fiscal, encontra-se a seguradora, para o caso em que seja aceito, em garantia do crédito em cobrança, o chamado “seguro garantia judicial”.

Execução Fiscal contra Estado Estrangeiro

Inviável, pois o STF sequer admite a consulta prévia ao Estado estrangeiro sobre sua eventual aceitação em se submeter à execução perante a Justiça brasileira.

26) Em se tratando de execução, e execução fiscal, o caso é de impossibilidade jurídica e portanto independe de prévia audiência do

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Estado estrangeiro para submeter-se, ou não, à jurisdição brasileira (STF, AgRACO 527-9, Min. Sepúlveda Pertence, 1998).

OBS: as repartições diplomáticas e consulares estabelecidas no Brasil não gozam propriamente de imunidade fiscal, mas de isenção prevista em tratados internacionais, sem caráter absoluto, em benefício de

patrimônio, rendas e serviços voltados às suas atividades típicas. No caso de incidência fiscal válida e inadimplência do ente, não pode o

Fisco submetê-lo a processo de execução fiscal, diante da imunidade absoluta à jurisdição executória, reconhecida pela Corte Suprema brasileira. A cobrança há de se dar diplomaticamente e a persistência

do Estado estrangeiro na inadimplência gera um constrangimento internacional.

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Art. 5º A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer outro juízo, inclusive

o da falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário.

Competência para Processar Execução Fiscal. Domicílio Civil e Tributário. Modificação Posterior de Domicílio

CPC, art. 578, caput e parágrafo único: a execução fiscal será proposta no foro do domicílio do executado, ou, havendo mais de um, no foro do domicílio de qualquer um dos devedores, facultando-se ao Fisco, ainda, eleger o foro do lugar em que se praticou o ato ou o do lugar em que ocorreu o fato que deu origem à dívida, ou, por fim, o foro da situação do bem do qual a dívida se originou.

Ao devedor não se assegura, portanto, o direito de ser executado no foro de seu domicílio, salvo se nenhuma das espécies do parágrafo único do art. 578 (CPC) se verificar.

27) A interpretação do art. 578 do CPC preceitua que os foros elencados no caput do citado dispositivo concorrem com os previstos no parágrafo único do mencionado artigo de lei federal (EREsp 787977, Min. Eliana

Calmon).

De todo modo, tem sido praxe a propositura da execução fiscal no foro do domicílio do executado.

OBS: o foro competente para o processamento e julgamento da

execução fiscal envolvendo crédito tributário deve ser fixado, à luz da regra do art. 127 do CTN, no domicílio tributário do executado.

Tratando-se de pessoa jurídica, determinados débitos tributários são exigidos no local de cada um de seus

estabelecimentos, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação (CTN, art. 127, II).

OBS: Exemplificativamente, débito de ICMS será exigido pelo Estado em cujo território estiver situada a filial da empresa que realizou a operação

tributada, considerando-se, com vistas à fixação da competência de foro para o processamento do executivo fiscal correlato, o domicílio daquela, ainda que distinto do da matriz.

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A competência há de ser estabelecida no momento da propositura do executivo fiscal, sendo irrelevantes a posterior mudança de domicílio do executado ou o redirecionamento da cobrança para o responsável que venha a ser domiciliado em outra comarca ou seção

judiciária (perpetuatio jurisdictionis, art. 87 do CPC). 28) Proposta a execução fiscal, a posterior mudança de domicílio do executado não desloca a competência já fixada (Súmula 58 STJ).

Competência para Processar Executivos da União (e de suas entidades autárquicas). Delegação à Justiça Estadual

CF, art. 109, I: as execuções fiscais ajuizadas pela União, ou por suas autarquias ou fundações, ou movidas em face dessas entidades federais ou de empresas públicas federais, serão processadas perante a Justiça Federal.

29) Compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por conselho de fiscalização profissional (Súmula 66 STJ).

Quando algum desses entes federais ajuizar ação incidental a processo de execução fiscal tramitando perante a Justiça Estadual, como no caso de embargos de terceiro apresentados por autarquia federal para impugnar penhora de bens realizada em executivo movido por município em face de particular, deve haver declínio de competência para a Justiça Federal, a quem competirá, por um de seus órgãos, decidir sobre o interesse do aludido ente na demanda (v. STJ, Súmula 150).

30) O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal em execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a competência para a Justiça Federal (Súmula 270 STJ). 31) A nomeação de autarquia federal (INSS) para defender a massa falida na qualidade de síndico, por ser seu maior credor, não atrai para a Justiça Federal a competência para processar e julgar a execução fiscal movida por Município contra particular na Justiça do Estado (CC 33873/RS, 1a Seção, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ 19/08/2002, p. 138).

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CF, art. 114, VII e VIII (EC 45/2004): à Justiça do Trabalho compete o processamento das execuções fiscais promovidas por entes federais para a cobrança de créditos relacionados a multas impostas aos empregadores por órgãos de fiscalização das relações de trabalho e das execuções de contribuições previdenciárias lançadas como decorrência lógica e necessária de sentenças trabalhistas (nesse último caso,

a execução é sui generis, pois se instaura de ofício e tem por título a própria sentença que reconhece o vínculo trabalhista – não se trata de “execução fiscal”).

A Justiça Federal permanece competente para processar a execução fiscal para a cobrança de verbas devidas ao FGTS, realizada, na forma do art. 2º da Lei 8.844/94, pela Fazenda Nacional ou, por delegação desta, pela

Caixa Econômica Federal, pois, na visão do STJ, há inexistência de relação de trabalho, também, porque a relação constituída nos autos faz sobrelevar o interesse federal na higidez do Fundo que tem seus recursos utilizados na implementação de políticas habitacionais vinculadas ao Sistema Financeiro de Habitação – SFH (CC 54194, Min. Humberto Martins, 2006).

32) Compete à Justiça Federal ou aos juízes com competência delegada o julgamento das execuções fiscais de contribuições devidas pelo empregador ao FGTS (Súmula 349 STJ).

A Lei 5.010/66, em seu art. 15, I, previa que nas comarcas do interior onde não funcionasse Vara da Justiça Federal, os juízes estaduais seriam competentes para processar e julgar os executivos fiscais da União e de suas autarquias, ajuizados contra devedores domiciliados nas respectivas comarcas.

Dita norma foi revogada pela Lei nº 13.043/2014 (art. 114, IX), com o que acabou extinta a delegação de competência federal à justiça estadual nas execuções fiscais.

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Ocorre que a mesma Lei nº 13.043/2014, em seu art. 75, manteve a delegação aludida para os processos inaugurados antes de sua vigência.

Isso significa que muito tempo ainda transcorrerá até que o último executivo fiscal, apresentado por entidade federal na justiça estadual com base na Lei nº 5.010/66, seja extinto.

Diante disso, vale entender como funciona/funcionava esta delegação.

A disposição da Lei nº 5.010/66 encontrava amparo no vigente comando constitucional do art. 109, § 3º e a delegação de competência federal à justiça local prevalecia ainda que o território do município em que fosse domiciliado o executado estivesse incluído na zona de jurisdição de seção ou subseção judiciária federal. O que importava é que na “comarca” – expressão de que se valeram o legislador e o constituinte para condicionar a delegação e que representa divisão estabelecida pela lei de organização judiciária do estado – não houvesse vara federal instalada (STJ, CC 61954, Min. Castro Meira, 2006).

CF, art. 109, §4º: na hipótese de delegação, eventual

recurso que venha a ser interposto contra decisão do Juiz de Direito local deverá ser dirigido ao Tribunal Regional Federal situado na área de jurisdição daquele.

34) Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência verificado, na respectiva Região, entre Juiz Federal e Juiz Estadual investido de jurisdição federal. (Súmula 3 STJ)

A 1a Seção do Superior Tribunal de Justiça, na esteira da orientação preconizada na Súmula 58, havia firmado

entendimento de que o art. 109, § 3º, da CF/1988 trata da competência territorial, não podendo o juiz dela declinar de ofício, ainda que o devedor mude de domicílio (CC no 20671/BA, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ 25/2/1998, p. 11).

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Aliás, a Súmula no 33 da Corte Superior de Justiça já consagrara a tese de que a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.

35) A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício. (Súmula 33 STJ)

Entretanto, o entendimento foi alterado, passando o STJ a entender que a competência firmada com base no art. 109, § 3º, da CF/1988 é absoluta.

36) A execução fiscal proposta pela União e suas autarquias deve ser ajuizada perante o Juiz de Direito da comarca do domicílio do devedor, quando esta não for sede de vara da justiça federal (...). A decisão do Juiz Federal, que declina da competência quando a norma do art. 15, I, da Lei nº 5.010, de 1966 deixa de ser observada, não está sujeita ao enunciado da Súmula nº 33 do Superior Tribunal de Justiça (REsp 1146194, julgado em 14/08/2013, Relator para o acórdão, Min. Ari

Pargendler).

OBS: fundamento central do julgado foi o de que a norma legal visa facilitar tanto a defesa do devedor quanto o aparelhamento da execução, que assim não fica, via de regra, sujeita a cumprimento de atos por cartas precatórias (1ª Seção, DJe 25/10/2013).

Também decidiu a 1a Seção do STJ que a competência federal delegada à Justiça local cessa, inclusive para os processos em curso, por força da instalação de Vara Federal na sede da comarca, sob o fundamento de

inaplicabilidade do princípio da perpetuatio jurisdictionis aos casos de competência absoluta (CC 38713, Rel. p/ acórdão Min. Teori Zavascki, DJ 03/11/2004).

Fixada a competência da Justiça Estadual para o processamento de execuções fiscais movidas por entes federais quando a comarca em que domiciliado o executado não seja sede de vara federal, será ela também competente para o julgamento das ações incidentais, acessórias ou conexas ao executivo (embargos à execução, embargos de terceiro, cautelar, anulatória etc.).

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Execução Fiscal e Juízo Universal

A cobrança do crédito fazendário não se submete a juízos universais como o da falência. Ainda assim, a existência de concurso de credores afeta o procedimento de satisfação do crédito fazendário, que não goza de preferência absoluta, cedendo, por exemplo, diante de créditos trabalhistas, de créditos com garantia real e de créditos extraconcursais.

Obs: mais, sobre o assunto, nos tópicos relacionados ao art. 29.

Executivo Fiscal e Ação Tributária Envolvendo o Mesmo Débito. Conexão e Prevenção

A simples propositura de ação judicial questionando o débito fiscal não inibe a Fazenda Pública de promover-lhe a execução, na forma do art. 585, § 1o, do CPC, a menos que se faça presente alguma das causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário de que cogita o art. 151 do CTN.

gravitando em torno do mesmo débito, execução fiscal e ação objetivando a sua anulação (anulatória, mandado de segurança), opera-se conexão – ou continência, se o objeto de uma compreender o da outra – a ensejar a reunião das ações perante o juízo prevento (CPC, art. 105).

OBS: a possibilidade de manifestações judiciais incompatíveis entre si estará presente sempre que houver vinculação de demandas pelo critério da prejudicialidade. Assim, por exemplo, uma ação de

conhecimento em que se discuta a exigibilidade de um título executivo extrajudicial há de ser julgada anteriormente à excussão, no processo

de execução, dos bens do suposto devedor, sob pena de se viabilizar contradição insanável entre os provimentos jurisdicionais de conhecimento e de execução. Daí a conexão que justifica a competência

originária do juízo da execução para também processar e julgar os embargos do devedor. Mesma solução há de ser dada para o caso de coexistência de ações de execução e anulatória do débito objeto da

primeira, nesse caso impondo-se a reunião perante o juízo prevento.

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a partir do reconhecimento da relação de prejudicialidade envolvendo as ações, duas providências devem ser tomadas: a) a reunião de processos perante o mesmo juízo; e b) a suspensão da execução fiscal, até que decidido definitivamente o pedido deduzido na ação anulatória.

37) O juízo único é o que guarda a mais significativa competência funcional para verificar a verossimilhança do alegado na ação de conhecimento e permitir prossiga o processo satisfativo ou se suspenda o mesmo. Refoge à razoabilidade permitir que a ação anulatória do débito caminhe isoladamente da execução calcada na obrigação que se quer nulificar, por isso que, exitosa a ação de conhecimento, o seu resultado pode frustrar-se diante de execução já ultimada (CC 31963/RS, 1ª

Seção, Rel. p/ acórdão Min. Luiz Fux, DJ 05/08/2002, p. 190). 38) A ação de anulação de débito fiscal tem conexão de natureza prejudicial com a ação de execução do mesmo título que se busca anular (REsp 572756/RS, 2a Turma, Rel.a Min.a Eliana Calmon, DJ 17/05/2004, p. 193).

OBS: A reunião de demandas conexas, prevista no art. 105 do CPC, tem

por finalidade agrupá-las para que sejam decididas simultaneamente, mediante um único ato judicial. No entanto, no caso específico dos processos de execução fiscal e de ação anulatória, não há que se falar

em julgamento simultâneo. Na verdade, a reunião dos aludidos processos tem por objetivo, tão somente, a garantia de que o juízo

suspenderá o executivo, uma vez garantido o débito, até que decidida em última instância, por ele próprio, a ação de conhecimento.

A reunião de demandas conexas é matéria de interesse público, por estar relacionada aos ideais de celeridade, racionalidade e efetividade da tutela jurisdicional. Por isso, é lícito ao juiz apreciar de ofício o vínculo de conexidade existente entre causas, ainda que não alegada em preliminar pelo réu na forma do art. 301, VII, do CPC.

se as demandas corriam perante juízos possuidores da mesma competência territorial, prevento será aquele que despachou em primeiro lugar (CPC, art. 106). Não sendo o caso de identidade de competência territorial, o juízo perante o qual a primeira citação válida se operou será o prevento (CPC, art. 219).

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Jurisprudência: A existência de vara especializada em razão da matéria contempla hipótese de competência absoluta, sendo, portanto, improrrogável.

39) É possível a conexão entre a ação anulatória e a execução fiscal, em virtude da relação de prejudicialidade existente entre tais demandas, recomendando-se o simultaneus processus. Entretanto, nem sempre o reconhecimento da conexão resultará na reunião dos feitos. A modificação da competência pela conexão apenas será possível nos casos em que a competência for relativa e desde que observados os requisitos dos §§ 1º e 2º do art. 292 do CPC. A existência de vara especializada em

razão da matéria contempla hipótese de competência absoluta, sendo, portanto, improrrogável, nos termos do art. 91 c/c 102 do CPC. Dessarte, seja porque a conexão não possibilita a modificação da competência absoluta, seja porque é vedada a cumulação em juízo incompetente para apreciar uma das demandas, não é possível a reunião dos feitos no caso em análise, devendo ambas as ações tramitarem separadamente. Embora não seja permitida a reunião dos processos, havendo prejudicialidade entre a execução fiscal e a ação anulatória, cumpre ao juízo em que tramita o processo executivo decidir pela suspensão da execução, caso verifique que o débito está devidamente garantido, nos termos do art. 9º da Lei 6.830/80. (CC 105358, 1ª Seção, Min. Mauro

Campbell Marques, 2010)

a suspensão do executivo dependerá sempre de que o débito esteja plenamente garantido, pois tal condição é requisito para a admissibilidade dos embargos (LEF, art. 16, § 1º), sendo irrelevante, a esse fim, que o devedor tenha manifestado sua oposição ao título através de ação autônoma, não incidental.

Essa orientação é pacífica na jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça, como se vê do excerto de julgado abaixo.

A ação ordinária em que se discute débito fiscal somente suspende a

execução fiscal já proposta se houver garantia do juízo (AgRg no

REsp 1251021, Re;. Min. Humberto Martins, 2011).

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Art. 6º A petição inicial indicará apenas:

I – o juiz a quem é dirigida; II – o pedido; e III – o requerimento para a citação.

§ 1º A petição inicial será instruída com a Certidão da Dívida Ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse transcrita.

§ 2º A petição inicial e a Certidão de Dívida Ativa poderão

constituir um único documento, preparado inclusive por processo eletrônico. § 3º A produção de provas pela Fazenda Pública independe de

requerimento na petição inicial.

§ 4º O valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais.

Indicação, na Peça Inicial, de Bens do Devedor Passíveis de Penhora. O Art. 53 da Lei no 8.212/91

Lei 8.212/91, art. 53: inovação às execuções fiscais promovidas pela União Federal, ou por suas autarquias e fundações, consistente na possibilidade de indicação,

por parte do credor, de bens à penhora, a qual será efetivada concomitantemente com a citação inicial do devedor.

a consequência de tal proceder será a indisponibilidade imediata dos bens penhorados, independentemente de provimento judicial nesse sentido, de acordo com o § 1º do dispositivo.

entretanto, dispõe o § 2º do art. 53 que deve a penhora ser levantada se efetuado o pagamento integral do débito atualizado no prazo de dois dias úteis a contar da

citação, desde que não haja outra execução pendente. OBS: a execução pendente a que se refere a ressalva indicada só pode

ser aquela promovida pela mesma entidade integrante do pólo ativo da execução fiscal em que se realizou a penhora a ser levantada. É que não

seria razoável, v.g., manter-se a penhora de bens efetuada em execução fiscal promovida pela União Federal, após haver sido quitada a integralidade do débito exequendo, pelo simples fato de o mesmo

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devedor estar sendo chamado a responder também por outro débito em execução fiscal movida pelo INSS. Cada entidade fazendária deve

buscar garantias para a sua própria execução, não podendo se valer, para tanto, de penhora de bens realizada em executivos alheios.

CPC, art. 652, §2º: a indicação de bens à penhora manifestada na peça inicial tornou-se faculdade do credor nas execuções em geral. Com isso, as fazendas estaduais e municipais, às quais não aproveitava a disposição especialíssima do art. 53 da Lei no 8.212/91, passaram a poder invocar subsidiariamente a referida norma geral do CPC para assim procederem em relação aos seus executivos fiscais.

Cumulação de Pedidos em Execução Fiscal

CPC, arts. 292 e 573 (aplicação subsidiária): admite-se a cumulação de pedidos em execução fiscal promovida contra o mesmo devedor, devendo a petição inicial, na hipótese, fazer-se acompanhada das certidões (que espelham os títulos executivos) que sirvam de lastro às dívidas cobradas.

é dispensável que os débitos tenham vínculos entre si, bastando que possam ser exigidos de um mesmo devedor.

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Art. 7º O despacho do juiz que deferir a inicial importa em ordem para:

I – citação, pelas sucessivas modalidades previstas no art. 8º; II – penhora, se não for paga a dívida, nem garantida a execução,

por meio de depósito, fiança ou seguro garantia; (Lei nº 13.043/14) III – arresto, se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar; IV – registro da penhora ou do arresto, independentemente do

pagamento de custas ou outras despesas, observado o disposto no art. 14; e

V – avaliação dos bens penhorados ou arrestados.

Honorários Advocatícios. Fixação Inicial. Cumulação com a Verba Honorária Arbitrada nos Embargos. Honorários Devidos à União Federal

Prática judiciária corriqueira é a estipulação de verba, a título de honorários advocatícios, no momento em que é despachada a petição inicial da execução fiscal, para a hipótese em que ocorra o pagamento imediato do débito por parte do executado.

OBS: ao se eximir de adimplir sua obrigação no prazo regular o devedor age de modo injurídico, respondendo pelas despesas que o credor suportou para ajuizar o processo de cobrança forçada, incluídos aí os

honorários advocatícios, ainda que o pagamento seja efetivado logo após a citação.

CPC, art. 652-A (aplicação subsidiária): ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários de advogado a serem pagos pelo executado (art. 20, § 4º).

Atente-se à redução pela metade da verba honorária, para o caso de pagamento integral da dívida no prazo indicado no mandado de citação (parágrafo único do art. 652-A do CPC).

Possível, no caso de julgamento de improcedência dos embargos à execução, impor-se ao devedor, além dos honorários previamente fixados no despacho inicial do executivo, cumulativamente, verba sucumbencial devida

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em função da derrota na ação desconstitutiva promovida.

40) Mais do que mero incidente processual, os embargos do devedor constituem verdadeira ação de conhecimento. Neste contexto, é viável a cumulação dos honorários advocatícios fixados na ação de execução com aqueles arbitrados nos respectivos embargos do devedor (EREsp 81.755-

SC, Rel. Min. Waldemar Zveiter, DJ 2/4/2001, p. 247).

Todavia, os honorários advocatícios não são devidos na hipótese de indeferimento liminar dos embargos do devedor, ainda que o executado tenha apelado da decisão indeferitória e o exequente tenha apresentado contrarrazões ao referido recurso (como decidiu o STJ no AgRg no AREsp 182.879-RJ, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 5/3/2013 e noticiado no INF 519).

com relação à execução fiscal movida pela União Federal, não cabe a fixação de honorários, seja na fase de execução, seja nos embargos.

41) O encargo de 20% do Decreto-Lei no 1.025, de 1969, é sempre devido nas execuções fiscais da União e substitui, nos embargos, a condenação do devedor em honorários advocatícios. (Súmula 168 TFR – extinto)

OBS: tal encargo presta-se a integrar fundo para cobrir as despesas da União Federal com a arrecadação de tributos não recolhidos

voluntariamente, o que inclui não somente honorários advocatícios, mas sistemas de informática, publicações, pro labore de peritos

técnicos, avaliadores e contadores etc.

Decreto-Lei 1.569/77 (art. 3º): o encargo será reduzido a 10% se o débito for pago após a inscrição em dívida ativa, mas antes do ajuizamento da execução.

OBS: jurisprudência - após a propositura da execução fiscal, ainda que não embargada, não pode o juiz reduzi-lo, porquanto se dirige ao

custeio da cobrança como um todo (sistemas de processamento de dados, publicações, pro labore de contadores e peritos etc.), e não

apenas à verba honorária (REsp 329556, Min. Peçanha Martins).

Lei 10.522/2002, art. 37-A, §1º (redação da Lei 11.941/2009): estendeu aos créditos de autarquias e

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fundações públicas federais – exceto os do BACEN – inscritos em dívida ativa o encargo de 20%, previsto no D-L 1.025/69.

Execução Fiscal de Débito Irrisório. Indeferimento da Inicial

Prática comum por parte de muitos juízes tem sido o indeferimento de plano da peça inicial, nas execuções de débitos de valores reputados insignificantes, sob o argumento de ausência de interesse de agir por parte da Fazenda exeqüente, mas a jurisprudência, todavia, repele esse prática.

42) A extinção das ações de pequeno valor é faculdade da Administração Federal, vedada a atuação judicial de ofício. (Súmula 452 STJ)

O art. 65 da Lei nº 7.799/89, em seu parágrafo único, dispõe que o Ministro da Fazenda poderá dispensar a constituição de créditos tributários, a inscrição ou ajuizamento, bem assim determinar o cancelamento de débito de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional, observados os critérios de custos de administração e cobrança.

A regulamentação da citada previsão encontra-se em vigor através da Portaria MF nº 75, de 22 de março de 2012, que determinou o não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), excluídas as multas criminais.

OBS: Para os conselhos profissionais, entidades autárquicas federais, aplica-se a Lei 12.514/2011, prevendo esta que tais entes não executem em juízo dívidas referentes a anuidades inferiores a 4 (quatro) vezes o

valor cobrado anualmente da pessoa física ou jurídica inadimplente, sem prejuízo à realização de medidas administrativas de cobrança,

aplicação de sanções por violação da ética ou suspensão do exercício profissional (art. 8º, caput, e parágrafo único).

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Art. 8º O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados

na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:

I – a citação será feita pelo correio, com aviso de recepção, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma;

II – a citação pelo correio considera-se feita na data da entrega da carta no endereço do executado; ou, se a data for omitida, no aviso de recepção, 10 (dez) dias após a entrega da carta à agência postal;

III – se o aviso de recepção não retornar no prazo de 15 (quinze) dias da entrega da carta à agência postal, a citação será feita por oficial de justiça ou por edital;

IV – o edital de citação será afixado na sede do juízo, publicado uma só vez no órgão oficial, gratuitamente, como expediente judiciário,

com o prazo de 30 (trinta) dias, e conterá, apenas, a indicação da exequente, o nome do devedor e dos corresponsáveis, a quantia devida, a natureza da dívida, a data e o número da inscrição no

Registro da Dívida Ativa, o prazo e o endereço da sede do juízo. § 1º O executado ausente do País será citado por edital, com prazo

de 60 (sessenta) dias.

