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FICHA DE TRABALHO
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Quer'eu en maneira de proençal
fazer agora un cantar d'amor,
e querrei muit'i loar mia senhor
a que prez nen fremusura non fal,
nen bondade; e mais vos direi en:
tanto a fez Deus comprida de ben
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quiso Deus fazer tal,
quando a faz, que a fez sabedor
de todo ben e de mui gran valor,
e con todo est'é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bon sen,
e des i non lhi fez pouco de ben,
quando non quis que lh'outra foss'igual.
Ca en mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad'e loor
e falar mui ben, e riir melhor
que outra molher; des i é leal
muit', e por esto non sei oj'eu quen
possa compridamente no seu ben
falar, ca non á, tra-lo seu ben, al.
D. Dinis
Escreve um texto expositivo bem estruturado, com um mínimo de 180 e um máximo de 240
palavras, em que explicites o conteúdo da cantiga transcrita.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de
conclusão. Organiza a informação da forma que considerares mais pertinente, tratando os tópicos a seguir
apresentados:
- género da cantiga (identificação e justificação);
- intenção do sujeito poético;
- assunto;
- características físicas, morais e sociais da idealização da figura representada;
- relação com a cantiga “Proençaes soem mui bem trobar”.
Proposta de correção
A cantiga “Quer’eu em maneira de proençal”, escrita por D. Dinis, é uma cantiga de amor em que o
sujeito poético (voz masculina) se prepõe cantar todas as qualidades da sua “senhor”, louvando-a
servilmente.
Assim, o trovador pretende fazer “um cantar d’amor” à manira dos poetas provençais, onde utilize
um discurso em louvor da sua dama. Desta forma, verifica-se, nesta cantiga, um retrato convencional e
idealizado da mulher amada, onde a “senhor” é representada como modelo de beleza e virtude, que não é
superado por nenhuma outra dama.
Ao serviço da idealização da figura retratada são apresentadas as características e qualidades
físicas, morais e sociais que a tornam ímpar. Verifica-se, desta forma, a beleza da “senhor” (que é
detentora de “fremosura” e de um riso bonito) e o seu “prez” (que a torna dotada de bondade,
sociabilidade, sensatez e da arte de bem falar). Através da enumeração (em que se acumulam as
qualidades da dama), de comparações (que tornam a dama única e melhor) e de hipérboles (que surgem
ao serviço do elogio cortês e superlativizam as qualidades da dama) cumpre-se o panegírico da mulher
amada.
Esta cantiga relaciona-se com a composição “Proençaes soem mui bem trobar”, na medida em que
ambas contribuem para a definição de arte poética de D. Dinis, em oposição à maneira provençal de
retratar o amor (convencionalidade e artificialismo).