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Laboratório de Eletricidade S.J.Troise
11/10/2005 Página 1 de 7
Exp. 0 - Laboratório de eletricidade 0.1 Introdução – Conceitos básicos
O modelo aceito modernamente para o átomo apresenta o aspecto de uma esfera central chamada núcleo que apresenta, no seu interior, entre outras partículas os prótons e os nêutrons e, dispostos em camadas externas ao núcleo, apresenta os chamados elétrons. Sabemos hoje que os prótons apresentam um propriedade chamada cargas elétrica positiva e os elétrons uma propriedade chamada carga elétrica negativa, enquanto que os nêutrons não apresentam essa propriedade carga elétrica.
Em condições normais os prótons são rigidamente ligados ao núcleo e por essa razão não podem se movimentar no interior dos meios. Por outro lado os elétrons em alguns meios são fracamente ligados à periferia e portanto podem se mover nesses meios. Esses meios são chamados condutores e aqueles nos quais esse movimento não é permitido são chamados isolantes. Os elétrons das camadas mais internas estão fortemente ligados ao núcleo enquanto que os das camadas mais externas apresentam mais fraca ligação com o núcleo e conseqüentemente estes últimos podem mover-se com facilidade deslocando-se de um átomo para outro no interior do material. Esse movimento de elétrons constitui a corrente elétrica. Observe-se que os prótons não conseguem deixar o núcleo por processos convencionais e portanto normalmente não participam da corrente elétrica. (em condições especiais esse movimento,pode acorrer)
As cargas elétricas do elétron e do próton são mensuráveis. Medidas efetuadas com grande precisão mostram que as cargas de ambos são iguais em valor absoluto e de sinais contrários. A carga do elétron é
e a carga o próton é C191,6.10eQ −−= C191,6.10pQ −= .
Cargas elétricas interagem. Cargas de mesmo sinal se repelem e de sinais opostos se atraem. A força de atração ou de repulsão é calculada pela LEI de COULOMB, que é uma lei experimental. Esta lei estabelece que a intensidade dessa força é dada por
2r2Q1Q
KF⋅
⋅=r
Equação 0-1
onde K é uma constante, denominada “constante da eletrostática”, cujo valor é: 2C
2m.N910.9 , 1Q e 2Q são as
medidas das cargas e r é a distância entre elas. Essa força é chamada força eletrostática ou força Coulombiana.
0.2 Corrente Elétrica Chama-se corrente elétrica ao movimento ordenado de cargas elétricas que são transportadas por
partículas que possuem essa carga elétrica, como os prótons e elétrons. Como os prótons são fortemente ligados ao núcleo somente elétrons participam desse transporte de carga elétrica nas correntes normalmente estudadas pela Eletricidade.
Consideremos então um grupo de elétrons movendo-se numa certa região do espaço. Seja Q∆ a quantidade de cargas que atravessa uma superfície S∆ transportadas pelos elétrons, num certo intervalo de tempo
, transportada pelos elétrons. t∆Por definição, chama-se intensidade (média) de corrente através da superfície a
tQI∆∆
=
Equação 0-2
que é medida em AAmpèrésC
segundoCoulomb
=== .
Devemos lembrar aqui que nem todos os materiais permitem o movimento dos elétrons ou seja, a corrente elétrica. Quando o material permite a corrente elétrica ele é chamado condutor. Caso contrário ele é chamado isolante.
0.2.1 Exercícios 0.2.1.1 ( ) Em um condutor na forma de fio existe uma corrente de . Calcule a carga que é transportada por essa corrente em um intervalo de tempo de 5s.
A3
Resp.:
0.2.1.2 ( ) Em um chuveiro a corrente de operação é de . Qual a carga transportada através do fio do chuveiro durante um A20
banho de 15min. Resp.:
0.2.1.3 ( ) Durante quanto tempo deve funcionar o chuveiro acima para que a carga transportada seja de 400C?. Resp:
0.3 Geradores – Potencial Elétrico Para que haja o movimento das cargas que constituem a corrente é necessário que sobre elas atue uma
força. Havendo força e havendo deslocamento trabalho é realizado e portanto é necessária uma fonte de energia. O dispositivo que fornece energia para produzir corrente elétrica é chamado gerador. Todo gerador tem uma característica chamada potencial elétrico (tensão elétrica ou voltagem) definida como segue abaixo.
