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Experiências de todo brasil edição n 0 4 - dezembro de 2010

Experiências de todo brasil - mma.gov.br · Netto e Larissa K. Douto ... Autor: Victor Daniel de Oliveira e Silva ... digma em relação ao consumo e, da mesma maneira, re -

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Experiências de todo brasil

edição n0 4 - dezembro de 2010

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APRESEN

TAÇÃ

O

Ao considerarmos a potencialidade da juventude atual para a adequação da atividade humana a novos padrões de sustentabilidade, vemos que esta é uma geração estratégica para a implementação das diretrizes apontadas na Agenda 21. Esta é a primeira geração a nascer em um contexto de ampliação dos direitos civis e da percepção dos impactos da ação humana sobre o meio ambiente. A Agenda 21 Global, em 1992, trazia em seu Capítulo de nº 4, intitulado Mudança dos Padrões de Consumo, a necessidade do “Desenvolvimento de políticas e estratégias na-cionais de estímulo a mudanças nos padrões insustentáveis de consumo” e apontava este tema como transversal às questões de energia, transportes, resíduos, instrumentos eco-nômicos e transferência de tecnologia. Seguindo o contexto internacional, a Agenda 21 Brasileira, construída através de um processo participativo que envolveu milhares de pes-soas em todo o país, trouxe como seu Objetivo n° 1 a “Produção e consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício”. Neste sentido, a SAIC (Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental) do Ministério do Meio Ambiente vem implementando políticas efetivas de redução do consu-mo e do desperdício. Através de campanhas de alcance nacional como a “Saco é um Saco”, iniciada em 2009, foi possível evitar o consumo de cerca de 1 bilhão de sacolas plásticas. Ao mesmo tempo, a SAIC tem trabalhado de forma estratégica a inserção de novas pers-pectivas sobre produção e consumo em programas e planos de governo. Como exemplo, foi realizada em 2010 consulta pública sobre proposta para o PPCS – Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis, que traz mecanismos de implementação de ações nas áreas de educação para o consumo sustentável, compras públicas sustentáveis, reciclagem, construções ecológicas, dentre outras frentes de atuação. Juntamente com o Ministério da Educação e a Secretaria Nacional de Juventude, a SAIC também vem trabalhando a elaboração do Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente, que tem como objetivo maior potencializar a formação, a participação e a ação das juventudes brasileiras para a construção de Sociedades Sustentáveis. Den-tre suas linhas de ação, o Programa prevê a área de “Trabalho Sustentável”, que visa criar soluções de curto e médio prazo para a transformação dos modelos predatórios de ex-ploração dos recursos ambientais, buscando a construção de um mercado de trabalho gerador de relações socioambientais cada vez mais sustentáveis. Com vistas a fortalecer estas políticas, a agregar subsídios para o Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente e a dar destaque às ações das Agendas 21 Locais e de suas juventudes no que concerne ao consumo sustentável, o Programa Agenda 21 lança este 4° número da Revista Agenda 21 e Juventude, trazendo a temática “Produção e Consumo Sustentáveis – Experiências de Trabalhos Sustentáveis”. Agradecemos as contribuições de todos os jovens participantes e convidamos os lei-tores a tomar suas experiências e reflexões, com seus pontos de vista bastante diversos, como incentivos à multiplicação de atitudes mais críticas, pró-ativas e transformadoras das relações de produção e consumo em que vivemos.

SAIC – Secretaria de Articulação Institucional de Cidadania AmbientalMMA – Ministério do Meio Ambiente

AGENDA 21 E JUVENTUDE

ProDUção E CoNsUmo sUsTENTáVEis –ExPEriêNCiAs DE TrAbAlhos sUsTENTáVEis

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REVISTA AGENDA 21 E JUVENTUDE

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sum

ário

APRESENTAÇÃO

REFLEXÕES SOBRE A PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVEIS: DO DESLOCAMENTO DE PARA-DIGMA À BUSCA DE ESTRATÉGIAS ALTERNATIVASAutoras: Juliana Rosa Pimentel e Rejane Martins dos Santos ............................................................. 4

JUVENTUDE E OS NOVOS PADRÕES DE CONSUMO: AGIR LOCAL E PENSAR GLOBALAutores: Diogo Damasceno Pires, Giivago Barbosa de Oliveira e Thaís Lourenço Cruvinel ...............6

EDUCAÇÃO E AGENDA 21 ESCOLAR: PRESSUPOSTO PARA REVER HÁBITOS SOCIAIS, VIVEN-CIANDO CONCEITOS DE CONSUMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELAutora: Elineusa Silva ........................................................................................................................................ 9

AGENDA 21 E ECONOMIA SOLIDÁRIA: POLÍTICAS INOVADORAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELAutores: Lucas Lopes Oliveira e Sara Dalila Reis Guimarães ..............................................................12

A EXPERIÊNCIA DOS JOVENS ORGANIZADOS NO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES DE-SEMPREGADOS – MTD/RSAutor: Antônio Lima .........................................................................................................................................14

TERRAS TRADICIONALMENTE OCUPADAS: EXPERIÊNCIA DE PRODUÇÃO E CONSUMO SUS-TENTÁVEIS E EFETIVAÇÃO DE PRINCÍPIOS DA AGENDA 21 GLOBALAutora: Ana Cristina Carneiro de Souza ....................................................................................................17

AGENDA 21 ESCOLAR E SUA INTERFACE COM O CONSUMO SUSTENTÁVELAutora: Cristhiane da Silva Cavalcanti .......................................................................................................19

PROGRAMA PRESERVANDO PARA O FUTURO: EXPERIÊNCIAS DE PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVELAutor: Iranildo de Sousa Ferreira .................................................................................................................21

MUDANÇA DE HÁBITOS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA: CANECAS DURÁVEIS NO LUGAR DE COPOS DESCARTÁVEISAutores: Anderson Paz, Evellyn Bernardes, Diogo L.O. de Carvalho, Ana Carolina Cabral M. Netto e Larissa K. Douto ..................................................................................................................................23

JUVENTUDE UNIVERSITÁRIA E SUSTENTABILIDADE: PENSANDO E PRATICANDO A GESTÃO AMBIENTAL NUM CAMPUS UNIVERSITÁRIOAutores: Wanderson Maia Nascimento e Luís Felipe Lino Rocha .....................................................26

RELATO DE EXPERIÊNCIA: O REAPROVEITAMENTO SUSTENTÁVEL DO AÇAÍ NA ILHA DO MURU-TUCU – BELÉM/PAAutores: Ercilene Gomes dos Santos, Maicon Silva Farias e Renan Satiro Miranda ..................29

UMA HISTÓRIA NA AMAZÔNIAAutora: Damaris Teixeira Paz .........................................................................................................................31

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PROJETO PASTORINHAS E CONSUMO SOLIDÁRIO INTEGRAM POLÍTICA AMBIENTAL DA ESCOLA BALÃO VERMELHOAutoras: Ana Katz, Júlia Catão, Letícia Fiúza, Silvia Fortini e Alice Faria .............................................................................. 32

AGENDA 21 NA ESCOLA: FOMENTANDO O CONSUMO SUSTENTÁVELAutoras: Anna Patrícia Ferreira Araújo, Larissa Maria Ramos de Albuquerque e Liliane de Jesus Silva Lourenço.......... 34

NOVAS TECNOLOGIAS PARA O TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: UMA VISÃO SOCIOECONÔMICA E AMBIENTALAutores: Luiz Carlos de Santana Ribeiro e Otávio Augusto Nascimento da Silva ........................................................... 36

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELAutores: Eduardo Araujo Teixeira, Alessandro Rodrigues e Jennifer Jeane Orza ........................................................... 38

VIVER CONSCIENTE Autor: Eduardo Amorim ....................................................................................................................................................................... 40

JUVENTUDE E CONSUMO: REALIDADE, DESAFIOS E ALTERNATIVAS PARA UM CONSUMO RESPONSÁVELAutoras: Fernanda Rodrigues Machado Farias e Katiane Farias Teixeira ............................................................................ 41

PROJETO CIDADANIA SOCIOAMBIENTAL E AGENDA 21: FORMAÇÃO DE LIDERANÇAS JOVENS COMUNITÁRIAS, SALVADOR – BAHIAAutores: Iala Serra Queiroz e André Luis Nascimento dos Santos ........................................................................................ 43

PROJETO SINTONIA – TRANSFORMANDO PESSOAS PARA UM MUNDO SUSTENTÁVELAutor: Victor Daniel de Oliveira e Silva ........................................................................................................................................... 45

JOVENS, POLÍTICA E MEIO AMBIENTEAutor: Bruno Dias Soares .................................................................................................................................................................... 48

AGENDA 21 ESCOLAR FAYAL: PROTAGONISMO JUVENIL EM ITAJAÍ/SCAutores: Caio Floriano dos Santos e Fabio Alexandre da Silva Toniazzo ............................................................................ 49

LEITURA DO BRASIL E DO MUNDO NA PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL, EMPREGOS VERDES E O CA-PITALISMO MODERNO.Autor: Adenevaldo Teles Junior......................................................................................................................................................... 51

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rEflExõEs sobrE A ProDUção E CoNsUmo sUsTENTáVEis: Do DEsloCAmENTo DE PArADiGmA à bUsCA DE EsTrATéGiAs AlTErNATiVAs.

» Juliana Rosa Pimentel e Rejane Martins dos Santos » [email protected] - [email protected]

Esta edição da Revista Agenda 21 e Juventude traz um desafio grandioso ao abarcar a discussão acerca da produção e consumo sustentáveis. Consideramos que este assunto, tão em voga nos dias atuais, permeia di-versos campos de intervenção e ocupa a agenda da produção científica e acadêmica nos seus diferencia-dos aspectos. Desta forma, nos propomos neste ensaio a situar teó-rica e criticamente o debate sobre produção e consumo na sociedade contemporâ-nea. Objetivamos demonstrar, ainda que brevemente, as questões que envolvem esta discussão e problematizar os aspectos que ligam as iniciati-vas realizadas pela sociedade civil, pelo poder público e de-mais atores sociais em torno da busca pela sustentabilida-de através das experiências da Agenda 21. A propalada preocupação no que diz respeito à minimi-zação dos impactos gerados pelo consumo excessivo na contemporaneidade engendra um movimento de contradição, visto que a realização de ações, das mais diferenciadas origens, prima por uma mudança de para-digma em relação ao consumo e, da mesma maneira, re-alizam-se através da manutenção do próprio consumo, uma vez que o consumo é pensado sob novos padrões, e não sob novas formas de relação entre os homens. Nossa perspectiva de análise parte do pressupos-to de que o consumo é parte integrante do próprio modo de produção que vivenciamos e que, através dele, se realiza. Assim sendo, as relações de produção e consumo circunscrevem-se a um ciclo vital do capi-

talismo, em que ambos estão dispostos em uma rela-ção de interdependência. No Brasil, nota-se aumento significativo do consumo no período da industrialização e as melhorias surgidas durante o processo de urbanização. O comércio e a pro-dução econômica introduzem alterações nas relações sociais neste momento. Registra-se uma maximização da intervenção estatal na garantia das necessidades de ampliação da reprodução do capital. E para que haja a

reprodução do capital é necessária a produção a partir das indústrias e fábricas e, conseqüen-temente, o escoamento destes produtos e o con-sumo. Já no final do século XX, a partir do processo de reestruturação pro-dutiva e incremento do capital financeiro, há a difusão da agenda neo-liberal sob o ideário da

globalização. Registra-se um fortalecimento e aumento substantivo das práticas de consumo, aliadas às iniciati-vas de supressão das crises cíclicas do capital e fomento à racionalização dos recursos na esfera produtiva.

[...] no processo de globalização, a cultura de consumo desfruta de uma posição de destaque, já que ela se transformou numa das principais instâncias mundiais da definição da legitimi-dade dos comportamentos e dos valores. No entanto, refletir sobre sua manifestação é tocar num dos eixos centrais da globalização. (LOU-REIRO apud ORTIZ, 2008, p. 72)

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Na atualidade, este processo é intensificado pela mídia. Os meios de comunicação influenciam o cida-dão a consumir produtos que a princípio não tem uti-lidade, mas são símbolos de transversalidade cultural e econômica. Pensar a minimização deste consumo exagerado supõe um movimento contrário ao projeto econômi-co vigente na atualidade. Deve-se levar em considera-ção que o desenvolvimento sustentável somente será alcançado mediante esforços coletivos, atentando-se aí, principalmente, para a participação do poder pú-blico, na medida em que proporcione estratégias para este desenvolvimento. O chamado desenvolvimento sustentável, com rela-ção à forma de produção e desenvolvimento econômi-co, traz como núcleo do problema ambiental a escas-sez de recursos naturais. Assim, expõe a necessidade de diminuição do consumo para a reprodução do capital, “economizando” o meio ambiente e, assim, a ação do mercado por si só combateria a degradação ambiental. O discurso da sustentabilidade aparece então alia-do à necessidade de superação da crise sistêmica do capital, embasado pelos critérios e conceitos de pre-servação das esferas social, econômica e ambiental. Segundo Kliksberg (2003), junto ao crescimento econômico, surge a necessidade de alcançar o de-senvolvimento social, melhorar a equidade, fortale-cer a democracia e preservar os equilíbrios do meio ambiente. Nesta dinâmica insere-se a importân-

cia da adoção da Agenda 21 como instrumento de transformação para a garantia de sustentabilidade socioambiental, através de um processo participati-vo e democrático. Sua utilização requer participação de agentes governamentais (poder público), da po-pulação e de empresas privadas para a “divisão das responsabilidades”. Entretanto, ressalta-se que a divisão de respon-sabilidades e co-participação entre as diferentes es-feras sociais não deve ser pensada sem a relação de contradição e conflitos que delas fazem parte. Neste sentido, a implantação de ações integradas, tal qual propõe a principal estratégia de implementação das Agendas 21 locais (Desenvolvimento Local, Integra-do e Sustentável) requer a conscientização do papel de cada ator social neste processo, sem que haja uma homogeneização e neutralização das correlações de forças existentes. Acreditamos que a adoção de práticas de consu-mo menos degradantes através das estratégias e in-tervenções das diferentes experiências de Agenda 21 construídas no país deve estar aliada à execução de políticas públicas voltadas para a sustentabilidade e reprodução do ser humano, em suas mais variadas for-mas, como no acesso a bens e serviços públicos, prio-rizando um meio ambiente equilibrado, socialmente justo e sustentado. Há que se garantir a possibilidade de sustentabilidade da vida a partir do compromisso das atuais gerações com as gerações futuras.

RefeRências BiBliogRáficas:

Agenda 21 brasileira: ações prioritárias. Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional. 2. ed. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004.

Passo a passo da Agenda 21 local. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável. - Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005.

KLIKSBERG, Bernardo. Falácias e mitos do desenvolvimento social. 2. ed. São Paulo: Cortez – Brasília. Tradução de Sandra Trabucco Valenzuela, Silvana Cobucci Leite.

LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo (et al). Sociedade e Meio Ambiente: A educação ambiental em debate. 5. ed. São Paulo. Cortez: 2008.

Juliana Rosa Pimentel – Assistente Social; Especialista em Planejamento Urbano e Regional/IPPUR-UFRJ; Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana/UERJ; Docente do Curso de Bacharelado em Serviço Social da Uniabeu; Coordenadora do Projeto de Extensão “Questão Ambiental e Cidadania: Práticas Socioambientais na Baixada Fluminense” – Proape/Uniabeu. – [email protected] / [email protected] – (21) 8634-4335/ (21) 2772-3582

Rejane Martins dos Santos – Graduanda em Serviço Social na Uniabeu; Bolsista do Projeto de Extensão “Questão Ambiental e Cidadania: Práticas Socioambientais na Baixada Fluminense” – Proape/Uniabeu. – [email protected] – (21) 8319-7872/ (21) 2671-5704

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JUVENTUDE E os NoVos PADrõEs DE CoNsUmoAGir loCAl E PENsAr GlobAl

» Diogo D. Pires - Giivago B. de Oliveira - Thaís L. Cruvinel » [email protected] - [email protected] - [email protected]

“O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém, desviamo-nos dele.A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios.Criamos a época da produção veloz, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz em grande escala, tem provocado a escassez.Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.Mais do que máquinas, precisamos de humanidade; mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura!Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo estará perdido.”

(Charles Chaplin, em discurso proferido no final do filme O grande ditador.)

Vivemos em um mundo voltado para o consumo, isto é inegável, diga-se de passagem que cada vez mais os seres humanos optam por padrões de consumo que excedem as suas necessidades, chegando aos limites do planeta. Para Marx, o homem é o primeiro ser que conquistou certa liberdade de movimentos em face da natureza. Através dos instintos e das forças naturais em geral, a natureza dita aos animais o comportamento que eles devem ter para sobreviver. O homem, entre-tanto, graças ao seu trabalho, conseguiu dominar em parte, as forças da natureza, colocando-as a seu serviço. A natureza há muito tem servido a humanidade a partir dos seus recursos naturais, sejam eles prove-

nientes da terra ou oferecidos pelos recursos hídricos, que pela mão humana passam por grandes transfor-mações, até se tornarem algo palpável e objetivo, que em suma, acaba virando apenas um produto. Mas, até que ponto o planeta suportará este papel? A Agenda 21 Global, em seu capítulo 4, trata da mudança dos padrões de consumo apresentando como um de seus objetivos amplos: “desenvolver uma melhor compreensão do papel do consumo e da for-ma de se implementar padrões de consumo mais sus-tentáveis.” O crescimento do consumo é considerável entre os jovens que priorizam o sentido do “Ter” em detrimen-to do “Ser”. Para que sejam incluídos em seus círculos de amizade é cada vez mais constante a necessidade entre eles de ter ou pelo menos aparentar ter aqui-lo que todos por sua vez já estão usando. Seja uma roupa da moda, um celular novo, comer no novo fast--food da cidade, seguir um estilo musical que não o agrada, mas que por sua vez está “bombando” no mo-mento, ou mesmo gastar com coisas que estão fora da sua realidade. Nestes círculos sociais em que a juventude está in-serida, a mesma é incitada a adquirir sempre produ-tos expostos através da mídia e que estão na moda. Muitos deixam de expressar suas vontades e anseios através da personalidade própria, simplesmente pelo

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fato de que, se não se adequarem ao que os outros estão exigindo, provavelmente serão taxados e excluí-dos dos grupos sociais que freqüentam. Surge, neste sentido, a importância de construir novos padrões de consumo, que respeitem o ambien-te que nos cerca e promovam a partir disto, mudanças de atitudes e de hábitos que agridem o planeta. Ado-tar práticas de consumo sustentável é uma questão de sobrevivência. Segundo a YouthXChange, em seu Manual de Edu-cación para un consumo sostenible, a idéia de con-sumo sustentável se refere ao conjunto de ações que tratam de encontrar soluções viáveis aos desequilíbrios – sociais e am-bientais – por meio de uma con-duta mais responsável por parte de todos. O consumo sustentável relaciona-se, portanto, com a pro-dução e distribuição, o uso e a eli-minação de produtos e serviços proporcionando meios de repen-sar seus ciclos de vida. Tudo aquilo que produzimos, administramos ou consumimos, agride diretamente o planeta de uma forma ou de outra. Como po-demos mitigar estes impactos am-bientais? Talvez não haja respos-tas imediatas, mas com certeza já existem muitas estratégias interessantes para enfren-tar esta problemática. Muitas delas têm sido aplicadas pelos movimentos de juventude e meio ambiente, como os Coletivos Jovens de Meio Ambiente e a Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade. Esses movimentos baseiam suas ações na Educa-ção Ambiental informal, centrando suas ações na sen-sibilização que possibilita a transformação individual e coletiva. De grandes ações a pequenas atitudes, muitos po-dem ser sensibilizados. É o que nos apontam diversos projetos e experiências planejadas e realizadas por jo-vens, para jovens e com jovens. Entre eles:

a) A produção, divulgação e disseminação de vídeos socioambientais que abordam a questão do consumo sustentável, que direta ou indire-

tamente podem surtir grandes transformações. Uma dica é assistir ao spot de vídeo, da Rede de Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabi-lidade, que pode ser acessado pelo seu portal: www.rejuma.org.br.b) A realização de pequenos e grandes even-tos, rodas de conversa, bate-papos, oficinas, ou qualquer que seja o modo de se encontrar, mas que busquem sempre a reflexão e o debate de idéias, que pautem novos modos e estratégias para mitigar os impactos ambientais e sociais,

envolvidos na questão do consumo. Um exem-plo foi a realização da Oficina de Consumo Sus-tentável no II Encontro dos Coletivos Jovens do Nordeste, durante o II Encontro Nordestino de Educação Ambiental (2007), em Maceió-AL, ou a realização do Encontro Nacional: Os Olhares da Juventude sobre o Tratado de Educação Am-biental (2008), em Pirenópolis-GO. Os encon-tros regionais de Juventude e Meio Ambiente (como o Encontro Amazônico, o Encontro dos CJs do Centro Oeste e os Encontros Estaduais de Juventude e Meio Ambiente – EEJMA, que em Goiás por exemplo já aconteceram quatro vezes, resultando no texto-base do Programa Estadual de Juventude e Meio Ambiente que será rediscutido no V EEJMA-GO em 2010) en-volvem uma juventude de imensurável partici-

PeSquiSe nO yOuTuBe e vOCê enCOnTRaRá DiveRSOS víDeOS PRODuziDOS POR JOvenS.

