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EXPERIÊNCIA DA ARES-PCJ SOBRE PERDAS DE ÁGUA TRATADA 1. INTRODUÇÃO Desde a sua criação, o Consórcio Público Agência Reguladora PCJ (ARES-PCJ) está embasado em ações que promovam a melhoria e fortalecimento da prestação de serviços, com benefícios aos cidadãos e aos prestadores de serviços dos municípios associados. O Protocolo de Intenções da ARES-PCJ, documento que contém as bases de funcionamento da Agência Reguladora e norteia sua atuação, estabelece, na sua Cláusula 8ª, inciso V, alínea d, que: Os objetivos específicos da Agência Reguladora PCJ são: (...) V prestar serviços de interesse da gestão dos serviços públicos de saneamento básico aos Municípios consorciados e aos seus prestadores desses serviços, através de: (...) d) apoio no desenvolvimento de planos, programas e projetos conjuntos destinados à mobilização social e conscientização ambiental voltados às questões relativas ao saneamento básico, preservação, conservação e proteção do meio ambiente e uso racional dos recursos naturais. Neste contexto, o tema das perdas hídricas destaca-se como um dos principais aspectos de gestão em saneamento básico, seja ela estrutural, comportamental ou econômica. Este assunto tem tido especial atenção das mídias nacional e internacional, pois sensibiliza tanto do ponto de vista da eficiência na prestação dos serviços de saneamento quanto da utilização racional e sustentável dos recursos naturais. Sendo assim, apresentamos neste documento um descritivo de todas ações já executadas pela ARES-PCJ que abordam direta ou indiretamente esta questão, dentro do quadro de atribuições e diretrizes de atuação da Agência.

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EXPERIÊNCIA DA ARES-PCJ SOBRE PERDAS DE ÁGUA TRATADA

1. INTRODUÇÃO

Desde a sua criação, o Consórcio Público Agência Reguladora PCJ (ARES-PCJ) está

embasado em ações que promovam a melhoria e fortalecimento da prestação de serviços,

com benefícios aos cidadãos e aos prestadores de serviços dos municípios associados.

O Protocolo de Intenções da ARES-PCJ, documento que contém as bases de

funcionamento da Agência Reguladora e norteia sua atuação, estabelece, na sua Cláusula 8ª,

inciso V, alínea d, que:

Os objetivos específicos da Agência Reguladora PCJ são: (...) V – prestar serviços de interesse da gestão dos serviços públicos de saneamento básico aos Municípios consorciados e aos seus prestadores desses serviços, através de: (...) d) apoio no desenvolvimento de planos, programas e projetos conjuntos destinados à mobilização social e conscientização ambiental voltados às questões relativas ao saneamento básico, preservação, conservação e proteção do meio ambiente e uso racional dos recursos naturais.

Neste contexto, o tema das perdas hídricas destaca-se como um dos principais

aspectos de gestão em saneamento básico, seja ela estrutural, comportamental ou

econômica. Este assunto tem tido especial atenção das mídias nacional e internacional, pois

sensibiliza tanto do ponto de vista da eficiência na prestação dos serviços de saneamento

quanto da utilização racional e sustentável dos recursos naturais.

Sendo assim, apresentamos neste documento um descritivo de todas ações já

executadas pela ARES-PCJ que abordam direta ou indiretamente esta questão, dentro do

quadro de atribuições e diretrizes de atuação da Agência.

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2. PERDAS HÍDRICAS

A ARES-PCJ adota os conceitos de perdas estabelecido pela IWA (Manual de Melhores

Práticas da IWA – 2000), conforme classificação a seguir:

Quadro 1 – Matriz Perdas Hídricas.

As perdas de água são calculadas como a diferença entre a quantidade total de água

produzida e a somatória do consumo autorizado e podem ser reais ou aparentes.

As perdas reais são todas e quaisquer perdas relativas a vazamentos, desde o sistema

de pressurização até o ponto de hidrometração.

As perdas aparentes ou comerciais ocorrem quando há consumo não autorizado,

imprecisão na medição ou falhas de cadastro comercial.

As perdas reais e comerciais geram as perdas econômicas, uma vez que a receita do

sistema de abastecimento de água advém da disponibilização de água ao usuário e correta

medição do consumo efetuado.