Seja a energia fornecida pelo gerador para transportar uma quantidade de carga sendo a energia gasta pelo gerador para transportar carga . Por definição o potencial do gerado é definido como sendo a energia fornecida por unidade de carga transportada, ou seja:
E∆Q∆
QEV
∆∆
=
Equação 0-3
O potencial elétrico é então medido em VVoltCJ
CoulombJoule
=== . Resumindo, para que haja corrente
elétrica é necessário que exista fornecimento de energia e o dispositivo que fornece essa energia chama-se gerador. Os geradores elétricos mais simples são representados pelo símbolo:
Figura 0-1
Observe na figura a existência dos sinais + e - . Eles indicam o sentido na qual o movimento de elétrons ocorre (da esquerda para a direita). Por razões históricas a Eletricidade desenvolveu-se considerando o sentido inverso, chamado “sentido convencional”
0.3.1 Exercícios
0.3.1.1 ( ) Uma carga de é transportada ao longo de um condutor e uma energia de é fornecida pelo gerador. Qual o potencial de um gerador:
C4 J34
Resp: 0.3.1.2 ( ) Se o potencial de um gerador é de 1,5V qual energia que ele fornece para transportar uma carga de ? C5,0
Resp: 0.3.1.3 ( ) Uma pilha, que é um gerador, de potencial V5,1 pode fornecer produzir ma corrente de mA100 durante 12horas. Calcule a energia da pilha quando nova?
Resp:
0.3.1.4 ( ) A tomada é um gerador elétrico pois tem a capacidade de fornecer a energia necessária para que ocorra corrente elétrica. A companhia de eletricidade informa que o potencial da tomada é 220V. Qual a energia fornecida pela tomada quando
um chuveiro que no funcionamento exige uma corrente de e é usado durante 20min? A40Resp:
0.3.1.5 ( ) Uma tomada de potencial fornece energia para o funcionamento de um radio e o consumo de energia em 3h é
de . Calcule a corrente de operação do rádio.,
V110J65
Resp:
0.4 Potência Elétrica Vimos acima que quando ocorre a corrente elétrica energia é consumida, fornecida pelo gerador.
Suponhamos então que uma energia seja fornecida pelo gerador num intervalo de tempo . Por definição chama-se potencia (não confundir com potencial) à energia por unidade de tempo, ou seja
E∆ t∆
tEP∆∆
=
Equação 0-4
Podemos então definir a unidade de medida da potencia como sendo WWattsJ
tempoenergiaP ====
Podemos obter uma expressão prática para o cálculo da potencia: da Equação 0-1 temos tIQ ∆⋅=∆ .
Substituindo na Equação 0-3 teremos tI
EV∆⋅
∆= de onde se obtém imediatamente:
IVP ⋅= Equação 0-5
que é a expressão procurada.
0.4.1 Exercícios
0.4.1.1 ( ) Um gerador fornece de energia em 2min.Qual sua potencia? J400Resp:
0.4.1.2 ( ) Um equipamento de opera numa tomada de 220V. Qual a corrente do chuveiro? W400Resp:
0.4.1.3 ( ) Se um equipamento com a mesma potencia opera em 110V qual será sua corrente de operação? Resp:
0.4.1.4 ( ) Um chuveiro tem uma potência de consumo de . Se uma pessoa toma 30 banhos diários de 15min , qual a energia por ele consumida em um mês?
W4400
Resp:
0.4.1.5 ( ) Calcule a quantos Watt corresponde ! kWh Resp
0.5 Instrumentos de medida Tanto a corrente elétrica como o potenciai elétrico são mensuráveis. Para estas medidas existem dois
instrumentos básicos de medida: Os amperímetros e os voltímetros. Os amperímetros são instrumentos que permitem a medida da corrente elétrica, os quais apresentam
escalas graduadas diretamente em Ampèré (A) ou em miliAmpèré (mA). Os amperímetros são representados pelo símbolo:
Figura 0-2
Os voltímetros são instrumentos que permitem a medida da tensão ou diferença de potencial e apresentam escalas diretamente graduadas em Volt (V). Os voltímetros são representados pelo símbolo:
Figura 0-3
Esses instrumentos são “polarizados”, isto é devem ser conectados com o sentido correto pois a corrente deve circular por eles num sentido determinado, mostrado na figura. Por essa razão existem os sinais −+ e em seus polos. Um estudo completo destes dois instrumentos de medida será feito ao longo deste texto.
0.6 Múltiplos e submúltiplos Muitas vezes o Ampèré e o Volt, bem como outras unidades utilizadas em Eletricidade, são muito grandes
ou muito pequena. Por esta razão são usados os seguintes múltiplos e submúltiplos: Tera T 1210 Giga G 910 Mega M 610 Quilo K 310 mili M 310−
micro µ 610− Nano N 910− pico p 1210−
Tabela 0-1
0.7 Bipolos
Chama-se bipolo a todo dispositivo elétrico constituído de dois polos entre os quais circula corrente elétrica. Dependendo da natureza do bipolo ele é representado por diferentes símbolos nos diagramas elétricos. Abaixo estão apresentados alguns desses tipos, em como apresentados seus respectivos nomes.
