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 MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DO CURSO DE DIREITO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CURSO DE DIREITO

exemplos maria da penha

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MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DO CURSO DEDIREITO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁSETOR DE CIÊNCIAS JURÍDICASCURSO DE DIREITO

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CURITIBA,NOV/2009

ISABELLE ALVES SOARES5º ANO NOTURNO

APLICABILIDADE DA LEI !"#0/200$ % LEI &MARIADA PEN'A() DO IN*U+RITO POLICIAL AOS

DESDOBRAMENTOS PROCESSUAISMonografia de conclusão do curso de Direito, apresentado ao professor de Direito Penal, do curso de

Direito da UFPR, Dr. Rolf Koerner Júnior e ao Núcleo de Monografia.

CURITIBA,NOV/2009

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ÍNDICE

UNI!R"ID#D! F!D!R#$ D% P#R#N& ................................................................... 'R!"UM% ....................................................................................................................... ('. D!$IMI)#*+% D% )!M# ! D% PR%$!M#- ......................................................... 2. %J!)I% /!R#$- ................................................................................................... 01. %J!)I%" !"P!3FI%"-  .................................................................................... 0(. JU")IFI#)I#- ....................................................................................................... 4. M!)%D%$%/I# ........................................................................................................ 45. R!I"+% I$I%/R&FI#- ................................................................................... '65.'. Introdu7ão- ............................................................................................................ '65.2. #spectos 8ultidisciplinares da 9iol:ncia do8;stica contra a 8ul<er .................. '(5.2.'. #spectos culturais e sociais-  ............................................................................. '

5.2.2. #spectos psicol=gicos- ..................................................................................... '05.2.1 #ntecedentes Jur>dicos e ?uest@es pol:8icas soAre a $ei- .............................. 265.2.( iol:ncia do8;stica co8o direito <u8ano ....................................................... 1'$!2!5! A -.1-34167 81 -1:- ;771<-4=>1 ?7?=@=181 ?-1 L-= M1=181 P-3;1 - 7 8-4=314=7 81 -=) !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! "25.2.5. % conceito de 9iol:ncia do8;stica- ................................................................... 1(5.2.B. ria7ão de =rgãos Cudicirios co8 o8pet:ncia i9il e ri8inal e a nãoaplica7ão da lei 4644E4 .............................................................................................. 1B5.2.0. Medidas proteti9as de urg:ncia ........................................................................ 14B. R!"U$)#D%" ....................................................................................................... ('0. %N"ID!R#*!" FIN#I" .................................................................................... 554. R!F!RGNI#"-  ...................................................................................................... 50

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RESUMO

 # presente 8onografia 9ersa soAre os trH8ites e procedi8entos na aplica7ão da $eiMaria da Pen<a $ei ''.1(6E65, Ae8 co8o sua efeti9idade na prote7ão das8ul<eres ?ue sofre8 9iol:ncia no H8Aito fa8iliar ou do8;stico. Para tanto, a8etodologia adotada foi a anlise docu8ental das estat>sticas das institui7@es ?uedireta8ente realia8 esta tarefa no 8unic>pio de uritiAa- Delegacia da Mul<er DMLe Juiado da iol:ncia Do8;stica e Fa8iliar contra a Mul<er al;8 de outras ?ueindireta8ente atende8 casos de 9iol:ncia do8;stica e fa8iliar contra a Mul<er-"ecretaria Municipal de "aúde e Delegacia de o8ic>dios, Ae8 co8o outrostraAal<os ?ue trata8 a respeito do te8a. !8 ter8os de resultados, oAser9ouOse apartir dos dados oAtidos, ?ue o grau de desist:ncia das 9>ti8as ; Aastante grande. !

e8 9irtude da atua7ão da pes?uisadora, en?uanto !scri9ã de Pol>cia na DM, oAte9eOse infor8a7@es pri9ilegiadas ?ue aponta8 co8o deter8inantes, dentre outros- a8orosidade na apura7ão dos delitos, o grau de depend:ncia afeti9a da 9>ti8a e8rela7ão ao agressor, a cultura paternalista ainda do8inante na educa7ão dasociedade e, soAretudo a não inten7ão das 9>ti8as e8 ter a realia7ão da Custi7apenal, 8as a resolu7ão de proAle8as sociais ?ue de8anda8 a atua7ão de outrasestruturas, tais co8o educa7ão, saúde, traAal<o e assist:ncia social.

Palavras-chave: Lei Maria da Penha, violência doméstica, procedimentos da lei.

(

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! DELIMITAÃO DO TEMA E DO PROBLEMA)

Para ##$#N)I 266BL a 9iol:ncia do8;stica constituiOse nu8 proAle8a

gloAal e ?ue atinge não s= a 8ul<er, 8as crian7as, adolescentes e idosos, sendo

este decorrente da desigualdade nas rela7@es entre <o8ens e 8ul<eres, assi8

co8o da discri8ina7ão nas rela7@es de g:nero, eistente de 8odo geral na

sociedade e na fa8>lia.

Dentre os 8uitos casos ?ue ilustra8 esta desigualdade rele8Ara8os o leitor

de alguns not=rios. cerca de dois anos o rasil se i8pactou e aco8pan<ou

e8ocionado o desenrolar de u8a das 8il<ares de <ist=rias de 9iol:ncia do8;stica-

<ist=ria da 8enina IsaAella Nardoni, de anos de idade. !sta, segundo laudo

apresentado pela per>cia t;cnica da pol>cia ci9il na fase do in?u;rito policial, foi

sufocada por sua 8adrasta e posterior8ente Cogada, ainda 9i9a pelo pai, do 5Q andar

do pr;dio onde 8ora9a o casal. %utro caso e8Ale8tico ta8A;8 Aastante

pole8iado pela 8>dia foi do assassinato de dois garotos de '' e '1 anos, e8

RiAeirão Pires, "P, u8 deles asfiiado pelo pai e o outro 8orto a golpes de faca

desferidos pela 8adrasta. %s corpos fora8 incendiados, 8as co8o não <ou9esucesso na oculta7ão destes o casal es?uarteCou os 8eninos, acondicionando os

restos e8 sacos plsticos, ?ue seria8 eli8inados posterior8ente co8 a coleta de

lio.

No ?ue tange aos casos de 9iol:ncia e8 rela7@es de afeto 9i9e8os cap>tulo

a cap>tulo, e8 te8po real, a <ist=ria do casal $inde8Aerg e !lo, co8 u8 final longe

de asse8el<arOse a u8 conto de fadas... !8 8eados de aAril do presente ano, u8a

<ist=ria ?ue poderia ter alcan7ado drsticas estat>sticas de 8ortes de populares. #<ist=ria de a8orS do suicida, ?ue ap=s o t;r8ino do relaciona8ento co8 sua

esposa, co8parece Cunta8ente co8 a fil<a de cinco anos no aeroporto da cidade. $

furta u8 a9ião e intenta atingir u8 Shopping Center , contudo sua falta de <aAilidade

e8 pilotage8 fa co8 ?ue atinCa carros no estaciona8ento do Shopping o 8es8o

não era piloto e nunca <a9ia pilotado u8 a9ião de 9erdadeL.

%utra <ist=ria rele9ante ; a do eOCogador de futeAol ?ue ap=s u8a partida

deparouOse co8 a na8orada e8 atitudes de tietage8 co8 o Cogador corintiano

Ronaldo e e8 9irtude de u8a crise de ciú8es, dirigiuOse at; o aparta8ento da 8o7a

ap=s o Cogo e a esfa?ueou at; a 8orte.

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!nfi8, dentre 8uitos outros, entendeOse ?ue estes epis=dios de 9iol:ncia

do8;stica ti9era8 u8a aten7ão especial da 8>dia, não apenas pela Arutalidade,

8as por u8a rela7ão de classe da ?ual pro9in<a8 os acusados. ! ?ue, portanto,

estaria8 aci8a de ?ual?uer suspeita, protegidos pelas paredes dos pr;dios e

grandes 8uros de suas casas, dos ol<ares da classe 8;diaEalta. Nas classes

populares, nas fa9elas, nos guetos sociais, 8uitas 9ees inco8unic9eis co8 o

restante da sociedade T ?ual na 9erdade não pertence8, T 8arge8 de ?ual?uer lei,

de ?ual?uer pol>tica de assist:ncia social e for8a de repressão estatal casos co8o

estes são u8 entre 8uitos outros, 8uito 8ais Arutais e co9ardes, 8as ?ue se

tornara8 rotina, tendo e8 9ista u8 <ist=rico cultural das fa8>lias, ?ue entende8 ?ue

as coisas se8pre fora8 assi8 e, portanto ; natural ?ue assi8 per8ane7a8.%A9ia8ente, não se de9e reduir a ?uestão da 9iol:ncia do8;stica co8o u8

fato pro9eniente única e eclusi9a8ente das classes populares ou a u8a de suas

8aelas, C ?ue este ; u8 fen8eno social presente e8 todos os etratos sociais.

)oda9ia, e8 9irtude da pr=pria estrutura pira8idal das classes sociais, pautada na

situa7ão econ8ica dos suCeitos, este fen8eno <ist=rico ; 8ais e9idente e

corri?ueiro na classe econo8ica8ente 8ais desfa9orecida, decorrente da sua

pr=pria condi7ão social, do 9olu8e populacional e da desestrutura7ão das fa8>liascausada pela 8 distriAui7ão de rendas.

Frente a este cenrio social, o cr;dito pela pro8ulga7ão da $ei ''.1(6E65 no

co8Aate a u8a das di9ersas for8as de 9iol:ncia do8;stica, a 9iol:ncia contra a

8ul<er foi o de criar, soAretudo no i8aginrio das classes populares, u8 no9o

instru8ento de liAerta7ão de u8a condi7ão de 9iol:ncia sofrida, e8 especial pela

8ul<er. Muito e8Aora, eista8 ressal9as e cr>ticas ?uanto T sua efeti9idade e

constitucionalidade, ?ue serão apresentados no desen9ol9i8ento desta 8onografia.Não ; para 8enos, ?ue a ecelente aceita7ão da lei fe co8 ?ue esta ad?uirisse

corpo, personalidade e identidade, representados na pr=pria for8a de trata8ento

?ue esta ad?uiriu- $ei Maria da Pen<aS. !, ?ue, para 8uitas das 9>ti8as, tornouOse

u8 trunfo e8 suas 8ãos e u8a a8iga, 8uitas destas nu8a inti8idade ?ue nos fa

re8eter a u8a antiga a8iade e ?ue para os indiciados 8ostraOse co8o u8a

perigosa ini8iga- “como vai a Maria da Penha?”, “l em casa !"em manda é a Maria

da Penha#”, “e" $ %alei para ele &companheiro' se ele me (ater de novo, e" vo" )

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*elegacia da M"lher e ele vai se ver com a Maria da Penha#” e “+" esto" a!"i por

c"lpa da Maria da Penha &indiciado'”  .

Na proposi7ão do teto de 8onografia de conclusão de curso, darOseO

especial enfo?ue no te8a da 9iol:ncia do8;stica co8etida contra a 8ul<er e seus

aspectos legais. )e8a este ?ue, na atualidade, este9e soA o <olofote da 8>dia e na

pauta de discuss@es dos operadores do direito, tendo e8 9ista a pro8ulga7ão da $ei

''.1(6 e8 agosto de 2665. $ei esta ?ue, confor8e eplicita sua e8enta- “cria

mecanismos para coi(ir a violência doméstica e %amiliar contra a m"lher, nos termos

do / do art. 001 da Constit"i23o 4ederal, da Conven23o 5nteramericana para

Prevenir, P"nir e +rradicar a 6iolência contra a M"lher7 disp8e so(re a cria23o dos

9"iados de 6iolência *oméstica e 4amiliar contra a M"lher7 altera o C;digo deProcesso Penal, o C;digo Penal e Lei de +<ec"23o Penal”7 e d o"tras

 providências. $ei, ?ue na deno8ina7ão popular, ficou a8pla8ente con<ecida co8o

$ei Maria da Pen<a. 

Para tanto, al;8 da anlise dos dispositi9os legais ?ue regula8enta8 a

?uestão, foi realiada u8a pes?uisa de cun<o estat>stico dos casos de 9iol:ncia

do8;stica co8etidos contra a 8ul<er. orrespondente Ts estat>sticas oficiais ?ue

apresenta8 o nú8ero de 8ul<eres ?ue sofre8 9iol:ncia do8;stica, Aoletins deocorr:ncia noticiados T autoridade policial, 9>ti8as ?ue dão prossegui8ento ao

In?u;rito Policial e final8ente retrata7@es e condena7@es ocorridos na fase

Processual. !ntendeOse ser de etre8a rele9Hncia a apresenta7ão destes dados,

tendo e8 9ista ?ue a discrepHncia entre a ?uantidade de 8ul<eres ?ue sofre8

9iol:ncia do8;stica e T?uelas ?ue denuncia8 o infrator ; enor8e e a partir da

denúncia e representa7ão proferida pelas 9>ti8as T autoridade policial at; a fase

processual, os casos de 9iol:ncia do8;stica passa8 por u8 funil. ! das 8ul<eres?ue c<ega8 a denunciar os autores da agressão, pou?u>ssi8as te8 sua pretensão

satisfeita, 8ediante u8a condena7ão penal. Isto por?ue a pr=pria 9>ti8a desiste de

dar continuidade no processa8ento da denúncia, C na fase do pr=prio in?u;rito

policial. )endo e8 9ista proAle8as ?ue de8onstra8 8uito 8ais u8a fragilidade de

orde8 s=cioOcultural afeti9idade co8 o indiciado e co8 os fil<os, depend:ncia

econ8ica e e8ocionalL, do ?ue u8a conse?u:ncia dos proAle8as referentes T

' o8entrios realiados por 9>ti8as e indiciado en9ol9idos nos cri8es de 9iol:ncia do8;stica, ?ueprestara8 depoi8entos T pes?uisadora na Delegacia da Mul<er de uritiAa, 8as tendo e8 9ista osigilo profissional, en?uanto escri9ã de pol>cia e, respeitada a inti8idade e pri9acidade das 9>ti8as,seus no8es não serão re9elados.

B

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ineficcia da lei ou dos trH8ites dos procedi8entos ad8inistrati9os e do pr=prio

processo Cudicial.

onsideraOse ta8A;8 co8o ele8ento de etre8a rele9Hncia na anlise dos

dados, do teto legal e sua aplicaAilidade a coleta de- infor8a7@es, i8press@es e

eperi:ncias dos pr=prios en9ol9idos nos casos de 9iol:ncia do8;stica. uscouOse,

portanto, coletar 8ediante u8 ol<ar cr>tico os depoi8entos das 9>ti8as e dos

indiciados na fase do in?u;rito policial, resguardados oA9ia8ente a inti8idade e

pri9acidade destes, Ae8 co8o respeitado o sigilo das infor8a7@es oAtidas pela

pes?uisadora na sua prtica profissional, en?uanto !scri9ã de Pol>cia da Delegacia

da Mul<er do 8unic>pio de uritiAa.

 # partir destes aspectos, deli8itaOse co8o proAle8a a ser in9estigado noproCeto de 8onografia o seguinte ?uestiona8ento- &@77 7@7- 1 1?=@167 81

L-= !"#0/0$ % L-= M1=1 P-3;1, 37 @17 8- >=73@=1 874=@1 7<=87

?-1 ;-, 8-8- 1 <1- ??7@-1 37 =3=47 ?7=@=1 14 7 4=4-

 H8=@=1 81 8-33@=1, - C=4=1K(!

 

2! OBJETIVO GERAL)

V oACeti9o geral desta 8onografia-

• onstruir u8 referencial interpretati9o soAre a aplica7ão da $ei

''.1(6E65 $ei Maria Pen<a, nos casos de 9iol:ncia do8;stica,

sofridos por 8ul<eres, desde a fase pr;Oprocessual, do in?u;rito

policial at; os trH8ites Cudiciais das denúncias, e8 uritiAa.

"! OBJETIVOS ESPECÍFICOS)

"ão oACeti9os espec>ficos deste proCeto de pes?uisa-

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'. ontriAuir co8 a escassa produ7ão cient>fica na anlise da

processualidade dos cri8es co8etidos contra a 8ul<er no H8Aito fa8iliar

2. #nalisar as estat>sticas coletadas Cunto aos =rgãos oficiais Delegacia

da Mul<er de uritiAa, Delegacia de o8ic>dios e Juiado da iol:ncia Do8;stica e

Fa8iliar contra a Mul<erL dos cri8es co8etidos contra a 8ul<er e8 situa7ão de

9iol:ncia do8;stica

1. )ra7ar u8 perfil socioecon8ico das 9>ti8as e dos autores de cri8es

contra a 8ul<er

(. In9estigar ?uais os deter8inantes ?ue le9a8 T 9>ti8a a não dar

continuidade ao processa8ento da denúncia dos cri8es de 9iol:ncia do8;stica

#! JUSTIFICATIVA)

 # Custifica9a 8aior para o desen9ol9i8ento deste proCeto ; a de contriAuir

co8 a pes?uisa soAre a 9iol:ncia do8;stica e das i8plica7@es desta para o 8undo

 Cur>dico, 8ediante anlise de aspectos referentes T atua7ão estatal no

processa8ento das denúncias das 9>ti8as, Ae8 co8o da pr=pria efeti9idade dos

dispositi9os legais na pre9en7ão geral e especial do cri8e de 9iol:ncia do8;stica

contra a 8ul<er.

 #l;8 disto, 9isa aprofundar os con<eci8entos da proponente no ra8o do

direito penal e processual penal, pretendendoOse ?ue a realia7ão da pes?uisa

resulte no desen9ol9i8ento profissional da autora, en?uanto operadora do direito,

Ae8 co8o da pr=pria prtica profissional, en?uanto !scri9ã de Pol>cia. #ssi8 co8o,

seCa u8 est>8ulo para o desen9ol9i8ento de no9as pes?uisas ?ue 9en<a8 a

contriAuir nas discuss@es de te8as desta rea de con<eci8ento.

5! METODOLOGIA

asica8ente a 8etodologia aplicada ao traAal<o de 8onografia de

conclusão de curso pautouOse na anlise docu8ental, representada pelos oletins

de %corr:ncia, In?u;ritos Policiais e estat>sticas coletadas Cunto T Delegacia da

Mul<er de uritiAa, Delegacia de o8ic>dios e Juiado da iol:ncia Do8;stica e

Fa8iliar contra a Mul<er de uritiAa, Ae8 co8o dos dispositi9os legais, a doutrina

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soAre o te8a e a Curisprud:ncia soAre os casos de 9iol:ncia do8;stica contra a

8ul<er.

o8o co8ple8ento da anlise docu8ental, AuscouOse coletar infor8a7@es,

 Cunto Ts autoridades e funcionrios do Juiado da iol:ncia Do8;stica e Fa8iliar

contra a Mul<er e da Delegacia da Mul<er de uritiAa. ! ainda, tendo e8 9ista, ?ue

a fun7ão de !scri9ã de Pol>cia propicia T pes?uisadora contato direto co8 as 9>ti8as

e indiciados no in?u;rito policial e, portanto, a coleta de infor8a7@es pri9ilegiadas

entendeuOse por Ae8 incorporar ao teto relatos rele9antes dos en9ol9idos e8 casos

de 9iol:ncia do8;stica e oAtidos pela pes?uisadora. !8Aora se entenda rele9ante,

não foi realiada nen<u8a coleta siste8atiada de dados direcionada aos

en9ol9idos nos casos de 9iol:ncia do8;stica, tendo e8 9ista a ri?uea dosdepoi8entos C oAtidos e eiguidade do te8po para aprofunda8ento da pes?uisa.

$! REVISÃO BIBLIOGRÁFICA)

$!! I347867)

"egundo ##$#N)I 266BL o proAle8a da 9iol:ncia do8;stica atinge

crian7as, idosos e 8ul<eres, sendo u8 proAle8a 8undial e decorrendo das rela7@es

desiguais e discri8inat=rias de g:nero. !sses grupos sociais, não apenas no lar,

8as na sociedade e8 geral, são considerados 8ais frgeis e na atualidade te8 sido

oACeto de u8a 8aior preocupa7ão dos legisladores, ?ue intenta8 co8 a proposi7ão

de leis proteti9as de direitos a redu7ão da 9iol:ncia contra estes !statuto da

rian7a e do #dolescente e !statuto do IdosoL. #ssi8, e8Aora os direitosfunda8entais pre9istos na onstitui7ão ten<a8 u8 carter uni9ersal, estes não te8

garantido a prote7ão de grupos 9ulner9eis a todas as for8as de 9iol:ncia. No ?ue

tange Ts 8ul<eres, os constitucionalistas as te8 tratado co8o oACeto especialiado

dos direitos <u8anos funda8entais, por?ue e8pirica8ente per8anece8 e8

situa7ão de <ipossufici:ncia nas rela7@es sociais e pol>ticas p.'4L.

% 8o9i8ento fe8inista e8 todo 8undo, desde a d;cada de B6, 9e8 lutando

por u8a 8aior igualdade de direitos entre <o8ens e 8ul<eres, defendendo ?ual?uer

for8a de discri8ina7ão nas prticas sociais, inclusi9e no H8Aito legal. No entanto,

contraditoria8ente, contriAu>ra8 para esse fen8eno de especialia7ão dos direitos

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<u8anos das 8ul<eres. Nesse sentido, <ou9e a edi7ão pelas Na7@es Unidas dos

!stados #8ericanos de di9ersas con9en7@es e pactos de direitos <u8anos, ?ue

co8pelira8 os pa>ses signatrios a criare8 8edidas legais e ad8inistrati9as de

“promo23o da ig"aldade de gênero e com(ate ) violência contra a m"lher

&C=6=LC=>5, 0@@A, p.0@'”. Dentre os pactos federati9os pode8os citar- a

on9en7ão soAre a eli8ina7ão de todas as for8as de Discri8ina7ão contra a Mul<er

ratificada pelo rasil e8 '40(L, a Reco8enda7ão /eral nQ '4 da referida

on9en7ão !D#WL a on9en7ão Intera8ericana para Pre9enir, Punir e !rradicar

a iol:ncia contra a Mul<er, on9en7ão de el;8 do ParS incorporada no

ordena8ento Cur>dico Arasileiro e8 '44L e a Declara7ão e platafor8a de a7ão da I

onfer:ncia Mundial soAre a Mul<er, ratificada pelo rasil neste 8es8o ano.No rasil, o i8pacto destas orienta7@es internacionais, e8 rela7ão

repressão T 9iol:ncia do8;stica contra a 8ul<er acarretou, pri8eira8ente a

procla8a7ão da igualdade entre <o8ens e 8ul<eres, estaAelecida no teto

constitucional de '400, e8 seu art. Q, inciso I, ?ue rea- “homens e m"lheres s3o

ig"ais em direitos e o(riga28es, nos termos da Constit"i23o”. "oAre a ?uestão da

9iol:ncia contra a 8ul<er no H8Aito fa8iliar, a onstitui7ão Federal de '400 F 00L

deter8inou e8 seu art. 225, X 0Q ?ue- “o +stado asseg"rara assistência ) %amBlia na pessoa de cada "m dos !"e a integram criando mecanismos para coi(ir a violência

no m(ito de s"as rela28es” .

% teto constitucional e os dispositi9os definidos nos )ratados Internacionais

dos ?uais o rasil ; signatrio fora8 o estopi8 para ?ue o legislador

infraconstitucional e8preendesse 8udan7as legais significati9as no ordena8ento

 Cur>dico. # pri8eira delas representada pela $ei '6.005E6(, ?ue tipificou no =digo

Penal rasileiro a 9iol:ncia do8;stica co8o for8a de agra9a8ento da pena.Posterior8ente, a $ei ''.'65E6 retirou de seu teto os cri8es de adult;rio e

sedu7ão. !8 2665, a puAlica7ão da $ei ''.1(6, 8ais con<ecida co8o $ei Maria da

Pen<a, 9eio a atender grande parte dos anseios dos grupos e entidades ?ue luta8

pela defesa dos direitos das 8ul<eres.

!sta lei dentre outros, prop@e a cria7ão de 8ecanis8os de repressão T

9iol:ncia do8;stica contra a 8ul<er, tais co8o o de Juiados de iol:ncia

Do8;stica e Fa8iliar, tipificando a 9iol:ncia do8;stica no =digo Penal, alterando

ta8A;8 o processa8ento das denúncias deste no9o tipo penal agiliando o

''

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processo, segundo no9a reda7ão do =digo de Processo Penal e da $ei de

!ecu7ão Penal &C=6=LC=>5, 0@@A, p.p.0@-0'.

