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MSc. Viviane Vanessa de Vilhena Amanajás Geógrafa, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) – [email protected] Esp. Arilson de Oliveira Teixeira Especialista em geoprocessamento, pesquisador do IEPA - [email protected] EXPANSÃO URBANA E A FORMAÇÃO DE CENTRALIDADES NO ÂMBITO INTRA-URBANO DA CIDADE DE MACAPÁ – AMAPÁ - BRASIL 1 1 INTRODUÇÃO O crescimento demográfico acelerado da cidade de Macapá desencadeou a expansão urbana da cidade, paralelamente a transformações econômicas e sociais no âmbito intra-urbano. O urbano macapaense se apresenta com novas formas e funcionalidade; o traçado das vias foi que mais sofreu com o crescimento a cidade. “Atualmente, Macapá é considerada como cidade média, devido a sua funcionalidade enquanto centro de distribuição e de decisões em relação aos municípios do Estado do Amapá” (PORTO, 2003). Tais mudanças tiveram como suporte a crescente demanda de consumo e serviços da população em consonância com a lógica capitalista. Dentro desse contexto, é de suma importância, que a investigação leve em conta a dinâmica do conjunto da cidade e da articulação entre suas áreas formadoras, ou seja, a estrutura intra-urbana. Neste trabalho buscou-se contextualizar o crescimento urbano a partir da data de criação dos bairros cidade de Macapá, demonstrando as relações com a dinâmica da centralidade urbana, com objetivo de mostrar à sociedade a importância de um estudo aprofundado da Forma (espaço geográfico urbano) que vem sendo transformado, dando lugar à outra Forma, que vem atender as novas necessidades e funções desse espaço social e econômico. Portanto, a hipótese do trabalho está centrada na afirmação de que a cidade de Macapá, embora seja considerada uma cidade média, a expansão do tecido urbano através da criação de novos bairros, fomentou centralidades em alguns bairros e também 1 A pesquisa encontra-se concluída. Este trabalho faz parte de um grupo de pesquisa intitulado Cartografias Territoriais, cadastrado na plataforma CNPQ.

Expansao Urbana e a Formacao de Centralidades No Ambito Intra-urbano Da Cidade de Macapá

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Page 1: Expansao Urbana e a Formacao de Centralidades No Ambito Intra-urbano Da Cidade de Macapá

MSc. Viviane Vanessa de Vilhena Amanajás

Geógrafa, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado

do Amapá (IEPA) – [email protected]

Esp. Arilson de Oliveira Teixeira

Especialista em geoprocessamento, pesquisador do IEPA - [email protected]

EXPANSÃO URBANA E A FORMAÇÃO DE CENTRALIDADES NO ÂM BITO

INTRA-URBANO DA CIDADE DE MACAPÁ – AMAPÁ - BRASIL 1

1 INTRODUÇÃO

O crescimento demográfico acelerado da cidade de Macapá desencadeou a

expansão urbana da cidade, paralelamente a transformações econômicas e sociais no

âmbito intra-urbano. O urbano macapaense se apresenta com novas formas e

funcionalidade; o traçado das vias foi que mais sofreu com o crescimento a cidade.

“Atualmente, Macapá é considerada como cidade média, devido a sua funcionalidade

enquanto centro de distribuição e de decisões em relação aos municípios do Estado do

Amapá” (PORTO, 2003).

Tais mudanças tiveram como suporte a crescente demanda de consumo e

serviços da população em consonância com a lógica capitalista. Dentro desse contexto,

é de suma importância, que a investigação leve em conta a dinâmica do conjunto da

cidade e da articulação entre suas áreas formadoras, ou seja, a estrutura intra-urbana.

Neste trabalho buscou-se contextualizar o crescimento urbano a partir da data de criação

dos bairros cidade de Macapá, demonstrando as relações com a dinâmica da

centralidade urbana, com objetivo de mostrar à sociedade a importância de um estudo

aprofundado da Forma (espaço geográfico urbano) que vem sendo transformado, dando

lugar à outra Forma, que vem atender as novas necessidades e funções desse espaço

social e econômico.