§ 2º O despacho do juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição.

Citação pelo Correio

a citação, para que o executado, no prazo de cinco dias, pague o débito total indicado na CDA ou garanta a execução, será feita pelo correio, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma (LEF, art. 8º, I).

OBS: Há entendimento do Superior Tribunal de Justiça impondo que a

citação postal, quando autorizada por lei, seja feita com aviso de recebimento (Súmula 429), mas no plano da execução fiscal tal exigência já se encontra expressa no citado dispositivo da LEF.

jurisprudência: considerando que a Fazenda Pública não está sujeita ao pagamento de custas e emolumentos e que a prática de atos judiciais de seu interesse independerá de preparo ou prévio depósito (LEF, art. 39), não se pode exigir da exequente o pagamento das despesas relacionadas à postagem da missiva, como

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condição à realização da citação postal (REsp 1076914, Rel. Min. Luiz Fux).

considera-se realizada a citação pelo correio desde que a carta tenha sido entregue no endereço do executado. A partir desse instante, passará a correr o prazo de cinco dias para pagamento ou garantia da execução fiscal.

se o aviso de recepção for omisso, a LEF, por presunção, estabelece que o prazo aludido terá início dez dias após a data da entrega da carta à agência postal (art. 8º, inciso II).

OBS: não exige a LEF, para fins de eficácia da citação pelo correio, que o executado tenha firmado, ele próprio ou por seu representante legal, o aviso de recepção (A.R.) da carta citatória. Contenta-se a normatização

específica com a entrega da missiva no endereço do executado.

no caso de o executado não ter firmado (ou o seu representante legal) o aviso de recepção, a posterior intimação da penhora deve ser pessoal (LEF, art. 12, § 3º)

Citação por Mandado e por Edital. Nomeação de Curador Especial

a inviabilidade de citação pelo correio, na execução fiscal, deve ser seguida de expedição de mandado de citação, para que o oficial de justiça, portador de fé pública, diligencie no endereço do executado e certifique ao Juízo os motivos da eventual impossibilidade de localizá-lo, arrestando-lhe os bens a garantir o débito.

43) A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais modalidades. (Súmula 414 STJ)

o prazo de cinco dias para pagamento do débito ou garantia da execução começa a fluir tão logo seja consumada a diligência citatória, somente sendo junto aos autos o mandado quando integralmente cumprido.

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OBS: como não há previsão específica na LEF, não se cogita de “citação por hora certa” na execução fiscal, de sorte que, inviabilizada a citação

pessoal, o caminho processual é o da citação editalícia (art. 8º, IV).

o executado ausente do País será necessariamente citado por edital, pouco importando que esteja em local certo e sabido, não se aplicando as disposições processuais referentes à carta rogatória, por força do comando expresso contido no art. 8º, § 1º, da LEF.

OBS: a peculiaridade, nesse caso específico, é no tocante ao prazo para o aperfeiçoamento da citação editalícia, estabelecido em sessenta dias

pela norma da LEF citada.

CPC, art. 9º, II (aplicação subsidiária): necessária a nomeação de curador especial ao executado que, citado por edital, não compareça a Juízo.

44) Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos. (Súmula 196 STJ)

Interrupção da Prescrição pelo Despacho que Ordena a Citação

O novo Código Civil, Lei no 10.406/2002, contém disposição similar, ao estatuir, em seu art. 202, inciso I,

que a prescrição é interrompida por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual.

OBS: Ao determinar a formação da relação processual, o ato do julgador

interrompe o curso da prescrição porque atesta implicitamente que a Fazenda Pública exerceu efetivamente o direito de exigir o seu crédito. Por essa razão, a partir do momento em que determinada a citação do

executado, a prescrição fica praticamente superada, somente voltando a correr em casos excepcionais (ver tópicos do art. 40 relacionados à

prescrição intercorrente).

OBS: Em relação ao crédito tributário, não era assim, antes do advento da LC 118/2005. Em sua redação original, o art. 174, parágrafo único,

inciso I, do CTN, previa que somente a citação pessoal do executado tinha o condão de interromper a prescrição. A alteração do CTN teve por

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objetivo igualar o tratamento normativo envolvendo dívida ativa tributária e não tributária, eis que a cobrança da última já se submetia

à disposição no mesmo sentido do art. 8º, §2º, da LEF. Exatamente por ter a jurisprudência dominante assentado a reserva de lei complementar para o trato da prescrição tributária, o legislador valeu-

se desse instrumento para assimilar as situações e evitar as práticas condenáveis de devedores do Fisco, que opunham embaraços às

diligências citatórias com o único intuito de ganhar tempo e auferir benefício com a eventual ocorrência da prescrição.

jurisprudência: a interrupção da prescrição, pelo despacho judicial que ordena a citação, retroage à data da propositura da ação, por aplicação subsidiária do art. 219, §1º, do CPC (Resp 1.120.295, 1ª Seção, Min. Luiz Fux)

OBS: decisão polêmica, pois a reserva de lei complementar para o trato

da prescrição tributária (CF, art. 146, III, b), em princípio, impediria a aplicação subsidiária de norma do CPC (lei ordinária).

OBS: é de se lembrar que o CTN não prevê expressamente a retroação da interrupção da prescrição tributária à data do ajuizamento da execução, sendo provável que a invocação de regra prevista em lei

ordinária (art. 219, §1º do CPC) acabe levando o Supremo Tribunal Federal a se manifestar acerca dos limites da reserva de lei

complementar prevista no art. 146, III, “b”.

ressalvou o Superior Tribunal de Justiça que a retroação prevista

no art. 219, § 1º, do CPC não ocorre quando a demora é imputável exclusivamente ao Fisco (REsp 1.228.043, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2011).

45) O prazo prescricional, interrompido pela citação válida, somente reinicia o seu curso após o trânsito em julgado do processo extinto sem julgamento do mérito (REsp 1.165.458, Rel. Min. Luiz Fux, 2010).

OBS: É que, antes do trânsito em julgado, a Fazenda Pública não

poderia renovar a propositura do executivo, diante do obstáculo da litispendência, a tornar incongruente a fluência do lapso prescricional

no período.

CTN, art. 125, III: a interrupção da prescrição contra o devedor solidário prejudica os demais.

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46) De acordo com o art. 125, III, do CTN, em combinação com o art. 8o, § 2o, da Lei no 6.830/80, a ordem de citação da pessoa jurídica interrompe a prescrição em relação ao sócio, responsável tributário pelo débito fiscal (REsp 717250/SP, 2a Turma, Min. Eliana Calmon, DJ 06/06/2005, p.

294).

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Art. 9º Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão da Dívida Ativa, o

executado poderá: I – efetuar depósito em dinheiro, à ordem do juízo em

estabelecimento oficial de crédito, que assegure atualização monetária;

II – oferecer fiança bancária ou seguro garantia; (Lei nº 13.043/14) III – nomear bens à penhora, observada a ordem do art. 11; ou IV – indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela

Fazenda Pública. § 1º O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel

à penhora com o consentimento expresso do respectivo cônjuge.

§ 2º Juntar-se-á aos autos a prova do depósito, da fiança bancária, do seguro garantia ou da penhora dos bens do executado ou de terceiros. (Lei nº 13.043/14)

§ 3º A garantia da execução, por meio de depósito em dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia, produz os mesmos efeitos da

penhora. (Lei nº 13.043/14)

§ 4º Somente o depósito em dinheiro, na forma do art. 32, faz cessar a responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora.

§ 5º A fiança bancária prevista no inciso II obedecerá às condições

preestabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. § 6º O executado poderá pagar parcela da dívida que julgar

incontroversa, e garantir a execução pelo saldo devedor.

Depósito em Dinheiro

realizado pelo executado para garantir o débito que lhe é imputado.

não se confunde com a penhora, ainda recaia esta sobre dinheiro.

OBS: penhora de dinheiro, no entanto, converte-se em depósito (LEF, art. 11, §2º).

deve ser sempre aceito pelo juiz, trazendo inegável economia processual e vantagem para o credor.

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gera a perda da disponibilidade do referido capital por parte do devedor, mas transfere à instituição depositária a obrigação de corrigi-lo e remunerá-lo, na forma dos artigos 9º, § 4º, e 32 da LEF.

OBS: se o devedor ajuíza ação anulatória de débito fiscal quando já proposta a execução fiscal pertinente ao mesmo, eventual depósito

realizado com o intuito de suspender a exigibilidade do crédito (art. 151, II, do CTN) deverá ser transformado em garantia da execução, impondo-se a reunião das ações, com o intuito de se evitar decisões conflitantes,

como já visto anteriormente. De fato, não se pode admitir a suspensão da exigibilidade de um crédito que já esteja sendo cobrado em juízo, caso em que se deve buscar, de qualquer modo, a garantia da execução

fiscal. Fiança Bancária e Seguro Garantia Judicial

Fiança bancária, em execução fiscal, consiste em garantia do débito prestada por terceiro, no caso, um banco (caução fidejussória).

Em consonância com o disposto no § 5º do art. 9º da LEF, o Conselho Monetário Nacional editou a Resolução no 724/82, estabelecendo que a fiança bancária deve conter cláusula de solidariedade, com renúncia ao benefício de ordem e declaração de que a garantia abrangerá o valor da dívida original, juros e demais encargos exigíveis, inclusive correção monetária, como indicado na CDA.

Em consonância com o disposto no § 5o do art. 9o da LEF, o Conselho Monetário Nacional editou a Resolução no 724/82, estabelecendo que a fiança bancária devia conter cláusula de solidariedade, com renúncia ao benefício de ordem e declaração de que a garantia abrange o valor da dívida original, juros e demais encargos exigíveis, inclusive correção monetária, como indicado na CDA. É fato que dita resolução foi revogada pela Resolução no 2.325/96, que alterou e consolidou todas as normas do Conselho Monetário Nacional relativas à prestação de garantias por parte das

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instituições financeiras. Ocorre que a nova resolução nada dispôs sobre as condições a serem satisfeitas para a aceitação da fiança bancária como garantia em execução fiscal. Ficou, assim, a cargo do juiz definir tais condições, sendo de se inferir que as algumas das antigas exigências definidas na Resolução no 724/82 podem ser mantidas, no particular.

Assim, para ser fiador em execução fiscal o banco deve ser uma instituição saudável financeiramente e não poderá requerer benefício de ordem, devendo assumir a condição de responsável solidário pelo valor a que se obrigar.

Todavia, a exigência de que a fiança bancária alcance a totalidade do débito indicado na CDA não subsiste. Do contrário, a própria entidade exequente sairia prejudicada, perdendo o direito de alcançar uma garantia de extrema liquidez, ainda que parcial.

Logicamente, sendo prestada fiança em montante insuficiente a abraçar o valor integral da dívida, haverá o juiz de determinar a complementação da garantia através de penhora.

A fiança há de possibilitar que, ultrapassada a fase dos embargos de devedor, com decisão favorável à Fazenda Pública, seja a instituição financeira imediatamente chamada a pagar o débito, sob pena de a execução voltar-se contra ela nos próprios autos.

OBS: só podem ser aceitas fianças concedidas por prazo indeterminado,

ou com validade até a solução final da execução fiscal. Já decidiu o STJ que a carta de fiança bancária com prazo de validade determinado não se presta à garantia da execução fiscal, pois existe o risco de inexistirem os efeitos práticos da penhora oferecida, considerando a notoriedade da afirmação de que os processos executivos fiscais têm longa duração (AgRg no REsp 1216345, Min. Cesar Asfor Rocha, 2012).

não cabe ao banco executado conceder fiança a si próprio.

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47) A fiança bancária, como toda fiança, pressupõe três pessoas distintas: o credor, o devedor-afiançado e o banco-fiador. Não é juridicamente possível que uma pessoa, in casu, a Caixa Econômica Federal, seja simultaneamente devedora-afiançada e fiadora. Inteligência do art. 1.481 do CC e do art. 9o, II, da Lei no 6.830/80 (REsp. no

62.198-SP, 2a Turma, Rel. Min. Adhemar Maciel, DJ 9/6/97, p. 25.497).

aceita a fiança bancária, poderá o devedor promover sua substituição, a qualquer tempo, por depósito em dinheiro, que possui maior liquidez.

a recíproca não é verdadeira, pois a fiança e o depósito em dinheiro não são absolutamente equivalentes.

apenas excepcionalmente, provado o benefício ao devedor sem prejuízo ao credor (CPC, art. 620), pode ser feita a substituição do depósito pela fiança.

48) O processo executivo pode ser garantido por diversas formas, mas isso não autoriza a conclusão de que os bens que as representam sejam equivalentes entre si. Por esse motivo, a legislação determina que somente o depósito em dinheiro "faz cessar a responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora" (art. 9º, § 4º, da Lei 6.830/1980) e , no montante integral, viabiliza a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art. 151, II, do CTN). Nota-se, portanto, que, por falta de amparo legal, a fiança bancária, conquanto instrumento legítimo a garantir o juízo, não possui especificamente os mesmos efeitos jurídicos do depósito em dinheiro. (...) Em conclusão, verifica-se que, regra geral, quando o juízo estiver garantido por meio de depósito em dinheiro, ou ocorrer penhora sobre ele, inexiste direito subjetivo de obter, sem anuência da Fazenda Pública, a sua substituição por fiança bancária. De modo a conciliar o dissídio entre a Primeira e a Segunda Turmas, admite-se, em caráter excepcional, a substituição de um (dinheiro) por outro (fiança bancária), mas somente quando estiver comprovada de forma irrefutável, perante a autoridade judicial, a necessidade de aplicação do princípio da menor onerosidade (art. 620 do CPC), situação inexistente nos autos (REsp 1.077.039, Min. Mauro Campbell Marques).

OBS: O Procurador-Geral da Fazenda Nacional editou a Portaria PGFN nº 644/2009, de modo a estabelecer “critérios e condições para

aceitação de carta de fiança bancária” no âmbito do órgão que dirige. A par de definir os contornos administrativos envolvidos na aceitação da fiança bancária em garantia de créditos da União Federal, estabeleceu

que a carta de fiança bancária somente poderá ser aceita se sua

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apresentação ocorrer antes de depósito ou de decisão judicial que determine a penhora em dinheiro (art. 3º). Trata-se de norma que não

vincula a convicção do juiz, à evidência.

CPC, art. 656, § 2º (redação dada pela Lei 11.382/2006): aplicável às execuções em geral, permite ao executado substituir a penhora por fiança bancária ou seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito, mais 30% (trinta por cento).

Havia quem sustentasse aplicável aos executivos fiscais tal previsão, o que validaria a aceitação do seguro como garantia do crédito da Fazenda Pública, mesmo não estando previsto especificamente na redação original do art. 9º da LEF.

OBS: a PGFN editou a Portaria nº 164/2014, regulamentando o oferecimento e a aceitação do seguro garantia em execuções fiscais, sem

a exigência dos 30% adicionais previstos no CPC (inclusive em valor inferior ao do débito em cobrança), mas desde que sua apresentação ocorra antes de depósito ou da efetivação da constrição em dinheiro,

decorrente de penhora, arresto ou outra medida judicial.

A discussão em torno do tema foi resolvida coma edição da Lei nº 13.043/14, que alterou os artigos 7º, inciso II; 9º, inciso II, §§2º e 3º; 15, inciso I; e 16, inciso II da LEF, passando a prever expressamente a possibilidade de oferecimento de seguro garantia em execução fiscal,

conferindo-lhe status análogo ao da fiança bancária, sem exigir o adicional de 30% previsto no CPC.

para viabilizar a aceitação do seguro garantia em execução fiscal, deve se exigir que ostente ele as mesmas características tradicionalmente exigidas para a aceitação da fiança bancária, quais sejam, a cláusula de solidariedade com renúncia ao benefício de ordem, idoneidade da instituição garantidora e prazo indeterminado ou relacionado à duração do processo.

viabilizado pelo juiz o seguro garantia no processo da execução fiscal, à seguradora devem ser impostas as mesmas consequências legais (LEF, art. 19, II) a que o banco fiador se submete nos casos em que não forem

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oferecidos embargos pelo executado ou naqueles em que haja rejeição dos embargos.

Nomeação de Bens à Penhora

ato despido de maiores formalidades, podendo ser a indicação realizada diretamente ao oficial de justiça em diligência.

a nomeação deve obedecer à ordem do art. 11, sob pena de recusa da Fazenda e indeferimento pelo juiz.

Indicação de Bens de Terceiros

executado poderá indicar à penhora bens de terceiro, devidamente autorizado por este (e pelo respectivo cônjuge, caso se trate de bem imóvel).

a penhora, nesse caso, dependerá da concordância expressa da Fazenda Pública credora, que deverá ser chamada pelo juízo a se manifestar sobre a indicação feita pelo devedor, caso não tenha concordado previamente.

o terceiro que tenha dado o bem em garantia de débito alheio não se torna responsável solidário por tal débito, ao contrário do que ocorre com o banco fiador. Obem penhorado é que se sujeitará à eventual arrematação, mas não poderá ir à leilão sem que o terceiro seja chamado a resgatá-lo (art. 19, I, da LEF)

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Art. 10. Não ocorrendo o pagamento, nem a garantia da execução de

que trata o art. 9º, a penhora poderá recair em qualquer bem do executado, exceto os que a lei declare absolutamente impenhoráveis.

Penhora por Oficial de Justiça e Gradação Legal

não havendo pagamento do débito ou garantia da execução pelo devedor, a penhora poderá ser realizada livremente, excetuando-se unicamente os bens declarados por lei absolutamente impenhoráveis.

OBS: sempre que possível, deve ser observada a ordem do art. 11 da LEF, construída a partir de critérios de liquidez e, portanto, visando à rápida satisfação do crédito em jogo.

Impenhorabilidade Absoluta e Execução Fiscal

os bens que a lei declare absolutamente impenhoráveis não poderão ser penhorados em execução fiscal (como, de resto, em qualquer execução).

regra de sentido idêntico encontra-se no art. 30 da LEF, que, aliás, é reprodução quase fiel do comando do art. 184 do CTN.

CPC, art. 649: rol de bens absolutamente impenhoráveis, nos seus incisos II a XI.

OBS: a impenhorabilidade estabelecida no item I do art. 649 do CPC (os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução) se choca com a já citada regra do art. 30 da LEF, segundo a qual respondem pelo pagamento da dívida ativa os bens gravados com

cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade. Assim, não se aplica ela aos executivos fiscais.

OBS: verba alimentar – proveniente de salário, proventos etc. – não pode ser penhorada (CPC, art. 649, IV). Entretanto, as sobras aplicadas em fundos de investimento perdem o atributo da impenhorabilidade

absoluta, por não se revelarem vitais ao devedor ou à sua família. Não se deve perder de vista que a execução se faz no interesse do credor

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(CPC, art. 612). Ver REsp 1.330.567-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/5/2013, INF 523.

conquanto não possam ser penhorados em execução fiscal bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis (arts. 10 e 30 da LEF), os bens clausulados, tratados no art. 649, I, do CPC, prestam-se a garantir os débitos para com a Fazenda Pública, por isso que o ato voluntário do particular tornando-os impenhoráveis e inalienáveis não é oponível ao Fisco.

Bem de Família

Lei 8.009/90 (art. 1º): O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é absolutamente impenhorável também na execução fiscal.

a não sujeição do bem de família, registrado como tal, à execução por dívidas não se confunde com a impenhorabilidade da Lei no 8.009/90, que não revogou os arts. 70 a 73 do Código Civil de 1916, cujas disposições foram substituídas pelas dos arts. 1.711 a 1.722 do novo Código (Lei no 10.406/2002).

dessa forma, não configurada a hipótese do art. 1º da Lei 8.009/90, o registro de que trata o art. 1.714 do novo Código Civil tornará o bem meramente clausulado, o que, a teor do art. 30 da LEF, não impede a penhora em execução fiscal.

por outro lado, é desnecessário o registro para que se possa invocar a proteção da Lei 8.009/90. Todavia, sendo vários os imóveis utilizados como residência da entidade familiar e apenas um deles ostentando o registro aludido, nele recairá a impenhorabilidade (Lei 8.009/90, art. 5º).

a impenhorabilidade compreende não somente o imóvel, mas as eventuais plantações e benfeitorias de qualquer natureza, além dos equipamentos ou móveis que

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guarnecem a casa (desde que quitados), excluindo-se apenas os veículos de transporte, as obras de arte e os adornos suntuosos.

OBS: jurisprudência: somente os aparelhos que excedam, em número, às necessidades familiares estão desabrigados da impenhorabilidade prevista na Lei no.009/90. É bem verdade que a impenhorabilidade não

deve ser estendida desmedidamente, para alcançar bens voluptuários ou supérfluos (v.g., máquinas de fliperama e aparelhagens de home-theater), pois a benesse legal, à luz de sua teleologia, protege, em última análise, a dignidade do executado e de sua família, abrigando, portanto, a residência e, em adição, apenas o que usualmente se mantém na

mesma.

A Lei 11.382/2006 alterou o inciso II do art. 649 do CPC, tornando explicitamente impenhoráveis os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida.

OBS: jurisprudência: admite a extensão do benefício da impenhorabilidade do bem de família para o dinheiro depositado em

caderneta de poupança com vinculação à cláusula contratual de garantia para a aquisição de imóvel de moradia familiar (STJ, REsp. no 707623, Rel. Min. Herman Benjamin).

49) O conceito de impenhorabilidade do bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas (STJ,

Súmula 364). 50) A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora (STJ, Súmula 449).

OBS: jurisprudência - havendo separação dos cônjuges, a entidade familiar, para efeitos de impenhorabilidade de bem, não se extingue, ao revés, surge uma duplicidade da entidade, composta pelos excônjuges varão e virago. Por isso, ainda que já tenha sido beneficiado o devedor, com a exclusão da penhora sobre bem que acabou por incorporar ao patrimônio do ex-cônjuge, não lhe retira o direito de invocar a proteção legal quando um novo lar é constituído (REsp. no 859937, 1a Turma,

Rel. Min. Luiz Fux).

a Lei 8.009/90 contém hipóteses de inoponibilidade da impenhorabilidade do bem de família, especialmente

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relevantes no contexto das execuções fiscais. As mais visualizáveis são as seguintes:

a) execuções fiscais movidas em razão de não recolhimento de contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração creditada aos trabalhadores da própria residência (art. 3o, inciso

I);

b) execuções fiscais movidas para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar (art. 3o, inciso IV);

c) execuções fiscais movidas por obrigação decorrente de fiança

concedida em contrato de locação (art. 3o, inciso VII); e d) execuções fiscais diversas, quando o devedor, sabendo-se

insolvente, tenha adquirido de má-fé – devidamente comprovada – imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga (art. 4o, caput).

Reconhecimento Judicial de Ofício da Impenhorabilidade Absoluta

há que sustente que, como as normas acerca da impenhorabilidade tutelam interesses privados, seria lícito ao executado nomear bem impenhorável, renunciando tacitamente ao benefício legal.

jurisprudência: a penhora de bem considerado absolutamente impenhorável gera nulidade absoluta, que deve ser conhecida de ofício pelo juiz.

51) Inobstante a indicação do bem pelo próprio devedor, não há que se falar em renúncia ao benefício de impenhorabilidade absoluta, constante do artigo 649 do CPC. A ratio essendi do artigo 649 do CPC decorre da necessidade de proteção a certos valores universais considerados de maior importância, quais sejam o Direito à vida, ao trabalho, à sobrevivência, à proteção à família. Trata-se de defesa de direito fundamental da pessoa humana, insculpida em norma infraconstitucional. Há que ser reconhecida nulidade absoluta da penhora quando esta recai sobre bens absolutamente impenhoráveis. Cuida-se de matéria de ordem pública, cabendo ao magistrado, de ofício, resguardar o comando insculpido no artigo 649 do CPC. Tratando-se de norma cogente que contém princípio de ordem pública, sua inobservância gera nulidade absoluta consoante a jurisprudência assente neste STJ

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(REsp 864962, 2ª Turma, Min. Mauro Campbell Marques, 04/02/2010).

