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EXMO. SR. JUIZ(A) DE DIREITO DA XXX VARA CÍVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE– MG Inquérito Civil Público MPMG nº 0024.17.002868-2 O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, pela Promotora de Justiça que esta subscreve, lastreado no incluso inquérito civil e fulcro no artigo 127 e seguintes da Constituição da República, Leis 8.625/93, 7347/85 e 8.429/92, vem à presença de Vossa Excelência propor o presente pedido de TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER ANTECEDENTE em face de DO BRASIL PROJETOS E EVENTOS S.A., CNPJ/MF 01.162.410/0001-00, registrada perante a JUCEMG sob o NIRE 3120701228-3, com sede na Rua Padre Severino, 420, bairro São Pedro, CEP 30330-150, Belo Horizonte/MG, representada por sua Diretora PATRÍCIA FERREIRA TAVARES, brasileira, solteira, empresária, RG M-5182660, CPF 585163366-20, residente na Rua Ouro Fino, 215, apto 402, bairro São Pedro, BH/MG, CEP 30330-150, e por GUILHERME SÂNZIO DE SOUZA QUEIROZ, brasileiro, agente e produtor cultural, filho de Benedita de Sousa Queiroz, CPF 1

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EXMO. SR. JUIZ(A) DE DIREITO DA XXX VARA CÍVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE– MG

Inquérito Civil Público MPMG nº 0024.17.002868-2

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, pela Promotora de Justiça que esta subscreve, lastreado no incluso inquérito civil e fulcro no artigo 127 e seguintes da Constituição da República, Leis 8.625/93, 7347/85 e 8.429/92, vem à presença de Vossa Excelência propor o presente pedido de

TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER ANTECEDENTE

em face de DO BRASIL PROJETOS E EVENTOS S.A., CNPJ/MF 01.162.410/0001-00, registrada perante a JUCEMG sob o NIRE 3120701228-3, com sede na Rua Padre Severino, 420, bairro São Pedro, CEP 30330-150, Belo Horizonte/MG, representada por sua Diretora PATRÍCIA FERREIRA TAVARES, brasileira, solteira, empresária, RG M-5182660, CPF 585163366-20, residente na Rua Ouro Fino, 215, apto 402, bairro São Pedro, BH/MG, CEP 30330-150, e por GUILHERME SÂNZIO DE SOUZA QUEIROZ, brasileiro, agente e produtor cultural, filho de Benedita de Sousa Queiroz, CPF 1312313676, RG M117314040, residente à Rua Tenente Garro, 627/102, Santa Efigênia, CEP 30240-360;

com base nos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:

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I –EXPOSIÇÃO DA LIDE

1. Segundo apurado no Inquérito Civil Público cujas peças instruem esta inicial, o REQUERIDO pretende promover o evento de Carnaval “Skolrrega”, que contará com um tobogã inflável gigante em que os foliões escorregarão impulsionados por água ou gel, além de área privativa de festa com bar e DJ.

O REQUERIDO está instalando as estruturas necessárias à realização do evento temporário na Avenida Brasil, entre Rua Gonçalves Dias e Avenida Cristóvão Colombo, próximo à Praça da Liberdade.

O “Skolrrega” estará disponível entre os dias 25 e 28 de fevereiro, sábado a terça-feira, das 9h às 17h.

Consta do regulamento do evento que foram distribuídos 15.000 vouchers, além de ingressos para convidados, sendo que nos sites de notícias sobre o evento há a informação de que o mesmo receberá quase 4 mil foliões por dia.

2. Contudo, a concentração de multidão no entorno do bem tombado – consistente não apenas nas milhares de pessoas que vão participar do evento “Skolrrega”, mas também dos acompanhantes e público que assistirá o evento – pode trazer danos à segurança das pessoas e do Conjunto Urbanístico da Praça da Liberdade, visto que a estrutura foi montada dentro do perímetro protegido pelo município e na área de entorno de proteção estadual.

O Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Praça da Liberdade foi tombamento e inscrito nos livros do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico (Livro I), do Tombo de Belas Artes (Livro II) e do Tombo Histórico (Livro III), em nível estadual, pelo decreto estadual nº 18.531, de 02 de junho de 1977. O ato protetivo compreende seus jardins, alamedas, lagos, hermas, fontes e monumentos, bem como os prédios das Secretarias de Estado da Fazenda, Obras Públicas (antiga Sec. da Agricultura), Educação (antiga Sec. do Interior), Segurança Pública e Interior e Justiça, pelo seu aspecto externo, incluindo as fachadas e seu interior, com decorações, escadarias monumentais, pinturas de tetos, painéis, vitrais e os

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prédios dos Palácios da Liberdade e dos Despachos de acordo com a demarcação feita na planta que determina a área de tombamento. Inclusos no traçado do perímetro de tombamento encontram-se, o alinhamento do prédio de nº263 da rua lateral leste da própria Praça da Liberdade conhecido como Palácio Cristo Rei, o Solar Narbona, o Palacete Dantas, o SERVAS, a residência nº2287 da Rua da Bahia, a Praça José Mendes Júnior defronte ao Palácio dos Despachos, o antigo anexo da Secretaria de Educação e o prédio do setor de empréstimo da Biblioteca Pública Luiz de Bessa.

Também é tombado na esfera municipal pela Deliberação 04/12/1991, na categoria Conjunto Paisagístico Urbano e Natural, o Conjunto Urbanístico Praça da Liberdade (Postes metálicos ornamentais, Palácio Arquiepiscopal Cristo Rei, Edifício Niemeyer, Biblioteca Pública do Estado "Professor Luiz de Bessa", Capela de Sant'Ana na área posterior do Palácio dos Despachos, Elementos localizados no jardim posterior do Palácio da Liberdade, elementos localizados nos jardins frontais do Palácio da Liberdade, Esculturas em mármore, Elementos localizados na Praça da Liberdade, Painel Inconfidência mineira de Cândido Portinari do hall de acesso do Palácio dos Despachos).

