20
DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Qualquer acto, omissão ou conduta que serve para infligir dor física, sexual ou mental, directa ou indirectamente, por meio de enganos, ameaças, coacção ou qualquer outro meio, a qualquer mulher. Tem por objectivo e como efeito intimidá-la, puni-la, humilhá- la, ou mantê-la nos papéis estereotipados ligados ao seu sexo, ou recusar-lhe a dignidade humana, a autonomia sexual, a integridade física, mental e moral. Fontes: Guia Orientador para o Atendimento a mulheres em Situação de Violência II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2003-2006 Site da Associação de Mulheres Contra a Violência - www.amcv.org.pt Site da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima—Manual Alcipe

Exposição violência doméstica

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Exposição violência doméstica

DEFINIÇÃO DE

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Qualquer acto, omissão ou conduta que serve

para infligir dor física, sexual ou mental, directa

ou indirectamente, por meio de enganos,

ameaças, coacção ou qualquer outro meio, a

qualquer mulher.

Tem por objectivo e como efeito intimidá-la, puni-la, humilhá-

la, ou mantê-la nos papéis estereotipados ligados ao seu sexo,

ou recusar-lhe a dignidade humana, a autonomia sexual, a

integridade física, mental e moral.

Fontes: Guia Orientador para o Atendimento a mulheres em Situação de Violência II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2003-2006 Site da Associação de Mulheres Contra a Violência - www.amcv.org.pt Site da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima—Manual Alcipe

Page 2: Exposição violência doméstica

VIOLÊNCIA FÍSICA

Acção ou omissão que coloque em risco ou cause dano à integridade física de uma pessoa.

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA

Ameaça directa ou indirecta, humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta que implique prejuízo à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal.

VIOLÊNCIA SEXUAL

Acção que obriga uma pessoa a manter contacto sexual, físico ou verbal, ou a participar de outras relações sexuais com uso da força, intimidação, manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule ou limite a vontade pessoal.

TIPOS DE

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Fontes: Guia Orientador para o Atendimento a mulheres em Situação de Violência II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2003-2006 Site da Associação de Mulheres Contra a Violência - www.amcv.org.pt Site da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima—Manual Alcipe

Page 3: Exposição violência doméstica

O CICLO DA

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

1. FASE DE TENSÃO CRESCENTE Existe um aumento da tensão, mas a mulher acredita que pode

apaziguar a situação.

2. O EPISÓDIO DA AGRESSÃO

Verifica-se a descarga de tensões retidas no estadio anterior com maus tratos, abuso sexual e ameaças

verbais.

3. FASE CALMA O homem pode negar a vio-

lência, dizer que estava alcoolizado, dizer que está arrependido e promete que tal não volta a acontecer. Esta fase tende a diminuir

com o tempo.

Fontes: Guia Orientador para o Atendimento a mulheres em Situação de Violência II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2003-2006 Site da Associação de Mulheres Contra a Violência - www.amcv.org.pt Site da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima—Manual Alcipe

Page 4: Exposição violência doméstica

A VIOLÊNCIA E A LEI

A Constituição da República Portuguesa garante:

- Igualdade de direitos e deveres de homens e mulheres (art. 13º);

- Acesso ao direito e aos tribunais para defesa dos direitos (art. 20º);

- Direito à integridade física e moral (art. 25º);

- Igualdade no casamento (art. 36º).

O Código Penal Português, lei n.º 59/2007, prevê e pune os crimes de violência doméstica, nomeadamente:

- Maus tratos físicos e psíquicos (art. 152º);

- Incumprimento do dever de alimentos (art. 250º).

Fontes: Guia Orientador para o Atendimento a mulheres em Situação de Violência II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2003-2006 Site da Associação de Mulheres Contra a Violência - www.amcv.org.pt Site da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima—Manual Alcipe

Page 5: Exposição violência doméstica

O QUE FAZER SE FOR

VÍTIMA DE VIOLÊNCIA

- Deve recorrer ao hospital mesmo sem sinais externos de agressão.

