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EXODO - DO FÍSICO AO ESPIRITUAL As pessoas nesse mundo são todas pessoas comuns. Mas para um persa chamado Abram (e mais tarde, Abraham), o Criador Se revelou, e essa revelação o fez especial. Ele tornou-se um “Yehudi” (judeu), da palavra “Yechudi” (único), pois ele e o Criador tornaram-se um. Quem, então, é esse Abraham? Ele é um homem que foi dotado com uma centelha espiritual, uma sensação do Criador. Mas se não fosse por isso, ele seria uma pessoa comum. Não há santidade em nenhum órgão de nosso corpo. Por isso, não importa se um coração deficiente é substituído por um coração humano, ou pelo coração de um porco. Nossos órgãos são tão materiais quanto os dos animais. Eles não são sagrados, não são conectados com o Criador. Não há diferença entre um judeu e um gentio, além da centelha do Criador que se encontra no judeu. Isso significa que se essa centelha existe no coração de uma pessoa, essa pessoa é chamada judia. Se essa centelha desaparece, o judeu torna-se gentio. Esta, porém, é uma situação impossível, porque a santidade sempre aumenta, nunca diminui. Esta é uma lei espiritual, pela qual todas as coisas são aproximadas do Criador. O êxodo para o mundo espiritual é um processo lento. Primeiro, o homem é cativo dos desejos deste mundo. Gradualmente, ele compreende a falta de propósito de sua existência física, pois se não houvesse aquela centelha, o homem seria apenas mais um no moinho. Está escrito na Haggadah: “Primeiro, nossos pais serviram a deuses estranhos”. Servir a um deus estranho (paganismo) é um estado possível somente se a pessoa tiver feito contato com o Criador, tenha-se tornado consciente da oposição entre seus atributos e os atributos do Criador, e tenha escolhido agir contra a vontade do Criador. Assim, o paganismo já é um certo grau de consciência, de capacidade de operar além da natureza que foi dada à pessoa com o nascimento. De fato nossos pais serviram a deuses estranhos, mas então o Criador Se revelou a eles, e a luz que veio com esse processo foi aceita como uma ordem de migrar da Mesopotâmia para a Terra de Israel. Assim nós vemos que neste mundo também, a pessoa se move de um lugar para outro, seguindo seu desejo interno, seu coração. Os Cabalistas escrevem que nós podemos viver na Terra de Israel, desde que encontremos seu nível espiritual. De outro modo,

EXODO - KABALLAH

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uma analise do livro de exodo a luz da cabala

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EXODO - DO FÍSICO AO ESPIRITUAL

As pessoas nesse mundo são todas pessoas comuns. Mas para um persa chamado Abram (e mais tarde, Abraham), o Criador Se revelou, e essa revelação o fez especial. Ele tornou-se um “Yehudi” (judeu), da palavra “Yechudi” (único), pois ele e o Criador tornaram-se um. Quem, então, é esse Abraham? Ele é um homem que foi dotado com uma centelha espiritual, uma sensação do Criador. Mas se não fosse por isso, ele seria uma pessoa comum.

Não há santidade em nenhum órgão de nosso corpo. Por isso, não importa se um coração deficiente é substituído por um coração humano, ou pelo coração de um porco. Nossos órgãos são tão materiais quanto os dos animais. Eles não são sagrados, não são conectados com o Criador.

Não há diferença entre um judeu e um gentio, além da centelha do Criador que se encontra no judeu. Isso significa que se essa centelha existe no coração de uma pessoa, essa pessoa é chamada judia. Se essa centelha desaparece, o judeu torna-se gentio. Esta, porém, é uma situação impossível, porque a santidade sempre aumenta, nunca diminui. Esta é uma lei espiritual, pela qual todas as coisas são aproximadas do Criador.

O êxodo para o mundo espiritual é um processo lento. Primeiro, o homem é cativo dos desejos deste mundo. Gradualmente, ele compreende a falta de propósito de sua existência física, pois se não houvesse aquela centelha, o homem seria apenas mais um no moinho.

Está escrito na Haggadah: “Primeiro, nossos pais serviram a deuses estranhos”. Servir a um deus estranho (paganismo) é um estado possível somente se a pessoa tiver feito contato com o Criador, tenha-se tornado consciente da oposição entre seus atributos e os atributos do Criador, e tenha escolhido agir contra a vontade do Criador. Assim, o paganismo já é um certo grau de consciência, de capacidade de operar além da natureza que foi dada à pessoa com o nascimento.

De fato nossos pais serviram a deuses estranhos, mas então o Criador Se revelou a eles, e a luz que veio com esse processo foi aceita como uma ordem de migrar da Mesopotâmia para a Terra de Israel. Assim nós vemos que neste mundo também, a pessoa se move de um lugar para outro, seguindo seu desejo interno, seu coração.

Os Cabalistas escrevem que nós podemos viver na Terra de Israel, desde que encontremos seu nível espiritual. De outro modo, estaríamos exilados aqui assim como antes. O Criador trouxe nossos corpos de volta, mas permanece nosso dever fazer o retorno interior para o estado espiritual chamado a Terra de Israel, e sermos merecedores dessa terra, que é tudo o que precisamos!

Abraham, o Patriarca, é um testemunho disto. Uma vez que ele tornou-se judeu, Deus disse a ele: “Saia de seu país, e de sua família, e da casa de seu pai, para a terra que Eu lhe mostrarei”. E Abraham moveu-se (interiormente) para a Terra de Israel: ele começou a desenvolver vasos espirituais, vasos de doação.

Mas para atingir a unidade com o Criador, é necessário mais do que a capacidade de doar (de doar por doar); é necessária a capacidade de receber

para doar, através dos vasos de recepção, corrigidos pela intenção de doar ao Criador. Mas onde a pessoa encontrará esses vasos, esses desejos? Quando a pessoa está na Terra de Israel, e deseja doar ao Criador, descobre que não há nada para dar a Ele, e torna-se faminta, faminta por doação.

Então a pessoa se exila no Egito. Mas por quê, para quê? Porque a renúncia aos nossos desejos de receber é contrária à nossa própria natureza, à natureza humana. De fato ninguém pode compreender isto. Nenhum outro método além da Cabala usa isto, porque esse ato se opõe à natureza humana. Todos os outros métodos têm origem na nossa natureza inata, e objetivam tornar nossa vida confortável, agradável, todos exceto a Cabala, que foi outorgada a Abraham com a sublime revelação do Criador.

Havia realmente muito trabalho no Egito?

Como se disse, o homem está confuso, faminto (tanto física quando espiritualmente). Os objetivos materiais tomam precedência, de modo que a pessoa possa compreender o quanto o espírito é superior à matéria. Recebe-se delícia espiritual em atos materiais. Mas o verdadeiro sabor do prazer material permanece apenas para os sábios (aqueles que aspiram à sabedoria, que ascendem ao espírito para viver verdadeiros desejos), pois são eles que devem confrontar os maiores prazeres.

Quando a pessoa progride em seus estudos, passa a ver a si mesma como mais e mais corrupta. Desejos ainda piores despertam nela. Precisamente isto é o exílio para o Egito, quando aquele que aspira subir a escada para o espiritual cai sob o domínio do desejo de receber.

É por isso que foi dito que os irmãos de José o visitaram no Egito em segredo. O exílio para o Egito acontece quando a pessoa perde os seus vasos de doação, quando eles caem no domínio dos vasos de recepção. Esse estado permanece por um período, durante a progressão da pessoa em espiritualidade.

Quando a pessoa começa a estudar, está em alto espírito, sem preocupações. Mas após alguns meses as coisas mudam. A espiritualidade não é mais tão atraente quanto antes, distúrbios materiais aparecem e a pessoa sente que nunca verá as portas dos Céus se abrirem.

Por que isso acontece?

Porque os vasos de recepção precisam ser desenvolvidos, uma tela (massach) deve ser adquirida e estendida contra os desejos do Egito. Na verdade, a pessoa possui os seus vasos de doação, mas eles estão ocultos. Quando o trabalho no Egito começa, a pessoa anseia por espiritualidade, mas quanto mais ela anseie por isso, mais ela vê que é inatingível.

O período da “escravidão no Egito” dura enquanto a pessoa sente que é realmente escrava, até que venha um novo rei, que não conheça Josef. A pessoa sente que seu Faraó interno a domina, e a conduz contra o Criador.

Mas se o desejo de receber permite-me ter prazer, o que está errado nisto? Como esse domínio poderia ser prejudicial a mim?

Se eu quero algo mais que a satisfação dos desejos, por exemplo, se eu quero ter contato com o Criador, mas compreendo que todos os prazeres materiais

me distanciam Dele, começo a percebê-los como um obstáculo, como algo mau que opera contra mim.

Então, começa uma batalha interior. Começo a imaginar se esse “Eu” é aquele que deseja aderir ao Criador, ou se “Eu” é aquele que procura prazeres materiais. Quem, então, é o meu “Eu”?

Eclode uma guerra entre ambos os desejos: de um lado Moisés e Aaron e do outro, o Faraó. Não é possível prever quem vencerá quem, porque os magos do Faraó fazem os mesmos milagres que o Criador. Assim, só é possível escapar do domínio da natureza após o Criador ter batido dez vezes (as 10 pragas do Egito).

Para que meu “Eu” neutro sinta de onde vem a luz, ele precisa sentir os dez golpes – assim como o Faraó dentro de mim, que se opõe ao Criador – de modo que eu possa me destacar dele, e atingir um estado em que o próprio Faraó dirá: “Vá! Você me trouxe dor demais!”

Os dez golpes mostram ao homem que o domínio do Faraó é uma coisa odiosa, intolerável. Então o próprio homem deseja escapar desse domínio. Quer, mas não pode! Assim, para ter sucesso em escapar do Faraó, são necessárias certas condições externas. É preciso haver pressa, ocultamento e a escuridão da noite.

Somente então o homem pode reunir seus desejos de doação, separá-los de seu próprio desejo de receber e esconder-se deles. A escapada acontece à noite, quando a luz espiritual está fora. É preciso fé acima da razão, indo contra seu próprio julgamento, para escapar de sua natureza.

Diz-se: “Se você laborou e encontrou, então acredite”. Isso significa que a pessoa executou muito trabalho para que o Criador se revelasse, mas não sabe se esse trabalho é suficiente para sair deste mundo e entrar no mundo superior. A saída de nossa própria natureza é um evento súbito.

O homem não tem controle sobre esse processo, ele simplesmente acontece! Ele anda sobre a terra, entre as muralhas do Mar Vermelho, a barreira, e entra... em um deserto. Então, o que ele ganhou com isso? O homem entra no Egito com uma centelha do Criador, com um anseio pelo espírito, e sai com vasos vazios de recepção – a sensação de um deserto.