O bem protegido possui características relevantes sendo um dos bens culturais mais importantes de Belo Horizonte.

3. No entanto, o REQUERIDO não adotou todas as medidas necessárias para a prevenção de possíveis danos e proteção ao(s) bem(ns) cultural(is) protegido(s) existentes no entorno, durante as festividades carnavalescas de 2017.

3.1. É do apuratório que o REQUERIDO não estabeleceu a realização dos eventos carnavalescos em local com estrutura adequada, preferencialmente, onde não existam bens históricos e culturais que possam ser expostos a riscos, nem comprovou a impossibilidade da realização dos eventos em local diverso.

3.2. Consta que o REQUERIDO não submeteu o(s) local(is) em que se concentrará(ão) as atividades carnavalescas à vistoria e aprovação pelos órgãos competentes municipais (Fundação Municipal de Cultura,

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Secretaria/Setor responsáveis pelas Posturas Municipais e/ou Regulação Urbana), bem como pela CEMIG etc., a fim de adequá-lo(s) às exigências necessárias à segurança dos bens culturais e dos foliões.

3.3. Verifica-se que o REQUERIDO não submeteu as estruturas a serem utilizadas nas festividades à autorização prévia pelo órgão de proteção ao patrimônio cultural Municipal – Fundação Municipal de Cultura –, a fim de adequá-la(s) às exigências necessárias à segurança dos bens culturais e dos foliões, bem como a providenciar mitigação dos danos.

Em relação ao IEPHA, o REQUERIDO, por meio de seu, chegou a solicitar autorização apenas na tarde do dia 22 de fevereiro de 2017.

Contudo, apresentou ao órgão protetivo dados falsos, visto que informou que o público estimado seria de apenas 800 pessoas/dias.

Esta informação – com base na qual foi realizada a apreciação do órgão de proteção – não condiz com o constante no site do evento sobre o número de ingressos já distribuídos, com as informações prestadas pelo REQUERIDO à Polícia Militar durante a vistoria no local (doc. 6), nem com as informações apresentadas nesta data.

3.4. Outrossim, o REQUERIDO apresentou ao Corpo de Bombeiros Militar formulário para atendimento técnico mas com características subestimadas sobre a magnitude do evento, impossibilitando que a Corporação pudesse fazer os apontamentos necessários à segurança da festa.

De fato, verifica-se que o REQUERIDO descreveu ao Centro de Atividades Técnicas do CBMMG que o evento contaria com público máximo de 800 pessoas por dia. Com esta informação, a Corporação considerou que o evento seria de baixo risco.

Contudo, considerando que o evento poderá contar, na verdade, público de mais de 3000 pessoas/dia, o evento apresenta, na verdade, risco médio, o que demandaria mais providências para segurança, como apresentação de Projeto de Evento Temporário.

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3.5. Ainda, não consta dos autos se REQUERIDO adotou providências necessárias à disponibilização de infraestrutura aos foliões, como banheiros públicos suficientes e em condições adequadas de uso contínuo (durante as festividades) ao público estimado, instalados em locais adequados e afastados das fachadas dos imóveis e monumentos culturais. Tampouco consta se o requerido providenciou proteção aos bens culturais da Praça.

Embora o IEPHA tenha informado, nesta tarde, que a Belotur disponibilizaria banheiros químicos e proteção dos monumentos, até a tarde de ontem não havia sido adotadas as providências necessárias neste sentido (doc. 06). A obrigação, contudo, é do REQUERIDO, sob orientação dos órgãos do Poder Público.

4. De fato, embora manifestem aspectos da cultura popular brasileira, as festividades de carnaval estão implicando em riscos e significativos e irreparáveis danos à integridade dos foliões e aos bens de valor cultural, podendo-se mencionar:

aglomeração excessiva de pessoas em espaços reduzidos, o que poderá ocasionar degradação dos jardins e estruturas da Praça da Liberdade; dificuldade de evasão rápida em caso de sinistro devido às reduzidas dimensões das ruas e praças das cidades históricas; trepidação das paredes, telhados, portas e janelas das edificações antigas decorrentes do deslocamento das ondas sonoras; instalação de equipamentos em locais inapropriados; expressiva produção de resíduos (lixo); poluição por efluentes líquidos (urina, bebidas alcoólicas etc);

5. O Ministério Público tomou ciência da conduta praticadas pelo REQUERIDO, em 23 de fevereiro de 2017, quando iniciada a montagem das estruturas do evento no entorno da Praça da Liberdade.

Na oportunidade, o Ministério Público: a) requisitou vistoria do local pela Polícia Militar de Meio Ambiente, bem como por arquiteta componente

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do quadro técnico do MPMG; b) requisitou informações sobre o evento ao REQUERIDO, solicitando a apresentação de todas as licenças e autorizações necessárias à realização do evento; c) requisitou informações sobre a concessão de licenças aos órgãos competentes para proteção dos foliões e do patrimônio histórico e Cultural (IEPHA, Fundação Municipal de Cultura, Corpo de Bombeiros Militar).

5.1. Nesta manhã, o Corpo de Bombeiros Militar informou que foi protocolado no Centro de atividades Técnicas um formulário prevendo público de 800 pessoas por dia; diante dessas informações é que o evento foi considerado de baixo risco.

5.2. Por sua vez, a Fundação Municipal de Cultura informou que não foi encaminhada à Diretoria de Patrimônio Cultural solicitação de análise específica acerca da instalação do evento “Skolrrega”.