52) A proteção legal conferida ao bem de família pela Lei 8.009/1990 não pode ser afastada por renúncia do devedor ao privilégio, pois é princípio de ordem pública, prevalente sobre a vontade manifestada (AgRg nos EREsp 888654, 2ª Seção, Min. João Otávio de Noronha, 14/03/2011).

OBS: as normas que tratam de impenhorabilidade absoluta são de ordem pública, cogentes, e, por tal razão, sua violação caracteriza

nulidade absoluta, passível de reconhecimento judicial independentemente de provocação do executado. Não se deve olvidar

que se trata de proteção do “necessário físico” da pessoa, certo que, por exemplo, a penhora do imóvel residencial do executado não afeta apenas os interesses pessoais do mesmo, mas a tranquilidade e a

dignidade de sua família, alvos inegáveis da proteção concebida pelo legislador. Entretanto, finda a execução, não há mais espaço para se

invocar a proteção legal consistente na impenhorabilidade, cuja aplicação extemporânea estaria a violar a segurança jurídica e o interesse do arrematante, terceiro de boa-fé.

Ausência de Garantia. Conseqüências

Quando o devedor, citado, deixa de oferecer garantia ao débito no prazo legal e o oficial de justiça não logra realizar a chamada penhora coercitiva, de que trata o comentado art. 10 da LEF, em razão da não localização de bens passíveis de constrição, o procedimento da execução fiscal entra em crise, fato que acaba levando à suspensão do andamento do feito e, com o passar do tempo, à consumação da prescrição intercorrente (art. 40 da LEF).

CTN, art. 185-A: caso o débito tributário não possa ser garantido por inércia do executado e ausência de dados relacionados a bens penhoráveis, o juiz da execução fiscal deverá, de ofício, decretar a indisponibilidade de eventuais bens e direitos de titularidade do devedor, até o valor atualizado da dívida, comunicando a decisão a órgãos responsáveis por registros de transferência de propriedade de bens móveis e imóveis, como DETRAN (veículos automotores), Capitania dos Portos (embarcações), Registro Aeronáutico Brasileiro

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(aeronaves), RGI (imóveis), Banco Central (depósitos e aplicações financeiras) etc.

OBS: o objetivo maior da medida reside na identificação de bens penhoráveis, a fim de se viabilizar o prosseguimento da execução fiscal. Daí o sentido da disposição do § 2º do art. 185-A do CTN, a estabelecer

que o juízo da execução fiscal deverá receber dos órgãos aludidos informações a respeito de bens e direitos registrados em nome do

executado.

a inovação normativa examinada, porque localizada no texto do Código Tributário Nacional, aplica-se exclusivamente às execuções de dívida ativa tributária.

OBS: estude os tópicos relativos à penhora “on line” no próximo artigo.

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Art. 11. A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem:

I – dinheiro; II – título da dívida pública, bem como título de crédito, que

tenham cotação em Bolsa;

III – pedras e metais preciosos; IV – imóveis; V – navios e aeronaves;

VI – veículos; VII – móveis ou semoventes; e VIII – direitos e ações.

§ 1º Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre

estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em plantações ou edifícios em construção.

§ 2º A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do art. 9º.

§ 3º O juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda Pública exequente, sempre que

esta o requerer, em qualquer fase do processo.

Ordem de Penhora e Substituição dos Bens Penhorados

deixar de lado a ordem do art. 11 da LEF é algo excepcional, somente aceitável quando as peculiaridades do caso concreto e o interesse das partes o recomendem.

LEF, art. 15, II: parece permitir que, a requerimento exclusivo do credor, possa a gradação em tela ser desobedecida. Não é essa, contudo, a melhor conclusão.

se a Fazenda credora requerer, em execução fiscal, a substituição de bens penhorados por outros, em desrespeito à ordem do art. 11 da LEF, pode e deve o julgador exigir a justificativa correlata, sob pena de indeferimento da pretensão.

OBS: por justificativa, entenda-se motivo razoável e justo para a substituição, como, v. g., a deterioração do bem penhorado ou a sua

provável difícil aceitação em futuro leilão. Assim, a) o devedor pode obter a substituição de bens penhorados não somente por depósito em

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dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia, mas também por outros bens, desde que com tal providência anua o credor; e b) o credor pode

pleitear a substituição de bens penhorados, independentemente da ordem enumerada no art. 11, ficando o acolhimento de seu pedido subordinado à existência de justo motivo, a critério do Juiz.

Penhora em Dinheiro e Sigilo Bancário. Penhora “On-Line”

a penhora deve recair, preferencialmente, em dinheiro (LEF, art. 11, I), porque isso afasta a necessidade de diversos atos, no curso do executivo, tais como avaliação, registro, intimação de terceiro para eventual remição, leilão (e todas as providências correlatas), arrematação, adjudicação etc.

como a penhora em dinheiro será transformada em depósito (LEF, art. 11, § 2º), a única providência a ser tomada, em caso de rejeição dos embargos do devedor por sentença transitada em julgado ou não oferecimento destes, será a entrega da quantia depositada à Fazenda credora (“conversão em renda”), extinguindo-se a execução com a medida.

53) Na execução contra instituição financeira, é penhorável o numerário disponível, excluídas as reservas bancárias mantidas no Banco Central (Súmula 328 STJ).

para viabilizar a penhora em dinheiro, tem sido comum a utilização da chamada penhora on-line, que consiste em medida através da qual o juiz acessa por senha o sistema informatizado do Banco Central (BACENJUD) e torna indisponíveis os depósitos bancários do executado até o limite do valor do débito a garantir.

CPC, art. 655-A: aplicação subsidiária aos executivos fiscais.

mesmo em se tratando de dívida ativa tributária, a citada norma tem prevalência diante da do art. 185-A do

CTN, que só admite a penhora on-line depois de

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esgotadas as tentativas de localização de bens penhoráveis.

54) A interpretação das alterações efetuadas no CPC não pode resultar no absurdo lógico de colocar o credor privado em situação melhor que o credor público, principalmente no que diz respeito à cobrança do crédito tributário, que deriva do dever fundamental de pagar tributos (arts. 145 e seguintes da Constituição Federal de 1988). Em interpretação sistemática do ordenamento jurídico, na busca de uma maior eficácia material do provimento jurisdicional, deve-se conjugar o art. 185-A, do CTN, com o art. 11 da Lei no 6.830/80 e arts. 655 e 655-A, do CPC, para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, independentemente do esgotamento de diligências para encontrar outros bens penhoráveis. Em suma, para as decisões proferidas a partir de 20.1.2007 (data da entrada em vigor da Lei no 11.038/2006), em execução fiscal por crédito tributário ou não, aplica-se o disposto no art. 655-A do Código de Processo Civil, posto que compatível com o art. 185-A do CTN (REsp. 1074228, Rel. Min. Mauro Campbell Marques).

a alegação, pelo devedor, do princípio da menor onerosidade (CPC, art. 620), não pode ser aceita genericamente, devendo haver comprovação de que no caso específico a penhora on-line pode causar graves prejuízos, com indicação de alternativa que viabilize a satisfação do direito do credor.

55) A tese de violação ao princípio da menor onerosidade não pode ser defendida de modo genérico ou simplesmente retórico, cabendo à parte executada a comprovação, inequívoca, dos prejuízos a serem efetivamente suportados, bem como da possibilidade, sem comprometimento dos objetivos do processo de execução, de satisfação da pretensão creditória por outros meios (AgRg no REsp 1051276, Rel.

Min. Herman Benjamin).

Se a penhora online recair sobre verba alimentar –salário, proventos etc –, deve ser imediatamente levantada pelo julgador, em respeito à regra de impenhorabilidade prevista no CPC, art. 649, inciso IV.

Entretanto, as sobras aplicadas em fundos de investimento perdem o atributo da impenhorabilidade absoluta, por não se revelarem vitais ao devedor ou à sua família (REsp 1.330.567-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/5/2013).

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OBS: lembrando-se sempre que a execução se faz no interesse do credor (CPC, art. 612).

Os valores depositados em nome das filiais estão sujeitos à penhora por dívidas tributárias da matriz. Esse entendimento, manifestado pelo STJ, baseia-se em que limitar a satisfação do crédito público, notadamente do crédito tributário, apenas ao patrimônio do estabelecimento que participou da situação caracterizada como fato gerador é adotar interpretação absurda e odiosa, afirmando ainda que a obrigação de que cada estabelecimento se inscreva com número próprio no CNPJ tem especial relevância para a atividade fiscalizatória da administração tributária, não afastando a unidade patrimonial da empresa (REsp 1.355.812-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22/5/2013).

OBS: do contrário, estaria aberto o caminho para inúmeras fraudes contra interesses fazendários, mediante desvio de patrimônio de

unidades inadimplentes para unidades regulares de uma mesma pessoa jurídica.

Penhora de Cotas Sociais

nada obsta à penhora de cotas de sociedade de responsabilidade limitada, em execução movida contra o titular das mesmas, sendo irrelevante que o contrato social respectivo contenha vedação expressa.

Em execução fiscal, a penhora de cotas sociais encontra respaldo no rol do art. 11 da LEF, pois se encaixa no inciso VIII da referida disposição (“direitos e ações”).

OBS: Distinção haverá no tocante aos efeitos que tal penhora irá gerar

para a sociedade, de acordo com a existência, ou não, de restrição contratual – explícita ou implícita – a que o arrematante das mesmas venha a se tornar sócio.

56) Os efeitos da penhora incidente sobre as cotas sociais hão de ser determinados em atenção aos princípios societários, considerando-se haver, ou não, no contrato social proibição à livre alienação das mesmas. Havendo restrição contratual, deve ser facultado à sociedade, na

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qualidade de terceira interessada, remir a execução, remir o bem ou conceder-se a ela e aos demais sócios a preferência na aquisição das cotas, a tanto por tanto (CPC, arts. 1.117, 1.118 e 1.119). Não havendo limitação no ato constitutivo, nada impede que a cota seja arrematada com inclusão de todos os direitos a ela concernentes, inclusive o status

de sócio (REsp 36.909-SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, RSTJ 69/386).

O Superior Tribunal de Justiça também valida a penhora da própria sede da empresa

57) É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial (Súmula 451 STJ).

Penhora de Títulos da Dívida Pública. Precatório

quando tiverem cotação em bolsa, terão prioridade quase absoluta, juntamente com os títulos de crédito nas mesmas condições, nas execuções fiscais (LEF, art. 11, II)

OBS: a jurisprudência considera que os títulos sem cotação em bolsa ocupam a última posição na gradação do art. 11 da LEF (“direitos e ações”). Modernamente, diante da dificuldade de alienação de tais

títulos, o STJ vem validando a recusa da Fazenda exeqüente em que sejam penhorados.

58) É legítima a recusa pela exeqüente de nomeação à penhora de bem de difícil alienação, in casu, as apólices da dívida pública, sem cotação na Bolsa de Valores (AgRg nos EAg 1148740/SC, 1ª Seção, Min. Luiz Fux).

CPC, art. 682: aplicação subsidiária aos executivos fiscais, a determinar que o valor dos títulos será o da

cotação oficial do dia, provada por certidão ou publicação no órgão oficial.

o precatório é um título de crédito em face do Poder Público sem cotação em bolsa, enquadrando-se em posição subalterna no rol do art. 11 da LEF (inciso VIII – “direitos e ações”).

OBS: Pelo mesmo critério de diminuta liquidez, a Corte Superior sumulou a orientação que chancela a recusa de penhora nesse caso.

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59) A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório (Súmula 406 STJ).

Na mesma linha, em execução fiscal, quando o devedor, citado para pagar ou garantir a dívida, nomeia um precatório à penhora, cabe ao procurador fazendário manifestar ao juiz a recusa à nomeação.

Enquadrando-se como “direito e ação”, o precatório está situado no último inciso do rol do art. 11 da Lei 6.830/80, que estabelece a gradação para fins de penhora.

OBS: não é que o precatório, direito de crédito, não possa ser

penhorado, mas somente quando ficar demonstrada a inexistência de outros bens que possam garantir a dívida em cobrança. Por isso, decidiu, acertadamente, o STJ que o entendimento extraído de sua

citada Súmula 406 também viabiliza a recusa da oferta do precatório na primeira nomeação feita pelo devedor (AgRg nos EDcl no REsp 1331769, Rel. Sérgio Kukina, DJe 30/10/2013).

Penhora de Faturamento. Termo Inicial do Prazo para Embargos

não se confunde com a penhora em dinheiro, que ocupa o primeiro posto na ordem de preferência do art. 11 da

LEF e pressupõe numerário existente, certo, determinado e disponível no patrimônio do executado.

penhora de faturamento - constrição que recai sobre percentual de renda futura e incerta da empresa executada, justificável apenas em hipóteses excepcionais, vale dizer, quando restar evidenciada a impossibilidade de penhora dos bens arrolados no art. 11 da LEF, incisos I a VIII.

a penhora de renda da empresa equivale à penhora do próprio estabelecimento, encaixando-se na previsão excepcional do art. 11, § 1º, da LEF.

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CPC, art. 655-A, § 3º: aplicação subsidiária - na penhora de percentual do faturamento da empresa executada será nomeado depositário, com a atribuição de submeter à aprovação judicial a forma de efetivação da constrição, bem como de prestar contas mensalmente, entregando ao exequente as quantias recebidas, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida.

OBS: o correto é que sejam as parcelas depositadas em juízo, enquanto estiverem pendentes de decisão final os embargos à execução fiscal.

Jurisprudência do STJ: a penhora sobre o faturamento deve ser feita mediante percentual que não inviabilize a atividade empresarial.

60) A jurisprudência desta Corte é assente quanto à possibilidade de a penhora recair, em caráter excepcional, sobre o faturamento da empresa, desde que observadas, cumulativamente, as condições previstas na legislação processual (arts. 655-A, § 3º, do CPC) e o percentual fixado não torne inviável o exercício da atividade empresarial (AgRg no REsp 1187671, 2ª Turma, Min. Castro Meira)

o prazo dos embargos, inicia-se a partir do instante em que é o mesmo intimado da penhora de seu faturamento, não quando do aperfeiçoamento da garantia de todo o débito.

OBS: isso evita que a empresa devedora fique um longo período submissa à penhora do seu faturamento mensal sem poder embargar a execução. Assim, tempera-se a previsão de que não são admissíveis

embargos do executado antes de garantida a execução (LEF, art. 16, §1º). Nessa linha, a recente jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça indica: 60-A) Em se tratando de penhora sobre o faturamento, o prazo de trinta dias para o oferecimento dos embargos é contado da intimação da penhora (art. 16, III, da Lei 6.830). A vedação contida no art. 16, § 1º, da Lei 6.830/80 - "não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução" - não tem o condão de alterar o termo inicial do prazo para os embargos (para que seja contado da data em que houve o primeiro "depósito" mensal) (AgRg no AREsp 161371, Min. Mauro Campbell marques, 2012).

Depositário Infiel. Prisão

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CPC, art. 665, IV: aplicável subsidiariamente ao executivo fiscal, indicando que do auto – ou do termo – de penhora deve constar a nomeação do depositário dos bens.

o depositário é auxiliar da justiça e o encargo correlato encontra-se delineado nos arts. 148 a 150 do CPC.

fica o titular do múnus obrigado, uma vez instado pelo juízo, a apresentar o bem penhorado no estado em que se encontrava quando lhe foi confiado, pois sua obrigação não é apenas de guarda, mas de conservação da coisa penhorada.

Jurisprudência: o depositário que aceita inicialmente o encargo, mas, depois, de forma justificada, explica que não pode mais arcar com tal ônus, dele deve ser liberado, eis que não pode ser obrigado a fazer o que a lei não lhe impõe (CF, art. 5º, II).

61) O encargo de depositário de bens penhorados pode ser expressamente recusado (Súmula 319 STJ).

ao julgar os HCs nos 87.585 e 92.566, da relatoria do Ministro Marco Aurélio, orientou-se o Supremo Tribunal Federal pela inviabilidade jurídica da custódia do depositário infiel, ao decidir que a prisão civil no Brasil está restrita ao caso de inadimplemento voluntário e inescusável de pensão alimentícia.

OBS: Assim, restam prejudicadas as normas legais que tratam de

aspectos relacionados à prisão do depositário infiel (como as do art. 666, § 3º, do CPC, com a redação dada pela Lei no 11.382/2006, e do art. 652 do Código Civil), bem assim as súmulas correlatas dos

tribunais (v.g. Súmula 619 do STF e Súmulas 304 e 305 do STJ).

62) É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito (Súmula Vinculante 25 STF).

63) Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel (Súmula 419 STJ).

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de todo modo, caracterizada a infidelidade do depositário, responderá ele pelos prejuízos que, dolosa ou culposamente, tiver causado à parte (CPC, art. 150), podendo ainda ser punido atentado ao exercício da jurisdição (CPC, art. 14, V e parágrafo único).

nos casos em que o próprio executado for o depositário infiel, poderá ver sua conduta enquadrada como

atentatória à dignidade da Justiça, caso em que suportará a imposição de multa, fixada pelo juiz em até 20% do montante do débito, que reverterá em proveito do credor e poderá ser cobrada nos próprios autos da execução fiscal (CPC, arts. 599 a 601).

64) a desídia do depositário de bem perecível, não o oferecendo a alienação antecipada, traduz infidelidade (RHC no 12.572-GO, 2a

Turma, Rel.a Min.a Eliana Calmon, DJ 5/8/2002, p. 219).

Descaracteriza-se a infidelidade no caso de roubou ou furto da coisa, ou em outros em que fique evidenciado que o depositário não agiu de modo a responder pela perda, extravio ou inutilização do bem.

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Art. 12. Na execução fiscal, far-se-á a intimação da penhora ao executado, mediante publicação, no órgão oficial, do ato de juntada

do termo ou do auto de penhora. § 1º Nas comarcas do interior dos Estados, a intimação poderá ser

feita pela remessa de cópia do termo ou do auto de penhora, pelo correio, na forma estabelecida no art. 8o, I e II, para a citação.

§ 2º Se a penhora recair sobre imóvel, far-se-á a intimação ao cônjuge, observadas as normas previstas para a citação.

§ 3º Far-se-á a intimação da penhora pessoalmente ao executado se, na citação feita pelo correio, o aviso de recepção não contiver a

assinatura do próprio executado, ou de seu representante legal.

Intimação da Penhora

ato relevante no contexto da execução fiscal, pois marca o início do prazo para o oferecimento de embargos (art. 16).

Regra: publicação, no órgão oficial, do ato de juntada do termo ou do auto de penhora (art. 12, caput).

OBS: dispensa-se a intimação quando executado é intimado

pessoalmente da constrição, o que ocorre frequentemente, por estar o mesmo, em regra, na posse do bem, do qual será, também em regra,

nomeado depositário.

65) Total pertinência tem a Súmula no 12, do TRF da 4a Região quando estabelece que “na execução fiscal, quando a ciência da penhora for pessoal, o prazo para a oposição dos embargos do devedor inicia no dia seguinte ao da intimação deste” (REsp 200.351-RS, 2a Turma, Rel. Min.

Franciulli Netto, DJ 19/6/2000, p. 131).

OBS: deve o oficial de justiça advertir o executado de que a partir daquele ato (intimação pessoal da penhora) começará a correr o prazo

de trinta dias para opor embargos.

O comparecimento espontâneo do devedor pode suprir a ausência de citação, mas não a de intimação da penhora, na leitura do STJ.

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66) O comparecimento espontâneo do executado, após a efetivação da penhora, não supre a necessidade de sua intimação com a advertência do prazo para o oferecimento dos embargos à execução fiscal. (AgRg no REsp 1358204, Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em

07/03/2013) OBS: Se, no processo de conhecimento, o comparecimento espontâneo

do réu supre a ausência de citação e marca o início do prazo para o oferecimento de contestação, não vejo porque o mesmo não se deva observar quando o executado comparece aos autos da execução fiscal

após a formalização da penhora, mutatis mutandis. Exigir que ele seja intimado de um ato – penhora – do qual se presume já tenha tido

ciência – afinal, ingressou nos autos depois de sua realização – parece-me uma demasia. De todo modo, o STJ se mostra coerente com orientação que já vinha adotando previamente, no sentido de que a

intimação da penhora só é válida quando o executado é alertado sobre o início do prazo de 30 dias para embargar a execução fiscal, devendo tal

advertência constar expressamente do mandado.

comarcas de interior dos Estados: desde que o executado não tenha sido intimado pessoalmente da

penhora, a intimação será feita por via postal, na forma estabelecida no art. 8º, I e II, para a citação (LEF, art. 12, § 2º).

OBS: CPC, art. 738 – não pode ser aplicado subsidiariamente: nas execuções fiscais permanece vigente a regra especial fixada no art. 16, § 1º, da LEF, que estabelece, como pressuposto da ação de embargos, a

garantia do débito.

Intimação da Penhora ao Executado Não Localizado

se a citação tiver sido realizada pessoalmente por mandado ou por via postal, tendo o executado, no último caso, firmado, ele próprio ou por seu representante, o AR: a intimação da penhora é realizada

na forma expressa do art. 12, caput, da LEF, ou seja, através da publicação na imprensa oficial do ato de juntada aos autos do termo ou auto de penhora.

mas, se o executado não foi citado pessoalmente, por mandado, ou não assinou o aviso de recepção da carta citatória, a LEF determina a intimação pessoal da penhora (art. 12, § 3º).

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não sendo possível a intimação pessoal da penhora, por estar o executado em local incerto e não sabido, anula-se a citação, convertendo-se a penhora em arresto.

estando o executado em local incerto e não sabido (ou no exterior), deve ser citado por edital e, caso não compareça, será nomeado ao mesmo curador especial, com legitimidade para propositura de embargos (Súmula 196 do STJ), devendo o aludido curador ser intimado pessoalmente da penhora.

Intimação do Cônjuge do Executado

LEF, art. 12, § 2º: se a penhora recair em bem imóvel, será necessária a intimação do cônjuge do executado, observando-se as formalidades estabelecidas para a citação.

Sana-se o vício se o cônjuge do executado ajuíza embargos de terceiro, demonstrando inequívoca ciência da constrição.

67) Embora intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do executado pode opor embargos de terceiro para defesa de sua meação (Súmula 134 STJ).

os bens indivisíveis, de propriedade comum decorrente do regime da comunhão no casamento, podem ser penhorados e leiloados, reservando-se ao cônjuge meeiro, estranho à execução, a metade do preço alcançado na arrematação (CPC, art. 655-B).

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Art. 13. O termo ou auto de penhora conterá, também, a avaliação dos bens penhorados, efetuada por quem o lavrar.

§ 1º Impugnada a avaliação, pelo executado, ou pela Fazenda Pública, antes de publicado o edital de leilão, o juiz, ouvida a outra

parte, nomeará avaliador oficial para proceder a nova avaliação dos bens penhorados.

§ 2º Se não houver, na comarca, avaliador oficial ou este não puder apresentar o laudo de avaliação no prazo de 15 (quinze) dias, será

nomeada pessoa ou entidade habilitada, a critério do juiz. § 3º Apresentado o laudo, o juiz decidirá de plano sobre a avaliação.

Avaliação dos Bens Penhorados

termo de penhora: lavrado em cartório na hipótese em que a penhora é efetuada após nomeação, pelo devedor, de bens próprios ou de terceiros.

o termo deverá fazer referência ao valor atribuído aos bens pelo próprio executado, que os nomeou, o que significa que o escrivão, ao lavrá-lo, irá, meramente, consignar a avaliação realizada pelo devedor.

auto de penhora: tem lugar quando a penhora é feita em diligência levada a cabo pelo oficial de justiça.

OBS: não se deve esquecer que o despacho do juiz que ordenar a citação importa também em ordem implícita para penhora (ou arresto),

registro e avaliação dos bens penhorados (LEF, art. 7º, incisos I a V).

sendo a penhora realizada por oficial de justiça, este deve realizar avaliação prévia dos bens objeto da constrição, eis que esta deverá se aproximar, o quanto possível, do valor integral e atualizado do débito objeto da execução fiscal.