Foi dito que Israel partiu com “jóias de prata, e jóias de ouro e outros ornamentos”. Isso significa que o homem agora tem desejos corruptos de receber e precisa começar a trabalhar com eles e corrigi-los. Pois enquanto esses vasos pertençam ao Egito, eles lhe darão somente a sensação de escuridão, de um deserto. Mas quando ele os corrige e os usa corretamente, através deles o homem receberá a luz superior.

Então o homem entra no deserto. Ele ainda não está na Terra de Israel. Agora ele precisa da luz para distinguir o quanto cada atributo merece ser usado em sua progressão para o mundo espiritual. A recepção dessa luz é chamada a “recepção da Torah”.

Uma pessoa que saia deste mundo para o mundo espiritual, começa a trabalhar em três linhas: uma à esquerda, uma à direita e uma intermediária. Precisamos compreender que não somos nós que fazemos o trabalho, é o Criador, é trabalho de Deus. Precisamos aceitar Seu trabalho sobre nós! Tudo foi criado

em seu estado perfeito, mas a criatura somente pode acessar a perfeição, desde seu oposto. É por isso que o homem precisa experimentar todos os estados imperfeitos. O trabalho do homem é um processo de auto-conhecimento; conhecimento do trabalho que o Criador está fazendo sobre ele.

Há um mundo e dentro dele há uma alma. O contato com o Criador é composto de três partes: Olam (um mundo), Shanah (um ano), e Neshamah (uma alma). Shanah é a extensão do contato entre Olam e Neshamah. A palavra Olam tem origem na palavra He’elem (ocultamento). Isso significa que Olam é a extensão do ocultamento do Criador.

É possível atingir resultados espirituais cumprindo atos físicos?

Tudo o que o homem faz, é porque quer. A pedra também, que não tem movimento, quer manter sua forma. A planta quer crescer. Ela anseia pela luz e cresce em direção a ela.

O desejo do homem sempre se expressa em um certo ato. É por isso que cada movimento que cada animal faz é exatamente o movimento que ele precisa fazer.

Embora cada desejo seja expresso no exterior, o homem não está sempre consciente de seus desejos. Do exterior, não se pode compreender o propósito dos atos de outro. É por isso que a ciência que estuda as intenções é chamada “A Sabedoria do Oculto” – pois ninguém sabe o que está em nosso coração, freqüentemente, nem nós mesmos. Mas como sempre, a forma externa indica o desejo interno.

Nós ainda não estamos nos mundos espirituais e não podemos trazer outras almas para nossa tela. Assim, nesse intervalo, nosso trabalho é principalmente no nível deste mundo, difundindo a sabedoria da Cabala. Esse ato é totalmente espiritual. Através dele, ajuda-se outros a que se juntem a esse caminho, através de atos físicos; a pessoa ajuda a difundir espiritualidade neste mundo.

Autor: Rabbi Michael Laitman

1. PERCEBENDO OS DESEJOS

Como pode uma pessoa perceber o desejo? Para uma pessoa saber o que quer, é preciso primeiro provar, porque a prova deixa uma percepção ou gosto agradável. A satisfação foi sentida e agora se foi, deixando a vontade de sentir novamente. É disto que o verdadeiro Kli deve consistir. Ou seja, a luz no passado o preencheu completamente e o Kli sentiu a força total na sensação da presença da luz. Então a luz desapareceu e o Kli aspira com toda a paixão, voltar a sentir o prazer da luz novamente.

Agora, veremos como a alma é construída e a razão porque nós precisamos trabalhá-la. A alma é a única coisa criada. Através de seus cinco filtros, ela recebe dentro de si sensações visuais, auditivas, olfatórias, gustativas e tácteis. O suporte por trás destes cinco orgãos sensoriais é similar a um programa de computador. Ele traduz o que está no exterior em uma linguagem que nós possamos entender, ou seja, prazer ou dor. Percebemos quando algo é bom ou máu no ponto mais central de nossa alma.

Se o computador está executando um programa natural, este programa é projetado para satisfazer a tomada egoista do bom e do máu. Se estiver executando um programa altruísta então a noção de bom ou máu não é avaliada em relação a si próprio mas sim em relação ao que está do lado de fora, e isto é a luz ou o Criador.

Agora podemos ver que existem duas opções de programa para as avaliações e escolhas da alma:

1. a) egoísta, para seu próprio benefício

2. b) altruísta, para benefício do Criador

Enfim, além do Criador e a criação, ou da luz/prazer ou do desejo/vaso, nada mais existe no universo.

No processo natural, a pessoa nasce com o programa egoísta. Assim uma imagem reversa é impressa ou projetada egoìsticamente no fundo de nossa consciência ou cérebro. Esta imagem é chamada "Nosso Mundo".

Nós não percebemos nada além da luz. Entretanto, se a luz passa pelo processo egoísta, ela se manifesta em nós como o "Nosso Mundo". Nosso desejo egoista executa seu processamento, adicionando obstáculos pela seleção de tudo o que é bom e descartando tudo o que é máu. Este é o programa de auto preservação do organismo, e se não o tivéssemos, nossa visão do mundo seria completamente diferente. Sem ele, as imagens seriam impressas na frente da alma e revelariam para a pessoa, tudo o que existe no exterior de um modo objetivo, ao invés do que percebemos em nosso interior, de forma subjetiva e para o nosso próprio benefício. O que está no exterior é chamado de "a luz" ou "O Criador".

Para reprogramar o computador do modo egoísta para o modo altruísta, existe a Ciência da Cabala, a qual nos ajuda a receber a imagem externa genuína, sem a capa do egoísmo. Seremos capazes de sentir o verdadeiro universo que existe em nosso exterior. Este estado é chamado de "unificação com a luz", quando não há obstáculos entre a alma e a luz.

Isto é ligeiramente similar ao que acontece quando uma pessoa se encontra no estado de morte clínica e foi parcialmente separada do corpo egoista (ou do organismo animal). Ela vê a luz na sua frente e se sente atraída para ela mas é impedida de alcançá-la porque ainda não se libertou do egoismo espiritual. Como uma pessoa só consegue se libertar dele junto com o egoismo animal do corpo, todo o trabalho ocupa uma existência inteira ou diversas vidas no corpo animal.

Podemos nos libertar fàcilmente do egoismo espiritual se soubermos quais obstáculos o egoismo adiciona ao nosso computador interno. Todas as informações passam por cinco filtros, chamados de "as cinco partes de malchut", ou "cinco partes do egoismo dominante". Estes cinco canais processam todas as informações recebidas do exterior, convertendo-as em informações que satisfazem o egoismo, separando o que é bom para o egoismo do que é máu. Todos os sinais passam por uma largura específica de filtros (Aviut), que varia de pessoa para pessoa.

Quanto mais reincarnações a nossa alma atravessa, maior se torna o Aviut. Significa que a pessoa se torna menos refinada, mais orientada aos objetivos e mais preparada para a correção. Por outro lado, aquelas cujo egoismo é menos desenvolvido não tem muitas exigências, se satisfazem com pouco. Assim, um grande egoista está pronto para a correção porque sente uma maior necessidade de ser preenchido com a luz.

Como surge a necessidade de corrigir o programa do computador? Ela aparece quando o desenvolvimento do Aviut na pessoa alcança o seu máximo. Isto acontece depois de muitas reincarnações ou vidas em nosso mundo. Não apenas na vida humana, mas também nos animais, plantas e na natureza inanimada. Toda a natureza, com exceção do homem, ascende com ele e depende de seu estado.

Quando o Aviut de uma pessoa atinge seu valor máximo, ele ocasiona uma diferença máxima entre a luz e a imagem que ela percebe. Isto resulta na ativação de um interruptor interno, dando à pessoa a sensação de que agora e no futuro não pode mais se satisfazer com nada.

Quando este sinal ocorre, a pessoa para de procurar algo dentro de si mesma ou por trás de sua alma e passa a querer perceber o exterior. Busca em várias filosofias ou metodologias até que finalmente encontra a Cabala. É então especìficamente que ela se torna capaz de encontrar aquilo que procurava há tanto tempo.

A Cabala é a metodologia que transforma estes filtros. Ela não os remove mas apenas os reconstróe ou os sintoniza desde a intenção egoista de receber prazer para si mesmo até a intenção altruística de doar prazer. Mais precisamente, a intenção altruística de receber prazer com o objetivo de doar, já que tudo é relativo ao Criador. Ou seja, nós não possuímos nada para doar para Ele exceto receber prazer em Seu benefício.

Desta maneira, os mesmos filtros podem ser usados para receber, mas apenas em benefício da luz ou do Criador. Assim, a informação que vem do exterior não será distorcida de nenhum modo. Ao contrário, ela aparecerá exatamente como existe na realidade, ou no exterior. Quando isto acontece, todo o programa da criação chega ao fim, já que agora o programa nos permite existir sem nenhum obstáculo do nosso "ego". Isto é, existir, perceber e viver no universo genuíno. Todos os prazeres do nosso mundo, que a humanidade percebeu e perceberá no futuro equivalem a apenas 1/600.000 do prazer contido na menor luz possível (Nefesh).

Quando uma única alma é corrigida, ela recebe a luz, integralmente e sem limites, e se coloca à frente de todas as almas. Ela observa tudo até que a informação ou prazer atinja todas as demais almas.

O Aviut é incluido na primeira aparição ou encarnação da pessoa neste mundo. Entretanto, a Cabala pode desenvolvê-lo em grandes proporções, abreviando o número de vidas ou reincarnações. Isto é, ela pode acelerar o processo de amadurecimento da pessoa para a assimilação do domínio espiritual.

O sofrimento humano é a expressão externa do que está faltando. O sofrimento não desaparece, mas a Cabala substitue o sofrimento animal pelo espiritual. Este é o sofrimento decorrente da ausência da percepção espiritual. Esta mudança qualitativa do sofrimento leva à reconstrução do Kli interno ou da alma. A percepção da luz se desenvolve em correspondência com a aspiração. O resultado é que tudo que levava gerações para se realizar, agora acontece em alguns anos.

Você pode perguntar: "Por que algumas vezes é impossível perguntar ou formular uma pergunta?" Isto acontece porque a pessoa não é capaz de sentir dentro de si o que estamos falando. Nada lhe foi ainda revelado, logo ela não responde ao que está ouvindo.

A estrutura da alma é a seguinte: A luz que emana do Criador, cria o desejo de receber prazer. Este desejo é chamado deMalchut. Antes do Malchut, a luz passa por nove estágios a medida em que vai se transformando, até que seja capaz de criarMalchut. Os nove estágios pelos quais a luz passa são chamados Keter, Chochma, Bina, Chesed, Gvura, Tifferet, Netzah, Hod e Yesod. Só então ela cria o último estágio, o Malchut. Os seis estágios desde Hesed até Yesod são chamados Zeir Anpin.

