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EXPOSIÇÃO VIRTUAL QuarentenArte: Respiro Artísticos em Tempos Pandêmicos Curador: Talles Colatino- Mestre em Teoria da Literatura, Proexc/UFPE Obras selecionadas: Cartema - Aloísio Magalhaes Sem Título - Tereza Costa Rego Paisagem com montanha - Telles Junior Composição armorial - Fernando Lopes da Paz ABERTURA A campanha QuarentenArte, promovida pela Diretoria de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFPE entre os meses de abril e novembro de 2020, tomou para si a missão de apresentar, em formato virtual através das redes sociais, um panorama cultural e artístico da universidade. A ideia surgiu como uma forma de trazer um respiro, através da arte, ao público em isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus. Para fomentar seu conteúdo, a ação promoveu uma chamada pública para a publicização de trabalhos artísticos da comunidade acadêmica, realizou intervenções com dicas culturais, apresentou os espaços da UFPE dedicados à arte e ao patrimônio-artístico cultural e realizou um concurso de ilustrações em parceria com a “Estudos Universitários: revista de cultura”. Além disso, dedicou parte do seu trabalho à divulgação do acervo artístico da própria UFPE. Obras de arte de inestimável valor, salvaguardadas por espaços que dedicam à memória e ao patrimônio da nossa instituição, como o Centro Cultural Benfica e o Memorial Denis Bernardes. A seguir, resgatamos alguns dos trabalhos da coleção da UFPE veiculados no QuarentenArte, acompanhados de textos críticos/informativos sobre a obra e o artista.

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Page 1: EXPOSIÇÃO VIRTUAL

EXPOSIÇÃO VIRTUAL

QuarentenArte: Respiro Artísticos em Tempos Pandêmicos

Curador: Talles Colatino- Mestre em Teoria da Literatura, Proexc/UFPE

Obras selecionadas:

Cartema - Aloísio Magalhaes

Sem Título - Tereza Costa Rego

Paisagem com montanha - Telles Junior

Composição armorial - Fernando Lopes da Paz

ABERTURA

A campanha QuarentenArte, promovida pela Diretoria de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFPE entre os meses de abril e novembro de 2020, tomou para si a missão de apresentar, em formato virtual através das redes sociais, um panorama cultural e artístico da universidade. A ideia surgiu como uma forma de trazer um respiro, através da arte, ao público em isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus.

Para fomentar seu conteúdo, a ação promoveu uma chamada pública para a publicização de trabalhos artísticos da comunidade acadêmica, realizou intervenções com dicas culturais, apresentou os espaços da UFPE dedicados à arte e ao patrimônio-artístico cultural e realizou um concurso de ilustrações em parceria com a “Estudos Universitários: revista de cultura”.

Além disso, dedicou parte do seu trabalho à divulgação do acervo artístico da própria UFPE. Obras de arte de inestimável valor, salvaguardadas por espaços que dedicam à memória e ao patrimônio da nossa instituição, como o Centro Cultural Benfica e o Memorial Denis Bernardes. A seguir, resgatamos alguns dos trabalhos da coleção da UFPE veiculados no QuarentenArte, acompanhados de textos críticos/informativos sobre a obra e o artista.

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SOBRE OS ARTISTAS

O Artista Aloísio Magalhães

A extensa titulação do recifense Aloísio Barbosa Magalhães (1927-1982) - pintor, gravador, cenógrafo, figurinista, mestre de bonecos, artista visual, artista gráfico e designer - é proporcional à importância do seu nome na história da arte moderna brasileira. A data do seu nascimento, dia 05 de novembro, foi escolhida como o Dia Nacional do Design, em homenagem à grande contribuição do artista para formação do design gráfico brasileiro e a defesa do fortalecimento identitário cultural do País.

Aloísio Magalhães ingressou na Faculdade de Direito do Recife em 1946, lá fundou junto com Hermilo Borba Filho, Ariano Suassuna, entre outros, o Teatro de Estudante de Pernambuco (TEP). Após formado, recebeu bolsa do governo francês para estudar museologia em Paris. Na volta ao Recife, torna-se integrante d’O Gráfico Amador, um ateliê experimental que mesclava literatura e artes gráficas. Anos depois ganha uma bolsa do governo americano para estudar artes gráficas nos Estados Unidos. Como fruto da vitória num concurso do Banco Central, em 1966, Aloísio desenvolveu desenhos para notas e moedas do Cruzeiro Novo.

No início dos anos 1970, Aloísio Magalhães começa a desenvolver a série “Cartema” – nome dado por Antônio Houaiss para as composições feitas a partir de cartões-postais. Nesta série eram utilizados cartões-postais convencionais, colados numa superfície rígida de papelão, explorando o princípio do espelhamento com foco no ritmo visual. É o caso da obra em destaque, pertencente ao acervo do Centro Cultural Benfica, realizada a partir de imagem da cidade do Recife.