Para situar o leitor, a $ei ''.1(6E65, inspiraOse no caso e8Ale8tico de

9iol:ncia do8;stica sofrido por Maria da Pen<a Maia Fernandes2, AioOfar8ac:utica,

esposa do professor uni9ersitrio "r. eredia i9eiros, e8 cuCo casa8ento sofria

constante8ente agress@es e a8ea7as. )e8endo as conse?u:ncias de u8 pedido

de separa7ão, Maria da Pen<a não se atre9eu a realiOlo entendendo ?ue a

situa7ão poderia se agra9ar ainda 8ais. ! foi Custa8ente o ?ue aconteceu. !8 '401,

Pen<a sofreu u8a tentati9a de <o8ic>dio por parte de seu 8arido, ?ue atirou e8

suas costas, deiandoOa parapl;gica. Na ocasião, o agressor tentou ei8irOse de

culpa alegando para a pol>cia ?ue se trata9a de u8 caso de tentati9a de rouAo.Duas se8anas ap=s o atentado, Pen<a sofreu no9a tentati9a de assassinato

por parte de seu 8arido, ?ue desta 9e tentou eletrocutOla durante o Aan<o. Neste

8o8ento Pen<a decidiu final8ente separarOse. onfor8e apurado Cunto Ts

teste8un<as do processo, o "r. eredia i9eiros teria agido de for8a pre8editada,

pois se8anas antes da agressão tentou con9encer a esposa a faer u8 seguro de

9ida e8 seu fa9or e cinco dias antes a oArigou assinar o docu8ento de 9enda de

seu carro se8 ?ue constasse do docu8ento o no8e do co8prador. Posterior8enteT agressão, Maria da Pen<a ainda apurou ?ue o 8arido era A>ga8o e tin<a u8 fil<o

e8 seu pa>s de orige8, a ol8Aia.

!8 '440, o C+95L-Drasil entro para a Justi7a e o Direito InternacionalL e o

CL=*+M-Drasil o8it: $atinoOa8ericano do ariAe para a Defesa dos Direitos da

Mul<erL, Cunta8ente co8 a 9>ti8a Maria da Pen<a Maia Fernandes, enca8in<ara8 T

o8issão Intera8ericana de Direitos u8anos peti7ão contra o !stado Arasileiro,

relati9a ao paradig8tico caso de 9iol:ncia do8;stica por ela sofrido caso Maria daPen<a n.Q '2.6'L.

 #t; a apresenta7ão do caso ante a %!#, era8 passados ' anos da

agressão, se8 ?ue ainda <ou9esse u8a decisão final de condena7ão pelos triAunais

nacionais e o agressor ainda se encontra9a e8 liAerdade. Diante desta situa7ão, os

peticionrios denunciara8 a tolerHncia da iol:ncia Do8;stica contra Maria da

Pen<a por parte do !stado Arasileiro, pelo fato de não ter adotado, por 8ais de

2  !tra>do do site- <ttp-EEYYY.agende.org.Ar , o relato co8pleto desta <ist=ria encontraOse no li9ro"oAre9i9i, posso contarS escrito pela pr=pria Maria da Pen<a, puAlicado e8 '44(, co8 o apoio doonsel<o earense dos Direitos da Mul<er DML e da "ecretaria de ultura do !stado do ear.

'2

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?uine anos, 8edidas efeti9as necessrias para processar e punir o agressor,

apesar das denúncias da 9>ti8a. # acusa7ão soAre o caso espec>fico de Maria da

Pen<a foi ta8A;8 u8a esp;cie de e9id:ncia de u8 padrão siste8tico de o8issão

e neglig:ncia e8 rela7ão T 9iol:ncia do8;stica e fa8iliar contra as 8ul<eres

Arasileiras.

DenunciouOse a 9iola7ão dos artigos ' %Ariga7ão de respeitar os direitosL 0

/arantias CudiciaisL 2( Igualdade perante a leiL e 2 Prote7ão CudicialL da

on9en7ão #8ericana, dos artigos II e ZIII da Declara7ão #8ericana dos Direitos

e De9eres do o8e8, Ae8 co8o dos artigos 1, (, a, A, c, d, e, f, g, e B da

on9en7ão de el;8 do Par.

U8a 9e ?ue no caso Maria da Pen<a não <a9ia8 sido esgotados osrecursos da Curisdi7ão interna o caso ainda esta9a se8 u8a decisão finalL, condi7ão

i8posta pelo artigo (5'LaL da on9en7ão #8ericana para a ad8issiAilidade de

u8a peti7ão, utiliouOse a ece7ão pre9ista pelo inciso 2LcL do 8es8o artigo, ?ue

eclui esta condi7ão nos casos e8 ?ue <ou9er atraso inCustificado na decisão dos

recursos internos, eata8ente o ?ue <a9ia acontecido no caso de Pen<a. Neste

sentido, assi8 se 8anifestou a o8issão-

...L considera conveniente lem(rar a!"i o %ato inconteste de !"e a $"sti2a (rasileira esteve mais deE anos sem pro%erir senten2a de%initiva neste caso e de !"e o processo se encontra, desde FFA, )espera da decis3o do seg"ndo rec"rso de apela23o perante o ri("nal de 9"sti2a do +stado doCear. = esse respeito, a Comiss3o considera, ademais, !"e ho"ve atraso in$"sti%icado na tramita23oda denGncia, atraso !"e se agrava pelo %ato de !"e pode acarretar a prescri23o do delito e, porconseg"inte, a imp"nidade de%initiva do perpetrador e a impossi(ilidade de ressarcimento da vBtima&...'”.

I8porta frisar ?ue, T ;poca, o !stado Arasileiro não respondeu T denúncia

perante a o8issão. No ano de 266', a o8issão Intera8ericana de Direitosu8anos e8 seu Infor8e n.Q ( de 266', responsaAiliou o !stado Arasileiro por

neglig:ncia, o8issão e tolerHncia e8 rela7ão T 9iol:ncia do8;stica contra as

8ul<eres, reco8endando, entre outras 8edidas-

'. # finalia7ão do processa8ento penal do respons9el da agressão.

2. Proceder a u8a in9estiga7ão a fi8 de deter8inar a responsaAilidade

pelas irregularidades e atrasos inCustificados no processo, Ae8 co8o to8ar as

8edidas ad8inistrati9as, legislati9as e Cudicirias correspondentes.

1. "e8 preCu>o das a7@es ?ue possa8 ser instauradas contra o

respons9el ci9il da agressão, a repara7ão si8A=lica e 8aterial pelas 9iola7@es

'1

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sofridas por Pen<a por parte do !stado Arasileiro por sua fal<a e8 oferecer u8

recurso rpido e efeti9o.

(. ! a ado7ão de pol>ticas púAlicas 9oltadas a pre9en7ão, puni7ão e

erradica7ão da 9iol:ncia contra a 8ul<er.

% caso Maria da Pen<a foi o pri8eiro e8 ?ue se aplicou a on9en7ão de

el;8 do Par. # utilia7ão deste instru8ento internacional de prote7ão aos direitos

<u8anos das 8ul<eres e o segui8ento dos peticionrios perante a o8issão, soAre

o cu8pri8ento da decisão pelo !stado Arasileiro, foi decisi9a para ?ue o processo

fosse conclu>do no H8Aito nacional e, posterior8ente, para ?ue o agressor fosse

preso, e8 outuAro de 2662, ?uase 9inte anos ap=s o cri8e, poucos 8eses antes daprescri7ão da pena. !ntretanto, ; necessrio ainda, ?ue o !stado Arasileiro cu8pra

co8 o restante das reco8enda7@es do caso de Maria da Pen<a.

 #pesar deste pri8eiro e grande passo ocorrido no ordena8ento Arasileiro

encetado por u8a trgica <ist=ria, o traCeto para a supera7ão do proAle8a social da

9iol:ncia do8;stica e cria7ão de pol>ticas púAlicas eficaes para o recon<eci8ento

dos direitos <u8anos funda8entais da 8ul<er ainda ; Aastante long>n?uo. #lgu8as

estat>sticas para ilustrar esta dif>cil e8preitada- Pes?uisa do Mo9i8ento Nacional deDireitos u8anos, realiada e8 '440, constatou ?ue 55,1[ dos casos de

<o8ic>dios contra 8ul<eres fora8 praticados por seus parceiros. !8 266', a

Funda7ão Perseu #Ara8o puAlicou estudos ?ue de8onstra9a8 ?ue a cada '

segundos u8a 8ul<er era 9>ti8a de 9iol:ncia do8;stica no rasil &C=6=LC=>5,

0@@A, p.0'.

 # partir destes inú8eros considerandos introdut=rios T refleão soAre a

9iol:ncia do8;stica contra a 8ul<er, organiouOse a re9isão AiAliogrfica desta8onografia a partir do te8a aspectos 8ultidisciplinares da 9iol:ncia do8;stica

contra a 8ul<er- fatores culturais, sociais, psicol=gicos e Cur>dicos.

$!2! A?-@47 4=8=@=?=31- 81 >=73@=1 874=@1 @7341 1 ;- 

V interessante notar ?ue o te8a da 9iol:ncia do8;stica, 8uito e8Aora te8

sido tratado na atualidade co8o caso de pol>cia ou do poder Cudicirio, ; na 9erdade

'(

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8ultifacetado. U8 8osaico de fatores a deter8ina e a i8punidade, contudo, não

pode ser i8Au>da apenas Ts for7as de repressão estatal, C ?ue os aparatos

ideol=gicos de estado fora8 8uito 8ais deter8inantes na propaga7ão desta

conduta. Para a educa7ão e cultura do po9o Arasileiro a 9iol:ncia do8;stica ; te8a

digno dos 8uitos ditos populares- “em (riga de marido e m"lher ning"ém mete a

colher”, “ele pode n3o sa(er por !"e (ate, mas ela sa(e por !"e apanha” e “m"lher

gosta de apanhar”. Para W!$)!R “desde !"e o m"ndo é m"ndo h"mano, a m"lher

sempre %oi discriminada, despreada, h"milhada, coisi%icada, o($eti%icada,

monetariada”. Desta for8a não ; poss>9el focar a anlise da aplicaAilidade e

efeti9idade da $ei Maria da Pen<a apenas soA a lu do direito, 8as ta8A;8 soA

fatores culturais, sociais e psicol=gicos, ?ue serão 8ais detal<ada8ente traAal<adosa seguir.

$!2!! A?-@47 @41= - 7@=1=)

Para DI#" 2660L, a 9iol:ncia do8;stica ; fruto dos aspectos culturais soA

os ?uais se solidificara8 a sociedade Arasileira. Neste 8odelo social a 8ul<er

deposita sua felicidade na institui7ão do casa8ento-

“&...' ser a rainha do lar, ter "ma casa para c"idar, %ilhos para criar e "m marido para amar. >3o hcasamento em !"e as casadoiras n3o s"spirem pelo ("!"ê da noiva. =o depois, venderam para am"lher a idéia de !"e ela é %rgil e necessita de prote23o e delegaram ao homem o papel de protetor,de provedor. *aB ) domina23o, do sentimento de s"perioridade ) agress3o, é "m passo &p.E'”.

 #pesar das 8uitas 8udan7as e da liAeralia7ão da 8ul<er no 8undo

8oderno, não < co8o negar ?ue este pensa8ento retr=grado ainda encontraOse e

8uito, enraiado e8 nossa sociedade. #ssi8 para a autora a culpa pela 9iol:ncia

sofrida pela 8ul<er não ; eclusi9a do agressor, 8as de todos, C ?ue a sociedade

culti9a 9alores ?ue incenti9a8 a 9iol:ncia. “H %"ndamento é c"lt"ral e decorre da

desig"aldade no e<ercBcio do poder e !"e leva a "ma rela23o de dominante e

dominado. +ssas post"ras aca(am sendo re%erendadas pelo +stado. *aB o a(sol"to

descaso de !"e sempre %oi alvo a violência doméstica &p.p.E-1'.” 

!sta autora trata Aril<ante8ente soAre este te8a, colocando e8 pala9ras

condutas ?ue são 9i9enciadas por 8uitas fa8>lias cotidiana8ente. !la nos le8Ara

'

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?ue a desigualdade sociocultural ; u8a das causas da discri8ina7ão fe8inina e,

soAretudo da do8ina7ão 8asculina. # sociedade propaga a falsa id;ia de ?ue o

<o8e8 ; proprietrio do corpo e 9ontade da 8ul<er e dos fil<os, protegendo a

agressi9idade 8asculina e construindo u8a i8age8 da superioridade do seo

8asculino, representada por sua 9irilidade. %s aspectos e8ocionais relati9os T

afeti9idade e sensiAilidade são inerentes ao seo fe8inino e desde o nasci8ento o

<o8e8 “é encora$ado a ser %orte, n3o chorar, n3o levar desa%oro para casa, n3o ser

\8ul<erin<a]. &...' +ssa errInea consciência masc"lina de poder é !"e lhes

asseg"ra o s"posto direito de %aer "so de s"a %or2a %Bsica e s"perioridade corporal

so(re todos os mem(ros da %amBlia &p.1, gri%os da a"tora'”.

V nesse 8o8ento ?ue o castelo son<ado pelas 8o7as casadoiras rui e, derain<as do larS estas se transfor8a8 e8 9>ti8as, sendo sua casa o lugar 8ais

perigoso para elas e seus fil<os. # 9isão paternalista do <o8e8 en?uanto pro9edor

da suAsist:ncia da fa8>lia e destinado ao espa7o púAlico tendo co8o contraposto a

figura fe8inina, confinada ao lar e ao cuidado dos fil<os propicia o paradoo de

do8ina7ãoEsuA8issão. V este paradoo ?ue, segundo a autora, tornaOse u8a

esp;cie de c=digo de <onra- “a sociedade o"torga ao macho "m papel paternalista,

e<igindo "ma post"ra de s"(miss3o da %êmea. =s m"lheres aca(am rece(endo "maed"ca23o di%erenciada, pois necessitam ser mais controladas, mais limitadas em

s"as aspira28es e dese$os &p.A'”.

%utros autores ta8A;8 entende8 ?ue a 8ul<er ; ?ue8 8ais sofre, tanto

co8 a 9iol:ncia de co8porta8ento co8o a 9iol:ncia estrutural, consolidadas nas

defini7@es sociais ?ue l<e atriAue8 u8 papel secundrio, li8itando a sua cidadania

e8 todos os n>9eis de <ierar?uia social oulding, '40'L. #ssi8 a fa8>lia ; u8a

institui7ão social ?ue organia as rela7@es seuais entre g:neros, eercendo defor8a direta u8 controle social soAre a identidade e corpo da 8ul<er. ontrole este

legiti8ador dos direitos dos 8aridos soAre suas esposas, conferindoOl<es at;

8es8o a prerrogati9a de eercere8 a for7a f>sica contra elas /iffin,'44(L. !

reiterando o pensa8ento de Dias 2660L, oulding c<a8a a aten7ão para o

fen8eno reprodutor desta conduta, atentando para o fato de ?ue a 8ul<er

internalia e reprodu a agressão, contriAuindo para a 8anuten7ão das estruturas

?ue a transfor8a8 e8 9>ti8a. Nesse ca8po, not=rios os casos de 8ães ?ue

'5

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colaAora8 ati9a8ente no ^endureci8ento^ de seus fil<os, transfor8andoOos e8

^8ac<os agressi9os^1.

Muito e8Aora a 9iol:ncia do8;stica contra a 8ul<er eista desde a

eist:ncia de <o8ens e 8ul<eres, foi co8 a e9olu7ão da sociedade no últi8o

s;culo, nos ca8pos da tecnologia e da 8edicina, e conse?uente8ente o ingresso,

e8 peso, das 8ul<eres no 8ercado de traAal<o, propiciadas e8 grande parte pelas

lutas fe8inistas encetadas na d;cada de B6 ?ue se construiu o cenrio ideal para a

guerra dos seos. Nesse per>odo < u8a redefini7ão do paradig8a de fa8>lia ideal,

dos pap;is de 8ul<eres e <o8ens frente ao cenrio social, i8pondo a este suCeito

assun7ão de tarefas nunca antes i8aginadas, afetas ao lar e aos fil<os, “essa

m"dan2a aca(o" provocando o a%astamento do parmetro preesta(elecido, terreno%értil para con%litos &*5=S, 0@@, p.A'”. !sse fator social, longe ainda de pro9ocar

8udan7as significati9as no ca8po cultural, tornouOse Custificati9a para a 9iol:ncia

co8o ele8ento co8pensador das poss>9eis fal<as no co8pri8ento dos pap;is

ideais i8postos aos no9os <o8ens e 8ul<eres. # guerra esta posta, “cada "m "sa

s"as armas: ele, os mGsc"los7 ela as lgrimas. = m"lher, por evidente, leva a pior e

se torna vBtima da violência masc"lina &*5=S, 0@@, p.A'”.

ontudo, desta traCet=ria de acentuadas desigualdades geradoras de9iol:ncia “res"ltaram %ocos de resistência e l"ta, pois n3o é pr;prio da nat"rea

h"mana s"(meter-se eternamente  &Jerman, 0@@, p.K'”. er8ann de8onstra

nu8a 9isão não deter8inista ?ue esta resist:ncia ad?uiriu durante a <ist=ria 8uitas

facetas, ?ue na 9erdade configurara8Ose co8o estrat;gias de Aatal<a, seCa8 elas

sutis ou 9iolentas- nega7ão da alteridade, ora atra9;s da Ausca pela igualdade

1  U8 dos casos e8Ale8ticos da Delegacia da Mul<er ?ue epressa8 fiel8ente a educa7ão

patriarcal ; o seguinte- tudo co8e7ou nu8a ?uartaOfeira a noite, dia de Cogo na aiada. % noticiado,t;cnico e8 enfer8age8, desen9ol9ia suas ati9idades laAorati9as, entre '2< e '0< e, ap=s a 8eianoite. Na?uela ?uartaOfeira a8igos seus o con9idara8 para assistir u8 Cogo na aiada e ele aceitou.)elefonou ap=s sair do ser9i7o para a9isar a esposa ?ue iria direto do ser9i7o para o Cogo co8 osa8igos. !, a discussão. Inú8eras liga7@es e8 seu celular, e8 frente aos a8igos. Mais liga7@es,final8ente cansado da atitude da esposa o noticiado 9ai para casa ap=s a perturAa7ão insistente daesposa. No sAado, pela 8an<ã, o noticiado c<egando do ser9i7o, passa e8 u8a panificadora paraco8prar pães. No local encontra o grupo de a8igos ?ue o aco8pan<aria8 ao Cogo. U8 deles Aerrae8 alto e Ao8 so8S, para todos ?ue se encontra9a8 no local ou9ire8- “olha l o cara, !"e a m"lhermanda nele#” . % noticiado finge ?ue a afir8a7ão não te8 rela7ão co8 ele e rapida8ente sai do locale8 dire7ão a sua casa. <egando e8 casa, eausto, ; confrontado no9a8ente pela 8ul<er ?ue?ueria discutir a rela7ão do casal na?uele 8o8ento. !le si8ples8ente não respondia aos?uestiona8entos da esposa, o ?ue a deia9a 8ais ealtada e8 seus ?uestiona8entos, at; ?ue ele

eplode_ J perturAado pela goa7ão dos colegas e pelo ocorrido na ?uartaOfeira_ ! co8etendoinCúrias contra a esposa, parte para ci8a da 8ul<er, diendo- “sa(e do !"e você precisa e !"e n"ncalhe deram? mas (oas palmadas na ("nda”. ! co8ete 9ias de fato contra ela, desferindo pal8adasnas ndegas da esposa...

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aAsoluta, ora pela 9aloria7ão da diferen7a luta pelo respeito da alteridade,

estrat;gia esta ?ue cul8inou nas 8uitas outras for8as de discri8ina7@es,

do8ina7@es e preconceitos ra7a, cor, credo, classeL. Nesse sentido o 8arco da

9iol:ncia do8;stica na atualidade, pode ser entendido co8o epressão de

resist:ncia do patriarcado e8 decl>nio.

$!2!2! A?-@47 ?=@7.=@7)

 #s pesarosas conse?u:ncias de u8a educa7ãoEideologia patriarcal, nu8

conteto e8 ?ue 8uitos da?ueles 9el<os 9alores não 8ais consegue8 ser

sustentados na 8aterialidade das rela7@es sociais, e8 9irtude das 8udan7as no

ca8po do traAal<o representadas, soAretudo, pelo ingresso da 8ul<er nas frentes

de produ7ão do no9oS proletariadoL não te8 incid:ncia apenas nas rela7@es

interpessoais. #s conse?u:ncias 8ais pesarosas tal9e, seCa8 a?uelas incutidas no

psicol=gico dos suCeitos. "ão estas, na 9erdade, ?ue acarreta8 u8 ciclo de 9iol:ncia

?ue se reprodu, tendo e8 9ista ?ue os suCeitos não 8ais se encontra8 confort9eis

nos pap;is sociais a eles in9estidos, não 8ais se recon<ece8 no espel<o, ; a tão

falada 8udan7a de paradig8a. Nesse sentido, DI#" 2660L sintetia ?ue

“acost"mada a realiar-se e<cl"sivamente com o s"cesso de se" par e o

desenvolvimento dos %ilhos, n3o conseg"e essa nova m"lher encontrar em si o

centro de grati%ica23o pr;pria &p.A-'” .

Dentre os 8uitos fatores ?ue le9a8 a 8ul<er T aceita7ão de u8a situa7ão

de 9iol:ncia, no ?ue DI#" c<a8a de lei do sil:ncioS, aponta o 8edo, o senti8ento

de inferioridade, a depend:ncia econ8ica ou ?uando esta não se configura, u8

senti8ento de 8ereci8ento, tendo e8 9ista ?ue as eig:ncias profissionais

suplantara8 a?uelas eig:ncias entendidas por ela co8o de responsaAilidade

eclusi9a da 8ul<er cuidado co8 a casa, fil<os e 8aridoL. #ssi8 a culpa ; u8 fator

i8pediti9o para ?ue a 8ul<er denuncie as agress@es.

ulpa esta ?ue s= se consolida por?ue o agressor, e8 sua necessidade de

do8ina7ão e controle soAre a 9>ti8a, introCeta senti8entos de inferioridade,

destruindo sua autoOesti8a, faendoOa acreditar ?ue

'0

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“&...' t"do o !"e %a é errado, de nada entende, n3o sa(e se vestir nem se comportar socialmente. ind"ida a acreditar !"e n3o tem capacidade para administrar a casa nem c"idar dos %ilhos. =alega23o de n3o ter ela (om desempenho se<"al leva ao a%astamento da intimidade e ) amea2a dea(andono &*5=S, 0@@, p. '”.

Para tanto, o agressor co8u8ente afastaOa da fa8>lia, isolaOa do 8undo,

das a8iades, i8pedeOa de traAal<ar. #ssi8 estaAeleceOse o “ciclo da violência”.

Nu8 pri8eiro 8o8ento o sil:ncio e a indiferen7a, seguindoOse de recla8a7@es,

repro9a7@es e repri8endas, por fi8 os castigos, puni7@es, e8purr@es, tapas, socos,

pontap;s, se8pre nu8a escala crescente e não apenas direcionadas so8ente T

9>ti8a, 8as a tudo a?uilo ?ue l<a fae8 Ae8- oACetos pessoais e fil<os.

 # 9>ti8a na 8aioria das 9ees, procura eplica7@es e Custificati9as para a

atitude 9iolenta do co8pan<eiro, C ?ue social8ente ele ; u8a pessoa agrad9el e

encantadora, ?ue estaria passando por proAle8as financeiros ou na 9ida

profissional. #catando assi8 suas ordens, afastandoOse das a8iades, tendo

atitudes ?ue não o desagradaria8 desde o 8odo de falar at; o de se 9estir.

Inseguran7a e 8edo de u8a no9a eplosão torna8Ona dependente e insignificante.

 #ssi8, ela

“&...' an"la a si pr;pria, se"s dese$os, sonhos de realia23o pessoal, o($etivos pr;prios. >essemomento, a m"lher vira "m alvo %cil. = angGstia do %racasso passa a ser se" cotidiano. N"estiona o!"e %e de errado, sem se dar conta de !"e para o agressor n3o e<iste nada certo. >3o h comosatis%aer o !"e nada mais é do !"e dese$o de domina23o, de mando, %r"to de "m comportamentocontrolador &*5=S, 0@@, p.F'”.