No total existem dez Sefirot (estágios), que são: nove níveis da luz mais um que é o Malchut, o desejo de receber. Malchut é a alma da criação real, que sente que deseja receber prazer da luz. Malchut começa a receber a luz e com ela as suas propriedades. Mesmo em nosso mundo, sabemos que qualquer influência sobre nós cria sua própria reflexão em nosso interior. A mesma coisa acontece com Malchut quando ele recebe a luz das nove Sefirot superiores.

Vemos que uma única estrutura egoísta, Malchut, adquiriu da luz, mais nove atributos altruístas adicionais, ao receber a luz dos nove Sefirot da luz. A informação externa da luz não sofre nenhuma distorção ao passar pelos nove atributos altruístas doMalchut, pois não existem barreiras egoístas. Esta luz apenas diminue. Ela se reduz para que a alma fique òtimamente preenchida, evitando uma sobrecarga que causaria sofrimento.

Entretanto, há uma parte a mais em Malchut que recebeu os atributos altruísticos da luz e se tornou equivalente a ela em seu desejo de doar, que não é a décima parte. Há ainda uma parte adicional em Malchut que é completamente incapaz de perceber os atributos da luz e por isto não pode mudar. Esta parte é chamada "Lev a-Even” ou “o coração de pedra.

Nosso trabalho consiste em deixar esta parte para trás, chamada nosso "Eu"; parar o trabalho porque ela será sempre egoísta, até o fim da correção e a chegada do Mashiach. Por isto é necessário efetuar uma restrição (Tzimtzum Alef) nesta parte doMalchut; Ou seja, não usá-la de modo algum.

Malchut, ou o décimo Sefira (estágio), é a parte de Malchut que recebeu os atributos da luz e foi capaz de sentir os atributos da luz que o preencheram. Assim sendo, ele é capaz de se transformar - ele deve mudar gradualmente e passar a agir da mesma maneira que a luz. Para conduzir efetivamente os atributos da luz para o Malchut, é necessária uma ação denominada “Shvira”,

significando a quebra ou o golpe. Como consequência desta ação, os atributos dos primeiros nove Sefirot penetram no Malchut.

Mas não basta apenas entender que os atributos da luz e do Malchut são opostos entre si. O Malchut tem que agir do mesmo modo que a luz; ele precisa se tornar equivalente aos nove Sefirot. Entretanto, como ele pode fazer isto se a luz não penetra em seu interior? Para alcançar este objetivo, acontece a quebra (Shvirat) do Kelim, ou a quebra dos desejos. Isto é conseguido pelo "golpe da luz", que atravessa todos os nove Sefirot e penetra em Malchut. Agora, Malchut fica misturado e entrelaçado com todos os nove Sefirot. Isto é chamado “Shvirat HaKelim” ou a queda pecaminosa.

Depois de acontecer o Shvirat Kelim, quatro tipos de desejos são formados. Eles são:

1. a) os desejos altruísticos puros que estavam nos nove Sefirot

2. b) os desejos altruísticos que se misturaram aos desejos egoistas

3. c) os desejos egoistas que se misturaram aos desejos altruísticos

4. d) os desejos egoistas puros

Assim, dois tipos de desejos, o altruístico puro e o egoista puro, tendo caído durante a Shvirat Kelim e se misturado entre si, criaram mais dois tipos de desejos mistos.

Somente agora se tornou possível criar uma alma na qual o Malchut é corrigido da mesma forma que os nove primeiros Sefirot. Isto porque qualquer desejo egoista agora tem uma faisca de altruismo. Com isto, um tipo especial de força é necessária, a força da correção. Esta força faz com que cada faisca de altruismo se torne a parte preponderante do desejo, capaz de corrigir inteiramente o desejo egoista.

Como isto acontece? Tomemos um livro sobre a Cabala, escrito por um Cabalista que já tenha se corrigido em correpondência com a luz. Quando uma pessoa lê este tipo de livro, o que ocorre é a transmissão das instruções de como construir o seu Kliinterno em correspondência com a luz. Lendo este livro, mesmo sem a completa compreensão do texto, nós atraimos para nós a luz circundante, a qual gradualmente limpa e corrige nossos desejos.

Estudar sob a supervisão de um professor-Cabalista, junto a um grupo de pessoas que buscam atingir o objetivo da criação ou a equivalência com o Criador, é altamente efetivo!

Estudando a Cabala também encontramos a explicação sobre a ordem em que as partes de nossa alma serão corrigidas, se dirigirmos nosso desejo de acordo com os desejos corrigidos do Cabalista que escreveu o livro.

Na medida em que a pessoa se corrige, ela começa a sentir gradualmente que seus desejos estão partidos. Aprende a diferenciá-los, classificá-los de acordo

com a qualidade e quantidade, combiná-los em determinada ordem e agrupá-los. O caminho é longo mas é especial e interessante. A pessoa começa a comprender novos atributos em si mesma, percebendo que ela é a criação e se tornando consciente de sua ligação com o Criador e as demais partes do universo. O que acontece é o entendimento de como todo o nosso sistema externo é construido e como funciona a governança superior.

O objetivo do Criador para nós é em primeiro lugar começar a assumir o contrôle sobre nós mesmos e então sobre todo o mundo, substituindo assim o Criador. Em nosso mundo seguimos manifestações particulares da luz como o prazer que recebemos do conhecimento, poder, sexo, comida e crianças.

Quando a luz chega e nos preenche completa e ilimitadamente, ela é imediatamente percebida como perfeição e prazer. Não restam mais desejos na pessoa. O processo de absorção é gradual e é chamado de “Sulam” ou "escada". Baal HaSulam escreveu sobre isto e é assim chamado em homenagem ao sistema de ascenção espiritual que desenvolveu, chamado "Sulam" em seus comentários ao "Livro do Zohar.

O Criador criou uma alma coletiva chamada Adam, que se partiu em 600.000 partes, cada uma consistindo de quatro desejos. A tarefa de cada pessoa é corrigir além de si mesma, sua parte na alma coletiva. Cada pessoa deve corrigir sua relação com todas as 600.000 almas, pois é assim que corrige a si mesma; cada outra pessoa, por sua vez, consiste de 600.000 partes, e os primeiros nove Sefirot penetram em cada uma delas.

As almas só podem ser corrigidas através de seus corpos e os corpos são corrigidos em grupo através de várias ações mecânicas, direcionadas ao atingimento de um só objetivo. Existem duas ações mecânicas: estudar e realizar trabalhos coletivos com o objetivo de correção espiritual da alma.

Uma pessoa não tem capacidade de corrigir os seus desejos já que eles foram criados pela luz. É necessário apenas redirecionar o foco dos desejos, ou para que finalidade ela quer realizar estes desejos. Se ela não realiza temporariamente um desejo, ele voltará mais tarde e de forma muito distorcida.

Precisamos trabalhar em como usar corretamente estes desejos. Não podemos esmorecer nem nos torturarmos ou fugir. O que precisa ser corrigido é a intenção com a qual usamos nossos desejos. Se fizermos isto, veremos que todos os desejos são necessários para que atinjamos nossos objetivos. É por isto que dizem que a pessoa mais egoista tem maiores desejos. Ou ainda, que depois da destruição do Templo, apenas os Cabalistas tem a percepçao dos desejos terrenos.

2. REVELANDO O CRIADOR ENQUANTO VIVENDO NESTE MUNDO

De acordo com o pensamento da criação, nós chegamos ao estado em podemos viver e existir de acordo com as leis espirituais. Todas as desgraças

que atingem a cada um de nós, assim como todos os desastres e catástrofes, acontecem para levar cada pessoa e a humanidade como um todo, a obedecer aos mandamentos espirituais durante sua vida neste mundo. Isto é o que escreveu Baal HaSulam.

A Cabala é o conjunto de instruções para permitir a revelação do Criador às criaturas vivendo neste mundo. A Cabala não fala sobre o que vai nos acontecer depois da morte. A Cabala fala apenas sobre o que necessita uma pessoa neste mundo; o que ela deve realizar para evitar viver sua vida em vão, apenas para voltar involuntàriamente para completar o que não foi feito antes. Por isto a Cabala é a ciência mais indispensável e prática no mundo.

È impossível para nós fugir. A vida nos obriga a completar nosso destino e como resultado de todo o nosso sofrimento, alcançar a correção total ou Gmar Tikkun. O que é “Gmar Tikkun”? O mundo continuará a existir; tudo continuará a acontecer como antes; o mesmo universo, as mesmas estrelas, pássaros e árvores.

Apenas a nossa percepção irá mudar no modo em que percebemos o ambiente, porque nós iremos nos transformar. Nada mais muda, continuando a agir de acordo com as leis da natureza, de acordo com as direções que recebe do Criador. É o homem que se transforma de um animal para um verdadeiro homem.

A Cabala explica como atingir este objetivo. Ele é alcançado pelo estudo em um grupo específico, de acordo com os livros adequados e sob a supervisão de um autêntico Rav ou professor. A Cabala ensina ainda que quanto mais um estudante começa a entender o que fazer, mais ele se aperfeiçoa, o grupo e a lições. Baal HaSulam escreve sobre isto e projeta para nós uma imagem de como o mundo corrigido deverá parecer.

A primeira coisa que nós estudamos é a expansão de todos os mundos, Partzufim e Sefirot, começando pelo ponto mais alto e daí descendo. O segundo estágio consiste em ascender os níveis espirituais. Para se corrigir, uma pessoa precisa subir ao longo dos níveis espirituais que foram preparados para ela, começando pelo mais inferior e seguir subindo, enquanto continua sua vida neste mundo. Existem no total 125 niveis que devemos percorrer no caminho para o mundo espiritual. Este é o número de níveis que nos separam do Criador, ou seja, existem 125 níveis de atingimento do Criador.

Neste momento, eu ajo de acordo com o meu entendimento da minha natureza egoista. Certas coisas são boas para mim, e outras são ruins. Eu aprendo com o meu ambiente e ajo de acordo com ele. Quanto maior for a minha adaptação mais confortável eu me sinto. E ainda, enquanto em minha natureza, parece que meu ambiente muda na medida em que as pessoas ao meu redor mudam suas opiniões sobre como o mundo deveria ser.

Cada geração se caracteriza pelas almas que a compõem, se diferenciando da geração prévia e da próxima. Podemos perceber o gráu de diferença entre duas gerações contíguas, como entre nossos pais e nossos filhos.

As almas vêm para nosso mundo em cada geração e de uma para a outra acumulam experiência. Em decorrência, os seus desejos aumentam em relação às gerações anteriores. Consequentemente, cada nova geração aspira por novas descobertas, facilitando o desenvolvimento da humanidade.