5.3. O Relatório de Fiscalização n. 10/2017 (Fiscalização das estruturas e montagem de Escorregado na Praça da Liberdade para o período de carnaval de 2017) elaborado pelo setor técnico do Ministério Público em conjunto com a Polícia Militar informa que:

Apesar de não ter ocorrido uma intervenção direta na área da praça e nos prédios, tendo em vista que o mesmo se apoia somente em uma das faixas da pista de rolamento da avenida Brasil, e de ter sido mantida uma distância de 80 metros da praça, o público visitante e os que já participaram do evento, tendem-se a aglomerarem na Praça da Liberdade. Este público é estimado em aproximadamente 2400 pessoas por dia, conforme informado pela organização, e 4000 pessoas dias, conforme consta em sites de notícias sobre o evento, e se juntará com o público dos blocos que passarão pelo local. Esta aglomeração de pessoas poderá resultar em atos de vandalismos e depredação do patrimônio tombado existente no entorno, caso não sejam adotadas as medidas de proteção necessárias. Sendo assim, é necessária uma atenção especial dos organizadores do

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evento, com a área da Praça da Liberdade, situada no entorno imediato do escorregador. É necessário, minimamente:1. Apresentação das licenças concedidas pelos órgãos de proteção ao patrimônio cultural e dos demais órgãos envolvidos, conforme público real estimado.2. Proteção física dos elementos integrantes do conjunto protegido (prédios, monumentos e canteiros), 3. Instalação de lixeiras e banheiros químicos em número suficiente, 4. Comunicação efetiva através dos meios existentes (sons, panfletos, etc);5. Fiscalização.6. Limpeza e entrega do local nas mesmas condições em que foi entregue.

5.4. Às 16 horas desta tarde, o organizador do evento remeteu as informações constantes dos documentos anexos, em que afirmou que o total de ingressos distribuídos será de 6.400 (doc 14).

No entanto, a imprensa está noticiando amplamente que há um novo lote de 8000 ingressos a ser distribuído (doc. 5).

Destaque-se que, além de o número de participantes ser muito maior que o declarado, há que se considerar que, certamente, cada participante terá acompanhantes, além do público que assistirá o evento.

6. Nesse cenário, evidencia-se que os foliões e o(s) bem(ns) cultural(is) em questão está(ão) submetido(s) a grave risco, fazendo-se imprescindível a imediata intervenção do Poder Judiciário para preservação do patrimônio e da segurança do meio ambiente e da população que participará da festa de Carnaval.

Ainda, mostra-se cogente a futura reparação integral ao Patrimônio Cultural que porventura venha a ser atingido.

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II –EXPOSIÇÃO DO DIREITO

A) DO DEVER DO PODER PÚBLICO E DA COLETIVIDADE DE PRESERVAR O PATRIMÔNIO CULTURAL – ARCABOUÇO LEGAL – PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO

1. A Constituição Federal vigente assegura o direito de todos ao ordenamento urbano (art. 182), ao patrimônio cultural (art. 216) e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo dever do Poder Público e da coletividade defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (art. 225 da Constituição Federal).

2. Para consecução dessa missão, a Constituição afirma a competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para “proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas” (artigo 23, inciso VI).

3. Por sua vez, o Estatuto da Cidade estabelece como diretriz orientadora das políticas públicas municipais a “proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico” (art. 2º, XII). Prevê, ainda:

Art. 1º. Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei.Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.Art. 2º. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;

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b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infraestrutura urbana;d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente;e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização;f) a deterioração das áreas urbanizadas;g) a poluição e a degradação ambiental;

4. A seu turno, a Lei Complementar 140/11 estabelece:

Art. 9º São ações administrativas dos Municípios:I - executar e fazer cumprir, em âmbito municipal, as Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente e demais políticas nacionais e estaduais relacionadas à proteção do meio ambiente;II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;III - formular, executar e fazer cumprir a Política Municipal de Meio Ambiente;IV - promover, no Município, a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública federal, estadual e municipal, relacionados à proteção e à gestão ambiental;V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional, Estadual e Municipal de Meio Ambiente; (...)XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida ao Município;

5. No âmbito do Estado de Minas Gerais, a Constituição do Estado determina que:

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Art. 11 – É competência do Estado, comum à União e ao Município:I – zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;(...)III – proteger os documentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, paisagens naturais notáveis e sítios arqueológicos;IV – impedir a evasão, destruição e descaracterização de obra de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;(...)VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;(…)Art. 166 - O Município tem os seguintes objetivos prioritários:(...)V - estimular e difundir o ensino e a cultura, proteger o patrimônio cultural e histórico e o meio ambiente e combater a poluição;

6. Por sua vez, a Lei Estadual 11.726/94 (Lei da Política Cultural) dispõe:

Art. 2º - A política cultural do Estado compreende o conjunto de ações desenvolvidas pelo poder público na área cultural e tem como objetivos:I - criar condições para que todos exerçam seus direitos culturais e tenham acesso aos bens culturais; (...)III - proteger os bens que constituem o patrimônio cultural mineiro;IV - promover a conscientização da sociedade com vistas à preservação do patrimônio cultural mineiro;V - divulgar o patrimônio cultural mineiro.Art. 3º - Constituem patrimônio cultural mineiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente

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ou em conjunto, que contenham referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade mineira, entre os quais se incluem: (...)IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados a manifestações artístico-culturais;V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, espeleológico, paleontológico, ecológico e científico.

7. No que concerne especificamente ao Município de Belo Horizonte, a Lei Orgânica determina:

Art. 13 - É competência do Município, comum à União e ao Estado:(...)III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; (...)Art. 36 - Os bens imóveis públicos de interesse histórico, artístico ou culturalsomente podem ser utilizados por terceiros para finalidades culturais.