O combate às perdas é essencial não só para minimizar o desperdício de água como

também para evitar a desequilíbrio econômico do sistema de abastecimento.

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No caso das perdas reais, há diferentes formas de vazamento, como ilustrado a seguir.

Figura 1 – Detalhamento Perdas Reais.

A instalação e manutenção de macro e micro medidores constituem as principais

ações a serem tomadas para correção das perdas aparentes (Figura 2).

Figura 2 – Perdas Aparentes.

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3. AÇÕES DA ARES-PCJ RELACIONADAS ÀS PERDAS DE ÁGUA

3.1 Programa de Monitoramento de Pressão

A ARES-PCJ, dentro das suas atribuições de criar normas para disciplinar a prestação

de serviço, editou a Resolução ARES-PCJ nº 50 em 28 de fevereiro de 2014. Em seu Art. 17, a

Resolução fixa os limites mínimo e máximo, respectivamente, em 10 e 50 metros por coluna

de água (mca) para as pressões no ponto de fornecimento de água.

No intuito de fiscalizar o cumprimento das condições impostas nesta Resolução, foi

instituído o Programa de Monitoramento de Pressão em todo os municípios associados.

Este programa é realizado por meio da instalação de 2 (dois) equipamentos para

coleta, registro e transmissão remota de dados de pressão (data loggers) em cada município

associado, a fim de ser verificado pelo menos um ponto na rede que esteja mais propenso a

baixas pressões e outro a pressões mais elevadas.

Figura 3 - Aspecto da instalação de ponto de monitoramento remoto de pressão.

A partir da coleta destes dados, a ARES-PCJ realiza a análise das pressões segundo dois

critérios, a saber:

i) Porcentagem de permanência da pressão em cada uma das quatro faixas:

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- Pressão negativa;

- Pressão entre 0 e 10 mca;

- Pressão entre 10 e 50 mca (intervalo ideal) e

- Maior que 50 mca e;

ii) Aferição do Índice de Conformidade de Pressão (ICP).

O Índice de Conformidade de Pressão (ICP) é um parâmetro criado pela Agência para

indicar o grau de conformidade da pressão na rede considerando a ocorrência de pressão

negativa nos pontos monitorados, em vista dos danos causados por esta não conformidade.

Este indicador relaciona a porcentagem do tempo em que a pressão permanece dentro da

faixa ideal excluindo-se o percentual em que apresentou valores negativos, conforme

demonstrado a seguir.

𝐼𝐶𝑃 =(% 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑓𝑎𝑖𝑥𝑎 10~50) − (% 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑓𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎)

100

Quanto mais próximo de 1 (um) for o ICP, mais adequada a pressão no tempo

monitorado e menor a representatividade da pressão negativa neste local; quanto mais

próximo de 0 (zero), maior a permanência da pressão fora da faixa ideal e/ou com valores

abaixo de zero.

Até janeiro/2018, o Programa de Monitoramento de Pressão da ARES-PCJ já havia

acompanhado as pressões de água em 433 pontos de 48 municípios, totalizando mais de

318.193 horas de monitoramento, com os seguintes resultados:

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Gráfico 1 – Distribuição das faixas de pressão nos municípios (2014-2017).

Até o mês de maio/2018, o programa atuou com o monitoramento de 472 pontos em

53 municípios. Dos 472 pontos monitorados, 113 apresentaram valores fora da faixa ideal na

primeira coleta e, portanto, foram encaminhados à recoleta, sendo confirmada a

irregularidade em 55 deles. Os municípios que apresentaram confirmação de valores

irregulares de pressão foram advertidos pela Agência para a realização das adequações

necessárias.

3.2 Distrito de Medição e Controle (DMC)

A implementação de um DMC (Distrito de Medição e Controle) em um dos municípios

regulados pela ARES-PCJ teve como objetivos a instrumentação, diagnóstico, implementação

de estratégias de redução de perdas e avaliação de resultados.

Tal projeto permitiu o acompanhamento de indicadores em cada uma de suas fases e

foi realizado em 4 (quatro) etapas (Quadro 2):

Negativas; 0,93% 0 a 10 mca;

7,85%

10 a 50 mca;

73,82%

> 50 mca; 17,44%

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Quadro 2 – Descrição de Etapas - DMC.