 # autora entende ?ue este agressor não a odeia, 8as si8 a si 8es8o, tendo

sido e8 sua <ist=ria de 9ida ta8A;8 9>ti8a de aAusos e agress@es, o ?ue o le9a ao

8edo e, por isso, a necessidade do controle das situa7@es o fa sentir seguro. Desta

for8a, o 8es8o atriAui a culpa da sua 9iol:ncia Ts atitudes da 8ul<er- eig:ncia pordin<eiro, desleio e8 rela7ão T casa e aos fil<os, ?ue ela não fa nada certo e não o

oAedece. Para ?ue no9as agress@es não ocorra8, a 8ul<er concorda, recon<ece a

culpa, recua, o perdoa, aArindo espa7o para no9as agress@es, pois o 8edo da

solidão a torna dependente e insegura, “a m"lher n3o resiste ) manip"la23o e se

torna prisioneira da vontade do homem, s"rgindo o a("so psicol;gico &p.F'”.

o8 isso, < o arrependi8ento 8útuo, o perdão, o c<oro, flores, pro8essas

de 8udan7a, o casal 9i9e u8a no9a luaOdeO8el. !la final8ente, “sente-se protegida,

amada, !"erida, e acredita !"e ele vai m"dar” ... #t; ?ue 9en<a8 no9as coAran7as,

a8ea7as, gritos, tapas... % ciclo se reno9a...

'4

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“&...' +sta(elece-se "m verdadeiro cBrc"lo vicioso: a m"lher n3o se sente vBtima, o !"e %adesaparecer a %ig"ra do agressor. Mas o silêncio n3o imp8e nenh"ma (arreira. = %alta de limite %a aviolência a"mentar. H homem testa se"s limites de domina23o. N"ando a a23o n3o gera rea23o,

e<acer(a a agressividade, para conseg"ir dominar, para manter a s"(miss3o.   A ferida sara, osossos quebrados se recuperam, o sangue seca, mas a perda da auto-estima, o sentimento demenos valia, a depressão, essas são feridas que não cicatrizam &p.0@, gri%o nosso'”. 

$!2!" A34-@-8-34- J8=@7 - -4:- ?7=@1 7- 1 L-=)

% te8a da 9iol:ncia do8;stica, co8o C tratado anterior8ente, se8pre foi

secundrio no cenrio Cur>dico Arasileiro. Isto re9ela ?ue o 8es8o se8pre este9einti8a8ente ligado T pri9acidade da fa8>lia e não suscet>9el Ts inter9en7@es

estatais, seCa8 ?uais fosse8. "o8ente co8 a onstitui7ão Federal de '400 ; ?ue

generica8ente a lei outorga a igualdade for8al entre <o8ens e 8ul<eres-

 Art. 5º  odos s3o ig"ais perante a lei, sem distin23o de !"al!"er nat"rea, garantindo-se aos(rasileiros e aos estrangeiros residentes no PaBs a inviola(ilidade do direito ) vida, ) li(erdade, )ig"aldade, ) seg"ran2a e ) propriedade, nos termos seg"intes:5 - homens e m"lheres s3o ig"ais em direitos e o(riga28es, nos termos desta Constit"i23o7

V e8 fun7ão do teto constitucional ?ue ta8A;8 ?ue se disciplinou a cria7ão

dos Juiados >9eis e ri8inais !speciais no H8Aito da União, Distrito Federal,

)errit=rios e !stados co8petentes para a concilia7ão, Culga8ento e eecu7ão das

infra7@es ditas de 8enor potencial ofensi9o. Neste cenrio a ?uestão da 9iol:ncia

do8;stica 9e8 T tona, de8onstrando a necessidade de u8a legisla7ão ?ue tratasse

de 8odo 8ais ponderado o assunto.

%s Juiados !speciais regula8entados pela $ei nQ 4.644 de '44 trouera8

Aenef>cios grandes no ca8po processual penal, C ?ue possiAilitara8 a agilia7ão

dos procedi8entos atra9;s da cria7ão de 8edidas despenaliadoras, ado7ão do rito

su8ar>ssi8o, aplica7ão de penas antes do ofereci8ento da acusa7ão se8 ?ue

<ou9esse ainda a discussão soAre a culpaAilidade do agente, nos deno8inados

cri8es de 8enor potencial ofensi9o, ou seCa, a?ueles cuCa pena 8i8a aplicada

não ultrapassa dois anos.

ontudo a cr>tica suscitada pela doutrinadora Dias ; de ?ue e8Aora o

legislador ten<a consciente8ente oACeti9ado di8inuir a i8punidade, paradoal8ente

deiou de prioriar a pessoa <u8ana, atra9;s da preser9a7ão de sua 9ida e

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integridade f>sica. Isto por?ue 9inculou nos cri8es referentes Ts les@es corporais

le9es e les@es corporais culposas T representa7ão do ofendido, ei8indoOse o

!stado da oAriga7ão do cu8pri8ento do  $"s  p"niend. Isto por?ue, caAe nestes

casos T 9>ti8a a iniciati9a da Ausca da apena7ão de seu agressor, segundo crit;rios

suACeti9os de con9eni:ncia e oportunidade, en?uanto os cri8es relati9os ao

patri8nio desencadeia8 a7ão púAlica incondicionada, ainda ?ue seCa8 de 8enor

potencial ofensi9o p.p.2' e 22L.

 # doutrinadora DI#" entende ?ue a lei fal<ou condicionando os cri8es de

les@es corporais T representa7ão do ofendido, pois não < co8o possiAilitar ao

agredido u8a sensa7ão de seguran7a e est>8ulo e8 denunciar o agressor, tendo

e8 9ista u8 e9idente dese?uil>Ario entre as partes. !ste fato se torna 8anifesto noscasos relati9os Ts agress@es no H8Aito do8;stico. % suCeito 8ais 9ulner9el ; ?ue8

de9e dar in>cio e Auscar a atua7ão estatal para coiAir o perpetrador da conduta 8ais

forte. "endo ?ue e8 8uitas das situa7@es “a vBtima, ao veic"lar a !"ei<a, nem

sempre !"er separar-se do agressor. am(ém n3o !"er !"e ele se$a preso. S; !"er

!"e a agress3o cesse &p.00'”. ! ; neste ponto ?ue funda8ental8ente não se

concorda co8 a autora. J ?ue se não ; a Custi7a penal ?ue a noticiante ?uer 9er

aplicada ao seu caso co8 a puni7ão do agente e, se a aplica7ão de penasalternati9as não seria8, segundo ela as 8edidas 8ais eficaes na puni7ão do

agressor. #final para ?ue ser9e a $ei Maria da Pen<a` Por?ue 8o9i8entar toda a

estrutura estatal nu8 procedi8ento 8ais etenso tanto na fase do in?u;rito policial,

?uanto na fase Cudicial, se não ; a aplica7ão da lei penal ?ue a destinatria deseCa`

U8 trata8ento Cur>dico dos cri8es de les@es corporais le9es, principal8ente,

ocorridos e8 sede de 9iol:ncia do8;stica co8o sendo de a7ão púAlica

incondicionada, seria então na 9isão da autora, u8a esp;cie de ideal de Custi7asocial a ser al8eCado. !ste posiciona8ento foi defendido pelo Minist;rio PúAlico do

Paran. !ntendi8ento contrrio foi aplicado nos procedi8entos adotados pela

autoridade policial da Delegacia da Mul<er de uritiAa DML, Ae8 co8o da ara da

iol:ncia Do8;stica desta o8arca. Do ponto de 9ista da realidade, este

posiciona8ento to8ado pela Delegacia da Mul<er e pelo Judicirio possiAilitou a não

instala7ão de u8 caos na apura7ão deste tipo de delito, C ?ue ; 8uito grande o

registro de ocorr:ncias, 8as ta8A;8 a desist:ncia das 9>ti8as C na fase pr;O

processual. !8 8;dia fora8 apresentadas no per>odo co8preendido entre sete8Aro

de 2660 e Cun<o de 2664, cerca de '11( ocorr:ncias 8ensais. Destas, cerca de '0[

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das 9>ti8as dera8 prossegui8ento na fase do in?u;rito, não sendo poucas as

8ul<eres ?ue 8es8o nu8a situa7ão de flagrHncia desiste8 de representar

cri8inal8ente contra o autor. No ite8 Resultados desta 8onografia as estat>sticas

serão tratadas co8 8ais pesar.

"o8ente no 8:s de aAril de 2664, decisão e8 sede de Ja(eas Corp"s da

5. )ur8a do "uperior )riAunal de Justi7a, di9ulgada no Infor8ati9o de

Jurisprud:ncia n.Q 10, de 62 a 65 de 8ar7o de 2664, apresentou o entendi8ento no

sentido de passar a considerar @738=@=73181 -?--34167 a a7ão penal no

caso de les@es corporais le9es nas situa7@es pre9istas na $ei Maria da Pen<a,

confor8e depreendeOse do ecerto a seguir-

L+5 M=O5= *= P+>J=. O+PO+S+>=QH.

 = "rma, ao prosseg"ir o $"lgamento, por maioria, concede" a ordem de <aAeas corpus,m"dando o entendimento !"anto ) representa23o prevista no art. 1 da Lei n. .RK@0@@1&Lei Maria da Penha'. Considero" !"e, se a vBtima s; pode retratar-se da representa23o perante o $"i, a ação penal é condicionada. =demais, a dispensa de representa23osigni%ica !"e a a23o penal teria prosseg"imento e impediria a reconcilia23o de m"itoscasais.” H !!".#$%-&' , (el. origin)rio &in. *g +ernandes, (el. para acrdão &in.

elso imongi /esembargador convocado do 01-234, ulgado em 56"67$$8.Infor8a7ão retirada e8 '1.6(.64 da pgina <ttp-EEstC.Cus.ArE"%NEinfoCurEdoc.CspL.

Muito e8Aora o ")J C aponte para u8a interpreta7ão ?ue considere os

cri8es de les@es corporais le9es co8o suCeitos a a7ão penal púAlica condicionada T

representa7ão da ofendida, a ?uestão ainda de8anda 8uita di9erg:ncia. )ra8itando

no "upre8o )riAunal Federal o R!sp '64.B6(O2, representando te8a discutido

repetida8ente e ser Culgado pela $ei ''.5B2E60. #p=s a puAlica7ão da conclusão do

 Culga8ento no Dirio da Justi7a !letrnico, todos os )riAunais de Justi7a e regionais

federais serão co8unicados do resultado para aplica7ão i8ediata e8 casos

se8el<antes. !8Ale8tica ; esta di9erg:ncia ta8A;8 na realidade curitiAana, na

?ual tanto a DM ?uanto o Juiado te8 entendi8ento de ?ue a a7ão ; púAlica

condicionada a representa7ão da 9>ti8a, contudo o MPEPR, =rgão inter8edirio na

re8essa dos in?u;ritos por for7a de instru7ão nor8ati9a estadual, te8 retido os

in?u;ritos nos ?uais as 9>ti8as não representa8 contra os autores dos fatos nos

cri8es de les@es corporais le9es, por possuir entendi8ento contrrio, at; ?ue seCa

definiti9a8ente propalada tal decisão.

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!8 rela7ão aos dispositi9os da $ei ''.1(6E65, #U#D FI$%, 9aloria a

postura do legislador ?ue criou deter8ina7@es ?ue 9iria8 de encontro T?uilo a ?ue

esta se props “"ma prote23o especial )s vBtimas de violência no m(ito %amiliar,

e<cepcionando, em m"itos aspectos, o sistema geral protetivo e repressor,

constit"Bdo pelo C;digo Penal e C;digo de Processo Penal”.

Para o autor, a Curisdicionalia7ão da 8aior parte dos procedi8entos da lei

de8onstra u8a preocupa7ão co8 o resguardo das 9>ti8as. Por ee8plo, a

retrata7ão e8 Cu>o, a fi8 de ?ue se assegure a presen7a e assist:ncia de u8

ad9ogado, e9itandoOse ?ue tal proceder ocorra nas Delegacias de Pol>cia. #

eist:ncia das deno8inadas Medidas Proteti9as de Urg:ncia arts. '0 a 2( da $ei

''.1(6E65L fiadas pela autoridade Cudicial. )odas estas deter8ina7@es dera8“relevo signi%icativo ) at"a23o da a"toridade $"diciria, !"e participar de maneira

cont"ndente de todo o procedimento legal, incl"sive antes do rece(imento de

event"al denGncia”.

U8a das pol:8icas le9antadas pelo pro8otor rondoniense, refereOse T

possiAilidade de concessão de liAerdade pro9is=ria ao infrator. Relati9ia o autor ?ue

se de9e antes de tudo realiar u8a interpreta7ão T lu do teto constitucional, para

não se incorrer e8 inconstitucionalidades na anlise dos dispositi9os da $ei Maria daPen<a, C ?ue esta adotou u8a postura Aastante rigorosa e8 rela7ão aos infratores.

Nesse sentido, o autor rele8AraOnos do princ>pio funda8ental da presun7ão de

inoc:ncia, para concluir ?ue a concessão da liAerdade pro9is=ria, co8 ou se8

fian7a, ao infrator dos dispositi9os penais e8 situa7ão de 9iol:ncia do8;stica, ;

plena8ente aplic9el consideradas, segundo, ele as peculiaridades de cada caso.

Nesse sentido, o te8a da liAerdade pro9is=ria ta8A;8, no entender do autor

constitui 8at;ria reser9ada ao Cui. Isto por?ue, 8uito e8Aora o art. 122 do P fie?ue a autoridade policial s= poder conceder fian7a nos casos de infra7@es a

dispositi9os pun>9eis co8 deten7ão ou prisão si8ples <ip=teses engloAadas pelos

cri8es pre9istos na $ei ''.1(6E65L so8ente u8a anlise apressada concluiria ?ue

seria co8pat>9el co8 a fun7ão da autoridade a concessão da liAerdade pro9is=ria,

8ediante fian7a. “Parece "ma interpreta23o simples, mas !"e precisa ser ade!"ada

) l" da sistemtica legal e process"al, (em como da pr;pria %inalidade e o($etivos

da lei protetora em tela.” 

Utiliando o racioc>nio do autor. % art. 1'1 do =digo de Processo Penal,

efeti9a8ente estaAelece ?ue so8ente ; poss>9el a prisão pre9enti9a, ecetuada a

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circunstHncia pre9ista no inciso II, aos cri8es punidos co8 reclusão. !ntretanto,

confor8e o inciso I, acrescido pela $ei nQ ''.1(6E2665, ecepcionouOse a regra

criando a <ip=tese de prisão pre9enti9a nos cri8es en9ol9endo 9iol:ncia fa8iliar e

do8;stica contra a 8ul<er, 9isando garantir a eecu7ão das 8edidas proteti9as de

urg:ncia. Desta for8a co8o os institutos da liAerdade pro9is=ria e da prisão

pre9enti9a de9e8 ser coerente8ente aplicados, seria dif>cil eplicar co8o algu;8

?ue se li9rou solto 8ediante fian7a arAitrada pelo Delegado de Pol>cia, 8o8entos

depois ; preso pre9enti9a8ente pela autoridade Cudiciria, para a garantia da 9ida e

integridade das 9>ti8as de 9iol:ncia do8;stica.

oncluiOse assi8, ?ue pela $ei Maria da Pen<a, ecepcionando o

ordena8ento processual penal geral, ad8itiuOse a decreta7ão de prisão pre9enti9ae8 cri8es punidos co8 deten7ão. ! dessa for8a, segundo o pro8otor, so8ente ao

 Cui, de posse do auto de prisão e8 flagrante, teria a co8pet:ncia para a anlise dos

funda8entos ?ue possiAilitaria8 a 8anuten7ão da prisão pro9is=ria, nas diretries

do artigo 1'6, pargrafo único, do =digo de Processo Penal. “Permitir o

ar(itramento de %ian2a pela a"toridade policial, no caso em !"e é possBvel a

decreta23o de pris3o preventiva, além de ca"sar desvirt"amento do ordenamento

 $"rBdico, ainda acarretar perple<idade em posicionamentos contradit;rios, (emcomo "s"rpa23o da %"n23o $"risdicional do $"i”.

 #crescenta ainda o #U#D FI$%, ?ue as circunstHncias oACeti9as dos

cri8es de 9iol:ncia do8;stica nos le9aria8 a essa 8es8a conclusão, tendo e8

9ista ?ue ap=s u8a situa7ão de prisão e8 flagrante e li9ra8ento do autor 8ediante

paga8ento de fian7a, este retorna T resid:ncia i8plicando e8 s;rios riscos T 9ida e

integridade f>sica das 9>ti8as. Muito e8Aora, ten<a sido a inten7ão do legislador a

de Custa8ente e9itar ?ue 8ediante si8ples paga8ento da fian7a e se8 u8a anlise8ais por8enoriada dos fatos pela autoridade Cudiciria, ?ue “o in%rator conseg"isse

sa%ar-se da m!"ina repressora estatal, contin"ando a perpet"ar se"s atos de

violência e agress8es contra a m"lher”.

*ata venia  o pro8otor rondoniense apresente esse entendi8ento, u8a

anlise 8ais ponderada soAre a realidade ftica e os casos de prisão e8 flagrante

de supostos infratores da $ei Maria da Pen<a, fae8 refletir soAre os incon9enientes

?ue a não estipula7ão de fian7a no H8Aito policial pode8 traer. Isto por?ue, não

são raros os casos e8 ?ue o supostoS agressor aciona a pol>cia 8ilitar, 9ia '46,

diante de u8 surto ner9oso de sua co8pan<eira e receando, e8 alguns casos pela

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integridade de seus fil<os( ou pela pr=pria consci:ncia e8 afir8ar ?ue não estaria

co8etendo nen<u8 tipo de agressão contra a 8es8a, ou ainda para assegurar ?ue

a 9>ti8aS não continue a destruir sua casa, acaAa8 sendo conduidos T delegacia

para apura7ão dos fatos e diante da falta de teste8un<as ?ue presenciara8 os fatos

são presos pre9enti9a8ente, soA o le8a- da a8ea7a i8inente T 8ul<er.

 # 8ul<er, e8 8uitos casos, nu8 8o8ento de rancor e 9ingan7a, saAendo

?ue o autorS ficaria preso, in9enta algu8a <ist=ria, apro9eitandoOse de algu8as

les@es de defesa causadas pelo co8pan<eiro diante da agressão da noticiante ou

<a9endo efeti9a8ente inCúria por parte do co8pan<eiro, por ele 8es8o confessada,

( "itua7@es flagrHncias apresentadas na Delegacia da Mul<er- SITUAÃO A Marido de classe 8;dia

c<a8a a pol>cia, pois a esposa não acordando soAre os 9alores de pensão, ?ue 9oluntaria8enteoferecidos encontra9a8Ose na casa dos Rb 1066,66 te8 u8 surto ner9oso, pois ac<a9aOosinsuficientes. Diante da resolu7ão do 8arido de então discutir e8 Cu>o o 9alor a ser pago, surta eco8e7a a ?ueArar os oACetos da casa, o 8arido a segura e a coloca sentada no sof. # 8es8a nãosatisfeita le9antaOse pega o fil<o di para a AaA ?ue se “ela n3o pode ter o !"e !"er, ent3o o paitam(ém n3o ver mais o %ilho, pois ela ir mat-lo” , pega o carro, colide propositada8ente contra o8uro por tr:s 9ees e intenta sair co8 o carro para fora do condo8>nio. % 8arido desesperadoc<a8ou a pol>cia, ?ue i8pediu ?ue a esposa sa>sse e todos fora8 conduidos at; a delegacia. Porfi8, aos policiais e na delegacia a noticiante, ora autora dos fatos alega ?ue foi agredida pelo 8arido.ontudo, e8 interrogat=rio o noticiado indica a AaA co8o teste8un<a, ?ue confir8a a 9ersão donoticiado. Neste caso fora la9rado o auto de prisão negati9o, não tendo sido arAitrada fian7a,portanto, li9randoOse solto. ontudo se não fosse a presen7a de u8a teste8un<a caAal o noticiadoseria indiciado, caso a 9>ti8a fosse con9incente e8 sua 9ersão poderia at; 8es8o ser preso se8 a

estipula7ão de fian7a na delegacia o ?ue l<e causaria s;rios preCu>os no H8Aito profissional, C ?ue o8es8o era ad8inistrador idneo de u8 reno8ado restaurante curitiAano, u8 ecelente pai e não u8cri8inoso. S=4167 B Neste 8es8o dia, u8a setaOfeira, durante a 8adrugada, 8ais u8a situa7ãocuriosa acontece. % noticiado e8Ariagado liga para a pol>cia, para co8unicar a institui7ão ?ue nãoteria agredido a sua esposa, 8uito e8Aora os 8es8os ti9esse8 discutido. #8Aos trocara8 insultos,ele 8oti9ado, pela pro9oca7ão da esposa ?ue o ingou de 9agaAundo e A:Aado, ?uando o 8es8o Cencontra9aOse dor8indo. #p=s a discussão, para garantir ?ue ele não a teria agredido liga para apol>cia e fa a co8unica7ão. Minutos depois, ?uando no9a8ente C se encontra9a dor8indo, a pol>ciac<ega a 9>ti8aS di aos policiais ?ue ?uer representar contra o 8es8o e ?ue ele a teria a8ea7ado de8orte. #8Aos são conduidos T delegacia e diante dos fatos ; arAitrada a fian7a e8 Rb '6,66 aonoticiado. % noticiado não possu>a nen<u8 parente na cidade e a fian7a ; paga so8ente na segundafeira pelo patrão do noticiado. !ste C se encontra9a no entro de )riage8 II, diante da car:ncia doefeti9o de in9estigadores da Delegacia, a co8unica7ão 9ia of>cio ao ) II do recol<i8ento da fian7a

feita na segundaOfeira ; entregue so8ente na setaOfeira da?uela se8ana. Na ?uintaOfeira anoticiante, C se encontra9a na delegacia coArando a liAera7ão de seu eOLco8pan<eiro, pois a8es8a esta9a co8 d= dele por estar preso_ S=4167 C asal de na8orados discute por causa deu8 e8pr;sti8o ?ue ela teria feito e8 no8e dele, ela a8ea7a ir e8Aora e di ?ue era para ele pagar o?ue l<e de9ia. % 8es8o ?uerendo o entendi8ento disse ?ue não l<e daria o din<eiro at; ?ue os doisse entendesse8. # 8es8a insatisfeita co8e7ou a ?ueArar os oACetos da casa e correu para fora dacasa. Retornando 8o8entos depois, ?ueArando co8 c<utes u8a porta de ferro da entrada docondo8>nio, ?ue C esta9a fec<ada. ! inicia sua in9estida ta8A;8 contra a porta da casa donoticiado. )e8endo ?ue ela ta8A;8 ?ueArasse a porta, aAriuOa. # noticiante no9a8ente co8e7ou a?ueArar os oACetos da casa, derruAar ar8rios, pegou u8 pun<al do noticiado, ?ue era praticante deartes 8arciais e a8ea7aOo. !le a desesti8ula a to8ar algu8a atitude, alegando ?ue facil8ente adesar8aria, tendo e8 9ista ser e>8io lutador. # 8es8a larga o pun<al e co8e7a no9a8ente a?ueArar os oACetos da casa, ?uando o noticiado a segura co8 for7a pelas costas, le9andoOa para fora

da casa e trancando no9a8ente a porta. % noticiado liga para a pol>cia 8ilitar, ?ue os conduiu at; adelegacia. # 9>ti8aS, 8ul<er, frgilS e atraente, disse ter sido agredida pelo lutadorS, <o8e8 forte e9iolentoS, 8as não conta9a ?ue o 9iin<o ti9esse ou9ido toda a confusão e presenciado a 8es8aarro8Aando a porta do condo8>nio e, portanto, teste8un<asse e8 fa9or do noticiado.

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8as 8oti9ada na 8aioria das situa7@es pela inCusta pro9oca7ão dela denuncia o

agressorS. "e8anas depois, tendo e8 9ista o acú8ulo de casos ?ue lota8 as aras

especialiadas e8 9iol:ncia do8;stica e fa8iliar contra a 8ul<er ; definida data

para a audi:ncia preli8inar, na ?ual oaL CuiaL 9erifica a real situa7ão e final8ente

arAitra fian7a. #t; então o suCeito, C te9e sua situa7ão e8pregat>cia preCudicada e

pro9a9el8ente a> si8 encontre 8oti9o suficiente para u8a 9ingan7a contra a

noticiante.