- Deve apresentar queixa contra o agressor junto da PSP, GNR ou Polícia Judiciária, e exigir o documento comprovativo da queixa.

- Se apresenta queixa contra o agressor e receia pela sua integridade física ou psíquica, ou a dos seus filhos, pode sair de casa.

- Ocorrência de maus tratos deve tanto quanto possível, ser conhecida pelos familiares, vizinhos ou pessoas amigas.

Fontes: Guia Orientador para o Atendimento a mulheres em Situação de Violência II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2003-2006 Site da Associação de Mulheres Contra a Violência - www.amcv.org.pt Site da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima—Manual Alcipe

Page 6: Exposição violência doméstica

DO MITO À REALIDADE

QUEM CALA CONSENTE!

NÃO CONSINTA, DENUNCIE…

Já pode ser quebrado o ditado

“Entre marido e mulher ninguém mete a colher”

O Código Penal Português prevê e pune os crimes de Violência Doméstica como um CRIME PÚBLICO.

A Violência Doméstica assume a natureza de crime público, o que significa que o procedimento criminal não está dependente de queixa por parte da vítima, bastando uma denúncia ou o conhecimento do crime, para que o Ministério Público promova o processo.

Fontes: Guia Orientador para o Atendimento a mulheres em Situação de Violência II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2003-2006 Site da Associação de Mulheres Contra a Violência - www.amcv.org.pt Site da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima—Manual Alcipe

Page 7: Exposição violência doméstica

COMO IDENTIFICAR SE

EXISTE VIOLÊNCIA

DOMÉSTICA

- Tem medo ou receio do seu companheiro?

- Tem a sensação de que necessita de andar em pontas de pés ou sem fazer qualquer barulho para não despertar a fúria do seu companheiro?

- Ele toma todas as decisões por si?

- É controlada no que faz, aonde vai, com quem conversa e no dinheiro que ganha?

- Ele destrói os seus objectos pessoais ou ameaça matar os seus animais?

- O seu companheiro, por vezes, ameaça-a de morte?

Fontes: Guia Orientador para o Atendimento a mulheres em Situação de Violência II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2003-2006 Site da Associação de Mulheres Contra a Violência - www.amcv.org.pt Site da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima—Manual Alcipe

Page 8: Exposição violência doméstica

COMO IDENTIFICAR SE

EXISTE VIOLÊNCIA

DOMÉSTICA

- É frequentemente obrigada a fazer algo contra a sua vontade?

- Perdeu o contacto com a maioria dos seus amigos?

- Sente-se isolada, como se não pudesse procurar ajuda e pensa que ninguém iria acreditar em si, mesmo que tentasse?

- Perdeu o emprego por causa do seu companheiro?

SE A MAIORIA DAS RESPOSTAS É POSITIVA,

PRECISA DE AJUDA IMEDIATA

Fontes: Guia Orientador para o Atendimento a mulheres em Situação de Violência II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2003-2006 Site da Associação de Mulheres Contra a Violência - www.amcv.org.pt Site da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima—Manual Alcipe

Page 9: Exposição violência doméstica

COMO AGIR FACE A UMA

MULHER AGREDIDA

- Estabelecer uma relação de confiança, respeito e empatia.

- Deixar a vítima contar a sua história, sem emitir julgamentos.

- Utilizar linguagem simples.

- Não fazer perguntas irrelevantes.

- Mostrar confiança na resolução dos problemas.

- Não fazer promessas irrealistas.

- Deixar à vitima o máximo de iniciativa possível.

Fontes: Guia Orientador para o Atendimento a mulheres em Situação de Violência II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2003-2006 Site da Associação de Mulheres Contra a Violência - www.amcv.org.pt Site da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima—Manual Alcipe

Page 10: Exposição violência doméstica

Comissão de Protecção de Crianças e Jovens

Uma abordagem de sucesso é sempre feita com recurso a uma INTERVENÇÃO MULTIDISCIPLINAR. O primeiro técnico a ter contacto com a vítima, ajuda a abrir a porta a todos os recursos existentes na comunidade .