Etapas Atividades

1 Diagnóstico das perdas no DMC

Instalação de medidor de vazão na entrada do setor

1º Balanço Hídrico: sem redução de pressão

2 Redução de pressão

Instalação de controlador inteligente de pressão na VRP e monitoramento dos pontos críticos de pressão (altas e baixas pressões)

Controle e redução das pressões no setor

2º Balanço Hídrico: com redução de pressão

3 Gerenciamento e substituição dos hidrômetros

Substituição de todos os hidrômetros do DMC por medidores Classe C equipados com telemetria, alimentando sistema supervisório

3º Balanço Hídrico: com substituição dos hidrômetros

4 Pesquisa e gerenciamento de vazamentos

Realização de pesquisa acústica de vazamentos e reparo

4º Balanço Hídrico: com localização e reparo de vazamentos

Os principais resultados deste projeto foram:

O índice de perdas (%) e o vazamento por ligação (L/ramal.dia) tiveram

grandes reduções, especialmente o segundo indicador, com 83% de diminuição;

O consumo per capita (L/hab.dia) permaneceu praticamente constante

durante todo o projeto;

Após todas as etapas do estudo, foi evitado o desperdício de 5.586 m3 de água,

ou seja, mais de 5 milhões de litros de água tratada em um único DMC.

Quadro 3 – Evolução de Indicadores – DMC.

Indicadores Inicial Final Redução

Índice de perdas (%) 66% 24% 42%

Vazamento por ligação (L/ramal.dia) 974 166 83%

Consumo Per Capita (L/hab.dia) 138 141 -

Perda Total (m3) 6671 1085 5586

As principais conclusões deste projeto de DMC estão sintetizadas abaixo:

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O controle de pressão apresentou grande impacto na redução das perdas, pois

permitiu a redução de quase metade do indicador de vazamento por ligação;

Não houve queda do consumo per capita ou do volume micromedido após a etapa

de redução de pressão, que são preocupações recorrentes dos prestadores de

serviços;

Como cerca de 45% dos hidrômetros estavam dentro da faixa de consumo mínimo

(10 m3), sugere-se uma avaliação dos hábitos de consumo das economias,

suplementarmente à avaliação metrológica quando da troca de hidrômetros, pois

nem sempre é necessário realizar a substituição de 100% dos medidores de um

DMC;

Em termos gerais, todas as ações de redução de perdas tiveram retornos de

investimento adequados, com menos de 24 meses, destacando-se o controle de

pressão (4,9 meses) e a troca otimizada dos medidores (11,4 meses);

O acompanhamento das perdas exclusivamente pela relação percentual entre

volumes de entrada e saída não permite uma avaliação efetiva das perdas e das

melhores estratégias de atuação, sendo fortemente recomendado o uso do

indicador vazamento por ligação de L/ramal.dia.

4. PLANEJAMENTO

O acompanhamento dos Planos Municipais de Saneamento Básico é uma das bases

de atuação da ARES-PCJ. Consideramos que este é mais um âmbito de abordagem da

problemática em perdas hídricas.

As diretrizes para redução das perdas hídricas aparecem como referências

fundamentais na construção do diagnóstico do Sistema de Abastecimento de Água e na

definição dos principais objetivos previstos nos Planos.

A necessidade de considerar as perdas está expressa em dois documentos oficiais com

recomendações para elaboração dos PMSB: o "Guia para Elaboração de Planos Municipais de

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Saneamento Básico”1 e o “Termo de Referência para Elaboração do Plano Municipal de

Saneamento Básico”2, dos quais destacamos os seguintes excertos:

GUIA PARA ELABORAÇÃO DOS PMSB (Ministério das Cidades)

Capítulo 5 – Diagnóstico

Item 5.3 – Diagnóstico dos Sistemas de Abastecimento de Água

(...) devem ser bem avaliados os dados para determinação dos consumos de água atuais e futuros, com cuidado na avaliação da eficiência técnica de funcionamento do sistema, fortemente representada pelo índice de perdas.