8. Pelo exposto, verifica-se que compete à toda a coletividade e ao Poder Público agirem de forma que o Patrimônio Cultural (Histórico, Turístico, Artístico etc) seja preservado, cabendo a este último a fiscalização, controle e reprimenda das atividades potencialmente degradadoras desses bens.Ações tendentes à degradação de bens culturais devem ser positivamente evitadas; apenas nos casos em que isso não for possível é que deve-se pensar em reparação integral.

Pertinentes, no caso, os ensinamentos de José Afonso da Silva1:

Deixamos expresso antes que o direito à cultura é um direito constitucional que exige uma ação positiva do Estado, cuja realização efetiva postula uma política

1 SILVA, José Afonso da. Ordenação Constitucional da Cultura. Malheiros Editores. São Paulo. 2001. P.207.

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cultural oficial. Aliás, pode-se mesmo afirmar que o primeiro fundamento e o primeiro fim da política cultural consistem em fazer efetivo aquele direito – o que significa que os Poderes Públicos hão de proporcionar as condições e os meios para o exercício desse direito. De fato, o Estado só poderá garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes da cultura nacional, apoiar e incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais, se desenvolver efetiva ação positiva visando a alcançar esses objetivos que lhe impõe a norma constitucional do art. 225.

9. Deve-se então trabalhar sempre com a perspectiva de evitar-se o dano; na impossibilidade, repará-lo. É o que Paulo Affonso Leme Machado sustenta:

O direito ambiental engloba as duas funções da responsabilidade civil objetiva: a função preventiva – procurando, por meios eficazes, evitar o dano – e a função reparadora – tentando reconstruir e/ou indenizar os prejuízos ocorridos. Não é social e ecologicamente adequado deixar-se de valorizar a responsabilidade preventiva, mesmo porque há danos ambientais irreversíveis.” (MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, 21ª edição. Editora Malheiros. São Paulo: 2013. pg. 409).

No caso dos autos, a prevenção – que, pelo arcabouço legal acima mencionado, é cogente – se dá especialmente por meio do estabelecimento de critérios para a realização de festas como o Carnaval, conforme se passa a expor:

B) NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÕES PRÉVIAS AO EVENTO DE CARNAVAL – PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO

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1. Diante da exigência de se evitar a ocorrência de danos, o condicionamento das atividades à licenças e autorizações, tem importante papel, conforme destaca Lúcia Reisewitz2:

A partir do momento que os bens culturais são considerados como bens coletivos relevantes para o direito, faz-se necessário que a administração pública, quer municipal, estadual ou federal, controle e reprima as atividades potencialmente degradadoras desses bens. Isso implica o controle da iniciativa privada e do poder público por meio de autorizações, licenças, vigilância, fiscalizações etc.O Poder Público tem o poder/dever de intervir na preservação dos bens culturais, cumprindo uma de suas funções, sob pena de ser omisso, de promover o desrespeito à norma jurídica. Estamos com PAULO AFFONSO LEME MACHADO, para quem “a intervenção estatal é obrigatória”. E ainda afirma que: “Em decorrência dessa intervenção, o próprio Poder Público haverá de se limitar, tombando seus próprios bens, e limitará os bens privados, dentro das fronteiras dessa mesma Carta. Importa ressaltar esse aspecto, decorrendo, portanto, que a fiscalização é gestão da política cultural nacional, estadual e municipal não são delegáveis à ação privada3.

2. No caso dos autos, no entanto, o REQUERIDO não está respeitando as normas protetivas, visto que não submeteu o evento carnavalesco ao crivo dos órgãos competentes, não respeitou os bens protegidos e seu entorno, nem adotou qualquer medida para mitigação dos danos que serão causados.

Se não, vejamos:

2 P.1243 p. 123

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B.1. Da ausência de planejamento e de sistema para prevenção de incêndio e pânico

1. Segundo consta dos autos, o REQUERIDO promoverá as festas de Carnaval em espaço destinado a uso coletivo, razão porque está obrigado pela Lei 14.130/2001 a elaborar e instalar sistema de prevenção e combate a incêndio e pânico.

Com efeito, estabelece o diploma legal em comento:

Art. 1º A prevenção e o combate a incêndio e pânico em edificação ou espaço destinado a uso coletivo no Estado serão feitos com a observância do disposto nesta lei.Parágrafo único. Consideram-se edificação ou espaço destinado a uso coletivo, para os fins desta lei, os edifícios ou espaços comerciais, industriais ou de prestação de serviços e os prédios de apartamentos residenciais.Art. 2º Para os fins do artigo 1º, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais CBMMG, no exercício da competência que lhe é atribuída no inciso I do art. 3º da Lei Complementar nº 54, de 13 de dezembro de 1999, desenvolverá as seguintes ações:I análise e aprovação do sistema de prevenção e combate a incêndio e pânico;II planejamento, coordenação e execução das atividades de vistoria de prevenção a incêndio e pânico nos locais de que trata esta lei;III estabelecimento de normas técnicas relativas à segurança das pessoas e seus bens contra incêndio ou qualquer tipo de catástrofe;IV aplicação de sanções administrativas nos casos previstos em lei.

Como se depreende do diploma legal estadual em comento, o REQUERIDO está obrigado a apresentar ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais o planejamento de seu evento e, dependendo da natureza do mesmo, projeto de prevenção e combate a incêndio e pânico elaborado por profissional habilitado e à submetê-lo a análise e aprovação.

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Não basta à segurança coletiva, portanto, ter o projeto aprovado e não implantá-lo. O passo seguinte e inafastável em termos de segurança é a implantação do planejamento, tal como aprovado.

