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SEMINÁRIO TEOLÓGICO DO NORDESTE
MEMORIAL IGREJA PRESBITERIANA DA CORÉIA
CURSO DE BACHAREL EM TEOLOGIA
EXEGESE DE EFÉSIOS 5.1-7
André Aloísio Oliveira da Silva
Trabalho apresentado ao Rev. Tiago
Canuto Baía para avaliação na disciplina
Exegese do Novo Testamento 3.
TERESINA
Outubro de 2013
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SUMÁRIO
1. TRADUÇÃO DA PASSAGEM ......................................................................................... 3
2. ESTRUTURA DA PASSAGEM ........................................................................................ 4
3. EXPOSIÇÃO DA PASSAGEM ......................................................................................... 5
4. ESBOÇO DO SERMÃO ................................................................................................... 8
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1. TRADUÇÃO DA PASSAGEM
1 Sede, pois, imitadores de Deus como filhos amados
2 e andai em amor, como também Cristo nos amou e entregou a si mesmo por nós
como oferta e sacrifício a Deus em aroma suave. 3 Mas prostituição e toda impureza ou cobiça nem seja nomeada entre vós, como é
próprio a santos, 4 nem palavreado obsceno, nem conversa fiada ou conversa vulgar, que não convém,
mas, pelo contrário, ação de graças. 5 Porque sabeis isto com certeza: que nenhum prostituto ou impuro ou cobiçoso, que é
idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. 6 Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por meio destas coisas vem a ira de
Deus sobre os filhos da desobediência. 7 Portanto, não sejais coparticipantes com eles.
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2. ESTRUTURA DA PASSAGEM
vv.1,2: O que é andar em amor
v.1: Imitar a Deus como filhos amados
v.2: Amar como Cristo nos amou
vv.3,4: O que não é andar em amor (de.)
v.3: Práticas sexuais ilícitas
v.4: Conversas sexuais ilícitas
vv.5,6: Consequências de não se andar em amor (ga.r)
v.5: Não ter herança no reino de Cristo e de Deus
v.6: Ter sobre si a ira de Deus
v.7: Conclusão: não ser coparticipante com os que não andam em amor
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3. EXPOSIÇÃO DA PASSAGEM
O grande objetivo de Paulo nesta passagem é mostrar que o cristão deve andar em
amor. Isso pode ser percebido pelos seguintes fatos:
Primeiro, a segunda parte do livro de Efésios (do capítulo 4 ao 6), que consiste em
aplicações, é estruturada pelo conceito de “andar”. Já no capítulo 2 Paulo tinha observado que
os efésios, antes de receberem vida espiritual, andavam em seus pecados (v.2); porém, quando
foram salvos, foram criados em Cristo Jesus para andarem em boas obras, antecipadamente
preparadas por Deus (v.10). Então, depois de terminar a primeira parte de sua epístola (do
capítulo 1 ao 3), mais doutrinária, Paulo começa as aplicações, estruturando-as exatamente
com o conceito de “andar”. Os efésios deveriam: a) andar de modo digno da vocação a qual
foram chamados, em unidade (4.1-16); b) não andar como os gentios (4.17-32); c) andar em
amor (5.1-7); d) andar como filhos da luz (5.8-14); e) andar como sábios (5.15-17). Ainda que
Paulo não use mais o verbo “andar” explicitamente depois disso, parece que a ideia ainda está
presente, e ele continua exortando os efésios a: f) andar cheios do Espírito (5.18-6.9); e g)
andar preparados para a guerra espiritual (6.10-20). Portanto, diante de tal estrutura, o tema
mais apropriado para os versos 1-7 é, de fato, que o cristão deve andar em amor.
Segundo, o contexto anterior imediato desta passagem fala sobre perdão (4.31,32), que
está intimamente relacionado ao amor. Depois de mostrar a diferença entre o que os efésios
eram antes da sua conversão (velho homem) e o que eles eram agora que foram renovados
(novo homem), em 4.20-24, Paulo os exorta a viver à luz dessas verdades. Os efésios
deveriam deixar o comportamento próprio do velho homem e se comportar como o novo
homem que eram (4.25-32). Assim, entre outras coisas, os efésios deveriam deixar toda
amargura, cólera, ira, gritaria, blasfêmias e malícia (4.31) e serem benignos e compassivos,
perdoando uns aos outros como Deus os perdoou em Cristo (4.32). Tendo introduzido o
assunto do perdão, é simplesmente natural que Paulo passe, agora, a tratar do amor.
Terceiro, a estrutura da própria passagem de 5.1-7 indica que a ideia de andar em amor
é central.
Nos vv.1,2, Paulo usa dois imperativos que contém a mesma ideia de andar ou viver
em amor. Primeiro, ele exorta os efésios a serem imitadores de Deus, como filhos amados.