OBS: o oficial de justiça deve possuir conhecimentos de técnica de avaliação, merecendo o cargo respectivo, em alguns estados, a

denominação Oficial de Justiça Avaliador (OJA). No exercício da função, pode o oficial buscar subsídios em outras sedes e até mesmo através de

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contato com peritos ou avaliadores oficiais, se houver, tencionando sempre a fixação do valor mais aproximado do bem penhorado.

importância da correta avaliação dos bens penhorados em execução fiscal: a) caracterizará, eventualmente, excesso ou insuficiência de penhora, ensejando as necessárias medidas correlatas

(levantamento ou reforço de penhora, respectivamente);

b) norteará a adjudicação dos bens penhorados, pela Fazenda Pública, antes do leilão (adjudicação direta) ou após o leilão negativo, a teor do art. 24 da LEF;

c) norteará, também, a remição dos bens penhorados, pelo

terceiro proprietário (LEF, art. 19, I); d) poderá determinar a necessidade de segundo leilão, mesmo

tendo sido o primeiro positivo, na forma do entendimento cristalizado na Súmula no 128 do Superior Tribunal de Justiça (Na execução fiscal haverá segundo leilão, se no primeiro não houver lanço superior à avaliação); e

e) poderá vir a caracterizar a nulidade da arrematação, por preço vil, mediante aplicação subsidiária do comando extraído do art. 692 do CPC (Não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão, ofereça preço vil).

Não há nulidade na inexistência de avaliação no auto de penhora, pois a qualquer momento pode ser realizada, sendo que a penhora também pode a qualquer tempo ser reforçada.

Impugnação da Avaliação e Decisão no Incidente

em qualquer caso e até a publicação do edital de leilão, estará autorizada a impugnação da avaliação prévia, realizada pelo oficial de justiça, ou do valor que o executado tenha atribuído aos bens penhorados após nomeação realizada pelo próprio, devendo o juiz, após ouvir a outra parte, nomear avaliador oficial ou pessoa ou entidade habilitada, para proceder à nova avaliação (LEF, art. 13, §§ 1º e 2º).

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as impugnações meramente protelatórias, despidas de fundamentação razoável, deverão ser rechaçadas de plano pelo Juiz.

caso contrário, deverá o julgador nomear avaliador habilitado para apresentar laudo atestando o valor de mercado dos bens penhorados, com o que haverá subsídio técnico para a decisão no incidente processual em exame.

avaliação não se repete, salvo sob alegação de erro no laudo ou dolo do avaliador; majoração ou diminuição do valor dos bens; ou havendo fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (CPC, art. 683, aplicável subsidiariamente).

Jurisprudência vem admitindo a reavaliação dos bens penhorados em execução fiscal, quando entre a data da avaliação inicial e a do leilão decorre um longo período.

68) Decorrido considerável lapso temporal entre a avaliação e a hasta pública, a rigor deve-se proceder à reavaliação do bem penhorado. Para tanto, porém, é imprescindível que a parte traga elementos capazes de demonstrar a efetiva necessidade dessa reavaliação. Exegese do art. 683, II, do CPC (AgRMC 16022, Min. Nancy Andrighi, 2010)

OBS: a correção monetária – que não se confunde com reavaliação e nem traduz plus, caracterizando-se como medida de restabelecimento

do padrão aquisitivo da moeda em período inflacionário – deve ser imposta ao valor da avaliação, quando em vias de se levar o bem a

leilão, ainda que por determinação judicial ex officio.

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Art. 14. O oficial de justiça entregará contrafé e cópia do termo ou

do auto de penhora ou arresto, com a ordem de registro de que trata o art. 7o, IV;

I – no Ofício próprio, se o bem for imóvel ou a ele equiparado; II – na repartição competente para emissão de certificado de

registro, se for veículo;

III – na Junta Comercial, na Bolsa de Valores, e na sociedade comercial, se forem ações, debênture, parte beneficiária, cota ou qualquer outro título, crédito ou direito societário nominativo.

Registro da Penhora. Finalidade

registro da penhora é determinado pelo simples despacho do juiz que defere a inicial, realizando-se a medida com isenção de taxa ou de qualquer outra cobrança (LEF, art. 7º, IV).

em caso de penhora realizada por oficial de justiça, ele próprio diligenciará no sentido de registrar a constrição na repartição competente, de modo que o mandado correlato somente será devolvido a cartório, para juntada aos autos, após o seu cumprimento integral (citação, penhora, avaliação e registro).

sendo a penhora efetivada mediante termo nos autos, após a nomeação de bens pelo devedor, lavrado o referido instrumento, deverá ser expedido ofício ao órgão encarregado do registro.

a penhora reputa-se perfeita e acabada com a lavratura do auto ou termo respectivo, independentemente do registro posterior, que não é ato integrativo dela.

OBS: CPC, art. 659, §4º: cabe ao exequente providenciar a respectiva averbação no registro imobiliário, mediante a apresentação de certidão de inteiro teor do ato, independentemente de mandado judicial. Tal disposição geral não se aplica aos executivos fiscais, nos quais, por força da norma especial ora analisada, cabe ao oficial de justiça realizar

o aludido registro.

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a penhora de bem não o torna indisponível, podendo ser alienado pelo executado, transferindo-se regularmente ao patrimônio de seu adquirente, embora não perdendo o caráter de garantia do débito em execução.

a principal finalidade do registro da penhora consiste, assim, na publicidade da medida, alertando a todos sobre a existência de um gravame indeclinável sobre o bem.

feito o registro da penhora, não cabe a alegação de boa-fé de terceiro, se o bem vier a ser alienado ou gravado com ônus real.

Fraude à Execução Fiscal

na execução fiscal para cobrança de dívida ativa tributária, aplica-se a norma do art. 185 do CTN (com a alteração promovida pela LC 118/2005).

na execução fiscal para cobrança de dívida ativa não tributária, aplica-se a norma do art. 593, II, do CPC.

a presunção de fraude à execução é absoluta (juris et de jure), sendo dispensável a prova do consílio fraudulento à sua caracterização.

no plano da dívida ativa tributária, a simples alienação de bem, ou sua oneração, pelo devedor de crédito inscrito, sem que outro haja para satisfazer a dívida, serão tidas por ineficazes em relação ao Fisco, podendo sobre ele incidir a penhora em execução fiscal, desnecessária a perquirição sobre intenção de fraude ou prévia ciência do débito por parte do adquirente ou do credor em benefício do qual se estabeleceu o ônus.

OBS: na redação original do art. 185 do CTN, que vigorou até que

implementada a alteração promovida pela LC 118/2005, exigia-se, para a caracterização da fraude em questão, que o débito estivesse “em fase de execução” (execução fiscal proposta e citação realizada). Atualmente,

basta que o débito já esteja inscrito.

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a jurisprudência evidenciada na Súmula 375 do STJ não se aplica às execuções fiscais promovidas para a cobrança da dívida ativa tributária.

69) A Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.141.990/SP, de relatoria do Min. Luiz Fux, submetido ao rito dos recursos repetitivos consolidou entendimento segundo o qual não incide a Súmula 375/STJ em sede de execução tributária. De acordo com o art. 185 do CTN, em sua redação original, presume-se a ocorrência de fraude à execução quando a alienação de bens ocorre após a citação do devedor. Com a modificação introduzida pela Lei Complementar 118/2005, tal presunção passou

ocorrer da data da inscrição em dívida ativa (AgRg no REsp 1240398, Min. Humberto Martins, 2011).

70) O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhorado bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente

(Súmula 375 STJ).

OBS: a exigência de penhora registrada, definida na citada Súmula 375 do STJ, pode ser imposta no caso de sucessivas transmissões, para não

prejudicar aquele que adquiriu o bem não do devedor tributário, mas de terceiro, e que, por isso, de outra forma não poderia ter tido ciência da

irregularidade da transmissão original.

no tocante à dívida ativa de natureza não tributária, entretanto, diante da redação do art. 593, II, do CPC, é preciso que fique evidenciado que ao tempo da alienação ou oneração já corria contra o devedor o executivo fiscal (citação realizada), pois se enquadra como “demanda capaz de reduzi-lo – o devedor – à insolvência”.

ainda nos casos de execução fiscal de débito não tributário, a alienação de bens também poderá ser considerada fraudulenta, mesmo antes da citação ou do registro da penhora, quando realizada pelo exequente a averbação de que trata a norma do art. 615-A do CPC (acrescentada pela Lei 11.382/2006), diante do que prevê o § 3º do citado dispositivo.

a fraude à execução fiscal, ato que atenta contra a própria atividade jurisdicional do Estado, pode ser reconhecida incidentalmente nos próprios autos do

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processo correspondente, caracterizando a ineficácia do negócio em relação à Fazenda credora.

não se confunde com a fraude contra credores, de que trata o novo Código Civil em seus arts. 158 a 165, violadora de interesse exclusivo do credor e cujo reconhecimento, ainda que em favor do Fisco, há de se dar na via adequada (ação revocatória ou pauliana, através da qual se perseguirá a anulação do negócio jurídico).

a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça afirmou, na redação original do art. 185 do CTN, que a fraude à execução fiscal só poderia apanhar as alienações de bens realizadas pelo responsável depois do redirecionamento da execução fiscal a ele.

71) A jurisprudência desta Corte tem considerado válida a alienação de bem do sócio da empresa devedora, antes de ter sido redirecionada a execução, não havendo que se falar em fraude à execução. (...) O sócio somente será considerado como devedor do Fisco, para fins de aplicação do art. 185 do CTN, quando for deferida a sua inclusão no pólo passivo da execução (EREsp 110365, Min. Francisco Falcão, 2004).

OBS: Mantida essa orientação e adaptada à mudança do texto do art. 185 do CTN, pela LC 118/2005, a fraude à execução fiscal só tornará

ineficaz em relação ao Fisco a alienação de bem realizada pelo responsável tributário: a) quando o nome deste estiver inserido no termo de inscrição em dívida ativa previamente ao ato; ou b) depois que

o executivo lhe tiver sido redirecionado.

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Art. 15. Em qualquer fase do processo, será deferida pelo Juiz: I – ao executado, a substituição da penhora por depósito em

dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia; e (Lei nº 13.043/14) II – à Fazenda Pública, a substituição dos bens penhorados por outros, independentemente da ordem enumerada no art. 11, bem

como o reforço da penhora insuficiente.

Substituição dos Bens Penhorados

a melhor interpretação da norma do art. 15, incisos I e II, da LEF, é a de que:

a) o devedor pode obter a substituição de bens penhorados

não somente por depósito em dinheiro, fiança bancária ou

seguro garantia, mas também por outros bens, desde que com tal providência anua o credor; e

b) o credor poderá pleitear a substituição de bens penhorados, independentemente da ordem enumerada no art. 11,

ficando o acolhimento de seu pedido subordinado à existência de justo motivo, a critério do Juiz.

de regra, não pode o Juiz, de ofício, substituir bens que foram nomeados pelo devedor e cuja penhora foi aceita pela Fazenda Pública.

a substituição da penhora (assim como o reforço e a redução) não reabre o prazo para o oferecimento dos embargos à execução.

72) A jurisprudência do STJ consolidou o entendimento de que a substituição, o reforço ou a redução da penhora não implicam a reabertura de prazo para embargar, uma vez que permanece de pé a primeira constrição efetuada (Precedentes do STJ: AgRg no REsp 1191304/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 17.08.2010, DJe 03.09.2010; AgRg no REsp 1075706/MG, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 17.02.2009, DJe 24.03.2009; e AgRg no REsp 626.378/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 17.10.2006, DJ 07.11.2006), ressalvando-se, contudo, a possibilidade de alegação de matérias suscitáveis a qualquer tempo ou inerentes ao incorreto reforço ou diminuição da extensão do ato constritivo (REsp 1126307, Min. Luiz Fux, 2011).

OBS: esse entendimento é aplicável aos casos em que a verificação da necessidade de reforço, substituição ou redução da penhora ocorre

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depois da fase dos embargos; quando a insuficiência da penhora é vislumbrada de plano pelo julgador, isto é, logo após a efetivação da

constrição, enquanto não reforçada a penhora não serão admissíveis os embargos, cujo prazo se iniciará a partir da complementação da garantia (LEF, art. 16, §1º).

não cabe ao executado pretender a substituição do depósito em dinheiro por fiança bancária ou seguro garantia, ao menos sem o consentimento da Fazenda Pública credora.

apenas excepcionalmente, provada o benefício ao devedor sem prejuízo ao credor (CPC, art. 620), pode ser feita a substituição do depósito pela fiança ou pelo seguro.

73) O processo executivo pode ser garantido por diversas formas, mas isso não autoriza a conclusão de que os bens que as representam sejam equivalentes entre si. Por esse motivo, a legislação determina que somente o depósito em dinheiro "faz cessar a responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora" (art. 9º, § 4º, da Lei 6.830/1980) e , no montante integral, viabiliza a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art. 151, II, do CTN). Nota-se, portanto, que, por falta de amparo legal, a fiança bancária, conquanto instrumento legítimo a garantir o juízo, não possui especificamente os mesmos efeitos jurídicos do depósito em dinheiro. (...) Em conclusão, verifica-se que, regra geral, quando o juízo estiver garantido por meio de depósito em dinheiro, ou ocorrer penhora sobre ele, inexiste direito subjetivo de obter, sem anuência da Fazenda Pública, a sua substituição por fiança bancária. De modo a conciliar o dissídio entre a Primeira e a Segunda Turmas, admite-se, em caráter excepcional, a substituição de um (dinheiro) por outro (fiança bancária), mas somente quando estiver comprovada de forma irrefutável, perante a autoridade judicial, a necessidade de aplicação do princípio da menor onerosidade (art. 620 do CPC), situação inexistente nos autos (REsp 1.077.039, Min. Mauro Campbell Marques).

jurisprudência (STJ): pode ser recusada a substituição por precatório.

74) A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório (Súmula 406 STJ).

a possibilidade de redução da penhora, embora a LEF não a preveja, na hipótese em que o valor dos bens penhorados revele-se consideravelmente superior ao do crédito objeto da execução fiscal, justifica-se em nome

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da isonomia e por aplicação subsidiária do comando geral do art. 685, inciso I, do CPC.

Pode o juiz poderia indeferir o pedido, formulado pelo executado, de substituição de um bem penhorado por outro, mesmo tendo o credor exeqüente concordado com a medida?

STJ: não.

74-A) Hipótese em que requerida pelo devedor a substituição da penhora por bem imóvel, apesar da anuência da Fazenda Pública, o Tribunal de origem entendeu por bem manter o decreto de indeferimento. A execução realiza-se no interesse do credor (art. 612 do CPC), que inclusive poderá, querendo, dela desistir (art. 569 do CPC). Dessa forma, tendo o credor anuído com a substituição da penhora, mesmo que por um bem que guarde menor liquidez, não poderá o juiz, ex officio, indeferi-la. Ademais, nos termos do art. 620 do CPC, a execução deverá ser feita pelo modo menos gravoso para o executado (REsp 1.377.626-RJ, Rel. Min.

Humberto Martins, julgado em 20/6/2013).

OBS: Embora a execução seja feita no interesse do credor, pode haver situações em que o novo bem a ser penhorado venha a se revelar de

difícil administração para o juízo, no que toca a sua guarda, conservação ou mesmo expropriação. Em situação tal, não vemos como o juiz, a quem cabe zelar pelo rápido e eficaz andamento do executivo

que esteja sob sua direção, fique obrigado a deferir o pedido de substituição, apenas por ter o credor com ele concordado. Pensamos,

assim, que o julgado apontado deve ser encarado com a devida reserva.

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Art. 16. O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados:

I – do depósito; II – da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia;

(Lei nº 13.043/14) III – da intimação da penhora.

§ 1º Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução.

§ 2º No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas e juntar aos autos os documentos e

rol de testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o dobro desse limite.

§ 3º Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as exceções, salvo as de suspeição, incompetência e impedimentos,

serão argüidas como matéria preliminar e serão processadas e julgadas com os embargos.

Embargos do Executado e Prazo

embargos à execução: natureza de ação autônoma de conhecimento (constitutivo negativa ou desconstitutiva), objetivando o embargante a desconstituição total ou parcial do título executivo (termo de inscrição em dívida ativa), materializado na CDA.

ajuizamento e regular processamento dos embargos dependem do preenchimento das ordinárias condições

da ação (legitimidade ad causam, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido), somadas às condições específicas arroladas na LEF, quais sejam o prazo e a garantia do juízo.

LEF, art. 16, I, II e III: o prazo para o oferecimento dos embargos à execução fiscal será de trinta dias, contados do depósito, da juntada da prova da fiança bancária (ou do seguro garantia) ou da intimação da penhora.

garantia prestada mediante depósito em dinheiro: prazo dos embargos corre a partir do momento em que o

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devedor é intimado da formalizado do termo de depósito nos autos.

75) Feito um depósito em garantia pelo devedor, é aconselhável que ele seja formalizado, reduzindo-se a termo, para dele tomar conhecimento o juiz e o exeqüente, iniciando-se a contagem do prazo para embargos da intimação do termo, quando passa o devedor a ter segurança quanto à aceitação do depósito e a sua formalização (EREsp 1062537, Corte

Especial, Min. Eliana Calmon).

OBS: crítica: sendo a execução fiscal garantida por depósito em dinheiro, irrelevante haveria de ser o momento da juntada aos autos da

guia bancária correlata, pois o prazo para embargar teria de se iniciar a partir da data em que efetivada a garantia, como indica a LEF.

OBS: a previsão dos artigos 736 e 738 do CPC, segundo a qual os embargos do devedor devem ser oferecidos no prazo de quinze dias a

contar da juntada aos autos do mandado de citação, não mais se exigindo para tanto prévia garantia do juízo, não se aplica ao executivo

fiscal, que tem regramento próprio e distinto.

em suma, o prazo para a oposição dos embargos à execução fiscal é de trinta dias e começa a correr:

a) da data da intimação do devedor quanto à formalização do

termo de depósito em garantia do débito;

b) da juntada aos autos da prova da fiança bancária (ou do seguro garantia), pouco importando a data em que contratada a mesma pelo executado com o banco (REsp

111241, 1a Seção, Min. Herman Benjamin, 2009); e

c) da intimação da penhora, pouco importando a data em que juntada aos autos a respectiva prova.

OBS: v. o item “intimação da penhora” nos tópicos atinentes ao art. 12

da LEF. OBS: a substituição da penhora (assim como o reforço e a redução) não

reabre o prazo para o oferecimento dos embargos à execução (v. tópicos sobre o art. 15 da LEF).

OBS: na hipótese contrária da emenda (ou substituição) do título executivo, na forma do art. 2o, § 8o, da LEF, assegura-se ao executado

a devolução do prazo para o oferecimento dos embargos (v. tópicos sobre o art. 2º da LEF).

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OBS: o prazo para o oferecimento de embargos à execução fiscal, no caso de penhora do faturamento da empresa executada, começa a

correr na data em que a sociedade devedora é intimada da medida, ainda que a penhora se protraia no tempo até a integralização da garantia (v. tópicos atinentes ao art. 12 da LEF).

OBS: ao executado citado por edital que se mantiver revel deverá ser

nomeado curador especial, o qual, assumindo legitimidade à propositura dos embargos à execução (Súmula 196 STJ), deverá ser intimado pessoalmente da penhora (v. tópicos atinentes aos artigos 8º e

12 da LEF).

Prazo dos Embargos e Litisconsórcio Passivo

Havendo mais de um executado respondendo pelo mesmo débito, o prazo para o oferecimento dos embargos será autônomo, ou seja, a efetivação da garantia, por um dos executados, acarreta a abertura do prazo para que o mesmo embargue a execução, ficando o início do prazo indigitado, para os demais, dependente de intimação de que a penhora (ou outra forma de garantia) foi realizada.

OBS: a autonomia dos prazos para embargar a execução, quando proposta contra dois ou mais devedores, está presente também no tratamento geral que o CPC confere às execuções, a teor da norma do

art. 738, § 1º, com a redação dada pela Lei no 11.382/2006.

a circunstância de possuírem os executados diferentes procuradores não autoriza a contagem em dobro do prazo para embargar a execução, visto que o art. 191 do

CPC faz referência a contestar e recorrer, não albergando, portanto, a propositura de embargos.

OBS: a esse respeito, a norma do § 3º do art. 738 do CPC é expressa.

Defesa do Executado Anterior à Garantia Integral da Execução. “Exceção de Pré-Executividade”

LEF, art. 16, §1º: condição específica da ação de embargos à execução fiscal = garantia da dívida (depósito, fiança/seguro ou penhora).

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jurisprudência: há de se temperar a exigência, em homenagem à ampla defesa, quando ficar comprovado nos autos que o executado não tem forças patrimoniais para garantir a integralidade da dívida.

76) Consideradas as circunstâncias factuais do caso concreto, inexistindo ou insuficientes os bens do executado para cobrir ou para servir de garantia total do valor da dívida exequenda, efetivada a constrição parcial e estando previsto o reforço da penhora, a lei de regência não impede o prosseguimento da execução, pelo menos, para o resgate parcial do título executivo. Ficaria desajustado o equilíbrio entre as partes litigantes e constituiria injusto favorecimento ao exequente a continuação

da constrição parcial, se impedido o devedor de oferecer embargos para a defesa do seu patrimônio constrito. Se há penhora, viabilizam-se os embargos, decorrentes da garantia parcial efetivada com a penhora (EREsp. 80723/PR, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ 17/06/2002, p. 183).

A circunstância de ser a parte executada beneficiária da assistência judiciária gratuita não viabiliza, por si só, que sejam conhecidos os embargos à execução fiscal sem a garantia do juízo. A miserabilidade declarada pelo executado, com o objetivo de obter os benefícios da chamada “justiça gratuita”, não indica, necessariamente, ausência de patrimônio para garantir a dívida em execução fiscal.

76-A) Nos termos da jurisprudência do STJ, a garantia do pleito executivo fiscal é condição de procedibilidade dos embargos de devedor nos exatos termos do art. 16, § 1º, da Lei n. 6.830/80. O 3º, inciso VII, da Lei n. 1.060/50 não afasta a aplicação do art. 16, § 1º, da LEF, pois o referido dispositivo é cláusula genérica, abstrata e visa à isenção de despesas de natureza processual, não havendo previsão legal de isenção de garantia do juízo para embargar. Ademais, em conformidade com o princípio da

especialidade das leis, a Lei de Execuções Fiscais deve prevalecer sobre a Lei n. 1.060/50 (REsp 1.437.078-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25/3/2014). OBS: a falta de bens penhoráveis há de ser atestada por oficial de justiça, após diligência necessária na tentativa de localizá-los, e

ratificada por pesquisas empreendidas pelo credor, eventualmente com o auxílio do juízo, que venham a se revelar infrutíferas.

de todo modo, é de boa aceitação, tanto na doutrina quanto nos tribunais pátrios, a apresentação da

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chamada exceção de pré-executividade, para alegação de defeitos no título executivo extrajudicial, carência de ação, ausência de requisitos do processo, pagamento, e outras circunstâncias evidenciáveis de plano, que venham a macular no nascedouro a execução fiscal, independentemente de garantia do juízo.

OBS: Encontram-se também em doutrina as expressões “objeção de

pré-executividade” e “oposição pré-processual”.

77) A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória (Súmula 393 STJ)

a questão alusiva à responsabilidade de sócio por débito contraído pela pessoa jurídica demanda prova para ser solvida e não tem cabimento em sede de exceção de pré-executividade.

78) malgrado serem os embargos à execução o meio de defesa próprio da execução fiscal, a orientação desta Corte firmou-se no sentido de admitir a exceção de pré-executividade nas situações em que não se faz necessária dilação probatória ou em que as questões possam ser conhecidas de ofício pelo magistrado, como as condições da ação, os pressupostos processuais, a decadência, a prescrição, entre outras. Contudo, no caso concreto, como bem observado pelas instâncias ordinárias, o exame da responsabilidade dos representantes da empresa executada requer dilação probatória, razão pela qual a matéria de defesa deve ser aduzida na via própria (embargos à execução), e não por meio do incidente em comento (REsp 1104900, Min. Denise Arruda).

Não cabe invocar excesso de execução em exceção de pré-executividade. Foi o que indiretamente decidiu o STJ em julgado (AgRg no AREsp 150.035, Min. Humberto

Martins, 2013) noticiado no Informativo 523. Trata-se (o excesso de execução) de matéria que deve ser alegada nos embargos, sob pena de preclusão, por aplicação do princípio da concentração da defesa nos embargos (LEF, art. 16).

jurisprudência: alegação de inconstitucionalidade da lei em que se fundamenta o crédito em cobrança é cabível em sede exceção de pré-executividade.