Quando uma pessoa começa a estudar o mundo espiritual, ela está sendo pressionada a mudar o seu ambiente e o mundo em direção a uma maior semelhança com o Criador. No último estágio desta mudança, o mundo se torna completamente equivalente ao Criador. Esta geração é chamada de "a última geração". Não porque tudo vá se acabar mas simplesmente em consequência de sua perfeição e que mais nenhuma correção será necessária.

A Cabala não fala sobre o desenvolvimento depois de Gmar Tikkun, porque isto está relacionado com os segredos da Torah. Ela fala apenas sobre como levar uma geração para o nível da "última geração". A Torah inteira fala apenas como percorrer os 125 níveis de atingimento do Criador.

De um lado o ambiente de uma pessoa a atende na realização das leis espirituais, capacitando-a a mudar o ambiente. Por outro lado, mudando o ambiente, surgem as oportunidades para a própria transformação. E também, na medida em que uma pessoa muda o ambiente, as mudanças nesta pessoa tem a força igual ao número de membros desta sociedade.

Em resumo, o nosso grupo é o lugar adequado para a correção e simultaneamente, a fonte de correção de cada pessoa participante. Mesmo que uma pessoa do grupo seja fraca e não consiga realizar nada no grupo, ela recebe antecipadamente do grupo, a força para sua correção.

Assim, cada pessoa deve construir o ambiente correto para si mesma, de modo a conseguir a força para a correção espiritual e para ascender depois de uma eventual queda. Alternativamente, em um grupo ainda incapaz de fornecer a força para a correção, muitos estarão em estado de depressão ou mau humor com a ausência de força para avançar. Estes estados ocorrem às vezes em um ambiente sadio, mas não duram.

Cada nível é construído da seguinte maneira: "à direita" fica a força altruistica do Criador; "à esquerda" fica a força egoista do desejo que Ele criou; no meio entre eles fica o homem, ou seja, ele se percebe desta maneira. A pessoa precisa pegar a proporção correta de cada lado e usá-las para subir ao próximo nível. Obviamente, a direita e a esquerda, assim como outros termos, são aproximações, porque não temos outro modo de nos referir aos atributos do mundo superior.

A pessoa continua este processo até atigir o nível 125. Estes 125 níveis se dividem em cinco mundos. Cada mundo contém 25 níveis. Os níveis espirituais mais inferiores, constituem o mundo chamado Assiya, localizado logo acima do nosso mundo. Depois vem o mundo de Yetzira, Beria, Atzilut e Adam Kadmon. Uma barreira -Machson - separa o nosso mundo do mundo de cima -Assiya.

Ambas as linhas, direita e esquerda, ajudam uma pessoa a suplantar todas as dificuldades envolvidas na passagem de um nível para outro. Entretanto, quando a pessoa inicia o trabalho contra o seu egoismo, o desejo e a força para ascender surgem quando ela está presente no lado direito (as forças do Criador). Este é o primeiro estágio. Estar no lado direito durante o estágio inicial não depende da pessoa mas sim do Criador.

No segundo estágio, a pessoa passa para o lado esquerdo e aumenta o seu egoismo. Seu humor aqui é completamente oposto ao que sentia no lado direito. Ele passa a sentir mau humor, depressão e fraqueza, e nada parece atraente para ela.

Estar no lado esquerdo é necessário para que ela possa sentir o seu egoismo, e o tempo que ela vai passar aí depende dela própria. Ela pode reduzir este tempo ao mínimo. Todo o mal que a pessoa experimenta depende do tempo que ela permanecer no lado esquerdo. Se a pessoa comprender que este estado tem o objetivo de facilitar o seu progresso, ela deixará de avaliá-lo como mau, mas sim como bom. Ela perceberá o sofrimento como uma necessidade e consequentemente, bom.

Desta maneira, a percepção e o entendimento do que é bom ou mau muda. O grupo ou o ambiente pode ajudar na correção destas percepções. A pessoa pode obter força espiritual do grupo sem estar ainda no mundo espiritual. Todas as criaturas são o único corpo de Adão e estão separadas por seus corpos/desejos devido aos desejos não corrigidos.

Quando o egoismo é eliminado, nós somos capazes de receber informação das outras almas assim como sentí-las, já que cada pessoa está disposta a fazer algo pela outra. É necessário reunir um grupo que tenha um único objetivo. O grupo deve formar uma só unidade, com um único espírito. É necessario se assegurar que o estado do grupo esteja sempre em um mesmo nível, com cada pessoa pronta para ajudar outra. Cada pessoa deve estar integrada à outra e ao grupo como um todo. A quantidade de ajuda que a pessoa receberá de cada um e de todo o grupo será proporcional a quanto ela conseguirá reduzir o seu "Eu" em relação aos outros e ao grupo. Uma pessoa pequena pode receber de uma maior. Para isso é preciso apenas considerar a outra pessoa com estando acima.

O grupo deve manter o estado onde o fator mais importante é a exaltação do Criador. Este objetivo deve determinar cada ação. Então cada pessoa poderá receber uma carga espiritual do grupo e as quedas não serão notadas. Cada nível das almas constróe o seu próprio ambiente, ou seja, um ambiente que lhe corresponda. Tudo depende do nível de espiritualidade interno da alma. O ambiente precisa ser construido de acordo com as diferentes leis em cada mundo.

O grupo é constituido de acordo com os princípios de flexibilidade e capacidade de mudanças rápidas. É até adequado se o grupo mudar constantemente; isto significa que ele está avançando. A vida, o trabalho e a família neste mundo e a vida animal no corpo físico mudarão no futuro de acordo com a espiritualidade dos membros do grupo. É isto que o Criador nos pede, especìficamente.

Nosso corpo estará neste mundo enquanto a alma estará no mundo espiritual. Quanto mais ações espirituais sejam realizadas pela alma, mais o nosso corpo seguirá as leis espirituais no mundo material. Isto é, no final do desenvolvimento, as relações familiares e aquelas entre os membros do grupo deverão ser construidas de acordo com as leis superiores do mundo de Atzilut.

Adam HaRishon foi criado especìficamente assim . Seu corpo/desejo consiste dos desejos dos nove Sefirot, mas Malhut é a parte chamada "Lev HaEven” (i.e. coração de pedra), significando, a parte de Malhut que não conseguiu absorver os atributos dos primeiros nove Sefirot ou os atributos do Criador.

Assim, ele foi proibido de criar em si o décimo desejo, ou comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois todo o mal está contido nesta parte. Por isto, se ele quebrar esta regra, o mal entrará no mundo, se misturando com as outras partes dos primeiros nove Sefirot.

Mesmo assim Adão pecou, esperando receber a luz dos nove Sefirot em Malchut para o benefício de Criador. Mas como Malchuté incapaz de assumir uma intenção altruística, Adão recebeu em seu próprio benefício, fazendo a alma se partir em 600.000 pedaços. Estas partes não sentem que já foram uma só alma e não sentem as demais.

Cada parte da alma coletiva é o desejo de receber prazer. Cada parte é chamada "Eu" e precisa receber correção para elevar-se por 125 passos. Ou seja, existe a necessiidade de cada vez corrigir 1/125 de cada partícula em cada uma das 600.000 almas/desejos. Cada vez que uma partícula passa pelo lado direito e depois pelo esquerdo, ela é incluida na linha do meio; recebe a força do Criador ou o desejo de doar do lado direito e adquire o desejo de receber do lado esquerdo, a soma dos dois emerge na linha do meio, resultando em um desejo de receber para doar.

Nós recebemos de cima apenas as forças que nos permitem contrabalançar o egoismo do lado esquerdo, isto é, para corrigir a necessária parte egoista de modo a receber para doar. A pessoa recebe de cima apenas o que pode aguentar. Se a pessoa não recebeu uma força de cima então ela não será exposta a um mau estado.

Se um membro do grupo deseja avançar espiritualmente, ele necessita continuamente uma oportunidade de receber espiritualidade e egoismo do grupo. Sendo assim, este dois atributos devem juntos coincidir no grupo. Estar no grupo significa estar com ele conectado, em um sentido interior.

Uma pessoa quanto começa na Cabala é muito egoista, autônoma e independente das demais. Ela precisa um tempo para vir a querer o Criador e entender a importância do objetivo da criação. Só então ela será capaz de se diminuir em ralação ao grupo, para poder doar e receber dele.

No início ela não tem nenhum desejo de fazer algo pelo grupo, mas o objetivo comum deve obrigá-la a isto. Se cada um entender que não há nada mais importante do que o objetivo da criação, será mais fácil ser útil para o grupo de várias maneiras.

Entretanto, se os prazeres deste mundo ainda valerem mais para a pessoa do que o seu objetivo e ela não conseguir se desvencilhar destes prazeres, então o seu tempo ainda não chegou e não há espaço no grupo para ela. Sua alma não está pronta para aceitar as leis espirituais. Depois que passar por todos os prazeres do mundo, receberá um empurrão para o espiritual. Para que isto ocorra, não é necessário que ela tenha provado todas as circunstâncias deste mundo e as rejeitado por ter descoberto sua insignificância. Ela conseguirá isto recebendo do alto os argumentos necessários para comprender a insignificância da busca terrena por prazer.

Hoje, a espiritualidade nos atrai com maior prazer comparado ao mundo material. Assim nós a desejamos, e isto não é uma mentira. Todo o nosso mundo vive e é suportado apenas pela pequena faisca da luz espiritual que atravessou a barreira -Machsom- e penetrou em nosso mundo. Agora imagine o mundo espiritual, que em sua totalidade é apenas a luz, bilhões de vezes maior que a faisca de prazer em nosso mundo. Que prazeres existem ali!

Mas como entrar no mundo espiritual? Nós sabemos que para conseguir isto temos que transformar nossa essência egoista do prazer para receber no prazer de doar. Entretanto, não entendemos o que quer dizer isto, e não existem

palavras suficientes que consigam explicar este processo. Não possuimos em nosso cérebro as convoluções necessárias para este entendimento porque o cérebro funciona de acordo com o sistema do egoismo.

A Cabala nos ensina que para sentir prazer basta alterar a direção do desejo ao invés dele próprio. O prazer corresponderá a quanto a orientação para o objetivo mudará. Aqui estamos falando de um conceito puramente psicológico; a pessoa sempre receberá prazer mas o que importa é para que ou para quem ela o esteja recebendo.

Uma pergunta logo surge: aonde está o botão que devemos girar para conseguir esta mudança?

Ele está localizado na fronteira entre o egoismo do nosso mundo e o altruismo do mundo espiritual e se chama Machson. Isto quer dizer que eu já estou desejando fazer qualquer coisa para passar para o mundo espiritual com minhas percepções. O grupo é necessário para que a pessoa alcance este estado, assim como a continuidade do estudo. O grupo é necessário para que se desenvolva o desejo de receber o espiritual no tamanho adequado. Então ocorre um clique interno... e a pessoa começa a receber do alto a força e a percepção espiritual.