! não são poucos os casos, e8 ?ue a 8ul<er, ?uer apenas ?ue a delegacia

ou a institui7ão policial “dê "m s"sto”  no noticiado, ?ue nos casos de registro de

oletins de %corr:ncia, ?uer apenas c<egar co8 u8 papel e8 casa co8 o no8e da

delegaciaL ou ?ue o noticiado seCa inti8ado a co8parecer na delegacia, ou ?ue“conversem com ele e e<pli!"em !"e ele tem !"e sair de casa” ?ue, e8 u8a das

situa7@es pas8e8_ !ra de propriedade do noticiado, C ?ue na8ora9a8 < apenas

seis 8eses e ela teria se 8udado para a resid:ncia co8 a fil<aL. Pois afinal, “ele n3o

é "m homemmarido r"im”  para ela, pois “é a primeira ve !"e ele %a isso”   relato

de u8a 9>ti8a ?ue teria sido a8ea7ada pelo 8arido co8 u8a ar8a de fogo

apontada para sua caAe7a...L. !stes são pe?uenos etratos das falas das 9>ti8asS

?ue adentra8 as portas da Delegacia, falas estas ?ue se repete8 diaria8ente.)al9e esse intuito de 9ingan7a da 8ul<er contra o <o8e8, epli?ue e8

certa 8edida por?ue, no H8Aito do Cudicirio a aplica7ão da $ei Maria da Pen<a, C

ten<a sido realiada figurando o <o8e8 co8o p=lo a ser protegido. U8a destas

decis@es foi a do Doutor Mrio RoAerto Kono de %li9eira, Cui titular do J!cri8 de

uiaA, ?ue resol9eu aplicar a $ei Maria da Pen<a para u8 caso no ?ual o <o8e8

era 9>ti8a. Descre9e a reportage8 de u8 site da internet ?ue o autor teria

ingressado co8 u8a a7ão n.Q '6B(E2660L, afir8ando ?ue sofria agress@es f>sicas,psicol=gicas e financeiras de sua eOesposa. Para instruir a a7ão, Cuntou 9rios

docu8entos- oletins de %corr:ncia por ele registrados, ea8e de corpo de delito,

nota fiscal de conserto de seu 9e>culo danificado pela eOco8pan<eira, eO8ails por

ela en9iados, nos ?uais l<e proferiu a8ea7as e difa8a7@es. Por fi8, re?uereu a

aplica7ão da lei ''.1(6E65, utiliando co8o argu8ento o princ>pio da analogia,

alegando a ineist:ncia de lei si8ilar ?ue 9isasse a prote7ão do <o8e8.

% 8agistrado, in cas" afir8ou a i8possiAilidade da aplica7ão da analogia in

mala partem contra o r;uL, 8as ?ue isso não i8plicaria na proiAi7ão de aplicOla e8

fa9or do r;u. #d8itiu ?ue eiste8, e8Aora e8 nú8ero inferior, casos e8 ?ue o

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<o8e8 ; a 9>ti8a do ass;dio e não a 8ul<er e “!"e nestes casos, o ga$o n3o deve

se envergonhar de socorrer-se do 9"dicirio para a%astar o ilBcito”. Por fi8,

deter8inou ?ue a eO8ul<er do autor da a7ão de9eria 8anter u8a distHncia não

inferior a 66 8 dele, aArangendo inclusi9e sua 8oradia e local de traAal<o, al;8

ainda de estaAelecer ?ual?uer tipo de contato por ?uais?uer ?ue seCa8 os 8eios de

co8unica7ão.

Decisão esta ?ue no 8>ni8o ; ?uestion9el, tendo e8 9ista a utilia7ão do

princ>pio da analogia no direito penal, cuCa aplica7ão ; de9eras contro9ersa, pois se

tratando de nor8a incri8inadora, a lei penal não poderia utiliar a analogia e8

9irtude do princ>pio da reser9a legal. Pric>pio este ?ue considera a lei penal

especial>ssi8a e8 9irtude do fato de não possiAilitar a aplica7ão dos costu8es ou daanalogia os costu8es e8 9irtude de não tere8 o condão de aAOrogar a lei penal a

analogia e8 9irtude da reser9a legal. No caso espec>fico, o 8agistrado entendeu

?ue não se podia aplicar a analogia in mala partem contra o r;uL, 8as ?ue isso não

i8plicaria pela proiAi7ão de aplicOla e8 fa9or do r;u.

%utra ?uestão ?ue salta aos ol<os e ?ue de8anda u8a discussão s;ria e8

ter8os de pol>ticas púAlicas de educa7ão e pre9en7ão da 9iol:ncia do8;stica trataO

se da falta de con<eci8ento das 9>ti8as e8 rela7ão Ts atriAui7@es das institui7@esen9ol9idas no atendi8ento. Por ee8plo, ao considerare8 co8o i8punidade o fato

de ?ue não seCa a pol>cia ?ue to8e algu8a pro9idencia e8 rela7ão ao noticiado, ou

seCa, sua prisão assi8 ?ue ela co8uni?ue e de fato <aCa u8 fato delituoso co8o

u8a agressão, não sendo institui7ão co8unicada e8 situa7ão flagrancial.

!8 9irtude do descon<eci8ento das institui7@es en9ol9idas as 9>ti8as

ac<a8 ?ue ?ue8 resol9e a situa7ão da agressão ; a pol>cia apenas, algu8as

deseCando apenas a resolu7ão de cun<o patri8onial ou u8a solu7ão para o 9>cio docon9i9ente solicita8 a pol>cia, atitudes ?ue estão fora do alcance do poder de

pol>cia- “e" n3o !"ero !"e ele %i!"e preso, mas !"e vocês seg"rem ele essa noite,

até a (e(edeira passar e, amanh3 %alem para ele, !"e ele tem !"e ir em(ora de

casa o" ("scar "m tratamento para o alcoolismo”  ou “e" n3o !"eria !"e ele %icasse

 preso, mas apenas !"e vocês dessem "m serm3o nele”, a sen<ora ?ue c<ega no

Aalcão, ?uestionada soAre o ?ue deseCa, afir8a- “mo2o e" n3o !"ero registrar "ma

!"ei<a, !"ero "m conselho”  contudo não ; papel da institui7ão policial a realia7ão

de trata8ento para dependentes ?u>8icos ou de sacerd=cio de ?ual?uer religião.

2B

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%utra ilustra7ão interessante foi a do relato de u8 dos in9estigadores ?ue

atua8 na Delegacia da Mul<er. #p=s ser 9>ti8a de 9iol:ncia do8;stica e 9ir T DP

e8 situa7ão de flagrante delito, prestando depoi8ento, a 9>ti8a recusa a carona

oferecida pelos PM ?ue a conduira8 para retornar a sua casa e per8anece

sentada e8 frente T porta de entrada da Delegacia da Mul<er ao lado de fora.

uando a 9:, o in9estigador de pol>cia a ?uestiona se os PMs não a <a9ia8

oferecido carona e por?ue a 8es8a ainda não <a9ia ido para casa. # 8ul<er

agradeceu, afir8ou ?ue os PMs <a9ia8 l<e oferecido carona, 8as ?ue a recusou

para ficar aguardando a sa>da do 8arido, isto por?ue dali T u8a <ora o 8es8o iria

para o traAal<o e ?ue ela iria aco8pan<Olo, pois o 8es8o precisa9a traAal<ar e

pagar as contas.PodeOse construir, a partir destes relatos, a cr>tica e8 rela7ão ao teto legal

soA o ponto de u8a 9isão da cri8inologia radical na ?ual a cri8inalia7ão da

9iol:ncia do8;stica nada 8ais indicaria do ?ue a sele7ão de u8 Ae8 Cur>dico de

grande repercussão e a tipifica7ão deste na lei penal. "e8 considerar os

9erdadeiros fins da lei penal, ?ue consistiria8 na sele7ão dos Aens Cur>dicos 8ais

i8portantes da 9ida <u8ana, tanto indi9idual ?uanto coleti9a para sere8 oACeto da

prote7ão penal. # lesão real ou a a8ea7a de lesão aos Aens Cur>dicos podedesencadear as gra9es conse?u:ncias pre9istas no ordena8ento Cur>dico, seCa a

aplica7ão da pena cri8inal ou a 8edida de seguran7a. Nas pala9ras do !8inente

Professor Juare irino dos "antos-

...L a prote7ão de Aens Cur>dicos realiada pelo Direito Penal ; de naturea s"(sidiria  e%ragmentria O e, por isso, se di ?ue o Direito Penal protege Aens Cur>dicos apenas e8 "ltima ratio-por u8 lado, prote7ão s"(sidiria por?ue sup@e a atua7ão principal de 8eios de prote7ão 8aisefeti9os do instru8ental s=cioOpol>tico e Cur>dico do !stado- por outro lado, prote7ão %ragmentriapor?ue não protege apenas parcial8ente os Aens Cur>dicos selecionados para prote7ão penal p.6L.S

Not=rio ; ?ue a prisão não te8 sido e nunca o ser, o 8eio 8ais eficiente de

reLeduca7ão dos suCeitos, cuCa conduta não se ade?uou as condutas social8ente

aceitas, ne8 i8pede ?ue os infratores das nor8as C constitu>das não reitere8 e8

condutas cri8inosas. ontudo, ; cotidiana a cria7ão de no9as leis ou do au8ento de

pena a cri8es C eistentes, tão logo ocorra8 cri8es ArAaros ou ?ue 9iti8ia8

suCeitos de classes 8ais aAastadas e apare7a8 incansa9el8ente nos 8eios deco8unica7ão social.

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 #de8ais as p;ssi8as condi7@es do siste8a carcerrio Arasileiro le9a8Onos

ao ?uestiona8ento e refleão- tratar todos os infratores das nor8as relati9as a

9iol:ncia do8;stica co8o potenciais cri8inosos a di9idire8 as celas no siste8a

penitencirio possiAilitar a resolu7ão deste proAle8a social`

Martins 8uito Ae8 nos le8Ara ?ue-

“&...' Sa(endo-se das maelas !"e advêm da simples aplica23o da pena de pris3o, dos pro(lemas!"e decorriam do encarceramento, tanto em %"n23o das s"perpop"la28es e da ;(via ocorrência de promisc"idades e desrespeito aos mais comeinhos princBpios de relacionamento h"mano, como daine<istência de "m programa de acompanhamento, aconselhamento, ed"ca23o e encaminhamentodo preso a "m novo caminho, amplio"-se, com a Lei A.0@FK, o le!"e dos tipos de penas aplicveis

no paBs &M=O5>S, 0@@0, p.p..01-A'.” 

Por sua 9e, $ui Fl9io /o8es e #lice ianc<ini, acrescenta8-

“&...' N"em, nos dias at"ais, acredita no sistema penal clssico &in!"érito policial, denGncia, instr"23o pro(at;ria, ampla de%esa, contradit;rio, senten2a, rec"rsos etc.' e s"p8e !"e o %"ncionamento da9"sti2a criminal (rasileira se$a e%iciente para resolver alg"ma coisa, com certea, n3o tem a mBnimaidéia de como ele se desenvolve &o" n3o o conhece em s"a real dimens3o' &THM+S U D5=>CJ5>5, p.'.” 

 #ssi8, co8o C ilustrado anterior8ente, o ?ue se perceAe nos atendi8entosrealiados na delegacia, ?ue 8uitos dos casos ?ue se apresenta8 pretende8

discutir te8as ?ue foge8 do oACeti9o prec>puo da realia7ão da Custi7a penal,

de8andando o atendi8ento por outras reas sociais.

!8 rela7ão T interpreta7ão da $ei, destacaOse ?ue esta não cria nen<u8 tipo

no9o ou u8 no9o processo de anlise dos casos de 9iol:ncia do8;stica, de9endo

ser aplicados os institutos pre9istos nos =digos Penal e Processual Penal. %s

cri8es relati9os T 9iol:ncia do8;stica, pode8 ser todos a?ueles pre9istos no P,

8as ?ue na aplica7ão da pena estarão soA a configura7ão de circunstHncia

agra9ante ou ?ualificadora para i8puta7ão da pena T conduta, pre9ista no art. 5', II,

f S -

 =rt. 1 - S3o circ"nstncias !"e sempre agravam a pena, !"ando n3o constit"em o" !"ali%icam ocrime: &...'55 V ter o agente cometido o crime:&...'

%' com a("so de a"toridade o" prevalecendo-se de rela28es domésticas, de coa(ita23o o" de

hospitalidade, o" com violência contra a m"lher na %orma da lei especB%ica7 &5ncl"Bdo  pela Lei n/ .RK@, de 0@@1'

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% professor Juare irino dos "antos, e8 sua últi8a edi7ão da oAra Direito

Penal O Parte /eral de 266B, na anlise do referido artigo, ainda tra a reda7ão do

P, se8 o acr;sci8o introduido pela $ei ''.1(6E65. ontudo ; interessanteoAser9ar ?ue T pri8eira parte do artigo, o autor i8Aui ao Direito i9il os conceitos de

a("so  da a"toridade  prevalecendo-se o autor no H8Aito das rela7@es pri9adas de

sua posi7ão no grupo, C apontando para a circunscri7ão destas ao “m(ito

domiciliar o" residencial, como local de intercm(io regido pelo *ireito de 4amBlia,

 pelo direito do ra(alho o" o"tros ramos do direito privado, como locais de moradia

con$"nta &coa(ita23o', o" espa2os %Bsicos caracteriados por certos poderesdeveres

nas rela28es de hospitalidade &residência' &...' &p.EA1'”. De8onstrando a

interdisciplinaridade do Direito Penal neste ca8po de atua7ão.

Muito se ?uestiona então soAre a real i8portHncia da lei para o H8Aito penal,

 C ?ue esta institui a 9iol:ncia do8;stica co8o agra9ante de condutas t>picas C

eistentes. Para parte da doutrina, a lei per8itiu ?ue os cri8es perpetrados contra a

8ul<er no H8Aito do8;stico e deri9ados de rela7@es de afeto seCa8 entendidos

co8o direitos <u8anos. DI#", Ae8 trata o te8a soA o seguinte pris8a-

“&...' = rela23o de desig"aldade entre o homem e a m"lher, realidade milenar !"e sempre coloco" am"lher em sit"a23o de in%erioridade lhe impondo a o(ediência e a s"(miss3o, é terreno %értil ) a%rontaao direito ) li(erdade. = li(erdade é reconhecida como a primeira gera23o dos direitos h"manos,direito !"e é violado !"ando o homem s"(mete a m"lher ao se" domBnio. am(ém n3o h comodei<ar de reconhecer nesta post"ra a%ronta aos direitos h"manos de seg"nda gera23o, !"e consagrao direito ) ig"aldade. *e o"tro lado, !"ando se %ala nas !"est8es de gênero, ainda marcadas pelaverticalia23o, é %lagrante a a%ronta ) terceira gera23o dos direitos h"manos, !"e tem por tInica asolidariedade &*5=S, 0@@, p. R0'”.

 #ssi8, entende8 alguns autores co8o criminosa a omiss3o estatal !"e, so(

o manto da det"rpada no23o de inviola(ilidade do espa2o privado, tem chanceladoas mais cr"éis e veladas %ormas de violência dos direitos h"manos.&P+O+5O=, 0@@,

 p.0F ap"d *5=S, 0@@, p.R0'” ontudo co8o C tratado anterior8ente, a ?uestão da

8>ni8a inter9en7ão estatal nas ?uest@es fa8iliares ; 9lida, e8 nosso entendi8ento

por não estar na 8aior parte dos casos de 9iol:ncia do8;stica, a 8ul<er interessada

na realia7ão da Custi7a penal, 8as si8 e8 se 9ingar u8a trai7ão do 8arido ou

co8o u8a for8a de Auscar aCuda para a resolu7ão de proAle8as do 8arido co8 o

alcoolis8o

, a drogadi7ão, os proAle8as financeiros, fa8iliares, entre outros. #lguns relatos das 9>ti8as atendidas na Delegacia da Mul<er ou dos 8oti9os da Ariga entre osfa8iliares- 'L “e" !"eria !"e a $"Ba %iesse o seg"inte: o" mandasse ele %aer "m tratamento para o

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$!2!# V=73@=1 874=@1 @77 8=-=47 ;137

 # defini7ão da 9iol:ncia do8;stica contra a 8ul<er co8o u8a 9iola7ão dos

direitos <u8anos deri9ou da on9en7ão realiada pelas Na7@es Unidas soAre

Direitos u8anos, e8 iena no ano de '441. onceitua7ão for8al8ente

procla8ada pela on9en7ão Intera8ericana para Pre9enir, Punir e !rradicar a

iol:ncia Do8;stica de '44(. ! final8ente ratificada pelo rasil e8 '44, “daB

 por!"e a Lei Maria da Penha, !"e vem reg"lamentar direitos asseg"rados a nBvel

internacional, rati%icados pelo Drasil por meio de trados so(re direitos h"manos, tem

nat"rea constit"cional &*5=S, 0@@, p.R'”, so8ente e8 2665.

"%U# entende ?ue no caso da $ei Maria da Pen<a, 8uito e8Aora fosse

desnecessria a t;cnica legislati9a de reitera7ão e8 nor8a infraconstitucional, de

u8 conteúdo C aAsor9ido e8 nossa orde8 constitucional, 8ediante ratifica7ão do

)ratado Internacional, pelo ongresso Nacional no rasil, a prtica indica ?ue não

se costu8a cu8prir o ?ue se define na onstitui7ão, ?ui7 o estipulado nos )ratados

ratificados. !8Aora o autor apresente u8 proAle8a efeti9o no conteto da orde8

 Cur>dica nacional, entendeOse ?ue essa não ; u8a Custificati9a rao9el. I8agine8os

se toda e ?ual?uer deter8ina7ão constitucional não efeti9ada na prtica, gerasse

u8a no9a lei ordinria, ?ue reiterasse o teto constitucional a fi8 de ?ue fosse

cu8prido, esse 8ar de leis ainda si8, não garantiria a efeti9a7ão da constitui7ão

for8al. !ntendeOse ?ue a realidade C 8ostrou isso clara8ente.

ontudo alguns 8ecanis8os são definidos na lei para garantir o

entendi8ento desta co8o instru8ento assecurat=rio dos direitos <u8anos da

8ul<er. No artigo 2Q, ; redundante e at; desafia a intelig:ncia do leitor, 8as

epressa8ente ; pre9isto ?ue a ;-  goa dos direitos funda8entais =3--34-

?-71 ;131-

alcoolismo e e" aceitaria ele em casa o" mandasse ele sair de casa se n3o %iesse o tratamento”.  2Lasal ?ue Arigou por causa de u8a nota de Rb 26,66, literal8ente agarrara8 a nota e co8e7ara8 aentrar e8 luta corporal na 9erdade o 8oti9o 8aior era o proAle8a financeiro do casal co8o u8 todoe o 9>cio de a8Aos e8 drogas, 1L Ir8ãos agredira8 a ir8ã por?ue ela 8altrata9a os fil<os, deiandoOos soin<os e8 casa durante todo o final de se8ana, en?uanto ela saia para passear o fil<o de 0anos era, segundo ela o respons9el para cuidar dos dois 8enores, u8a crian7a de ( anos e outra de' ano, (L Fil<o 9iciado e8 drogas e lcool de 20 anos, financeira8ente dependente do pai, não

aceitando a trai7ão do pai e8 rela7ão a sua 8ãe e constitui7ão de u8a no9a fa8>lia co8 a eOa8ante, os a8ea7a9a de 8orte e de acaAar co8 tudo o ?ue ele <a9ia con?uistado co8 a no9afa8>lia L Fil<o 9iciado e8 drogas a8ea7ou de 8orte a 8ãe e a ir8ã por?ue a 8ãe não l<e co8prouo t:nis ?ue <a9ia l<e pro8etido.

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#rt. 2o  T781 ;- , independente8ente de classe, ra7a, etnia, orienta7ão seual, renda, cultura,n>9el educacional, idade e religião, .71 87 8=-=47 <381-341= =3--34- ?-71 ;131 ,sendoOl<e asseguradas as oportunidades e facilidades para 9i9er se8 9iol:ncia, preser9ar sua saúde

f>sica e 8ental e seu aperfei7oa8ento 8oral, intelectual e social.S

No artigo 5Q refor7aOse ?ue “ a violência doméstica e %amiliar contra a m"lher

constit"i "ma das %ormas de viola23o dos direitos h"manos”. Deter8ina7ão esta ?ue

enseCaria, segundo DI#" 2660L, incidente de desloca8ento de co8pet:ncia das

Justi7as !staduais, para a Justi7a Federal, nos casos e8 ?ue <aCa a gra9e 9iola7ão

de direitos, confor8e estaAelece a F art '64, O#, XQL.

$!2!5! A -.1-34167 81 -1:- ;771<-4=>1 ?7?=@=181 ?-1 L-= M1=181 P-3;1 - 7 8-4=314=7 81 -=)

U8 te8a, ?ue a doutrinadora DI#"  tentou incutir co8o sendo oACeto de

prote7ão da $ei Maria da Pen<a foi o da união <o8oafeti9a. # autora afir8a ?ue esta

propiciou a prote7ão legal dos fatos ocorridos no a8Aiente do8;stico, “isso !"erdier !"e as "ni8es de pessoas do mesmo se<o s3o entidades %amiliares” . !ntendeO

se ?ue o oACeti9o 8aior da lei não ; o regula8entar u8a te8tica social, ?ue

de8anda regula8enta7ão ao pre9er e8 seus arts. 2Q e Q5 ?ue as rela7@es pessoais

independeria8 da orienta7ão seual p.1O10L.

o8preendeOse ?ue a lei não deu conta dessa tarefa e ne8 oACeti9ou

e8preender nesta seara. J ?ue te8 co8o pri8eiro defeitoS ser, no 8>ni8o oAscura

5 #rt. 2o  )oda 8ul<er, independente8ente de classe, ra7a, etnia, 7=-34167 -Q1, renda, cultura,n>9el educacional, idade e religião, goa dos direitos funda8entais inerentes T pessoa <u8ana,sendoOl<e asseguradas as oportunidades e facilidades para 9i9er se8 9iol:ncia, preser9ar sua saúdef>sica e 8ental e seu aperfei7oa8ento 8oral, intelectual e social.S! #rt. Q - Para os efeitos desta $ei, configura 9iol:ncia do8;stica e fa8iliar contra a 8ul<er ?ual?uera7ão ou o8issão Aaseada no g:nero ?ue l<e cause 8orte, lesão, sofri8ento f>sico, seual oupsicol=gico e dano 8oral ou patri8onial-I O no H8Aito da unidade do8;stica, co8preendida co8o o espa7o de con9>9io per8anente depessoas, co8 ou se8 9>nculo fa8iliar, inclusi9e as esporadica8ente agregadasII O no H8Aito da fa8>lia, co8preendida co8o a co8unidade for8ada por indi9>duos ?ue são ou seconsidera8 aparentados, unidos por la7os naturais, por afinidade ou por 9ontade epressaIII O e8 ?ual?uer rela7ão >nti8a de afeto, na ?ual o agressor con9i9a ou ten<a con9i9ido co8 a

ofendida, independente8ente de coaAita7ão.P1.1<7 3=@7) A -1:- ?-71= -33@=181 3-4- 14=.7 =38-?-38- 8- 7=-34167-Q1!

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a reda7ão do pargrafo único, Ae8 co8o contradit=ria, e8 rela7ão ao caput do art.

Q. No ?ual se define ?ue con%ig"ra violência doméstica e %amiliar contra a mul9er

!"al!"er a23o o" omiss3o (aseada no g:nero”. Neste ensaio, <u8ilde8ente

interpretaOse ?ue a lei aArangeria co8o suCeito passi9o a 8ul<er, seCa ?ual for sua

orienta7ão seual 8ul<eres <o8osseuais t:8 pais e pode8 ter fil<osL. !, co8o

suCeito ati9o o <o8e8, co8 ?ual?uer dos 9>nculos definidos nos incisos I e II

rela7ão de coaAita7ão ou fa8iliarL. ! no ?ue tange Ts rela7@es afeti9as, C ?ue o

pr=prio inciso III define clara8ente do ponto de 9ista gra8atical o g:nero do

perpetrador &7 1.-7(. $ogo, artigo oS 8asculino, perpetrador <o8e8.

ontradit=ria ou tal9e pouco precisa eti8ologica8ente ; a reda7ão, do

cap"t  ?ue utilia o ter8o ;g:nero<, 9isto ?ue trata de u8a classifica7ão cultural dossuCeitos dentro do H8Aito social, podendo agregOlos e8 8asculinos ou fe8ininos.