Por filhos amados, obviamente, Paulo quer dizer que os efésios eram filhos amados por Deus,
e ao exortá-los a imitarem a Deus, Paulo estava dizendo que os efésios deveriam imitar o
amor que Deus tinha por eles. Isso fica mais evidente quando, em segundo lugar, Paulo os
exorta a andarem em amor, assim como Cristo os amou. O amor que Deus tem por eles foi
demonstrado no fato de que o próprio Cristo os amou, entregando a Sua própria vida em favor
deles. E Cristo o fez, entregando-se como “oferta e sacrifício” a Deus, uma linguagem tomada
do Sl 40.6, e em “aroma suave”, literalmente “cheiro de fragrância”, expressão comum no
Antigo Testamento que indicava a aceitabilidade da oferta. Portanto, temos aqui o significado
do que é andar em amor: amar como Deus em Cristo nos amou, entregando a Sua própria vida
por nós, de modo que também devemos dar a nossa vida pelos irmãos (1Jo 3.16). O
verdadeiro amor, portanto, é sacrificial. Envolve um dar de si mesmo ao outro, sem esperar
nada em troca.
Nos vv.3,4, em uma leitura superficial, parece que Paulo está mudando de assunto e
muitos comentaristas creem que Paulo está começando uma nova divisão. Porém, um exame
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mais detalhado mostra que ele ainda está desenvolvendo a ideia de “andar em amor”,
particularmente mostrando o que isso não significa.
No v.3, Paulo fala de práticas sexuais ilícitas, que naquele tempo e ainda hoje eram
consideradas como expressões de amor, mas na realidade são distorções do amor. Ele
menciona a prostituição, palavra abrangente que indica todo tipo de pecado sexual:
fornicação, adultério, homossexualismo, bestialismo, pornografia, etc. Também fala de todo
tipo de impureza ou imundícia, palavra usada no Antigo Testamento para impureza
cerimonial, mas também sexual. Além disso, Paulo fala da cobiça em estreita conexão com a
impureza, assim como fez em 4.19, indicando que aqui “cobiça” também tem relação com os
pecados sexuais, sendo um egoísmo que defrauda o irmão. Essas práticas não deveriam nem
mesmo ser mencionadas entre os efésios, pois isso não é apropriado aos santos.
Por isso, no v.4, Paulo fala de conversas sexuais ilícitas, que também são distorções do
verdadeiro amor e não deveriam estar presentes entre os efésios. O palavreado obsceno é o
tipo de conversa que deveria envergonhar, por causa de seu conteúdo imoral. A conversa
fiada indica aquela que é comum entre os tolos e os bêbados, sem sentido e sem utilidade. A
conversa vulgar indica aquela com duplo sentido, quando alguém diz algo que pode significar
outra coisa, normalmente algo obsceno. Esse tipo de conversação não convém aos santos. Ao
invés disso, nos lábios dos efésios deveria haver “ação de graças”. Aqui há um trocadilho
entre conversa vulgar (euvtrapeli,a) e ação de graças (euvcaristi,a). É como se Paulo estivesse
dizendo para os efésios substituírem a graça do sarcástico pela graça do agradecimento. Todos
esses pecados, tanto as práticas sexuais ilícitas quanto as conversas sexuais ilícitas, são uma
manifestação do falso amor. Ao contrário do verdadeiro amor, que é sacrificial, pois se dá
sem esperar recompensa, o falso amor é interesseiro, pois deseja receber sem recompensar.
Nos vv.5,6, Paulo apresenta as consequências de não se andar em amor, ou seja, de
cometer os pecados sexuais mencionados anteriormente. A primeira consequência é
mencionada no v.5. Ele introduz esse versículo dizendo que os efésios sabiam com certeza o
que ele afirmará em seguida. Então, ele afirma categoricamente que nenhum praticante dos
pecados sexuais mencionados no v.3 – o prostituto, o impuro e o cobiçoso – tem herança no
reino de Cristo e de Deus. O cobiço, em particular, é identificado com o idólatra, assim como
Paulo identifica a cobiça com a idolatria em Cl 3.5, uma carta espelho de Efésios. Isso é assim
porque o cobiçoso coloca o objeto do seu desejo no lugar de Deus e o transforma em um
ídolo. Os efésios, portanto, não deveriam se assemelhar a esses pecadores, cometendo o
mesmo pecado que eles. A segunda consequência é mencionada no v.6. Paulo começa
advertindo os efésios de que não fossem enganados por ninguém com palavras vãs ou vazias.
Ou seja, os efésios não deveriam dar ouvidos a alguém que ensinasse o contrário do que Paulo
aqui estava ensinando, querendo tornar o pecado algo normal. Então, ele afirma que por meio
destas coisas, dos pecados mencionados anteriormente, a ira de Deus vem sobre os filhos da
desobediência. A consequência de não se andar em amor é a própria ira de Deus, que já está
sobre os filhos da desobediência, mas que se revelará plenamente no futuro. Aqui há um claro
contraste entre os filhos da desobediência que tem a ira de Deus sobre si e os filhos amados
por Deus do v.1.
No v.7, Paulo conclui com uma última exortação, a fim de que os efésios não
participassem das mesmas práticas que os filhos da desobediência. Em outras palavras, Paulo
reafirma seu ponto, de que os efésios deveriam andar em amor.
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Portanto, tanto pela estrutura geral da segunda parte de Efésios quanto pela estrutura
da própria passagem sob consideração e seu contexto anterior imediato, fica demonstrado que
a grande verdade ensinada por Paulo aqui é que o cristão deve andar em amor.
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4. ESBOÇO DO SERMÃO
Tema: Nós devemos andar em amor
1. O que é andar em amor (vv.1,2)
2. O que não é andar em amor (vv.3,4)
3. Consequências de não se andar em amor (vv.5-7)