Destarte, o decreto estadual 44.746/2008 que regulamenta a Lei 14.130/2001 dispõe que:

Art. 2º As exigências das medidas de segurança contra incêndio e pânico das edificações e áreas de risco devem ser cumpridas visando atender aos seguintes objetivos:I - proporcionar condições de segurança contra incêndio e pânico aos ocupantes das edificações e áreas de risco, possibilitando o abandono seguro e evitando perdas de vida;II - minimizar os riscos de eventual propagação do fogo para edificações e áreas adjacentes, reduzindo danos ao meio ambiente e patrimônio;III - proporcionar meios de controle e extinção do incêndio e pânico;IV - dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros Militar; eV - garantir as intervenções de socorros de urgência.

2. Minudenciando as exigências, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais emitiu a Instrução Técnica 35/2013, que tem por objetivo estabelecer os requisitos mínimos de segurança necessários para a realização de eventos temporários em áreas públicas ou privadas, edificadas ou não, visando à proteção da vida humana e do patrimônio quanto ao risco de incêndio e pânico.

A referida norma estabelece que o organizador da festa deverá planejar seu evento, com antecedência suficiente que permita sua regularização nos órgãos responsáveis e que garanta que o local destinado a receber os espectadores ofereça as condições mínimas de segurança contra incêndio e pânico. Ao organizador do evento caberá a adoção de todas as exigências necessárias, devendo contratar serviços técnicos profissionais específicos e garantir sua efetiva atuação durante o evento.

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Nos termos da Instrução, o planejamento do evento temporário deve ser efetivo e voltado, sobretudo, para a prevenção de sinistros, através de identificação, controle e eliminação dos riscos existentes. Para isso, visando a evitar a ocorrência de incidentes e sinistros, organizadores e profissionais envolvidos devem observar os seguintes passos no planejamento e em todas as fases do evento:

1º passo – Identificar os perigos associados às atividades ou características do evento. 2º passo – Identificar as pessoas que podem ser afetadas e como seriam afetadas. 3º passo – Identificar se há regras e precauções estabelecidas relativas àquela situação de perigo, como plano de intervenção, projeto técnico aprovado, procedimento operacional padrão, etc. 4º passo – Avaliar os riscos – mensurar a probabilidade de ocorrência do dano resultante do perigo identificado após a adoção das exigências previstas. 5º passo – Decidir quais as ações serão necessárias para eliminar o risco, como adequação do leiaute, retirada de fontes de ignição, remoção de material combustível, mudança de construção provisória, distância de segurança, etc.

A norma também estabelece que as características do evento também devem ser avaliadas no planejamento, pois podem interferir, de forma específica, em cada fase e ainda determinar tanto a classe de risco como as medidas de segurança exigidas, além dos procedimentos necessários para sua regularização. Devem ser avaliados, previamente, aspectos importantes do evento, tais como:

a) Finalidade. b) Público – Número estimativo de espectadores e sua concentração (densidade). c) Perfil de público – Faixa etária predominante, pessoas com deficiência, rivalidade, etc.

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d) Tipo de local – Ao ar livre, dentro de edificação, no interior de construção provisória. e) Capacidade de atendimento do município – Existência de hospitais, equipes de urgência e emergência, Corpo de Bombeiros Militar no município. f) Impacto no município – Relação entre o público do evento e a população local. g) Estruturas provisórias – Arquibancadas, palcos, camarotes, tendas. h) Riscos especiais – Espetáculo pirotécnico, gás liquefeito de petróleo (GLP), efeitos especiais. i) Período – Diurno e/ou noturno. j) Tempo de duração. k) Acomodação de público. l) Consumo de bebida alcoólica. m) Circunvizinhança – Espaço para dispersão de público, tráfego de veículos, etc. n) Condições climáticas.

No entanto, no caso dos autos, observa-se que o REQUERIDO não realizou estimativa correta de público e dimensão do evento, não contratou profissional habilitado, nem submeteu ao Corpo de Bombeiros um Projeto de Evento Temporário. Tampouco adotou medidas para garantir os requisitos mínimos de segurança necessários para a realização dos eventos de carnaval.

O REQUERIDO apresentou ao Corpo de Bombeiros Militar formulário para atendimento técnico mas com informações subestimadas sobre a magnitude do evento à Corporação, impossibilitando que a mesma pudesse fazer os apontamentos necessários à segurança da festa.

De fato, verifica-se que o REQUERIDO descreveu ao Centro de Atividades Técnicas do CBMMG que o evento contaria com público máximo de 800 pessoas por dia. Com esta informação, a Corporação considerou que o evento seria de baixo risco. Contudo, considerando que o evento terá na verdade, público de mais de 3.000 pessoas/dia, o evento apresenta, na verdade, risco médio, nos termos do item 5.3 da OT33, o que demandaria mais providências para segurança.

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Pelo exposto, o risco de danos à vida das pessoas que participarem das festas de carnaval e ao Patrimônio Cultural, impõe-se a intervenção do Poder Judiciário no sentido de impedir que a festa ocorra sem a necessária autorização do Corpo de Bombeiros do Estado de Minas Gerais.

B.2) Da ausência de autorização do órgão de proteção ao patrimônio cultural para realização do evento

No caso dos autos, verifica-se que o REQUERIDO não elaborou planejamento do evento ou o submeteu ao crivo dos órgãos estatais competentes, a fim de evitar-se ou mitigar-se danos

1. O Decreto nº 45.850/2011, que contém o estatuto do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA-MG, impõe ao órgão o dever de executar a política de preservação, promoção e proteção do patrimônio cultural, bem como de promover a adoção de medidas administrativas e judiciais para a preservação, conservação e proteção do patrimônio cultural, por meio de inventário, registro, tombamento, ações de salvaguarda e de vigilância e de outras formas de acautelamento.