"e8 ?ue isto i8pli?ue necessaria8ente sere8 <o8ens, ?uando 8asculinos ou

8ul<eres, ?uando fe8ininos. Isto ; o ?ue a realidade nos 8ostra, e9idente8ente,

agregando os suCeitos segundo as suas caracter>sticas ?ue são sociais. De9eria a lei

nesse ponto de 9ista, para e9itar 8aiores discuss@es a respeito, utiliar o ter8o seo

  pois o 8es8o refereOse ao cun<o Aiol=gico dos suCeitos 8ac<o e f:8ea.

 #ssi8 o posiciona8ento de DI#" 2660L ; no de ?ue pode8 configurarco8o suCeito ati9o da rela7ão tanto <o8ens co8o 8ul<eres, Aastando a

caracteria7ão do 9>nculo fa8iliar ou afeti9o, C ?ue para ela o legislador prioriou a

cria7ão de 8ecanis8os para coiAir e pre9enir a 9iol:ncia do8;stica contra a

8ul<er, se8 i8portar o g:nero do agressor. ! no p=lo passi9o a 8ul<er, 8es8o

a?uelasS ?ue ten<a8 so8ente a identidade co8 o seo fe8inino. Nesse grupo

incorporarOseOia8, portanto os transg:neros <o8ens ?ue realiara8 a 8udan7a de

seo ou ad?uire8 for8as fe8ininas, e8 9irtude da ingestão de <or8niosfe8ininosL, transeuais suCeitos co8 transtorno de identidade de g:nero, ou seCa

possue8 u8a identidade de g:nero diferente da designada no nasci8ento, tendo o

deseCo de 9i9er e sere8 aceitos co8o sendo do seo opostoL e as tra9estis <o8ens

9estidos de 8ul<eresL. "e for8os considerar literal8ente o entendi8ento da autora,

não se aplicaria a $ei Maria da Pen<a para 8ul<eres ?ue ti9esse8 identidade de

g:nero do seo 8asculino, por ee8plo.

Nesta 8onografia, ainda ?ue estes suCeitos ten<a8 identidade, ou

psicologica8ente sinta8Ose co8o pertencentes ao g:nero fe8inino, não se

concorda ?ue teria sido esta a inten7ão do legislador. #l;8 disso, e8Aora superada

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parcial8ente a Aarreira da constitui7ão f>sica, ainda não se superou por co8pleto a

Aarreira Aiol=gica, dando aos nascidos <o8ens 9antagens e8 for7a f>sica ?ue

prepondera8 soAre esse atriAuto fe8inino. ! pelo fato da lei e8itir u8 conceito de

9iol:ncia do8;stica, ?ue ;, si8, gen;rico, não i8plica ?ue a sua aplica7ão aAranCa a

todos os suCeitos, isto por?ue a pr=pria lei ; enftica ao dirigir o foco de sua aten7ão

para a 9iol:ncia do8;stica co8etida contra a ;- - 367 @7341 7 ;7-3

>-4=87 8- ;-, 7 - - =341 ;--.

% Doutrinador /uil<er8e de "oua Nucci, respalda este posiciona8ento

afir8ando ser p=lo passi9o so8ente a 8ul<er, e p=lo ati9o so8ente o <o8e8,

argu8entando não 9er “nenh"m sentido em se p"nir mais gravemente, no campo

 penal a m"lher !"e pratica crime contra o"tra m"lher”. "il9a Júnior, Ae8 acrescenta?ue a lei define ?ue “a a23o o" omiss3o deve ser (aseada no gênero. = violência

(aseada no gênero press"p8e "ma rela23o caracteriada pelo poder e s"(miss3o

do homem so(re a m"lher, (aseada na hist;rica desig"aldade entre os se<os”.

No ca8po da realidade, a Delegacia da Mul<er de uritiAa não te8 sido

restriti9a na aplica7ão da lei, <a9endo casos de rela7@es <o8osseuais entre

8ul<eres nos ?uais est sendo aplicada a $ei Maria da Pen<a, considerando para

isso o fato da 9iol:ncia ocorrer na unidade do8;stica ou fa8iliar ou ainda estari8Au>da do cun<o afeti9oB.

$!2!$. O @73@-=47 8- >=73@=1 874=@1-

DI#" ealtou a iniciati9a do legislador e8 definir, 8uito e8Aora desta?ue

não ser necessaria8ente ade?uado Ts leis a e8issão de conceitos, o conceito de

9iol:ncia do8;stica, tendo e8 9ista “a a(sol"ta %alta de consciência social do !"e

B Interessante destacar u8 registro da Delegacia da Mul<er- U8a 8ul<er, cerca de ( anos, con<eceu8 Co9e8 de 25 anos e co8 ele inicia u8 relaciona8ento. #p=s algu8 te8po de na8oro a noticianteco8e7a a ficar intrigada por?ue o noticiado não ?uer 8anter rela7@es seuais co8 ela. ! 9ai at; acasa da 8ãe do noticiado ?uestionar se o rapa teria algu8 proAle8a de saúde ?ue o i8pediria de8anter rela7@es seuais co8 ela. # 8ãe do noticiadoS l<e fa a re9ela7ão de ?ue não teria u8 fil<o,8as u8a fil<a. #p=s esta descoAerta a noticiante co8e7a a ser agredida pelo noticiado e a sofrercoa7ão 8oral e 9iol:ncia dos 8ais di9ersos tipos e8 rela7ão a sua pessoa para ?ue não <ou9esse ot;r8ino do relaciona8ento. Na delegacia foi possiAilitado a noticiante os Aenef>cios da $ei Maria da

Pen<a instaura7ão de In?u;rito PolicialL, conseguiu ta8A;8, a partir do registro de ocorr:ncia eco8unica7ão ao Juiado, oAter a concessão das 8edidas proteti9as. ontudo ap=s algu8 te8po,no9a8ente co8pareceu a delegacia para co8unicar o descu8pri8ento das 8edidas e relatou no9asagress@es co8etidas pelo noticiado..

1(

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se$a violência doméstica”  e ?ue segundo ela condenou este cri8e T “invisi(ilidade”.

“*aB lo"vvel a iniciativa, !"e incl"sive tem carter pedag;gico” .

Para corroAorar, co8 essa e9idente aus:ncia de consci:ncia social por

parte da popula7ão, apresenta8os u8 caso da Delegacia da Mul<er, e8 ?ue a 8ãe

da 9>ti8a ?ueria ?ue ela, ap=s alguns dias depois do flagrante, desistisse de intentar

a a7ão penal contra o eOcon9i9ente. !ste teria co8etido, e8 tese, o cri8e de

estupro contra a noticiante, soA gra9e a8ea7a, efeti9ando at; 8es8o disparo de

ar8a de fogo contra sua pessoa, 8as não c<egando a ating>Ola. # 8ãe da noticiante

alega9a e tenta9a con9encer a noticiante ?ue o autor “viraria m"lherinha na cadeia”

e afir8a9a “conhecer a %ilha !"e tinha”, ?ue não “era %lor !"e se cheira”. ! ainda, ?ue

a atitude do autor, ?ue se encontra9a drogado e A:Aado era 8ais do ?ue Custificada, C ?ue a 9>ti8a teria ido de 8adrugada na casa do autor Auscar o fil<o do casal de

tr:s anos. %A9ia8ente esta foi orientada, segundo a "ú8ula 560 do ")F, ainda

9igente T ;poca dos fatos, ?ue nos casos de estupro e8 ?ue a 9>ti8a foi suA8etida

T 9iol:ncia ou gra9e a8ea7a, torna9a a a7ão púAlica incondicionada na

representa7ão da 9>ti8a e, portanto, ainda ?ue ela não deseCasse dar continuidade

ao feito T a7ão prosseguiria independente de sua 9ontade.

!ntretanto, do ponto de 9ista do conteúdo da lei e de sua poss>9el aplica7ãono 8undo real, os dispositi9os nela pre9istos de9eria8 oAser9ar o princ>pio da estrita

legalidade do H8Aito penal co8inado pela regra latina “n"ll"m crimen, n"lla poena

sine lege”  de FeuerAac<, pre9istos no =digo Penal. Não se Custifica, portanto, essa

ealta7ão da elaAora7ão de u8a nor8a, ?ue na 9erdade define de for8a aAstrata o

?ue o =digo Penal, e8 Are9es pala9ras C tipifica9a co8o condutas penais e ?ue

estaria8 Aasica8ente, descritas nos t>tulos- I O Dos ri8es ontra # Pessoa II O Dos

ri8es ontra % Patri8nio, I O Dos ri8es ontra # Dignidade "eual, II O Dosri8es ontra # Fa8>lia.

 #inda ?ue lidos de for8a conCugada, os art. Q e BQ, co8o sugere a autora,

não se supre os 8aiores proAle8as de reda7ão da lei ?ue se encontra8 Custa8ente

no art. Q, e são destacados at; 8es8o pela pr=pria autora. Isto por?ue ainda ?ue

não <ou9esse a descri7ão t>pica do art. BQ, isto seria indiferente, pois co8o C foi dito

essa tarefa C foi 8uito Ae8 descrita no pr=prio =digo Penal.

 #lgu8as das descri7@es do art. BQ, inclusi9e são total8ente inaplic9eis no

8undo ftico, pois adentra8 nu8 grau de suACeti9idade dos efeitos de u8a conduta

soAre a 9>ti8a ?ue não suscet>9eis de 8ensura7ão.

1

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Para ilustrar descre9e8os u8 registro de ocorr:ncia da Delegacia da

Mul<er- en?uanto o casal assistia tele9isão, a esposa ter8ina9a de co8er u8a Aarra

de c<ocolate e solicitou ?ue o 8arido Auscasse outra Aarra do doce para ela. !le l<e

disse ?ue se continuasse a co8er c<ocolate todos os dias ela iria acaAar

engordando, tendo e8 9ista ?ue era costu8e dela co8er c<ocolate todos os dias a

8ul<er, ?ue C tin<a algu8 soArepeso, se sentiu ofendid>ssi8a e foi T delegacia

registrar a ?ueiaL. #o ser inti8ada a prestar declara7@es soAre o fato e oferecer a

representa7ão, ela descre9eu eata8ente essa situa7ão, afir8ando ?ue ele não

teria sido agressi9o ou grosso ao dier isso, e não representou na?uele dia. U8a

se8ana depois ela no9a8ente co8pareceu espontanea8ente T delegacia e disse

?uerer representar contra o autor, pois na?uela se8ana ela considera9a ?ue ele?ueria ofend:Ola ao dier T?uelas pala9ras. !ste in?u;rito c<egou Ts 8ãos da

escri9ã, ?ue a princ>pio ne8 consideraria co8o cri8e a descri7ão da conduta, 8as

tendo e8 9ista ?ue o feito foi atendido por u8a das estagirias da delegacia e,

pro9a9el8ente ten<a passado desaperceAido pela delegada do feito, Custificado at;

pelo 9olu8e de in?u;ritos, acaAouOse por instaurar o in?u;rito.

o8 o risco de se realiar u8a anlise casu>stica, concluiuOse co8o

necessria a refleão de ?ue se considersse8os so8ente a descri7ão do art. BQ,pro9a9el8ente oArigarOse ia ao int;rprete considerar a conduta co8o cri8e. J ?ue

para a 9>ti8a isso i8plicou nu8a for8a de 9iol:ncia psicol=gica, não de i8ediato

8as na se8ana seguinte o ?ue l<e causou u8 dano e8ocional e di8inuiu sua

autoOesti8a e teria sido causada 8ediante <u8il<a7ão, ou ?ue8 saAe 9igilHncia

constante ou u8 insulto. Muito e8Aora, torneOse 8ais clara a conduta da inCúria

8ediante o estudo da constru7ão doutrinria, não se teria nen<u8a dificuldade e8

não en?uadrar u8a conduta 8ais incisi9a e ofensi9a no tipo inCúria, o ?ue não se9erifica in cas".

Nesse sentido, corroAoraOse co8 Nucci, o ?ual 8uito Ae8 nos ensina ?ue

se

“&...' %osse aplicada esta Lei e<cl"sivamente para %ins de polBtica estatal de prote23o ) m"lheroprimida o" para e%eitos civis, ainda !"e possamos considerar e<ageradas as previs8es %eitas&m"itas delas, demag;gicas', temos o lamentvel re%le<o penal. = agravante do art. 1, 55, %, doC;digo Penal prevê !"e a pena deve ser a"mentada, !"ando o crime %or cometido com viol:nciacontra a mul9er na forma da lei espec=fica. Hra, se incl"irmos, nas modalidades de violência, todos

os incisos previstos no art. A/ desta Lei, n3o temos dGvida de !"e haver les3o a vrios princBpios penais, dentre os !"ais o da ta<atividade e da legalidade, da proporcionalidade e da interven23omBnima.” &p.R, grifo do autor  '

15

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 #crescentando, por ee8plo, ?ue no caso da 9iol:ncia f>sica, representada

pela lesão corporal praticada no H8Aito do8;stico ou fa8iliar “$ e<iste o tipo penal

incriminador pr;prio, &0F, F/ e @, do C;digo Penal', ra3o pela !"al n3o se pode aplicar a agravante, so( pena de (is in idem &d"pla p"ni23o pelo mesmo %ato',

o !"e é vedado em *ireito Penal. &p.p. R-R0'”.

$!2!! C=167 8- .67 H8=@==7 @7 C7?-43@=1 C=>= - C==31 - 1 3671?=@167 81 -= 9099/95

Disp@e o #rt. '(. da $ei-

“Hs 9"iados de 6iolência *oméstica e 4amiliar contra a M"lher, ;rg3os da 9"sti2a Hrdinria comcompetência cBvel e criminal, poderão ser criados pela ni3o, no *istrito 4ederal e nos errit;rios, e pelos +stados, para o processo, o $"lgamento e a e<ec"23o das ca"sas decorrentes da prtica deviolência doméstica e %amiliar contra a m"lher &gri%o nosso'.” 

No intuito de dar aplicaAilidade T lei co8 a cria7ão de condi7@es oACeti9as

para a agilidade dos processos, a cria7ão dos Juiados de iol:ncia Do8;stica eFa8iliar contra a Mul<er JDFML foi de su8a i8portante, tendo e8 9ista as

especificidades deste tipo cri8e. Muito e8Aora o legislador faculte essa

possiAilidade poderão ser criadasL, oA9ia8ente por etrapolar a co8pet:ncia dos

)riAunais de Justi7a dos !stados apreciaOse positi9a8ente esse dispositi9o, ?ue

possiAilitaria a cria7ão de aras !specialiadas nos cri8es aArigados pela lei, ?ue8

saAe nu8a tentati9a de cu8prir o princ>pio da celeridade dos ritos Cudicirios,

pre9isto no teto constitucional. ontudo, co8o se 9er nos resultados desta8onografia, 8uito e8Aora eista e8 uritiAa Justi7a especialiada, ainda esta8os

longe da cria7ão de condi7@es 8ateriais efeti9a8ente concretas ?ue possiAilitaria8

u8 c;lere processa8ento das a7@es.

%s referidos Juiados te8 a co8pet:ncia tanto ci9il ?uanto cri8inal,

destacada, segundo er8ann 2660L a especialia23o da presta23o $"risdicional

em ra3o do con%lito de origem prtica de violência doméstica e %amiliar e da

vitima23o especi%ica: contra a m"lher &p. 1K'”. asica8ente o JDFM da o8arcade uritiAa te8 atuado li8inar8ente nas causas c>9eis, tendo a 9>ti8a u8 8:s para

1B

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dar entrada nas aras de Fa8>lia, no intuito de discutir e ter a tutela definiti9a nas

?uest@es relati9as T guarda de fil<os 8enores ou ?uest@es relati9as T dissolu7ão da

rela7ão 8atri8onial. onsideraOse ?ue a lei não define ?ual o alcance da

co8pet:ncia dos Juiados, e, portanto, tanto u8a aplica7ão li8inar ?uanto u8a

definiti9a caAe8, tendo e8 9ista a aus:ncia do teto legal e da não constru7ão

doutrinria ?ue defina o referido te8a.

No ?ue tange ao processa8ento das a7@es, oAser9aOse, na leitura do artigo

'B, ?ue 9edouOse “a aplica23o, nos casos de violência doméstica e %amiliar contra a

m"lher, de penas de cesta (sica o" o"tras de presta23o pec"niria, (em como a

s"(stit"i23o de pena !"e impli!"e o pagamento isolado de m"lta.” ! ainda confor8e

a leitura do referido artigo co8Ainado co8 o art. (', cuCo teto a?ui reprodui8os-“=os crimes praticados com violência doméstica e %amiliar contra a m"lher,

independentemente da pena prevista, n3o se aplica a Lei no F.@FF, de 01 de  

setem(ro de FFE .”

Para al;8 das cr>ticas do doutrinador NUI 2660L ao apontar u8a fal<a

de t;cnica legislati9a ao criar u8 no9o tipo de pena a de cestas AsicasL ineistente

no ordena8ento Arasileiro no art. 'B. PerceAe8os ?ue a real intencionalidade do

legislador foi a de conferir u8a i8portHncia 8aior e conse?uente8ente, u8a8udan7a da 8entalidade dos operadores do direito no trata8ento aos casos

engloAados pela $ei Maria da Pen<a. !stes ?ue, anterior8ente era8 definidos co8o

cri8es de 8enor potencial ofensi9o, pode8 <oCe ter u8a 9isão 8ais a9an7ada na

Ausca da garantia dos direitos <u8anos funda8entais, ao pre9er penas 8ais

rigorosas no trato destes, assi8 co8 no entendi8ento de NUI não se pode

esti8ular ?ue o 8arido pague e8 troca das agress@es contra sua 8ul<er ou ainda

?ue as cestas Asicas pagas a 8ul<er 9en<a8 a futura8ente ali8entar o pr=prioagressor. ontudo, não pode8os es?uecer ?ue

“&...' no disc"rso legal, vBtima e ré" s3o trans%ormados em personagens de "m drama teatral no !"alo papel principal ca(e estranhamento, n3o ao crime em si, mas )s caracterBsticas e atri("tos da vidase<"al, pro%issional e social dos personagens. H per%il do ac"sado e de s"a vBtima, tra2ado pelosadvogados e promotores, é assim o protagonista, n3o s; pelo desenlace do crime de est"pro, pore<emplo, mas pela pr;pria aceita23o da veracidade da ocorrência &=O*=5LLH> U *+D+O, FA, p.E'”.

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 #de8ais, Custa8ente pelo Poder PúAlico não criar estruturas ade?uadas de

atendi8ento nas delegacias e siste8a Cudicirio, ao agra9ar penas se8 ?ue <aCa u8

siste8a penitencirio efeti9a8ente reLeducador, ao criar u8 procedi8ento 8ais

de8orado atra9;s da instaura7ão do in?u;rito policial, por não ?uerer a 9>ti8a e8

8uitos casos a realia7ão da Custi7a penal, enfi8, por estas e outras ra@es,

acreditaOse ?ue os cri8es de 9iol:ncia do8;stica te8 sofrido 8uito 8ais co8 a

i8punidade e8 9irtude da não celeridade do processa8ento da denúncia, do ?ue

a?ueles, co8 todos os proAle8as ta8A;8 eistentes, ?ue t:8 sido suA8etidos aos

processo especial da $ei 4.644E4.

 #ssi8, e8Aora Aastante pol:8ica esta afir8a7ão, entendeOse nesta

8onografia, ?ue e8 ter8os de não i8punidade e efeti9a puni7ão do agressor, se oscri8es de 9iol:ncia do8;stica esti9esse8 soA o rito dos Juiados !speciais

ri8inais, ainda ?ue co8 as 8es8as penas nestes aplicadas, e8 ter8os de não

i8punidade, a $ei Maria da Pen<a teria u8a efeti9idade 8aior.

$!2!! M-8=81 ?74-4=>1 8- .3@=1

onsideraOse, ?ue a 8aior contriAui7ão da lei foi a de definir a7@es de

garantia T integridade f>sica e patri8onial da 8ul<er, 8uito e8Aora, ; e9idente ?ue

na prtica algu8as destas 8edidas não seCa8 aplicadas e8 9irtude da falta de

estrutura estatal. NUI lou9a essa iniciati9a do legislador, afir8andoOa co8o

“medidas inéditas, !"e s3o positivas e mereceriam incl"sive, e<tens3o ao processo

 penal com"m, c"$a vBtima n3o %osse somente a m"lher &p.KR'”.

 # lei dedica T 8at;ria todo u8 cap>tulo deno8inado Medidas Proteti9as de

Urg:nciaS, dentro do ?ual pre9: 8edidas ?ue oAriga8 o agressor. Mas não

constitue8, contudo, u8 rol taati9o de 8edidas poss>9eis T prote7ão da 8ul<er

ofendida e8 sede de 9iol:ncia do8;stica, confor8e se depreende do X'Q, art. 220.

Interessante destacar o art. 22, no ?ual se elenca8 as 8edidas proteti9as de

urg:ncia ?ue oAriga8 o agressor, ?ue se entende dispensar 8aiores digress@es

0 #rt. 22 O X 'o #s 8edidas referidas neste artigo não i8pede8 a aplica7ão de outras pre9istas nalegisla7ão e8 9igor, se8pre ?ue a seguran7a da ofendida ou as circunstHncias o eigire8, de9endo apro9id:ncia ser co8unicada ao Minist;rio PúAlico.

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tendo e8 9ista sua naturea auto eplicati9a, Ae8 co8o da anlise realiada T lu

da realidade no ite8 Oes"ltados desta 8onografia. )ranscre9e8oOnas-

I O suspensão da posse ou restri7ão do porte de ar8as, co8 co8unica7ão ao =rgão co8petente, noster8os da $ei no '6.025, de 22 de dee8Aro de 2661II O afasta8ento do lar, do8ic>lio ou local de con9i9:ncia co8 a ofendidaIII O proiAi7ão de deter8inadas condutas, entre as ?uais-aL aproi8a7ão da ofendida, de seus fa8iliares e das teste8un<as, fiando o li8ite 8>ni8o dedistHncia entre estes e o agressorAL contato co8 a ofendida, seus fa8iliares e teste8un<as por ?ual?uer 8eio de co8unica7ãocL fre?enta7ão de deter8inados lugares a fi8 de preser9ar a integridade f>sica e psicol=gica daofendidaI O restri7ão ou suspensão de 9isitas aos dependentes 8enores, ou9ida a e?uipe de atendi8ento8ultidisciplinar ou ser9i7o si8ilar O presta7ão de ali8entos pro9isionais ou pro9is=rios.S...L

X 1o

  Para garantir a efeti9idade das 8edidas proteti9as de urg:ncia, poder o Cui re?uisitar, a?ual?uer 8o8ento, au>lio da for7a policial.

! ainda,

#rt. 21. Poder o Cui, ?uando necessrio, se8 preCu>o de outras 8edidas-I O enca8in<ar a ofendida e seus dependentes a progra8a oficial ou co8unitrio de prote7ão ou deatendi8entoII O deter8inar a recondu7ão da ofendida e a de seus dependentes ao respecti9o do8ic>lio, ap=safasta8ento do agressor

III O deter8inar o afasta8ento da ofendida do lar, se8 preCu>o dos direitos relati9os a Aens, guardados fil<os e ali8entosI O deter8inar a separa7ão de corpos. #rt. 2(. Para a prote7ão patri8onial dos Aens da sociedade conCugal ou da?ueles de propriedadeparticular da 8ul<er, o Cui poder deter8inar, li8inar8ente, as seguintes 8edidas, entre outras-I O restitui7ão de Aens inde9ida8ente suAtra>dos pelo agressor T ofendidaII O proiAi7ão te8porria para a celeAra7ão de atos e contratos de co8pra, 9enda e loca7ão depropriedade e8 co8u8, sal9o epressa autoria7ão CudicialIII O suspensão das procura7@es conferidas pela ofendida ao agressorI O presta7ão de cau7ão pro9is=ria, 8ediante dep=sito Cudicial, por perdas e danos 8ateriaisdecorrentes da prtica de 9iol:ncia do8;stica e fa8iliar contra a ofendida.S

(6

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! RESULTADOS

 # partir deste ponto, apresentarOseOão as anlises realiadas a partir da

prtica e eperi:ncia da pes?uisadora na fun7ão de !scri9ã de Policia, soAre os

procedi8entos realiados na Delegacia da Mul<er de uritiAa, Ae8 co8o das

eperi:ncias de outros profissionais ?ue l traAal<a8, dos dados do art=rio entral

e outros instru8entos de siste8atia7ão de dados policiais dispon>9eis aos

ser9idores ?ue traAal<a8 nesta rea. #l;8 disso, fora8 realiadas tr:s 9isitas no

JDFM, nas ?uais foi poss>9el a coleta dos relatos de eperi:ncias e dos

procedi8entos realiados no Juiado pelos profissionais ?ue l traAal<a8, Ae8

co8o a coleta de dados de cart=rio ?ue ilustra8 o 8o9i8ento dos processos na fase

processual.