Capítulo 6 – Objetivos do Plano Municipal de Saneamento Básico

Item 6.1 – Objetivos Gerais do PMSB

Objetivo 3. Abastecimento de Água às Populações e Atividades Econômicas: (...) promover a conservação dos recursos hídricos por meio da redução das perdas nos sistemas ou da reutilização da água.

Item 6.3 – Indicadores

Tabela 20. Indicadores para avaliar o abastecimento de água às populações e atividades econômicas

(...)

Tema Indicador

Desempenho do sistema de abastecimento de água

% Perdas por sistema. Ocorrência de Intermitência

TERMO DE REFERÊNCIA PARA ELABORAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO

(FUNASA)

1 MINISTÉRIO DAS CIDADES. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (2011). Guia para Elaboração de Planos Municipais de Saneamento Básico. 2ª ed. Disponível em: < http://www.capacidades.gov.br/biblioteca/detalhar/id/178/titulo/guia-para-elaboracao-de-planos-municipais-de-saneamento-basico>. Acesso em: 03 set. 2018. 2 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fundação Nacional de Saúde. Termo de Referência para Elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico (2018). Revisão: fevereiro de 2018. Disponível em: < http://www.funasa.gov.br/documents/20182/23919/TR_PMSB_Revisado_marco_2018.pdf/17b783a9-84a0-429c-b52d-1edd849d07ba>. Acesso em: 03 set. 2018.

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Capítulo 6 – Elaboração do PMSB: Escopo das Atividades

Item 6.5 – Proposição de Programas, Projetos e Ações do PMSB

(...) o PMSB buscará indicar a proposição de programas e/ou projetos e/ou ações para: (...) O controle e a redução de perdas nos sistemas de saneamento básico em operação no município;

Ainda no âmbito do planejamento, parcela significativa de prestadores de serviços

regulados pela ARES-PCJ apresenta projetos ao Fundo Estadual de Recursos Hídricos

(FEHIDRO), com a intenção de promover investimentos nos sistemas de abastecimento de

água e esgotamento sanitário. No que diz respeito às perdas hídricas, o FEHIDRO seleciona

projetos de elaboração de Planos de Redução de Perdas, bem como exige a apresentação

deste mesmo Plano para que possa validar o apoio a outros empreendimentos financiáveis,

como se depreende de trecho do “Manual de Procedimentos para Investimentos”3 transcrito

abaixo.

MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA INVESTIMENTOS (FEHIDRO)

Capítulo 2 – Enquadramento nos Programas do PERH e ações financiáveis pelo FEHIDRO

Item 2.3 – Linha Temática: Proteção, Conservação e Recuperação dos Recursos Hídricos

Superficiais e Subterrâneos

3 FUNDO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS. Conselho de Orientação do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (2015). Manual de Procedimentos Operacionais para Investimento. Disponível em: < http://fehidro.sigrh.sp.gov.br/fehidro/gerais/sigrh/ManualDeProcedimentosOperacionaisParaInvestimento2015.pdf>. Acesso em: 03 set. 2018.

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Subitem 2.3.2 Área de Atuação: Utilização, Conservação, Recuperação e Proteção dos

Recursos Hídricos

Empreendimentos Financiáveis Condicionantes

(...) (...)

a.7. Elaboração de plano e projeto de controle de perdas e diagnóstico da situação.

a.7.1. Atendimento aos pré-requisitos.

a.8. Implantação do Sistema de Controle de Perdas a.9. Aquisição e instalação de hidrômetros residenciais e macro medidores a.10. Instalação de sistema redutor de pressão a.11. Serviços e obras de setorização a.12. Reabilitação de redes de água a.13. Pesquisa de vazamento, pitometria e eliminação de vazamento

a.8.1., a.9.1.,a.10.1., a.11.1., a.12.1., a.13.1. Atendimento aos pré-requisitos. a.8.2., a.9.2.,a.10.2., a.11.2., a.12.2., a.13.2. Plano / projeto de controle de perdas.

Os diagnósticos e prognósticos dos Planos Municipais de Saneamento Básico, bem

como a programação de investimentos dos municípios, são elementos fundamentais da

análise de reajustes tarifários realizada pela ARES-PCJ, próximo ponto das ações que

concernem às perdas hídricas.