Portanto, a hipótese do trabalho está centrada na afirmação de que a cidade de

Macapá, embora seja considerada uma cidade média, a expansão do tecido urbano

através da criação de novos bairros, fomentou centralidades em alguns bairros e também

1 A pesquisa encontra-se concluída. Este trabalho faz parte de um grupo de pesquisa intitulado Cartografias Territoriais, cadastrado na plataforma CNPQ.

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em algumas vias da cidade, estas utilizadas diariamente por ciclistas, motociclistas,

motoristas. Porém há que se ressaltar que a formação de novas centralidades não apagou

o centro de Macapá como centralidade continua com sua funcionalidade administrativa,

econômica e política.

O espaço materializado pelas formas da paisagem, pela vida, trabalho e serviços

que o animam, realizando-se por um conjunto de objetos reais-concretos, pelo seu uso

uno e múltiplo, por um conjunto de mercadorias cujo valor individual é função do valor

que a sociedade, em um dado momento atribuiu a cada fração da paisagem. O espaço

constitui a matriz sobre a qual as novas ações substituem as ações passadas. E assim,

para captar a dinâmica e os processos dessa paisagem é necessário considerar a análise

proposta por Santos (1996), a saber: a forma (refere-se ao visível, o espaço que se vê); a

função (os elementos que compõem o espaço); A estrutura espacial (a dependência entre

partes do todo); e o processo espacial (investigando a evolução da estrutura que se

transformou).

Dentro deste contexto, Macapá como sendo capital do Amapá passou por muitas

transformações em sua forma urbana e até mesmo em suas relações administrativas.

Macapá, atualmente apresenta suas formas urbanas modificadas, porém com ações

semelhantes do centro tradicional antigo. As formas estão representas por lojas,

importados, repartições públicas, serviços bancários, espaços públicos e outros. As

relações comerciais informais são muito presente na cidade, fator esse que veio desde o

ex-território, em razão da entrada de migrantes, atraído pelos discursos políticos ou por

expectativas de vida nova (PORTO, 2003).

Com o discurso político de vida boa no Amapá, o espaço passou a incorporar o

crescimento populacional e a própria extensão física, sinais esses característicos do

processo de urbanização (TRAJANO, 2010), com a proliferação do tecido urbano em

direção a áreas periféricas.

2 OBJETIVOS

Apresentar a cidade de Macapá-AP como uma cidade média, apontando a

formação de centralidades ao longo do espaço tempo na área urbana da cidade,

concomitantes ao crescimento das algumas vias públicas, e destacar que embora a

cidade esteja crescendo para as áreas periféricas o centro de Macapá continua forte com

a funcionalidade administrativa, econômica e política.

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3 METODOLOGIA

O presente trabalho consistiu em pesquisa descritiva e os procedimentos

metodológicos pautaram-se na revisão da literatura pertinente à temática, cuja base

teórica se apóia em: Lefebvre (1999) que aborda a formação das cidades polinucleadas;

Sposito (2001), O centro e as formas de expressão da centralidade urbana; Santos

(1994), que contribui para o entendimento do papel dos fixos e fluxos na dinâmica

espacial urbana. Este levantamento bibliográfico se fez importante à medida que

permitiu analisar as transformações pelas quais passou o recorte espacial em estudo,

principalmente a partir da implantação da Área de Livre Comércio de Macapá e

Santana, em 1992 até os dias de hoje.

Após esta etapa, partiu-se para o levantamento de dados digitais sobre a

localização espacial das atividades presentes no espaço urbano amapaense, que tinha

por objetivo identificar os bairros com a presença de centralidades, através de um

mapeamento das atividades comerciais, serviços e órgãos governamentais.

Posteriormente foram trabalhadas as informações a fim de clarificar a presença de

centralidades, onde foram elaborados análises e mapas a fim de identificar o local de

ocorrência de centralidades, a quantidade de atividades e o tipo de atividade.

