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Exposição "A Tauromaquia nas Gravuras de Goya"

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28 de junho a 12 de outubro de 2014 Núcleo Museológico do Mártir Santo, Vila Franca de Xira

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FICHA TÉCNICA DA EXPOSIÇÃOORGANIZAÇÃOCâmara Municipal de Vila Franca de XiraMuseu Municipal de Vila Franca de XiraSetor de Ação CulturalVereador – Pelouro da Cultura Fernando Paulo Ferreira2014COORDENAÇÃO GERALFátima Faria RoquePRODUÇÃOCarla CoquenimEdite AlmeidaMargarida RibeiroJoão Alves RamalhoAPOIO À PRODUÇÃORicardo BrazPLANEAMENTO E LOGÍSTICACarla CoquenimJoão Alves RamalhoCOMUNICAÇÃOAna Sofia CoelhoCláudio LotraFilomena SerrazinaMONTAGEMDepartamento de Educação e CulturaDivisão de Cultura, Turismo, Património e Museus | Setor de Ação CulturalEdite AlmeidaMargarida RibeiroDivisão de Informação Municipal e Relações Públicas | Setor de Design e Produção GráficaHelder DiasMiguel OliveiraDepartamento de Obras, Viaturas e InfraestruturasCarla GomesJosé António SoaresCarpintariaFernando GameiroGilberto MartinsVitalino LopesSEGUROSCompanhia de Seguros Allianz Portugal, S.A.

FICHA TÉCNICA DO JORNALEDIÇÃOCâmara Municipal de Vila Franca de XiraMuseu Municipal de Vila Franca de Xira Setor de Ação CulturalJunho de 2014COORDENAÇÃO GERALFátima Faria RoqueORGANIZAÇÃO E COORDENAÇÃO EDITORIALCarla CoquenimJoão Alves RamalhoTEXTOSAlberto MesquitaAntónio SalgadoPRODUÇÃOCarla CoquenimCarla FélixEdite AlmeidaJoão Alves RamalhoDESIGN GRÁFICODivisão de Informação Municipal e Relações Públicas | Setor de Design e Produção GráficaCarla FélixREVISÃOAntónio SalgadoCarla CoquenimEdite AlmeidaJoão Alves RamalhoPRODUÇÃO GRÁFICADIMRP – Tipografia MunicipalTIRAGEM500 Exemplares

Núcleo Museológico do Mártir SantoRua Dr. Miguel Bombarda 2600 Vila Franca de XiraGPS: 38º 57’ 25,25” N , 8º 59’ 20,04” [email protected] www.cm-vfxira.pt

Horário:28 de junho a 12 de outubro De terça feira a domingo; das 9h30 às 12h30 e das 14h às 17h30Encerra segunda feira e feriados

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No âmbito da XXV Semana da Cultura Tauromáquica, a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira promove este ano, no Núcleo Museológico do Mártir Santo, a realiza-ção duma exposição inteiramente dedicada ao conjunto de gravuras conhecidas pelo título genérico de “La Tauro-maquia de Goya”, da autoria desse génio da pintura que foi Francisco Goya.

Pertencentes a uma coleção particular, os quarenta espé-cimes expostos são aqui perfeitamente enquadrados pelas palavras do Dr. António Salgado, a quem muito agradece-mos o esforço e dedicação empregues na concretização deste projeto, e que, de forma objetiva e esclarecedora, nos coloca em evidência, não só a maestria e importância de Francisco Goya no domínio da história da arte, mas também o peso destas estampas na compreensão das sor-tes do toureio na época do artista.

Com esta iniciativa, que consideramos ser da maior rele-vância, espera a Câmara Municipal contribuir para a evo-cação e divulgação de uma obra ímpar no percurso da tauromaquia mundial, tantas e tantas vezes revisitada por todos aqueles que, com a sua afición, procuram saber mais sobre a “Arte de Montes”, ao ponto de se tornar referência universal, passada de geração em geração.