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79) O espectro das matérias suscitáveis através da exceção tem sido ampliado por força da exegese jurisprudencial mais recente, admitindo-se, por exemplo, a argüição de prescrição, ou mesmo de inconstitucionalidade da exação que deu origem ao crédito exeqüendo, desde que não demande dilação probatória (exceptio secundum eventus probationis) A inconstitucionalidade das exações que ensejaram a propositura da ação executória sub judice infirma a própria exigibilidade dos títulos em que esta se funda, matéria, inequivocamente argüível em sede de exceção de pré-executividade (AgRg no Ag 977769, Min. Luiz Fux, Corte Especial, 2010).

A análise dos requisitos de validade do termo de inscrição na dívida ativa – que é o título executivo extrajudicial com que se apresenta a Fazenda Pública em juízo na execução fiscal – e da correspondente certidão, previstos no art. 202 do CTN e art. 2º, parágrafo 5°, da LEF, é, claramente, matéria que o juiz pode de ofício (isto é, sem provocação da parte interessada) apreciar.

O problema é que há casos em que a aferição da validade do título, suscitada na exceção de pré-executividade, pressupõe análise de elementos que não se encontram no processo de execução fiscal, como, por exemplo, documentos que devam ser requisitados por integrarem os autos do procedimento administrativo de constituição do crédito fazendário.

OBS: Trata-se de situação que vai demandar sensibilidade por parte do

julgador. Sendo alegação altamente relevante, pensamos que o juiz deve aceitar a exceção e determinar a juntada aos autos do documento em

poder da administração. Se a relevância não saltar aos olhos numa primeira análise, deve ser aplicar a literalidade da Súmula 393, relegando-se o exame da matéria à fase dos embargos.

se, depois de ouvida a parte contrária, o juiz considerar procedentes as alegações lançadas pelo devedor na exceção, deverá acolhê-la e extinguir a execução fiscal, decisão esta sujeita a apelação, por se tratar de sentença.

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só não irá extinguir o executivo se a nulidade recair apenas em parte da dívida, situação em que, por meio de uma decisão interlocutória, o juiz decotará o débito, para extirpar-lhe a parcela indevida. A impugnação do credor, na espécie, deve ser manifestada através de agravo.

também no caso de o juiz, ao acolher a exceção, excluir apenas um executado da relação processual, subsistindo outro(s) no polo passivo da execução, o processo não será extinto, cabendo, de tal decisão, à evidência, o recurso de agravo.

entendendo o julgador pela impropriedade da exceção de pré-executividade, por depender o desate da questão de prova, deverá rejeitá-la, relegando a discussão à fase adequada (embargos), a ser instaurada depois de garantido o juízo.

a exceção também poderá ser rejeitada com o exame de seu mérito, com o que estará o juiz afastando o vício nela alegado, a impossibilitar o executado de renovar a discussão nos futuros embargos.

em qualquer caso, a decisão que rejeita a exceção de pré-executividade pode ser impugnada através de agravo.

OBS: Decidiu o STJ que a exceção de pré-executividade configura comparecimento espontâneo, suprindo a falta de citação, e não afetando, portanto, a validade do processo (REsp 857614, Rel. Min. Luiz Fux, 2008).

jurisprudência: cabe exceção de pré-executividade mesmo depois de expirado o prazo dos embargos, quando se tratar de vício do processo ou outra matéria

de cognição ex officio.

80) A exceção de pré-executividade é passível de dedução, ainda que esgotado o prazo para a oposição de embargos à execução, quando a alegação do executado refere-se a vício do processo de execução ou do título executivo relativo à matéria cognoscível ex officio pelo julgador. Isto

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porque, não se encontrando findo o processo de execução, é lícito ao executado argüir nulidades de natureza absoluta, que porventura maculem o respectivo título exeqüendo, posto configurarem matéria de ordem pública, não se operando sobre elas a preclusão (AgRg no Ag 977769, Min. Luiz Fux, Corte Especial, 2010).

Todavia, rejeitou o STJ a possibilidade se invocar excesso de

execução após o decurso do prazo dos embargos, invocando a preclusão como decorrência da imposição, extraída da norma do

art. 16, §2º da LEF, de concentração da defesa nos embargos (AgRg no AREsp 150.035-DF, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 28/5/2013).

“Matéria Útil à Defesa” nos Embargos à Execução. Concentração da Defesa

sendo a execução fiscal verdadeira execução por título extrajudicial, permite-se ao executado opor-se à cobrança alegando qualquer matéria útil ao seu objetivo principal, que é a desconstituição do título executivo (LEF, art. art. 16, § 2º e CPC, art. 745, V.

matérias de cognição ex officio podem ser alegadas a qualquer tempo, mesmo após o oferecimento dos embargos (ou o transcurso em branco do prazo destes).

81) Em execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da propositura da ação pode ser decretada de ofício (art. 219, § 5º, do CPC) (Súmula 409 STJ).

OBS: atualmente, até mesmo a autoridade administrativa, no âmbito

federal, está autorizada a reconhecer de ofício a prescrição de créditos tributários (Lei 11.941/2009, art. 53, caput), o que fará para evitar os

tradicionais prejuízos que a Fazenda Pública suporta com a propositura de execuções fiscais fadadas ao insucesso.

OBS: Na mesma linha, a Lei nº 9.649/97, em seu art. 1º-C (redação da Lei nº 11.941/2009), dispõe que verificada a prescrição do crédito, o representante judicial da União, das autarquias e fundações públicas federais não efetivará a inscrição em dívida ativa dos créditos, não procederá ao ajuizamento, não recorrerá e desistirá dos recursos já interpostos.

Compensação e Parcelamento

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LEF, art. 16, § 3º: veda seja deduzida em embargos a pretensão de compensação, sem que haja lei específica autorizando-a.

OBS: compensação consiste em encontro de contas realizado entre duas pessoas que sejam ao mesmo tempo credora e devedora uma da outra,

de modo que seus débitos e créditos se extinguem reciprocamente. Embora prevista no Código Civil como modalidade de extinção da obrigação, não se aplica à Fazenda Pública, salvo se houver lei

específica da entidade federativa autorizando.

quando a LEF (art. 16, §3º) impede que o devedor invoque crédito em face da Fazenda Pública exequente, está, na verdade, a vedar que, através de embargos à execução fiscal, busque o executado decisão judicial autorizando a compensação, como meio de extinção (total ou parcial) do débito, sem que haja previsão legal específica a tanto.

a hipótese contrária, isto é, aquela em que haja lei específica autorizando, para os casos que arrola, o referido encontro de contas, permite a invocação da compensação em sede de embargos à execução fiscal, pois seria absurdo que somente o devedor ainda não submetido ao executivo pudesse fazê-lo.

82) Esta colenda Primeira Seção, assentou por meio de suas doutas turmas a admissibilidade da alegação da extinção do crédito pelo instituto da compensação, em embargos à execução fiscal (EREsp 438396, Min. Humberto Martins).

OBS: Na seara federal, a edição da Lei no 8.383/91 trouxe a perspectiva de compensação de créditos decorrentes de pagamento indevido de tributos e contribuições federais (inclusive previdenciárias) com valores

correspondentes a períodos subseqüentes. Atualmente, sobre a compensação tributária no plano federal, vigora a regra do art. 74 da Lei 9.430/96.

O pedido de parcelamento do débito fiscal não deve ser manifestado através de embargos à execução fiscal, por depender, quando cabível, de requerimento

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administrativo a partir do qual a Fazenda exequente haverá de aferir sua viabilidade.

OBS: não cabe aplicar à execução fiscal as disposições do art. 745-A e respectivos parágrafos do CPC, uma vez que a concessão de parcelamento de débitos fazendários é ato de autonomia da entidade

credora, dependente de lei específica, como, exemplificativamente em relação aos débitos tributários, prevê o art. 155-A do CTN.

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Art. 17. Recebidos os embargos, o juiz mandará intimar a Fazenda, para impugná-los no prazo de 30 (trinta) dias, designando, em

seguida, audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. Não se realizará audiência, se os embargos

versarem sobre matéria de direito ou, sendo de direito e de fato, a prova for exclusivamente documental, caso em que o juiz proferirá a sentença no prazo de 30 (trinta) dias.

Recebimento dos Embargos. Efeito. Impugnação

Embora sempre tenha sido entendido que o recebimento dos embargos suspende o curso da execução fiscal, a jurisprudência passou a adotar orientação contrária, aplicando subsidiariamente ao executivo fiscal o comando do art. 739-A do CPC (acrescentado pela Lei

11.382/2006), segundo o qual os embargos do executado não terão efeito suspensivo.

83) O efeito suspensivo era a regra prevista no § 1º do artigo 739 do Código de Processo Civil desde o advento da Lei 8.953/94, que acrescentara o mencionado parágrafo. Com a Lei 11.382/06, que incluiu o artigo 739-A e seus parágrafos, a sistemática para a suspensão desse incidente na execução foi modificada, e, de regra, passou a ser a exceção no sistema processual. Tratando-se de execução fiscal e não havendo previsão expressa na Lei 6.830/80 para a concessão do efeito suspensivo, compete ao juízo analisar o pedido do devedor para deferi-lo, ou não, nos termos do que dispõe o artigo 739-A do Código de Processo Civil, não sendo viável sua concessão automática por interpretação dos artigos 18 e 19 da Lei de Execução Fiscal. Precedentes (AgRg no REsp 1150534, Min. Benedito Gonçalves).

OBS: posição equivocada da jurisprudência, segundo entendimento pessoal deste professor: a) somente após rejeição dos embargos o terceiro garantidor do débito será chamado a remir o bem ou a pagar a

dívida (art. 19); b) o depósito feito em garantia só pode ser levantado ou convertido em renda após o trânsito em julgado (art. 32, § 2º); c) caso não sejam oferecidos embargos, a Fazenda Pública manifestar-se-á sobre a garantia da execução (art. 18), o que evidencia que, na hipótese contrária, ou seja, com o oferecimento dos embargos, a execução fica

suspensa; d) em regra, não se admite que, em execução fiscal, o devedor possa oferecer embargos sem a prévia garantia do juízo (LEF, art. 16,

§1º), ao passo que os embargos na execução comum estão livres da exigência: por decorrência lógica não pode ser aplicada ao processo de execução fiscal, de modo capenga, o tratamento do CPC.

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a 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp nº 1.272.827, PE (relator o Ministro Mauro Campbell Marques), processado sob o regime do art. 543-C do Código de Processo Civil, consolidou o entendimento de que as disposições do art. 739-A do CPC aplicam-se aos embargos à execução fiscal, condicionando-se a concessão do efeito suspensivo à verificação dos requisitos previstos no parágrafo primeiro.

como os embargos à execução fiscal têm natureza jurídica de ação, a impugnação apresentada pela Fazenda exequente ostenta o caráter de resposta (contestação).

OBS: Por conta disso, parte da doutrina critica o legislador por ter nomeado intimação (o Juiz mandará intimar a Fazenda) o ato processual

de chamamento da Fazenda Pública ao processo dos embargos, deflagrado pelo executado. Argumenta-se que melhor seria tratar a

providência como de citação, que é o ato pelo qual se convoca o réu a tomar ciência da pretensão que lhe é movida, e a partir do qual passa a

correr o prazo para a veiculação da resposta. Outro segmento doutrinário rechaça a crítica, esclarecendo que, quando da propositura dos embargos, a Fazenda Pública já está no juízo executivo, daí não ser

necessária a citação, ou seja, basta a intimação, porque as partes já se encontram diante do juízo para a composição da lide.

Lei 9.289/96, art. 7º: embargos à execução fiscal, na Justiça Federal, estão isentos de preparo (taxa).

Contagem do Prazo para Impugnação

o prazo para a Fazenda exequente impugnar os embargos à execução fiscal é de trinta dias e corre da data da intimação pessoal de seu representante judicial, a teor do art. 25 da LEF.

84) A intimação de representante judicial da Fazenda Pública, nos embargos à execução fiscal, será feita pessoalmente (Súmula 240 TFR).

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OBS: a esse prazo, previsto em lei especial, não se aplica a benesse processual deferida genericamente à Fazenda Pública pela regra do art.

188 do CPC, pois se a LEF foi editada com o escopo de agilizar o processo de cobrança forçada dos créditos da Fazenda Pública, não se justificaria quadruplicar o prazo de impugnação aos embargos, em

prejuízo à evolução do executivo fiscal.

se a Fazenda exequente deixar de impugnar os embargos no prazo legal, torna-se revel, mas os efeitos da revelia não se manifestam, por ser o crédito fiscal de natureza indisponível (CPC, art. 320, II).

OBS: lembrando que o débito regularmente inscrito em dívida ativa presume-se líquido e certo (LEF, art. 3º, caput); tratando-se de

presunção relativa, seu inegável efeito é o de transferir ao devedor o ônus da prova, isto é, o ônus de evidenciar, cabalmente, que deve

menos ou que não deve o que lhe está sendo exigido (LEF, art. 3º, parágrafo único); assim, meras alegações de fato deduzidas na petição inicial dos embargos à execução fiscal, desprovidas de lastro probatório

eficaz, não serão suficientes à desconstituição do débito, ainda que sobre elas silencie a Fazenda exeqüente)

85) A ausência de impugnação dos embargos do devedor não produz, em relação à Fazenda Pública, os efeitos da revelia (Súmula 256 TFR).

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Art. 18. Caso não sejam oferecidos os embargos, a Fazenda Pública

manifestar-se-á sobre a garantia da execução.

Não Oferecimento de Embargos. Efeito

o devedor, em execução fiscal, não é citado para se defender, mas para pagar o débito ou garantir a execução, a fim de embargá-la; se não toma a providência última, passa o crédito fiscal a gozar de

presunção absoluta (juris et de jure) de liquidez e certeza.

não sendo embargada a execução fiscal, o crédito fiscal, já definitivamente constituído administrativamente, torna-se imutável também na seara judicial, ensejando a tomada das providências necessárias à satisfação forçada da pretensão do credor (execução da garantia do débito).

LEF, art. 18: norma que confere à Fazenda exequente, após o decurso in albis do prazo para oferecimento dos embargos à execução fiscal e antes de iniciada a fase de produção de receita para a satisfação do crédito exeqüendo (leilão, arrematação, adjudicação etc.), oportunidade para verificar a regularidade formal e material da garantia, podendo oferecer manifestação ao juízo requerendo, por exemplo, reforço, redução e/ou registro da penhora, substituição da garantia e remoção e/ou reavaliação do bem penhorado.

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Art. 19. Não sendo embargada a execução ou sendo rejeitados os embargos, no caso de garantia prestada por terceiro, será este intimado, sob pena de contra ele prosseguir a execução nos próprios

autos, para, no prazo de 15 (quinze) dias:

I – remir o bem, se a garantia for real; ou II – pagar o valor da dívida, juros e multa de mora e demais encargos, indicados na Certidão de Dívida Ativa, pelos quais se

obrigou, se a garantia for fidejussória.

Remição do Bem de Terceiro

caso de executivo fiscal garantido por penhora incidente sobre bem que não seja de propriedade do próprio executado.

a possibilidade de remição é conferida pela LEF ao terceiro, estranho à relação processual, proprietário do bem penhorado, para que possa livrar o seu patrimônio de constrição judicial por dívida alheia, uma vez encerrada a fase dos embargos com desfecho favorável à Fazenda credora.

OBS: a remição de que trata o dispositivo em questão é o ato processual de remir ou resgatar, e não se confunde com a remissão, ato de remitir

ou perdoar, que vem a ser instituto de direito material (cause de extinção do crédito tributário prevista no art. 156, IV, do CTN).

o prazo legal à remição aludida é de quinze dias, mas não é peremptório, nenhum prejuízo resultando da remição intempestiva, a não ser para o próprio terceiro que a efetuar, pois terá de suportar as despesas do leilão, caso já tenham sido assumidas (gastos com a publicação dos editais, comissão do leiloeiro etc.).

não poderá mais o terceiro remir o bem após a arrematação, por resguardo aos interesses do arrematante.

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o preço a nortear a remição será o correspondente ao valor da avaliação, atualizado até a data da prática do ato.

após remir o bem que deu em garantia de execução fiscal por débito alheio, o terceiro sub-roga-se no crédito da Fazenda Pública, até o limite do que pagou pela

remição, incorporando todos os direitos, ações, privilégios e garantias daquela (Código Civil, art. 349), podendo, portanto, cobrá-lo nos próprios autos da execução fiscal.

OBS: nesse caso, sendo a Fazenda Pública estranha à discussão que se seguirá (envolvendo o terceiro garantidor e o devedor original), perderá

competência o eventual juízo privativo fazendário para processar a demanda, sendo o caso, então, de declínio de competência.

caso o proprietário do bem penhorado, regularmente intimado, não se apresente para remi-lo, a consequência única de sua omissão será a alienação judicial do bem, com vistas à produção de receita para saldar a dívida.

OBS: ocorrendo a arrematação, naturalmente que a sub-rogação supramencionada ocorrerá, com os consectários já expostos.

Remição pelo Executado e Adjudicação de Bens por seus Familiares e por Credores com Garantia Real ou Concorrentes

CPC, art. 651 (aplicação subsidiária): remição da execução, a cargo do próprio executado, realizada antes de alienados ou adjudicados os bens penhorados mediante o pagamento da dívida e seus acréscimos, inclusive honorários advocatícios = pleno cabimento em sede de execução fiscal, por ser de interesse do devedor e por não trazer prejuízo à Fazenda exequente.

OBS: o CPC (art. 787) também albergava a remição dos bens penhorados, conferindo, a tanto, legitimidade aos familiares do devedor

(cônjuge, descendente ou ascendente). Sucede que a Lei 11.382/2006 revogou os arts. 787 a 790 do CPC, que tratavam do tema, “substituindo-os” pelas disposições do acrescido art. 685-A e

respectivos parágrafos, que prevêem a adjudicação dos bens

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penhorados, a cargo do credor com garantia real, dos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, do cônjuge e dos

descendentes ou ascendentes do executado (com aplicação subsidiária ao executivo fiscal).

Execução da Fiança Bancária e do Seguro Garantia

o banco fiador e a seguradora também são considerados terceiros garantidores, pois não integram, originariamente, o pólo passivo da execução fiscal (a garantia, na espécie, revela-se caução fidejussória).

jurisprudência: a execução da fiança bancária (e do seguro garantia, leia-se) pressupõe trânsito em julgado da decisão de rejeição dos embargos do executado, por aplicação analógica da norma do art. 32, § 2º, da LEF.

86) O levantamento de depósito judicial em dinheiro depende do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 32, § 2º, daquele dispositivo normativo. Precedentes: REsp 543442/PI, Rel. Ministra ELIANA CALMON, DJ 21/06/2004; EREsp 479.725/BA, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, DJ 26/09/2005. À luz do princípio ubi eadem ratio ibi eadem dispositio, a equiparação dos institutos - deposito judicial e fiança bancária - pelo legislador e pela própria jurisprudência deste e. Superior Tribunal de Justiça impõe tratamento semelhante, o que vale dizer que a execução da fiança bancária oferecida como garantia da execução fiscal também fica condicionado ao trânsito em julgado da ação satisfativa (REsp. 1033545, Rel. Min. Luiz Fux).

sendo garantia pessoal, a instituição financeira/seguradora deverá apresentar-se, após devidamente intimada na forma do art. 8º da LEF (por aplicação analógica), a fim de saldar o débito atualizado, acrescido de juros, multa de mora e demais encargos indicados na CDA, pelos quais se obrigou.

a omissão do banco fiador ou da seguradora levará a Fazenda exequente a direcionar-lhe a execução fiscal nos próprios autos, de acordo com o previsto no art. 19 da LEF.

OBS: a execução da fiança bancária ou do seguro garantia não requer

maiores solenidades; se a instituição financeira/seguradora prestou, livremente, a fiança ou o seguro em favor do executado,

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comprometendo-se a honrar integralmente o débito exequendo, presume-se sua ciência prévia de que o executivo voltaria contra si,

caso não cumprisse, posteriormente à rejeição ou ao decurso in albis do prazo dos embargos, o dever jurídico assumido; assim, a intimação de que trata o art. 19 da LEF, dirigida ao garante, pode ser entendida como

a comunicação do início do processo executivo, a iniciar seu curso tão logo expire o prazo de quinze dias para o pagamento do débito, afastada

a necessidade de citação posterior do banco/instituição de seguros.

para que seja redirecionada a execução fiscal, não é preciso inscrever a dívida em nome do banco ou da

seguradora, pois a expressão prosseguir a execução nos próprios autos (LEF, art. 19) revela o desejo do legislador de imprimir agilidade à nova cobrança a se instaurar contra o fiador/segurador, com fulcro no mesmo título.

CPC, art. 595, parágrafo único (aplicação subsidiária): o fiador, que pagar a dívida, poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo, norma que se estende ao segurador.

Legitimidade do terceiro-garante para embargar

tanto o garante pessoal (banco fiador/seguradora) quanto aquele que deu o bem em garantia de débito alheio (garantia real) não dispõem de legitimidade para embargar a execução fiscal, porque estranhos à relação processual original.

entretanto, como têm legítimo interesse jurídico na vitória do executado (embargante), em decorrência da responsabilidade que assumiram pelo débito, podem ingressar, como assistentes, nos embargos à execução fiscal, na forma do disposto no art. 50 do CPC.

no caso de garantia real, o terceiro, proprietário do bem penhorado, não efetuando a remição, terá legitimidade apenas para oferecer embargos à arrematação ou à adjudicação, valendo-se dos fundamentos elencados no art. 746 do CPC.

OBS: em nenhuma hipótese poderá pretender discutir o mérito da

dívida, por ser estranho à relação de direito material que a originou.

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igualmente o banco (ou a seguradora), no caso de o débito estar garantido por fiança bancária (ou seguro garantia), embora possa validamente embargar a execução voltada contra si, verá seu campo de argumentações reduzido a nulidades processuais e questões atinentes à própria fiança (ou ao próprio seguro garantia), sem que possa solicitar manifestação judicial referente ao estágio processual anterior à sua intimação inicial ou ao título executivo original (ilegitimidade).

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Art. 20. Na execução por carta, os embargos do executado serão oferecidos no Juízo deprecado, que os remeterá ao Juízo

deprecante, para instrução e julgamento. Parágrafo único. Quando os embargos tiverem por objeto vícios ou

irregularidades de atos do próprio Juízo deprecado, caber-lhe-á unicamente o julgamento dessa matéria.

Competência na Execução por Carta

a execução por carta, que tem lugar nos casos em que o devedor ou os seus bens estão situados fora da sede do juízo original, nada mais é do que a execução em que os atos principais do procedimento respectivo, isto é, penhora de bens, avaliação, alienação judicial (leilão), entre outros, são realizados perante o juízo deprecado, por requisição do primeiro – chamado deprecante – exteriorizada em carta precatória.

o mandamento do art. 20, caput, da LEF (a determinar que os embargos sejam oferecidos no juízo deprecado, que os remeterá ao deprecante para instrução e julgamento) não é absoluto, servindo apenas para tornar mais fácil o exercício da defesa (através da ação de embargos) por parte do executado, quando residente na sede do juízo deprecado.

OBS: se, por acaso, for mais vantajoso ao devedor oferecer seus embargos diretamente ao juízo deprecante, o qual será, em regra, o

competente para apreciá-los, nenhum prejuízo resultará da medida.

LEF, art. 20, parágrafo único: fixa expressa e excepcionalmente a competência do juízo deprecado para o julgamento dos embargos que versem questões alusivas a vícios ou irregularidades de seus próprios atos.

portanto, que em sede de execução fiscal com penhora de bens realizada mediante carta precatória, os embargos de mérito deverão ser processados e julgados pelo juízo deprecante (juízo da execução) e os embargos que enfrentem os atos praticados perante o juízo

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deprecado (por exemplo, alegação de excesso de penhora) serão de competência deste.

Em se tratando de embargos mistos (nos quais são invocadas irregularidades nos atos praticados pelo juízo deprecado e se discute, cumulativamente, o mérito da dívida), a competência para o julgamento será do juízo da execução, ou seja, do juízo deprecante.