Pri8eira8ente tratare8os das 8edidas proteti9as de urg:ncia, estas ?ue

reflete8 a pre9isão dos arts. 22 a 2( da lei e dispositi9os dispersos no conCunto do

teto legal, e i8plica8 a7@es conCuntas entre as seguintes institui7@es- Pol>cia

Militar, i9il, Minist;rio PúAlico e Poder Judicirio.

  autoridade policial incu8Ae, nas <ip=teses de i8in:ncia ou da prtica de

9iol:ncia do8;stica e fa8iliar contra a 8ul<er, to8ar as pro9id:ncias legais caA>9eis,

inclusi9e no ?ue tange ao descu8pri8ento de 8edida proteti9a de urg:ncia deferida

pelo Cudicirio. NUI 2660L ; Aastante incisi9o e8 destacar a desnecessidade do

dispositi9o-

“&...' n3o h necessidade constar em lei !"e a a"toridade policial, tomando conhecimento de "m casode violência doméstica e %amiliar contra a m"lher, deve agir, con%orme a determina23o legal. alsit"a23o é o(via. Cada operador do *ireito c"mpre a s"a %"n23o, tal como previsto em inGmeras leis,

incl"sive !"e regem cada carreira. Dasta en"merar o !"e compete ) a"toridade policial %aer e n3ocriar "ma norma para dier !"e o delegado deve c"mprir a lei &p. RK'.” 

 #ssi8, apesar deste ecesso legal, e8 tese autoridade policial de9eria

pre9enti9a8ente e repressi9a8ente atuar nos casos de 9iol:ncia contra a 8ul<er,

contudo dificil8ente assi8 o fa, a não ser ?ue a 9>ti8a procure a institui7ão policial

ci9il e de8onstre ?ue corre riscos reais de 9ida ou de se tornar 9>ti8a. U8a

recla8a7ão constante das 9>ti8as, ?ue co8parece8 T Delegacia da Mul<er e te8

deferidas 8edidas de prote7ão co8o afasta8ento do agressor do lar ou a proiAi7ãoda aproi8a7ão do 8es8o, ; a de ?ue ao acionare8 o ser9i7o policial 9ia '46,

('

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afir8a8 tere8 8edidas de urg:ncia concedidas, 8as a 9iatura dificil8ente

co8parece e8 sua resid:ncia para conduir o agressor T delegacia pelo

co8eti8ento do cri8e de desoAedi:ncia.

Infeli8ente, por desinfor8a7ão as 9>ti8as procura8 T institui7ão policial

errada. De9eria8, segundo a literalidade da lei, Auscar o au>lio da institui7ão policial

ci9il, C ?ue seria co8pet:ncia da autoridade policial, e8 tese, efeti9ar esta tarefa.

ontudo, di NUI, ?ue “em(ora pare2a, pelo te<to legal, ser o(riga23o pessoal da

a"toridade policial, é nat"ralmente delegvel aos agentes de policia &investigadores,

detetives e até mesmo, havendo possi(ilidade, aos policiais militares' &p.RE'”.

Doutrinaria8ente, ?uestionaOse a operacionalia7ão da 8edida, e8 fun7ão de

dois aspectos principais-

“&...' a' o dé%icit de rec"rsos h"manos nas corpora28es das policiais civil e militares, realidadenacional pG(lica e not;ria7(' a de%ini23o de necessidade de prote23o policial no caso concreto. = primeira di%ic"ldade elencadaest intrinsecamente relacionada ) seg"nda. +ntretanto, se e%etivamente operacionaliada a redeinterligada e m"lti%"ncional de preven23o, prote23o e assistência prevista na lei, para "ma at"a23osistêmica e organiada, am(as as di%ic"ldades podem ser vencidas pela parceria e compartilhamentoda tare%a protetiva &Jermann, 0@@, p.p.E@ e E'.” 

uanto ao pri8eiro ite8 certa8ente a realidade da Delegacia da Mul<er de

uritiAa não ; diferente do cenrio nacional. #ssi8 dificil8ente esta conseguiria

efeti9ar a pre9isão legal e8 todos os casos a ela recorridos, C ?ue a institui7ão

de8onstra s;rias fragilidades na co8posi7ão do seu ?uadro de recursos <u8anos.

 #tual8ente a Delegacia conta co8 u8 ?uadro di8inuto de in9estigadores sendo

dois in9estigadores por e?uipe de plantão realiando u8a escala de 2(< por B2<L e,

?ue possue8 dentre as 8uitas atriAui7@es- o atendi8ento de cerca de 16 9>ti8as pordia, para registro de Aoletins de ocorr:ncias, dando suporte T e?uipe de escri9ães

na condu7ão e re9ista dos presos e8 flagrante, Ae8 co8o o transporte de presos ao

entro de )riage8 II situado no 8unic>pio de Pira?uara, Região Metropolitana de

uritiAa. a9endo ainda, apenas u8 in9estigador ?ue realia o ser9i7o de

epediente de toda delegacia- en9io de of>cios e docu8entos, transporte de presos

?uando e8 <orrio de epediente, realia7ão de inti8a7@es pessoais e8itidas pelos

?uatro cart=rios respons9eis pela 8o9i8enta7ão de cerca de oito 8il in?u;ritosL e

u8 setor t;cnico de agenda8ento de )er8os ircunstanciados de Infra7ão Penal.

(2

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J co8 rela7ão ao segundo ponto, discordaOse integral8ente da autora. Na

8aior parte dos casos ; percept>9el o real grau de necessidade da aplica7ão da

8edida, Aastando u8a Are9e con9ersa co8 a 9>ti8a e co8 o pr=prio autor nos

casos de estado flagrancialL, na ?ual elas relata8 o <ist=rico de 9iol:ncia, o grau de

depend:ncia econ8ica, o real te8or e8 rela7ão a sua integridade f>sica e

psicol=gica, seu estado f>sico, afinal esta8os nos referindo Ts 8ul<eres,

e8oti9a8ente 8ais aAertas ao dilogo e T epressão de seus senti8entos. !ssa

ana8nese per8ite oAser9ar ?ue, e8 Aoa parte dos casos 8ais gra9es, a 9>ti8a, C

est de tal for8a confor8ada co8 a situa7ão ?ue não considera 8uitas 9ees

a?uela agressão co8o s;ria, C ?ue passou por outras 8uito piores, acaAando at;

8es8o por desistir da representa7ão, por considerar a?uela conduta di8inuta, e8rela7ão Ts tantas outras 8ais s;rias.

No tocante, T afir8ati9a de ?ue a plena prote7ão e assist:ncia Ts 9>ti8as,

“podem ser vencidas pela parceria e compartilhamento da tare%a protetiva”,

consideraOse ?ue esta não te8 funda8ento cient>fico nen<u8, Ae8 co8o não

considera o fato- ; necessrio in9esti8ento púAlico, não apenas na rea policial,

8as principal8ente e8 e?uipa8entos púAlicos ?ue d:e8 conta de reestruturar as

Aases sociais da fa8>lia, traAal<o, 8oradia, do laer, enfi8. Parcerias não resol9e8as causas do proAle8a, pode8 e8 certa 8edida a8eniar superficial8ente o

proAle8a, 8as não superOlo por co8pleto.

Desta feita, e8Aora salutar a pre9isão desta 8edida de prote7ão, tornaOse

in9i9el sua aplica7ão 8aterial, de9ido T falta de in9esti8ento púAlico nas

institui7@es respons9eis pelo atendi8ento Ts 9>ti8as de 9iol:ncia do8;stica e

fa8iliar. onse?uente8ente ; si8ples a ila7ão de ?ue os outros dispositi9os, ?ue

de8anda8 a eist:ncia de pessoal fica8 da 8es8a for8a co8pro8etidos, tal co8oa condu7ão da 9>ti8a a entidades <ospitalares, Instituto M;dico $egal, aArigos

8unicipais, co8o no caso curitiAano, Ae8 co8o o aco8pan<a8ento da 9>ti8a at; o

lar para Auscar os pertences, pre9istos nos incisos II a I, art. '' ?ue, ?uando são

efeti9ados, fica8 a cargo da Pol>cia Militar ou dos =rgãos de assist:ncia social da

prefeitura.

No ?ue tange T integra7ão da institui7ão policial ci9il, representada pela

Delegacia da Mul<er de uritiAa, co8 o Minist;rio PúAlico e o Poder Judicirio,

necessria para a efeti9a7ão do inciso I do art. '', consideraOse ?ue < u8a grande

aAertura destas institui7@es e8 rela7ão Ts de8andas da Delegacia, <a9endo u8

(1

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fluo ade?uado de infor8a7@es. Por fi8, no ?ue se refere ao cu8pri8ento do inciso

, soAre a co8unica7ão das infor8a7@es e direitos conferidos as 9>ti8as, < efeti9o

cu8pri8ento, tendo e8 9ista ?ue tr:s das ?uatro escri9ãs atuantes na Delegacia

te8 for8a7ão Cur>dica ade?uada e8 n>9el superior, dedicandoOse integral8ente a u8

atendi8ento co8 ?ualidade e pedagogica8ente acess>9el T clientela, ?ue Ausca os

ser9i7os da Delegacia, infor8andoOl<es inclusi9e soAre os trH8ites processuais

futuros, ?ue serão dados e8 se?:ncia ao t;r8ino da fase pr;Oprocessual, e8 sede

do In?u;rito Policial.

No tocante T celeridade da eecu7ão dos ser9i7os de cart=rio, esta se torna

co8pro8etida, C ?ue so8ente neste ano, co8 o ingresso dos no9os policiais ci9is,

decorrente do concurso realiado no ano anterior, foi poss>9el a constitui7ão de u8?uadro de pessoal. !ste ainda encontraOse longe do ideal e necessrio, tendo e8

9ista o 9olu8e de in?u;ritos acu8ulados desde 266B, cerca de 0 8il ao todo e, e8

fun7ão ta8A;8 da grande de8anda de no9os registros de ocorr:ncia realiados

diaria8ente, ?ue gira8 8ensal8ente e8 torno de 8il, contaAiliados os cerca de

466 registros realiados na delegacia e dos de8ais enca8in<ados pelos distritos da

cidade.

grande dificuldade na conclusão dos in?u;ritos anteriores ao ano de 2664,e8 9irtude das 9>ti8as desistire8 de dar continuidade ao In?u;rito, por estare8

no9a8ente 8antendo u8 relaciona8ento co8 o agressor ou por este não 8ais a

inco8odar e, ainda ?ue reiteradas as inti8a7@es deia8 de co8parecer T Delegacia

para realiar a declara7ão e nãoL representa7ão contra o acusado.

!ste ano a delegacia adotou u8 procedi8ento operacional ?ue tende a

reduir este proAle8a. No 8o8ento e8 ?ue realia8 o registro do oleti8 de

%corr:ncia %L, C são realiados a inti8a7ão e o agenda8ento co8 as 9>ti8aspara o setor de representa7ão ou de 8edidas proteti9as nos casos ?ue apresenta8

risco 8aior T integridade da 9>ti8aL atual8ente a cargo de ?uatro estagirias, e8

9irtude da falta de policiais. Nestes setores, são col<idas as declara7@es das 9>ti8as.

aso esta ten<a por iniciati9a realiar a representa7ão, ; instaurado o in?u;rito

policial e dada continuidade ao feito. Nos casos de não representa7ão da 9>ti8a ou

do não co8pareci8ento o % ; ar?ui9ado por seis 8eses, confor8e estipula a lei, e

a ?ual?uer te8po se esta optar por realiar a representa7ão o 8es8o ;

desar?ui9ado e iniciado o in?u;rito policial. %s casos e8 ?ue aparente8ente se

((

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fae8 presentes os pressupostos para a concessão de 8edidas proteti9as de

urg:ncia, são enca8in<ados ao Poder Judicirio para a de9ida aprecia7ão.

Desse aAis8o entre o ideal pre9isto e8 lei e das condi7@es 8ateriais

concretas,

“&...' visl"m(ramos mais "ma lei !"e seria o ideal, em(ora %i!"e, na prtica, distante do plano darealidade. +ssa sensa23o de r"pt"ra entre lei e %ato concreto gera lamentavelmente, o sentimentocom"m a m"itos (rasileiros de !"e leis n3o servem para nada. *esse conte<to, (rota a incImodasensa23o de imp"nidade, %omentadora, m"itas vees, da prtica de crimes &>CC5, 0@@F, p.RE'.” 

No Cudicirio, as 8edidas proteti9as prossegue8 co8 u8a no9a inti8a7ão

para co8pareci8ento das 9>ti8as, a apresenta7ão de no9a representa7ão ou

renúncia da retrata7ão oferecida na fase pr;Oprocessual. !8 9isita realiada pelos

escri9ães e estagirios da Delegacia da Mul<er ao Juiado da iol:ncia Do8;stica e

Fa8iliar contra a Mul<er de uritiAa JDFML, e8 ' de sete8Aro de 2664. Foi

descrito pela #ssistente "ocial e a Psic=loga do Juiado ?ue este contato co8 as

9>ti8as ; realiado por elas 9ia telefone ou oficial de Custi7a, 8ediante inti8a7ão

pessoal. )ais audi:ncias iniciais são realiadas não apenas co8 as 9>ti8as ?ue

solicita8 as Medidas Proteti9as, 8as ta8A;8 co8 a?uelas cuCo procedi8ento foi

iniciado 8ediante a conclusão de In?u;rito policial, la9ratura de flagrante ou ainda

nos casos e8 ?ue, ap=s o registro de oleti8 de %corr:ncia as 9>ti8as

apresentara8 o deseCo de não representare8 cri8inal8ente contra o agressor C na

delegacia.

 #s audi:ncias são realiadas pela psic=loga e pela assistente social co8 as

9>ti8as por grupos de afinidades, por ee8plo- Co9ens de ' a 2' anos, e Co9ens

8ães na 8es8a faia etria, grupo de sen<oras idosas 8ães de agressores,

8ul<eres de 8eia idade casadas co8 ou se8 fil<os e crian7as ?ue presenciara8 os

epis=dios de agressão. #s profissionais do Cuiado relatara8 ?ue a iniciati9a dapresen7a de u8 profissional das referidas reas citadas não ; 8;rito do poder

 Cudicirio, en?uanto institui7ão, C ?ue estas profissionais são lotadas e8 outras

reas da ad8inistra7ão púAlica e encontra8Ose e8 disponiAilidade funcional para o

Juiado, gra7as T iniciati9a e necessidade perceAida pela Ju>a )itular e única,

respons9el pelo JDFML.

No9a8ente as profissionais destaca8 ?ue a realia7ão da Custi7a penal não ;

na 8aioria dos casos oACeti9o Auscado pelas 9>ti8as. DeseCa8 elas ?ue seCa apenascon9ersado co8 o infrator ou ?ue o c<a8e8 para u8a concilia7ão entre o casal ou

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?ue “dêem "m s"sto”   no agressor. )raAal<o este a ser inter8ediado pelo poder

púAlico e, portanto consistindo apenas na resolu7ão de proAle8as da esfera

particular.

!8 rela7ão T agilidade no processa8ento das 8edidas proteti9as afir8a8 as

profissionais do Juiado ?ue ainda não foi poss>9el o cu8pri8ento da lei, ?ue define-

“=rt. . Oece(ido o e<pediente com o pedido da o%endida, ca(er ao $"i, no prazo de >%quarenta e oito4 9oras:5 - con9ecer do e?pediente e do pedido e decidir  so(re as medidas protetivas de "rgência755 - determinar o encaminhamento da o%endida ao ;rg3o de assistência $"diciria, !"ando %or o caso7555 - com"nicar ao Ministério PG(lico para !"e adote as providências ca(Bveis. &DO=S5L, 0@@, Lei.RK@@1'”.

Relatara8 ?ue e8 8aio deste ano estaria8 sendo analisadas e

processadas as 8edidas solicitadas e oficiadas pela Delegacia e8 dee8Aro de

2660. onsiderando, ?ue T ;poca C <a9ia u8 inter9alo te8poral relati9a8ente

grande entre o registro de ocorr:ncia na delegacia e con9oca7ão da 9>ti8a para

oferecer a representa7ão e solicitar as 8edidas no referido =rgão podeOse

acrescentar 8ais alguns 8eses seis 8esesL na prote7ão de urg:ncia oferecida pelo

poder púAlico T 9>ti8a ?ue efeti9a8ente necessita9a de u8 atendi8ento 8ais

i8ediato. %A9ia8ente, <oCe e neste per>odo a pessoa respons9el pelos

atendi8entos na delegacia filtra9a os casos efeti9a8ente urgentes ou ?ue tin<a8

u8a apar:ncia de real urg:ncia e, a co8unica7ão era i8ediata, destacando isto ao

Juiado, ?ue ta8A;8 oferecia u8a anlise 8ais cuidadosa e c;lere ao caso e8

?uestão.

Destacara8 ?ue, 8odificando a 8etodologia de inti8a7ão das 9>ti8as para

os grupos de afinidades, conseguira8 agiliar os procedi8entos, C ?ue no ano de

2660, cada u8a das profissionais realia9a o agenda8ento das 9>ti8as a cada '8in. oCe co8 grupos 8aiores realia8 8ais facil8ente a instru7ão soAre os

trH8ites do processo e futuros enca8in<a8entos, diante da nãoL representa7ão das

9>ti8as. #ssi8 as 8edidas oficiadas no 8:s de Cul<o pela Delegacia estão sendo

analisadas e inLdeferidas no 8:s de sete8Aro. Destacara8 ?ue <oCe a delegacia

ta8A;8 C realia u8 traAal<o de filtrage8 8aior dos casos ?ue de8onstra8

situa7ão de 9iol:ncia real e gra9e, enca8in<ando apenas estes. Não 8ais c<ega8

at; o JDFM casos fr>9olos ?ue não de8anda8 u8a aten7ão 8aior e ?ueaAarrota9a8 o Cudicirio. # proCe7ão das profissionais ; de ?ue C no 8:s de outuAro

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seCa poss>9el a concessãoEindeferi8ento i8ediato das solicita7@es enca8in<adas

pela Delegacia.

"olicitadas as estat>sticas do Juiado no processa8ento das 8edidas

proteti9as e dos processos e8 geral, infor8ara8 as profissionais ?ue atendera8 o

grupo de ser9idores da delegacia, ?ue não < u8 registro for8al e siste8atiado de

dados. #fir8ara8 ?ue a for8a de registro dos casos atendidos por elas ; 8anuscrito

e8 fic<as indi9iduais de atendi8ento das 9>ti8as, ?ue possiAilita8 u8a anlise

fecunda soAre os aspectos s=cio econ8icos das 9>ti8as e dos agressores,

destacando o carter precrio dos registros 8anuais, ?ue não configura8 u8 Aanco

de dados, apenas u8 a8ontoado de dados e8pil<ados e8 caias nos ar8rios.

ontudo posterior8ente fora8 oAtidos dados da 8o9i8enta7ão cartorria, ?ue serãoposterior8ente tratados.

Diante da dificuldade de u8a siste8atia7ão dos casos ocorridos desde o

in>cio do ano, optouOse neste traAal<o por descartar a realia7ão deste

le9anta8ento, confor8e apresentado co8o u8 dos oACeti9os da 8onografia.

)a8A;8 não se configurou 9i9el u8 le9anta8ento 8ais detal<ado das condi7@es

s=cio econ8ica dos en9ol9idos nos casos de 9iol:ncia do8;stica a partir da anlise

dos in?u;ritos policiais, tendo e8 9ista o ecesso de traAal<o ta8A;8 na Delegacia. # escri9ã autora desta 8onografia te8 <oCe e8 cart=rio cerca de 8il in?u;ritos a

sere8 analisados nu8 prao de sessenta dias, pere8pt=rios, C ?ue a 8es8a

encontraOse e8 estgio proAat=rio e a dila7ão dos praos por conta e risco, pode8

i8plicar e8 u8a a9alia7ão desfa9or9el ao per>odo proAat=rio. oncorrendo

ta8A;8 e8 escala de plantão de u8a a duas 9ees por se8ana, co8 apenas u8

dia de folga. )arefa <ercúlea a se realiar, ?ue8 saAe, e8 outros n>9eis de

pes?uisas, tal co8o o 8estrado...DestacaOse ?ue o Juiado apresenta, e8 rela7ão T Delegacia da Mul<er, u8a

estrutura f>sica Ae8 8el<or no ?ue tange T eist:ncia de e?uipa8entos de

infor8tica de últi8a gera7ão co8 a gra9a7ão das audi:ncias e8 siste8a digitalL,

salas co8 estrutura para reuni@es e audi:ncias, Ae8 co8o funcionrios ?ue goa8

de 8el<or re8unera7ão co8 tarefas Aastante se8el<antes, de8onstrando ainda o

aAis8o na disponiAilidade de recursos entres os Poderes !ecuti9o e Judicirio,

apesar de atendere8 o 8es8o púAlico, e8 8o8entos diferentes, não co8o as

8es8as atriAui7@es oA9ia8ente, 8as ?ue e8 nada des8ereceria ou des?ualificaria

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o traAal<o das delegacias de 8odo algu8, soAretudo pelo fato de a pol>cia ter u8

papel funda8ental na filtrage8 e atendi8ento dos casos e8 8o8ento real.

 #s dificuldades, contudo apresentadas pelas ser9idoras ?ue oAsta8 u8a Aoa

eecu7ão do traAal<o no H8Aito do Cudicirio trata8 da eist:ncia de poucos oficiais

de Custi7a, respons9eis pela inti8a7ão dos en9ol9idos para as audi:ncias, fator ?ue

i8plicaria na 8orosidade dos ser9i7os do Cudicirio, segundo elas, Ae8 co8o a falta

de ser9idores co8o u8 todo na ara, diante da eist:ncia de cerca de de 8il

processos e8 trH8ite, 8as apenas u8a Ju>a e u8a pro8otora. #l;8 da pr=pria

situa7ão da psic=loga e da assistente social, ?ue não são ser9idoras de carreira do

Poder Judicirio, 8as encontra8Ose ali e8 des9io de fun7ão, disponiAiliadas pelo

poder eecuti9o estadual. %utro fator i8portant>ssi8o por elas destacado ; aaus:ncia de u8 =rgão da defensoria púAlica no pr=prio Cuiado para assist:ncia

 Cudicial gratuita Ts 9>ti8as, C ?ue aos noticiados esta assist:ncia se d de for8a

suficienteS, podeOse dier assi8.

%utro fator rele9ante a considerar soAre a distHncia entre as institui7@es,

deri9a das i8press@es da pes?uisadora ao presenciar audi:ncias no Cuiado, onde

apesar de sere8 os 8es8os autores e 9>ti8as, por ela atendidos nas situa7@es de

flagrante, ?uase não era poss>9el recon<ec:Olos nas audi:ncias. !le, ?ue nadelegacia, e8 estado flagrancial, encontra9aOse A:Aado ou drogado, e8 condi7@es

precrias de asseio, alterado e8ocional8ente era outra pessoa na audi:ncia-

educado, calado, asseado, co8 os caAelos e AarAa feitos, u8 9erdadeiro

gentleman. Muito diferente das le8Aran7as da pes?uisadora e8 rela7ão aos

noticiados ?uando realiou o flagrante- eles A:Aados, urinados, se8 dentadura,

alguns en9ergon<ados, solicitando a possiAilidade de to8are8 u8 Aan<o e outros

tão entorpecidos, ?ue 8al conseguia8 c<egar at; o cart=rio. %utros ee8plos- nu8caso de flagrante de estupro contra a ir8ã deficiente 8ental o noticiado ainda

c<egou T delegacia co8 a Araguil<a aAerta ou outro caso relatado por u8a colega

de traAal<o, e8 ?ue relatou C ter atendido u8 noticiado ?ue defecou nas pr=prias

cal7as...L

 # 8ul<er ta8A;8 não foge desta anlise na audi:ncia- caAelos esco9ados,

un<as feitas, usando salto e apresentandoOse atraente na delegacia, descaAelada,

8ac<ucada, 8uito ner9osa, 8uitas 9ees ta8A;8 e8Ariagada ou drogada, e8

condi7@es precrias de asseio, 9estindo piCa8a, descal7a, co8 os fil<os a tira colo,

(0

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co8 a roupa toda 9o8itada, por?ue a fil<a pe?uena passou 8al, recla8ando de

sono a todo 8o8ento...