AlguMAS diCAS:

Rejuma no ar: www.youtube.com/watch?v=CtbmMwEtNr4

ecoturismo CJ Goianésia: www.youtube.com/coletivojovemdegsia

Histórico CJ Pirenópolis: www.youtube.com/watch?v=EqotgC0428s

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pação política, socioambien-tal, ativista, que tem idéias, conceitos, modos de conduta alternativos, e se encontram nesses eventos com um único propósito de aprender, trocar experiências e conhecer novos modelos de atuação, tudo em torno de causas ambientais. c) A organização de Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida nas Escolas, as Com--Vidas, a partir de uma meto-dologia transformadora, que in-centiva e auxilia na construção das Agendas 21 nas Escolas e promove ações que sintonizam a escola em torno de práticas ambien-tais. Dentre estas práticas, podemos citar a Horta Comunitária, como ferramenta ecopedagógica que prioriza alimentos orgânicos e saudáveis e ajuda no orçamento da escola ao produzir seus alimentos, incentivando o consumo consciente e sustentável.d) A realização de campanhas que incentivem a redução do consumo. Um exemplo é a campa-nha Pró-Caneca, realizada pelo Coletivo Jovem de

RefeRências BiBliogRáficas:

UNESCO-UNEP. YouthXChange. Manual de educación para um consumo sostenible. 2002.Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. 1992: Rio de Janeiro.

http://www.coletivojovemgoias.blogspot.comhttp://www.eejma-go.blogspot.comhttp://www.rejuma.org.br

Meio Ambiente de Goiás, que incen-tiva o uso de canecas duráveis ao in-vés dos copos descartáveis, pois, um dos maiores problemas enfrentados pela Gestão Pública, são as desti-nações dos resíduos sólidos, princi-palmente os resíduos considerados não degradáveis, como é o caso dos copos descartáveis. A utilização das canecas exerce um importante pa-pel educativo na sociedade, estimu-lando cada indivíduo a incorporar a idéia de redução do consumo e do desperdício.

Inserir a temática do consumo sustentável na pau-ta da juventude é pôr em prática a conhecida máxima ambientalista Agir Local e Pensar Global. Isto mais do que nunca precisa ser reforçado e assumido por pes-soas desta geração. É chegada a hora de agir e de promover grandes círculos de transformação da humanidade, a partir das ações e das redes de experiências que permitem a construção de novas metodologias e práticas que busquem a sustentabilidade e um consumo verdadei-ramente consciente e sustentável.

diogo Pires, giivago Oliveira e Thaís Cruvinel - Coletivo Jovem de Meio Ambiente de Goiás

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EDUCAção E AGENDA 21 EsColAr: PrEssUPosTo PArA rEVEr hábiTos soCiAis, ViVENCiANDo CoNCEiTos DE CoNsUmo E DEsENVolVimENTo sUsTENTáVEl.

» elineusa Pereira da Silva » [email protected]

Desde primórdios o ser humano esteve em contato com a natureza, uma relação de respeito e cumplicida-de, cuidava do ambiente, tirava apenas o suficiente para sua subsistência. No entanto, com o tempo o homem se desenvolveu transformando a sua realidade ambiental e social, percebeu a grande potencialidade do solo e sua capacidade de produção; passou de nômade para um ser sedentário; de selvagem para um ser educado; aprendeu a desenvolver técnicas agrícolas; descobriu a diversidade de plantas, árvores e animais; a riqueza dos recursos hídricos; as máquinas1 e, conseqüentemente, o poder da tecno-logia e da produção em massa. Contudo apesar das benfeitorias trazidas por essas transformações his-tóricas, estas também acabaram interfe-rindo nas relações do homem com seu habitat natural. Os avanços tecnológi-cos, provocaram mudanças ambientais, humanas, biológicas e econômicas. A população aumentou rapidamente no mundo todo, as imigrações e emi-grações cresceram assustadoramente, os centros urbanos sofreram grandes impactos, as paisagens naturais foram sendo modifica-das, exigindo um abastecimento maior de transportes, alimentos, energias, águas e outros. Em conseqüência disso, a produção de lixo se multiplicou: estima-se que atualmente no Brasil são produzidos aproximadamente cerca de 230 mil toneladas de lixo por dia, e que cerca de 250 milhões de pessoas no mundo já enfrentam escas-sez de água, problemas que exigem soluções imediatas.

No entanto as Políticas Ambientais desenvolvi-das pelos órgãos gestores, MEC (Ministério da Educa-ção) e MMA (Ministério do meio Ambiente), e outros trabalhos ambientais desenvolvidos por organizações e movimentos sociais, dentre esses CJs2 , já trouxeram resultados positivos para o ambiente, porém ainda é preciso um trabalho de conscientização e mobiliza-ção social, em que as pessoas possam refletir sobre os seus padrões de comportamento, mudando paradig-

mas consumistas. Atualmente, parte dos danos ambientais é causada pela produção de lixo que, caso seja des-cartado de qualquer forma, traz graves problemas como: poluição das águas (estima-se que aproximadamente 80% das enfermidades do mundo são contraídas por águas contaminadas); entupimentos das redes de esgoto, provocando graves enchentes; degra-dação do solo, deixando-o improduti-vo; dentre outros, por isso é importan-te compreender a Educação Ambiental (EA) obtendo mudanças nas práticas de consumo e a reconstrução de novas

posturas éticas, sociais e culturais. A EA é vista nas redes de ensino público/particular como uma educação informal, posta dentro de um con-texto de educação formal. Acontece de forma inter e transdisciplinar, perpassa por várias disciplinas e realiza uma junção importante, uma vez que pode ser consti-tuída por estratégias pedagógicas voltadas tanto para as questões e ações socioambientais como socioeducati-

1 Referência à revolução industrial ocorrida no final do século XIX, à mecanização dos sistemas de produção, avanços tecnológicos, fábricas, indústria têxtil, etc.2 Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJs) são organizações juvenis de vários segmentos sociais, que desenvolvem a educação ambiental em escolas e comunidades, de forma dinâmica, articulada, inclusiva, informativa e integradora em âmbitos nacional, estadual e municipal, considerando o contexto social de cada estado da Federação.

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vas. Proporcionando ao cidadão perceber a importância do cuidar do ambiente, reconhecendo a importância da preservação do meio físico natural biológico (parques e reservas biológicas) e dos recursos naturais (flora, fauna, recursos hídricos) vistas com um enfoque de conserva-ção e desenvolvimento emancipatório, já que os seres humanos pertencem à natureza e precisam dela para sobreviver. É necessária uma reflexão sobre o ser huma-no e suas relações culturais, ambientais e sociais, reven-do atitudes de impactos e soluções práticas, surgidas de ações críticas transformadoras. Da práxis do desenvolvi-mento sustentável surge o termo consumo sustentável, divulgado pela Agenda 21 Global3, trazendo alternativas que contribuem para um equilíbrio entre ser humano e ambiente, redescobrindo suas verdadeiras necessidades, como supri-las e atendê-las sem comprometer as futuras gerações. No Maranhão, a COM-VIDA (Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola), a Agenda 21 escolar (A21E) e a UEB4 Maria Rocha vêm desenvolven-do ações socioambientais através de um processo de conscientização, sensibilização e mobilização social, des-pertando os alunos para a importância de rever hábitos diários e vivenciar a sustentabilidade. Atualmente a escola está fortificando suas ativida-des de A21E através do Programa Mais Educação5, que já beneficiou mais de 300 mil estudantes em todo Brasil. Oferece diversas oficinas, entre elas, esporte, cultura, la-zer, meio ambiente, artes e direitos humanos. Esse ano 5% das escolas maranhenses inscritas no programa so-licitou a implantação/fortalecimento das COM-VIDAS/A21E, comprovando sua importância para a escola e co-munidade. As ações estão sendo monitoradas por mem-bro do Coletivo Jovem de Meio Ambiente (CJ-MA), com acompanhamento pedagógico da escola, por isso, a fim de rever hábitos sociais, éticos e educacionais, a A21E traz questões, ações e projetos com enfoques socioam-bientais, socioeducativos e socioeconômicos, sendo eles:

• Mostrar a importância da EA no espaço escolar explorando o tema EA promovendo discussão

3 É um programa de ações firmado entre 179 países, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, conhecida como ECO-92, realizada em 1992, no Rio de Janeiro, trazendo um novo padrão de desenvolvimento e consumo sustentável, conciliando mecanismos de proteção ambiental, social, cultural e econômica. 4 Unidade de Educação Básica (UEB) localizada no bairro Areinha em São Luís, participou dos processos da I, II e III Conferência pelo Meio Ambiente, obteve sua primeira formação de COM-VIDAS em julho de 2005, desenvolve vários projetos com focos socioambientais e socioeducativos, como o espetáculo: “Os dez mandamentos”.5 Criado pela Portaria Interministerial nº 17/2007, objetiva aumentar a oferta educativa nas escolas públicas, contribuindo com a formação profissional e pessoal dos alunos. É coordenado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC), em parceria com a Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC) e com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação. Financiado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

ElEMENTO EM dESCOMPASSO

inexistente, é calmo, fonte de energia e calor Provocam suas chamas, rápido, avassalador O fogo, agora em descompassoAs brasas vermelhas, amarelas em aquarelasO verde antes belo, sereno, gracioso Transforma-se, o verde antes encantadorAgora frágil, vulnerável, a dor

A fumaça, nas suas essências escuras,Forte e nítida leva ao azul do céu, a poluição, O gás, nitrogênio e oxigênioAr, tão suave, urgente, essencialA voz do vento e trovãoSuspiro da vida, o sopro, vitalTraz dos pássaros, o canto, especial

Estaca cravada, ferida, machucada Chão que sustenta, alimenta A terra, mãe da vida, está cicatrizadaEquilíbrio, energia, e produçãoNo solo, ouro, prata, o mineral A fauna, flora, a riqueza da naçãoTraz a força da vida e da renovação,

Preciosa, pura, força e vidaSem cor, cheiro, hidrogênio e oxigênio Água, às vezes mansa, feroz, e límpida Sacia todas as sedes, entre rios e lagoslagoas, cachoeiras e riachos Nos oceanos, chuvas e orvalhoslava a terra, a purificação

A Batalha travada, os povos, a floresta,O grito, Fogo, terra, água e ar Não lhe dão valor, o que resta A pólvora, eles detêm o poder degradam o solo, matas e animais, é preciso preservar Poluem, os rios, o ar, é preciso manterdesenvolvimento sustentável, assim, é preciso conservar,Cuidado, é vida, é preciso continuar

Elineusa Silva - Poesia escrita em 03/01/10

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ambiental e social para que os alunos tenham consciência de sua importância no processo; • Realizar gincanas ecológicas, divulgando a EA de forma dinâmica e participativa, realizando também campanhas e palestras educativas, para sensibilizar e conscientizar a comunidade, a fim de assumirem um compromisso com a mesma;• Projeto 5Rs, Repensar (os hábitos de consu-mo), Recusar (recusar produtos que prejudicam o ambiente), Reduza (reduzir o consumo des-necessário), Recicle (reciclagem de materiais, papel, plástico), Reutilize (reutilizar/recuperar/usar ao máximo antes de descartar), evitando o desperdício, utilizando apenas o necessário; • Projeto “coleta seletiva de lixo” (orgânico, papel, plástico, vidro, metal), revendo padrões de con-sumo; estimulando práticas de consumo verde, consciente, ético e responsável; promovendo uma reflexão sobre consumismo, revendo va-riáveis ambientais, postura ética, consciente e responsável diante de atitudes que trazem im-pactos ambientais.

Diante disso é visível a importância da EA na edu-cação formal, incluindo e integrando o educando na

prática de políticas ambientais escolares, comunitá-rias e sociais. São ações como essas que irão contribuir significativamente no seu processo de ensino/apren-dizagem. O processo educacional é essencial para o desenvolvimento do ser humano, pois traz grandes contribuições para a sua formação pessoal e profis-sional, o conduz a resolver as problemáticas diárias, introduzindo-lhes a capacidade de perceber seu meio, aprendendo a lidar consigo e o outro, respeitando sua diversidade, suas especificidades e seu contexto social – uma aprendizagem contínua. Além de tudo, ainda é possível desenvolver cam-panhas socioambientais mais precisas e urgentes, como: Adote um Copo; Adote uma Sacola; Não jo-gue Lixo nas Ruas; Mantenha as praias Limpas, den-tre outras, envolvendo diferentes segmentos so-ciais, evitando assim desperdícios desnecessários. São práticas simples e precisam ser adotadas. Dessa forma, a EA pode ser considerada como eixo norte-ador de novos padrões de comportamentos sociais, de um cidadão dotado de enfoques emancipató-rios, se reconhecendo como agente transformador e construtor de uma sociedade justa, ética e susten-tável, pensado no bem do coletivo, adquirindo me-lhor qualidade de vida.

RefeRências BiBliogRáficas:

GUIMARAES, Mauro. A dimensão Ambiental na Educação, 8ª edição, [S.A]

SATO, M. (Org.); CARVALHO, Isabel (Org.). Educação Ambiental - Pesquisa e Desafios. 1. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. V. 1. 232 p.

SATO, M.. Desafios da educação ambiental. Ambiente & Educação (FURG), Rio Grande, v. 5/6, p. 25-38, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Formando COM-VIDA - Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola: construindo Agenda 21 na Escola / Ministério da Educação, Ministério do Meio Ambiente. Brasília: MEC, Coordenação Geral de Educação Ambiental, 2004. 42p.

Programa Mais Educação. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=586&id=12372&option=com_content&view=article - Acesso em 11/04/10. www.tvcultura.com.br/aloescola/.../água.../index.htm. Google acesso em 13/04/10.

Elineusa Pereira da Silva - Graduanda em Pedagogia na UFMA - Coletivo Jovem de Meio Ambiente do Maranhão - [email protected] - [email protected]

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AGENDA 21 E ECoNomiA soliDáriA: PolíTiCAs iNoVADorAs PArA o DEsENVolVimENTo sUsTENTáVEl

» Sara Dalila Reis Guimarães e Lucas Lopes Oliveira » [email protected] - [email protected]

A humanidade sempre conviveu com o planeta para crescer, se desenvolver e construir uma história nas suas relações com a natureza e com os outros seres vivos. No entanto, a partir do século passado, começamos a perceber impactos causados pelo esgotamento sem precedentes dos recursos naturais por modos de vida destruidores, egoístas e acima de tudo, por nossa falta de cuidado com a vida. Já começam a ficar evidentes os graves sinais desta sociedade insustentável, pois ela já provoca a escassez de água potável, o aquecimento global, extinção de milha-res de espécies, guerras motivadas por disputas pe-las regiões de produção de petróleo, etc., todos fatores que trazem conseqüências irreversíveis para o ciclo biológico do planeta. Temos recursos limita-dos que precisam ser ge-renciados com responsa-bilidade e compartilhados de uma forma mais justa. Isso só é possível quando vivemos em um sistema democrático, com respeito aos direitos humanos, em que a lei é acatada e vale para todos, em que se valori-za a diversidade cultural do mundo. Ao administrar os recursos naturais de forma responsável e justa em um sistema democrático, também estamos evitando con-flitos e cultivando a paz. A pauta da crise ambiental é global, mas o efeito é local. Na preservação também existe um intercâmbio entre ações locais e globais. A sociedade precisa refletir sobre os impactos do consu-mo na degradação do meio ambiente. As construções

do padrão de desenvolvimento a que aspiramos de-vem estar norteadas por uma noção de crescimento econômico que não perca de vista a preocupação com o equilíbrio ambiental e com a justiça social. Não é simples para a atual sociedade desvencilhar-se da cultura materialista que lhe está subordinando e ex-cluindo grande parte dos cidadãos brasileiros. Esse fato se reflete na qualidade de vida da população, apontan-do para a necessidade de políticas inovadoras, democrá-

ticas, que ampliem a visibilidade dos mais vulneráveis como sujei-tos de mudança e sua potenciali-dade de transformação. Median-te a crise ambiental evidenciada no presente, temos muitas razões para afirmar que um outro mun-do é necessário, urgente e possí-vel. Trata-se de efetivar mudanças políticas e estruturais na forma de organização de produção, distri-buição e consumo. No momento em que reconhecemos a existên-cia de um sistema de valores mais amplo – distante das motivações individualistas e competitivas, sustentado pela alienação e ex-

ploração do trabalho e da natureza, e pela apropriação privada dos recursos produtivos e seus benefícios – po-demos exercer a responsabilidade como outra dimensão profundamente humana. Com o crescimento da globalização e da crise am-biental planetária, são necessários modelos alternativos de desenvolvimento, onde podemos enfatizar a Agenda 21 e a Economia Solidária como exemplos que, quando associados, podem apresentar resultados eficazes e pro-missores. Em reposta ao modelo capitalista dominante,

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em meados da década de 90, um novo modelo de orga-nização da economia e da produção começa a ganhar força como instrumento para geração de trabalho e ren-da para uma grande massa excluída da população. A Economia Solidária se caracteriza por práticas ba-seadas em relações de colaboração solidária, inspiradas por valores culturais e éticos que colocam o ser huma-no como sujeito e finalidade da objetividade econô-mica, em vez da acumulação privada de riquezas. Esta nova prática de produção, comercialização, finanças e consumo privilegiam a autogestão, o desenvolvimento comunitário, a justiça social, o cuidado com o meio am-biente e a responsabilidade com as gerações futuras. A base da economia solidária é a busca da autonomia, não apenas econômica, mas política e ideológica, fato-res que permitem sua sobrevivência até hoje como pro-jeto social. Portanto, Agenda 21 e Economia Solidária são duas importantes ferramentas políticas que, quan-do consolidadas, revelam que ainda é possível construir um novo modelo de desenvolvimento local e global baseado na sustentabilidade econômica e ambiental. Existem características – tanto na economia solidária quanto na Agenda 21 – que vão ao encontro da valoriza-ção do mecanismo de “tentar” e “errar”, do “conhecimen-to permanente”. O acúmulo de experiências é o principal fator que ampara o sucesso de ambas iniciativas e torna os dois processos abertos e prospectivos. A combinação de ambas iniciativas de desenvolvimento poderá contri-buir para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira, em especial das comunidades mais vulnerá-veis. Além do mais, a combinação da visão ampliada de organização e planejamento da Agenda 21, com os re-tornos econômicos propostos pelo fomento a empreen-dimentos solidários, contribuirá para a manutenção da comunidade e o engajamento desta com as mudanças

que se pretende atingir. Mudanças locais e globais que se contraponham à grave crise ambiental que vivemos hoje e que serão também reação à atuação de classes sociais que se apropriam da natureza e do trabalho humano e submetem o planeta à lógica do lucro e da mercantili-zação. Assim, ao transformar todas as necessidades hu-manas em mercadorias, o capital não impõe limites ou fim a sua forma de produção e reprodução, destruindo a natureza e o próprio ser humano. Por isso, é preciso construir um novo modelo de desenvolvimento baseado na vida e não simples-mente no lucro. Precisamos de uma produção que respeite a capacidade de auto-regeneração da natu-reza e um consumo que seja para as reais necessida-des humanas, que garanta qualidade de vida para a nossa e as futuras gerações, através da mudança de valores e atitudes. É preciso acreditarmos que um pensamento crítico mais responsável e solidário, por ser comprometido com o coletivo e voltado para a simplicidade, por ser menos individualista, consu-mista e competitivo, pode nos levar a uma postura que permita um presente e um futuro ambiental-mente sadios e sustentáveis.