Na comunidade existe uma rede:

- A Rede de Apoio a Mulheres em Situação de Violência -

EQUIPA

MULTIDISCIPLINAR

Câmara Municipal de Montijo

Instituto de Segurança Social Centro de Emprego do Montijo

ARSLVT/Sub-região de Saúde de Setúbal/Centro de Saúde de Montijo

Hospital do Montijo

Hospital de Nossa Senhora do Rosário, E.P.E

Equipa de Coordenação dos Apoios Educativos do Montijo, Alcochete e Moita

PSP GNR

Instituto de Reinserção Social

CERCIMA – Cooperativa para a Educação e Reabilitação do Cidadão Inadaptado

Rede de Apoio a

Mulheres em Situação

de Violência

Fontes: Guia Orientador para o Atendimento a mulheres em Situação de Violência II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2003-2006 Site da Associação de Mulheres Contra a Violência - www.amcv.org.pt Site da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima—Manual Alcipe

Page 11: Exposição violência doméstica

Em 2005 o Serviço de Urgência Geral do Hospital de Nossa Senhora do Rosário, EPE iniciou a implementação do Projecto de Apoio a Mulheres Vítimas de Violência Doméstica.

Em 2006 sinalizámos 176 vítimas de violência doméstica.

Em 2007 esse número subiu para 193.

A NOSSA EXPERIÊNCIA

Page 12: Exposição violência doméstica

2 4

3 2

11

17

13

2 0

21

75 5

7

2 0

2 4

2 1

15

2 9

3 3

2 7

2 4

89

13 3

1 02

3

01 0 1 0

Bar

reiro

Lavr

adio

Sto.

Ant

.º C

harn

eca

Palh

ais

Sant

o A

ndré

Verd

eren

a

Alto

Sei

xalin

ho

Moi

ta

Bai

xa d

a B

anhe

ira

Vale

da

Am

orei

ra

Alh

os V

edro

s

Mon

tijo

Alc

oche

te

Poce

irão

Lisb

oa

Rio

Mai

or

Vise

u

LOCAL DE RESIDÊNCIA DAS UTENTES/VÍTIMAS

2006 2007

1410

4349 48

73

3833

17 1510

6 42 2

5

10-19 anos 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60-69 anos 70-79 anos 80-89 anos

IDADE DAS UTENTES/VÍTIMAS

2006 2007

Regista-se uma maior incidência de vítimas de violência doméstica entre os 30 e os 50 anos.

Page 13: Exposição violência doméstica

7 87 6

7 7

6 0

7 7

41 2 2 3 1

69

2 2 1 0 1 0

84

03

04 2 1 1 0 0

1 1 2 03

Com

panh

eiro

Ex-c

ompa

nhei

ro

Mar

ido

Ex-m

arid

o

Nam

orad

o

Ex-n

amor

ado

Pais

Padr

asto

Sogr

o

Sogr

a

Filh

o

Net

o

Irmão

Sobr

inho Ti

o

Cun

hado

Gen

ro

Am

igo/

Con

heci

do

RELAÇÃO DO AGRESSOR COM A VÍTIMA

2006 2007

O agressor é frequentemente o marido ou o companheiro.

165184

134 143

11 4

Física Psicológica Sexual

TIPOLOGIA DA AGRESSÃO

2006 2007

Page 14: Exposição violência doméstica

53

758 0

59

413

2 2 2 5

78 75

4 3 4 3

3 3

13 412 7

72 0 1 0 1 0 1

Esqu

imos

es

Esco

riaçõ

es

Frac

tura

s

Ferid

as

Hem

atom

as

Edem

as

Into

xica

ção

med

icam

ento

sa

Trau

mat

ism

ops

icol

ógic

o

Viol

ação

Que

imad

ura

nafa

ce

Con

tusã

oto

ráci

ca

Trau

mat

ism

ocr

anea

no/fa

cial

CONSEQUÊNCIAS DAS AGRESSÕES

2006 2007

3 71 3

162 165

21 18

2 2

41

66

0 1 0 1 8 0 1 0

Arm

a br

anca

Arm

a de

fogo

Cor

po d

oag

ress

or

Obj

ecto

s do

dom

icíli

o

Obj

ecto

s da

via

públ

ica

Ofe

nsas

verb

ais

taco

de

base

bol

Chá

que

nte

Am

eaça

s

Pres

egui

ção

FORMA DE AGRESSÃO

2006 2007

A agressão directa e as ofensas verbais são as formas de agressão mais frequentes.