Paralelo a esta atividade foram levantadas a data de sansão dos bairros da cidade

de Macapá, para auxiliar na visualização do crescimento urbano, e compreender os

processos que nortearam esse crescimento e promoveram a modificação na forma e na

função, contribuindo para a formação das centralidades.

4 RESULTADOS

A evolução da urbanização da cidade de Macapá, de fato se processou durante

processo de Estadualização do Território do Amapá, que deixava de ser Território

Federal em 1943 de domínio do governo federal para torna-se Estado em 1988, período

esse que o Amapá passou a ter sua autonomia política, econômica e administrativa.

O município de Macapá é formado por 32 bairros, conforme apresentado no

quadro (Quadro 01) abaixo, sendo que estes distribuídos conforme o plano diretor da

cidade de Macapá em três grandes zonas: Norte, Centro e Sudoeste.

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Quadro 01: Bairros de Macapá por Setor

MACAPÁ CENTRO MACAPÁ SUDOESTE MACAPÁ NORTE Beirol Alvorada Boné Azul Buritizal Araxá Brasil Novo Central Cabralzinho*** Infraero Cidade Nova Congos Jardim Felicidade Jesus de Nazaré Jardim Equatorial Novo Horizonte Laguinho* Lagoa Azul **** Renascer Muca** Marabaixo São Lázaro Nova Esperança Marco Zero*** - Novo Buritizal Pedrinhas - Pacoval Universidade***** - Perpétuo Socorro Zerão***** - Santa Inês - - Santa Rita - - Trem - - *O Laguinho passou a ser chamar Julião Tomaz Ramos até 17 de maio de 1989, quando voltou a ser oficialmente denominado como doravante, pelo dispositivo da Lei 339/89 de 14 de abril de 1989. **Não há registro da Lei de criação na base municipal do bairro do Muca ***Para os bairros Cabralzinho e Marco Zero não foram encontrados registro legal, não obstante, os mesmos dispõem de limites e perímetro, figurando na Base de Dados do IBGE. ****Não há registro da Lei de criação na base municipal do bairro Lagoa Azul. *****As leis 708 e 955, que dispõe acerca do Zerão e Universidade foram respectivamente revogadas pelas Leis 1.154 e 1.153, sancionadas em 21/12/2001.

Fonte: Organizado pelos autores, 2011.

No município de Macapá, além do bairro central, alguns outros têm apresentado

evidências de atuação da expansão de serviços, sejam eles públicos ou privados, mais

especificamente os bairros Buritizal, Jardim Felicidade, Novo Horizonte e Santa Rita.

Neste caso, cabe destacar que estamos diante de um espaço produzido e

reproduzido de modo fragmentado por relações que envolvem aspecto econômico, e que

por isso, cabe destaque a um centro, onde normalmente ocorre a evolução das

centralidades. Este não é apenas no caso das metrópoles, mas também das novas

configurações de cidade médias2, a partir da disseminação não apenas da questão

populacional mais nas funções exercidas no contexto de intercâmbio com outras regiões

e países em termos de interação social (TRAJANO, 2010).

Para Lefebvre (1999) a cidade de origem histórica da cidade não desaparece

(enquanto momento histórico) com as transformações que a modernidade implanta (e

impõem), mas, com as novas centralidades se condensa e se dispersa, ou ainda, se

concentra e se estende. Na cidade de Macapá as transformações não ocorreram de forma

diferenciada, ou seja, a estrutura antiga se manteve tal qual sua forma, entretanto sofreu

2 As cidades médias comandam o essencial dos aspectos da produção regional, deixando o essencial dos aspectos políticos para aglomerações maiores, no país ou no estrangeiro, em virtude do papel dessas metrópoles na condução direta e indireta do chamado mercado global (SANTOS, 1994).

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uma atualização na sua função, de modo a servir o novo. Para o autor há tendência do

espaço social, o que significa que a cidade é englobada pelo urbano. A forma urbana é

que reúne as diferentes centralidades ensejando, simultaneamente, a difusão de

informações de modo simultâneo.