!nfi8, realidades Aastante distintas, ?ue na delegacia de8onstra8 os fatos

8o8entos ap=s sua ocorr:ncia e ?ue oferece8 a real gra9idade da situa7ão e, ?ue

ao c<egara8 ao Cudicirio pode8 le9ar o Cui a u8 outro con9enci8ento, enseCando

a concessão da liAerdade pro9is=ria e8 casos real8ente gra9es ou a não

concessão e8 casos Aanais, e8 ?ue a 9>ti8a te9e real contriAui7ão para a situa7ão.

 #final tudo o ?ue se trata dessa rela7ão entre afetos, ?ue 8ais parece8

desafetos, ; -14=>7 oA9ia8ente e8 ter8os de gra9idade ou não isso aos ol<os da

9>ti8aL perceAa estes epis=dios de flagrantes na delegacia da 8ul<er. !ra a

segunda 9e neste ano ?ue a 8ul<er teria sido agredida pelo con9i9ente, la9rado oflagrante na pri8eira 9e, o noticiado ficou preso por 50 dias, ela <a9ia contado os

dias. !n?uanto esta9a preso a 9>ti8aS deu toda a assist:ncia ao noticiado,

realiando 9isitas no entro de )riage8 durante esse per>odo, le9ando roupas,

din<eiro, cigarro a ele. Durante todo esse te8po ele a a8ea7a9a ?ue se “ela

mandasse o prender de novo ele a mataria”  No 8es8o dia e8 ?ue a Cu>a concedeu

o al9ar de soltura, para o 8es8o responder o processo e8 liAerdade a noticiante

coloca o agressor no9a8ente dentro de sua casa eles esta9a8 <a9ia apenas ' anoe seis 8eses CuntosL. Passara8Ose 8enos de dois 8eses, at; no9o epis=dio de

agressão e8 rela7ão T noticiante. No9a prisão e8 flagrante. !ssa 9>ti8a, s= ficou

e8 des9antage8 e8 rela7ão a outra noticiante ?ue so8ente -4- 137  “prende"”

ter8o utiliado pela noticianteL o 8arido e8 flagrante por tr:s 9ees, e8 todas

estas 9ees os dois no9a8ente estaria8 coaAitando. %u e8 outros dois in?u;ritos,

e8 ?ue as 9>ti8as C con9i9endo co8 os autores ap=s a agressão, afir8ara8

9ee8ente8ente ?ue representaria8 nestes procedi8entos, afi8 de ?ue o noticiadofosse inti8ado a co8parecer a delegacia, para ?ue ele aprendesse a li7ão e não

8udasse o co8porta8ento ?ue agora apresenta9a, 8as ?ue assi8 ?ue esse

procedi8ento c<egasse ao Juiado elas renunciaria8 T a7ão penal. %u seCa,

utiliandoOse do poder púAlico e de todo aparato estatal para dar u8a li7ão de

8oralS ou u8 sustoS no co8pan<eiro. uestionaOse co8 estas situa7@es- co8o ;

poss>9el a correta aplica7ão da lei, 8as a errnea interpreta7ão dos destinatrios da

nor8a e sua utilia7ão, portanto para atender apenas aos aspectos pri9ados` Não

seria o fi8 da inter9en7ão 8>ni8a estatal`

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)ra7ado u8 panora8a da organia7ão das institui7@es no atendi8ento da

9>ti8a de 9iol:ncia do8;stica e da dificuldade de u8 8el<or atendi8ento e8 fun7ão

do grande nú8ero de casos. islu8Ara8os ?ue estes são 8uito di8inutos se

coteCados co8 o n>9el de desist:ncia das 9>ti8as ?ue ; Aastante grande. Para se ter

u8a ideia, analisando os dados disponiAiliados pelo art=rio entral da Delegacia

da Mul<er de uritiAa4  e os siste8as de estat>sticas do estado de registros de

ocorr:ncias te8os a seguinte siste8atia7ão-

4 %s dados 8ensais fora8 oAtidos Cunto ao art=rio entral da Delegacia da Mul<er e8 22E64E2664. # siste8atia7ão dos dados dispon>9eis correspondia8 at; o 8:s de Cun<o de 2664 e tendo e8 9istao prao de entrega da 8onografia os 8es8os fora8 co8pilados e apresentados neste teto.

6

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TABELA ) RELAÃO ENTRE OS BO REGISTRADOS EIN*U+RITOS TRAMITANDO ENTRE SET! 200 A JUN! 2009)

(@'20(*2 /@ **((BCA2 % R!/I")R#D% N# UNID#D! P%$II#$ O UPL B.61' 1,1@ % !N#MIN#D%" P#R# %U)R#" UPL ('0 K,@ % R!!ID%" D! %U)R#" UPL 1.2'4 R,K@ 

TOTAL DE BO 0!250 !$$,$$ 

TOTAL DE BO - 41=41 31 DP 81 M;- 9!"285,87 

CDEF(0*2 C20AE(A/*2Gh P%R F$#/R#N)! D!$I)% 1' R,EA h P%R P%R)#RI# '.BB4 ,@FINUVRI)%" %N$U3D%" 46 E@,A 

)!RM%" IRUN")NI#D%" 2(0 0,E0 Fonte- art=rio <efe da Delegacia da Mul<er de uritiAa, referentes aos registros policiais efeti9adosentre sete8Aro de 2660 e Cun<o de 2664.

!ntre os 8eses de sete8Aro de 2660 e Cun<o de 2664 fora8 realiados B61'

registros de oletins de %corr:ncia %L na Delegacia da Mul<er de uritiAa,

aproi8ada8ente 8il % 8ensais registrados na unidade policial. "o8a8Ose a

estes os registros realiados e8 outros distritos policiais ou enca8in<ados pela

Pol>cia Militar, atendidos durante o patrul<a8ento ostensi9o, nu8 total de 12'4registros. DescontandoOse os % enca8in<ados a outros distritos policiais, por não

figurare8 no rol de cri8es de co8pet:ncia in9estigat=ria da unidade policial

especialiada ('0L perfae8 u8 total de 4.012 % tra8itando na DM. RessaltaOse

?ue os cri8es de co8pet:ncia in9estigat=ria da DM corresponde8, al;8 dos cri8es

relati9os a 9iol:ncia do8;stica e fa8iliar praticados contra a 8ul<er- les@es

corporais, a8ea7a, inCúria, calúnia, difa8a7ão, estupro, 9iol:ncia seual 8ediante

fraude, ass;dio seual, perigo de contgio 9en;reo, constrangi8ento ilegal,

se?uestro e crcere pri9ado, redu7ão T condi7ão anloga jT de escra9a,

fa9oreci8ento T prostitui7ão e 8edia7ão para ser9ir a lasc>9ia de outre8, entre

outros co8etidos contra a 8ul<er. ontudo, na ?uase totalidade dos registros feitos,

trataOse apenas destes e outros cri8es co8etidos contra a 8ul<er no H8Aito da

unidade do8;stica e e8 9irtude de rela7@es de afeto, co8 ou se8 coaAita7ão,

soAretudo os relati9os a les@es corporais, inCúria e a8ea7a.

 Não nos foi fornecida u8a estat>stica confi9el a respeito da naturea dos

cri8es registrados nos %, pri8eira8ente por?ue não caAe ao in9estigador de

plantão acertar o tipo descrito no fato sucinto, segundo por?ue no 8odelo de registro

'

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a ser ali8entado pela delegacia e infor8ado ao =rgão co8petente da "ecretaria de

"eguran7a PúAlica consta apenas o ite8 lesão corporal 9iol. do8;sticaLS. ontudo,

8uitos deles trata8 apenas das contra9en7@es penais de perturAa7ão da

tran?uilidade ou 9ias de fato, Cunta8ente co8 cri8es de inCúria e a8ea7a nú8ero

rao9el de in?u;ritos 9ersa8 apenas soAre estes tiposL.

V poss>9el o le9anta8ento dos tipos contaAiliando os li9ros de registros de

in?u;ritos, 8as não tere8os a totalidade dos registros realiados nos %, tendo e8

9ista a desist:ncia das 9>ti8as. aso <aCa te8po para a realia7ão desta

contaAilidade at; a apresenta7ão deste traAal<o de 8onografia, estes serão

agregados e apresentados nessa oportunidade.

Desta for8a o ?ue destaca8os co8o i8portante na taAela ' ; o dado ?ueindica ?ue dos 4.012 registros realiados, apenas 'BB4 tornara8Ose in?u;ritos

policiais instaurados 8ediante portaria e 1' o fora8 8ediante auto de prisão e8

flagrante, ou seCa, B0,1([ das 8ul<eres ?ue realia8 o % na delegacia desiste8

antes da instaura7ão do in?u;rito. Não se te8 o dado, 8as ; alto ta8A;8 o nú8ero

de 8ul<eres ?ue se retrata8 da representa7ão ainda na delegacia, soAretudo

?uando o noticiado ; inti8ado a co8parecer para ser interrogado no in?u;rito

policial. !las, C con9i9endo co8 o autor receAe8 a inti8a7ão e i8ediata8entecorre8 para a delegacia para saAer co8o ; ?ue fae8 para “retirar a !"ei<a”  &sic'

feita por elas.

isualiando 8ensal8ente os registros de % no grfico ', a seguir,

perceAe8os u8 8o9i8ento não linear, 8as ; Aastante interessante notar ?ue, T

8edida ?ue se aproi8a8 as f;rias escolares, o nú8ero de registros cai. )endo

8ar7o co8o o pico de registros, correspondendo a 0'6 realiados na DM e co8o

8enor nú8ero de registros o 8:s de Caneiro de 2664, sendo (56 % registrados naDM. De 8odo geral o nú8ero de % enca8in<ados por outras Unidades Policiais

segue a 8es8a tend:ncia dos % registrados na DM. ontudo ponderaOse ?ue o

enca8in<a8ento de registros não ; conco8itante o seu registro sendo e8 certos

casos realiado no 8:s seguinte ao registro do % na delegacia. De ?ual?uer for8a

no c8puto geral a tend:ncia segue a dos registros efetuados na delegacia, <aCa

9ista seu 8aior 9olu8e.

2

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GRÁFICO ) MOVIMENTAÃO MENSAL DE REGISTROS DE BO NO PERÍODO DESETEMBRO DE 200 A JUN'O DE 2009

6

266

(66

566

066

'666

'266

"!) %U) N% D!d J#N F! M#R #,R M#I JUN JU$

2660 2664

,% R!/I")R#D% K N# UPL

,% R!!,ID% KD! %U)R#" UPL

,% !N#MIN#D% KP#R# %U)R#"

UPL

TOTAL

% artigo '5 da $ei, ao definir ?ue “nas a28es penais pG(licas condicionadas )

representa23o da o%endida de !"e trata esta Lei, s; ser admitida a renGncia )

representa23o perante o $"i, em a"diência especialmente designada com tal

%inalidade, antes do rece(imento da denGncia e o"vido o Ministério PG(lico”, teria,

segundo NUI u8 carter dificultador T renúncia ou retrata7ão da representa7ão

da 9>ti8a ao deter8inar ?ue esta s= ser poss>9el se realiada e8 Cu>o, e8

audi:ncia especial8ente designada para este fi8. % ?ue segundo o autor pretendia

“atingir "m maior gra" de solenidade e %ormalidade para o ato, portanto ("sca-se

alcan2ar maior gra" de conscientia23o da retrata23o da m"lher, !"e a%astar a

 p"ni23o do agressor &p. R'”.

 #o oAser9a8os os dados da taAela ', a afir8a7ão do autor ; no 8>ni8o

ris>9el, at; 8es8o por?ue inú8eras 9>ti8as inicia8 o seu relato co8 o seguinte

?uestiona8ento- e se e" desistir o !"e acontece?”.  Infeli8ente o grau de

conscientia7ão das 9>ti8as e8 rela7ão ao ?ue elas considera8 u8 si8ples registro

de u8a ocorr:ncia, ?ue e8 8uitas 9ees ; apenas a Ausca do poder ?ue l<es ;

conferido co8 oAten7ão de u8 papel co8 o no8e da Delegacia da Mul<er '6, não as

fa ter consci:ncia das conse?u:ncias, do conCunto de atos do poder púAlico e

'6 U8a 9>ti8a relatou ?ue ap=s a agressão 9eio at; a Delegacia da Mul<er e registrou seu Aoleti8 deocorr:ncia contra o 8arido, no ca8in<o para casa, no ter8inal de niAus, 8unida da for7a de u8

papel, 9iu o noticiado no9a8ente co8 a a8ante e tirou corage8 do fundo do peito e “es%rego" o papel na cara”  do noticiado o ?ue enfi8 fe co8 ?ue ela no9a8ente fosse agredida e8 plenoter8inal. ontudo, neste dia ela 9in<a apresentar sua retrata7ão, tendo e8 9ista ?ue o noticiado C<a9ia constitu>do no9a fa8>lia co8 a a8ante e não 8ais a tin<a inco8odado.

1

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principal8ente do disp:ndio de recursos púAlicos ?ue de8anda8 este pe?ueno

gesto''.

 #inda co8 rela7ão Ts estat>sticas policiais dos casos solucionados pela

Delegacia de o8ic>dios, totaliara8 entre os 8eses de sete8Aro de 2660 e 2664,

4 <o8ic>dios realiados contra 8ul<eres e8 situa7ão de 9iol:ncia do8;stica e

fa8iliar. !stes se encontra8 detal<ados, confor8e o 8:s e ano de ocorr:ncia na

taAela 2, a seguir-

TABELA 2) 'OMICÍDIOSCONTRA MUL'ERES EMCASOS DE VIOLÊNCIA

DOM+STICA, SETEMBRO DE200 A 2009)

ANO MÊS MORTES

200SET 'NOV '

2009

JAN 1FEV 2JUN 'SET '

0*0A 8F%N)!- "etor de !stat>sticas da Delegacia de o8ic>dios de uritiAa.

No H8Aito do Cudicirio, fora8 oAtidas estat>sticas Cunto ao art=rio do

JDFM, referentes ao per>odo co8preendido entre os 8eses de -4-7 8- 200

1 1.747 8- 2009. %s dados do Cudicirio ilustra8 ?ue apesar das inú8eras

desist:ncias ocorridas C na delegacia, o 9olu8e de processos, 8edidas proteti9as e

in?u;ritos solicitando prao lota8 o Cudicirio tornando i8poss>9el u8a tra8ita7ão

c;lere dos processos. # seguir os dados do cart=rio do JDFM -

'' #penas por curiosidade- "= e8 ter8os da utilia7ão de papel sulfite na delegacia se8 considerar otonner da i8pressoraL- se a desist:ncia ocorrer C na representa7ão ou 8edidas proteti9as, fora8gastos pelo 8enos one fol<as sulfites ( para a confec7ão do %, duas para o of>cio ao JDFM,?uatro para o ter8o de declara7ão da 9>ti8a, u8a para despac<o da DelegadaL, 8ultipli?ueOse asone fol<as pelas cerca de 0.61 8ul<eres ?ue e9entual8ente desistira8 e co8parecera8 a

delegacia- 00.01 fol<as sulfites, contaAiliando a res8a de 66 fls a ' reais cada sãoaproi8ada8ente de Rb 2B66,66 gastos. "e a desist:ncia ocorrer ap=s a instaura7ão do in?u;rito,são cerca de 16 fol<as e a capa do in?u;rito. "o8eOse a isto no9a8ente no poder Judicirio fora odisp:ndio co8 lu el;trica, pessoal, enfi8 conse?:ncias, pesarosas conse?:ncias...

(

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ID! )#!$# !M #N!Z%

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U8a anlise superficial de8onstra ?ue os dados do Cuiado, apresenta8 u8

constante crescer e8 9olu8e de processos e procedi8entos ?ue l dão entrada. No

inter9alo analisado, as a7@es penais ti9era8 u8 cresci8ento de ([, passando de

(62 a7@es para 01. % nú8ero de in?u;ritos ?ue dera8 entrada no Juiado para

solicita7ão de prao ta8A;8 te9e u8 cresci8ento consider9el, '[, passando de

(2B1 a 5(B1 neste per>odo. #pesar deste nú8ero ter u8a flutuaAilidade, tendo e8

9ista ?ue ele i8plica no 8o9i8ento de efeti9o dese8pen<o das fun7@es da

delegacia, considerando os dados de no9os procedi8entos, pode8os inferir ?ue <

ta8A;8 u8 acú8ulo, neste n>9el institucional.

% ?ue i8pressiona ; o nú8ero de pedidos de 8edidas proteti9as, co8o C

tratado anterior8ente. tentouOse na delegacia filtrar os pedidos 8ais rele9antes ee9idente8ente urgentes, contudo estes ainda aAarrota8 o Judicirio tornando

?uestion9el a 9alidade da 8edida para a 8aioria dos casos. No per>odo estudado,

as 8edidas proteti9as e8 anda8ento e8 2660, era8 e8 sete8Aro correspondentes

a 24( passando a ('45 e8 agosto do presente ano. Isto tudo, considerando ?ue

eiste apenas u8a Cu>a para apreciar todos os pedidos atuando no Juiado_ Para

se ter u8a no7ão do ?uadro ca=tico ?ue est se instalando no Juiado, tendo e8

9ista a falta de pessoal, soAretudo de Juies, oAser9e8os os dados de cart=riorelati9os ao gaAinete da Cu>a-

5

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TABELA #) PROCESSOS JULGADOS NO JVDFM, ENTRE OS MESES DE SETEMBRO

DE 200 A AGOSTO DE 2009)

F%N)!- JDFM, uritiAa, no per>odo de sete8Aro de 2660 a agosto de 2664.

PROCESSOS JULGADOS

 PERÍODO SET OUT NOV DE JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGOANO 200 2009

 #*+% P!N#$ Pk$I# 5 0 0 2 2 B 6 26 ' 5 'INUVRI)% P%$II#$ 1( 12 4 ( 6 '1 51 '4 25 BB 02 2P!DID% D!$I!RD#D!PR%I"RI#, E %U "EFI#N*# 5 264 0 '' 5 '' '5 '2 '1 '6P!DID%" D!M!DID#"PR%)!)I#" D!UR/GNI# (1( 12' 264 2'5 2(6 11' 255 11B (2 2'( 16( '01

P!DID%" D! PRI"+%PR!!N)I# 6 6 6 6 6 6 6 2 6 ' 1 (R!$#Z#M!N)% D!PRI"+% 6 6 6 6 6 6 6 6 6 ( 5 '

PROCESSOS SENTENCIADOS"!N)!N*#"%ND!N#)RI#" ( 1 2 0 ' ' 5 6 2 ' '"!N)!N*#" #"%$U)RI#" 2 ( 6 6 ' 6 ' 6 ' 6 6 6P!$# R!NkNI# D%DIR!I)% D!R!PR!"!N)#*+% '0 '1 ( ' 6 '6 6 2 2 ( '' '6P!$# PR!"RI*+% 6 ' 6 ' 6 2 '1 '5 2 B1 50 '

P%R %U)R%"M%)I%" ' '5 1 ' 6 6 6 ' 6 6 1 6D!I"+% D! #RUI#M!N)% D! IP 6 1 6 ' 6 6 6 6 6 6 6 6D!I"+% D!R!J!I*+% D#D!NkNI# 6 6 6 6 6 6 ' 6 6 6 6 6"!N)!N*# D!IMPR%NkNI# 6 6 ' 6 6 6 6 6 6 6 6 6D!I"!" D!D!"$#""IFI#*+% 6 6 ' 6 6 ' 6 6 6 6 ' 6 #/U#RD#ND%)RN"I)% !MJU$/#D% D#"!N)!N*# P!N#$ B B B 4 4 '2 ''2 '(1 '' '5' '50 '4(

AUDIÊNCIASD!"I/N#D#" P#R# %MG" '66 05 06 5' 25 06 '2' 06 0( '6B ''6 0'R!#$I#D#" N% MG" 1 1 (4 1( 21 1 B5 (' 1' 2 N (5P!""%#" %UID#" 05 B' B' 1 (2 B4 '6' B 5' 0 '65 05

B

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I8pressiona oAser9ar o nú8ero de a7@es Culgadas no per>odo, no ite8 a7ão

penal púAlica, so8a 55 Culgados, não c<egando ne8 ao total de a7@es no9as

apresentadas ao Juiado ?ue correspondera8 no per>odo a '0. a9endo u8

acú8ulo de epediente de 2' a7@es pendentes para Culga8ento. %Aser9eOse ainda

o cresci8ento etraordinrio de processos ?ue aguarda8 o trHnsito e8 Culgado de

senten7a penal, de B e8 2660 para '4( e8 agosto de 2664.

Da 8es8a for8a, o processa8ento dos pedidos de 8edidas proteti9as não

consegue apresentarOse da 8es8a for8a c;lere a so8a de no9os pedidos de

8edidas proteti9as no per>odo correspondeu a 2'4( co8putados aos 24( pedidos

e8 anda8ento ?ue iniciara8 o per>odo de anlise te8os (B00 pedidos. ontudo,

fora8 processados no Judicirio 1(06 pedidos, ou seCa, < ainda u8 epedienteacu8ulado e?ui9alente a '160. Não se apresentando o 8ais ade?uado, 8as

confor8e as ser9idoras do Juiado o ?uadro possi9el8ente co8 a no9a 8etodologia

e8preendida por elas ser re9ertido e8 8eados de outuAro deste ano. Nos relatos

das 9>ti8as ?ue co8parece8 at; a delegacia ; e9idente a frustra7ão e8 rela7ão Ts

inti8a7@es realiadas aos autores, 8uito te8po depois de elas tere8 o pri8eiro

contato co8 a delegacia. U8a das 9>ti8as nos infor8ou ?ue a 8edida foi deferida e

o noticiado inti8ado desta, e8 Cul<o deste ano, contudo esta <a9ia realiado oregistro de ocorr:ncia e8 pri8eiro de Caneiro de 2660_ ! ?uestionou a pes?uisadora-

“como é !"e podem dier !"e s3o medidas de "rgência?S oa pergunta, não`

No ?ue tange aos dados da saúde púAlica 8unicipal, le9anta8ento da

"ecretaria Municipal da "aúde de uritiAa de 2660'2  props tra7ar o perfil das

9>ti8as de 9iol:ncia do8;stica, fa8iliar e seual, atendidas nos <ospitais de uritiAa.

% teto foi u8a produ7ão da oordena7ão do Progra8a Mul<er de erdade, proCeto

i8plantado pela "ecretaria Municipal de "aúde "M"L e8 8ar7o de 2662. RessaltaOse ?ue os casos ?ue 9e8 a ser atendidos nas unidades de saúde apresenta8

apenas as situa7@es de efeti9a agressão f>sica e8 ?ue a 9>ti8a Ausca a unidade,

não <a9endo nen<u8 dado, tal9e ne8 seCa poss>9el 8ensurar, dado o n>9el de

pri9acidade ?ue os casos representa8 e8 ?ue esta 9iol:ncia não deia 8arcas

f>sicas a8ea7a, inCúria, difa8a7ão, entre outrosL. %u ?ue e8Aora ten<a8 deiado

8arcas f>sicas as 9>ti8as não Auscara8 o au>lio das institui7@es de saúde, seCa

pela 8enor gra9idade das les@es ou por 9ergon<a da situa7ão. %u ainda os casos,

'2 Muraro, et al . Parte I- Perfil de 8ul<eres 9>ti8as de 9iol:ncia do8estica e fa8iliar e Parte II- Perfildas 8ul<eres 9>ti8as de 9iol:ncia seual atendidas os <ospitais de referencia de uritiAa.oordena7ão do Progra8a Mul<er de erdade, "M" de uritiAa, uritiAa- 2660.

0

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destaca a "M", e8 ?ue não são 8encionadas pela 9>ti8a as causas das les@es ou

não são identificadas pela e?uipe de saúde co8o pro9enientes de 9iol:ncia

do8;stica.