Que esta exposição dê frutos e estimule o debate entre o público, é também esse o nosso anseio. Um desejo refor-çado a cada ano, a cada Semana da Cultura Tauromáquica.

Como não poderia deixar de ser, gostaríamos ainda de dei-xar aqui o nosso profundo agradecimento a todos aqueles que se juntaram a este desafio e que, com os seus diferen-tes contributos, tornaram possível a sua concretização.

O Presidente de CâmaraAlberto Mesquita

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A Tauromaquia de Francisco de GoyaAntónio Salgado

Francisco José de Goya y Lucientes, um dos nomes maiores da pintura de todos os tempos, nasceu no dia 30 de Março de 1746, em Fuendetodos, localidade da província espanhola de Zaragoza, filho de um restaurador de origem basca, José, e de uma fidalga chamada Gracia Lucientes. Aquando da mudança da família para Za-ragoza o jovem Francisco foi aprender o ofício de pintor com o mestre José Luzán, com quem esteve quatro anos copiando pinturas famosas, até que decidiu estabe-lecer-se por sua conta e, segundo o que escreveu mais tarde, “pintar de mi inven-ción”. Aprendeu também a arte da gravura, que viria a ser, já em fim de percurso, a técnica usada nos seus trabalhos sobre a festa de toiros.À medida que foi crescendo como pintor e gravador autêntico e com o desafogo financeiro que daí resultou, começou a pintar imagens insólitas correspondentes a uma fantasia pessoalíssima e a uma incan-sável sátira dos costumes do seu tempo.

Por opção do autor, o texto não está escrito no âmbito do novo Acordo Ortográfico.

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7] Origen de los arpones o banderillas

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Com altos e baixos na arte que não estará certamente alheia a vida de boémio, começa poucos anos depois a trabalhar para as encomendas da família Bayeu, onde pontificavam três irmãos, todos pintores: Ramón, Manuel e Francisco. É com este último, que era o pintor da corte do Rei de Espanha, D. Carlos III, que faz grande amizade. E é com a irmã dele, Josefa, que contrai matrimónio, em Junho de 1773, ano decisivo na vida de Goya, no qual se inicia um novo período de maior solidez e origina-lidade, sempre debaixo do protectorado do seu cunhado.Em Abril de 1777 fica gravemente doente ao ponto de se temer pela sua vida. No entanto recupera e recebe trabalhos do príncipe e futuro rei D. Carlos IV. Torna-se com o seu cunhado Ramón, também pintor da corte. Com quarenta anos, mais conhecido por Don Paco, tornou-se um consu-mado retratista e, por isso, foram-se abrindo todas as portas dos palácios, incluindo, algumas mais secretas, as de alcova das suas ricas moradoras, como a Duquesa de Alba, Maria del Pilar Teresa Cayetana de Silva Alva-rez de Toledo, pela qual terá experimentado uma fogosa devoção. É nesse período que surgem as famosas cartas trocadas entre Martín Za-pater, um rico comerciante e ilustrado aragonês, amigo de Goya e de Francisco Bayeu. Este espólio epistolar riquíssimo encontra-se no Museu do Prado, em Madrid.

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4] Capean outro encerrado

6] Los moros hacen otro capeo en plaza con su albornoz

10] Carlos V, lanceando un toro en la plaza de Valladolid

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É através dessa correspondência que melhor se conhe-ce parte da vida de Francisco Goya. E, em muitas des-sas cartas, nota-se alguma crispação entre os cunha-dos, principalmente por parte de Bayeu. Qual a razão? Os toiros ou, melhor dizendo, a rivalidade entre dois toureiros: o sevilhano Joaquín Rodríguez Costilhares e o jovem rondenho Pedro Romero. O primeiro, com os seus partidários na classe mais alta e na Corte, o segundo com os seus admiradores ligados ao povo. Claro que, pelo temperamento de ambos, Costillares tinha em Bayeu um grande admirador e o seu rival Pedro Romero o mesmo em Goya. Era tanta a revolta de Bayeu que, numa das cartas a Zapater, considerou Pedro Romero um “selvagem”, como a grande maio-ria dos seus seguidores. Entretanto, pouco tempo depois, no inverno de 1792, Goya volta a adoecer gravemente em Sevilha. Após al-guns meses recupera, mas ficam sequelas que o fazem perder a capacidade auditiva e que o acompanharão o resto da sua vida. Especulou-se muito sobre a origem desta doença mas, a mais provável, seria uma intoxi-cação com os componentes das pinturas que usava.