A forma de simultaneidade permite a compreensão do prolongamento das

atividades urbanas, o que cria novos tipos de relações sociais sobre o espaço habitado. É

desta maneira que o processo de produção do espaço urbano é complexo e está

fortemente ligado às dinâmicas socioeconômicas, política e territorial das esferas local,

regional e internacional.

A expansão urbana, que no caso de Macapá grande parte é oriunda das

migrações muito mais externas que internas, conforme dados de trabalho de campo

(2010) onde cerca de 60% habitantes de bairros mais novos, localizados nas zonas norte

e sudoeste, são compostos por migrantes vindo das ilhas do Pará (Afuá, Breves e

Chaves) e ainda do Maranhão. Este aumento populacional e conseqüentemente da

expansão urbana propicia também a violência, o desemprego, a informalidade dentre

outros, são expressões dinâmicas deste processo. Portanto, a cidade não pode ser

definida ou compreendida como entidade orgânica, homogênea, funcional, como

modelo histórico específico e difundido de forma universal.

Em Macapá a criação da área comercial trouxe alguns problemas para a cidade,

de acordo com dados da Secretaria de Planejamento do Amapá (SEPLAN) nos mostra

que entre 2007 e 2009, houve o registro de uma explosão demográfica em Macapá, de

281.319 para 326.393 habitantes. Mostra ainda, que o crescimento populacional chegou

a uma taxa relativa de 26,72%, fechando com uma taxa de 3,82% anualmente.

Esse aumento populacional significa para o Estado um instrumento de

gerenciamento de organização das áreas apropriadas em Macapá, podendo ser analisada

pelo consumo de energia (TRAJANO, 2010). Com esse estudo é visível visualizar os

problemas urbanos e colocar em prática o planejamento da cidade em termos de

estruturação das vias urbanas, a criação de loteamentos habitacionais, o aumento de

postos de saúde e dentre outros equipamentos urbanos.

Com o crescimento populacional em Macapá, o tecido urbano se prolifera

criando novas formas de centralidades, influenciando na rotatividade de pessoas e

capitais, mais principalmente no uso e ocupação do espaço. Tostes (2007), afirma que o

crescimento demográfico da capital se deu, em parte, devido à grande atração que

passou a exercer sobre as populações das demais regiões. Atraída pela maior

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oportunidade de emprego, de estudo e pelo conforto urbano, a grande leva de imigrantes

para Macapá provocou mudanças.

Por esses motivos que o tracejado das ruas de Macapá foi ganhando novas

morfologias, o aparecimento das formas urbanas foi criando vias largas e de maneira

retilínea (TRAJANO, 2010). Com isso, a evolução e o crescimento da cidade e o

aparecimento de novos bairros e o crescimento da área urbana (Figura 01).

O processo de centralização e a correspondente forma e localização espacial: a

área central tradicional (bairro Central) (Figura 01) constituindo-se em foco primordial

da cidade, concentrando as atividades intra-urbanas (SILVEIRA & RIBEIRO, 2008).

Pode-se dizer que, o que define uma centralidade é o movimento pelas vias - os fluxos -,

ou seja, a circulação contínua de consumidores, trabalhadores, automóveis, mercadorias,

informações e idéias; a presença desses elementos e suas dinâmicas dão função aos

espaços e definem territórios (MILANI & SILVA, 2009).

Atualmente, graças ao desenvolvimento dos transportes e dos meios de

comunicação, as etapas que definem a produção – produção, circulação e consumo,

tendem a ser aceleradas e a se fragmentarem geograficamente, e boa parte das cidades

passa a manter relações diretas para com grandes centros, o que denota um novo

elemento do processo de urbanização contemporânea (SANTOS, 1994).

Dentro deste contexto, observa-se que a área urbana de Macapá, especialmente a

área do setor Centro (Figura 01), sofreu um processo de expansão que fomentou a

formação de centralidades. Para essa análise considerou-se as dinâmicas que engendram

a urbanização nesta cidade, colocando em pauta as formas espaciais que constituem o

conteúdo social e cultural do processo. O termo urbanização foi amplamente usado para

descrever tanto o crescimento das cidades como o impacto das cidades sobre a cidade.