RefeRências BiBliogRáficas:

Consumo Sustentável: Manual de educação. Brasília: Consumers International/MMA/ MEC/IDEC, 2005. 160 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

Economia Solidária. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_solid%C3%A1ria

OLIVEIRA, Zacarias Bezerra. O que é consumo sustentável? Disponível em: http://www.terrazul.m2014.net/spip.php?article151

Sara dalila Reis guimarães - Coletivo Jovem pelo Meio Ambiente do Ceará - REJUMA - [email protected] - (85) 87067065

lucas lopes Oliveira - Coletivo Jovem de Meio Ambiente do Ceará - REJUMA - Juventude Alternativa Terrazul - Membro do Comitê Assessor do Órgão Gestor da PNEA - Rede Juvenil do Patrimônio Mundial - [email protected] - [email protected] - (85) 88295637/3283.5270

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A ExPEriêNCiA Dos JoVENs orGANizADos No moVimENTo Dos TrAbAlhADorEs DEsEmPrEGADos - mTD/rs

» antônio Lima » [email protected]

A luta por melhores condições de vida é um ele-mento presente em toda a história humana. Nas úl-timas décadas, porém, tem ficado cada vez mais evi-dente a necessidade de esta luta se dar nos marcos da busca por uma sociedade planetária plenamente sustentável. Isso significa, portanto, que esta luta não pode se basear apenas em saídas individuais, ou na busca por desenvolvimento econômico a todo custo. Para isso, desde a criação dos Estados Nação, sabe--se que as políticas nacionais são determinantes para a definição dos padrões de produção, distribuição e consumo dos recursos (estejam eles em seu estado natural ou já modificados pelo trabalho humano), em escala global. Afinal, o indivíduo e sua comunidade são “pequenos” demais para influenciar, sozinhos, no conjunto das relações hoje internacionalizadas. Mas o “global”, se tomado abstra-tamente, também se torna amplo demais. Portanto, a dimensão possível para equi-librar as ações locais com as globais passa pelas políticas e estratégias nacionais. Este é o espírito que tem orientado a organização e a luta do Movimento dos Tra-balhadores Desempregados (MTD) em seus 10 anos de existência no Rio Grande do Sul. E a juventude tem cum-prido um papel determinante na propagação desta bandei-ra da luta pela sustentabili-dade. Afinal, as gerações an-teriores, não obstante todos

os seus esforços, foram criadas nos marcos de culturas produtivistas, as quais sustentavam os projetos tanto da direita quanto da esquerda mundial. Já nós, que hoje somos ainda jovens, fomos criados em um am-biente onde o tema da sustentabilidade já se tornava crescentemente presente. Se pensarmos, aqueles que hoje têm dezoito anos já nasceram nos marcos insti-tuídos no Brasil pelos importantes debates da Rio-92! E, afinal, já está claro que ou decidimos de uma vez por todas tomar novamente o nosso destino em nos-sas mãos, construindo de fato sociedades econômica, social e ambientalmente sustentáveis, ou seguiremos caminhando a passos largos para a barbárie. Assim, juntamente com os lutadores mais expe-rientes, os jovens do MTD têm buscado construir ex-

periências de trabalho sustentá-veis as quais, ao mesmo tempo em que modificam nossos pa-drões de produção, distribuição e consumo presentes, apontam ca-minhos que entendemos impor-tantes para a construção de uma sociedade planetária sustentável. Neste sentido, duas formas de trabalho combinadas têm sido exercitadas por nossa juventude, organizada em 15 cidades, em diferentes regiões do RS, cons-tituindo aproximadamente 120 núcleos espalhados por diferen-tes comunidades de periferia: por um lado, realizamos enormes esforços na busca da construção de empreendimentos produtivos orientados pelo eixo da susten-tabilidade; por outro, nos dedi-

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camos também ao trabalho mais tipicamente educa-tivo, realizando aquilo que Márcio Pochmann (em debate recente realizado com o MTD no RS) chamou de “trabalho autônomo” – ou seja, o trabalho “não-he-terônomo” voltado à produção ou circulação de bens materiais, mas à formação da consciência e ampliação dos níveis de organização e participação da cidadania. Todavia, ambas as experiências têm sofrido enormes limitações, especialmente por sermos jovens desem-pregados, carentes de todo tipo de recurso (materiais, simbólicos, de articulação social, etc). No campo das experiências produtivas já organi-zamos 20 ramos diferentes de trabalhos sustentáveis (Agricultura Urbana Agroecológica – nos Assentamen-tos de desempregados e também nas vilas, Produção de Alimentos Orgânicos, Reciclagem de resíduos sóli-dos e também de Computado-res, produção de Tijolos Ecológi-cos, etc). Entretanto, por sermos desempregados, não temos outros recursos de partida a não ser nossa força de vontade e persistência. Para conseguir-mos apoios estatais sempre foi necessário muita luta. Mesmo nos governos (municipais, esta-duais e federal) que desejavam apoiar nossas iniciativas, encon-trávamos enormes barreiras nos órgãos do Estado (secretarias, Ministérios, Legislativos, etc). Ainda assim, todas estas experiências persistem vivas, com maiores ou menores dificuldades, em todas as re-giões do estado. Já nosso trabalho mais tipicamente educativo se-gue cada vez mais se ampliando, especialmente en-tre a juventude, não obstante as mesmas imensas ca-rências. Entretanto, este é um trabalho mais simples de se fazer com poucos recursos, pois já o iniciamos desde dentro das nossas comunidades. Organizamos regularmente encontros, a partir de nossos 120 núcle-os em todas as comunidades e espaços onde temos acesso (dentro de sindicatos, escolas, universidades, etc. – inclusive fora do RS e mesmo do Brasil). O tra-balho voluntário, como um dos princípios de nosso movimento, é um aspecto que facilita a mobilização de centenas de militantes, que suam horas-extras de

suas semanas para realizar este trabalho educativo. O apoio de parceiros, locais e internacionais, tem sido decisivo para criar as condições para o deslocamento e o acesso a estes diversos espaços. E muito nos alegra saber que estas boas experiências do RS já começam a querer ser seguidas em outros estados, como RJ, SP, MG, DF, BA, CE, PA, PB, PR, etc. Infelizmente, porém, todas estas nossas experiên-cias acabam sendo limitadas (e muitas vezes aborta-das) pela simples falta de recursos, o que exige que os agentes envolvidos se entreguem ao voraz mercado de trabalho como forma de manter sua sobrevivência (individual e de suas famílias), reduzindo seu tempo para tal trabalho alternativo. Por conta disso tudo, seguimos lutando para que o poder público compreenda a importância de apoiar

iniciativas como estas, que visam a educação e a or-ganização da cidadania na busca pela construção de sociedades sustentáveis. Sem isso, o Estado seguirá permitindo (e mesmo financiando) a destruição da própria humanidade. Afinal, já está claro para todos que os atuais padrões de produção, distribuição e consumo dirigidos pelo Capitalismo nos levarão a todos para o buraco. Não é por ideologia, nem por maldade de ninguém. Mas é intrínseco do Modo de Produção Capitalista submeter a tudo e todos à gera-ção de lucros crescentes e à expansão do Capital. Sem isso, as empresas privadas e o mercado sucumbiriam. Não foi à toa, nem por incompetência dos indivídu-os, que a Conferência de Copenhagen foi considerada um fracasso pela sociedade internacional. Ela apenas comprovou que, em última instância, os interesses do

Como podem perCeber, nós, jovens desempre-gados aprendemos muitas Coisas neste Caminho vivido junto ao movimento. neste sentido, foi importante nos darmos Conta de que, Como par-tes importantes deste meio ambiente, a Cidade, seus moradores e suas CirCunstânCias são ele-mentos deCisivos neste proCesso.

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mercado capitalista e da humanidade se tornaram, hoje, inconciliáveis. Afinal, se aceitamos como neces-sário intervir nos padrões de produção, distribuição e consumo que hoje destroem velozmente o plane-ta, travamos o sistema do capital. Mas se deixamos as empresas seguirem sua busca internamente necessá-ria por lucros crescentes, sabemos que o destino da humanidade será catastrófico. A superação desta con-tradição, insolúvel nos marcos atuais, se faz inadiável. Como podem perceber, nós, jovens desemprega-dos aprendemos muitas coisas neste caminho vivido junto ao movimento. Neste sentido, foi importante nos darmos conta de que, como partes importantes deste Meio Ambiente, a cidade, seus moradores e suas cir-cunstâncias são elementos decisivos neste processo. Tanto como receptores quanto como criadores da re-alidade social e do ambiente global. Portanto, nós de-sempregados urbanos temos um papel fundamental na construção e também na reversão desta história. Por isso, vamos continuar lutando para construir soluções sustentáveis que apontem caminhos para

uma verdadeira transformação nos padrões destru-tivos das relações hoje estabelecidas no mundo. Sa-bemos que nos batemos contra os limites da socie-dade atual. Tanto os nossos próprios limites materiais quanto os limites subjetivos que devolvem as pessoas ao interior das práticas insustentáveis hegemônicas, muitas vezes em busca de sua simples sobrevivência individual e de sua família. Sabemos que nosso trabalho, tanto em sua dimen-são produtiva quanto educativa, é fundamental para nossa Nação – e pela importância do Brasil no mundo, pode ser importante inclusive para outras nações. Por isso, seguiremos firmes adiante, enfrentando todos os obstáculos sem deixar cair ao chão a bandeira da construção de uma sociedade planetária plenamente sustentável. Ainda que isso exaura nossas forças indi-viduais, sabemos que nossos esforços de hoje pode-rão, ao menos, servir de exemplo para os que ainda virão. E, assim, jamais precisaremos sentir a vergonha de olhar para trás e ver que deixamos de fazer aquilo que nos era possível quando ainda tínhamos chance.

Antônio lima - Mestre em Sociologia pela UFRGS - MTD / RS - [email protected] - http://levantepopulardajuventude.blogspot.com - www.brasildefato.com.br

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TErrAs TrADiCioNAlmENTE oCUPADAs: ExPEriêNCiA DE ProDUção E CoNsUmo sUsTENTáVEis E EfETiVAção DE PriNCíPios DA AGENDA 21 GlobAl

» ana Cristina Carneiro de Souza » [email protected]

Com o advento da Constituição Federal de 1988 inau-gurou-se a fase de proteção integral ao meio ambiente. Este foi tratado em capítulo autônomo do Título “Da or-dem social”, que inseriu o princípio do ambiente ecolo-gicamente equilibrado ao sistema jurídico pátrio, por meio do qual se salientou que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” 1

Neste contexto, em 1992, o meio ambiente foi pensa-do e debatido, pela coletividade, na Conferência das Na-ções Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Rio 92, da qual resultaram cinco docu-mentos: a Declaração do Rio de Janeiro, a Declaração de Princípios sobre Florestas, a Convenção sobre a Biodiver-sidade, a Convenção sobre o Clima e a Agenda 21. Concomitantemente, a Carta Magna de 1988 firmou

os seguintes princípios quanto aos povos indígenas: di-reito à diferença; direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam e proteção de sua posse per-manente em usufruto exclusivo e igualdade de direitos. O Código Civil de 2002 não trouxe a definição de usufruto como assim fez o Código de 1916. Este, em seu art. 713, declarava que ‘’constitui usufruto o direito real de fruir as utilidades e frutos de uma coisa, enquanto temporariamente destacado da propriedade.” 2

Contudo, a respeito da utilização dos recursos na-turais das terras indígenas, Juliana Santilli, Promotora de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal, destaca que, in verbis:

O direito de usufruto exclusivo, assegurado constitucionalmente aos índios, implica que estes podem tirar dos recursos naturais de suas terras todos os frutos, utilidades e rendimentos possíveis, desde que não lhe alterem a substân-cia ou comprometam a sua sustentabilidade ambiental. 3

As atividades tradicionais das comunidades indí-genas, relacionadas com sua subsistência ou consumo interno não estão sujeitas a qualquer restrição ou con-dicionadas por qualquer autorização do Poder Públi-co. O Código Florestal, por exemplo, não incide sobre as atividades tradicionais desenvolvidas pelas comu-nidades indígenas. Assim, os índios não estão sujeitos às restrições ao corte de árvores, nas terras indígenas, quando se trate de atividades tradicionais praticadas por eles. Entretanto, se quiserem vender madeira e

1 BRASIL. Constituição Federal de 1988. 9. ed. São Paulo : Revista dos Tribunais, 2007. p. 1382 BRASIL. Código Civil. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 1954. p. 2273 SANTILLI, Juliana. O usufruto exclusivo das riquezas naturais existentes nas terras indígenas. In: LARANJEIRA, Raymundo (Coord.). Direito agrário brasileiro. São Paulo: LTr, 1999. p. 657-683.

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minerais oriundos de suas terras, devem fazê-lo cum-prindo as exigências legais específicas. É também garantido ao índio o exclusivo exercício da caça e pesca nas áreas por ele ocupadas. A caça so-mente está permitida para consumo interno. A venda comercial de carne de caça só é permitida se prove-niente de criadouros autorizados. Assim, é possível afirmar que os indígenas ocupan-tes das terras tradicionalmente ocupadas vivenciam ex-periências de produção e consumo sustentáveis, efeti-vando os princípios descritos na Agenda 21 Global, tais como o combate ao desflorestamento (Capítulo 11), a conservação da biodiversidade biológica (Capítulo 15) e o reconhecimento e fortalecimento do papel das po-pulações indígenas e suas comunidades (Capítulo 26). Estudos de monitoramento por satélite, realizados pela Embrapa no ano de 2008, demonstram que:

As Unidades de Conservação e as Terras Indíge-nas ocupavam cerca de 27% do território nacio-nal em 2008. Parte dessa área permite atividades produtivas como coleta de látex, de castanha, de fibras, pesca e pequena agricultura, mas excluem em geral a atividade agrícola intensiva, com re-moção da cobertura vegetal nativa etc. ou sub-metem o uso e ocupação das terras a condicio-namentos e restrições estabelecidos por planos de manejo, comitês gestores etc. 4

A tabela abaixo, produto do estudo realizado em 2000, pelo Instituto Socioambiental, apresenta índices de desmatamento dentro e fora das áreas protegidas (Terras Indígenas e Unidades de Conservação), de-monstrando que o desmatamento é significativamen-te maior fora das áreas protegidas.

DESMATAMENTO NAS ÁREAS FLORESTADAS ATÉ 2000 - Área em hectares

ACRE

em área protegida (TI + UC) fora de área protegida total no estado

Desmatamento 66.750 1.380.765 1.447.515

área de floresta avaliada 4.699.419 8.002.136 12.701.555

% desmatada 1,42% 17,25% 11,40%

MATO GROSSO

Desmatamento 321.619 14.385.236 14.706.855

área de floresta avaliada 9.332.075 42.427.067 51.759.142

% desmatada 3,45% 33,91% 28,41%

PARÁ

Desmatamento 354.066 15.006.104 15.360.169

área de floresta avaliada 23.764.072 51.437.407 75.201.479

% desmatada 1,49% 29,17% 20,43%

RONDôNIA

Desmatamento 432.964 5.787.312 6.220.276

área de floresta avaliada 9.317.375 12.012.741 21.330.116

% desmatada 4,65% 48,18% 29,16%

AMAzôNIA LEGAL

Desmatamento 1.813.150 47.704.767 49.517.917

área de floresta avaliada 91.906.630 202.723.682 294.630.312

% desmatada 1,97% 23,53% 16,81%

Observação: porcentagem calculada sobre a área de floresta efetivamente avaliada (não considera as áreas de “não-floresta”, as com nuvem e os corpos d’água) Fontes: dados de desmatamento: PRODES/INPE, 2003 Terras Indígenas e Unidades de Conservação: ISA/2003

Por fim, é imperioso ressaltar a inauguração da nova fase de proteção ambiental por meio da Constituição Federal de 1988, o que influenciou a tomada de consci-ência pela coletividade na busca por soluções ambien-tais, assim como pela busca do desenvolvimento sus-tentável, como verificado na Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Deste modo, as populações indígenas contribuem para o desenvolvimento sustentável, por meio do usufruto exclusivo e da posse permanente que detêm, constituindo fator significativo de redução do desflo-restamento e da conservação da biodiversidade.

4 BRMIRANDA, E. E.; CARVALHO, C. A.; SPADOTTO, C. A.; HOTT, M. C.; OSHIRO, O. T.; HOLLER, W. A.; Alcance Territorial da Legislação Ambiental e Indigenista. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2008. Disponível em: <http://www.alcance.cnpm.embrapa.br/>. Acesso em: 29 jun. 2010.