Neste sentido, a Portaria IEPHA Nº 14/2012 estabelece que a realização de atividade ou evento em bem tombado ou inventariado pelo IEPHA/MG, ou nas áreas de seus respectivos entornos, depende de prévio licenciamento desta Fundação. Para a obtenção do licenciamento a entidade executora da atividade ou evento deve protocolar na sede do IEPHA/MG pedido de licenciamento com a documentação exigida, no prazo mínimo 20 (vinte) dias corridos antes da data do evento.

No caso dos autos, embora o REQUERIDO tenha solicitado – apenas no dia 22 de fevereiro de 2017 - autorização para realização do evento, consta dos autos que o mesmo informou o órgão competente que o público estimado seria de apenas 800 pessoas/dia.

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A informação é falsa, tendo em vista o divulgado no regulamento do evento e informações colhidas, no local, pela Polícia Militar de Meio Ambiente (doc de f.)

Desta feita, não se sabe se as estruturas a serem utilizadas e a própria ocorrência da festa respeitarão os bens culturais protegidos, os quais podem vir a ser danificados pela multidão que se aglomerará na Praça da Liberdade para participação no evento.

2. Ainda, no caso dos autos, o bem cultural é também protegido por meio de tombamento municipal.

Desta feita, pela lei municipal nº 3802, o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte é o órgão responsável pela proteção do patrimônio cultural de Belo Horizonte, sendo que ao mesmo competia analisar as estruturas e dimensões do evento, para garantir que não haja danos aos bens culturais.

A Lei Municipal nº 3.802/1984, que organiza a proteção do patrimônio cultural do Município de Belo Horizonte, é explícita ao estabelecer:

Art. 16 - As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum, ser destruídas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município, ser repassadas, pintadas ou ser touradas, sob pena de multa de 50% (cinqüenta por cento) do danocausado.Parágrafo único - Tratando-se de bens municipais, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá pessoalmente na multa.Art. 17 - Sem prévia autorização do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto, impondo-

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se neste caso multa de cinquenta por cento do valor do mesmo objeto.

No entanto, verifica-se que, no caso dos autos, o REQUERIDO não pediu autorização ao órgão competente para realização do evento.

De se ressaltar que a eventual concordância da Belotur não supre a necessidade da manifestação do órgão específico de proteção ao Patrimônio cultural, nos termos da legislação municipal.

Desta feita, não se sabe se as estruturas a serem utilizadas e a própria ocorrência da festa respeitarão devidamente os bens culturais protegidos, os quais podem vir a ser danificados pela multidão que participará do evento.

3. Por fim, necessário mencionar-se que a degradação do bem cultural protegido poderá trazer – além dos prejuízos ao meio ambiente cultural – prejuízos ao erário visto que o Município poderá deixar de pontuar para fins de obtenção do ICMS Cultural.

B.3) Da ausência de autorização dos órgãos municipais responsáveis pela segurança e urbanismo – Falta de estrutura mínima

A legislação Municipal - Lei nº 8616/2003, que contém o Código de Posturas do Município de Belo Horizonte, estabelece que:

Art. 6º A - É vedada a colocação de qualquer elemento que obstrua, total ou parcialmente, o logradouro público, exceto o mobiliário urbano que atenda às disposições desta Lei. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)(...)Art. 46 Com exceção dos usos de que trata o Capítulo II deste Título, o uso do logradouro público depende de prévio licenciamento.

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Art. 47 O Executivo somente expedirá o competente documento de licenciamento para uso do logradouro público se atendidas as exigências pertinentes.Parágrafo Único. Em caso de praça, a expedição do documento de licenciamento dependerá, adicionalmente, de parecer favorável do órgão responsável pela gestão ambiental.Art. 47 A - As licenças para utilização do logradouro público para afixação de engenho de publicidade, para colocação de mesa e cadeira e para utilização de toldo, entre outros, ficarão vinculadas ao Alvará de Localização e Funcionamento da atividade. (...)Art. 160 Poderá ser realizado evento em logradouro público, desde que atenda ao interesse público, devidamente demonstrado no processo de licenciamento respectivo.Parágrafo Único. Considera-se evento, para os fins deste Código, qualquer realização, sem caráter de permanência, de atividade recreativa, social, cultural, religiosa ou esportiva.

No caso em tela, verifica-se que o REQUERIDO não informou se obteve alvarás municipais de localização e funcionamento. Assim, inexiste qualquer controle quanto:

a) às condições de segurança da rede elétrica existente no(s) local(is) do evento / no trajeto do evento; b) existência de estruturas de infraestrutura mínima, como banheiros públicos em número suficiente ao público, pontos de atendimento médico etc; c) à regulação do impedimento do trânsito; etc.

Assim, não se sabe se a festa de Carnaval promovida pelo REQUERIDO contará com condições de segurança para o Patrimônio Cultural ou mesmo para a vida dos foliões.

Como dito, embora o IEPHA tenha informado, nesta tarde, que a Belotur disponibilizaria banheiros químicos e proteção dos monumentos, até

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a tarde de ontem não havia sido adotadas as providências necessárias neste sentido (doc. 06). A obrigação, contudo, é do REQUERIDO, sob orientação dos órgãos do Poder Público.

C) NECESSIDADE DE IMPEDIR A OCORRÊNCIA DE DANOS AMBIENTAIS E DE REPARAÇÃO INTEGRAL DOS DANOS INEVITÁVEIS

1. O Direito Ambiental trabalha com as peculiaridades referentes à matéria. Dentre elas está o caráter irreversível que os danos ambientais podem assumir. Assim, além da responsabilidade em se reparar danos efetivamente causados, deve ser considerada a exigência de se evitar a ocorrência de danos.

Assim, em caso de certeza do dano ambiental este deve ser prevenido, como preconiza o princípio da prevenção. Em caso de dúvida ou incerteza, também se deve agir prevenindo; a dúvida científica, expressa com argumentos razoáveis, não dispensa a precaução. Ambos princípios objetivam proporcionar meios para impedir que ocorra a degradação do meio ambiente, ou seja, são medidas que, essencialmente, buscam evitar a existência do risco.