A urbanização da sociedade não compreende, entretanto, apenas a dinâmica

demográfica de concentração dos homens na cidade ou a expansão da dinâmica

econômica, mais inclui seu conteúdo social e cultural (SPOSITO, 2001).

Partindo desse pressuposto a expansão urbana e a urbanização são dois

processos principais do desenvolvimento urbano que não podem ficar separados, pois à

medida que as pessoas se vinculam à cidade são passíveis de mudanças profundas em

seu modo de vida.

A urbanização contemporânea tem promovido mudanças nas formas de

produção do espaço e na sociedade, de tal forma que novas paisagens vêm sendo

criadas, através da construção de prédios residenciais, comércios, escolas, centros de

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saúde, agências bancárias, dentre outras formas. O processo de urbanização é tão

dinâmico que acaba trazendo mudanças no cotidiano das pessoas e na própria extensão

físico-territorial da cidade promovendo a expansão do tecido urbano que ao ser

visualizado através dos equipamentos urbanos como escolas, postos de saúde, agências

bancarias e outros serviços, não se define apenas pelas edificações, mas pelo conjunto

de manifestações do centro da cidade à periferia.

Dessa forma, os equipamentos urbanos se multiplicando ao longo da extensão

territorial da cidade em direção as periferias, constitui uma centralidade. A centralidade

é um conteúdo que permite um amontoado de objetos variados e justapostos que

constitui o urbano. Compreendendo que a centralidade permitirá recolher algo essencial

na prática social para procurar atender às demandas básicas da população que vive em

seu entorno (GÓES, 2010).

Em Macapá a paisagem da área urbana, como objeto empírico deste trabalho

permite visualizar elementos que apontam para um processo de expansão do tecido

urbano em suas direções diversas (Figura 01), como os bairros Buritizal e Santa Rita

onde é notória a expansão de vias de circulação e de fluxos de transporte no bairro.

Nessa situação, os espaços vão ganhando novos usos do solo, equipamentos

urbanos capazes de produzir centralidades fora da área central da cidade, principalmente

a partir da proliferação do tecido urbano que dá lugar à implantação de conjuntos

habitacionais ou complexos comerciais.

Sendo assim, o centro principal de Macapá é caracterizado por uma centralidade

intensa que articula os demais setores da cidade, se constitui de um nó na malha urbana

e exerce o papel de fornecedor de serviços e comércios variados fazendo do bairro

Central de Macapá a principal centralidade em seu espaço urbano. O centro possui

relações com todo o conjunto do espaço urbano, ou seja, ele é responsável pela

articulação interna e externa da cidade (Figura 01). Principalmente no que tange a

quantidade de órgãos públicos neste bairro.

Conforme a figura 02 a distribuição espacial se estende às áreas periféricas do

centro, prevalecendo como uso do solo, no bairro Central, os estabelecimentos de

comércios e serviços, ou seja, as residências circundam uma área menor. O bairro

Central concentra cerca de 43% dos empreendimentos distribuídos nas seguintes

atividades: Bancários (21), Comércio (229), Educação (49), Habitacional (19),

Religiosa/Filantrópica (6), Saúde (26), Serviços (65), Serviços Públicos (76) e Órgãos

de Classe (40).

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Similar ao processo que constitui o centro urbano de Macapá e associada ao

crescimento populacional na cidade como um todo; outros bairros também vêm

iniciando um processo de centralização, conforme observado na figura 02.

Figura 01 e 02: 01) Mapa do processo de criação dos bairros; 02) Mapa com os bairros onde aparece a centralidade dos empreendimentos. Fonte: Base Cartográfica SEMA (2003); elaborado pelos autores (2011).