Ana Cristina Carneiro de Souza - Estudante de Direito da Universidade Federal de Viçosa - [email protected]

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AGENDA 21 EsColAr E sUA iNTErfACE Com o CoNsUmo sUsTENTáVEl

» Cristhiane da Silva Cavalcanti » [email protected]

A Agenda 21 inserida no contexto escolar traz à tona a importância de se abordar pedagogicamente a rela-ção do indivíduo com o meio ambiente, bem como de sensibilizar as futuras gerações quanto à necessidade da criação de novos hábitos e métodos de produção e consumo. As gerações mais jovens precisam trazer con-sigo novos padrões de sustentabilidade e a Agenda 21 escolar tem proporcionado um maior diálogo acerca das proble-máticas ambientais, tanto locais como globais. Portanto, relata-mos aqui uma experiência viven-ciada no âmbito de duas escolas públicas do município de João Pessoa, na Paraíba, onde, asso-ciadas a sua rotina escolar, foram debatidas questões pertinentes à sustentabilidade, em contrapon-to às formas cada vez mais des-cartáveis de consumo. Em sua abordagem metodoló-gica, a Agenda 21 Escolar tem por finalidade a interação não apenas com o espaço escolar, como também com a comunida-de. Este aspecto é bastante pertinente quando lidamos com a população local. Esta relação se deu de forma en-riquecedora, uma vez que muitos alunos oriundos da periferia traziam em suas experiências de vida relatos relacionados à prática de reciclagem e ao desperdício associados às maneiras de consumo. Não há como se falar em sociedade, em civiliza-ção humana sem considerar o ambiente, o habitat em que nos encontramos. Contudo, percebemos que a maioria das concepções relacionadas à sociedade vem tratar do meio ambiente como algo dissociado, à parte do ser humano, e esse é o erro que está sendo

repassado de geração a geração. Nesta concepção, na maioria das vezes o homem é visto como um elemen-to apenas cultural, sem considerar antes de tudo que é um ser natural, integrante da natureza, integrado ao meio ambiente e modificador do habitat em que vive. Em Leff (2001), notamos que o saber ambiental con-siste em explicar as causas da degradação ambiental,

diagnosticar a especificidade de sis-temas socioambientais complexos e formar uma racionalidade visando a gestão sustentável dos recursos. Notamos, então, que a educa-ção é algo que vem sendo analisa-do teoricamente ao longo dos tem-pos. Para o Estado a educação tem a finalidade de formar o cidadão, ou seja, dotar os mais jovens de condições básicas para desenvol-ver a cidadania (Ferreira, 1993, pg. 22). Assim, compreendemos a im-portância da Agenda 21 dentro da escola proporcionando uma edu-cação para a vida, para as relações

humanas, para o desenvolvimento dos indivíduos lhes proporcionando a capacidade de transformar, de modificar as reais situações encontradas nas variadas sociedades humanas. Identificamos, portanto, a esco-la e a comunidade como protagonistas de mudanças ambientais. Nessa perspectiva compreendemos que é por meio da educação que podemos construir uma sociedade justa e sustentável, além de buscar valori-zar os aspectos culturais, éticos, ecológicos e sociais. A partir desta problemática temos como recurso pe-dagógico a Com Vida (Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola) e a Agenda 21 enquanto palco para as discussões do contexto ambiental, sendo

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base para os resultados que se desejou alcançar com as oficinas pedagógicas realizadas na escola. Estas ofi-cinas abordaram questões pertinentes, incluídas aí as levantadas pelos próprios alunos. Durante esta experi-ência, foi dada a devida importância a discursos sobre o consumo consciente sempre associado à reciclagem, devido ao fato da grande maioria dos alunos lidarem diretamente com esta forma de manejo dos resíduos sólidos, uma vez que alguns pais trabalhavam como ca-tadores de materiais reaproveitáveis. Ao longo das discussões e projetos sugeridos pela Agenda 21 na escola foi abordada a filosofia dos 3 Rs: reduzir, reutilizar e reciclar, além de oficinas pedagógi-cas que tinham por objetivo informar sobre a impor-tância do ato de reciclar. As atividades escolares, portanto, passaram a ser planejadas relacionadas às práticas que estavam sendo vivenciadas na Agenda 21das escolas. O Dia das Mães foi uma data em que estes conceitos foram vivenciados na prática, com porta-retratos confeccionados com ma-terial descartado (como papelão) e distribuição de eco--bags, finalizando a campanha Saco é um Saco que foi trabalhada na escola e na comunidade. O fechamento das atividades deste primeiro se-mestre encerrou-se na Semana do Meio Ambiente com uma peça teatral encenada pelos próprios alunos intitulada: “Ensinando a Reciclar”, aberta não somente à comunidade escolar como também à comunidade em que as escolas estavam inseridas. Neste sentido Freire (1999, p.21) afirma que:

“Se se tenta a democratização da escola, do ponto de vista de sua vida interna, das relações professores-alunos, direção-professor etc. e de suas relações com a comunidade em que se acha, se se busca mudar a cara da escola, cresce, necessariamente, a procura a ela.”

É cabível a escola promover a interação dialógica entre seus conteúdos e as reais e atuais problemáticas, pois deste modo a escola se mantém viva ao renovar e adaptar sua prática às reais necessidades sociais. O objetivo de tais atividades relatadas acima foi o de fomentar nas escolas e nas comunidades o deba-te das mesmas questões que concernem ao consumo sustentável e a um destino mais consciente do lixo, minimizar também os impactos desta cultura do des-perdício imposta a nós todos os dias. Com todo esse trabalho metodológico nos respal-damos em Pontuschka (1996), que afirma o conheci-mento da realidade como algo que permite ao cida-dão posicionar-se frente às questões ambientais e às políticas públicas voltadas para as mesmas, podendo então contribuir para problemas surgidos. Vemos, portanto, que atitudes individualistas são cor-riqueiras em nossa sociedade, fruto da competitividade e do consumismo. Cada vez mais comportamentos e posturas como estas contribuem para a exclusão social, a exploração e a destruição dos recursos naturais. Diante desta realidade, a escola junto à Agenda 21 escolar deve apresentar uma postura condizente aos novos direcionamentos da sociedade. Sendo assim, podemos perceber o papel fundamental da escola, de uma escola protagonista perante as novas contextua-lizações encontradas, permanecendo assim um espa-ço de formação abarcado pela realidade. Contudo, este trabalho simboliza apenas pequenas maneiras para amenizar, a curto e até médio prazos, situações de risco ambiental, mas que proporcionou aos alunos e à comunidade uma maneira de adequa-ção ao que seria um novo padrão de sustentabilidade. Este novo padrão alcançará seu ápice junto ao poten-cial inovador da juventude e das novas gerações que estão por vir, que precisarão se relacionar com seu ha-bitat natural de forma ética e responsável.

RefeRências BiBliogRáficas:

FERREIRA, N. T. Cidadania: uma questão para a educação. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1993.

FREIRE, P. A educação na cidade. São Paulo. Cortez,1999.

LEFF, E. Saber Ambiental. Petrópolis: Vozes, 2001.

PONTUSCHKA, N.N. (org.). Um Projeto... Tantas Visões Educação Ambiental na Escola Pública. São Paulo: Copy – Set, 1996.

Cristhiane da Silva Cavalcanti - Pedagoga e Membro do Coletivo Jovem da Paraíba - [email protected]

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ProGrAmA PrEsErVANDo PArA o fUTUro: ExPEriêNCiAs DE ProDUção E CoNsUmo sUsTENTáVEl

» iranildo de Sousa Ferreira » [email protected]

Com o processo crescente da industrialização e da oferta para o consumo, cada vez produzimos e con-sumimos mais. Mas não pensamos que tudo que uti-lizamos vem da natureza e muitas vezes é devolvido a ela em forma de lixo. Além disso, esse processo cria uma imensa pobreza, que gera desigualdade social, mais pessoas doentes, mais fome, mais problemas de habitação, mais danos ao meio ambiente, mais crian-ças sem escolas. É preciso romper com essa cadeia de destruição do planeta. Durante anos aprendemos a conviver com valores que nos afastaram de uma relação harmoniosa com o meio ambiente. E se não mudarmos de atitude será tarde demais. Devemos repensar a forma como nos relacionamos com o planeta. Entender que, quanto mais utilizamos produtos descartáveis, mais recursos naturais são desperdiçados, gerando grande impac-to ao meio ambiente, colocando em risco os seres vi-vos do planeta no presente e no futuro. É importante que tenhamos crité-rios ao produzir (com sustentabilidade e reutilizando sempre que possível) e consumir (comprar o necessário, não desperdiçar, utilizar embalagens de maneira consciente, evitar comprar produtos “superembalados” e, sempre que possível, dar preferência a bens não-embalados – como, por exemplo, alimentos frescos). Olhe em volta dos produtos que você está comprando e pense: essa embalagem é a melhor al-ternativa para o meio ambiente? Pro-cure saber mais sobre opções ambien-talmente amigáveis e sobre consumo consciente! Pratique! Dê o exemplo! O planeta agradece!

O Programa Preservando Para o Futuro (PREFU-TURO) sabe da necessidade de desenvolver políticas e estratégias de estímulo a mudanças nos padrões insustentáveis de consumo, visando a construção de sociedades sustentáveis, por isso em 2008 o Programa Prefuturo instituiu o Núcleo de Implantação das Agen-das 21 Locais (NIAL21). A ideia inicial do núcleo surgiu em 2007 com o ob-jetivo de intensificar as ações do Prefuturo nos Muni-cípios, visando a construção dos Planos Locais de De-senvolvimento Sustentável e de um novo padrão de desenvolvimento que contemple as diferentes dimen-sões da sustentabilidade, implicando, sobretudo, em vontade política, capacidade de mobilização social, mudanças de atitudes e na produção e no consumo sustentável. O NIAL21 junto com o Núcleo de Educação Ambien-tal e Comunicação (NEAC/PREFUTURO) também aten-de as escolas por meio das Comissões de Meio Ambien-

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te e Qualidade de Vida nas Escolas – COM-VIDAs, ajudando e orientando a construírem suas Agen-das 21, tornando as esco-las espaços permanentes de mobilização, troca de informação, e geração de consenso em torno dos problemas e soluções es-colares. O PREFUTURO por meio do NIAL21 e do NEAC realizou no municí-pio de Ibiapina – CE, em 2009 e 2010, o I e o II Se-minário de Formação das COM- VIDAs, tornando as escolas atores na produ-ção e no consumo sus-tentável, promovendo o intercâmbio e a troca de informação, assegurando a harmonia do homem com a natureza. O PREFUTURO vem implementando, em par-ceria com o Ministério do

Meio Ambiente, políticas efetivas de redução do consumo e do desper-dício através de ações e campanhas. É o caso da campanha “Saco é um Saco”, a qual o PREFUTU-RO aderiu em 2009. Esta campanha visa conscien-tizar o consumidor sobre os impactos ambientais causados pelo uso exces-sivo e descarte inadequa-do dos sacos plásticos. A campanha quer aler-tar a população sobre a im-portância de se reduzir o consumo de sacolas plás-ticas, utilizando alternati-vas para o transporte das compras e acondiciona-mento de lixo, e recusando sacos e sacolinhas sempre que possível. Apostamos no poder do consumidor como ação transformado-ra de hábitos e atitudes.

RefeRências BiBliogRáficas:

Programa Preservando Para o Futuro – Núcleo de Implantação das Agendas 21. Locais. www.pprefuturo.ning.com

o programa preservando para o futuro (prefuturo) sabe da neCessidade de desenvolver polítiCas e estratégias de estí-mulo a mudanças nos padrões insustentáveis de Consumo, vi-sando a Construção de soCieda-des sustentáveis.

iranildo de Sousa Ferreira - Programa Prefuturo e Núcleo de Implantação das Agendas 21 Locais - Climate Champion do Brasil pelo Programa Climate Generation do British [email protected] - http://twitter.com/pprefuturo - http://www.youtube.com/prefuturo - (88) 92382038 / 36531133

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mUDANçA DE hábiTos No rEsTAUrANTE UNiVErsiTário DA UNiVErsiDADE DE brAsíliA: CANECAs DUráVEis No lUGAr DE CoPos DEsCArTáVEis

» anderson Paz, evellyn Bernardes, Diogo L.O. de Carvalho, ana Carolina Cabral M. netto e Larissa K. M. Douto

» [email protected]

Nas últimas décadas, a geração de resíduos vem assumindo proporções alarmantes. Isto tem ocorrido devido ao crescimento do consumo de produtos in-dustrializados (que muitas vezes são revestidos por diversas embalagens) e de produtos descartáveis pela crescente população humana; e devido à exacerbação do consumismo impulsionado pela mídia, mesmo em grupos sociais que não detinham um poder de com-pra significativo até tempos recentes. A produção de resíduos em larga escala – entenda--se não só no sentido de resíduos sólidos, mas também no sentido social: miséria, fome e exclusão – caracte-rística da sociedade de consumo, que vem do século passado e que avança neste início do terceiro milênio

(Zaneti & Sá, 2002), tem grande impacto negativo na saúde humana e no meio ambiente. Como exemplos disso, podemos citar o agravamento da degradação de ecossistemas, da poluição do solo, ar e águas su-perficiais e subterrâneas e das mudanças climáticas com a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera, entre eles o gás metano. A Agenda 21, que surgiu como um instrumen-to norteador para um modelo de sociedade mais comprometida com o desenvolvimento sustentável, expõe no seu capítulo 4 que se devem promover padrões de consumo e produção que reduzam as pressões ambientais e atendam as necessidades bá-sicas da humanidade. Ao mesmo tempo, indica que

deve-se desenvolver uma melhor compreensão do pa-pel do consumo e da forma de se implementar padrões de consumo mais sustentá-veis. O consumidor deve ser incentivado a fazer com que o seu ato de consumo seja também um ato de ci-dadania, ao escolher em que mundo quer viver. Cada pes-soa deve escolher produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades sem prejudicar o bem-estar da coletividade, seja ela atual ou futura (Go-mes, 2006). Foi com essas preocupações que o projeto de extensão Tome Consciên-

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cia surgiu em uma disciplina de graduação da Univer-sidade de Brasília. Os alunos perceberam a necessi-dade de unir conhecimentos acadêmicos com ações práticas, baseados no princípio de que a sociedade ci-vil é motor de transformações e que a ação individual é chave para esse processo.

Projeto tome ConsCiênCia

O Tome Consciência é um projeto de extensão universitária de ação contínua da UnB. Atua na ques-tão da sustentabilidade socioambiental junto à comunidade universitá-ria desenvolvendo ati-vidades de educação e comunicação ambiental. Buscando sempre a in-tegração de estudantes, com o apoio de profes-sores de diversas áreas, para compor uma equipe heterogênea e multidis-ciplinar, procura verificar as demandas ambientais existentes nos campi da UnB e atuar de maneira a supri-las, procurando assim construir uma co-munidade mais sustentável socioambientalmente. Observando os impactos negativos dos resíduos sólidos no meio ambiente, o grupo decidiu realizar campanhas para a redução do consumo de copos descartáveis no Restaurante Universitário (RU) da Uni-versidade de Brasília (UnB). O objetivo é a mudança de hábito dos seus freqüentadores, de modo que menos resíduos sejam gerados e o impacto ambiental destes seja reduzido. O nome do projeto, inclusive, represen-ta esse objetivo, pois é um jogo com o verbo “tomar” aludindo à utilização de canecas no lugar de copos descartáveis.

as CamPanhas no rU O projeto promove campanhas de sensibilização para a redução do uso de copos descartáveis e ado-ção do uso de recipientes duráveis desde o primeiro semestre de 2007. Neste semestre, foram distribuí-das 100 canecas para os alunos da UnB, adquiridas

com a renda da própria equipe do projeto e de cola-boradores. No primeiro semestre de 2008, o Tome Consci-ência pôde disponibilizar maior quantidade de ca-necas, por ter sido contemplado em um edital de incentivo a projetos ambientais do Núcleo da Agen-da Ambiental da UnB (NAA), no final do segundo semestre de 2007. Desde então o NAA passou a par-ticipar estrategicamente da distribuição de canecas no RU, como parte da campanha “Sou UnB, jogo

limpo: digo não aos copos descartáveis” . Nos dois se-mestres de 2008 o Tome Consciência participou de ma-neira determinante na organização das campanhas educati-vas e de distribuição, reservando o espaço do RU, adquirindo to-dos os materiais ne-cessários e pensando e viabilizando todos os demais pontos da logística em conjunto com a equipe técni-

ca do NAA. A iniciativa obteve sucesso e, no primeiro semestre de 2009, houve a institucionalização da dis-tribuição das canecas, ficando principalmente a cargo do NAA. Os membros do projeto passaram a atuar como colaboradores voluntários nas campanhas de distribuição de canecas e continuaram organizando campanhas de sensibilização sobre os impactos dos resíduos gerados no RU com diferentes estratégias que envolviam: mostras de curtas metragens; histó-rias em quadrinhos, que ilustram o impacto econômi-co e ambiental do consumo dos copos descartáveis no meio ambiente, impressas e fixadas em pontos estratégicos; premiação de usuários de canecas da campanha ou de quaisquer outros recipientes durá-veis para pegar suco no RU com doces confecciona-dos pelos próprios integrantes do projeto; e através de intervenções usando os copos descartáveis utilizados nas refeições para construir cortinas de copos (fig.2), por exemplo.

canecas doadas duRante campanha de distRiBuição no Ru.

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A partir do segun-do semestre de 2009 percebeu-se que adi-cionar as canecas aos kits dos calouros era a estratégia mais efetiva para aumentar o nú-mero de contemplados pela distribuição das canecas. Neste semes-tre, realizou-se a última distribuição de canecas no RU. Segundo dados for-necidos pela direção do RU, no segundo se-mestre de 2008 o restaurante atendia diariamente em média 4200 alunos no período do almoço e 800 no do jantar, os quais consumiam um total de 6000 copos descartáveis de plástico de 200 ml diariamente. Os da-dos, recolhidos pelo grupo no RU, apontam um consu-mo de 1,2 copos por usuário. Em um mês o consumo era de aproximadamente 120 mil copos. Em um ano todos os copos descartados totalizavam uma massa de aproximadamente 1,8 toneladas (1,44 milhão de copos) e o gasto financeiro com a compra dos copos era de aproximadamente R$ 20.800,00. Dessa forma, o impac-to ambiental do consumo desmedido e o gasto econô-

mico eram volumosos, um cenário que requeria reversão. A união entre a dis-tribuição de canecas, ações voluntárias, in-centivadas pelas cam-panhas educativas, e a instituição do “Dia sem copo”, dias em que co-pos descartáveis não são oferecidos, resul-tou na real diminuição da utilização de copos descartáveis no RU. O consumo por usuário

passou a uma média de 0,9, o que representa uma economia de R$ 4.900,00 por ano e a redução da emis-são de mais de 200 mil copos descartáveis nos aterros. Com essa economia podem ser compradas aproxima-damente 2.815 canecas, tomando como preço unitá-rio R$ 1,74 (valor das últimas canecas compradas). Percebe-se que com a dedicação de cada indivíduo pode-se alterar o hábito de uso de copos plásticos, não apenas no RU, como em outros espaços sociais. É por isso que o grupo acredita tanto no trabalho direto com o seu público alvo, pois a mudança de cada indivíduo pode resultar em amplas mudanças na sociedade.

coRtina feita com copos descaRtáveis usados em uma Refeição.

RefeRências BiBliogRáficas:

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Agenda 21 Global- Conferência da Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento. 2. ed. Brasília: Senado Federal, 1997. 598 p.

GOMES, D. V. Educação para o consumo ético e sustentável. Rev. Eletrônica. Mest. Educ. Ambient., Porto Alegre, v.16, p.18-31, 2006

UN ENVIRONMENT PROGRAMME. Marine Litter: A Global Challenge. Nairobi: UNEP. 2009. 232 p.

ZANETI, I. C. B. B; SÁ, L. M. Educação ambiental como instrumento de mudança na concepção de gestão dos resíduos sólidos domiciliares e na preservação do meio ambiente. 2002. Disponível em: <http://www.anppas.org.br/ encontro_anual/encontro1/gt/ sociedade_do_conhecimento/Zaneti%20-%20Mourao.pdf>. Acesso em: 08 de abril de 2010.