87) Na execução por carta, os embargos do devedor serão decididos no juízo deprecante, salvo se versarem unicamente vícios ou defeitos da

penhora, avaliação ou alienação de bens (Súmula 46 STJ).

OBS: o que resulta na aplicação da disposição do art. 747 do CPC subsidiariamente à execução fiscal.

em se tratando de embargos de terceiro, ainda tem plena aceitação o entendimento do extinto TFR, sendo a competência para processar e julgar a referida ação do juízo deprecado, perante o qual se deu a constrição impugnada, a menos que o bem tenha sido indicado expressamente pelo juízo deprecante.

88) O juízo deprecado, na execução por carta, é o competente para julgar os embargos de terceiro, salvo se o bem apreendido foi indicado pelo juízo deprecante (Súmula 33 TFR).

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Art. 21. Na hipótese de alienação antecipada dos bens penhorados,

o produto será depositado em garantia da execução, nos termos previstos no art. 9º, inciso I.

Alienação Antecipada. Cabimento

CPC, art. 670 (aplicação subsidiária): qual a medida deverá ser adotada com relação aos bens sujeitos à deterioração ou depreciação ou quando houver manifesta vantagem.

complementando as hipóteses de cabimento da alienação antecipada, o art. 1.113 do CPC arrola os

semoventes e outros bens de guarda dispendiosa (caput e § 1o).

a alienação antecipada tem lugar a partir da efetivação

da penhora e a manifesta vantagem que a enseja engloba não somente os casos de constrição de bens sujeitos à deterioração, depreciação ou alto custo de armazenagem, como outros, em que a providência seja necessária para impedir prejuízo ao credor, ao devedor ou ao depositário.

OBS: exemplos: penhora de cavalos de raça, cuja manutenção

satisfatória envolve dispêndio financeiro elevado; penhora de gêneros alimentícios, por serem bens de consumo deterioráveis; penhora de bens sujeitos à depreciação em função de evolução tecnológica, tais

como computadores; e penhora de ações ou outros títulos que estejam em comprovada alta no mercado próprio (“manifesta vantagem”).

se a venda antecipada for requerida por uma das partes, terá o juiz, antes de decidir, que ouvir a parte contrária (CPC, art. 670, parágrafo único)

OBS: deve o juiz facultar a remição da execução pelo devedor (CPC, art. 651) ou do bem objeto daquela, por seu proprietário, em se tratando de garantia real prestada por terceiro, na forma do art. 19, I,

da LEF, ou mesmo a adjudicação pelos familiares deste ou do executado, ou por eventuais credores concorrentes ou titulares de

garantia real, como dispõe o art. 685-A, § 2º, do CPC.

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CPC, artigos 1.113 a 1.116: procedimento da alienação antecipada de bens penhorados.

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Art. 22. A arrematação será precedida de edital, afixado no local do costume, na sede do juízo, e publicado, em resumo, uma só vez,

gratuitamente, como expediente judiciário, no órgão oficial. § 1º O prazo entre as datas de publicação do edital e do leilão não

poderá ser superior a 30 (trinta), nem inferior a 10 (dez) dias.

§ 2º O representante judicial da Fazenda Pública será intimado, pessoalmente, da realização do leilão, com a antecedência prevista no parágrafo anterior.

Intimação para o Leilão. Regras e Destinatários

arrematação = ato jurisdicional destinado à transferência coativa da propriedade do bem penhorado, de modo oneroso, a um terceiro, dito arrematante, que oferece o último lanço e que é aceito pelo juízo.

OBS: Em sede de execução fiscal, as alienações judiciais, mesmo tendo

bens imóveis por objeto, são realizadas em leilão, deixando a LEF de distingui-lo da “praça”.

a intimação para o leilão é feita por edital, a ser afixado no local de costume e publicado apenas uma vez, resumida e gratuitamente, no veículo da Imprensa Oficial, nada impedindo que o leiloeiro, na busca do maior número de licitantes possível, faça publicá-lo também em jornais ou periódicos locais, assumindo o custo respectivo ou transferindo-o ao arrematante, desde que a despesa esteja nele (no edital) indicada.

o representante da Fazenda exequente não se considera intimado pela publicação de edital, devendo ser cientificado pessoalmente da realização da hasta pública (LEF, art. 22, §2º).

O executado também vinha merecendo intimação pessoal para o leilão, pois o STJ aplicava ao executivo fiscal, subsidiariamente, a previsão do art. 687, §5º, do CPC, em sua redação original (Súmula 121).

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sucede que a referida disposição processual, com a alteração produzida pela Lei no 11.382/2006, passou a dispor que o executado deverá ser intimado do leilão através de seu advogado (vale dizer, em regra, pela simples publicação do edital na imprensa oficial), somente sendo cabível sua intimação pessoal quando não tiver patrono constituído.

OBS: desaparecido o fundamento da Súmula 121 do Superior Tribunal de Justiça, é de se esperar a alteração de seu teor, para que passe a reproduzir a nova disposição do art. 687, § 5º, do CPC.

o terceiro que deu o bem em garantia de execução por débito alheio (art. 9º, IV, da LEF) não precisa ser intimado para o leilão, desde que tenha sido previamente intimado a efetuar a remição, como manda a lei (art. 19, I, da LEF).

OBS: deve ser lembrada a relevância das intimações para o leilão do senhorio direto e do usufrutuário, bem como dos credores pignoratício,

hipotecário e anticrético, quando os bens penhorados estiverem sujeitos aos respectivos ônus, e da União, do Estado ou do Município em que estiver o bem, caso haja sido objeto de tombamento por seu valor

histórico ou artístico.

as intimações para o leilão deverão ser realizadas no período compreendido entre trinta e dez dias anteriores à realização da hasta, pois assim o exige expressamente a LEF no tocante ao edital e à notificação ao representante da Fazenda Pública (art. 22, §§ 1o e 2o), não havendo razão para que tratamento aos demais interessados seja diverso.

OBS: às execuções fiscais não podem ser aplicadas as inovadoras disposições introduzidas no ordenamento processual geral pela Lei

11.382/2006 que conflitam com o regramento específico da LEF, entre as quais, por exemplo, a que admite que o leilão tradicional seja substituído por alienação via internet (art. 689-A).

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Art. 23. A alienação de quaisquer bens penhorados será feita em

leilão público, no lugar designado pelo Juiz. § 1º A Fazenda Pública e o executado poderão requerer que os bens

sejam leiloados englobadamente ou em lotes que indicarem. § 2º Cabe ao arrematante o pagamento da comissão do leiloeiro e

demais despesas indicadas no edital.

Duplo Leilão

CPC, art. 686, VI (aplicação subsidiária): pacificou-se a jurisprudência do STJ no sentido da necessidade de um segundo leilão, caso no primeiro nenhum lanço supere o valor da avaliação, em execução fiscal.

89) Na execução fiscal haverá segundo leilão, se no primeiro não houver lanço superior à avaliação (Súmula 128 STJ).

Preço Vil

CPC, art. 692 (aplicação subsidiária): mesmo em segundo leilão, nenhum bem penhorado poderá ser arrematado por preço vil.

Assim dispõe o art. 692 do CPC, caput, regra de OBS: da redação anterior do art. 692 do CPC, inferia-se que preço vil

seria aquele insuficiente para satisfazer parte razoável do crédito. Revogada tal disposição, a caracterização do preço da arrematação como vil advirá da análise ponderada e criteriosa do Juiz da execução

fiscal, sem que haja um parâmetro definitivo a tanto.

Desfazimento da Arrematação

as regras do CPC que tratam do desfazimento da arrematação são plenamente aplicáveis à execução fiscal, porque omissa a LEF a respeito.

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assim, podem ser arroladas várias hipóteses e modos de desconstituição ou impedimento da arrematação efetuada em execução fiscal, como:

a) por vício de nulidade; se não for pago o preço ou se não for prestada caução; quando o arrematante provar a

existência de ônus real não mencionado no edital; quando tiver sido efetuada por preço vil; por desistência do arrematante, em caso de oferecimento de embargos à

arrematação pelo exequente; quando não intimado previamente o senhorio direto, o credor com garantia real

ou com penhora anteriormente averbada (CPC, art. 694, § 1o, incisos I a VI); nos próprios autos da execução fiscal;

b) pela remição tempestiva da execução, a cargo do executado (CPC, art. 651), ou pela adjudicação do bem, por

parte do credor com garantia real, dos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, do cônjuge e dos descendentes ou ascendentes do executado

(CPC, art. 685-A e parágrafos); c) pela pretensão de adjudicação do bem arrematado,

manifestada pela Fazenda exequente, na forma do art. 24, II, b, da LEF;

d) através de ação específica (embargos à arrematação), na forma e nos casos do art. 746 do CPC;

e) através da ação anulatória de que trata o art. 486 do

CPC; f) através da ação de embargos de terceiro (CPC, arts. 1.046

e seguintes); e g) através de ação rescisória de sentença proferida em uma

das ações citadas.

oferecidos embargos, o arrematante tem a faculdade de desistir da arrematação e de reaver a quantia depositada, cabendo ao juiz deferir o imediato levantamento do numerário.

caso os embargos se revelem manifestamente protelatórios, deve o julgador impor ao executado multa não superior a 20% (vinte por cento) do valor da

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execução, em favor do arrematante prejudicado (CPC, art. 746, §§ 1º, 2º e 3º).

OBS: embora a Fazenda exequente não tenha legitimidade para ajuizar embargos à arrematação, por se tratar, a teor do art. 746 do CPC, de ação do executado, titular que é do bem penhorado e arrematado, nada

a impedirá de, mediante simples petição, invocar eventual nulidade – arrematação por preço vil, por exemplo –, a fim de evitar prejuízo

decorrente de arrematação em desacordo com a lei.

Responsabilidade do Arrematante

o arrematante é responsável apenas pela comissão do leiloeiro e pelas demais despesas inerentes à hasta pública, desde que devida e previamente consignadas no edital.

sendo a arrematação ato judicial e modo originário de aquisição da propriedade, não vincula o arrematante ao antigo proprietário, não podendo ele – arrematante – ser qualificado como sucessor.

OBS: Na esfera tributária há norma expressa no sentido da qual, no caso de arrematação em hasta pública de bens imóveis, a sub-rogação

ocorre apenas sobre o respectivo preço (CTN, art. 130, parágrafo único).

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Art. 24. A Fazenda Pública poderá adjudicar os bens penhorados:

I – antes do leilão, pelo preço da avaliação, se a execução não for embargada ou se rejeitados os embargos;

II – findo o leilão: a) se não houver licitante, pelo preço da avaliação;

b) havendo licitantes, com preferência, em igualdade de condições com a melhor oferta, no prazo de 30 (trinta) dias.

Parágrafo único. Se o preço da avaliação ou o valor da melhor oferta for superior ao dos créditos da Fazenda Pública, a adjudicação

somente será deferida pelo Juiz, se a diferença for depositada, pela exequente, à ordem do Juízo, no prazo de 30 (trinta) dias.

Adjudicação de bens Penhorados pela Fazenda Pública

adjudicação pelo credor: ato judicial através do qual se transfere a propriedade de bem(ns) penhorado(s) para o credor, com a finalidade de quitação do débito objeto do processo executivo.

OBS: assemelha-se à dação em pagamento, ainda que com esta não se

confunda; a dação em pagamento é instituto de direito material e causa de extinção da obrigação; a adjudicação opera-se no plano processual e

nem sempre ensejará a quitação do débito (embora tenha essa finalidade), pois o valor do bem adjudicado pode vir a se revelar insuficiente a tanto, subsistindo, nesse caso, a obrigação e o executivo,

pelo saldo; a adjudicação, na execução fiscal, será coercitiva para o executado, uma vez requerida pela Fazenda exequente, ao passo que a

dação em pagamento é opção do devedor, ainda que dependente do consentimento do credor.

hipóteses de adjudicação dos bens penhorados pela Fazenda:

I – antes do leilão (adjudicação direta ou prévia), pelo preço da avaliação: condiciona-se a que a fase incidental de conhecimento (embargos) já esteja

encerrada, pelo decurso in albis do prazo para oferecimento dos embargos à execução fiscal ou pelo trânsito em julgado da sentença ou do acórdão que os tiverem rejeitado.

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OBS: se o devedor, intimado a se manifestar sobre o pedido de adjudicação formulado pela Fazenda, pretender substituir os bens

penhorados por depósito em dinheiro ou fiança bancária (ou seguro garantia), terá prioridade sobre a pretensão adjudicatória (LEF, art. 15, I e CPC, art. 620).

Não há prazo a que a Fazenda exerça seu direito à adjudicação direta, desde que o requerimento seja dirigido ao juiz até a data do leilão.

II – Após o leilão negativo: realizado o leilão, sem que se tenham apresentado licitantes, a Fazenda Pública poderá requerer a adjudicação dos bens penhorados, também pelo preço da avaliação, valendo as mesmas considerações relativas à adjudicação antes do leilão.

OBS: se a adjudicação for realizada somente após o segundo leilão

negativo, não poderá a Fazenda adjudicar os bens por valor inferior ao preço da avaliação, ao argumento de que a arrematação, na segunda

hasta, poderia ter sido efetivada dessa forma.

90) A adjudicação do bem penhorado em execução fiscal, não havendo licitante, deve ser feita pelo preço da avaliação, após incidência de correção monetária. O princípio supra deve prevalecer mesmo havendo segundo leilão. Entendimento contrário implicaria na ineficácia do art. 23 da Lei no 6.830/80, pois bastaria ao exequente, caso não ocorram licitantes, aguardar o segundo leilão para adjudicar o bem pelo valor inferior ao da avaliação, em desrespeito ao disposto na Lei (REsp

242490, Min. José Delgado).

OBS: restando negativos os leilões, não pode ser imposta à Fazenda

Pública a adjudicação dos bens penhorados, pois é direito dela ver suspenso o executivo fiscal pela ausência de bens arrematáveis, na forma do art. 40 da LEF.

III – Após o leilão positivo: poderá a Fazenda fazer valer sua pretensão adjudicatória após a realização do leilão positivo, em igualdade de condições com a melhor oferta, no prazo de trinta dias, a contar do leilão.

OBS: a adjudicação, nesse caso, não levará em conta o preço da

avaliação, mas o valor da melhor oferta, assumindo a Fazenda exequente posição privilegiada no confronto com o arrematante.

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Depósito da Verba Excedente ao Crédito para fins de Adjudicação

em qualquer das hipóteses, se a adjudicação dos bens penhorados for realizada por valor inferior ao do débito objeto da CDA (atualizados e computados todos os encargos), a execução prosseguirá pelo saldo, cabendo a penhora de novos bens, se de outra forma não for prestada garantia pelo devedor.

na hipótese inversa, ou seja, quando o preço da avaliação (para os casos de adjudicação prévia ou após leilão sem licitantes) ou o valor da melhor oferta (que norteia a adjudicação posterior ao leilão positivo) for superior ao dos créditos exequendos, a adjudicação dependerá de depósito da diferença pela Fazenda Pública, à disposição do juízo, no prazo de trinta dias (LEF, art. 24, parágrafo único).

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Art. 25. Na execução fiscal, qualquer intimação ao representante judicial da Fazenda Pública será feita pessoalmente.

Parágrafo único. A intimação de que trata este artigo poderá ser feita mediante vista dos autos, com imediata remessa ao

representante judicial da Fazenda Pública, pelo cartório ou secretaria.

Intimação Pessoal. Justificativa e Meios de se Efetivá-la

a intimação pessoal ao representante judicial da Fazenda Pública é aplicável também aos incidentes à execução fiscal.

91) A intimação de representante judicial da Fazenda Pública, nos embargos à execução fiscal, será feita pessoalmente. (Súmula 240 TFR).

deve ser realizada mediante mandado, via oficial de justiça, ou através de remessa dos autos com vista ao representante da Fazenda Pública.

OBS: No caso de remessa dos autos, o prazo para a prática de ato

processual, por parte da Fazenda exequente, inicia-se a partir da data em que os mesmos foram entregues ao procurador fazendário ou a

outro servidor público habilitado a recebê-los, expressa no livro de carga do cartório, pouco importando o dia em que aquele apôs o seu “ciente” nos autos.

intimação por carta não pode ser considerada pessoal e, assim, ofende a previsão do art. 25 da LEF.

92) Nas execuções fiscais, bem como nos embargos à execução, a intimação da Fazenda Pública será feita na pessoa do seu representante judicial, não sendo válida aquela efetuada por carta, mesmo que registrada ou com aviso de recebimento (REsp 117.832, Min. Peçanha Martins).

a intimação por carta vem sendo admitida, em caráter excepcional, quando o procurador esteja ausente ou não resida na sede do juízo. O STJ reafirmou esse entendimento no caso de o órgão (de representação judicial) não possuir sede na comarca em que tramita o

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feito (REsp 1.352.882-MS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/6/2013, noticiado no INF 522).

OBS: no caso de execução fiscal para cobrança de verbas devidas ao FGTS, promovida pela Caixa Econômica Federal mediante convênio com

a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (Lei 8.844/94, art. 2º, caput, com a redação dada pela Lei 9.467/97), o Superior Tribunal de Justiça

decidiu que são inaplicáveis, em razão da personalidade jurídica de direito privado da CEF, os privilégios processuais dos arts. 25 da Lei 6.830/1980 e 188 do CPC, concedidos pela legislação tão somente à

Fazenda Pública (AgRg no Ag 543895/RS, Min Denise Arruda).

Art. 26. Se, antes da decisão de primeira instância, a inscrição de dívida ativa for, a qualquer título, cancelada, a execução fiscal será

extinta, sem qualquer ônus para as partes.

Desistência da Execução Fiscal

como o processo de execução nunca fará coisa julgada a beneficiar o executado, tem-se, por decorrência, e em princípio, que o Juiz pode e deve homologar o pedido de desistência de qualquer execução independentemente da concordância do devedor.

no caso de embargos incidentes, aplica-se a regra do art. 569, parágrafo único, do CPC: a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios; b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante.

OBS: portanto, nada impede que os embargos prossigam, como

verdadeira ação autônoma, de natureza desconstitutiva, mesmo após a extinção da execução (pela desistência do credor), para que, a final, o devedor venha a dispor de um provimento judicial relativo à relação

obrigacional discutida.

Cancelamento da Inscrição e Sucumbência

jurisprudência: a regra do art. 26 da LEF não revogou o princípio processual geral da sucumbência, segundo o qual a parte que, de modo injurídico, deu causa à

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propositura da demanda deve ser condenada a ressarcir os gastos assumidos pela outra.

93) A desistência da execução fiscal, após o oferecimento dos embargos, não exime o exequente dos encargos da sucumbência (Súmula 153 STJ).

OBS: aplica-se o mesmo entendimento quando a Fazenda Pública promove o cancelamento do título executivo e “desiste” da ação de execução fiscal, após alertada pelo devedor, através de exceção de pré-

executividade, de que o débito já havia sido pago, pois não seria razoável negar ao último o ressarcimento das despesas assumidas após o ajuizamento, notadamente do que pagou, a título de honorários, a seu

advogado.

94) Esta Colenda Corte já firmou seu entendimento, por meio da Súmula 153, no sentido de que a Fazenda Pública deve ser condenada ao pagamento de honorários do advogado do executado nos casos em que desistiu da execução fiscal, após a apresentação de embargos do devedor. Na hipótese presente, a defesa apresentada pela parte executada foi a exceção de pré-executividade, meio, portanto, análogo aos embargos e bastante para configurar a hipótese do verbete mencionado (AGREsp 388034, Min. Francisco Falcão).

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Art. 27. As publicações de atos processuais poderão ser feitas resumidamente ou reunir num só texto os de diferentes processos.

Parágrafo único. As publicações farão sempre referência ao número do processo no respectivo juízo e ao número da correspondente

inscrição de Dívida Ativa, bem como ao nome das partes e de seus advogados, suficientes para sua identificação.

Publicação Resumida

objetivo: economia processual, tendo a LEF permitido que a comunicação de atos no processo de execução fiscal seja feita mediante publicação resumida ou reunindo num só texto a notícia de atos similares praticados em diferentes processos.

OBS: será sempre necessária a perfeita individualização do processo,

com a indicação, na publicação, de seu número, do número da correspondente inscrição de Dívida Ativa, do nome das partes e de seus advogados; havendo litisconsórcio passivo, a prática forense tem

revelado a utilização da expressão “e outro(s)” após a indicação do primeiro executado, sem prejuízo à validade do ato; o mesmo pode ser

dito quando há vários advogados constituídos por um mesmo executado, aceitando-se que a publicação seja feita em nome de apenas um deles.

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Art. 28. O Juiz, a requerimento das partes, poderá, por conveniência da unidade da garantia da execução, ordenar a

reunião de processos contra o mesmo devedor. Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, os processos serão

redistribuídos ao Juízo da primeira distribuição.

Reunião dos processos por conveniência da unidade da garantia. Requisitos

trata-se de mais uma medida de economia processual, objetivando a prática de atos únicos que aproveitem a mais de um processo executivo, quando, na posição de exequente e executado, figurem as mesmas partes.

OBS: sendo possível a cumulação inicial de pedidos em execução fiscal, por aplicação subsidiária das regras dos arts. 292 e 573 do CPC, a

reunião de processos, nos moldes do art. 28 da LEF, traduz verdadeira “cumulação superveniente”.

o intuito do legislador foi o de tornar facultativa a

reunião de processos (o juiz (...) poderá ordenar a reunião de processos...), não se tratando de regra cogente.

94-A) A reunião de execuções fiscais contra o mesmo devedor constitui faculdade do Juiz. (Súmula 515 STJ).

Requisitos:

I – identidade e requerimento das partes

II – conveniência da unidade da garantia III – mesma fase processual

OBS: embora não afirmado na LEF, parece óbvio que a reunião dos feitos subordina-se também a se encontrarem os mesmos em fases processuais análogas, para que a economia processual seja

efetivamente alcançada.

Competência para Processar e Julgar os Feitos Reunidos

a competência para o processamento e julgamento dos executivos reunidos na forma do art. 28 da LEF será do

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juízo prevento, ou seja, do juízo a quem foi distribuído o primeiro executivo (LEF, art. 28, parágrafo único).

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Art. 29. A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência,

concordata, liquidação, inventário ou arrolamento. Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica

entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem:

I – União e suas autarquias; II – Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata;

III – Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata.

Requerimento de Falência e Habilitação de Crédito em Processo Falimentar pela Fazenda Pública

sendo a cobrança judicial da dívida ativa insubmissa a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento (art. 29 da LEF), não se submetendo a execução fiscal a juízo universal (art. 5o da LEF), revela-se improcedente a tese que permite à Fazenda Pública requerer a falência de empresa que lhe deve.

95) Afigura-se impróprio o requerimento de falência do contribuinte comerciante pela Fazenda Pública, na medida em que esta dispõe de instrumento específico para cobrança do crédito tributário (REsp. no 287824, Min. Francisco Falcão).

quanto à habilitação de crédito fazendário em processo falimentar, também seria caso de falta de interesse, mas há julgado do STJ admitindo-a, no caso em que o valor diminuto do crédito não recomende a propositura da execução fiscal.

96) Os arts. 187 e 29 da Lei 6.830/80 não representam um óbice à habilitação de créditos tributários no concurso de credores da falência; tratam, na verdade, de uma prerrogativa da entidade pública em poder optar entre o pagamento do crédito pelo rito da execução fiscal ou mediante habilitação do crédito. Escolhendo um rito, ocorre a renúncia da utilização do outro, não se admitindo uma garantia dúplice. Precedentes. O fato de permitir-se a habilitação do crédito tributário em processo de falência não significa admitir o requerimento de quebra por parte da Fazenda Pública. No caso, busca-se o pagamento de créditos da União, representados por 11 (onze) inscrições em dívida ativa, que, todavia, em sua maioria, não foram objeto de execução fiscal em razão de seu valor.

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Diante dessa circunstância, seria desarrazoado exigir que a Fazenda Nacional extraísse as competentes CDAs e promovesse as respectivas execuções fiscais para cobrar valores que, por razões de política fiscal, não são ajuizáveis (Lei no 10.522/02, art. 20), ainda mais quando o processo já se encontra na fase de prestação de contas pelo síndico (REsp 1103405, Rel. Min. Castro Meira).