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11] El Cid Campeador lanceando outro toro

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13] Un Caballero español en plaza quebrando rejoncillos sin auxilie de los chulos

14] El diestrísimo estudiante de Falces, embozado burla al toro com sus quiebros

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Começou, então, una nova etapa artística para Goya. Devido à falta de audição e às consequências da doen-ça de que tinha padecido, o pintor teve que adaptar-se a um novo tipo de vida. O problema porém não di-minuiu a capacidade produtiva, nem o génio criativo. Antes pelo contrário.Exemplo desse génio são os trabalhos realizados de-pois da chamada Guerra da Independência, em que os Espanhóis se livraram do jugo francês. Goya espe-lha, nesses trabalhos, entre 1810 e 1820, “Desastres de Guerra”, as atrocidades cometidas pelos franceses. Aliada ou não a este sentimento de desconformidade, é nessa altura que ele desenha as trinta e três gravuras às quais, mais tarde, serão incluídas mais onze estam-pas que irão constituir a sua Tauromaquia. A morte está quase sempre presente, de forma directa ou indi-recta. O pintor captou de forma ímpar na sua arte essa realidade incontornável: a corrida de toiros representa a luta contínua entre a vida e a morte, a fronteira mui-to ténue entre a tragédia e a glória. E, por ser assim, as duas muitas vezes confundem-se.

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17] Palenque de los moros hecho con burros para defenderse del toro embolado

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Goya morreu em Bordéus, França, no dia 16 de Abril de 1828, depois de ter com-pletado oitenta e dois anos, e foi neste país que foi enterrado. Em 1899, os seus restos mortais foram sepultados definitivamen-te na igreja de S. António da Florida, em Madrid, cem anos depois de o próprio ter pintado os frescos desta igreja. A sua obra de inspiração taurina, ou me-lhor dizendo, a sua tauromaquia, para além do valor puramente estético que encerra, constitui um testemunho imprescindível para compreender a época que viveu, de transição do Antigo Regime para a moder-nidade, e a Espanha desse virar de página da história. Uma época em que emerge o toureio moderno, de que o pintor foi não apenas testemunha, mas também ilustra-dor. Muito do que sabemos hoje sobre os primórdios da “arte de Montes” a ele o de-vemos.

18] Temeridad de Martincho en la plaza de Zaragoza

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19] Otra locura suya en la misma plaza

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Embora em homenagem ao bicentenário do nascimento de Pedro Rome-ro, a Festa reconheceu o legado do pintor quando, em 1954, se organi-zaram as primeiras Corridas Goyescas, em Ronda, baseadas na roupa-gem do toureiro do século XVIII, representada nos quadros de Goya. De facto, as “Goyescas”, que são hoje uma peça imprescindível do calen-dário taurino, começaram por ser uma homenagem àquele toureiro pro-movida pelo decano dos Ordoñez, Cayetano Ordoñez Araújo, o mítico Niño de la Palma, impulsionador dessa primeira corrida. Mas o nome e a arte de Goya são também homenageados cada vez que os toureiros colocam, solenemente, aqueles trajes distintos que nos transportam para os tempos de uma Festa de Toiros renovada, os tempos de Goya.

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23] Mariano Ceballos, alias al Indio, mata al toro desde su caballo

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24] El mismo Ceballos, montado sobre otro toro quiebra rejones en la plaza de Madrid

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