Anderson Paz, Evellyn Bernardes, diogo l.O. de Carvalho, Ana Carolina Cabral M. Netto e larissa K. M. douto - Projeto de extensão de ação contínua Tome Consciência / DEX-UnB e NAA-UnB - [email protected]

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JUVENTUDE UNiVErsiTáriA E sUsTENTAbiliDADE:PENsANDo E PrATiCANDo A GEsTão AmbiENTAl NUm CAmPUs UNiVErsiTário

» Wanderson nascimento e Luís Felipe Rocha » [email protected] - [email protected]

Uma das marcas da juventude é ir além do seu tempo, criar coisas novas, romper com as estruturas antigas, fugir do tédio em busca de uma autonomia que proporcione ao jovem viver com liberdade, mo-tivando-o a ser autor de sua própria história. A juven-tude naturalmente é um período de mudanças e de afirmação de uma identidade construída na adoles-cência. Você lembra o turbilhão de coisas que acon-teceram em sua vida nos últimos anos? Por mais que tudo aconteça rápido e você tenha uma vida frenética, você continua sendo aquele ser que se manifesta na sua individualidade. Seme-lhante é a natureza, tudo vive se modificando. Nos processos naturais, pode-se até observar essa natureza adquirindo outras formas e dimensões. Você lembra a lei de Lavoisier? Nada se perde, tudo se transforma. Obser-va-se nesse ponto uma cor-relação entre a natureza e o jovem. Então, como é possível o jovem nesse contexto cum-prir a sua missão em ser ori-ginal, criativo e regente de sua história, sem deixar a sua autenticidade, atuando na sua comunidade, es-cola e meio ambiente? Como ficam as práticas diárias da juventude? É possível realmente fazer do ambien-te acadêmico um lugar de construção e reflexão, de modo que a teoria possa empolgar e dinamizar o coti-diano do jovem, em prol de uma consciência ambien-tal coletiva? Foi observando essa transversalidade da temática ambiental e a necessidade prática de se fazer uso do

arcabouço teórico no ensino das universidades que foi criado, em maio de 2009, no campus de Planalti-na da Universidade de Brasília (FUP/UnB), o projeto de extensão universitária “Esperança Verde na FUP/UnB: um campus universitário modelo em gestão ambien-tal”, com a coordenação do Prof. Dr. Philipe Pomier Layrargues. O projeto objetiva trazer as ações e solu-ções ambientais para a prática, dialogando com os es-paços institucionais e com a comunidade local, além de estabelecer contato com o meio profissional do gestor ambiental, antes de sua formação, através das

práticas do exercício em extensão univer-sitária.Desse modo, po-demos dizer que o projeto “Esperança Verde na FUP/UnB” é a cara da juventu-de. Primeiro, porque os doze alunos de graduação que com-põem a equipe desse projeto são jovens; segundo, porque os desafios da qualida-

de de vida universitária também demandam o com-prometimento com a causa ambiental e o vigor que é preciso para superar as barreiras impostas pela buro-cracia acadêmica. O animador é que a esperança é a ultima que mor-re, ou melhor, ela não pode morrer porque é por essa esperança que nos mantemos unidos e empenhados como juventude, a pensar e agir sustentavelmente. É por esse princípio que este projeto de extensão faz jus ao seu nome, acreditando e implementando no cam-

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pus UnB/Planaltina o uso consciente da energia, água e de outros recursos naturais, entendendo que essas ações reduzem os custos de produção e custos opera-cionais, de cunho administrativo. Além disso, promo-ver a coleta seletiva, a destinação adequada dos resí-duos sólidos gerados na unidade acadêmica e primar pela educação ambiental no campus são alguns dos objetivos centrais do projeto. Nossa meta com este projeto é viabilizar os ca-minhos, definidos participativamente, de uma ação política que estabeleça um programa de Gestão Am-biental no campus. Assim, espera-se, através da ges-tão pública, diminuir os impactos negativos gerados durante a jornada de trabalho no corpo dos servidores públicos da universidade, tornan-do o trabalho mais eficiente no uso dos recursos naturais, mate-riais, financeiros e humanos. Possivelmente vocês notaram que tornar o ambiente susten-tável não é uma tarefa simples, exige um comprometimento ver-dadeiro com a causa. No primeiro momento do projeto os trabalhos de equipe foram direcionados à estruturação de uma Coordena-ção Ambiental e ao diagnóstico da percepção ambiental na comu-nidade estudantil da Faculdade UnB/Planaltina. A idéia é que ocorra uma me-diação pedagógica por meio da Educação Ambiental não-formal, tendo como prerrogativas iniciais a compreensão da percepção ambiental da comunidade acadêmica e a identificação da “pegada ecológica” do campus. Esta compreensão subsidiará a criação das estruturas e processos pedagógicos potencializadores de novos padrões comportamentais críticos e devidamente internalizados pelos usuários do campus e, posterior-mente, proporcionará a visualização dos avanços con-quistados com a implantação da nova cultura, consti-tuindo-se como um marco de referência de onde se iniciou o processo de transformação do campus. Para se conhecer a percepção ambiental dos alunos foi aplicado um questionário junto a 253 alunos dos 726 matriculados no campus UnB/Planaltina. Com a

aplicação dos questionários obtivemos diversas infor-mações relacionadas à percepção e uso do campus no cotidiano de cada um. Ficou claro que os jovens estu-dantes valorizam as universidades que se empenham em tornar-se sustentáveis e que há uma demanda por se estudar em um campus universitário com práticas de gestão ambiental. Também ficou claro que, de ma-neira geral, os alunos desejam aprender mais sobre as questões ambientais e concordam que o meio univer-sitário é de fato importante para a formação de uma consciência ambiental e cidadã. A partir deste dado, se confirma o quanto a juventude deseja estar engaja-da com a questão ambiental e como esses desafios de mudança tem a ver com o que o jovem idealiza para o

futuro em sua formação. Por sua vez, a segunda etapa do projeto visa à consolidação do sistema de gestão ambiental na FUP/UnB, na aplicação propria-mente dita dos grandes elemen-tos de transformação, exigindo comprometimentos políticos e fi-nanceiros robustos. Essa etapa en-volve o programa de edificações sustentáveis na UnB; o programa de administração sustentável, por meio da adoção da lógica das “compras públicas sustentáveis” de produtos, equipamentos e ma-teriais de escritório; o programa Agroecológico, com a implanta-ção de alimentação natural e or-gânica no futuro Restaurante Uni-

versitário, criação de viveiro florestal de mudas nativas do Cerrado e horto alimentar pautados pela Agroeco-logia, compostagem de resíduos orgânicos, entre ou-tros. Fica claro que o projeto “Esperança Verde na FUP/UnB” tem cumprido a sua missão original em perceber a situação ambiental no campus e, além disso, propor políticas e parcerias que viabilizem a consolidação de uma consciência ecológica dos alunos, professores e servidores nos espaços educadores da universidade e na transformação do campus em uma faculdade sus-tentável. A implementação do projeto está abrindo caminhos, através dos jovens alunos, para um diálogo maior com a direção da faculdade sobre as demandas

nossa meta Com este projeto é viabilizar os Caminhos, defi-nidos partiCipativa-mente, de uma ação polítiCa que estabe-leça um programa de gestão ambiental no Campus.

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ambientais do campus, proporcionando um espaço de construção de idéias, que se instituiu recentemen-te como uma Coordenação Ambiental da FUP/UnB, onde participarão alunos, professores e servidores. O colegiado tem o intuito de discutir, propor e enca-minhar decisões que possam fortalecer e consolidar de fato as ações sustentáveis no campus. Isso é um ponto de partida chave para a implementação de uma Agenda 21 Universitária na FUP/UnB de maneira participativa e democrática, visando promover a sus-tentabilidade no campus, aumentando a qualidade de vida universitária. Políticas de indução e fortalecimento da Agenda 21 Universitária são de extrema importância, porque as universidades reúnem condições extremamente favoráveis à transição para a sustentabilidade e por-que é através da Agenda 21 que a comunidade univer-sitária terá clareza das suas necessidades, demandas e expectativas. Então, a partir do momento em que se formaliza o compromisso, o objetivo de se ter ações sustentáveis não compete somente a este projeto de extensão universitária, mas sim a toda universidade juntamente com seus parceiros, com o foco de promo-

ver a transformação, pensando globalmente e agindo localmente.Assim como o projeto “Esperança Verde na FUP/UnB” tem mudado a realidade institucional no campus de Planaltina da UnB, você também pode expressar a for-ça e a criatividade de sua juventude propondo e exe-cutando mudanças locais no seu cotidiano. Só assim será possível estabelecer uma mudança de consciên-cia geral. Que tal começar por uma iniciativa sua?

Wanderson Maia Nascimento e luis Felipe lino Rocha - Graduandos em Gestão Ambiental/UnB e integrantes do Projeto de Extensão Esperança Verde - DEX-UnB

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rElATo DE ExPEriêNCiA: o rEAProVEiTAmENTo sUsTENTáVEl Do AçAí NA ilhA Do mUrUTUCU

» ercilene G. dos Santos, Maicon S. Farias e Renan S. Miranda » [email protected] - [email protected]

[email protected]

Nós, autores do texto, somos graduandos do Cur-so Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental, da Faculdade Ideal, e com isso elaboramos projetos de cunho sustentável e socioambiental, com trabalhos de pesquisa sobre as comunidades das ilhas de Belém e da região urbana da cidade. Nosso objetivo é pro-por soluções de políticas públicas de sustentabilidade para a região, para melhor aproveitamento dos recur-sos locais, além de atividades de cunho socioambien-tal de responsabilidade social. Este é um relato de experiência em Belém do Pará sobre a sustentabilidade dos recursos naturais da ilha do Murutucu. Esta é uma ilha localizada na parte sul da cidade de Belém pertencente ao DAOUT (Distri-to Administrativo de Outeiro) que apresenta, na sua grande maioria, população ribeirinha com caracterís-tica rural. Apesar de estarem próximos à capital, vivem basicamente do extrativismo dos recursos da ilha, em especial do açaí, um fruto muito abundante na re-

gião, assim como da extração do buriti, andiroba, camarão e outros, que são vendidos para as feiras de Belém. Contudo, o açaí possui um período de safra que vai de junho a dezembro, o que faz com que durante a en-tressafra os moradores vivam um tempo difícil, pois os outros recursos não garantem uma boa renda para a população. Além disso, o açaí produz alguns resíduos durante suas etapas de produção, visto que a polpa do açaí é pequena com relação à semente, e estes resídu-os na sua grande maioria são queimados ou lançados nos rios ou no solo, podendo ocasionar problemas para os moradores e o meio ambiente. Considerando estes fatores, criamos um projeto com o objetivo de promover a sustentabilidade atra-vés da capacitação dos moradores da Ilha do Muru-tucu para a produção de artesanato com sementes do açaí e outros materiais encontrados na ilha, gerando renda à população. A primeira etapa do projeto foi a conscientização das crianças na escola situada na as-sociação dos moradores da comunidade do cacau. No início, para a elaboração do projeto, tivemos al-gumas dificuldades quanto a qual atividade nós utiliza-ríamos para capacitar os moradores e ao mesmo tempo envolvê-los na conscientização sobre o uso responsá-vel dos recursos e reaproveitamento dos mesmos, com isso, chegamos à conclusão de usar o artesanato. O alvo principal são as crianças, uma vez que elas atuam como agentes multiplicadores das ações de educação ambiental. O projeto se desenvolveu no sentido de buscar uma alternativa de reutilizar os re-síduos da etapa produtiva do açaí, como a semente e o cacho do açaí, assim como outras sementes, papel e recipientes, garrafas pet e outros materiais encontra-dos na região ou trazidos pelo movimento das marés. A principal forma de reaproveitar este material foi

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o artesanato, na forma de biojóias e outros utensílios. Esta é uma prática que se utiliza de poucos recursos, que não agride o meio ambiente e que pode ser utili-zada para complementar a renda dos moradores, me-lhorando a sua qualidade de vida de modo sustentá-vel e adequado às propostas da Agenda 21 Brasileira. Observamos que na ilha havia muitos materiais como sementes, cachos não utilizados, recipientes, etc. O que faltava era uma palestra ou oficina para desper-tar essa consciência nos moradores e nas crianças. Com esse pensamento sobre a oficina, durante uma ação de responsabilidade social na comunidade do cacau na Ilha do Murutucu, colocamos em prática o projeto em sua primeira fase, a de capacitação das crianças mos-trando-lhes a importância de reaproveitar o resíduo da produção do açaí e o uso responsável dos recursos. Logo após esta breve explicação sobre educação ambiental, na sala da escola ACAIMU (imagem 1), se-paramos a turma em grupos de 4 a 5 crianças, cada grupo com um responsável para a prática. Os mate-riais utilizados foram papelão, recipientes de marga-rinas, garrafas pets e os materiais encontrados em abundância na ilha: a semente e cachos do açaí.

Os alunos na faixa etária entre 8 a 17 anos aprende-ram, em uma manhã, com reutilizar materiais que an-tes iriam para o lixo e agora vão se tornar artesanato, servindo não só como reciclagem e geração de renda, mas um exemplo para as ilhas do entorno sobre a im-portância do uso racional dos recursos para que eles durem para as próximas gerações.

RefeRências BiBliogRáficas:

FELIX, A. A. A.; Identificação e desenvolvimento de técnica alternativa de controle de fungos em sementes utilizada no artesanato. Brasília 2007

INSTITUTO DE PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO. Artesanato ecológico é exemplo de respeito ao meio ambiente. Disponível http://www.ipd.org.br acessado 5 de outubro de 2009

LEFF, Enrique. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis, RJ. Vozes: 2001

SEBRAE. Programa Sebrae de artesanato. Disponível em: http://www.artesanatobrasil.com.br/frameset0.htm Acessado em 05/10/2009

semente e cachos do açaí

Ercilene gomes dos Santos, Maicon Silva Farias e Renan Satiro Miranda - Graduandos de Tecnologia em Gestão Ambiental / Faculdade Ideal - [email protected]@hotmail.com - [email protected]

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UmA hisTóriA NA AmAzôNiA

» Damaris Teixeira Paz » [email protected]

A Amazônia é indiscutivelmente um lugar de grande importância para o planeta. Atentados contra esse meio ocorrem todos os dias. Há uma preocupante fal-ta de sensibilidade, de uma parte da população ama-zônica, diante das problemáticas ambientais. Localizado a 20 km de Manaus, Iranduba é um dos poucos municípios do estado do Amazonas que tem Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida em uma das suas escolas. A COM-Vida da Escola Estadual Isaías Vas-concelos foi criada em março de 2009 pelo CJ-Iranduba (Coletivo Jovem de Meio Am-biente de Iranduba). Desde a sua criação ela trabalha intensa-mente, com comemo-rações de datas am-bientais e escolares em eventos que mo-bilizam toda a insti-tuição como coleta de lixo, Gincana do Meio Ambiente, 1ª Feira de Saúde, etc. Os resultados são satisfatórios, houve um crescimento na interação escolar, na motivação de alguns professores para tratar de assuntos interdisci-plinares, na participação dos estudantes nas ações da escola, e o surgimento do interesse em questões so-cioambientais em mais pessoas da comunidade. Um bom exemplo das mudanças de pensamento proporcionadas pelo projeto foi um protesto contra

uma empresa cerâmica que polui o ar nas proximi-dades da escola, muitas vezes atrapalhando as aulas. Mais seguros nas suas decisões, os alunos e os profes-sores, juntos com a comunidade, foram reivindicar os seus direitos. O fato foi até exibido em um telejornal do estado. Infelizmente esse tipo de crime acontece em todo o país. Diversas empresas poluem o ar, os rios, degra-

dam o solo e, o pior de tudo, cres-cem cada vez mais. Isto ocorre pela ausência de um compor tamento importantíssimo na atualidade, o consumo respon-sável. Os requisi-tos mais usados em uma compra são o preço e a qualidade, mas e a procedência? E a responsabilidade socioambiental da indústria, existe?

Em parceria com a Pastoral da Juventude, o CJ--Iranduba trabalha esse tema em palestras de sensi-bilização cujo público-alvo é, geralmente, crianças, adolescentes e jovens até 29 anos. Como se pode perceber, existem pessoas que lu-tam para ajudar o planeta, na tentativa de transformar a maneira de pensar de seus habitantes e, consequen-temente, a maneira de agir.

damaris Teixeira Paz - Graduanda de Licenciatura em Ciências Naturais da UFAM- Universidade Federal do Amazonas - Membro do Coletivo Jovem de Meio Ambiente de Iranduba e do CJ-AM [email protected]

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ProJETo PAsToriNhAs E CoNsUmo soliDário iNTEGrAm PolíTiCA AmbiENTAl DA EsColA bAlão VErmElho

» ana Katz, Júlia Catão, Letícia Fiúza, Silvia Fortini e alice Faria » [email protected]

Em 2006, foi firmada uma parceria entre a Escola Balão Vermelho (Belo Horizonte/MG) e um grupo de famílias do Movimento dos Sem Terra, hoje assenta-das em uma área próxima à capital mineira, no muni-cípio de Brumadinho. Depois da primeira visita feita ao assentamento, que tinha como objetivo conhecer e estabelecer par-ceria com grupos sociais que tivessem por princípio a economia solidária – cuidado com o meio ambiente, relação justa com o trabalho, participação de todos os envolvidos e solidariedade – os alunos iniciaram o trabalho de mobilização e sensibilização para a orga-nização do “consumo solidário” na escola. Assim, em acordo com o Assentamento Pastori-nhas, foi criada a lista com os produtos oferecidos pelos agri-cultores e enviada a todas as famílias da escola. Quem op-tava em participar do projeto recebia, toda segunda-feira, na instituição, as cestas prontas de acordo com o pedido. Em 2007, a maior renda das famílias veio do consumo soli-dário da escola. A partir de 2008 o projeto se estendeu e, além das cestas prontas, o Assenta-mento Pastorinhas passou a vender seus produtos aos mo-radores e transeuntes da região do Bairro Mangabeiras. Com autorização da prefeitura, se-gunda-feira, das 7 às 14 horas, os assentados comercializam seus produtos em uma barraca na porta da instituição. Hoje, cerca de 80 pais de alunos encomendam os

produtos através da lista de pedidos, mas esse núme-ro sempre aumenta, já que a cada ano é reforçada com os novos alunos a importância da participação no con-sumo solidário. Assim, as famílias da escola recebem produtos orgânicos, frescos e de baixo custo, já que a produção preserva o cuidado com o meio ambiente e não passa nas mãos de atravessadores. De acordo com relato de alguns assentados, a quali-dade de vida das famílias da comunidade melhorou sig-nificativamente devido à venda desses produtos. Antes, toda a produção que sobrava ia para o lixo; hoje, é trans-formada em renda e investimento em infraestrutura. Para a Escola Balão Vermelho e Colégio Mangabei-ras, além de todos os benefícios citados com o proje-

to, o maior ganho é a certeza de que iniciativas como essa podem contribuir efetiva-mente com a vida do plane-ta e de muitas pessoas. E a cada dia são descobertas ou-tras formas de estender essas parcerias, buscando soluções para problemas ambientais enfrentados atualmente.

Crianças fazem CamPanha de arreCadação de óleo Para ProdUção de sabão artesanal

Na Escola Balão Vermelho, no início do ano passado, crianças entre quatro e cinco

anos desenvolveram um projeto a respeito dos cuida-dos que se deve ter com o lixo. A professora Bárbara Coura conta que o mesmo teve início quando os alu-

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nos perceberam que estavam faltando lixeiras ecoló-gicas na sala de aula. E esse foi o ponto de partida para iniciar com as crianças uma discussão sobre questões ambientais. Os estudantes chegaram à conclusão de que o óleo de cozinha era um dos poluentes mais comuns por ser jogado fora, em casa, nas pias ou no vaso sanitário, meios que levam esse material para o mar e os rios, causando grandes danos a esses ecos-sistemas. Isabela Albuquer-que, aluna de seis anos, expli-ca o que acontece se o óleo chegar às águas: “A gente não pode jogar óleo na pia e nem no vaso sanitário porque ele vai para o rio, forma uma bo-lha grande e essa bolha não deixa a luz do sol passar para dentro do rio, e assim mata os peixes”. A turma da professora Bárbara Coura iniciou, então, uma campanha para as pessoas da Escola Balão Verme-lho recolherem o óleo usado em casa e doarem para a instituição. O objetivo era produzir sabão artesanal em parceria com o Assentamento Pastorinhas. Os alunos fi-zeram panfletos explicando quais os prejuízos causados pelo óleo jogado na pia e iniciaram uma campanha de arrecadação do óleo usado pelas famílias e pelo comér-cio próximo ao Balão Vermelho. Segundo a professora, as crianças distribuíram os panfletos na porta da escola e fizeram cartazes para chamar a atenção daqueles que transitavam no local. Depois da campanha, as famílias começaram a trazer óleo de casa e todo material reco-lhido passou a ser doado para o Assentamento, que faz o sabão artesanal e utiliza para consumo próprio. A agricultora Vilma Aparecida, de 39 anos, comenta que produz o sabão para lavar a roupa que vem muito suja da roça, vasilhas domésticas e, às vezes, até para tomar banho. Para se fabricar o sabão, “você mistura cinco litros de óleo com um litro de soda cáustica lí-quida, um copo de detergente ou sabão em pó, que são opcionais, mas eu uso porque acho que fica me-lhor para lavar a roupa, e um copo de álcool”, esclarece

a agricultora. Ainda segundo Vilma, para o sabão ter cheiro de sabonete, mistura-se essência, ou um pou-co de amaciante, se for para lavar roupas. Essa mistu-ra fica com uma cor bege. Depois de um dia secando, torna-se branca. Antes de deixar secar, é necessário colocar a mistura bege em uma fôrma para ser cortada

do tamanho que quiser. A agri-cultora acrescenta que o preparo é rápido e fácil: “Demora de cinco a 10 minutos para bater e ficar no ponto certo, que é pastoso”.