Execução Fiscal contra Massa Falida

nada impede o ajuizamento de execução fiscal contra massa falida; da mesma forma, a superveniente decretação de falência do executado não paralisa, suspende ou modifica a competência do executivo promovido pela Fazenda Pública.

os efeitos que a decretação da quebra do executado acarreta para o executivo fiscal estão inicialmente estabelecidos na Súmula 44 do TFR.

97) Ajuizada a execução fiscal anteriormente à falência, com penhora realizada antes desta, não ficam os bens penhorados sujeitos à arrecadação no juízo falimentar; proposta a execução fiscal contra a massa falida, a penhora far-se-á no rosto dos autos do processo de quebra, citando-se o síndico (Súmula 44 TFR).

OBS: penhora no rosto dos autos deve ser efetivada mediante reserva de bens suficientes à garantia da dívida ativa da Fazenda, os quais, na fase

processual adequada, hão de ser requisitados pelo juízo da execução fiscal para serem leiloados.

realizada a penhora no rosto dos autos, prossegue-se com a abertura de prazo à massa falida para oferecer embargos de devedor, cabendo intimar-se o administrador da massa para, no interesse dos demais credores da massa, invocar eventuais nulidades do processo.

a prioridade do crédito tributário não é absoluta, curvando-se ele diante de créditos derivados da legislação do trabalho e de créditos decorrentes de

acidente de trabalho (CTN, art. 186, caput).

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na falência, outros créditos, além dos trabalhistas e dos decorrentes de acidente de trabalho, passaram a se sobrepor aos créditos da Fazenda Pública, a partir da inclusão no CTN da norma do parágrafo único do citado art. 186, por obra da edição da Lei Complementar no 118/2005, que teve por objetivo adaptar a lei de normas gerais tributárias à nova Lei de Falências (Lei 11.101/2005, art. 83 e incisos).

com isso, em se tratando de execução fiscal contra massa falida, deve o juízo da mesma determinar a remessa do produto da arrematação ao juízo falimentar, para que este o distribua de acordo com a ordem legal de prioridades.

98) A falência superveniente do devedor não tem o condão de paralisar o processo de execução fiscal, nem de desconstituir a penhora realizada anteriormente à quebra. Outrossim, o produto da alienação judicial dos bens penhorados deve ser repassado ao juízo universal da falência para apuração das preferências (REsp 1013252, Min. Luiz Fux, 2009).

OBS: pelo mesmo motivo, entende o STJ que não pode a Fazenda Pública adjudicar, como credora, bens penhorados em execução fiscal, quando a entidade devedora estiver falida e credores preferenciais –

como os trabalhistas – se tiverem habilitado perante o juízo falimentar, sob pena de afronta à ordem legal de prioridades (REsp 695167, Min.

Mauro Campbell Marques).

com a incorporação do produto da arrematação ao processo de falência, a satisfação do crédito fazendário fica a depender de determinação do juízo falimentar, mantendo-se a entidade pública credora em posição de espera e o executivo fiscal, suspenso, sem que se possa cogitar da fluência da prescrição intercorrente, como bem destacado pelo STJ no julgado abaixo:

98-A) A jurisprudência desta Corte reconhece a prejudicialidade do processo falimentar para a satisfação do crédito tributário, visto que a penhora dos valores no rosto nos autos da falência, ou a habilitação do crédito fazendário no mesmo processo, impõe à Fazenda Pública uma única atitude: aguardar o término da ação de falência. A paralização da ação de execução fiscal por determinação legal ou judicial obsta a fluência do prazo prescricional, mormente quando a culpa pela

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paralização não pode ser imputada ao credor (AgRg no REsp 1.393.813, Min. Humberto Martins, DJe 19/05/2014).

Mais jurisprudência:

99) Na cobrança de crédito tributário em face de massa falida são exigíveis honorários advocatícios (...) uma vez que regra a espécie o prescrito nos arts. 29 da Lei de Execuções Fiscais, 187 do CTN e 20 do Código de Processo Civil (REsp 611680, Min. José Delgado).

100) O encargo de 20% previsto no DL 1.025/1969 é exigível na execução fiscal proposta contra a massa falida (Súmula 400 STJ).

101) O Ministério Público possui amplo poder de atuação no processo falimentar, conferido pelo art. 210 do Decreto-Lei 7.661/45, em razão de relevante interesse social, baseado no dever de agir como fiscal da lei. Fiscalização essa que não se exaure com a sentença de falência. O Parquet é o Curador e Fiscal de Massas Falidas, obrigado a defender o patrimônio remanescente, em proteção aos interesses socioeconômicos envolvidos. Nesse contexto, é evidente a sua legitimidade ativa para opor Embargos, único meio de defesa na execução fiscal, visando a impedir a aplicação de multa manifestamente indevida (REsp 28529, Min. Laurita

Vaz).

Concurso de Preferências entre as Fazendas

prevalecendo sempre o crédito federal (de que seja titular a União ou suas autarquias e fundações) em relação ao dos Estados, do Distrito Federal e de suas autarquias e fundações, e, o destes, em relação ao dos Municípios e de suas autarquias e fundações.

no que tange ao concurso de preferências entre os créditos fazendários, impõem-se as seguintes observações:

a) entre União Federal e entidade autárquica federal não há rateio, pois a expressão pro rata só é utilizada pelo legislador nos

incisos II e III, atinentes aos créditos estaduais e municipais (assim, satisfaz-se, primeiramente, o crédito da União, e, em seguida, o de sua autarquia);

b) também nas esferas estadual e municipal a precedência é

sempre do crédito do ente político diante do autárquico (REsp 272374, Rel. Min. Franciulli Netto), incidindo o rateio apenas

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quando concorram créditos de entes da mesma classe (Estado A x Estado B; Autarquia municipal W x Autarquia municipal Y etc.);

c) quando a LEF faz menção aos créditos dos Territórios, está, na verdade, aludindo aos créditos da União, originários dos

Territórios, colocando-os ao lado dos créditos estaduais, na ordem de preferência examinada;

d) embora os créditos do Distrito Federal coloquem-se em posição equivalente aos dos Estados, quando forem derivados do exercício

de competência municipal, devem situar-se no plano inferior, como se créditos municipais fossem;

e) a instauração de concurso de preferências entre dois ou mais créditos fazendários depende de estarem eles submetidos a

execução fiscal, garantidos por penhoras sobre o mesmo bem, pois o art. 612 do CPC (subsidiariamente aplicável) estabelece que o credor adquire o direito de preferência pela penhora (não pode,

portanto, uma entidade fazendária, ainda que detentora de crédito em posição de superioridade na ordem legal de preferência, pretender fazer valer sua prioridade em executivo

fiscal alheio, sem que tenha proposto a sua própria execução fiscal e penhorado o mesmo bem que garante o crédito

inferiorizado);

101-A) Os créditos das autarquias federais preferem aos créditos da Fazenda estadual desde que coexistam penhoras sobre o mesmo bem (Súmula 497 STJ)

f) o concurso entre as Fazendas penhorantes resolve-se pela ordem do parágrafo único do art. 29 da LEF, pouco importando

aferir quem promoveu a primeira penhora;

g) embora não haja prazo determinado para a instauração do concurso em tela, não pode o mesmo prosperar, ainda que suscitado por entidade detentora de crédito prioritário, quando o

pagamento já tenha sido realizado à outra; e h) o bem penhorado sucessivamente deverá ficar sob a

administração do juízo que efetivou a penhora inicial, podendo transferi-la ao primeiro que estiver em condições de realizar o

leilão, perante o qual serão apresentados os protestos por preferência.

102) O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal em execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a competência para a Justiça Federal (Súmula 270 STJ).

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Art. 30. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento da

Dívida Ativa da Fazenda Pública a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de

inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declara absolutamente impenhoráveis.

v. tópicos relativos ao art. 10

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Art. 31. Nos processos de falência, concordata, liquidação, inventário, arrolamento ou concurso de credores, nenhuma

alienação será judicialmente autorizada sem a prova de quitação da Dívida Ativa ou a concordância da Fazenda Pública.

Alienações Judiciais e Dívida Ativa

qualquer alienação de bem dependente de autorização judicial submete-se à regra geral do art. 31 da LEF, erigida em verdadeira garantia do crédito fazendário devidamente inscrito em dívida ativa, a par de garantias similares deferidas ao crédito tributário pelo CTN (arts. 191 e 192), estendidas também à dívida ativa de natureza não tributária pela LEF (art. 4º, § 4º).

a alienação de bens a princípio indisponíveis, no âmbito de processos falimentares, de recuperação judicial, inventário, arrolamento, liquidação ou concurso de credores, somente poderá ser autorizada pelo juiz desde que prove o interessado a quitação da dívida ativa da Fazenda Pública ou, caso isso não ocorra, havendo concordância expressa ou tácita do representante fazendário.

OBS: não deverá o juiz exigir a prova de quitação da dívida ativa ou a audiência prévia de todas as Fazendas Públicas existentes no país, por

evidente, mas apenas a da União e as das entidades que tiverem interesse direto nos bens a serem alienados (titulares de competência para exigir tributos que incidem sobre o mesmo, v.g.) e nas atividades

desempenhadas pela pessoa jurídica, se for o caso (hipótese típica de um Estado, sujeito ativo do ICMS, em cujo território esteja situado o

estabelecimento comercial falido que pretenda a alienação).

embora autorizada judicialmente, nada impede venha a alienação de bens a ser caracterizada como em fraude à execução fiscal, se presentes os requisitos que autorizam a aplicação da norma do art. 185 do CTN (para a dívida ativa tributária) ou do art. 593, inciso II, do CPC (relativamente à dívida ativa não tributária e às execuções em geral).

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Art. 32. Os depósitos judiciais em dinheiro serão obrigatoriamente feitos:

I – na Caixa Econômica Federal, de acordo com o Decreto-Lei no 1.737, de 20 de dezembro de 1979, quando relacionados com a

execução fiscal proposta pela União ou suas autarquias; II – na Caixa Econômica ou no banco oficial da unidade federativa ou, à sua, falta, na Caixa Econômica Federal, quando relacionados

com execução fiscal proposta pelo Estado, Distrito Federal, Municípios e suas autarquias.

§ 1º Os depósitos de que trata este artigo estão sujeitos à atualização monetária, segundo os índices estabelecidos para os

débitos tributários federais.

§ 2º Após o trânsito em julgado da decisão, o depósito, monetariamente atualizado, será devolvido ao depositante ou entregue à Fazenda Pública, mediante ordem do juízo competente.

Depósito Judicial em Dinheiro. Cabimento

hipóteses que rendem ensejo a depósitos judiciais em dinheiro em processos de execução fiscal são variadas, cabendo arrolar as mais comuns, a saber:

a) oferecimento de quantia, pelo próprio devedor, em garantia do débito, a fim de embargar a execução (LEF, art. 9º, I) ou em substituição aos bens penhorados (LEF, art. 15, II);

b) penhora (ou arresto) de dinheiro do executado, a ser convertida

em depósito (LEF, art. 11, I e § 2º); c) penhora de percentual do faturamento mensal da pessoa

jurídica executada, para os que a admitem, ensejando depósitos periódicos à disposição do juízo da execução;

d) produto da remição do bem penhorado, pelo terceiro que o deu em garantia de débito alheio (LEF, art. 19, I), ou produto da

adjudicação pelos familiares do executado ou por credores com garantia real ou com penhora concomitante (CPC, art. 685-A, § 2º);

e) produto da alienação antecipada de bens penhorados (LEF, art. 21); e

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f) adjudicação de bens penhorados pela Fazenda exequente, quando o preço da avaliação ou o valor da melhor oferta for

superior ao de seus créditos (LEF, art. 24, parágrafo único).

Atualização Monetária dos Depósitos e Instituições Depositárias. Levantamento e conversão em renda

realizado o depósito, fica a instituição financeira depositária obrigada a arcar com a remuneração da quantia depositada, liberando as partes litigantes desse ônus, qualquer que seja o resultado final dos embargos.

LEF, art. 32, § 1º: os depósitos judiciais em dinheiro submetem-se à atualização monetária segundo os índices estabelecidos para os débitos tributários federais.

103) O estabelecimento de crédito que recebe dinheiro, em depósito judicial, responde pelo pagamento da correção monetária relativa aos valores recolhidos (Súmula 179 STJ).

a entrega da quantia depositada ao executado dependerá, sempre, do trânsito em julgado da decisão que houver tido a execução fiscal por impertinente, isto é, da sentença ou do acórdão que julgar procedentes os embargos.

o mesmo vale à conversão em renda da Fazenda exequente, exigindo expressamente a LEF, como condição à efetivação da medida aludida, que a decisão a favor daquela tenha transitado em julgado (art. 33, § 2º).

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Art. 33. O juízo, de ofício, comunicará à repartição competente da

Fazenda Pública, para fins de averbação no Registro da Dívida Ativa, a decisão final, transitada em julgado, que der por improcedente a execução, total ou parcialmente.

Averbação no Registro da Dívida Ativa da Decisão de “Improcedência” da Execução Fiscal

críticas:

a) o encargo de comunicar à repartição pública a existência de decisão tornando insubsistente a execução fiscal, medida de cunho administrativo que é, não deveria ter sido atribuído ao Poder Judiciário, notoriamente assoberbado, mas ao procurador da própria entidade exequente, a fim de que a última não venha a ser responsabilizada, eventualmente, por danos morais e patrimoniais advindos da manutenção de dívida ativa desconstituída em juízo; e

b) padece de vício terminológico o dispositivo

examinado, quando alude à decisão que der por

improcedente a execução, seguindo a linha (também criticada) do art. 475, inciso III, do CPC.

OBS: os embargos, ação de conhecimento incidental, é que serão procedentes ou improcedentes.

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Art. 34. Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinquenta) Obrigações do

Tesouro Nacional – OTN, só se admitirão embargos infringentes e de declaração.

§ 1º Para os efeitos deste artigo, considerar-se-á o valor da dívida monetariamente atualizado e acrescido de multa e juros de mora e

demais encargos legais, na data da distribuição. § 2º Os embargos infringentes, instruídos, ou não, com documentos

novos, serão deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias perante o mesmo juízo, em petição fundamentada.

§ 3º Ouvido o embargado, no prazo de dez (dez) dias, serão os autos conclusos ao juiz, que, dentro de 20 (vinte) dias, os rejeitará ou

reformará a sentença.

Execuções Fiscais “de Alçada”. Caracterização

para evitar que feitos de reduzida expressão econômica consumam muito tempo em seu processamento, demandando gastos excessivos com a máquina judiciária para contrapartida patrimonial irrisória, a LEF instituiu tratamento recursal especial em relação aos executivos fiscais de valor não superior ao equivalente a 50 Obrigações do Tesouro Nacional (OTNs).

com a sucessiva modificação de índices de indexação monetária, tal valor passou a equivaler a 308,50 Unidades Fiscais de Referência (UFIR), por seu turno fixadas, com a extinção deste último indexador, a partir de janeiro de 2001, em R$ 328,27.

OBS: de janeiro de 2001 em diante, o referido montante há de ser corrigido pelo IPCA-E, divulgado pelo IBGE, de acordo com a jurisprudência do STJ, que, em certo julgado, apurou R$ 522,24 como

valor de alçada para as execuções propostas no mês de dezembro de 2005 (REsp 1168625, Rel. Min. Luiz Fux).

OBS: O valor atualizado para novembro de 2014 corresponde a R$ 776,16 (BACEN, Calculadora do Cidadão, em

https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores).

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a aferição do valor da execução fiscal, para fins de fixação de alçada recursal, deve ser realizada na data da distribuição, com relação à dívida monetariamente atualizada e acrescida de multa, juros de mora e demais encargos legais, até aquele instante.

nas execuções fiscais “de alçada” não se admite a interposição de agravo de instrumento das decisões

interlocutórias, como consequência da mens legis (instância julgadora única) emanada do art. 34 da LEF.

excepciona a regra o agravo de instrumento contra a decisão judicial sobre o valor da execução, isto é, decisão que caracteriza (ou não) a causa como “de alçada”.

OBS: a razão para isso é simples: trata-se de decisão que opera reflexos na competência do Tribunal ad quem, cabendo ao último, à evidência,

pronunciar-se, acaso provocado, sobre o tema.

no caso de reunião de processos de execução fiscal tendo as mesmas partes (com base no art. 28 da LEF),

diz o STJ que na determinação da alçada deve-se considerar cada ação de execução e não a somatória dos valores de diversas execuções reunidas. (EREsp 36479, Min. Garcia Vieira).

a alçada recursal aplica-se tanto ao executivo fiscal quanto às ações incidentais.

OBS: não se deve perquirir o valor da causa nos embargos de terceiro,

por exemplo, para aferição da alçada recursal, que estará sempre presente se, na execução fiscal em que se penhorou o objeto daqueles, o

valor integral do débito, na data da distribuição, não ultrapassava o limite legal indigitado; do contrário, vale dizer, sendo superior o valor da execução, escaparão os referidos embargos de terceiro da alçada

recursal, nada importando que seu valor seja inferior ao teto do art. 34 da LEF, que dele não se ocupa.

Embargos Infringentes nas Execuções Fiscais “de Alçada”. Prazo

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caracterizada a execução fiscal como “de alçada”, o típico instrumento recursal a ser manejado pelas partes,

em caso de sucumbência nos autos do executivo (v. g., em exceção de pré-executividade) ou de qualquer outra ação incidental (embargos de devedor, à arrematação, à

adjudicação, de terceiro) serão os embargos infringentes de alçada (que não se confundem com os embargos infringentes cuidados no art. 530 do CPC, cabíveis de julgados não unânimes em apelação e em ação rescisória).

trata-se de recurso retrativo, através do qual se deduz pretensão de reforma da sentença perante o próprio órgão judiciário de 1º grau que a tenha prolatado.

devem tais embargos ser interpostos, instruídos ou não com novos documentos, no prazo de dez dias a contar da intimação da sentença, pela parte sucumbente, mediante petição fundamentada (LEF, art. 34, § 1º).

formado o contraditório, com a oitiva da parte recorrida (embargada) no prazo fixo de dez dias, dispõe a LEF (art. 34, § 3º) que o Juiz terá vinte dias para efetuar o julgamento do recurso.

Embargos de Declaração nas Execuções Fiscais “de Alçada”

serão sempre cabíveis, das decisões proferidas em execuções fiscais e incidentes, ainda que “de alçada”, embargos declaratórios, no prazo de cinco dias e independentemente de preparo, quando houver, na sentença, obscuridade ou contradição, ou quando for omitido ponto sobre o qual devia o juiz pronunciar-se.

Recursos em Geral e o Duplo Grau Obrigatório de Jurisdição nas Execuções Fiscais “de Alçada”

se não cabe apelação das sentenças prolatadas em execuções fiscais “de alçada” ou em seus incidentes, também não cabe agravo das decisões interlocutórias

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proferidas em feitos tais (se não cabe o “mais”, não cabe o “menos”).

OBS: resulta disso que as decisões interlocutórias não precluem, podendo ser revistas quando do julgamento dos embargos infringentes de alçada; além disso, não está descartada a utilização do mandado de

segurança para atacar decisões teratológicas ou da correição parcial, em caso de tumulto processual.

descabe recurso especial em causas de alçada, pois, inexistindo decisão de tribunal, não há espaço para a aplicação da regra constitucional de competência do Superior Tribunal de Justiça do art. 105, III.

cabe recurso extraordinário, já que o art. 102, III, da CF assegura ao STF competência para, havendo

repercussão constitucional, julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância (tendo desaparecido a antiga restrição de que as decisões recorridas fossem provenientes de tribunais).

OBS: o juízo de admissibilidade inicial do RE, no caso, será feito pelo juiz de 1º grau.

não há espaço para o duplo grau obrigatório de jurisdição, que seria incompatível com a sistemática recursal simplificada.

de todo modo, por obra da edição da Lei 10.352/2001, que acrescentou ao art. 475 do CPC a norma do § 2º, o

reexame necessário está afastado quando a dívida ativa não tiver valor superior ao equivalente a sessenta salários mínimos, caso em que se enquadram, atualmente, as execuções fiscais “de alçada”.

como visto, ressalvado o recurso extraordinário ao STF (havendo matéria constitucional em discussão), o julgamento dos embargos infringentes, nas execuções fiscais de alçada, materializa-se em decisão irrecorrível, cabendo, assim, para questionamento desta, a excepcional impetração de mandado de segurança, na

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leitura do STJ (RMS 37382, Min. Eliana Calmon, DJe 13/06/2013).

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Art. 35. Nos processos regulados por esta Lei, poderá ser dispensada a audiência do revisor, no julgamento das apelações.

Dispensa de Revisão em Segunda Instância

dispensa da audiência do revisor no julgamento das apelações: regra de economia processual, visando à celeridade no processamento de tais recursos.

trata-se de faculdade (poderá ser dispensada...) conferida aos órgãos judicantes de segunda instância, os quais poderão exercê-la ao elaborarem os seus regimentos internos.

norma que deve ser estendida a quaisquer processos incidentes ao executivo fiscal, e não apenas aos embargos do devedor.

OBS: Indaga-se se a revisão também estaria dispensada no julgamento da remessa necessária, nas hipóteses em que a sentença proferida em execução fiscal ou em seus incidentes esteja submetida ao duplo grau

obrigatório de jurisdição (por força da regra do art. 475, III, do CPC). Cremos que a resposta é positiva, pois não faz sentido que ao

processamento do recurso voluntário da Fazenda exequente seja suficiente a análise inicial do caso pelo relator (a quem compete, desde logo, pedir dia para julgamento) e o mesmo não se aplique à remessa

necessária, apenas porque se descuidou o elaborador da LEF de mencioná-la expressamente no art. 35. Não fosse assim, ficaria

comprometida a teleologia do preceito examinado, consistente na aceleração do trâmite do processo de execução fiscal (e de seus incidentes) nos tribunais.

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Art. 36. Compete à Fazenda Pública baixar normas sobre o recolhimento da Dívida Ativa respectiva, em juízo ou fora dele, e

aprovar, inclusive, os modelos de documentos de arrecadação.

Providências para o Recolhimento da Dívida Ativa

regra de natureza puramente administrativa, e não processual, destoando das demais normas constantes da LEF.

objetiva a padronização dos documentos de arrecadação da dívida ativa, para que o seu recolhimento, tanto antes de ajuizada a execução fiscal, quanto posteriormente, seja feito com base em guia padrão, contendo dados essenciais (tais como código da receita, CPF do contribuinte, data, valor etc.) e permitindo o automático cancelamento da inscrição.

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Art. 37. O auxiliar de justiça que, por ação ou omissão, culposa ou dolosa, prejudicar a execução, será responsabilizado, civil, penal e

administrativamente. Parágrafo único. O oficial de justiça deverá efetuar, em 10 (dez)

dias, as diligências que lhe forem ordenadas, salvo motivo de força maior devidamente justificado perante o juízo.

Responsabilidade dos Auxiliares da Justiça e Prazo para a Prática de Atos pelo Oficial de Justiça

a conduta, dolosa ou culposa, dos auxiliares da justiça, em prejuízo da execução, responsabilizará os referidos agentes, civil, penal e administrativamente.

os auxiliares da justiça são aqueles cujas atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciária (CPC, art. 139), enquadrando-se como tais, entre outros, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o contador, o administrador e o intérprete.

OBS: ao se referir à ação ou omissão que prejudicar a execução, não quis o legislador proteger apenas os interesses fazendários, embora na

prática sejam esses, no mais das vezes, os afetados pela desídia ou má-fé dos auxiliares da justiça (em alguns casos, conluiados com os devedores). O executado também pode vir a se sentir prejudicado pela

eventual conduta inadequada do agente público, nada impedindo que a mesma seja enquadrada como prejudicial à execução.

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Art. 38. A discussão judicial da dívida ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta lei, salvo as hipóteses de

mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e

acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo único. A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista

neste artigo, importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.

Exigência de Depósito. Concomitância de Instâncias Administrativa e Judicial

rol do art. 38 da LEF deve ser considerado meramente exemplificativo, pois não menciona, por exemplo, as ações declaratória e consignatória, embora validamente manejadas na esfera tributária.

o depósito exigido neste artigo como condição específica da ação anulatória tributária já foi há muito afastado pela jurisprudência, por violar o princípio constitucional do livre acesso ao Judiciário.