5. REGULAÇÃO ECONÔMICA

5.1 Parecer Consolidado

Por ocasião dos Reajustes Tarifários, a ARES-PCJ realiza levantamento dos

investimentos em perdas declarados pelos municípios regulados que utilizam a metodologia

descrita na Resolução ARES-PCJ nº 115, de 17 de dezembro de 2015.

No período de janeiro de 2017 a julho de 2018, foram realizados 51 reajustes tarifários

utilizando a fórmula paramétrica e 41 municípios regulados declararam investimentos em

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perdas, ou seja, em cerca de 80% dos reajustes tarifários realizados pela ARES-PCJ foram

contemplados recursos para investimentos em perdas (Quadro 3).

Quadro 3 – Recursos em perdas declarados em reajustes tarifários.

Recursos Próprios (R$) Recursos Extra Orçamentários (R$) Total (R$)

29.251.787,82 69.544.419,14 98.796.206,96

Em termos percentuais, nota-se que ocorreu aumento da solicitação de investimentos

em perdas com recursos próprios nos municípios regulados pela ARES- PCJ, conforme

ilustrado no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Investimentos em Perdas por fonte de recursos.

Com relação à destinação dos recursos, a maioria dos municípios regulados pela ARES-

PCJ declarou investir em substituição de redes, setorização e implantação do plano de perdas

(Gráfico 3).

25,55%

74,45%

38,57%

61,43%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

Recursos Próprios Recursos Extra Orçamentarios

2017 2018

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Gráfico 3 – Destino dos Investimentos em Perdas.

Conclui-se que, entre seus papeis, uma Agência Reguladora pode interferir e propiciar

avanços na redução de perdas hídricas, por meio de incentivos nas tarifas, quando da ocasião

dos reajustes/investimentos necessários e relacionados às perdas.

5.2 Fiscalização Técnico-Operacional

A ARES-PCJ realiza fiscalização em campo nos municípios regulados, observando as

condições dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário e verificando a

existência de Não Conformidades, conforme as resoluções ARES-PCJ nº 48/2014 e 50/2014.

O apontamento de Não Conformidades, associado às sanções e punições previstas

para o caso de persistência dos problemas identificados, é uma forma de também influir em

uma melhor prestação de serviços.

0 10.000.000 20.000.000 30.000.000 40.000.000

Substituição de Redes

Setorização

Macromedidores

Hidrômetros

Outros

Plano de Perdas

Automação e Telemetria

Equipamentos Localização de Vazamentos

Recuperação da Água de Lavagem de Filtros

Modelagem Hidráulica

Total Recursos Extras Orçamentários Recursos Próprios

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Entre o rol de possíveis Não Conformidades identificadas, a ARES-PCJ identifica 4

(quatro) que têm relação direta com as perdas hídricas: “Existência de vazamentos

aparentes”, “Drenagem inadequada de água de lubrificação de gaxetas”, “Ausência de

macromedidor” e “Ausência de macromedidor na entrada da ETA”. No Quadro 4,

apresentamos os somatórios dos apontamentos destas Não Conformidades para todos os

municípios regulados pela ARES-PCJ desde o início das fiscalizações.

Quadro 4 – Não Conformidades relacionadas a perdas hídricas.

Descrição Dentro do

Prazo Não Inf. Resolvida

Resp. Insatisfatória

Vencida Total Geral

Existência de vazamentos aparentes

18 13 237 1 299 568

Drenagem inadequada de água de lubrificação

de gaxetas 13 7 89 77 186

Ausência de Macromedidor

3 1 21 39 64

Ausência de

Macromedidor na

entrada da ETA

5 1 12 38 56

Total Geral 39 22 359 1 453 874

Gráfico 4 – Não Conformidades relacionadas às perdas hídricas

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Nota: As Não Conformidades identificadas como Perdas são apropriadas e alocadas como

investimento para o período do reajuste.

6. TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO

A ARES-PCJ destaca-se pelo privilégio dado às atividades de treinamento e capacitação

dos prestadores de serviços regulados, promovendo o intercâmbio de informações e

experiências que concorrem para a melhoria contínua dos serviços de saneamento.