As bases para a adoção do princípio da precaução e da prevenção na legislação brasileira foram estabelecidas com a aprovação da Lei nº 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente), que dispôs entre os seus objetivos: a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico e a preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente (art. 4º, I e VI). Em termos de ação concreta foi estabelecida a obrigatoriedade da “avaliação de impactos ambientais” (art. 9º, III).

2. Para que se possa evitar, controlar ou amenizar os danos ao Meio Ambiente Cultural é que existe a exigência de licenças / autorizações para realização de eventos em centros históricos e seu entorno.

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3. No caso em análise, o requerido pretende desenvolver atividades que causa riscos ao Meio Ambiente Cultural e Urbanístico.

A hipótese trata do dever de evitar danos futuros, em nítida aplicação do princípio da prevenção, o que é mais eficaz que a posterior imposição do dever objetivo de reparar os danos causados (princípio da reparação).

4. Lado outro, os danos que não forem impedidos devem ser inteiramente reparados, o que será pleiteado na Ação Civil Pública principal, a ser proposta no prazo legal.

De fato, a legislação ambiental brasileira é enfática ao disciplinar que cabe ao degradador/poluidor a obrigação de restaurar e/ou indenizar os prejuízos ambientais a que der causa.

Na perspectiva da reparação do dano ambiental (CRFB, art. 225, §3º), os seguintes preceitos constitucionais são diretamente relacionados ao tema. São eles: (a) a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), fundamento da República Federativa do Brasil; (b) equilíbrio do meio ambiente, essencial à sadia qualidade de vida (art. 225, caput); (c) preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais, com o manejo ecológico das espécies e ecossistemas (art. 225, §1º, I); (d) preservação da diversidade e integridade do patrimônio genético do País (art. 225, §1º, II); (e) proteção da flora e da fauna, com vedação de práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam animais a crueldade (art. 225, §1º, VII); e, (g) responsabilização civil, penal e administrativa pelo dano ambiental (art. 225, §3º).

Ademais, os objetivos da Lei 6.938/1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), interagem com os sobreditos princípios constitucionais, quais sejam: (a) preservar e recuperar a qualidade ambiental propícia à vida, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico e a proteção da dignidade da pessoa humana (art. 2º, caput); (b) proteger os ecossistemas, com a preservação de áreas representativas (art. 2º, IV); (c) recuperar áreas degradadas (art. 2º, VIII);

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(d) proteger áreas ameaçadas de degradação (art. 2º, IX); (e) compatibilizar desenvolvimento socioeconômico com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico (art. 4º, I); (f) preservar e restaurar os recursos ambientais, mediante sua utilização racional e disponibilidade permanente, tendo em vista a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida (art. 4º, VI); e, (g) impor, ao poluidor e ao predador, a obrigação de reparar e/ou indenizar os dados causados e, ao usuário, a contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos (art. 4º, VII).

Desta feita, a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal n.º 6.938/81) impõe a obrigação objetiva de reparar e indenizar danos ambientais, independente de qualquer consideração sobre dolo ou culpa (artigo 14, § 1º da Lei n° 6938/81).

Tal reparação deve ser integral, conforme preconizado pelo art. 225, §3º, da CF/88, com a) reparação in natura das áreas em que isso seja possível; b) compensação ambiental ou indenização, onde não for possível a reparação in natura; c) reparação dos danos ambientais intercorrentes; d) reparação dos danos morais coletivos.

Somente obedecendo-se todas essas etapas é que se poderá falar em reparação integral do dano. Do contrário, a busca da reparação será sempre parcial, sugerindo que o crime compensa. A completa reparação do dano, assim considerada, servirá de desestímulo para a prática de outras condutas degradadoras.

Neste caso, os danos ao meio ambiente cultural e valor da reparação serão devidamente apurados no aditamento desta Ação.

D) DO PERIGO DE DANO – NECESSIDADE DA TUTELA PROVISÓRIA EM CARÁTER ANTECEDENTE

No caso dos autos, mostra-se cogente o deferimento de pedido de TUTELA DE URGÊNCIA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE, nos termos do art 303 e seguintes do NCPC.

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1. Ao aplicar o ordenamento jurídico, o magistrado atenderá os fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade e eficiência.

A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, podendo o Juiz determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória (art. 300 do NCPC).

2. Para tanto, exige o Código de Processo Civil, no seu artigo 300, o preenchimento dos seguintes requisitos:

• Probabilidade do direito; • Fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;• Risco ao resultado útil do processo.

2.1. No presente caso, a probabilidade do direito advém das disposições constitucionais e infraconstitucionais que determinas a proteção ao Patrimônio Cultural, acima mencionadas.

2.2. Por seu turno, o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação está representado no fato de que, iniciadas as festividades carnavalescas em local e/ou com estruturas impróprias, será impossível evitar a degradação dos bens culturais locais ou de seu entorno.

Ademais, o dano é presumido em razão dos princípios do direito ambiental da precaução e da prevenção.

O perigo da demora em uma situação como esta eqüivale, nas palavras emprestadas de Jacson Correa,

além do respaldo à própria ilegalidade, a um verdadeiro estímulo à destruição da natureza, permitindo também que persistam as reiteradas agressões à saúde humana, provocando por si só a irreparabilidade do dano face a

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impossibilidade de mensurá-lo concreta suficientemente, uma vez que o meio ambiente sadio, e por conta disso toda a natureza representam um patrimônio que pertence a todos, indistintamente. (Revista de Direito Ambiental - Ed. Revista dos Tribunais nº 1 - pág. 277)

No mesmo sentido, Paulo Affonso Leme Machado:

Os danos causados ao meio ambiente encontram grande dificuldade de serem reparados. É a saúde do homem e a sobrevivência das espécies da fauna e da flora que indicam a necessidade de prevenir e evitar o dano (MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 11ª Edição, Revista, Atualizada em Ampliada. Malheiros: São Paulo, 2003. pg 331)

3. Cabível, portanto, a medida liminar, pois a suspensão imediata da conduta lesiva ao meio ambiente que será praticada pelo REQUERIDO, com a proibição da continuidade da realização das festas de Carnaval é a única forma real de se garantir a não ocorrência de danos ambientais.