3. CINCO MUNDOS - CINCO NÍVEIS DO DESEJO DE RECEBER

Existem cinco mundos entre o Criador e o nosso mundo. Eles são chamados: Adam Kadmon, Atzilut, Beria, Yetzira e Assiya. Abaixo do mundo de Assiya fica Machsom, e abaixo o nosso mundo. Nosso objetivo, enquanto vivendo em nosso mundo, é que nossa alma atinja o nível do mundo de Ein Sof, ou seja, consiga a unificação completa com o Criador. Isto é, quando nossa alma reveste o corpo neste mundo, ela deverá mudar os seus atributos do egoismo para os atributos do Criador, em cada nível espiritual, até que nosso egoismo total seja substituido pelo altruismo. Quando isto ocorre, os atributos da nossa alma se tornam completamente equivalentes ao atributo do Criador.

Em nosso mundo, dois atributos egoistas são habilitados: "receber pela recepção" e "doar pela recepção". Os mundos espirituais consistem do seguinte atributo: "doar por doar" ou "receber para doar". A primeira tarefa de uma pessoa que quer entrar no "mundo que virá" é restringir o uso de seus desejos ou realizar o Tzimtzum Alef. Significa parar de trabalhar com o egoismo ou os desejos egoistas.

Náo podemos mudar nosso "desejo de receber" porque esta é a única coisa criada pelo Criador. Entretanto é possível e necessário mudar a intenção do desejo de "receber para seu próprio benefício" para a intenção de "receber para o benefício do Criador". Assim, podemos ver que a ação não se modifica , é apenas a intenção que muda.

A metodologia de mudar a intenção (algo que ninguem consegue ver e que está oculto de todos) é chamada de a Ciência Secreta da Cabala. É a metodologia de

como receber mudando a intenção. O importante é o que estamos pensando quando desenvolvemos uma determinada ação e qual o objetivo que é perseguido quando a realizamos. Todos os 125 níveis são gráus de correção gradual da intenção da alma, desde receber em seu próprio benefício para receber em benefício do Criador.

Os cinco mundos são níveis do desejo de receber, começando pelo mais fraco (Keter) e terminando com o mais forte (Malchut). Eles são construidos desde o topo (o Criador) e descendo até a criação. Na medida em que a luz vem do Criador e atravessa os mundos, ela vai se tornando mais fraca, logo, adequada a ser percebida pelos fracos desejos egoistas. Quando a alma recebe a luz de correção do alto, ela começa a mudar a intenção de "para seu próprio benefício" para "receber em benefício do Criador", ou "doar".

A alma alcança a linha da Machsom apenas se realizar o Tzimtzum Alef em todos os desejos que consegue perceber nesse estado, ou seja, quando se recusa completamente a operar com o egoismo. Entretanto, ela ainda não é capaz de receber nada em benefício do Criador.

Quando a alma corrige sua intenção de doar ao nível de Keter ela entra no mundo de Assiya localizado acima de Malchut. Isto é, quando ela é capaz de se opor ao egoismo o mais fraco possível, não recebendo nada e se anulando na luz superior. Se a alma for capaz de se opor ao egoismo na luz de Hochma, ela ascende ao nível do mundo de Yetzira.

A alma continua desta maneira, aumentando progressivamente sua capacidade de trabalhar contra as forças egoistas cada vez maiores, ascendendo ao nível espiritual seguinte, até alcançar o mundo de Ein Sof. A alma adquire sua essência como substância espiritual apenas após cruzar a Machson e continuar sua ascenção.

No mundo espiritual a pessoa lida com os desejos naturais, não revestidos pelas diversas aparências do nosso mundo. Um Cabalista que está no mundo espiritual, para de investigar o nosso mundo porque o percebe corretamente como o resultado natural do ramo correspondente à raiz espiritual. Para ele é mais interessante ver a causa ou a origem na raiz ao invés da consequência, localizada em um nível incomparávelmente mais baixo que a raiz, de onde todos os desejos e causas se originam.

Uma pessoa que ascende, transforma todos os desejos terrenos em desejo pelo Criador. Inicialmante quer possuir o Criador egoisticamente, do mesmo modo que desejava receber tudo neste mundo. Como se diz: uma pessoa deseja tanto o Criador que esta paixão não a deixa dormir!.

Gradualmente, uma luz chamada Ohr Makif, que constantemente envolve uma pessoa, começa a brilhar para ela, de modo que ela consegue uma solicitação pelo espiritual, com a ajuda desta luz, usando um desejo bem mais forte que todos os outros desejos. E finalmente, com o auxílio desta mesma luz, a pessoa atravessa a Machsom e recebe a intenção de doar.

Apenas a luz superior do Criador é capaz de elevar assim uma pessoa; fornecer-lhe a resposta para todos os seus esforços humanos pelo espiritual, trazê-la para o estado em que o desejo pelo espiritual é tão grande que não a deixa cair no sono e suplanta todos os demais desejos.

Todas as almas seguem, em seu caminho, estes mesmos estados, mas a atribuição de cada alma neste mundo é diferente. É tambem diferente a velocidade com que cada alma atravessa pelo mesmo caminho.

Cada pensamento, cada desejo e cada movimento de uma pessoa neste mundo, não importa qual pessoa, lhe é dado com um só objetivo: ascender e se acercar do espiritual. Entretanto, a maioria das pessoas segue esta progressão de uma maneira natural nos níveis humano inconsciente, animal, vegetativo e inerte.

Tudo está predeterminado e pré-programado pelo objetivo da criação. A livre escolha da pessoa consiste em optar por concordar com tudo o que lhe acontece ou começar a entender o objetivo para o qual tudo está direcionado e decidir ser um participante ativo em todos os eventos que acontecem com ela.

Todos os pensamentos e desejos no mundo de Ein Sof passam pela pessoa. Entretanto ela "capta" apenas os pensamentos correspondentes ao seu nível. Neste nível atual, a pessoa não é capaz de pensar sobre novas descobertas. Entretanto, na medida em que vai aumentando o nível de seu conhecimento e seus conceitos, ela começa subitamente a sonhar com algo complexo. Isto significa que ela deseja sentir e perceber um domínio mais complexo de percepções.

O domínio de atividades de uma pessoa ou a imagem que ela constróe com a percepção deste mundo aonde ela vive é construído desta maneira. Quando a pessoa se desenvolve, ela passa a ter pensamentoa mais profundos, com uma conexão diferente entre as coisas. Tudo então dependerá do nível de desenvolvimento da pessoa, pois este determina suas fronteiras de percepção ou que parte do mundo do Infinito ela perceberá.

Não há outra maneira de desenvolver o desejo pelo espiritual, de invocar a Ohr Makif para participar pessoalmente da realização do objetivo da criação e reduzir o caminho natural para alcançar esta objetivo, que não seja estudar em grupo sob a orientação de um professor. Apenas a luz que começa a brilhar pode nos ajudar a transformar nossos atributos egoistas (o único obstáculo no caminho espiritual) em propriedades altruistas.

Ohr Makif muda o nosso desejo para o desejo de doar e nos leva através da Machsom. Nós afirmamos que não queremos nada do mundo material e queremos apenas o espiritual. Se soubéssemos que atravessar a Machsom significa mudar a intenção com relação a quem e o que nós pensamos e nos preocupamos, nós iríamos correndo.

Continuando, entramos no território acima da Machsom onde encontramos um oceano de luz. Esta é a luz do Criador, que brilha sobre nós na mesma proporção em que nossa exaltação pelo Criador é maior que o nosso desejo egoista. Isto nos dá a oportunidade de adquirir a propriedade da luz, ou de doar.

O mais importante é atravessar a Machsom. A alma que recebeu a luz sabe todo o caminho que se segue à passagem, por que a luz lhe ensina. Lá encontraremos um mapa claro e as instruções para cada passo e ação subsequente. São as instruções que os Cabalistas nos escreveram em seus livros.

Cada mau pensamento é oposto aos bons pensamentos do Criador, mas como transformar um mau pensamento em bom? Primeiro é preciso entender que o pensamento é mau; comprender sua maldade para poder tomar a decisão de corrigí-lo. Só podemos identificar o mal sob a luz do Criador ou em Sua grandeza. Entretanto se a luz não brilha em uma pessoa ela está cega e na escuridão, abaixo da Machsom, onde a luz não penetra. A pessoa existe neste mundo e acredita que todos os seus pensamentos são bons.

Quando uma pessoa é iluminada pela luz do Alto ou a luz circundante chamada Ohr Makif, ela começa a ver toda a sua essência. Isto se chama "a realização do mal". Sem esta iluminação pela luz, a pessoa tenta se justificar e se acha sempre correta. Entretanto, a realização do próprio ego pela iluminação da luz leva a pessoa a pedir a ajuda do Criador. E ainda, graças à iluminação, a pessoa já percebe a fonte da iluminação e sabe precisamente para Quem precisa apelar.

Se o apelo da pessoa é genuíno, o Criador fará a alteração de sua natureza. Entretanto, o desejo de receber não muda; a única coisa que muda é a intenção de "receber em seu próprio benefício" para "receber para o Criador", o que corresponde a doar. É assim que a mudança gradual dos atributos da pessoa para os atributos do Criador se dará em cada um dos 125 níveis.

Cada nível inclue diversos processos:

1. a realização do mal: quanto pior a pessoa está na linha esquerda, em relação ao Criador;

2. que ajuda precisa receber do Criador em Sua linha direita;3. a combinação entre as linhas direita e esquerda; quanto a pessoa pode

receber da linha direita, ou seja, passar para a linha central.

Como resultado destas ações, mais uma parte dos desejos de uma pessoa se tornam equivalentes ao Criador, permitindo que ela passe para o nível seguinte. Isto prossegue em cada nível, até que todos os atributos da pessoa se tornem iguais aos atributos do Criador.

Os desejos de uma pessoa determinam sua ação. É impossível realizar ações sem desejos! Por exemplo, amanhã tenho que acordar cedo, logo hoje vou dormir cedo. Estou fazendo isto contra o meu desejo? Não! Ninguem neste mundo é capaz de realizar ações sem o desejo e sem preencher este desejo com prazer. O desejo é a energia ou a força motriz que dá a uma pessoa a oportunidade de fazer algo.

As vezes nos parece que estamos fazendo algo contra o nosso desejo. Este não é o caso. Fazemos um cálculo bem simples, que fazer isto é benéfico mesmo se contra o desejo. Se for benéfico para a pessoa, ela executará varias ações desagradáveis e indesejadas.

Pela escolha, uma pessoa é capaz de trazer para perto outro desejo, criá-lo e realizá-lo. Nenhum de nós seria capaz de mover nem o dedo sem receber a força motriz para isto ou fazer se aproximar outro desejo.