Da mesma forma, a equipe de trabalho da ARES-PCJ também busca a atualização

constante, através da participação em cursos, congressos e encontros das mais variadas

instituições que possam fornecer elementos de aperfeiçoamento da atividade regulatória,

bem como pelo trabalho conjunto com outros órgãos vinculados ao saneamento básico.

Assim sendo, detalhamos a seguir duas iniciativas no plano do treinamento e

capacitação, tanto dos prestadores de serviços quanto dos colaboradores da própria Agência.

6.1 ProEESA

Para diminuir os atuais índices de perdas hídricas, bem como mantê-los em níveis

razoáveis ao longo do tempo, é necessária uma gestão inovadora e permanente da prestação

de serviços. No intuito de auxiliar neste sentido os prestadores de serviços regulados pela

ARES-PCJ, a Agência formou parceria de cooperação com o Ministério das Cidades e realiza a

Rede de Aprendizagem do Projeto de Eficiência Energética em Abastecimento de Água

(ProEESA) desde 2017.

O ProEESA atua na melhoria das condições para a implantação de medidas de redução

de perdas hídricas e energéticas nos prestadores de serviço, com a intenção de alcançar

reduções significativas nas despesas com eletricidade, nos próprios consumos energéticos e

nas perdas de água, com inerentes melhorias na conservação das redes de distribuição e de

instalações de bombeamento.

O referido projeto foi pactuado entre a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental

do Ministério das Cidades do Brasil e o Ministério Federal da Cooperação Econômica e do

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Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha, sendo a parceria executada pela Cooperação Alemã

para o Desenvolvimento Sustentável - Deutsche Gesellschaft für Internationale

Zusammenarbeit (GIZ).

As Redes de Aprendizagem em Gestão de Perdas de Água e Energia são uma parte do

ProEESA e podem ser definidas como fóruns de prestadores de serviços de saneamento que

possuem como objetivo comum a melhoria da eficiência operacional de suas instituições,

melhorando a gestão de energia e perdas hídricas.

No ano de 2017, a ARES-PCJ foi a primeira agência reguladora do Brasil a implementar

a atividade de Rede de Aprendizagem dentro do ProEESA, com a supervisão e coordenação

realizada pela GIZ. Nesta primeira experiência, foram comtemplados 13 prestadores de

serviços regulados pela ARES-PCJ através de Chamada Pública e os participantes foram

assistidos por especialistas em um ambiente que promoveu a troca de experiências.

Dando continuidade ao projeto, a ARES-PCJ está, de maneira autônoma desde junho

de 2018, realizando a 2ª Rede de Aprendizagem, dessa vez com outros 10 prestadores de

serviços de saneamento.

Maiores informações sobre as Redes de Aprendizagem do ProEESA podem obtidas no

link: http://www.cidades.gov.br/saneamento-cidades/proeesa/redes-de-aprendizagem

6.2 Projeto ACERTAR

O Projeto ACERTAR visa a execução, por parte das Agências Reguladoras, de auditoria

e certificação dos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS),

tornando-os mais sólidos e confiáveis.

A ARES-PCJ vem participando das ações do projeto por meio de capacitação e de

contribuição técnica, com aperfeiçoamento das ações a serem implantadas.

Um dos indicadores mais sensíveis que é preenchido pelos prestadores de serviços

para o SNIS é o índice de perdas. Tendo em vista que os dados são autodeclarados e as

condições de medição nem sempre são adequadas, este indicador apresenta resultados

muito contestados.

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Estando envolvida no projeto ACERTAR, a ARES-PCJ poderá avaliar o nível de confiança

destas informações, incorporando melhores métricas ao cotidiano de prestadores de serviços

e da própria regulação.

7. CONCLUSÃO

Com base nas experiências acumuladas e descritas anteriormente neste documento,

a Agência Reguladora ARES-PCJ conclui:

A pressão na rede de distribuição está diretamente ligada às perdas físicas;

O controle das Perdas está diretamente ligado à Gestão;

O incentivo tarifário interfere positivamente na redução das perdas.

A Agência Reguladora de ARES-PCJ editará um Manual de Perdas que servirá como

orientação aos prestadores para o combate a perdas e embasará a expedição de Resolução

Específica.