4. Por isso, requer o Ministério Público que concedida a tutela antecipada em caráter antecedente liminar determinado ao REQUERIDO:

a) que se abstenha de promover a festa no entorno de Bens Culturais protegidos, sem as prévias autorizações de todos os órgãos Municipais (Secretaria de Posturas Municipais e Conselho Deliberativo de Proteção ao Patrimônio Cultural de Belo Horizonte), Estaduais (IEPHA) e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais, concedidas com base nos dados reais do evento.

b) deferido o pedido anterior, requer seja determinado ao REQUERIDO que anuncie o cancelamento do Evento pelas mesmas formas de publicidade utilizadas para sua divulgação, bem como que entre em contato com cada uma das pessoas que obteve ingresso/voucher para evento;

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c) seja determinado ao REQUERIDO que pratique todos os atos necessários ao desfazimento da organização do evento, em sendo o caso.

Subsidiariamente, o Ministério Público pede seja determinado ao REQUERIDO que limite o público do Evento “Skolrrega” ao número de pessoas autorizado pelos órgãos de proteção (800 pessoas por dia). Neste caso, pede que seja determinado ao REQUERIDO que entre informe aos convidados excedentes sobre a impossibilidade de participação no evento, entrado em contato com cada uma das pessoas que obteve ingresso/voucher para evento, bem como pelas mesmas formas de publicidade utilizadas para sua divulgação.

O Ministério Público pede seja fixada multa diária no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) no caso de descumprimento das decisões de deferimento do pedido anterior, bem como de seus prazos, revertendo os valores cobrados ao Fundo Estadual do Ministério Público – FUNEMP (conta-corrente 6167-0 da agência 1615-2 do Banco do Brasil).

III - DOS PEDIDOS

Isto posto, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais, nos termos previstos no artigo 129, III, da Constituição Federal e artigo 5º, da Lei Federal nº. 7.347/85 dentre outros dispositivos, vem requerer:

a) seja concedida a confirmada a tutela antecipada, em caráter antecedente, de forma liminar para determinar ao requerido:

1. que se abstenha de promover a festa no entorno de Bens Culturais protegidos, sem as prévias autorizações dos órgãos Municipais (Secretaria de Posturas Municipais e Conselho Deliberativo de Proteção ao Patrimônio Cultural de Belo Horizonte), Estaduais (IEPHA) e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais, concedidas com base nos dados reais do evento, ou em desacordo com as autorizações concedidas.

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2. deferido o pedido anterior, requer seja determinado ao REQUERIDO que anuncie o cancelamento do Evento pelas mesmas formas de publicidade utilizadas para sua divulgação, bem como que entre em contato com cada uma das pessoas que obteve ingresso/voucher para evento;

3. seja determinado ao REQUERIDO que pratique todos os atos necessários ao desfazimento da organização do evento, em sendo o caso.

Subsidiariamente, o Ministério Público pede seja determinado ao REQUERIDO que limite o público do Evento “Skolrrega” ao número de pessoas autorizado pelos órgãos de proteção (800 pessoas por dia). Neste caso, pede que seja determinado ao REQUERIDO que entre informe aos convidados excedentes sobre a impossibilidade de participação no evento, entrado em contato com cada uma das pessoas que obteve ingresso/voucher para evento, bem como pelas mesmas formas de publicidade utilizadas para sua divulgação.

O Ministério Público pede seja fixada multa diária no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) no caso de descumprimento das decisões de deferimento do pedido anterior, bem como de seus prazos, revertendo os valores cobrados ao Fundo Estadual do Ministério Público – FUNEMP (conta-corrente 6167-0 da agência 1615-2 do Banco do Brasil).

b) A intimação pessoal do REQUERIDO sobre a concessão da presente tutela provisória de urgência, para, querendo, recorrer sob pena de sua estabilização, nos termos do artigo 304 c/c 303, parágrafo 6º do NCPC.

c) Citação do REQUERIDO e intimação para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 334 ou, não desejando autocomposição, para apresentação de contestação no prazo fixado;

d) Com a concessão da tutela pleiteada, requer-se o prazo de 15 (quinze) dias ou outro maior que V.Exa determinar, para aditar a inicial, com a complementação da argumentação, a juntada de novos documentos e

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a confirmação do pedido de tutela final, nos termos do art. 303, parágrafo 1º, I, do NCPC;

e) A dispensa do pagamento de custas, emolumentos e outros encargos, desde logo, à vista do disposto nos artigos 18 e 21 da Lei 7.347/1985 e no artigo 87 do Código de Defesa do Consumidor.

e) A intimação pessoal do Ministério Público do Estado de Minas Gerais de todos os atos e termos processuais, nos termos do art. 41, inc. IV, da Lei 8.625/1993 e do art. 180 c/c 183, §1o, do CPC.

Provará o alegado por todos os meios de prova legalmente admitidos, notadamente documental, pericial (a ser custeada pelo poluidor) e testemunhal.

Atribui-se à causa o valor de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais).

Belo Horizonte – MG, 24 de fevereiro de 2017.

Lílian M. F. Marotta MoreiraPromotor de Justiça

Curadora do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte

Giselle Ribeiro de OliveiraPromotora de Justiça

Coordenadora das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio

Cultural

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