A pessoa que faz algo bom para outra pessoa pensa que isto é realmente o caso e que esta ação não é egoista. Entretanto, se penetrar no fundo dos seus pensamentos ela verá que tudo o que ela faz tem sòmente um objetivo: fazer algo bom para si própria e todo o resto é sua mentira.

Se a pessoa estuda a Cabala, ela é capaz de ver como isto funciona; que cada um de nós é um absoluto egoista e não pensa em mais nada alem de si próprio, nem mesmo em seus filhos. Simplesmente, no presente estágio todo o sistema de pensamentos é defeituoso e parece impossível para uma pessoa fazer qualquer coisa em benefício de outra.

Só é possível doar para outro se estiver recebendo algo em troca, ou se beneficiando de alguma maneira. A pessoa não deve se envergonhar por isto. Esta é a nossa natureza. Ou recebemos para auto gratificação ou doamos com o objetivo de receber algum benefício por isto. Não é culpa de ninguem. A única coisa que precisamos fazer é ansiar por mudar nossos atributos para os do Criador.

A Cabala ensina às pessoas a aceitar as pessoas do modo em que foram criadas. Não podemos odiar alguem por causa disto nem ficar aborrecidos por que percebemos nela estes atributos. Na verdade, é difícil se comunicar com o mundo externo e ter paciência para observar o menor egoismo em alguem que encontramos. Entretanto, cada pessoa foi criada do jeito que tinha que ser. Devemos apenas tentar nos ajudar uns aos outros para mudar os atributos que recebemos em atributos altruistas.

O que é o sofrimento? É tudo aquilo que se opõe ao nosso desejo. Como diz o Talmud, se uma pessoa põe a mão no bolso tira uma moeda, mas queria outra, ela experimenta o sofrimento. O sofrimento é tudo na vida que não corresponde ao nosso desejo. Sofremos quando estamos de mau humor, doentes ou não queremos fazer alguma coisa.

Entretanto, tudo o que está sendo feito acontece para o nosso bem. De uma maneira ou de outra, tudo o que acontece nos avança em direção ao objetivo da criação. Exceto, em nossa percepção distorcida, bom parece mau e doce parece amargo.

Na realidade só é possível perceber o que é bom depois de atravessar a Machson. Neste momento, tudo é percebido como sofrimento. Isto acontece devido à falta de preenchimento pela luz. Enfim, a luz permanece do lado de fora enquanto nossos desejos não receberem a intenção altruista.

Enquanto uma pessoa não está se aproximando do espiritual, o desejo de receber é para ela o anjo da vida. Mas, pelo estudo da Cabala e pela atração para si da luz circundante, a pessoa gradualmente percebe quanto o desejo de receber é um obstáculo para a mudança da sua natureza egoista em altruismo. Ela vê que este é o verdadeiro inimigo do avanço e seus desejos se tornam o anjo da morte ao invés do anjo da vida.

Quando a pessoa consegue visualizar a maldade do seu próprio egoismo, em comparação com os atributos da luz que ele conseguiu perceber, surge um enorme desejo de remover estas correntes a qualquer custo. Mas, como uma pessoa é incapaz de fazê-lo sozinha, em desespero ela grita pelo socorro do Criador. E ela recebe esta ajuda, desde que este seja seu único desejo e seja autêntico.

Uma pessoa que queira se aproximar do espiritual deve ser como qualquer outra: tem que trabalhar como todo mundo, ter uma família e filhos. O importante é o que ela faz naquelas duas-três horas que são livres do trabalho e das responsabilidades caseiras. Fica na frente da TV ou em um restaurante, ou dedica seus esforços ao atingimento de seus objetivos espirituais?

Em qualquer caso, a pessoa não pode falar sobre o seu trabalho espiritual para ninguem; ela tem que ocultar completamente o que sente em relação ao Criador. Isto é assim para evitar danos no caminho espiritual de outras pessoas. Cada pessoa segue um caminho diferente. Quando atinge a correção total, tudo será revelado já que não haverá mais espaço para os obstáculos do ciume egoista.

4. ESTRUTURA DA ALMA

Quando uma pessoa começa a estudar a Cabala, parece-lhe que está se movendo para trás ou estacionada em um só lugar. Mas de fato, este é um forte sinal que ela está progredindo. A razão disto é que ela utiliza suas percepções ainda não corrigidas, para fazer esta avaliação dos seus estados.

Cada correção subsequente leva o estudante mais perto de adquirir a intenção "pelo benefício de doar". Mas, para isto, a pessoa deve passar por várias espécies de mudanças. Ela deve encontrar quem ela é e exatamente o que quer, o que significa o desejo de receber, qual é o material da criação e o significado da "vida" e da "morte". A pessoa chega a conclusão que a vida significa sentir a luz e a morte é a percepção da escuridão, ou da ausência em suas percepções do Criador. Antes que a pessoa alcance o entendimento genuíno do que é bom e do que é mau, ela passa inicialmente através de muitos estados diferentes.

A Machsom é a barreira que bloqueia a luz impedindo-a de penetrar em nosso mundo. Qual a diferença entre a Machsom e aMasach (tela)? A Masach se caracteriza por um atributo completamente diferente da Machsom. Na frente da Machsom há a luz em sua totalidade, e nada a oculta. Lá a propria pessoa afasta a luz com a força de seu desejo de não receber a luz em benefício de sua própria auto gratificação.

A barreira - Machsom - está fora de mim e bloqueia toda a luz superior. Por outro lado a Masach é algo que a pessoa coloca dentro de si por meio de sua realização interna e por seu desejo de não permitir a luz de lhe penetrar egoisticamente mas sim aceitá-la apenas em benefício do Criador. Quando a pessoa tem a Masach a barreira deixa de ser necessária, já que a pessoa é capaz de se opor à luz sozinha.

Como é dividido nosso caminho ao longo dos 125 níveis?

Nós sabemos que existem 125 níveis de atingimento entre nós e o mundo de Ein Sof. Mas, só precisamos atingir o mundo deAtzilut para alcançar a correção, ou seja, temos que passar pelos mundos de Assiya, Yetzira e Beria. Cada um deles equivale à 2.000 anos, logo no total temos 6.000 anos. Depois, a próxima correção será acima de Tzimtzum Bet, ou a correção em uma dimensão diferente chamada Tzimtzum Alef.

Nossa alma é composta de cinco partes: Keter, Hochma, Bina, Zeir Anpin e Malchut. A diferença entre elas está no nível crescente do desejo de

receber prazer. Estão divididas em duas partes: Galgata ve Eynaim (Keter e Hochma) e AHP (Bina, Z'A e Malchut). Em outras palavras, Keter é chamada Gulgolet, Hochma é chamada Eynaim, Bina é chamada Ozen, Z'A é chamadaHotem e Malchut é chamada Peh. A primeira parte da alma experimenta prazer pela doação e a segunda pela recepção. É assim que cada alma é construída.

A única coisa que temos de corrigir é Galgata ve Eynaim ou Kelim de-Ashpaa, ou seja, os desejos de doar. Nosso caminho espiritual começa no instante em que ascendemos deste mundo. Ascender significa corrigir gradualmente GE. Ascendendo através dos mundos de BYA para o mundo de Atzilut, afirmamos que os nossos Kelim de-Ashpaa estão corrigidos. Não somos capazes de corrigir o Kelim de-Kabbalah ou o AHP.

O que podemos fazer, neste caso? Podemos elevar gradualmente nosso Kelim de-Kabbalah ou AHP dos mundos de BYA para o mundo de Atzilut. Isso começa pela elevação dos AHPs menos egoistas do mundo de Beria e então os mais egoistas do mundo de Yetzira. O trabalho termina quando os Kelim mais egoistas tenham ascendido. Nós não corrigimos os Kelim-desejos diretamente. Mas, simplesmente os ligamos aos Galgata ve Eynaim correspondentes, ou seja, os ligamos aos desejos de doar.

Em cada vez que ascendemos, recebemos uma quantidade adicional específica da luz. Esta ação é chamada de "ascenção". Existem três ascenções. Para ser mais preciso, ocorre uma ascenção de três lugares diferentes: dos mundos de Beria, Yetzira eAssiya. Os AHPs que ascendem para o mundo de Atzilut não são os desejos genuínos de receber (Kelim de-Kabbalah), significando que, eles não são o "Eu" da pessoa ou o "Lev ha Even". Esta é a parte que a pessoa não pode corrigir por si mesma. A única coisa que é corrigida é uma pequena parte chamada de "AHP de-Aliyah". Mas a pessoa não precisa realizar uma grande correção. Logo que a correção anterior é completada, o Próprio Criador corrigirá o Lev ha Leven.

Para a pessoa saber o que ela deve corrigir, ela precisa ver e sentir o que precisa ser corrigido. Esta é a razão pela qual existem as ascenções que não dependem da pessoa, chamadas de "estímulos de cima". São os Shabbaths, feriados e novos meses. Eles são dados à pessoa apenas porque ela já corrigiu seu Kelim de-Ashpaa, ou seja, ela não deseja mais nada para si mesma e está localizada no mundo de Atzilut.

A primeira ação ou ascenção será a ligação do Kelim de-Aliyah do mundo de Beria. A segunda ascenção ocorre quando o AHP do mundo de Yetzira é ligado. A terceira, quando da ligação do AHP do mundo de Assiya. Depois que a pessoa ascendeu estes três níveis, então ocorre a correção do Lev ha Even, e isto é conhecido como "Gmar Tikkun" ou "o fim da correção".

Existem dois tipos de desejos de sentir prazer. Existem os desejos de sentir prazer pela recepção ou pela doação. Estes últimos são percebidos no Kelim de-Ashpaa e os desejos de sentir prazer pela recepção são percebidos no Kelim de-Kabbalah. Ambos estão não-corrigidos em nós. Os mais fáceis de corrigir são os do Kelim de-Ashpaa de tal modo que eu darei tudo em benefício da pessoa para quem estou doando, ao invés de para meu próprio prazer. Estes são mais fáceis de corrigir porque a ação (doação) e a direção (para o benefício de outra pessoa) têm a mesma direção.

O Kelim de-Kabbalah (AHP) permite que uma pessoa sinta prazer apenas quando recebe. Estes são muito mais difíceis de corrigir. Para corrigí-los uma pessoa tem que doar prazer para outra pelo recebimento, e receber apenas com este objetivo. Para isto é necessária uma conexão mais forte com o Criador, pois esta correção passa através da verdadeira essência do "EU" humano.

Assim o AHP é corrigido depois de G”E, e é corrigido gradualmente. Em outras palavras, não é tão difícil ascender ao mundo deAtzilut com o Kelim de G”E corrigido, quanto é depois ligar o AHP. A razão disto é que a última ação é oposta à intenção.