Além de seu trabalho como artista e designer, teve diversos cargos políticos, entre eles Secretário de Cultura do Brasil e presidente do IPHAN. Em sua homenagem, em 1982, a Galeria Metropolitana de Arte do Recife altera seu nome para Galeria Metropolitana de Arte Aloísio Magalhães. Em 1997, se torna Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam).

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A Obra: Cartema (sem data)

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A Artista Tereza Costa Rego – Sem título (1983)

A história da arte ocidental registrou o corpo feminino em diversos momentos, em sua maioria, no entanto, sob a ótica masculina. A presença da mulher artista passou a ganhar mais notoriedade nos movimentos vanguardistas; e na arte produzida em Pernambuco não foi diferente. A recifense Tereza Costa Rêgo (1929) é o nome feminino mais expressivo do modernismo local. Ela é conhecida principalmente por sua pintura, que costuma explorar as dimensões internas do ser humano, como a sexualidade, as memórias e o intimismo, traduzidos visualmente pelas figuras do corpo feminino e tons de vermelho e preto.

Tereza iniciou os estudos aos 15 anos de idade na Escola de Belas Artes de Pernambuco, precursora dos cursos de arte hoje em funcionamento no Centro de Artes e Comunicação da UFPE. Desde então, em momento algum, parou de produzir e experimentar. Prova disso é sua fase como litogravurista, durante o período que esteve ligada à Oficina Guaianases de Gravura, entre 1983 e 1995. Dentre as obras produzidas por Tereza neste período, destacamos esta litogravura em cores. A imagem retrata uma figura feminina sob um guarda-chuva, tingida com o seu vermelho característico.

A obra encontra-se hoje no Memorial Denis Bernardes da UFPE e integra o acervo de obras raras junto com as outras aproximadamente mil gravuras que compõem o Acervo Guaianases, doado à Universidade em 1995. Parte desse acervo está digitalizado no link www.ufpe.br/guaianases. Nele é possível conhecer outras obras de Tereza, como suas litogravuras em branco e preto.

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A Obra: Sem Título

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O Artista Telles Júnior – Paisagem com montanha (sem data)

Jerônimo José Telles Júnior (1851 - 1914) foi um pintor, desenhista, político e professor recifense. No entanto, o artista não passou toda a sua vida no Recife. Por conta da profissão de seu pai, que era comandante de navios, a família mudava constantemente de endereço. Passagens pelos Rio Grande do Sul e pelo Rio de Janeiros foram marcantes na sua formação artística, onde teve aula com pintores e desenhistas. No Rio de Janeiro, também, ingressa como aprendiz no Arsenal da Marinha. Não por acaso, a temática do mar é bastante recorrente no seu trabalho.

Reconhecido pelos críticos como um atencioso intérprete da paisagem nordestina, suas obras refletem sua trajetória por cenários e paisagens diversas, dada as constantes viagens. O fator regionalista também é bastante evidente na sua produção, sobretudo nas paisagens do Recife retratadas.

No ano de 1880, de volta ao Recife, Telles passa a lecionar pintura e desenho na Sociedade dos Artistas, Mecânicos e Liberais e, a partir daí, mergulha profundamente na arte, produzindo e participando de exposições. Em paralelo ao fazer artístico, seguia uma carreira na vida política, na qual lutava pela melhoria das condições de trabalho para a classe operária.

As suas marcas são as marinhas e as “paisagens de florestas”, tudo quase sempre com o mínimo vestígio elementos urbanos ou de seus tipos humanos. É o caso da tela “Paisagem com montanha”, óleo sobre cartão que integra a coleção do Centro Cultural Benfica da UFPE.

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A Obra: Paisagem com montanha

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O Artista Fernando Lopes da Paz

Fernando Lopes da Paz (1936 – 2011) é reconhecido como o representante da escultura dentro do Movimento Armorial. Também pintor e professor, recebeu influência direta do folheto de cordel e da xilogravura e da tradição de "santos" de madeiras. Sua obra é marcada pela figura humana em representações de madonas, anjos e santos, trazendo o caráter apocalíptico de livros proféticos e da literatura de cordel.

Na composição de suas esculturas, Fernando usa materiais menos sofisticados, como madeira e pedra, como forma de aludir ao regionalismo presente no Armorial e por se aproximar de técnicas usadas na arte popular nordestina. Entre seus trabalhos mais icônicos nessa linguagem, está “A luta da besta Bruzaçã com o anjo” em talhas de madeira enormes, e “Cristo Armorial”, esculpido num bloco de jaqueira com dois metros de altura.

Apesar de Fernando Lopes da Paz se destacar na escultura, também produziu pinturas, como a obra “Composição Armorial” de 1972, que destacamos hoje. O quadro pertence à coleção do Centro Cultural Benfica (CCB). O CCB possui grande acervo de obras Armoriais, adquiridas durante a gestão de Ariano Suassuna como diretor do Departamento de Extensão Cultural (DEC) da Universidade Federal de Pernambuco.

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A Obra: Composição Armorial (1972)