Page 15: Exposição violência doméstica

17 15

48

57

50

59

2218

3235

7 9

Primeira vez Menos de 1ano

1-4 anos 5-9 anos 10 ou maisanos

Nãoresponde

TEMPO DE AGRESSÃO

2006 2007

76 77

30 29

16 17

62

73

0 2 0 3

Filhos Outrosfamiliares

Vizinhos Não foipresenciada

Amigos Não responde

QUEM PRESENCIOU A AGRESSÃO

2006 2007

A maior parte das agressões foram presenciadas pelos filhos ou, então, não foram presenciadas.

Page 16: Exposição violência doméstica

60 66

113127

3 0

Sim Não Não responde

CONHECIMENTO DOS LOCAIS DE APOIO À VÍTIMA

2006 2007

18 30

152163

6 0

Sim Não Não responde

RECORRÊNCIA AOS LOCAIS DE APOIO À VÍTIMA

2006 2007

A maioria dos utentes não conhece, nem recorre aos locais de apoio à vítima.

Page 17: Exposição violência doméstica

136

115

34 38

07 5 5

09

0 2 0 60 2 0

70 2 1 0

Dom

icíli

o

Dom

icíli

o de

fam

iliar

es

Dom

icíli

o de

amig

os

Cas

a de

Abr

igo

PSP

GN

R

Espa

çoIn

form

ação

Mul

her

Out

ro H

ospi

tal

Inte

rnam

ento

Blo

co d

e Pa

rtos

Nâo

resp

osta

ENCAMINHAMENTO DAS UTENTES/VÍTIMAS

2006 2007

É sempre respeitada a vontade das

utentes/vítimas.

Page 18: Exposição violência doméstica

DADOS GLOBAIS SOBRE

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Segundo o Concelho da Europa, a violência contra as mulheres no espaço

doméstico é a maior causa de morte e invalidez entre mulheres dos 16 aos 44

anos, ultrapassando o cancro, acidentes de viação e a guerra.

De acordo com a Amnistia Internacional, uma em cada três mulheres no

mundo sofre algum tipo de violência durante a sua vida.

Em PORTUGAL no ano de 2006

- 112 mulheres foram vítimas de violência doméstica por dia;

- Cerca de 900 pessoas passaram pelas casas abrigo;

- 39 mulheres foram assassinadas pelos maridos ou

companheiros;

- Cerca de 15% do total de doentes do sexo feminino, observadas

na Urgência, vivem uma relação de maus tratos.

Fontes: Guia Orientador para o Atendimento a mulheres em Situação de Violência II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica 2003-2006 Site da Associação de Mulheres Contra a Violência - www.amcv.org.pt Site da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima—Manual Alcipe

Page 19: Exposição violência doméstica

PROJECTOS FUTUROS

Alargar o projecto à Urgência Pediátrica e

Urgência Ginecológica/Obstétrica.

Sensibilizar os profissionais para a

problemática, nomeadamente os Centros

de Saúde que dão apoio às zonas de

residência com maior número de situações

de Violência Doméstica.

Page 20: Exposição violência doméstica

CONTACTOS ÚTEIS

APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima

Telefones: 289820787 / 707200077 / 265534598 (Delegação de Setúbal)

Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género

Telefone: 217983000

Associação das Mulheres Vítimas de Violência

Telefone: 218511223

Serviço de Informação às Vítimas de Violência Doméstica

Telefone: 800202148 (24 horas 7 dias por semana)

PSP Barreiro - Telefones: 212076553 / 212076588

PSP Montijo - Telefone: 212310144

Espaço Informação Mulher (Montijo) - Telefone: 212327856

Queixa on-line - http://queixaselectronicas.mai.gov.pt

Pode sempre ligar o 144