O agricultor Ascendino Padilha, de 30 anos, ressalta que, na comuni-dade, não há sobra de óleo, pois tudo lá é reaproveitado, e o óleo é utilizado para fazer ração para os animais. Todo o sabão feito no As-sentamento é produzido somente com o óleo doado pela Escola Ba-

lão Vermelho e Colégio Mangabeiras, sendo utilizado para consumo próprio. ”Não comercializamos o sabão porque não temos autorização da vigilância sanitária e também não paramos para pensar se essa produção po-deria ser uma fonte de renda para a comunidade”, acres-centa o assentado. Em julho de 2009, o Assentamento esteve na esco-la para ensinar os visitantes da Eco Balão (Feira anual de Agenda 21 da Escola Balão Vermelho) a fazerem o sabão artesanal, incentivando os pais dos alunos a continuarem a trazer o óleo usado de suas casas. A professora Bárbara enfatiza que, para as crianças finalizarem o projeto, distribuíram amostras das primei-ras remessas de sabão que o Assentamento Pastorinhas produziu para as famílias da escola. As crianças foram nas salas entregar o sabão junto com um bilhete que destacava o que podia ser feito com o óleo usado. E o projeto que completou um ano continua. Dois galões foram colocados na porta das escolas Balão Vermelho e Mangabeiras e toda a comunidade do en-torno pode participar. Basta levar o óleo usado e des-pejar nos galões. Nas segundas-feiras o óleo é recolhi-do e encaminhado ao Assentamento Pastorinhas.

* Sob a orientação da professora Fernanda Pimenta e da educadora ambiental Mara Andrade.

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Ana Katz, Júlia Catão, letícia Fiúza, Silvia Fortini e Alice Faria - Alunas da Escola Balão Vermelho - [email protected]

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AGENDA 21 NA EsColA: fomENTANDo o CoNsUmo sUsTENTáVEl

» anna Patrícia F. araújo, Larissa Maria R. de albuquerque e Liliane de Jesus Silva Lourenço

» [email protected]

O mundo em que vivemos é o reflexo da evolução humana e do progresso da tecnologia. A população aumenta e os recursos naturais passam a ser mais exigidos e, cada dia, eles vão se tornando mais escas-sos, pois, contrariando os conceitos mais antigos, eles não são infinitos. Atualmente, o mundo inteiro corre para essa direção. A dinâmica de desenvolvimento desligado da conservação do meio está sendo muda-da e, segundo Lourenço (2007), há uma preocupa-ção mundial com o meio ambiente e com a home-ostasia do triângulo da sustentabilidade. Esse tri-ângulo tem suas vertentes compostas pelos fatores Ecológico, Econômico e Social. O nosso comprometi-mento com o Meio Am-biente nos faz querer sempre buscar medidas que venham minimizar o impacto gerado por nossas atividades no meio em que vivemos. Segundo Ricklefs (2003)

“...acima de tudo, a raça humana tem a escolha de adotar uma nova atitude em direção à sua relação com a natureza. Somos parte da nature-za, não à parte da Natureza. Até o ponto em que nossa inteligência, cultura e tecnologia tem nos dado o poder para dominar a natureza, devemos também usar nossas capacidades para nos im-por uma auto-regulação e auto-restrição. Este é o nosso maior desafio. Nós fomos fantasticamente bem sucedidos em nos tornar a espécie tecnoló-

gica. Nossa sobrevivência agora depende de nos tornarmos a espécie ecológica e assumir nosso próprio lugar na economia da natureza.”

Quando pensamos em consumo sustentável nos vem a idéia de um consumo que sirva para suprir as nossas necessidades nos dando conforto e sem agre-dir o meio ambiente excessivamente. Isso exige uma

mudança de comporta-mento em relação a vários conceitos muito difun-didos em nossa cultura. Porém, se pensarmos no conceito de consumo, este já se enquadra em um modelo sustentável, visto que neste caso as pessoas adquirem somente aquilo que lhes é necessário para sobrevivência. No tocante ao consumismo, este deve ser combatido, já que se trata do consumo exage-

rado dos recursos disponibilizados pelo meio. A relação de harmonia entre o homem e a natureza exige mudanças de comportamento e de hábitos, que proporcionem tomadas de atitudes para a manuten-ção do meio ambiente mais equilibrado e socialmente mais justo. Segundo Seabra (2009), isto implica em consumir com responsabilidade a partir de modificações estru-turais no modelo de desenvolvimento incentivado pela rede de informações que alimenta o consumo de massas. O primeiro passo para a mudança no modelo de de-senvolvimento é fazer com que a escola exerça o papel

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de formador de opinião, fomentando a conservação do patrimônio público, como o uso adequado das cartei-ras, livros e da merenda, bem como a melhoria das rela-ções interpessoais, utilizando-se de metodologias que tragam uma nova visão do que significa cidadania, fazendo com que a população, principalmen-te os jovens, participe de forma ativa e crítica, incorporando no-vas aspirações, desejos e inte-resses, na medida em que esses consigam ser reconhecidos cole-tivamente. E é nesse ponto que a criação das Agendas 21 nas es-colas é necessária. Ao planejar a Agenda 21, as escolas se comprometem a criar as suas agendas de maneira a incluir representações de todas as faixas sociais e etárias da co-munidade escolar. Por isso, a Agenda 21 na escola vem para inserir um grupo social que mui-tas vezes fica excluído: os ado-lescentes e jovens. A Agenda 21 pode ser uma ótima maneira de contemplar a inserção de jovens e adolescentes no pro-cesso de sensibilização para um consumo sustentável. As escolas devem agir de forma socialmente e ambien-talmente responsáveis em todas as suas atividades. Devemos então propor que sejam contempladas nas Agendas 21, ações que estimulem o desenvolvi-mento da comunidade escolar com relação ao con-

sumo e à produção sustentável, como por exemplo, a criação de horta para ajudar na merenda escolar, estimular a economia de água e energia na escola, di-minuir a utilização de plásticos e descartáveis, de uma

maneira dinâmica, didática e convincente. No estado, o CJ participa ati-vamente na construção, imple-mentação e fortalecimento das Agendas 21 e Com-Vidas, estan-do disponível para auxiliar es-colas e municípios que adotem ações que visem ao desenvol-vimento escolar e ao consumo sustentável, visto que a respon-sabilidade no tocante às práti-cas ambientais são coletivas e comuns a todos da sociedade. Neste sentido, responsabilida-de socioambiental escolar sig-nifica adotar princípios e pers-pectivas, bem como assumir práticas que vão além da sala de aula, contribuindo para a cons-trução de cidadãos críticos, com postura ética e visão de futuro.

Precisamos mostrar para nossa população e princi-palmente aos nossos jovens que a nossa qualidade de vida e a do planeta em que vivemos está em nossas mãos e isso nos torna responsáveis por nossos atos. Assim, para termos qualidade de vida é necessário cui-darmos do planeta, ao contrário seremos diretamente prejudicados por isso.

a relação de harmonia entre o homem e a na-tureza exige mudanças de Comportamento e de hábitos, que proporCio-nem tomadas de atitu-des para a manutenção do meio ambiente mais equilibrado e soCial-mente mais justo.

RefeRências BiBliogRáficas:

LOURENÇO, L. J. S. Avaliação do Sistema de Gestão Ambiental do Grande Moinho Tambaú, Cabedelo, Paraíba: Dados preliminares para adequação à ISO 14001. Monografia. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa – PB. 2007.

RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. Desenvolvimento econômico e ecologia global. 5ª edição - Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2003.

SEABRA, G. (Organizador). Educação Ambiental. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2009. 228p.

Anna Patrícia Ferreira Araújo, larissa Maria Ramos de Albuquerque e liliane de Jesus Silva lourenço - Coletivo Jovem de Meio Ambiente da Paraíba - [email protected]

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NoVAs TECNoloGiAs PArA o TrATAmENTo DE rEsíDUos sóliDos UrbANos: UmA Visão soCioECoNômiCA E AmbiENTAl

» Luiz Carlos de Santana Ribeiro e Otávio augusto n. da Silva » [email protected] - [email protected]

O sistema de gestão de resíduos sólidos brasileiro é falho, no sentido de não tratar de maneira inteligente o seu “lixo”, incorrendo em prejuízos financeiros, ex-clusão social e degradação ambiental. Na maioria das vezes estes resíduos não têm destino apropriado, ou seja, são dispostos em lugares impróprios, ou ainda queimados, gerando externalidades negativas para toda a sociedade e o meio ambiente. A quantidade de lixo produzida pela sociedade atual é um grande problema a ser resolvido, sobretu-do de maneira sustentável, no sentido de aplicar um sistema de tratamento que “não só trate resí-duos”, mas também contribua com o desen-volvimento de aspectos socioeconômicos e ambientais da sociedade. O quadro atual é de total falta de conexão entre a política de tratamento dos resíduos e a comunidade. O modelo convencional de disposição e tratamento de resíduos, que é caracterizado pela presença de aterros sani-tários controlados e não controlados (lixões), subestima o potencial econômico disposto nestes resíduos. A utilização de novas tecno-logias, como usinas de reciclagem, usinas de compos-tagem e de aproveitamento energético dos resíduos, vem surgindo como medida viável para tentar rever-ter esse quadro. Estas tecnologias, por sua vez, trazem consigo ga-nhos consideráveis quando levamos em conta, por exemplo, o fato dos resíduos recicláveis retornarem para o ciclo produtivo como matérias-primas. Do ponto de vista econômico, há geração de emprego e renda no setor de reciclagem, como também redu-ção do custo industrial, na medida em que o setor produtivo tem a opção de demandar insumos reci-cláveis, ao invés de virgens.

Ainda nos aspectos econômicos, temos a possibili-dade de reduzir custos do ponto de vista energético, já que algumas tecnologias (como a dos biodigestores) oferecem a possibilidade do reaproveitamento dos resí-duos para geração de energia, o que pode nos levar a um processo energeticamente auto-sustentável, bem como beneficiar comunidades vizinhas com essa co-geração. É preciso lembrar, ainda, que existe o aspecto relacionado com a grande contribuição ambiental referente às ques-tões que envolvem o aquecimento global, já que este biogás (CH4) não será mais emitido na atmosfera.

Ao passo que falamos sobre redução de custos, pode-se incluir a geração de composto orgânico e dos biofer-tilizantes provenientes dos processos de biodigestão, que serão utilizados pelos agricultores locais, agregando valor ao produto comercializado e contribuindo para o ambiente já que ocorrerá uma redução, ou até elimina-ção, da utilização dos agroquímicos. O aspecto social também está di-retamente relacionado à inclusão dos

catadores de materiais recicláveis, através da criação de postos de trabalho. Eles representam os atores mais importantes da reciclagem, pois atuam diretamente na separação de materiais, o que constitui a condição sine qua non deste processo, representando assim a mola propulsora da cadeia produtiva do setor uma vez que são eles que alimentam as indústrias com os insumos recicláveis. Salienta-se que quando os catadores atuam de forma atomizada, eles apresentam pouco poder de mercado. O governo, por sua vez, através de políticas públicas de incentivo, deve estimular a formação de organizações sociais (cooperativas e associações), no intuito de elevar seu poder de mercado e, consequen-

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temente, uma distribuição da fatia de renda mais equilibrada. Ainda no que se refere às contribuições go-vernamentais, políticas públicas devem ofere-cer aos catadores linhas de crédito especiais para financiamento de máquinas, equipamen-tos e instalações, bem como isenções fiscais, etc. Chama-se atenção para o fato de que ações inter-relacionadas devem ocorrer em paralelo ou ex-ante à implementação destas ativida-des, como por exemplo programas de educa-ção ambiental visando como público-alvo a população em geral, no intuito de conscienti-zá-la da importância destas ações em prol do desenvolvimento sustentável.

luiz Carlos de Santana Ribeiro - Mestre em Economia CME/UFBA. Coordenador Operacional (PRODETUR/SE) - [email protected]

Otávio Augusto Nascimento da Silva - Consultor Ambiental - ECA Ambiental Consultores Associados - [email protected]

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DEsENVolVimENTo sUsTENTáVEl

» eduardo a. Teixeira, Jennifer Jeane Orza e alessandro Rodrigues » [email protected]

A questão ambiental está, cada vez mais, inserida nas atividades relativas ao sistema produtivo e à admi-nistração das organizações. É quase impossível, hoje, dissociar as variáveis ambientais das decisões que envolvem o nosso dia a dia. O gerenciamento de pro-cessos e resíduos, recursos naturais e energia são ele-mentos fundamentais para a gestão estratégica nas empresas. Cabe às instituições públicas nortear, regu-lar e administrar o meio ambiente como patrimônio de todos, na busca do desenvolvimento sustentável, fundamental para o futuro da humanidade. A ameaça à sobrevivência humana em face da degradação dos recursos naturais, a extinção de espécies da fauna e flora, o aquecimento global devido à emissão de ga-ses poluentes fizeram a questão ambiental ocupar um lugar de destaque nos debates internacionais. A humanidade de hoje tem a habilidade de desen-volver-se de uma forma sus-tentável, entretanto, é preciso garantir as necessidades do presente sem comprometer as habilidades das futuras gerações em prover suas pró-prias necessidades. O desenvolvimento sus-tentável tem seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como metas:

» A satisfação das ne-cessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde e lazer);

» Solidariedade para com as gerações futuras;

» A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de con-servar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe);

» A preservação dos recursos naturais; » A elaboração de um sistema social garantindo

emprego, amparo e segurança social; » A efetivação dos programas educativos.

Na tentativa de chegar ao desenvolvimento sus-tentável, identifica-se que a Educação Ambiental é parte vital e indispensável, pois é a maneira mais di-reta e funcional de se atingir pelo menos uma de suas metas: a participação da população. Constata-se que a busca de um crescimento sus-tentável implica na eficiência de suprir as necessida-des da geração atual, sem comprometer a capacidade

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de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro, ou seja, respeita a capacidade de recomposi-ção natural do meio ambiente. Considerando estas colocações, trazemos abaixo depoimentos de participantes do Programa Recicla Ti-bagi, de educação ambiental e geração de emprego e renda através da reciclagem.

dePoimento de jennifer jeane orza:idade: 25 anos

Estou cursando o último ano de Pedagogia. Traba-lho na Escola Municipal David Federmann no distrito de Caetano Mendes. Através do Programa Recicla Tibagi pude perceber como nós seres humanos ainda somos leigos quando se trata do nosso próprio bem estar. Pois quando se fala em separação do lixo, achamos que é tudo por causa de outras pessoas, e não por nós mesmos. Mas é pelo bem de todos. Nem tudo o que descartamos é “lixo”. Quase sempre podemos reaproveitar. E fazendo parte da “equipe” do Recicla Tibagi, de-senvolvendo meus conhecimentos pedagógicos, te-nho o compromisso de passar para cada criança do nosso município, através da Educação Ambiental, como podemos melhorar o mundo. A Educação Ambiental na escola ocupa um es-paço muito importante na construção de um novo palco de vida como forma de expressão e mobiliza-ção, gerando novas atitudes a serem construídas e vividas, individual e coletivamente. É um processo de aprendizagem permanente baseado no respeito a todas as formas de vida. Iniciando na escola, a Educação Ambiental nos pro-picia a reflexão, o debate e a auto transformação para a preservação ambiental. Porém, não existe uma receita para se fazer Educa-ção Ambiental, depende de cada pessoa. Por isso, pre-tendo formar e informar cada uma delas, a aprender

sempre mais e buscar formas de se desenvolver sem prejudicar a natureza. É necessário que o homem se conscientize da im-portância do uso criterioso de recursos que a natureza lhe oferece, de modo a adiar o máximo possível a épo-ca em que eles desapareçam.

dePoimento de alessandro rodrigUes:idade: 22 anos

trabalha no reCiCla tibagi Como Catador.CUrsando o último ano do ensino médio. Estava desempregado quando soube por um ami-go sobre o programa de reciclagem de Tibagi e tive a oportunidade de trabalhar. Foi difícil me adaptar, mas consegui. E através des-se trabalho aprendi muitas coisas que mudaram mi-nha vida, como preservar o meio ambiente. Me sinto muito bem, estou em um trabalho digno, sustentando minha família, através da reciclagem. Dia 5 de julho fez três meses que estou aqui, e me sinto feliz e satisfeito em poder ajudar a cidade a ficar mais limpa e a preservar a natureza, assim todos podere-mos viver bem e garantir uma boa qualidade de vida para as gerações futuras.

edUardo araUjo teixeira

CUrsando último ano de gestão ambiental Estou estagiando na Secretaria de Meio Ambiente e Turismo de Tibagi, no Recicla Tibagi desde o mês de janeiro de 2010. Tenho como objetivo no centro de triagem e com-postagem de Tibagi a melhoria das condições de tra-balho, ou até mesmo a geração de renda extra para todos os associados, através de experimentos ou de projetos para arrecadar verba. Com esses projetos podemos comprar alguns equipamentos que irão melhorar a qualidade do trabalho e de vida dos as-sociados da ACAMARTI (Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Tibagi).