%s dados oAtidos neste le9anta8ento fora8 coletados atra9;s da notifica7ão

oArigat=ria T "M", e8 for8ulrio pr=prio realiada pelas unidades de saúde do

8unic>pio dos casos atendidos de 9iol:ncia do8;stica'1. % oACeti9o da "M" da

notifica7ão oArigat=ria ; o da constru7ão de u8 Aanco de dados ?ue per8ita

con<ecer a situa7ão do 8unic>pio e8 rela7ão a este te8a e a “ela(ora23o de

 propostas de aten23o integral para as m"lheres e de preven23o da violência

doméstica &p.@'” . Infeli8ente a 9iol:ncia do8;stica, e8 uritiAa, ainda não

alcan7ou o stat"s  de Pol>tica PúAlica, ?ue trate o te8a e8 sua integralidade,aArangendo as di9ersas causas deste fen8eno e atuando nas suas diferentes

reas- saúde, educa7ão, traAal<o, assist:ncia social...

%A9ia8ente a s;rie <ist=rica no estudo apresenta u8a a8plia7ão significati9a

dos casos, e8 9irtude da pr=pria a8plia7ão do progra8a, 8as ; interessante

oAser9ar na taAela , a seguir os dados, refletindo soAre o i8pacto do in9esti8ento

púAlico na rea da saúde tendo e8 9ista apenas os casos de 9iol:ncia do8;stica.

'1 # partir de 266, a notifica7ão ta8A;8 foi realiada pelo ospital do )raAal<ador e ta8A;8, a partirde 2665, pelo entro de Refer:ncia da Mul<er e Funda7@es de #ssist:ncia "ocial F#"L, e8 2660.

4

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T1-1 5! S=- '=4=@1 87 N-7 8- A4-38=-347 31 V=73@=1C7341 M;-- 8- 2002 1 200)

ANO Nº DECASOS DEVIOLÊNCIA

Nº DE CASOS

DEVIOLÊNCIA

SEUAL

TOTAL

2002 O '1 '1200" 51 26' 25(200# B0 '2 2162005 '2' '4( 1'200$ 10' '( 01200 51 '1( B0B200 50' '14 046

0*0A !8 !!$8 ">5#  Fonte- !E"M". No per>odo referente a 2662 e 266B <a9ia dois Aancos de dados distintos para 9iol:ncia f>sica e seual,

nestes co8putara8Ose as crian7as e adolescentes de a8Aos os seos 8enores de '0 anos. #p=s 2660 os dados trata8so8ente das 8ul<eres 9>ti8as 8aiores de '0 anos.

Interessante notar, segundo os dados de 2660 da "M", ?ue dos =rgãos

notificadores o ?ue 8ais realiou atendi8entos, co8 u8a 8;dia de 1,1

atendi8entosE8:s fora8 os <ospitais, seguidos do entro de Refer:ncia co8 '5,1

atendi8entosE8:s, dado 8uito pr=i8o das Unidades de "aúde, co8 ',5

atendi8entosE8:s. "endo ?ue 0([ das 9>ti8as residia8 e8 uritiAa e ',([ na

região 8etropolitana.o8 rela7ão ao local do epis=dio de 9iol:ncia B0[ dos casos ocorreu no

interior das resid:ncias. )endo sido o causador da agressão o co8pan<eiroE8arido

e8 1,0[ dos casos, descon<ecidos '5,5[ e eO8aridosEco8pan<eiros '1,'[,

confor8e os dados apresentados na )aAela 5, a seguir-

 T1-1 $! N-7 - ?-@-341 8- A4-38=-347, -.387 7 147 81=3<167, 200)

AUTOR DA AGRESSÃO Nº

M#RID% %U %MP#N!IR% (20 ER,KD!"%N!ID% '12 1,1@ !ZOM#RID%E%MP#N!IR% '6( R,@  #MI/% %U %N!ID% 5 A,@K%U)R%" P#R!N)!" 11 K,E FI$% 16 R,AA P#I %U P#DR#")% 0 ,@M+! %U M#DR#")# ( @,E@ 

TOTAL 95 !$$,$$ Fonte- !E"M"- não <ou9e o registro do agressor e8 2 atendi8entos 1,'[L.

% perfil das 9>ti8as por faia etria de8onstra ?ue a faia de risco, estco8preendida entre os 26 a 24 presente e8 15,[ dos atendi8entos, seguida pela

56

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faia dos 16 a 14, co8 24,4[ e não 8uito distante a faia etria aci8a de (6 anos

co8 2,B[ dos atendi8entos e apenas 0[ para as 9>ti8as co8 8enos de '0 anos.

astante interessantes os dados oAtidos das 9>ti8as de 9iol:ncia f>sica,

soAre outras for8as de 9iol:ncia por elas sofridas. ausaOnos estran<ea apenas o

fato dos casos de 9iol:ncia f>sica não totaliare8 os 505 casos, de 9>ti8as

residentes e8 uritiAa, apontados pelos autores co8o os casos analisados,

alcan7ando apenas (5 9>ti8as. #ssi8 de8onstrados, a seguir-

T1-1 ! N-7 - ?-@-341 8- A4-38=-347, -.387 7 4=?7 8->=73@=1, 200)

Fonte- !E"M"- iol:ncia 8oral foi considerada pelos os autores do estudo e8 ?uestão, co8o os tipos penais da difa8a7ão,calunia ou inCúria co8etidos contra T 9>ti8a

%utra infor8a7ão i8portante trata dos casos de 9iol:ncia seual, ?ue apesar

da anlise superficial do teto na ?ual se afir8a “!"e o maior a"tor da agress3o nos

casos de violência se<"al %oi desconhecido”,  de8onstra8 os dados, realidade

contrria, C ?ue os casos de 9iol:ncia seual perpetrados por descon<ecidos

corresponde8 a (5,[ do total, en?uanto as situa7@es ocasionadas por 8aridos ou

co8pan<eiros atingiu 1',([, por con<ecido '2,B[ e parente ou eO8aridosEeO

co8pan<eiro (,B[ e8 a8Aos os grupos. Portanto, e8 (6,54[ dos casos o grau de

rela7ão entre o perpetrador e a 9>ti8a ; do8;stico ou fa8iliar e e8 1,(0[ doscasos, al;8 do grau do8;stico da rela7ão o agressor ; ainda con<ecido, confor8e

se depreende dos dados na taAela a seguir-

TIPO DE VIOLÊNCIA Nº F3"I# (5 KR,1 P"I%$/I# 1(2 0A,RM%R#$ 225 ,"!ZU#$ 0B 1,FFIN#N!IR# 1B 0,FN!/$I/GNI# '( ,)%)#$ '22 @@,@@ 

5'

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T1-1 ! N-7 - ?-@-341 8- A4-38=-347 8- >=73@=1 -Q1,-.387 7 3>- 8- -1@=731-347 @7 7 1.-7, 200)

Fonte- !E"M"- e8 u8 atendi8ento não <ou9e registro da rela7ão do autor da agressão co8 a 9>ti8a ','[L.

FaOse i8portante destacar, dentre os 8uitos casos de 9iol:ncia registrados

na delegacia, tr:s falas das 9>ti8as 8uito pertinentes ao te8a. !8 situa7ão deflagrante na ?ual o noticiado <a9ia dado u8 soco no rosto da 9>ti8a, c<egando a

deslocar seu aparel<o ortodntico, agressão esta efeti9ada e8 9irtude do fato de

?ue a 9>ti8a se negou a 8anter rela7@es seuais co8 ele ap=s u8 longo e cansati9o

dia de ser9i7o. !8 outras duas situa7@es e8 in?u;ritos policiais as agress@es fora8

perpetradas ta8A;8 e8 9irtude da negati9a das 9>ti8as e8 8antere8 rela7@es

seuais co8 o co8pan<eiro, e8 u8a destas o agressor 9ee8ente8ente afir8ou

?ue a co8pan<eira “era s"a propriedade”  e, portanto, ela não podia negar os seusdeseCos.

V poss>9el, analisando outros estudos soAre a 9iol:ncia do8;stica e fa8iliar

contra a 8ul<er e8 outras localidades perceAer ?ue estas não se distingue8 e8

nada. oteCando os dados curitiAanos co8 os de outras produ7@es ?ue aAorda8 as

estat>sticas da 9iol:ncia do8;stica e8 outros estados ou 8undial8ente,

perceAe8os ?ue os casos de 9iol:ncia do8;stica são si8, corroAorando co8 !I"!

et al . '44(L, "m sério pro(lema de saGde para m"lheres em todo m"ndo” . Muito

e8Aora esse tipo de 9iol:ncia constitua causa significati9a de 8orAidade e

8ortalidade de 8ul<eres, esse fato nunca ; tratado co8o ?uestão de saúde púAlica.

%s autores, para de8onstrar essa afir8ati9a, cita8 esti8ati9as do anco Mundial

para o ano de '441, ?ue de8onstra9a8 no conCunto dos indicadores de doen7a dos

pa>ses desen9ol9idos e e8 desen9ol9i8ento, ?ue a 9iol:ncia presente nas rela7@es

de g:nero representa -34- @181 @=3@7 dias de 9ida perdidos para 8ul<eres e8

idade reproduti9a. # 9iol:ncia do8;stica e o estupro seria8 a seta causa de anos

de 9ida perdidos por 8orte ou incapacidade f>sica e8 8ul<eres de ' a (( anos O

8ais ?ue todos os tipos de cHncer, acidentes de trHnsito e guerras. 

AUTOR DA AGRESSÃO Nº D!"%N!ID% (6 K1,E M#RID% %U %MP#N!IR% 2B R,K%N!ID% '' 0,A !ZOM#RID%E%MP#N!IR% ( K,A P#R!N)! ( K,A 

TOTAL $ !$$,$$ 

52

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Para os autores, as conse?u:ncias desse proAle8a são nitida8ente

perceAidas no H8Aito dos ser9i7os de saúde, seCa pelos custos ?ue representa8,

seCa pela co8pleidade do atendi8ento ?ue de8anda8. !I"! et al . '44(L cita8

u8 estudo a8ericano da Jealth Maintenance Hrganiation M%L, no ?ual consta

?ue as 8ul<eres aAusadas seual8ente ou espancadas representara8, para o

siste8a de saúde, e8 u8 ano de aco8pan<a8ento, custos 2, 8aiores ?ue as

8ul<eres ?ue não fora8 9iti8adas.

No H8Aito nacional, "affioti '44BL, apresenta os dados da Pes?uisa Nacional

por #8ostra de Do8ic>lios de '446, do I/! Instituto rasileiro de /eografia e

!stat>sticaL, ?ue re9elara8 ?ue dentre todas as agress@es f>sicas co8etidas no

H8Aito da resid:ncia, 51[ das 9>ti8as fora8 8ul<eres.!8 estudo puAlicado nos adernos de "aúde PúAlica'(, intentouOse

caracteriar casos de 9iol:ncia do8;stica contra a 8ul<er atendidos e8 dois

<ospitais púAlicos do Rio de Janeiro. Para isso etra>ra8 relatos das 9>ti8as e

le9antara8Ose os tipos de les@es por elas sofridas. D!"$#ND!" et al  destacara8

?ue os relatos fora8 feitos espontanea8ente pelas 8ul<eres e e8 apenas cinco dos

B2 casos por eles analisados, perceAeuOse u8 certo te8or ou constrangi8ento e8

contar o acontecido. Infere8 ?ue a for8a de apresenta7ão dos pes?uisadorescolaAorou para tal pro9a de confian7a profissionais da saúdeL, o ?ue, segundo eles,

poderia não ocorrer caso o entre9istador fosse u8 policial. PerceAera8 os

pes?uisadores ?ue as 9>ti8as de8onstra9a8 u8a grande 9ontade de con9ersar, de

^desaAafar^. !stas 8ul<eres, e8 sua grande 8aioria, c<ega9a8 8uito ner9osas e

c<orando. !ste ?uadro, contudo, não l<es per8itiu deduir se tais 8ul<eres

realiaria8 o registro de ocorr:ncia na delegacia. Dos B2 casos da pes?uisa, apenas

tr:s 8ul<eres relatara8 eplicita8ente ?ue iria8 realiar o registro da ocorr:ncia."egundo este estudo, nos ser9i7os de saúde a 8ul<er 9iti8ada ?ue Ausca

socorro 8;dico, sente 8uita 9ergon<a e 8edo de re9elar a orige8 de suas les@es

artigan, '44B )uesta, '44BL. !ditorial do Jospital Medicine  afir8a ?ue das

8ul<eres atendidas nas e8erg:ncias por acidentes, se fore8 aAordadas de for8a

sens>9el pelos profissionais de saúde, cerca de 1[ delas acaAa8 por declarar ?ue

fora8 9>ti8as de 9iol:ncia Friend, '440L.

'( D!"$#ND!", "uelm F /%M!", Ro8eu e "I$#, os8e M. F. P. C11@4-=167 87 @17 8->=73@=1 874=@1 @7341 1 ;- 14-38=87 - 87= ;7?=41= ?=@7 87 R=7 8- J13-=7!5n: adernos de "aúde PúAlica 9ol.'5 n.' Rio de Janeiro Jan.EMar., 2666.

51

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astante interessante a anlise do estudo e8 ?uestão soAre a geografia das

les@es, ou seCa, ?uais partes do corpo fora8 as 8ais atingidas pelos agressores,

destacando ?ue se co8putara8 e8 alguns casos 8ais de u8a lesão na 9>ti8a.

Face e caAe7a 22 e cinco e9entos, respecti9a8enteL fora8 as reas corporais 8ais

atingidas, seguidas por Ara7os e 8ãos oito e '1 e9entos, respecti9a8enteL, corpo

inteiro de e9entosL, região do tronco t=ra e8 ?uatro e9entos, costas e8 dois e

aAd8en e8 tr:sL, por fi8, 8e8Aros inferiores perna e8 ?uatro e9entos e p; e8

doisL.

 # face, rea preferida pelos agressores, fora8 relatadas pelas 9>ti8as co8o

as reas al9o de socos nos ol<os e 8and>Aula, sendo 8ais rara8ente referidos

casos de c<utes. Nos casos e8 ?ue Ara7os ou 8ãos fora8 lesionados estes o fora8por u8 8o9i8ento de defesa da 9>ti8a, a fi8 de ?ue sua face não fosse atingida

pelo golpe desferido, funcionando co8o anteparo e sofrendo o i8pacto da agressão.

%s casos de 8últiplas partes atingidas corpo inteiroL refere8Ose a les@es sofridas

por socos e, na 8aioria das 9ees, por c<utes. # região do tronco foi 8ais atingida

por algu8 instru8ento, faca ou por c<utes. 

No conCunto dos casos, o espanca8ento e8prego da for7a f>sica se8 au>lio

de instru8entosL foi a for8a utiliada pelos agressores B6,([ dos casosL, seguidode agressão co8 utilia7ão de algu8 tipo de instru8ento tais co8o paus, caAos de

9assoura, Aarras de ferro e8 2','[L, uso de faca e8 dois casos, e e8 u8a

situa7ão apenas, foi utiliada ar8a de fogo e atropela8ento intencional.

Dada a gra9idade e circunstHncias dos relatos, supusera8 os pes?uisadores

?ue, e8 sete dos B2 casos atendidos, a agressão configurou <o8ic>dio na for8a

tentada contanto, ressal9a8 ?ue não ; poss>9el afir8ar ?ue nos de8ais casos não

<a9ia o dolo para tanto, ne8 ?ue estes de8onstrasse8 8enor gra9idade. !8 u8único caso, u8a 8ul<er relatou ter tentado tirar sua pr=pria 9ida, cansada da

situa7ão de 9iol:ncia sofrida, ingerindo '2 co8pri8idos de $eotan e 9rios outros

de )egretol. Dessas situa7@es ?ue en9ol9era8 gra9idade indiscut>9el, destacara8

os autores, os seguintes relatos-

W R-147 'MSF A87-@-34- 8- 137 

^Paciente relata !"e (rigo" com o namorado e este, ent3o, a emp"rro" contra "m Ini("s, %aendo

com !"e ela %osse atropelada &s"a %ace %oi atingida'^.

W R-147 2 'MSF M;- 8- " 137 

5(

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^Paciente relata !"e mora com "m companheiro alco;latra, !"e havia (e(ido m"ito e tento" (aternela. +la o a%asto" e estava sentada no so% vendo 6. +le veio com "ma %aca e en%io" no se"a(dImen.^

W R-147 " 'MMC M;- 8- "0 137 

^Paciente grvida de oito meses relata !"e %oi agredida pelo marido com "m peda2o de pa" na(arriga e no rosto &...'^.

!8 u8 dos casos, aponta8, ?ue e8Aora não fosse e9idente a tentati9a de

<o8ic>dio, ficou epl>cita a aplica7ão de agressão co8 re?uintes de crueldade-

W R-147 # 'MSF M;- 8- #0 137 

^Oelata !"e, como o se" marido n3o dormi" em casa, ela %oi no tra(alho dele para tirar satis%a23o, eele come2o" a disc"tir com ela e a agredi" com "ma (arra de %erro e $ogo" cola em cima de se"corpo^.

Nos relatos ?ue narrara8 co8o se desencadeou a agressão nas rela7@es

conCugais, oAser9ara8 os autores, Aasica8ente, tr:s situa7@es poss>9eis- aL 8arido

e 8ul<er discute8, no calor das agress@es 9erAais, ele a agride fisica8ente AL o

8arido c<ega alcooliado, ingando a 8ul<er e a agride, co8 ou se8 pr;9ia

discussão cL 8utua8ente <o8e8 e 8ul<er se agride8 corporal8ente, o 8arido

re9ida co8 8aior intensidade ou inicia espanca8ento da 8ul<er.

W R-147 5 'MSF M;- 8- " 137 

^Paciente relata !"e estava em casa, come2o" a disc"tir com o marido, pois ele estava de(ochandodo se" %ilho mais velho. 4alava !"e n3o gostava dela nem deste %ilho, !"e s; gostava do %ilho maisnovo. +la %ico" nervosa, come2o" a disc"tir, aB ele veio para cima dela, de"-lhe "m soco, pego" "magarra%a e corto" a s"a m3o^.

W R-147 $ 'MSF M;- 8- 29 137 

 = paciente relata !"e o marido chego" em casa em(riagado, agressivo, <ingando-a. +m seg"ida,de" "m soco %orte no se" o"vido e m"itos pontapés^.

W R-147 'MMC M;- 8- "0 137 

^Oelata !"e estava em casa, (rigando com o marido, este de" "m soco no se" rosto, ela revido"en%iando "ma %aca na m3o do marido e, como vi" !"e estava sangrando, corre", escorrego" e cai"na escada^.

Nos casos da pes?uisa os 8oti9os ?ue desencadeara8 a agressão conCugal9ariara8 e8 torno de alguns núcleos Asicos- aL o casa8ento não 9ai Ae8 8oti9os

5

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Aanais do cotidiano ?ue gan<a8 desta?ue e 9ira8 te8a de Ariga, co8o ligar ou

desligar u8a  ), 8anter u8a Canela aAertaL AL a Ariga ; u8a rotina a discussão

9erAal, aco8pan<ada ou não de agressão f>sica, ; u8a prtica diria do casalL cL

estar alcooliado o 8arido alcoolista usual8ente ofende e agride fisica8ente a

8ul<erL dL 8eterOse e8 ^neg=cios de <o8e8^ a 8ul<er coAra satisfa7@es soAre a

conduta 8asculina, co8o a de ol<ar para outra 8ul<er, ter a8antes, dor8ir fora de

casa e, e8 u8 dos casos, por apartar u8a Ariga do 8arido co8 outro <o8e8,

despertando a sua fúriaL eL ele não aceita a separa7ão separa7@es cuCa iniciati9a

foi fe8inina e não fora8 aceitas pelos 8aridos ou na8oradosL. Natural8ente, estes

núcleos não são capaes de eaurir toda a co8pleidade da te8tica, são apenas

indicati9os do conCunto analisado. % ciú8e do 8arido, por ee8plo, foi citado e8apenas u8 caso e8 '0 casos não foi referido o 8oti9o.

! CONSIDERAXES FINAIS

Foi poss>9el a partir deste estudo superficial soAre o te8a da 9iol:ncia

do8;stica e seus desdoAra8entos nas fases pr;Oprocessual e processual, destacaralguns pontos rele9antes-

'. # ?uestão da 9iol:ncia do8;stica 367 -Q@=>1-34-  proAle8a

de pol>cia ou do poder Cudicirio ?7-1 7@=1, cuCas

conse?u:ncias a todos atinge8

2. # resolu7ão deste proAle8a de8anda a constru7ão de pol>ticas púAlicas

?ue atenda8 a 8ul<er 9>ti8a e o agressor nos 9rios setores- traAal<o,

renda, educa7ão, saúde, entre outros1. # lei não atende e8 sua plenitude ao oACeti9o prec>puo a ?ue se props,

?ual seCa, garantir o recon<eci8ento da 8ul<er en?uanto suCeito de

direitos, C ?ue ne8 ela pr=pria assi8 se energa

(. % grau de desist:ncia das 8ul<eres ?ue Ausca8 os ser9i7os da DM ;

drastica8ente alto, o ?ue nos fa inferir ?ue estas não Ausca8 a

realia7ão da Justi7a Penal, 8as a resolu7ão para outros proAle8as de

orde8 pessoal conclusão esta Aastante frustrante para a pes?uisadoraL

. % disp:ndio de recursos púAlicos para atendi8ento das 9>ti8as da

9iol:ncia do8;stica ; etra8ente alto nos di9ersos setores saúde,

55

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pol>cia, Cudicirio, entre outrosL e este ; u8 proAle8a ?ue s= poder

resol9ido co8 u8 8odelo educacional transfor8ado, u8a re9olu7ão

<ist=rica das 8entalidades, C ?ue isto não ocorrer da noite para o dia

5. !ntendeOse ?ue o processa8ento dos casos de 9iol:ncia do8;stica

de9eria ocorrer pelo rito su8ar>ssi8o dos Juiados !speciais ri8inais,

pois au8entaria8 a celeridade de seu trH8ite e, se 9inculados a pol>ticas

púAlicas de atendi8ento a fa8>lia poderia8 enseCar a aplica7ão de penas

?ue teria8 u8 papel educati9o, não apenas as penas pri9ati9as de

liAerdade, ?ue não te8 tido real papel reLeducati9o e tal9e nunca os

terão nos cri8es relati9os a 9iol:ncia do8;stica

B. Não foi poss>9el cu8prir o ite8 1 dos oACeti9os desta 8onografia ?ue9ersa9a soAre a constitui7ão do perfil socioecon8ico das 9>ti8as e dos

autores de cri8es contra a 8ul<er. %utras pes?uisas pudera8 nos dar

u8a no7ão. !8pirica8ente, deduOse ?ue constitue8 u8 etrato social

desfa9orecido econo8ica8ente, Ae8 co8o no ?ue tange ao acesso aos

e?uipa8entos púAlicos Asicos, 8as este ; u8 ite8 ?ue fica e8

suspenso para a realia7ão de no9as pes?uisas soAre o te8a

0. Por fi8 e essencial ; a 8udan7a da cultura paternalista ?ue aindapre9alece na constru7ão do pensa8ento e constitui7ão das sociedades

 #ssi8, i8portante concluir8os ?ue se pode a9an7ar para a 9anguarda

legislati9a no ?ue tange T constru7ão de nor8as ?ue proteCa8 os direitos <u8anos

funda8entais da 8ul<er ?ue sofre 9iol:ncia do8;stica 8as antes e, aci8a de tudo,

faOse necessria u8a 8udan7a de pensa8ento da sociedade Arasileira. Pois, por

8ais ?ue a9ance8os ru8o a 8el<or lei, senão <ou9er u8a 8udan7a de8entalidade soAre a pr=pria constru7ão <ist=rica do papel da 8ul<er na sociedade,

este tipo de 9iol:ncia ser se8pre encarado co8o decorrente de u8a atitude de 8

educa7ãoS da 8ul<er, ?ue não ; Aoa esposa, carin<osa, dedicada ao lar e aos fil<os,

ou seCa, a educa7ão da 9erdadeira “=mélia”, ?ue C nos diia a can7ão, “essa é !"e

era m"lher de verdade”...

5B

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TABELA ") ESTATÍSTICAS DE PROCESSOS E PROCEDIMENTOS NOVOS ZN E EM ANDAMENTO ZA NO CART[RIO DO JVDFM, ENTRE OS

MESES DE SETEMBRO DE 200 A AGOSTO DE 2009)

ANO 200 2009MÊS SET OUT NOV DE JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO

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F%N)!- JDFM, uritiAa, no per>odo de sete8Aro de 2660 a agosto de 2664.

$egenda- A- !8 anda8ento N- No9os.

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