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Infância e favela A perspectiva das crianças sobre o lugar onde vivem Projeto Criança Pequena em Foco Beatriz Corsino Pérez Marina Dantas Jardim Anna Rosa Amâncio

Experiência Piloto Babilônia

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Page 1: Experiência Piloto Babilônia

Infância e favela

A perspectiva das crianças sobre o lugar onde vivem

Projeto Criança Pequena

em Foco

Beatriz Corsino Pérez

Marina Dantas Jardim

Anna Rosa Amâncio

Page 2: Experiência Piloto Babilônia

Projeto Criança Pequena em Foco

Objetivos:

• Conhecer a realidade das crianças moradoras de

favelas do Rio de Janeiro.

• Promover um espaço de fala e de troca entre as

crianças e o poder público, fazendo com que suas

opiniões sejam levadas em conta no planejamento do

espaço da cidade.

• Criar metodologias participativas de trabalho com

crianças que possam ser replicadas e adaptadas para

diferentes contextos.

Page 3: Experiência Piloto Babilônia

Experiências de participação com crianças

Metodologia

Oficina: criação de um espaço de fala, troca e ação entre

os participantes e os pesquisadores.

Santa Marta

• 65 crianças (4 a 12 anos)

• 13 encontros

Babilônia

• 35 crianças (5 a 10 anos)

• 9 encontros

Page 4: Experiência Piloto Babilônia

Mapa afetivo

Page 5: Experiência Piloto Babilônia

Jogo “Os caminhos das crianças”

Page 6: Experiência Piloto Babilônia

Resultados das oficinas com

crianças na Babilônia

Quatro eixos de análise:

1.A perspectiva das crianças sobre suas escolas.

2.As brincadeiras e os usos dos espaços da favela.

3.Os principais problemas do lugar onde vivem.

4.Lidando com a obra do Morar Carioca.

Page 7: Experiência Piloto Babilônia

A perspectiva das crianças sobre

suas escolas

• Duas escolas municipais, localizadas nos bairros do

Leme e de Copacabana, atendem as crianças

moradoras da Babilônia. Uma dessas escolas é

considerada melhor que a outra.

• Segundo as crianças, a escola precisa melhorar, pois

“a comida é feia” e “a professora não sabe ensinar”.

• Na opinião delas, uma escola boa é a que as deixa

brincar, que “passa dever” e onde elas podem

“aprender muitas coisas”.

Page 8: Experiência Piloto Babilônia

As brincadeiras e usos dos

espaços da favela

• Brincadeiras coletivas:

piques, jogos, pipa.

• Relação lúdica com a

natureza: brincam de

subir em árvores e

“pegar frutas do pé”,

pescam na pedra do

urubu, encontram

bichos na mata etc. Soltando pipa na Pedra do Telégrafo

(foto tirada por uma criança da Babilônia)

Page 9: Experiência Piloto Babilônia

Brincadeiras e usos do espaço

• Brincam em vários lugares da comunidade, como becos,

vielas e outros espaços comuns (mata, campinho, Caixa

d’água etc).

• Crianças pequenas brincam mais próximas de casa e,

conforme vão crescendo, podem explorar lugares mais

distantes, como as trilhas do morro Babilônia.

• Rivalidade entre a comunidade do Chapéu-Mangueira e

Babilônia: “eles não são do nosso bonde nem da nossa

raça”.

Page 10: Experiência Piloto Babilônia

Brincadeiras e usos do espaço

• Brincar na praia e

no calçadão:

importância do

espaço plano “dá

até pra brincar de

tudo”.

• Encontro com a

experiência urbana:

pessoas

desconhecidas,

diferentes, em

oposição à favela.

“O calçadão”

(desenho feito por uma criança da Babilônia)

Page 11: Experiência Piloto Babilônia

Os principais problemas da favela

• Dificuldades de deslocamento: subir escadas e ladeiras.

• Falta de cuidado e manutenção dos equipamentos

públicos. (Ex: “a pracinha do Leme está toda quebrada”)

• Conviver com lixo, valas à céu aberto, ratazanas e

outros animais perigosos.

Page 12: Experiência Piloto Babilônia

Soluções para estes problemas

As crianças sugerem ações imediatas e individuais

Problemas Sugestões

Ratos “matar o rato com veneno ou

cerveja”

Lixo “colocar o lixo no bolso e depois

jogar fora”

Dificuldades na locomoção “parar, respirar e descansar”

Praça em mau estado “cobrar dinheiro para entrar na

pracinha”

Page 13: Experiência Piloto Babilônia

Os principais problemas da favela

• Moradias precárias

“É justo ficar com essas

casas toda quebrada?

Tem que consertar, não

dá para ficar com essa

casa toda bagunçada!

Eu não quero ficar aqui

não.”

Casas do alto do morro

(foto tirada por uma criança da Babilônia)

Page 14: Experiência Piloto Babilônia

Lidando com a obra do Morar Carioca

Insatisfações:

• Ocupação da praça e de outros espaços usados para

brincar.

• Transtornos: barulho, poeira e lama.

• Dificuldade de locomoção: interdição da circulação de

veículos na ladeira.

• Assédio dos obreiros em relação às meninas e mulheres

da favela.

• Crítica à obra do campinho

“A Dilma vai vir aqui cimentar isso tudo!”

Page 15: Experiência Piloto Babilônia

“A obra”

(foto tirada por uma criança da Babilônia)

Page 16: Experiência Piloto Babilônia

Lidando com a obra do Morar Carioca

Expectativas:

• Saneamento básico

• Moradias mais seguras para as famílias.

• Maior atenção do poder público em relação aos

problemas da favela.

Page 17: Experiência Piloto Babilônia

“Era tudo sem saneamento,

escorria esgoto. Era qualquer

chuva que caia, transbordava,

caia bastante água de esgoto

para cá pra baixo, na ladeira.

E as casas também eram

tudo irregular, não era casa

segura para ficar. (...) Então

eles quebraram tudo e estão

construindo um (prédio) novo

para melhorar. Eles vão

melhorar bastante e vão botar

as pessoas que eles pediram

para ir embora.”

“O prédio novo”

(foto tirada por uma criança da Babilônia)

Page 18: Experiência Piloto Babilônia

Discussão e entrevistas

sobre os problemas da

comunidade Babilônia

Page 19: Experiência Piloto Babilônia

Questionamentos para

ações futuras

• É possível diminuir o impacto das obras na vida cotidiana

da favela, levando em conta as especificidades das

crianças?

• De que maneira as crianças podem ser avisadas sobre

as mudanças previstas em suas comunidades e o

transtornos incontornáveis decorrentes das intervenções

urbanas?

• As opiniões das crianças podem ser incluídas no

planejamento dos espaços destinados a elas?

Page 20: Experiência Piloto Babilônia

Considerações finais

• Diferentemente de outros lugares da cidade em que as

crianças passam a maior parte do tempo em casa,

brincando sozinhas, a experiência de infância na Babilônia

é marcada pela convivência coletiva e por laços afetivos

com a favela.

• As criança compreendem e valorizam o lugar onde

moram e se apropriam do espaço a partir dos usos

cotidianos e das experiências vividas ali.

• As crianças pensam de maneira complexa: desejam

melhorias e criticam aquilo que não vai bem no morro.