Todos os cinco mundos servem como barreira para a luz do Criador. Quanto mais abaixo o mundo se situe, ele limita mais luz. Os mundos ou barreiras terminam na Machson, que oculta positivamente a luz de nosso mundo, passando apenas um pequeno fio de luz, o qual é necessário para o suporte da vida em nosso mundo. Este pequeno fio de luz é chamado de "Ner Dakik". O Criador fez assim para que pudéssemos viver sem a Massach. Esta não é necessária quando não existe luz, apenas o Ner Dakik.

Este pequeno fio de luz ou Ner Dakik se divide em um grande número de partes. Ele ativa os átomos, move as moléculas, e impulsiona toda a matéria a existir, movendo-a para o desenvolvimento e concebendo a vida em todos os níveis: inanimado, vegetativo, animal e o nosso próprio nível - humano.

Se, com a ajuda do estudo, do grupo e do mestre uma pessoa adquire a tela em seu pequeno egoísmo ou em Aviut Shoresh, isto significa que ela já está capaz de suportar a luz mais fraca, Nefesh, a qual é maior que Ner Dakik. Ou seja, neste caso a pessoa é capaz de estar nesta luz sem recebê-la para o seu próprio benefício. A Masach ou tela estará fazendo o que antes era feito pela Machsom. Esta é a passagem deste mundo para os mundos espirituais, e a Machsom não é mais necessária. Mas aMasach bloqueia apenas a luz mais fraca, Nefesh.

Isto é análogo a um exemplo tirado de nossa vida. Suponha que uma pessoa seja levada "a não roubar", e se nos colocarmos $100 em sua frente, ela não tocará no dinheiro. Entretanto se o montante de dinheiro em sua frente for maior do que ela foi levada "a não roubar", ela não será capaz de resistir a tentação e seu condicionamento será insuficiente para preveni-la de roubar.

A mesma coisa acontece no espiritual. Enquanto existir a Ohr Nefesh, a pessoa age facilmente em benefício do Criador, percebendo-O facilmente e tem contato com a luz recebendo o prazer em benefício da doação. Ela pode agir assim porque possui a Masach para este nível, que evita que ela receba em seu próprio benefício. Este estado é chamado o mundo de Assiya.

Depois disto, com a ajuda de mais estudo e esforços, a pessoa adquire uma Masach adequada a um egoismo maior ou Aviut Alef e ela estará preparada para receber a luz Ruach em benefício da doação. Corresponderia em nosso exemplo anterior a uma pessoa que fosse condicionada a "não roubar" até $1.000, por exemplo. Neste caso a pessoa pode ir do mundo de Assiya para o mundo de Yetzira. Da mesma maneira, quando a pessoa adquire uma Masach para Aviut Bet, ela está pronta para passar ao mundo de Beria.

Desta maneira, a barreira é eliminada durante a passagem de um mundo para o próximo. Isto quer dizer que a Masach é adquirida no lugar da barreira, que corresponde ao Aviut do respectivo mundo. A barreira vai para o interior da pessoa porque ela não mais precisa dela. A pessoa passa a ser capaz de adotar por si mesma a lei deste novo mundo, ou seja, a lei simplesmente não é necessária porque a pessoa está acima dela, ela é maior que a lei e a observa ou adota por meio de suas convicções.

Como nossa alma consiste de cinco partes, temos que adquirir a Masach de cinco diferentes níveis e potenciais, de acordo com o peso do egoismo:

1. Quando uma pessoa adquire a Masach com Aviut Shoresh, ela cruza a Machsom e entra no nível espiritual do mundo deAssiya;

2. A Masach de-Aviut Alef dá a pessoa a oportunidade de ascender ao nivel do mundo de Yetzira;

3. A Masach de Aviut Bet eleva a alma ao nível do mundo de Beria;4. A Masach com Aviut Gimel eleva o nível da alma do mundo de Beria para

o mundo de Atzilut;5. e finalmente. a Masah Dalet Aviut eleva a pessoa (ou seja, eleva a alma

da pessoa, já que na Cabala a pessoa é considerada uma alma) para o mundo de Adam Kadmon.

Depois disto a alma ascende para o mundo de Ein Sof vindo do mundo de Adam Kadmon.

Como cada mundo contém cinco Partzufim, e cada Partzuf consiste de cinco Sefirot, uma pessoa adquire um novo nível a cada cinco Sefirot.Por exemplo, no mundo de Assiya, os primeiros cinco Sefirot permitem a uma pessoa alcançar Malchut do mundo de Assiya; os próximos cinco Sefirot a elevam para ,em>Z”A

do mundo de Assiya; mais cinco elevam para Bina do mundo de Assiya, e os próximos cinco para - Hochma do mundo deAssiya. Os últimos cinco Sefirot permitem a alma alcançar Keter do mundo de Assiya.

Quando a alma se move ao longo do caminho, ela adquire gradualmente a Masach de Aviut de-Shoresh até o Aviut de-Alef do mundo de Yetzira. Isto se repete até que a alma passe pelos 125 níveis, atravessando todos os mundos.

Quando a pessoa está no mundo de Assiya com Aviut de-Shoresh, se considera que sua alma está passando pelo processo de concepção (Ubar) no útero da mãe (Bina), e este período dura "nove meses". Ou seja, a alma passa pelo correspondente número de níveis de desenvolvimento, chamado "intra-uteral", que corresponde ao tempo de gravidez de uma mulher em nosso mundo.

A passagem para Aviut Alef e, correspondentemente para o mundo de Yetzira, é chamada o nascimento da alma, que corresponde ao nascimento de uma pessoa em nosso mundo. A presença no mundo de Beria corresponde ao crescimento e alimentação pelo período de 2 anos, quando a alma deve receber a luz que faz crescer gradualmente a sua Masach.

Neste ponto, a alma ainda está no estado de Katnut (Kelim G”E). Por outro lado, a passagem para o mundo de Atzilut já simboliza o início do gradual Gadlut da alma (a aquisição do Kelim AHP). Isto continua até os treze anos (maioridade ou Bar Mitzvah), quando a alma se torna independente no mundo de Atzilut.

Isto é, ela já possue a Machsom que a permite começar a receber para o benefício da doação (ou ligar o Kelim de-Kabbalah com a ajuda de AHP de-Aliya).

O mundo de Atzilut contém Zachar (Z”A) e Nekiva (Nukva). Relativamente à cada um, eles estão em várias posições, dependendo do estado da alma (Katnut ou Gadlut); varios Zivugim ocorrem entre eles, e assim por diante.

No mundo espiritual, há uma noção chamada "Eretz” ou terra. Este é o lugar onde você se localiza ou para onde está indo. Eretzvem da palavra “Ratzon” ou desejo. Nossa alma inteira consiste de um grande desejo (Eretz), que contém vários pequenos desejos (Artznot ou Retzanot) assim como desejos das "nações do mundo", chamadas outras nações.

Eretz está mais pertp do Criador que as "outras nações", que são Ever ha Yarden (Jordania), Mitzraim (Egito) e Suria (Siria). Estas são nossas vizinhas e querem a nossa terra, ou Eretz Israel, porque é lá que está localizado o Criador, ou este é o desejo mais perto Dele.

Toda a correção deve começar conosco, ou a partir dos mais puros desejos. Por um lado eles são os que estão mais perto deEretz Israel; por outro lado, eles são os mais afastados, porque existe uma relação reversa de dependência entre a luz e os desejos.

Para retornar ao Criador, uma pessoa precisa estar em seu estado o mais egoista, ou seja, deve sentir que alguma coisa está faltando em sua vida. Por um lado, ela é uma egoista de acordo com seu Kelim, significando que ela está afastada do Criador de acordo com seus desejos egoistas. Por outro lado, quando ela altera o seu Kelim ou intenções com toda a força do seu desejo de se aproximar do Criador, então ela está mais perto Dele.

Quando uma pessoa começa a estudar, ela aprende gradualmente a separar seus desejos em seus vários componentes, de acordo com o gráu do seu Aviut, e ela começa a avaliar com quais dos seus desejos deve trabalhar e corrigir. Além disto, quando ela trabalha com seus desejos, ela tambem entende aonde está localizada, de acordo com seu mapa espiritual interno.

5. SHAMATI 1 - "NÃO HÁ NINGUÉM ALÉM DO CRIADOR"

5. Shamati 1 - "Não há Ninguém além do Criador"

Meu mestre anotava tudo o que ouvia do seu pai. Quando comecei a estudar com êle e fazer perguntas difíceis que me incomodavam êle sempre evitava responder, até que um dia, finalmente, êle me ofereceu suas anotações. Nelas pude encontrar o que me interessava e entender o que eu precisava entender, relendo-as enquanto passava por estados diferentes. Isto foi suficiente para me apoiar em toda minha existência, mesmo depois que êle partiu.

Nossa conversa aconteceu em 1981, quando êle me deu seu caderno de anotações. Fiz uma cópia que li por dez anos. Em 1991, dias antes de sua

morte, êle me deu o original. Disse então: "Leia. É para você". Me pediu que chegasse cedo no dia seguinte. Êle já sabia o que iria acontecer, mas eu não. Cheguei atrazado, e o encontrei práticamente inconsciente e assisti à sua morte.

Os artigos e anotações que êle me deu são muito importantes e profundos. Cada vez que uma pessoa os lê ela pensa que entendeu alguma coisa, mas quando lê pela segunda vez, ela percebe quão errada estava sua compreensão anterior e a cada leitura subsequente, novas e novas revelações surgem em crescente profundidade. Como a pessoa comprende depende do estado em que se encontra no momento da leitura.

Estes artigos foram escritos do ponto mais alto, ou do topo do atingimento. Entretanto, a pessoa pode lê-los a partir de qualquer um dos níveis mais baixos, até mesmo do nosso mundo. Cada pessoa é capaz de encontrar seu estado pessoal nestes artigos, assim como o que o autor quer dizer para o leitor nesse momento.

Eu recomendo a todos que leiam estes artigos; apenas algumas linhas por dia são sufucientes. Meu Rav costumava abrir o seu caderno de anotações apenas por alguns segundos antes de ir dormir e isto era suficiente para permitir que a luz se expandisse dentro da sua alma.

Neste momento nós vamos ler um dos artigos do Rav, o mais sério e profundo de todos, o qual deve se tornar um manual sempre accessível para quem deseja se unir ao Criador. Este artigo contém a Torah completa de Baal HaSulam, sua abordagem sobre a criação e tudo aquilo que uma pessoa deve perceber e guardar para sempre dentro de si.