103-A) É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário (Súmula Vinculante 28 STF).

o parágrafo único, por seu turno, impede a concomitância de instâncias administrativa e judicial, reconhecendo a supremacia da última, no exame das lides tributárias.

OBS: o crédito da Fazenda pode ser contestado administrativa e judicialmente ao mesmo tempo, bastando que o contribuinte apresente

diferentes fundamentos para cada um dos instrumentos. Por exemplo, é possível que o contribuinte apresente recurso, na esfera administrativa, contra indeferimento de perícia por ele requerida em procedimento de

apuração de base de cálculo de tributo e, ao mesmo tempo, ajuíze ação contra a Fazenda Pública, questionando exclusivamente a constitucionalidade da exação. Ainda que o Poder Judiciário decida pela

validade da lei de tributação, não ficará prejudicada a alegação de violação à ampla defesa no procedimento de lançamento, a ser

apreciada pelo órgão recursal administrativo. Em suma, o que o

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legislador quis vedar, no parágrafo único do art. 38 da LEF, foi a “litispendência” administrativo-judicial, que inexistirá nos casos em que

a causa petendi não for comum às duas discussões.

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Art. 39. A Fazenda Pública não está sujeita ao pagamento de custas e emolumentos. A prática de atos judiciais de seu interesse

independerá de preparo ou prévio depósito. Parágrafo único. Se vencida, a Fazenda Pública ressarcirá o valor

das despesas feitas pela parte contrária.

Isenção de Taxa em favor da Fazenda Pública. Aplicação do Benefício aos Conselhos Profissionais

a Fazenda Pública não se sujeita ao pagamento de custas e emolumentos, previamente à prática de atos processuais de seu interesse.

OBS: STF - custas e emolumentos têm natureza de taxa, que é devida,

na espécie, como contraprestação aos serviços judiciais e extrajudiciais (atividades notariais e registrais) prestados a quem os solicita.

as taxas que remuneram os serviços públicos prestados por oficiais de justiça, avaliadores judiciais, contadores judiciais, entre outros auxiliares da justiça, e até mesmo

por serventias extrajudiciais (registro de penhora, v.g.), não são exigidas da Fazenda Pública, como condição a que as atividades correlatas sejam desempenhadas em seu proveito.

trata-se de norma definidora de isenção da taxa em questão, quando a entidade fazendária litigante não seja a própria mantenedora dos serviços públicos de que se vale no curso do processo, ainda que a final seja vencida.

a isenção aplica-se também aos incidentes gerados pelo processo de execução fiscal, a exemplo dos embargos do devedor.

jurisprudência: a isenção refere-se apenas ao tributo devido como retribuição oficial aos serviços públicos prestados em favor da Fazenda exequente no processo, não alcançando as despesas assumidas pelos auxiliares da justiça, que hão de ser antecipadamente custeadas, sob pena de imposição aos últimos de ônus indevido.

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OBS: é pacífico, portanto, que, quando requer diligência peculiar, como remoção de bem penhorado ou perícia judicial em embargos, a Fazenda

exequente, mesmo que ao final do processo possa vir a ser ressarcida, deve arcar previamente com os gastos decorrentes do transporte do oficial de justiça e do bem e dos honorários do perito, respectivamente,

considerando que tais despesas, distintas das custas e dos emolumentos, não assumem a natureza de taxa e, por isso, não são alvo da norma do art. 39 da LEF.

OBS: tal entendimento é aplicado pelo STJ às despesas com cópias

reprográficas de atos constitutivos de empresas requeridas pela Fazenda Pública ao Cartório de Registros de Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica, que por ela devem ser custeadas (REsp

1073026, Min. Eliana Calmon). Todavia, o encargo com a citação postal considera-se enquadrado no conceito de custas processuais, de cujo pagamento a Fazenda está dispensada, por força do art. 39 da Lei 6.830/80 (EREsp 357283, Min. Teori Zavascki).

a isenção ora estudada, prevista no art. 39 da Lei 6.830/80, editada pela União Federal, só pode ser aplicada aos executivos em trâmite na Justiça Federal.

OBS: desde a promulgação da Carta de 1988, não está mais a União Federal autorizada a conceder isenção de tributos dos demais entes federativos, tampouco subsistindo, atualmente, as isenções

heterônomas por ela estabelecidas no passado (CF, art. 151, inciso III). Assim, embora seja certo que, na condição de exequentes, não podem cobrar tributos de si próprios, Estados e Distrito Federal, que mantêm

cada qual a sua Justiça, podem exigir “custas judiciais” (leia-se “taxas”) de municípios e de outros entes fazendários (autarquias, fundações e

assimilados), quando estes sejam autores de executivos fiscais, a menos que a respectiva lei de tributação preveja isenção em benefício de tais entidades públicas.

em relação às custas devidas à União, na Justiça Federal, vigoram regras específicas, constantes da Lei no 9.289/96, sendo algumas das mais relevantes, no contexto das execuções fiscais e incidentes, as seguintes:

a) as execuções fiscais movidas pela Fazenda Pública federal (União e suas autarquias e fundações) perante a

Justiça estadual, na forma do revogado art. 15, inciso I, da Lei 5.010/66, ou seja, quando o devedor é domiciliado em

comarca que não seja abrangida por competência territorial

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de Vara Federal, submetem-se ao regime de custas estabelecido na legislação estadual (art. 1º, § 1º);

b) são isentos do pagamento de custas a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como suas

autarquias e fundações, porém tais entidades, quando vencidas, estão obrigadas a reembolsar as despesas

judiciais feitas pela parte vencedora (art. 4º, inciso I e parágrafo único);

c) os embargos à execução não se condicionam ao pagamento de custas (art. 7º); e

d) extinto o processo, se a parte responsabilizada não pagar as custas devidas em quinze dias, após devidamente

intimada, os elementos indicativos do débito serão encaminhados à Procuradoria da Fazenda Nacional para inscrição em dívida ativa da União.

Sucumbência da Fazenda Pública e Obrigação de Ressarcir

se o juiz reconhecer a impertinência da execução fiscal, ao julgar os embargos ou mesmo ao acolher a exceção de pré-executividade, deverá carrear os ônus sucumbenciais à Fazenda Pública exequente, impondo-lhe a obrigação de ressarcir todos os gastos que a parte executada demonstre haver suportado em decorrência do ajuizamento indevido do executivo, o que será levado a efeito nos próprios autos, através do rito consignado nos artigos 730 e 731 do CPC (precatório ou RPV), por força do comando constitucional do art. 100 (e parágrafos).

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Art. 40. O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa

recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição. § 1º Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao

representante judicial da Fazenda Pública.

§ 2º Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos.

§ 3º Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para prosseguimento da

execução.

§ 4º Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la

de imediato (Lei 11.051/2004). § 5º A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4º

deste artigo será dispensada no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado

da Fazenda (Lei 11.960, de 2009).

Suspensão da Execução Fiscal

tratando-se de processo de execução, a inexistência de bens passíveis de garantir o juízo é um obstáculo intransponível ao desenrolar do procedimento, pois impede que, através do sacrifício forçado do patrimônio do executado, obtenha-se a satisfação do débito, em favor do exequente, finalidade última do executivo.

por isso, determina a lei, em casos tais, que o curso do processo seja suspenso, enquanto perdurar tal situação, que inviabiliza o procedimento.

a ausência do devedor, pura e simples, não é empecilho ao prosseguimento da execução, pois o Superior Tribunal de Justiça já declarou, em sua Súmula 196,

que ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos.

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OBS: assim, demonstrou o STJ a plena viabilidade de a execução prosseguir mesmo não tendo sido localizado o devedor, bastando, a

tanto, que se intime da penhora, pessoalmente, o curador especial nomeado pelo Juízo, que assumirá legitimidade para propor embargos. Assim, não tendo sido inicialmente localizado o devedor, a regra do art.

40 autoriza apenas a que a suspensão da execução fiscal opere-se durante o período em que aquele estiver sendo procurado pelos meios

possíveis, após o que, restando infrutíferas as diligências e efetivando-se a citação editalícia, o processo poderá prosseguir, desde que haja bens penhoráveis.

a suspensão da execução fiscal, na forma do art. 40 da LEF (o juiz suspenderá...), pode validamente ser decretada de ofício pelo julgador, bastando que vislumbre a causa eficiente a tanto.

durante o período de suspensão, aplica-se a regra do art. 793 do CPC, segundo a qual é defeso praticar quaisquer atos processuais, cabendo ao juiz ordenar providências cautelares urgentes.

ao estatuir, no § 1º do art. 40 da LEF, que suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da Fazenda Pública, o legislador quis, de fato, imputar à própria exequente a obrigação de diligenciar na busca do patrimônio do devedor apto a ser sacrificado no executivo fiscal.

OBS: É verdade que alguns juízes entendem de colaborar nessa busca,

expedindo ofícios a repartições públicas e instituições privadas no intuito de localizar bens para o prosseguimento da ação, mas isso se justifica apenas por liberalidade ou comprovada impossibilidade

material e legal de a Fazenda exequente agir por conta própria.

expirado o prazo de um ano sem que o processo esteja em condições de prosseguir, o juiz deve determinar o arquivamento dos autos (art. 40, § 2º), o que fará sem proceder à baixa nos registros da distribuição, pois o feito permanecerá, tão somente, suspenso, com a garantia para o crédito fiscal de que o devedor, eventualmente interessado em obter certidão negativa do distribuidor para celebrar determinado negócio jurídico, tenha de se apresentar para honrar o débito.

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o arquivamento será provisório, pois encontrados bens passíveis de penhora, os autos serão desarquivados para prosseguimento da execução (art. 40, § 3º), desde que não operada a prescrição intercorrente (art. 40, § 4º), como se verá no próximo tópico.

OBS: não cabe a um juízo, mediante antecipação de tutela em ação

impugnativa do crédito tributário que lhe tenha sido dirigida, suspender execução fiscal que tramita em outro, por lhe ser vedado interferir indevidamente em atividade de órgão situado no mesmo grau de

jurisdição. OBS: a falência, a recuperação judicial ou a liquidação extrajudicial da

empresa executada não suspendem o executivo fiscal, já que, como estabelece o art. 29 da LEF, a cobrança do crédito fazendário não se

submete a concurso de credores. OBS: caso específico de suspensão do executivo fiscal é o tratado no art.

20 da Lei 10.522/2002 (com redação dada pela Lei 11.033/2004), pelo qual serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Suspensão do Processo e Prescrição Tributária Intercorrente

o crédito tributário está definitivamente constituído quando o lançamento se torna imutável na esfera administrativa, pois, na pendência do processo administrativo fiscal em que aquele é discutido, não corre prescrição.

determinada a citação do devedor em execução fiscal, o curso prescricional é interrompido, podendo nunca mais voltar a correr, desde que o processo de execução fiscal siga normalmente o seu trâmite, por mais demorado que se revele.

OBS: é errado supor que após a ordem de citação em execução fiscal a prescrição volta imediatamente a correr. Não. Se o credor exerceu sua

pretensão, valendo-se efetivamente da ação para a cobrança da importância que lhe é de direito, não há mais, em princípio, que se

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cogitar de prescrição, ainda que a contenda se revele demorada. Ou seja, enquanto o autor esteja diligente no acompanhamento processual,

praticando os atos que lhe competirem e impulsionando o feito, quando isso for de sua alçada, a prescrição, via de regra, repousará adormecida, pois eventual obstáculo na marcha processual a ele não poderá ser

atribuído.

alguns fatores poderão ensejar uma ruptura no procedimento do executivo, as chamadas “crises do procedimento”.

exemplo típico de uma “crise de procedimento”, na execução fiscal, é a inviabilização da garantia do juízo, por ausência de bens penhoráveis, a ensejar a

suspensão do processo, caso em que não correrá o prazo de prescrição (LEF, art. 40, caput).

suspenso o processo de execução pela não localização de bens penhoráveis, a prescrição não volta a correr de plano, pois se inicia, a partir de então, o período regular, tolerado pelo procedimento, em que o credor exequente estará a (ou deverá) diligenciar a fim de apresentar ao juízo elementos que permitam a aferição de patrimônio do devedor suficiente à retomada da marcha processual.

dispôs a LEF que o prazo em questão será máximo de 1 (um) ano, findo o qual o juiz deve determinar o arquivamento provisório dos autos, sem baixa no registro da distribuição (art. 40, § 2º).

OBS: É pacífica na jurisprudência do STJ a orientação de ser

desnecessária a intimação do credor sobre o arquivamento dos autos da execução fiscal, que se opera automaticamente pelo transcurso do prazo

previsto no art. 40, §2º, da LEF (AgRg no AREsp 540259, Min. Humberto Martins, DJe 14/10/2014).

a partir de então, ainda que o exequente demonstre continuar a procura de bens do devedor, deverá ser considerado o reinício do lapso prescricional, que, dessa feita, será intercorrente, ou seja, computado integralmente no curso do processo.

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antes da edição da Lei 11.051/2004, essa já era a orientação adotada em caráter majoritário pela doutrina e pelos tribunais brasileiros, harmonizando as disposições da LEF frente ao CTN e a cânones que representam os sustentáculos de nosso sistema jurídico, quais sejam a segurança e a certeza das relações alvejadas pelo Direito.

104) Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente (Súmula 314 STJ).

Reconhecendo a indevida omissão em sua criação original e homenageando a jurisprudência dominante, o legislador acrescentou ao art. 40 da LEF a norma de seu atual § 4º, para consagrar, no tratamento normativo das execuções fiscais, a prescrição intercorrente.

OBS: Repise-se, então, que a suspensão do processo de execução fiscal decretada pelo juiz, em razão da falta de bens penhoráveis (LEF, art. 40,

caput), não alterará o estado da prescrição, que estará “hibernando”, interrompida, desde a data em que ordenada a citação do devedor (CTN, art. 174, parágrafo único, I e LEF, art. 8º, §2º). A partir da referida

suspensão do executivo, o processo ficará com vista aberta à Fazenda exequente, a fim de que a mesma continue diligenciando na tentativa de

localizar bens do executado passíveis de constrição judicial (LEF, art. 40, § 1º). Decorrido um ano desde então, o juiz remeterá os autos ao arquivo provisório (LEF, art. 40, § 2º), porém, a partir desse momento,

será reiniciado o prazo prescricional, a fim de que, expirado, seja o processo de execução extinto com a apreciação do mérito.

Ainda que o juiz não determine expressamente o arquivamento dos autos, uma vez expirado o prazo de 1 ano de suspensão por falta de bens penhoráveis, inicia-se a fluência da prescrição intercorrente. Reiterou o

Superior Tribunal de Justiça que o prazo da prescrição intercorrente se inicia após um ano da suspensão da execução fiscal quando não localizados bens penhoráveis do devedor, conforme dispõe a Súmula 314, de modo que o arquivamento do feito se opera de forma automática após o transcurso de um ano, com o complemento de que a eventual inexistência de despacho de arquivamento, por si só, não impede o reconhecimento da

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prescrição intercorrente (AgRg no REsp 1298131, Min. Mauro Campbell Marques, 2012).

Outra orientação jurisprudencial relevante é a de que os requerimentos para realização de diligências que se mostraram infrutíferas em localizar o devedor ou seus bens não têm o condão de suspender ou interromper o prazo de prescrição intercorrente (AgRg no REsp 1208833, Min. Castro Meira, 2012).

OBS: Do contrário, estaríamos atribuindo ao representante judicial da

Fazenda exeqüente o poder de impedir a consumação da prescrição através da apresentação de petição que em nada contribuísse para a

retomada da marcha processual.

a decisão judicial que pronuncia a prescrição intercorrente independe de provocação do interessado, podendo, pois, ser proferida de ofício, desde que, ouvida previamente, a Fazenda exequente não apresente oposição justificada a tanto (LEF, art. 40, § 4º).

a prescrição intercorrente só terá lugar quando houver a suspensão do curso da execução fiscal por uma “crise de procedimento”, isto é, em decorrência de fato anormal que impeça a tramitação do feito, como é o caso da inexistência de bens penhoráveis. Se o processo estiver suspenso em decorrência do oferecimento de embargos, portanto, não se há de cogitar de prescrição intercorrente, ainda que ação desconstitutiva demore muito a ser julgada em definitivo.

105) Suspensa a execução pela ação de cognição que é a natureza jurídica dos embargos do devedor, não há que se pretender que aquela – a execução suspensa – sofra os efeitos de prescrição intercorrente pela demora desta (RE 101.094/SP, 2a Turma, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 10/8/84, p. 2.450, RTJ 110/870).

também não há fluência da prescrição intercorrente enquanto a Fazenda aguarda o encerramento do processo de falência para receber o seu crédito, nos casos em que o produto da arrematação realizada na execução fiscal tenha sido encaminhado ao juízo

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falimentar (AgRg no REsp 1.393.813, Min. Humberto Martins, DJe 19/05/2014).

jurisprudência (STJ): corre a prescrição intercorrente no caso em que o processo de execução fiscal tenha sido arquivado, sem baixa na distribuição, com base na disposição do art. 20 da Lei 10.522, ou seja, em função do diminuto valor da importância em cobrança.

OBS: considerou-se que o § 1º do art. 20 da Lei 10.522/2002 – que permite sejam reativadas as execuções quando ultrapassado o limite legal – deve ser interpretado em conjunto com a norma do art. 40, § 4º,

da LEF – que prevê a prescrição intercorrente –, de modo a estabelecer um limite temporal para o desarquivamento das execuções, obstando

assim a perpetuidade dessas ações de cobrança (REsp 1102554, Rel Min. Castro Meira).

Relembre-se que embora a prescrição intercorrente, na execução fiscal, possa ser reconhecida de ofício pelo juiz – ou seja, independentemente de provocação do interessado –, deve o magistrado ouvir previamente a Fazenda exequente, na forma exigida pelo § 4º do art. 40 da LEF.

OBS: nos casos de extinção do processo de execução fiscal em razão da

pronúncia de prescrição intercorrente sem que a Fazenda tenha sido chamada a se manifestar previamente, o STJ vinha proclamando a nulidade da sentença, ainda quando, nas razões do recurso da

exequente, esta não apontava eventual causa suspensiva ou interruptiva do correlato prazo (REsp 963317, Min. Eliana Calmon). A jurisprudência parece ter sido modificada, pois em decisão posterior a

Corte Superior indicou que não havendo prejuízo demonstrado pela Fazenda Pública em apelação, não há que se falar em nulidade, tampouco cerceamento de defesa, em homenagem aos Princípios da Celeridade Processual e Instrumentalidade das Formas (AgRg no REsp

1247737, Min. Humberto Martins, 2011).

a exigência de oitiva prévia da Fazenda será, todavia, dispensada, no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda (§ 5º do art. 40 da LEF).

regulamentando a previsão, o Ministro da Fazenda editou a Portaria 227/2010, cujo art. 1º contém

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disposição dispensando, para fins de decretação ex officio da prescrição intercorrente, a manifestação prévia da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) nas execuções fiscais cuja dívida consolidada tenha valor, atualizado até a data da ocorrência da prescrição, igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

OBS: dispõe o ato, ainda, em seu art. 3º, que no caso de reunião de processos contra o mesmo devedor, na forma do art. 28 da Lei no 6.830, de 22 de setembro de 1980, para os fins de que trata o limite indicado no caput do artigo 1º, será considerada a soma das dívidas consolidadas das execuções reunidas.

embora referido limite só seja aplicável aos executivos fiscais de interesse da União Federal e de suas autarquias, nada impede que Estados, DF e Municípios, por ato de seus governadores e prefeitos (ou dos respectivos secretários de fazenda), também estabeleçam valor abaixo do qual a prescrição intercorrente possa ser decretada sem a necessidade de oitiva prévia da procuradoria fazendária respectiva, por pura simetria.

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Art. 41. O processo administrativo correspondente à inscrição de Dívida Ativa, à execução fiscal ou à ação proposta contra a Fazenda

Pública será mantido na repartição competente, dele se extraindo as cópias autenticadas ou certidões, que forem requeridas pelas partes ou requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público.

Parágrafo único. Mediante requisição do juiz à repartição competente, com dia e hora previamente marcados, poderá o

processo administrativo ser exibido, na sede do juízo, pelo funcionário para esse fim designado, lavrando o serventuário termo

da ocorrência, com indicação, se for o caso, das peças a serem trasladadas.

Procedimento Administrativo e sua Requisição. Cabimento, Forma e Recusa de Apresentação pela Fazenda Pública

a Fazenda Pública não necessita acostar à petição inicial da execução fiscal os autos do procedimento administrativo em que se apurou o débito exequendo, bastando que instrua a referida peça com a Certidão de Dívida Ativa, que espelhará fielmente o título executivo (Termo de Inscrição).

entretanto, é de vital relevância que os autos do processo administrativo sejam conservados pela Administração Pública, eis que servirão de lastro ao processo judicial de cobrança da dívida ativa, e, portanto, poderão ser consultados para que se venha a dirimir controvérsia fática instaurada no curso do executivo, como, por exemplo, discussão sobre prescrição tributária, com a necessidade de perquirição do momento da constituição definitiva do crédito, termo

a quo do prazo respectivo (CTN, art. 174, caput).

os elementos constantes de procedimento administrativo poderão ingressar nos autos do executivo fiscal (ou de qualquer outra ação incidental) mediante cópias autenticadas ou certidões que venham a ser obtidas pelas partes.

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a requisição judicial, quando solicitada pela parte executada ou por terceiro interessado (v. g., em embargos de terceiro), fica a depender, assim, de demonstração efetiva da recusa administrativa prévia.

106) Cabe ao juiz a requisição de documentos ou informações somente ante a comprovação de recusa por parte do órgão administrativo em fornecê-los à parte interessada (TRF da 4a Região, Ag no 419.304-1/97-SC, 1a Turma, Rel. Juiz Fábio Rosa, DJ 10/3/99, p. 838).

107) A requisição de processo administrativo e documentos às repartições públicas deve vir acompanhada de comprovação de que houve recusa do órgão no fornecimento de certidões ou fotocópias (TRF da 4a Região, AC no 423.645-0/92-PR, 2a Turma, Rel. Juiz Edgard

Lippmann Junior, DJ 5/2/97, p. 5.420).

OBS: a prática judiciária atual vem consistindo na remessa a juízo, pela

Administração, de cópia integral do procedimento administrativo, quando requisitada a exibi-lo. Com a medida, os originais somente hão de ser consultados havendo dúvida plausível quanto à autenticidade

das respectivas reproduções ou quando ilegíveis estas.

o pedido de requisição judicial do procedimento administrativo deve vir devidamente fundamentado e relacionado com os argumentos trazidos na defesa, sob pena de traduzir pretensão protelatória, merecedora de indeferimento imediato.

ocorrendo a hipótese que a autoriza, contudo, não poderá a requisição deixar de ser efetivada pelo julgador, tendo em vista a exigência constitucional da ampla defesa.

OBS: a recusa no cumprimento da determinação de remessa dos autos do processo administrativo a juízo recomenda a aplicação ao agente administrativo recalcitrante da penalidade de que trata o parágrafo

único do art. 14 do CPC – incluído pela Lei 10.358/2001 –, por se tratar de ato atentatório ao exercício da jurisdição.

a Fazenda deve suportar o ônus processual relacionado ao eventual extravio do processo administrativo requisitado pelo juízo, eis que a defesa do devedor não pode ficar prejudicada pela desídia da parte exequente.

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108) A Lei 6.830/80 exige que conste da certidão de dívida ativa o número do processo administrativo-fiscal que deu ensejo à cobrança. Macula a CDA a ausência de alguns dos requisitos. O extravio do processo administrativo subtrai do Poder Judiciário a oportunidade de conferir a CDA, retirando do contribuinte a amplitude de defesa. Equivale o extravio à inexistência do processo, perdendo o título a exequibilidade (inteligência do art. 2º, § 5º, inciso VI, da LEF) (REsp 274.746-RJ, 2a

Turma, Min. Eliana Calmon, DJ 13/5/2002, p. 190).

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Art. 42. Revogadas as disposições em contrário, esta Lei entrará em vigor 90 (noventa) dias após a data de sua publicação.

Sem tópicos.