+ -
Figura 0-4
ou genericamente por
Figura 0-5
Sempre que se aplica uma tensão sobre um bipolo aparece uma corrente que o atravessa e a
experiência mostra que essa corrente é função da tensão aplicada ou seja
V I)I(fV = . O estudo dos bipolos é feito
determinando-se sua curva característica, isto é, uma curva que mostra a relação entre a tensão aplicada ao bipolo e
a corrente que o atravessa. A curva é obtida experimentalmente medindo-se a corrente correspondente a cada tensão aplicada. Isto é feito utilizando-se um circuito como o mostrado abaixo:
)I(fV =
Figura 0-6
. Dependendo da forma apresentada por esta curva os bipolos podem ser classificados em: 1- bipolo linear: quando a curva caracteriza pode ser aproximada a uma reta; 2- não lineares: quando a curva característica não pode ser aproximada a uma reta; Os bipolos podem ainda ser classificados em: 3- ativos: quando a curva característica mostra a existência de corrente elétrica quando a tensão
aplicada é nula (a curva não passa pela origem) ou; 4- passivo: quando uma tensão nula aplicada corresponde a uma corrente nula (a curva passa pela
origem). Abaixo são colocadas algumas curvas características com sua classificação:
Figura 0-7
Os bipolos podem ainda ser classificados como simétricos quando o comportamento para tensões aplicadas positivas e negativas é simétrico.
Figura 0-8
Os bipolos podem ainda ser classificados em bipolo gerador e bipolo receptor. Um bipolo gerador é aquele que é capaz de produzir, por si só, corrente elétrica. É o caso das pilhas. Um bipolo é receptor quando não é capaz de produzir corrente elétrica. É o caso de uma lâmpada, de um
resistor, etc. nos quais a corrente resultante é produzida por um bipolo gerador associado. Existe uma diferença fundamental entre estes dois tipos de bipolos: no bipolo receptor a corrente circula no
sentido decrescente do potencial elétrico enquanto que no bipolo gerador a corrente circula no sentido crescente do potencial. A figura abaixo mostra este fato através dos sinais + e - colocados sobre os bipolos.
Figura 0-9
No exemplo acima o bipolo receptor é um resistor e o bipolo gerador é um gerador de corrente continua (pilha ou bateria). Observe atentamente nesta figura as diferenças de potencial indicadas. No bipolo gerador o potencial cresce no sentido da corrente enquanto que no bipolo receptor a o potencial decresce e por esta razão dizemos que no bipolo receptor ocorre uma "queda de potencial".
0.8 Os bipolos lineares – Resistores Existem bipolos construídos com o objetivo de produzir resistência à passagem da corrente elétrica ou
então, produzir queda de tensão. Esse bipolos são denominados resistores elétricos e apresentam comportamento
linear, além de serem passivos. Isto significa que a relação entre a tensão e a corrente é do tipo ondeC.I = V C é uma constante. Esta constante é chamada resistência elétrica do resistor e é representada normalmente por , ou seja nos resistores
R
V = R.I ou ainda
R = VI
Equação 0-6
Isto significa que a tensão sobre um resistor é sempre dado por IR=V ⋅ . Este resultado é chamado LEI de OHM. A figura abaixo mostra a curva característica de um resistor bem como mostra como é possível determinar a resistência R da mesma a partir essa curva característica. A resistência nada mais é o que a declividade da reta.
A resistência de um resistor é medida em
Ω=Ampèré
Volt=Ohm
. Figura 0-10
Neste texto os resistores serão representados pelo símbolo:
Figura 0-11
Os resistores apresentam normalmente forma tubular e o valor de sua resistência é indicado pelo fabricante através de faixas coloridas de acordo com o código abaixo:
1º alg. 2º alg. multiplicador tolerância cor 1ª faixa 2ª faixa 3ª faixa 4ª faixa
preto - 0 1 - marrom 1 1 101 ±1%
vermelho 2 2 102 ±2% laranja 3 3 103 -
amarelo 4 4 104 - verde 5 5 105 - azul 6 6 106 -
violeta 7 7 107 - cinza 8 8 108 -
branco 9 9 109 - ouro - - 10 1− ±5% prata - - 10 2− ±10%
As 1ª e 2ª faixas indicam os algarismos significativos; a 3ª faixa indica o fator multiplicativo através da potência de 10 e a 4ª faixa indica a precisão percentual dessa indicação. Alguns fabricantes escrevem diretamente o valor da resistência no corpo do resistor
0.9 Resistência aparente Vimos que quando o bipolo é linear existe uma relação constante entre a tensão e a corrente e o valor dessa razão é denominada resistência. Quando o bipolo é não linear essa razão constante não existe e não podemos falar na resistência. Podemos entretanto
falar de uma resistência aparente como sendo a relação entre a tensão e a corrente em cada ponto da curva. A figura abaixo mostra como se pode determinar a resistência aparente num ponto P da curva de um bipolo não linear.
Para cada valores de e de I obtidos no gráfico existe uma resistência aparente dada por V IIVR .ap = ,
também medida em ohms.