Eduardo A. Teixeira, Jennifer Jeane Orza e Alessandro Rodrigues - Programa Recicla Tibagi - [email protected]

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ViVEr CoNsCiENTE

» eduardo amorim » [email protected]

Como é possível acreditar no poder da vida, na li-berdade de escolha, se tudo conspira contra ela? Como é possível que os homens mantenham sua paz interior e sintam-se exteriormente tranquilos e como podem conservar-se honestos, livres e verdadeiros para consigo mesmo, se vivemos numa sociedade que impõe e dita regras injustas e o homem se curva diante delas para não ser motivo de chacota? Risos e aplausos não para si, mas para a galera pela qual precisa ser aceito. Impera aí a inversão de valores, onde o comportamento genuíno é moldado pelo enfadonho acúmulo do querer somado ao ter, diminuindo o ser, sem importar as conseqüências disso no futuro. Meu valor é condicionado às “eti-quetas” que ostentam o acesso a rou-pas de moda, acessórios , tênis, celu-lares, etc. É uma forma de distinção social amplamente explorada pelo mercado de consumo tanto para jo-vens das classes privilegiadas como para as classes populares. Esses sím-bolos passaram a substituir o senso interno de valor próprio e quando a condição financeira impede o acesso a esses bens torna-se fonte de conflitos e de sentimen-to de inferioridade. Hoje o que se observa é uma socie-dade com uma elevada porcentagem de imediatistas, que buscam vias mais curtas para se resolver conflitos, angústias e mal-estares. O abuso de drogas (tranquili-zantes, antidepressivos, estimulantes, etc.), o consumo desenfreado, inclusive do sexo descartável a tal ponto de ficar sem compromisso, revelam o vazio interior, a carên-cia de desenvolvimento emocional e espiritual. A mídia é a grande responsável por essa geração de

consumo exacerbado, que vive num mundo irreal des-provido da sensibilidade humana. Ao mesmo tempo, o diferente, o assalariado de pés no chão, o honesto, as pessoas tímidas e comuns fazem contraponto. É necessário despertar em nós um viver consciente, ou seja, criar um estado mental adequado às tarefas que devemos executar, o que implica entender o contexto, envolver-se nas ações, prestar atenção às pessoas, res-peitar os fatos da realidade, manter-se fiel à verdade. Sobreviver sem pausa para pensar e raciocinar torna--nos débeis mentais, presas fáceis à manipulação. A liberdade e a felicidade resultam da construção

interna, que demanda envol-vimento pessoal, honestidade intelectual e sensibilidade. Eis aí o compromisso da Agenda 21. A sua adesão, criação e atuação pelas escolas, peças importantes que vieram contribuir para a formação do caráter do indivíduo, permi-te que no presente momento uma bagagem de conceitos bons faça um futuro promissor.

Que a visão do ser não seja distorcida, que o livre arbítrio do sujeito não o faça vítima de si próprio. A corrente 21 é a corrente do bem, valorizá-la e colo-cá-la em prática é uma escolha acertada, caso contrário, a liberdade estará condenada. Isso não quer dizer que a humanidade está condenada, uma vez que os bens ma-teriais, a sensualidade, o consumismo exacerbado e o preconceito jamais poderão sobrepor valores genuínos, porque todo homem nasce bom, o meio em que vive é que define seu caráter.

Eduardo Amorim - Graduando em Serviço Social pela Universidade Federal do Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM - 1º Secretário da Associação de Proteção aos Animais e ao Meio Ambiente do Mucuri - Parlamentar Jovem da Câmara dos Deputados em 2009 – PJB/2009 - [email protected] - (33) 3523 3271 Teófilo Otoni - MG

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JUVENTUDE E CoNsUmo: rEAliDADE, DEsAfios E AlTErNATiVAs PArA Um CoNsUmo rEsPoNsáVEl.

» Fernanda Rodrigues Machado Farias e Katiane Farias Teixeira » [email protected] - [email protected]

A idéia do consumismo é imposta pela cultura do-minante como algo “vital” para as relações juvenis em nossa sociedade. Isso se dá através das construções políticas e econômicas que incentivam a atitude do “ter” para estar de bem consigo e com as outras pesso-as. A mídia é um instrumento fortíssimo e muito rápido na disseminação da ideologia capitalista, logo, consu-mista. Propagan-das de alimen-tos transgênicos como o ‘BigMac Feliz’ espalha-dos em todos os meios de comu-nicação utilizam a imagem da juven-tude sempre com roupas da moda, cabelos lisos e loiros, magros e saudáveis, repre-sentando a padro-nização estética, alimentícia, cultu-ral e consumista que incentiva jo-vens a consumir esse produto. A questão alimentar está cada vez mais preocu-pante na cultura globalizada, que é acelerada, intensa e sua produção está voltada para suplementos ener-géticos e vitamínicos, trazendo em sua embalagem a promessa de alimentos cada vez mais super vitamina-dos e práticos. Freqüentemente, o alvo do marketing publicitário tem sido os/as jovens, por serem sujeitos a maior vulnerabilidade, pois vivenciam o processo

de construção de personalidade. A utilização de ído-los nas propagandas, modelos e de espírito de festa são instrumentos fortes para levar à aprovação do/a jovem a um determinado produto. Porém, apesar dessa vulnerabilidade etária, os/as jo-vens são sujeitos/as da história e podem se identificar com a luta cotidiana da sociedade e são passíveis de

mudança de pen-samento em re-lação à educação para o consumo. O mercado é muito forte e, com essa insistência de atingir especial-mente esse ideal de juventude, leva diversos jovens, p r i n c i p a l m e n -te da periferia, a sentirem-se exclu-ídos por conta do modelo de jovem da mídia. Esse sen-timento de exclu-são faz com que eles desejem ter e

ser um consumista, levando-os, muitas vezes, a comete-rem crimes para alcançar o ideal de consumo: “Consumo, logo existo!”A insegurança alimentar é algo visivelmente presente na concepção juvenil de alimentação. São alimentos gordurosos, transgênicos, refrigerantes, etc. Isso ilus-tra as condições alimentares precárias para uma vida de praticidade para a família e para eles próprios, tor-nando os/as jovens cada vez mais doentes, obesos,

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dependentes, anoréxicos/as... Tudo por conta de uma busca de identidade, cada vez mais in-fluenciada pelo capitalismo que nos impõe uma condição de vida medíocre e insegura. Nessa perspectiva, a educa-ção para o consumo torna-se importante para a formação de indivíduos responsáveis e ca-pazes de contribuir por meio de atitudes e escolhas que não comprometerão as futuras ge-rações. E que, assim, sejam ca-pazes de entender e intervir na sociedade em que vivem. É tam-bém extremamente importante para a transformação social da relação do ter com o ser. Os/as jovens têm várias potencialida-des para protagonizar essa mu-dança social e alimentar. Temos que lutar por uma soberania alimentar das juventudes e dos povos! Como alternativa à insus-tentabilidade é importante o fomento de grupos e atividades voltadas para uma concepção sustentável de mundo. Em For-taleza, no bairro Benfica, temos uma experiência de organização de um grupo de consumidores responsá-veis com o objetivo de, juntamente com produtores da Agricultura Familiar do interior do Estado, orga-

nizar uma feira agroecológica como opção de um consumo justo e sustentável. Oferecen-do atividades de educação am-biental, atividades culturais e abrindo um espaço de diálogo, esse grupo é composto na sua maioria por jovens que repre-sentam diversas instituições e entidades, além de moradores do bairro que vêm se reunindo desde janeiro de 2010. A luta pelo direito de ter um consumo saudável precisa ser pautada no movimento das ju-ventudes e na juventude brasi-leira como um todo, pois temos o direito de saber onde os pro-dutos foram fabricados, como e por quem. Precisamos saber se é necessário para a vida, se é ecologicamente correto e se é sustentável! São perguntas es-senciais para termos uma sobe-rania alimentar onde possamos escolher como devemos consu-mir, por quê devemos consumir, e de quem devemos consumir. Sendo assim, é uma luta que deve ser travada pelos movi-

mentos sociais junto à sociedade em geral e novas alternativas devem ser traçadas para tornar o ato de consumir um ato político de “dizer não” ao desenvolvi-mento desenfreado e à insustentabilidade ambiental.

a luta pelo direito de ter um Consumo sau-dável preCisa ser pau-tada no movimento das juventudes e na juven-tude brasileira Como um todo, pois temos o direito de saber onde os produtos foram fa-briCados, Como e por quem. preCisamos sa-ber se é neCessário para a vida, se é eCologiCa-mente Correto e se é sustentável!

Fernanda Rodrigues Machado Farias e Katiane Farias Teixeira - Coletivo Jovem do Ceará - Juventude Alternativa Terrazul - Associação Civil Alternativa Terrazul - REJUMA - Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade - [email protected] - [email protected]

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ProJETo CiDADANiA soCioAmbiENTAl E AGENDA 21: formAção DE liDErANçAs JoVENs ComUNiTáriAs, sAlVADor-bAhiA

» andré Luiz nascimento dos Santos e iala Serra queiroz » [email protected] - [email protected]

O Instituto Diversidade (ID) é uma jovem ONG so-cioambiental que tem como objetivo criar possibi-lidades cotidianas para que pessoas e organizações promovam a qualidade de vida em sociedades dignas e sustentáveis. Diante dessa perspectiva, o ID vem tra-balhando com projetos de formação de lideranças jo-vens em comunidades localizadas na Estrada Velha do Aeroporto. Essa região, como o próprio nome diz, refere-se ao entorno de uma extensa estrada que ligava a base na-val de Aratu até o aeroporto da cidade do Salvador, na Bahia. Segundo relato dos mais velhos moradores, a região se notabilizava pela exuberância da Mata Atlântica, bem como pelo grande número de rios que entrecortavam a região. No entanto, o crescente número de loteamentos têm provocado um verdadeiro desequilíbrio ambiental. Ademais, o crescimento desordenado de favelas e, so-bretudo, o esquecimento desta região pelos poderes públicos termina por agravar a situação do local. Nessa imensa região formada por 27 localidades, o ID nos anos de 2007 a 2009, com o auxílio do CASA (Centro de Apoio Socioambiental), realizou um traba-lho de formação itinerante, capacitando e fortalecen-do institucionalmente cerca de 30 organizações da sociedade civil – notadamente formadas por líderes jovens – localizadas naquela região, a fim de que as mesmas criem bases institucionais aptas ao diálogo com os poderes públicos e a iniciativa privada. Portan-to, o projeto repassou instrumentos que propiciem o fortalecimento dessas organizações comunitárias, po-

tencializando suas estruturas associativas e amplian-do seu impacto local. Esses instrumentos foram sendo construídos com base nas elaborações das Agendas 21 comunitárias. As ações estabelecidas pelas lide-ranças foram: formação em elaboração de projetos sociais reportando à prática e à realidade dos projetos já existentes nas comunidades, formação em consu-

mo sustentável versus modo de produção capitalista, ética, participação, cooperação e mobilização social.

elaboração do diagnóstiCo

Segundo pesquisa prelimi-nar realizada pelo Centro de Cooperação Internacional e Desenvolvimento Sustentável (CECIDS) do Centro Universi-

tário Jorge Amado, que teve como coordenadores os Professores Thiago Mendes e Camila Godinho (2005), existem mais de 920 organizações da sociedade civil na região metropolitana de Salvador, sendo que 40% destas atuam de forma amadora, não possuindo sequer estatu-to social que lhes garanta representatividade jurídica. A partir do geo-referenciamento realizado pela su-pracitada pesquisa, percebeu-se que 80% destas ins-tituições localizavam-se em bairros populares, atingi-dos substancialmente por problemas de ordem social e ambiental. Estas organizações são geridas por lideranças comu-nitárias e, na maioria dos casos, compõem-se de pes-soas voluntárias, movidas pela solidariedade e, sobre-tudo, pela vontade de transformar a realidade de suas comunidades. Nesse sentido, reforça a idéia de que

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muitas organizações associativas não são movidas pelo fator eco-nômico. De fato, existem outras motivações como, por exemplo, “atualização de seus membros”, ou seja, a evolução dos indivíduos por meio de atividades coletivas (RAMOS, 1981). Ademais, estas formas asso-ciativas que ganham força nas periferias soteropolitanas refor-çam, também, a idéia de que existe um sentimento de dádiva que permeia as relações huma-nas e que aparece de modo mais forte no seio de comunidades onde o cotidiano é mar-cado por ausências. Dar sem interesses, formar víncu-los de solidariedade e receber se constitui no espírito da “dádiva” que, segundo Godbout (1999), está em toda parte. No entanto, em decorrência do despreparo, estas or-ganizações passam por grandes dificuldades, inclusive de ordem financeira, fato que as tornam presas fáceis nas mãos de políticos que sazonalmente usam de arti-fícios clientelistas a fim de manipular estimas e angariar votos. Nesse cenário, um dos modos que o ID vislumbra enquanto possibilidade de auxílio para o fortalecimento destas instituições é justamente o incentivo de atuações conjuntas com outras comunidades que vivenciem dra-mas similares. Nesse sentido, entendemos a colaboração mútua e o intercâmbio de experiências como a melhor estratégia de atuação, significando assim a junção de potencialidades, possibilitando a formação de redes que gerem fortalecimento local e regional. Em 2009, houve um segundo bloco de formação itinerante que teve a intenção de dar continuidade a um processo pedagógico de fortalecimento de ato-

res jovens da sociedade civil, a fim de torná-los aptos para a defesa de questões socioambientais nas suas respectivas localidades. Sendo assim, o ID se propôs a estimular os deba-tes pendentes no primeiro bloco de formações, bem como a dinamizar a rede de solidariedades entre as asso-ciações participantes. O resultado foi a criação do projeto de permacultura comunitária participativa no Lotea-mento de Daniel Gomes, o qual já está sendo executado com a participação de toda a comunidade, buscando nas práticas de permacultura e da Educa-

ção Ambiental uma forma alternativa de emancipação do sujeito diante dos problemas socioambientais. Segue alguns relatos dos participantes da forma-ção: “Meu sonho é que as coisas boas que estão acon-tecendo em Salvador venham para a Estrada Velha do Aeroporto” disse o músico Dico Style. Ele ainda com-pletou, “eu faço a minha parte através de oficinas de percussão para a galera aqui”. “Meu sonho é ver o pessoal que mora aqui com um pouco mais de esperança e que a gente não perca o que a gente tem aqui do ponto de vista da ecologia,” falou Márcio. “Tirar a juventude da droga, dessa violência. Abrir um espaço para essa juventude toda.” É o sonho do jo-vem radialista comunitário e baleiro Robson Teixeira. Ademais, o fortalecimento destas instituições, além de permitir a ampliação da sua área de atuação, possibilitou uma melhoria na qualidade do trabalho realizado. Considerando que estas instituições têm um significativo poder multiplicador, fortalecê-las sig-nifica empoderar uma parcela significativa da socieda-de soteropolitana.

RefeRências BiBliogRáficas:

GODBOUT, Jaques T. Introdução à dádiva. In: O espírito da dádiva. Revista Brasileira de Ciências Sociais. Vol. 13, n.38. 1998 . Rio de Janeiro. FGV. 1999.

RAMOS, Guerreiro. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. Rio de Janeiro, FGV, 1981.

André luiz Nascimento dos Santos - ID – Instituto Diversidade - [email protected] - http://diversidadesustentavel.blogspot.com - (71) 8743 8029

iala Serra Queiroz – Educadora Ambiental - ID – Instituto Diversidade - [email protected]

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ProJETo siNToNiA: TrANsformANDo PEssoAs PArA Um mUNDo sUsTENTáVEl

» victor Daniel de Oliveira e Silva » [email protected]

O “Projeto Sintonia – Educação, Meio ambiente e Turismo” foi uma iniciativa de interesse privado e so-cial que trabalhou na promoção de projetos nas áreas de Educação, Meio Ambiente e Turismo, em Belém e interior do Estado do Pará. Ele foi fundado em novem-bro de 2005, em Belém/PA – Amazônia, como uma idéia proativa originada a partir de uma troca de ex-periências sobre a qualidade do ensino realizado pe-las escolas públicas e privadas e de como estaria sen-do construída a formação social e humana de alunos. Após quatro anos, foram encerradas as atividades do mesmo. Durante esse período, o projeto cresceu, ama-dureceu e fechou um grande ciclo, o que foi, para nós, um período de mui-to trabalho e, certamente, de orgulho. Uma proposta desafiadora, pois nunca foi estático, mas cheio de idas e vindas, turbulências e alegrias, sempre dinâ-mico e envolvente. O Projeto Sintonia atuou em esco-las, empresas, municípios, universida-des e grupos específicos através de propostas que envolveram a temática “meio ambiente” como uma base me-todológica para reflexões, atividades, oficinas, jogos empresariais, dentre outras. Com isso, a missão do Projeto Sintonia se focou em: “Contribuir, por meio de ativi-dades educativas, socioambientais e turísticas, para o desenvolvimento social e humano e a sustentabilida-de ambiental”. Durante esses anos, realizamos 307 propostas, que corresponderam a 278 atividades, realizadas em: 32 escolas, 04 universidades, 05 municípios, 05 empresas e 04 grupos específicos. Todos esses trabalhos tiveram o envolvimento direto de 20 profissionais de 12 áreas

específicas, tais como: saúde, meio ambiente, turismo, administração, pedagogia, filosofia, logística, den-tre outras. As propostas desenvolvidas durante esses anos tiveram um enfoque metodológico baseado no seguinte tripé: A Interação, caracterizada pela utilização de espa-ços públicos e privados que possibilitem um contato maior com o ambiente natural, social e urbano aos participantes. A formação, nesse contexto, soma-se como uma proposta crítica para quem é provocado por uma sen-sação, recebe uma informação, pondera as suas per-

cepções e responde ao meio com atitudes sustentáveis. E por último, a informação, que fecha a proposta metodológi-ca com o conhecimento científico para ser observado e aplicado.Em virtude das exigências do mercado, dos contratantes, das limitações de recursos e pessoal qualificado e, principalmente, da busca constante de novas práti-cas pedagógicas, vimos, ao longo desses quatro anos, a necessidade constante de profissionalizar os serviços que o Projeto oferecia. Ini-

cialmente, dando ênfase apenas à temática ambien-tal com o tema “Projetos em meio ambiente”, todas as ações eram dedicadas ao fortalecimento da missão junto às Instituições de ensino, que era: “Divulgar de forma subliminar e interativa o meio ambiente para jovens e adultos”. A partir de 2007, com a necessidade de expandir a proposta para novos públicos e agregar outras experiências e práticas profissionais, redefi-nimos o tema do Projeto, agora com o termo “socio-

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ambiental”, agregando assim uma nova perspectiva sobre as propostas já realizadas e as demandas que assim surgiram. Nesse período, diversos profissionais autônomos e educadores de diversas áreas se aproxi-maram do projeto e trouxeram várias práticas e temas que se somaram à metodologia e missão do projeto, que em 2007, também mudou para: “Promover o meio ambiente, com formação, informação e interação”. A fim de melhorar a comunicação entre os par-ceiros que apoiavam o projeto e o contato com co-ordenadores, familiares e jovens, inauguramos o Portal Virtual do Proje-to (www.projetosintonia.com.br), que foi um espaço destinado ao aprofunda-mento do nosso trabalho, onde foram promovidas novas práticas educativas, divulgadas experiências e, assim, abrimos cami-nhos para novas parcerias. Trimestralmente, produ-zimos também o nosso informativo, o Espaço de Sintonia. Este material, publicado na versão virtual e impressa, obteve a marca de 425 leitores regulares, com destaque para os coordenadores de escolas, pro-fessores, diretores, profissionais atuantes no Projeto, parceiros e alunos. Em 2008, inauguramos a coordenação de turismo e uma série de serviços e propostas na área do turis-mo educativo, social e de aventura. Com uma última missão em mente: “Contribuir, por meio de atividades educativas, socioambientais e turísticas, com o desen-volvimento humano e a sustentabilidade ambiental”. Essas novas propostas conseguiram trazer um dife-rencial muito grande para o Projeto, pois aprimoraram nossa logística de transporte, a estrutura do serviço, o padrão do atendimento e o compromisso com a prá-tica pedagógica dentro dos espaços turísticos utiliza-dos para a realização de atividades, oficinas e visitas. Dessa forma, fechamos 2009 com a realização de um leque bastante diversificado de propostas educativas direcionadas tanto para empresas públicas e privadas, quanto para escolas. Com isso, atribuímos aos nossos resultados três fa-

tores fundamentais que reforçaram a identidade desse Projeto. Primeiramente, todas as propostas elaboradas ao longo desses anos foram personalizadas, ou seja, para cada solicitação, um serviço diferente de acordo com as reais necessidades de cada solicitante. Depois disso, o monitoramento dos objetivos planejados e dos resulta-dos alcançados serviu como base para o aperfeiçoamen-to constante das propostas. E por último, a imensa satis-fação que todos os profissionais envolvidos tinham em executar as propostas, pois além de ser uma experiência

muito rica, sempre fo-ram momentos pra-zerosos, engraçados e inesquecíveis de se viver. Após tantos desa-fios superados e con-quistas alcançadas olhamos para trás e vemos que os frutos e resultados obtidos pelo projeto não se encerram. Quando ainda hoje escutamos de profissionais, edu-

cadores, amigos e alunos sobre a extrema relevância que o Projeto Sintonia teve, ficamos orgulhosos de es-tarmos incentivando essa mesma idéia e contribuindo através de nossas experiências, erros e acertos. Foi no projeto, por exemplo, que aprendemos que atividades realizadas com instituições de ensino de-vem ser bem planificadas com a gestão responsável pela Instituição e, se possível, com os professores e funcionários que irão monitorar a mesma, devido às particularidades que cada uma possui com suas cen-tenas de planejamentos pedagógicos. Aprendemos também que vale muito a pena você cuidar do básico. As propostas que desenvolvemos, por exemplo, eram destinadas a séries, perfis, alunos e profissionais dis-tintos. Com elas, tínhamos como adicional, os serviços de alimentação, transporte e de entrega de brindes e materiais a todos os participantes, como complemen-to. E, mesmo que nós preparássemos o melhor con-teúdo com as melhores dinâmicas, nada valia à pena se não houvesse garantida uma boa refeição, um bom transporte e uma boa estrutura. Além disso, percebemos também que depois de

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agendada qualquer proposta, nos preocupávamos com cada detalhe em relação à qualidade no aten-dimento, infra-estrutura, planejamento estratégico, formação dos profissionais, cronologia das ativida-des e atenção com as possíveis alterações imediatas, o que foi outro momento rico em aprendizagem. E por fim, após o planejamento e a realização de qual-quer proposta, a avaliação, para esse tipo de traba-lho, foi a melhor forma que tivemos para garantir um aprendizado contínuo tanto para quem está coorde-nando, mas também para o aperfeiçoamento de fu-turas propostas. Com orgulho, nunca estive nisso sozinho, meus

familiares foram a base para todo esse aprendizado. Além deles, os jovens do Coletivo Jovem de Meio Am-biente sempre contribuíram com força, motivação, profissionalismo e conhecimento sobre a questão ambiental. Os amigos que colaboraram em todos os momentos de vitórias e dificuldades, sempre nos for-talecendo e incentivando. Os profissionais que contri-buíram de forma fundamental para o desenvolvimen-to de tantas propostas diferenciadas. As empresas e demais instituições que nos receberam, nos acolhe-ram e abriram as portas para nós, jovens profissionais – todos vocês são parte disso. No final das contas, estivemos em sintonia.