Este é o primeiro artigo no livro que publiquei cujo título é "Shamati". É chamado "Não há Ninguém além do Criador"

Está escrito que "não há ninguém além do Criador", o que significa que não há nenhum poder no mundo capaz de fazer alguma coisa contra Sua Vontade. E se o homem vê que há coisas neste mundo, que negam o domínio do Alto, é porque Ele quer assim.

E considera-se uma correção, chamada "a esquerda rejeita e a direita acrescenta", significando que aquilo que o lado esquerdo rejeita é considerado uma correção. Isso significa que há coisas no mundo, que por princípio estão destinadas a desviar a pessoa do caminho correto, e mantê-la distanciada da santidade.

O benefício dessas rejeições é que através delas a pessoa recebe a real necessidade e um completo desejo pela ajuda de Deus, pois vê que de outra forma está perdida. Não apenas ela não progride em seu trabalho, como vê ainda que regride, e que lhe falta a força para sequer observar a Torah e as Mitzvot, mesmo que não seja em Seu nome. Porque somente se superar genuinamente todos os obstáculos, acima da razão, ela pode observar a Torah e as Mitzvot.

Mas nem sempre ela tem a força para ir acima da razão, porque se ocorresse o contrário, Deus proíba, ela seria forçada a se desviar do caminho do Criador, e não agir pelo Seu nome. A pessoa sempre sentiu que o fragmento é maior que o total, o que significa que há mais descidas que ascensões. Ela não vê uma

finalidade para esses apuros, e sempre se sente excluída da santidade, porque vê que é difícil para ela observar até mesmo uma insignificância, se não agir acima da razão, mas nem sempre ela é capaz de agir assim. E qual será o fim de tudo isso?

O Criador é o único responsável pela criação e foi Êle quem criou o homem com atributos específicos e lhe deu todas as energias necessárias. Êle cerca o homem com um ambiente que o ajuda de modo otimizado a avançar em direção ao objetivo da criação. Além disto, vemos que apesar deste fato, o Próprio Criador não apenas ajuda o homem diretamente, mas êle também constantemente o confunde com problemas variados, como perder o emprego, ter problemas com a família, se afligir com com várias doenças, infortúnios, sofrimentos e muito mais coisas..

Este tipo de relacionamento com o Criador dura bastante tempo, mas a pessoa não tem outra alternativa para avançar senão a de passar por estes estados e assim adquirir a experiência que mais tarde lhe dará a habilidade de receber a perfeiçao, a eternidade, o infinito e a unidade com o Criador.

Este período termina quando a pessoa chega à conclusão que somente o Criador pessolmente pode ajudá-la. Esta conclusão faz com que o verdadeiro pedido se estabeleça em seu coração; um pedido para que o Criador abra seus olhos e seu coração e a traga para perto da união eterna com Êle.

O Criador quer que o homem adquira todos os atributos dos mundos, ascendendo a esses mundos a partir do nosso mundo e substituindo o Criador em cada um deles. Mas, isto não é possível sem a ajuda do Criador. Uma pessoa não pode fazer nada sozinha. Todos os sofrimentos e infortúnios acontecem porque nossos desejos ou atributos são opostos aos do Criador, ou seja, opostos à luz.

Como resultado da oposição de atributos, tudo o que vemos em nosso mundo não existe na realidade, mas é apenas a projeção dos atributos na luz. Estamos vendo nossos próprios atributos. Quando a luz vem do alto, a pessoa não a sente, mas sim sente os seus atributos negativos na luz. Para sentir a luz própriamente, ela precisa se libertar do egoismo ou de seus obstáculos.

Quando uma pessoa implora por ajuda ao Criador, repentinamente se torna claro que: “todas as rejeições que ela experimentou vieram do Criador".

Isso significa que as rejeições que ela experimentou não aconteceram por sua culpa, ou por que não era capaz de prosseguir, mas sim porque essas rejeições são para aqueles que verdadeiramente querem se aproximar de Deus. E para que essa pessoa não se satisfaça com apenas um pouco, mais precisamente, para que não permaneça como uma criança sem conhecimento, ela recebe ajuda do Alto, de modo a que não seja capaz de dizer que "graças a Deus, ela observa a Torah e pratica boas ações, e portanto, o que mais ela poderia pedir?"

Só se essa pessoa tiver um verdadeiro desejo, ela receberá ajuda do Alto. E lhe são mostradas constantemente as suas faltas no estado presente, isto é, são-lhe enviados pensamentos e opiniões que trabalham contra seus esforços. Isto é para que ela veja que ela não está unificada a Deus. E quanto mais ela supera, mais percebe o quão longe da santidade ela se encontra, por comparação aos outros, que se sentem unificados a Deus.

Mas essa pessoa, por outro lado, sempre tem suas queixas e exigências, e não consegue justificar o comportamento do Criador, nem o modo como Ele age com relação a ela. E isso vai lhe provocando dor, porque ela não se sente unificada ao Senhor, até que chegue a sentir que não tem participação nenhuma na santidade.

E embora ela seja ocasionalmente despertada pelo Alto, e isso momentaneamente a reviva, logo ela cai novamente em um abismo. Porém, é isso que lhe faz compreender que somente Deus pode ajudar e realmente atraí-la para mais perto.

A pessoa sempre deve tentar se aproximar do Criador, isto é: tentar fazer com que todos os seus pensamentos se refiram a Ele. Isso quer dizer que mesmo que ela esteja no pior estado, do qual não possa haver uma grande queda, ela não deve abandonar Seu domínio, isto é, não deve pensar que há outra autoridade que o afaste de entrar na santidade, e que tenha o poder de beneficiar ou ferir.

Portanto a pessoa não deve pensar que é o poder do Outro Lado (Sitra Achrah), que não lhe permite praticar boas ações e seguir os caminhos de Deus, mas sim, que tudo isso é determinado pelo Criador.

O Criador dá golpes dolorosos em uma pessoa para fazê-la retomar o objetivo da criação. Normalmante se uma pessoa se sente bem, ela se delicia com isto e não se importa com a existência do Criador. Mas é importante que a pessoa seja uma com o Criador, principalmente se ela estiver se sentindo bem. È por isto que o Criador nos aplica os golpes - para que as pessoas se lembrem Dele. Quando uma pessoa se sente mal, ela, de um modo ou de outro, começa a pensar no Criador. Mas o trabalho consiste em lembrar do Criador quando se está bem.

Você pode perceber que a Cabala fala das recepções da alma, as mais refinadas. As pessoas não esperam receber golpes. Eles vem sem aviso, quando a pessoa se desliga do Criador. Cada um de nós está sob a governança pessoal do Criador. Esta governança se expressa quando nós nos esquecemos Dele. Para que nos lembremos Dele, Ele nos manda sinais especiais na forma de golpes do destino, e este é o Seu modo de nos dizer que precisamos sempre dirigir nossos pensamentos em Sua direção. Nada mais é requerido.

Como dizia o Baal Shem Tov, aquele que afirmar que há outro poder no mundo, isto é, conchas, está num estado em que "serve a outros deuses", ainda que não pense, necessariamente, em cometer o pecado da heresia; mas se ele pensa que há outra autoridade e força, que não o Criador, desse modo ele está cometendo um pecado. Além disso, aquele que diz que o homem tem sua própria autoridade, ou seja, aquele que diz que ontem ele mesmo não quis seguir os caminhos de Deus, esse também se considera como tendo cometido o pecado de heresia. Isso significa que ele não acredita que somente o Criador conduz o mundo.

Não há um só pensamento que venha à nossa mente, que não venha do Criador. Isto foi predeterminado no objetivo da criação, e não podemos mudar nada. Neste caso, quem sou "Eu"? "Eu" sou aquele que sente o que está acontecendo lá no Alto. No início percebemos tudo de forma confusa, e isto porque o espiritual que se encontra no Alto está entrando em nós ou no material.

Mas, gradualmente isto encontra seu lugar na pessoa e começa a trabalhar, e então nós entendemos que as coisas não podem ser diferentes. "Ascenção" ocorre quando uma pessoa concorda com o que o criador está fazendo, quando então a pessoa sente a realização, perfeição e eternidade; ela se separa de seu corpo e se relaciona apenas com o espiritual.

Quando a pessoa comete um pecado, certamente deve se lamentar por isto e se arrepender por tê-lo cometido, mas aqui também nós devemos colocar a dor e a lástima na ordem correta: aquilo a que ela atribuie a causa do pecado, é nesse ponto que ela deve se arrepender.

A pessoa então deve se arrepender e dizer: "eu cometi esse pecado porque o Criador me lançou abaixo da santidade, em um lugar imundo, no lavatório, onde está a imundície". Isso é o mesmo que dizer que o Criador lhe deu um desejo e um apetite por se divertir e respirar o ar de um lugar mal-cheiroso. (E também se pode dizer, como está nos livros, que às vezes o homem encarna no corpo de um porco, e então ele recebe um desejo e o apetite por manter-se com coisas que ele já teria decidido que eram lixo, mas agora ele novamente quer se reavivar com elas).

E também, quando a pessoa sente que está em um estado de ascensão, e sente algum prazer no trabalho, ela não deve dizer: "agora eu estou em um estado em que compreendo que é valioso servir a Deus". Melhor seria que soubesse que agora o Senhor a notou, e por isso a atraiu para Si, o que é a razão pela qual ela sente prazer no trabalho. Ela deve tomar o cuidado de nunca abandonar o domínio da santidade, nem dizer que há outra força operando, além do Criador. (Mas isso significa que a questão de encontrar favor aos olhos do Senhor, ou o oposto, não depende do homem, mas sim, que tudo depende de Deus. E o homem com sua mente superficial, não consegue compreender por que o Senhor agora gosta dele e após, não gostará).

E igualmente quando a pessoa lamenta que o Criador não a traz para perto, ela também deveria ter cuidado para não se queixar por ter sido distanciada do Criador, pois fazendo assim ela se torna um recipiente para seu próprio benefício, e aquele que recebe é separado do Criador. Melhor seria que ela lamentasse o exílio da Presença Divina, isto é, por infligir tristeza à Presença divina.

O Criador envia apenas bondades para a pessoa. Mas, quando elas passam pelo egoismo, passam a ser percebidas como más, tais como doenças, esgotamento e outros infortunios da vida. Quando a pessoa se sente mal, ela é incapaz de agradecer ao Criador ao mesmo tempo. Se uma pessoa soubesse e sentisse remorso e tristeza pelo mal que sente o Criador ao notar a diferença entre a bondade que Ele envia e o mal que a pessoa sente, ela certamente se comportaria de forma diferente, Ou, se a pessoa pudesse sentir a alegria do Criador quando ela própria se sente bem.

Em outras palavras: todos os pensamentos, todas as ações e tudo o que acontece, deve ser dirigido ao Criador. Esta é a única maneira pela qual uma pessoa é capaz de sair de seu "Eu" ou seu corpo, e isto significa sua entrada no domínio espiritual.