Com isso, observa-se que o Centro e novas centralidades, surgem como

resultado do processo de descentralização e produção dos chamados 'subcentros'. Podem

ser vistos como concentrações localizadas, no espaço e no tempo, distinguindo-se entre

si pelo seu referencial histórico-cultural, localização e relações espaciais, complexidade,

abrangência e hierarquia. As novas centralidades, considerando-se a dinâmica intra-

urbana contemporânea, mostram o seu caráter cambiante, ligado aos fluxos da cidade,

visíveis e menos visíveis, no contexto de definição-redefinição do espaço 'centro', ao

passo que a área central tradicional expressa permanência, perenidade (SILVEIRA &

RIBEIRO, 2008).

A produção das novas centralidades liga-se à lógica evolutiva do tecido intra-

urbano, ou seja, as razões, físicas e sociais, para que se dê um dado processo de

ocupação, concentração e estruturação, relacionado a determinadas localizações.

Ressaltando que o centro e o não-centro são dialeticamente produzidos pelo mesmo

processo, sob a égide das disputas pelo controle das condições de acesso e localização

na cidade. E de que não existe cidade sem centralidade, sendo fundamental buscar

entender o seu conteúdo, físico e social, no espaço e no tempo.

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5 CONSIDERAÇÕES

As centralidades intra-urbanas existentes na cidade de Macapá podem ser

descritas utilizando três categorias de centralidade proposta por Holanda (2002) apud

Silveira e Ribeiro (2008). A Centralidade funcional, pois o Bairro Central de Macapá,

ainda concentra a maioria das atividades comerciais, de serviços públicos e privados,

cerca de 43%, e por ser o mais antigo é o espaço melhor dotado de vias de acesso, bem

como de sistema de transporte público;

Outra característica de Macapá se faz presente na área urbana de Macapá,

quando se refere à centralidade morfológica, presente nos Bairros Buritizal e Santa Rita,

que já se apresentam como uma centralidade intra-urbana, devido a sua posição

geográfica, ou seja, imediato a ao centro urbano de Macapá.

Neste sentido, a evolução urbana da cidade de Macapá, conforme Santos (1994),

assegura que as formas urbanas devem ser vistas como evolução da cidade, em um

resgate de suas formações visando uma interpretação de sua totalidade. Assim, cabe ao

poder público ter ciência da direção do crescimento da cidade e com isso prove-la de

infra-estruturas necessárias a fomentar o crescimento, dotando novos bairros de

estruturas, como bons sistemas de vias, de redes de telecomunicações e de energia, de

modo a criar espaços capazes de prover o crescimento econômico e assim desafogar o

centro, ou permitir que as pessoas de outros setores da cidade tenham mais qualidade e

conforto.

Apesar dos últimos bairros terem sido criados oficialmente em 2001, como o

Zerão e o Universidade, o crescimento horizontal da cidade ainda não cessou, e ainda

está longe de sofre uma desaceleração. Isso se deve pelo fato de que os bairros passam

hoje por um processo de adensamento. Novos loteamentos são criados ano após ano nos

diversos bairros periféricos de Macapá. A exemplo, o bairro Boné Azul, na zona norte

da capital, em 1997, quando foi criado, o mesmo abrigava em seus limites apenas o

loteamento de mesmo nome. Hoje contempla os loteamentos Alencar, Sol Nascente e

Ipê, isso sem sofrer aumento em seus limites físicos, impostos pelo crescimento

populacional.

Esse apoio necessário do poder público propiciará a cidade um processo de

renovação saudável e passível do processo de crescimento e desenvolvimento. Paralelo

ao processo também necessário de revitalização de espaços e padrões de modo a

promover mudanças que culminem não na perda de laços de identidades mais sim o

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reforço e adequação dos mesmos, como o que ocorreu no Museu Joaquim Caetano,

antiga intendência, ou mesmo com a atual sede local da Ordem dos Advogados do

Brasil (OAB), que antes funcionava como antiga prefeitura da cidade.

O fato é que o centro principal consiste em um nó na malha urbana, ele é o cerne

de comunicação entre vários setores da cidade, que se mostra fragmentada, mas

articulada pelas relações sociais, e são estas que merecem atenção especial do

administrador público, pois é ela que direta ou indiretamente dita o crescimento físico-

territorial e sua identidade.

BIBLIOGRAFIA

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