Victor daniel de Oliveira e Silva - Consultor adm. fin. e em projetos - Mestrando em Administração – Gestão Social - (091) 8231-2164 / 8891-1194 - [email protected]

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JoVENs, PolíTiCA E mEio AmbiENTE

» Bruno Dias Soares » [email protected]

Vergonha, desrespeito, falta de ética e mais um infindável número de predicativos seriam ínfimos para descrever a realidade ambiental e política brasileira. No entanto, não sei definir o que é mais trágico: as ações de quem nos destroem ao destruir o planeta, ou nossa indignada inércia diante de tudo que assistimos na primeira fila. Precisamos sim nos consternar diante de toda catástrofe de corrup-ção e de descaso existente em nossa pátria, contudo, nossa consterna-ção só pode ser ratificada com ações e com mudanças. Temos a visão de que não podemos nos envolver com política para não nos contaminarmos, entretanto Platão já nos dizia que “O preço que o homem de bem paga por não se envolver com política é ser governa-do pelos mal-intencionados”. O desrespeito ao meio ambiente talvez esteja na última colocação de nossas pautas de discussão. Sempre deixamos pra depois e vemos nossa vida ir juntamente com o tempo. A destruição ambiental é um lento e constante suicídio, pois morre-mos junto com o planeta, e ainda assim nada fazemos pra mudar. Lixões pra todos os lados, emissão de gases, nosso “chiclete de cada dia” jogado no chão, e todas as ações, direta ou indiretamente ligadas a nós, só crescem de forma vertiginosa. A Amazônia, mesmo sendo o berço da biodiversidade, por ser “Ter-ra do Governo”, tornou-se sinônimo de “Terra de Ninguém”. Parece que retrocedemos à república do café com leite, em que grandes coronéis faziam a lei. A vida vai embora para a soja ocupar o seu lugar. Dorothy Stang, Chico Mendes e milhares de seres humanos morren-do aos poucos... Mas eu ainda ouso dizer que os maiores poluidores somos nós, os que elegem lixos para governar este país, lixos estes que não podem ser reciclados como já ocorre há muitos anos, lixos que devem ser jogados fora pra nunca mais voltar. Que não façamos de Brasília um lixão a céu aberto, e jamais nos desen-corajemos nesta batalha de um mundo melhor em todos os sentidos.

JOVENS dO FuTuRO

Precisamos de uma nova eraEm que impere o respeito à vidaNão podemos continuar na esperaCom nossa jovem força contida

É hora de mudar o mundoE isto não é utopiaBasta mergulharmos em mares profundosE renascer a cada dia

Esquecer discursos retrógradosE mostrar nossa verdadeira identidadeSonhos são belosPorém somos nós a realidade

Realidade que podemos plantarRespeitando o chão no qual plantamosPara que os frutos deste planetaNós e nossos filhos colhamos

Não é preciso pintar o rosto de verdeBasta pintar a alma de pazAmar ao próximo, a água, o ar, a terraQue o resto a vida faz.

Bruno dias Soares - Monitor do Parlamento Jovem de Pouso Alegre / MG - Bacharelando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Alfenas - Blog: http://rasgandoecusturandooverbo.blogspot.com/

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AGENDA 21 EsColAr fAyAl: ProTAGoNismo JUVENil Em iTAJAí/sC

» Fabio alexandre da Silva Toniazzo e Caio Floriano dos Santos » [email protected] - [email protected]

O artigo abaixo pretende fazer um relato sobre o processo de construção da Agenda 21 escolar do Co-légio Cenecista Pedro Antônio Fayal, localizado no bairro Vila Operária no Município de Itajaí, no litoral centro-nor-te do estado de Santa Catarina. A cidade possui uma área territorial de 289,255 km² e uma população de 160.639 habitantes, de acordo com Censo de 2007 (IBGE, 2007). O fomento à criação da Agenda 21 escolar Fayal ocorreu a partir de uma oficina de integração com a Agenda 21 escolar da Escola Básica Antônio Ramos (EBAR) no ano de 2008. Desde então a Agenda 21 Fayal vem desenvolvendo seu processo a partir da metodo-logia orientada pelo Programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas, desenvolvido numa parceria entre o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Educa-ção. Esta metodologia, surgida da Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente e orientada pela Carta Jovens Cuidando do Brasil - Deliberações da Con-ferência Infanto-Juvenil (MEC, 2004), traz uma impor-tante proposta de formação de COM-VIDAS (Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola) e de construção de Agendas 21 Escolares. A COM-VIDA visa garantir espaços para a juventude, tendo como objeti-

vo criar “uma nova forma de organização na escola e se baseia na participação de estudantes, professores, fun-cionários, diretores e comunidade. O principal papel da COM-VIDA é contribuir para o dia-a-dia participativo e democrático, promovendo o intercâmbio entre escola e comunidade” (MMA e MEC, 2004: 09). Desde 2008 a Agenda 21 Fayal vem fazendo es-forços para materializar a responsabilidade assumida du-rante a III Conferência Nacional Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente realizada no colégio, onde a comunidade es-colar optou pelo projeto de recuperação de mata ciliar do Rio Itajaí Mirim. Desde então, o grupo vem buscando parceiros a fim de se fortalecer para esta e outras ações. O Fórum da Agenda 21 Local, o Conselho Municipal do Meio Ambiente (CONDEMA), Sala Verde, Câmara de Vereadores, Agendas 21 escolares, entre outros, têm se tornado espaços de interação e aproximação com o pro-cesso e sido utilizados como fomento à estruturação do Coletivo Jovem (CJ) de meio ambiente de Itajaí. Acredita--se que a organização em rede tornará o CJ um espaço referencial e multiplicador das práticas sustentáveis. O que se percebe na escola é que a ações de re-cuperação de mata ciliar tornaram-se a alavanca para um conjunto de ações de sustentabilidade internas ao colé-gio. Além do envolvimento de toda a equipe pedagógi-ca da Unidade Escolar, um grupo de 60 alunos passou a se envolver com o processo. A ideia é tornar o colégio um espaço educador que coleta água da chuva e reduz o consumo de materiais e energia. Segue abaixo alguns programas criados e implementados pela Agenda 21 Fayal a fim de promover a sustentabilidade interna no colégio:

» Programa de separação de resíduos sólidos com instalação de lixeiras identificadas para a correta separação. Este programa visa à correta destina-ção dos materiais recicláveis, para que os mesmos

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sejam destinados às coo-perativas de triagem esta-belecidas e efetivamente reciclados, contribuindo em termos ambientais e sociais para o município.

» Programa de destinação de resíduos sólidos orgâ-nicos: implementação e manutenção de um sis-tema de compostagem. Este programa busca a implantação de um sis-tema de compostagem da matéria orgânica ge-rada pelo colégio.

» Programa de redução do desperdício de mate-riais. Este programa busca reduzir o desperdício de materiais. Medidas a serem estabelecidas: a) Quantificação e redução do uso de material de escritório (papel, tinta de impressora, etc.) e de hi-giene (sabonetes, sanitizantes, papel toalha, papel higiênico, etc.); b) Elaboração de campanhas para a sensibilização e conscientização de professores, servidores e comunidade em geral da Unidade em prol da redução do uso de materiais; c) Papel (A4 e outros) reciclado ou oriundo de refloresta-mento; d) Solicitação de produtos orgânicos para a cantina, para inserção gradativa; e) Diminuir a aquisição de embalagens descartáveis (copinhos plásticos, etc.), substituindo-as por definitivas; f) Aquisição de equipamentos com eficiência ener-gética (lâmpadas, fornos e outros).

» Programa para a eficiência energética do colégio, redução do consumo e aproveitamento de água e destinação de efluentes. O objetivo é propor medidas para aumentar sua eficiência energéti-ca e reduzir seu consumo de água, assim como propor medidas sanitárias para a destinação dos efluentes. Medidas a serem implantadas: a)

Estabelecimento de proce-dimentos para um menor consumo de energia e água; b) Estabelecimento de tor-neiras com controle de fluxo; c) Estabelecimento de um sistema de coleta de água da chuva, a ser utilizada nos banheiros, limpeza e área externa; d) Instalação de um sistema modelo de trata-mento de efluentes por raí-zes, para fins didáticos (para

o efluente de um único vaso sanitário ou pia). » Programa de manutenção da Casa do Bosque.

A Casa do Bosque torna-se uma Sala Verde: esta sala aberta permite a realização de aulas ao ar livre, assim como pode ser utilizada enquan-to espaço de lazer e de integração ambiental para a comunidade escolar. Ao mesmo tempo, possibilita a vivência na Horta didática e Horto didático (formado especialmente por espécies nativas da vegetação local).

Durante os encontros da Agenda 21 Fayal, espera-se assegurar a participação de todos os envol-vidos, de forma que possam tomar decisões, assumir responsabilidades e dar continuidade à ação plane-jada apesar das dificuldades. A meta do processo é ampliar a capacidade de intervenção das pessoas, in-dependente da condição social ou grau de instrução. Acreditamos que estas estratégias metodológicas são fundamentais, pois ao longo da condução do proces-so, identificamos mudanças de procedimento, ati-tude, comportamento, opção política e até escolhas enquanto consumidor ou produtor. Qualquer propos-ta educativa associada a um programa de sustenta-bilidade deve ser voltada para uma educação crítica, transformadora e emancipatória, onde os Jovens as-sumem a condição de protagonistas do processo.

RefeRências BiBliogRáficas:

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Formando COM-VIDA - Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola: construindo Agenda 21 na Escola / Ministério da Educação, Ministério do Meio Ambiente. Brasília: MEC, Coordenação Geral de Educação Ambiental, 2004. 42p.

Fabio Alexandre da Silva Toniazzo - Prof. Coordenador da Agenda 21 Fayal - [email protected] - [email protected]

Caio Floriano dos Santos - Voluntário - [email protected]

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lEiTUrA Do brAsil E Do mUNDo NA PErsPECTiVA DA ProDUção sUsTENTáVEl, EmPrEGos VErDEs E o CAPiTAlismo moDErNo.

» adenevaldo Teles Junior » [email protected]

Por mais que a temática ambiental seja divulgada, ainda que de modo sensacionalista em muitos meios de comunicação, grande parte da população ainda não se deu conta da importância de preservar o meio ambiente e desenvolvê-lo de modo sustentável. Mesmo colégios, faculdades e secretarias estaduais e municipais, que na maioria dos casos recebem informações de qualidade a respeito, além de apoio para trabalhos nesta área, não se tornaram de fato conscientes do desgaste e destrui-ção do meio ambiente. Costumam tratar o problema de modo secundário, ou seja, paralelo a outras necessidades. Mesmo que a discussão da pre-servação e desenvolvimento sustentável tenha surgido na década de 60, com diferentes e cada vez mais acentuadas ma-nifestações, pouca coisa foi feita se comparado com a força da necessidade. Um grande divisor de águas surgiu com a publicação do relatório chamado “Limites do Crescimento”, em 1972, sob o patrocínio do Clube de Roma, onde se demonstra a inviabilidade do prosseguimento do ritmo e do estilo de desenvolvimento adotado pelos países capitalistas mais ricos, em face do esgotamento previsível de re-cursos e fontes de energia. No mesmo ano, a ONU or-ganiza em Estocolmo a I Conferência Mundial Sobre o Meio Ambiente Humano e, em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimen-to, a conhecida Rio-92, com 179 países participantes. Consequentemente, preocupações com a preservação da Biodiversidade e o equilíbrio do Clima, entre outras, têm surgido.

O Brasil tem sido visto como o país do futuro pois, mesmo sendo emergente, tem obtido bons resultados de ecodesenvolvimento e de trabalhos gerados a par-tir da preservação do meio ambiente sem descartar a geração de lucro. Em comunidades como a de Carajás (PA), a Estância Ecológica SESC - Pantanal em Barão de Melgaço (MT), a Reserva Natural na Mata Atlântica em Linhares (ES), a Reserva Extrativista Chico Mendes em Xapuri (AC) e em outras regiões do país, a coleta de frutos e fibras para fabricação de artesanatos, produ-

tos para a alimentação orgâni-ca e pesquisas científicas têm dado certo: gerando empre-gos verdes, movimentado a economia local, além de valo-rizar e proteger sua biodiversi-dade e cultura. Mesmo com bons resultados, ainda há muito que fazer. O país enfrenta graves níveis de desmatamento, queimadas, poluição, lucro concentrado, mineração degradante, desca-so com o meio ambiente, ex-

tinção de vida animal e vegetal. É cada vez mais comum na atualidade a tomada de uma consciência ambiental superficial. Onde empre-sas internacionais e nacionais, e do próprio Governo Federal, têm em grande parte “terceirizado” o trabalho de recuperação de áreas desmatadas, preservação do meio ambiente e conscientização da população, dis-ponibilizando uma pequena parte de investimentos para ONGs e movimentos civis organizados realizarem esse trabalho. Em seguida, apenas são cobrados rela-tórios comprobatórios da atividade patrocinada, sem reais atitudes de interesse profundo em acompanhar

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o trabalho complexo de manejo sustentável, ao passo que as empresas garantem um lucro considerável. A situação de degradação e trevas que o meio am-biente tem passado há décadas tem sido usada como slogan comercial. Empresas industriais têm cuidado de desenvolver a idéia de que estão protegendo o meio ambiente ao apoiar um projeto de reflorestamento ou preservação de uma área virgem. Construindo a ima-gem de que são empresas boas e responsáveis, com-prometidas ambientalmente. Mas a situação demons-tra que estão brincando com a gravidade do problema para adquirir mais dinheiro. Muitas vezes ignorando a importância de um trabalho sério de preservação e de-senvolvimento do meio ambiente. As maiores bolsas de valores do mundo, como a Bo-vespa, criaram normas para acompanhar o valor de em-presas social e ambientalmente responsáveis. Essa po-lítica de valorização de empresas e consequentemente de mercados que possuam como plano de fundo a produção sustentável é um impulso para que novos projetos deste gênero surjam em maior número, sem desconsiderar a qualidade e seu principal objetivo. A imensidão de potencialidades geradas e em via de realização devido ao trabalho sustentável com a na-tureza impressiona. Fábricas de cosméticos, perfumes, fitoterápicos, artesanato, tecelagem, polpas de frutas, entre outros produtos naturais, além de atividades li-gadas ao desenvolvimento do ecoturismo. Produtos obtidos a partir de matérias-primas renováveis ou não--renováveis. Sempre com o objetivo de explorar os re-cursos da floresta de maneira viável e duradoura, con-tribuindo para a melhoria de vidas das comunidades locais e para a preservação do meio ambiente. Mesmo com uma variação de preço superior, cer-ca de 30% da população opta por produtos saudáveis

com selos verdes. O Selo Verde é um certificado que qualifica os produtos de empresas que utilizam méto-dos de exploração sustentáveis. Garante-se, assim, um mercado firme e bem aceito, que enobrece este tipo de produção provando mais uma vez que economia e meio ambiente podem sim andar juntas. É um constante desafio a defesa do meio ambien-te e sua conciliação com os negócios. O sistema nem sempre beneficia de forma igualitária produtores que atendem a métodos de produção sustentável e co-munidades extrativistas. Outro debate importante é quanto aos empregos verdes. O termo é novo e divide muitas opiniões, já que não existe um texto que, de modo formal, regularize este tipo de trabalho. A ado-ção de empregos verdes é uma novidade plausível, possuindo como orientação a aplicação de métodos de comportamentos e produções sustentáveis. No en-tanto, os chamados empregos verdes possuem uma grande lacuna dentro de sua teoria e prática. Alguns críticos afirmam que os empregos verdes estão “limi-tados a executivos experientes em sustentabilidade”. Ainda que se diga que vivemos numa Sociedade racional, nossos meios de consumo são bastante irra-cionais. As pessoas nem sempre compram por neces-sidade, e sim para atender novos padrões de consumo, novas modas e tendências fixadas por um mercado que descarta toneladas de lixo por ano. A manipula-ção de empresas mundiais para o consumo desenfre-ado tem ignorado uma verdade inconveniente. O ciclo de destruição causado por conta da produção e venda destes produtos tem intensa ligação com a situação atual do meio ambiente e da sociedade global, em que vivenciamos alterações preocupantes do clima, ausência de saúde mental e física, além de usurpação do lucro causando níveis de pobreza extremos.

RefeRências BiBliogRáficas:

MINC, Carlos. Como fazer movimento ecológico e defender a natureza e as liberdades. 3º edição, Vozes Ltda, Coleção Como Fazer, 1985.

Revista da Companhia vale do Rio Doce. Biodiversidade. 1º edição, Horizonte Geográfico, 2005.

Colóquio empregos verdes e construções sustentáveis, texto orientador. Empregos verdes: para o trabalho decente em um mundo sustentável e com baixas emissões de carbono. GT Matriz Energética para o Desenvolvimento com Equidade e Responsabilidade Socioambiental, 2005.

Adenevaldo Teles Junior - Coletivo Jovem de Meio Ambiente de Goiás - [email protected] - http://viagemconstante.blogspot.com/

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Secretaria deArticulação Institucional e

Cidadania Ambiental - SAIC

Ministério doMeio Ambiente

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