113
BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.300 1. Assunto 1.1 Faixa 1 Comparação da Carga Tributária da Guanabara com a de Outros Estados Brasileiros 2. Temas 2.1 Faixa 1 Discurso de membro não identificado do governo estadual. Comparação entre a carga tributária do estado da Guanabara e a de outros estados brasileiros. Prestação de contas da aplicação dos impostos arrecadados 10 minutos F1: [1965] Faixa 1 Comparação da Carga Tributária da Guanabara com a de Outros Estados Brasileiros Orador não identificado, alguém do governo Carlos Lacerda compara a Carga Tributária da Guanabara com a de outros estados brasileiros. Conclui que a Guanabara foi um dos estados que menos tinha aumentado a carga tributária, entre 1960 e 1965. Afirma que a União ficava com a maior parte dos recursos derivados dos impostos. Demonstra a aplicação do dinheiro dos impostos na construção de escolas, hospitais, casas populares e na obra da adutora do Guandu. BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.301 Nada escrito e gravado BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.302 1. Assunto 1.1 Faixa 1 F1: F1: 18/08/1965 Faixa 1 Governador Carlos Lacerda - Seu Talão Vale um Milhão Praça Saens Peña ( Tijuca) BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.303 1. Assunto 1.1 Faixa 1 Discursos Proferidos no Estaleiro Escawagina 2. Temas Faixa 1 Entrega do navio Frota Norte à Marinha Mercante brasileira, lançamento ao mar do navio Itaquifé, discurso da esposa do presidente da República, d. Iolanda Costa e Silva, madrinha do referido navio, propagandas da rádio, caderneta de poupança da Letra SA, comerciais e execução de músicas F1: 08:03min F1: 1967/1969 Faixa 1 Discursos Proferidos no Estaleiro Escawagina. O locutor da rádio Jornal do Brasil anuncia que o presidente da República participaria de duas solenidades dos estaleiros da Escawagima. A primeira era a cerimônia de entrega do navio “Frota Norte” à Marinha Mercante; a segunda seria o lançamento ao mar do navio Itaquifé, cuja madrinha era d. Iolanda Costa e Silva. D. Iolanda Costa e Silva discursa, batizando o navio e desejando que Deus guardasse a embarcação, protegendo seus tripulantes e a todos que nele viajassem. Observação: Aos 53 segundos o áudio apresenta propagandas da rádio, entre elas a da nova caderneta de poupança da Letra SA, e depois vários trechos da programação da rádio, entre programas, comerciais e execução de músicas, em áudios gravados uns por cima dos outros. BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.304 1. Assunto 1.1 Faixa 1 Exposição do Governador Carlos Lacerda sobre a Coordenação do Plano de Orçamento, no Palácio Guanabara F1: 07:40min F2: 07:42min F1: 11/09/1965 F2: Faixa 1 Exposição do Governador Carlos Lacerda sobre a Coordenação do Plano de Orçamento, no Palácio Guanabara Carlos Lacerda discursa sobre o custo das obras realizadas no estado da Guanabara. Ele fala sobre o que se estava fazendo, para um levantamento completo do que se chamava “mobilidade da população”, isto é, como a população se mexia,

F1: [1965] Faixa 1 - rio.rj.gov.brrio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4203646/4101357/fitas_carlos_lacerda... · como a “vaca leiteira” da União! Faixa 2 Continuação da Faixa Anterior

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BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.300

1. Assunto

1.1 Faixa 1Comparação da Carga Tributáriada Guanabara com a de OutrosEstados Brasileiros

2. Temas

2.1 Faixa 1Discurso de membro nãoidentificado do governo estadual.Comparação entre a cargatributária do estado da Guanabarae a de outros estados brasileiros.Prestação de contas da aplicaçãodos impostos arrecadados

10 minutos F1: [1965] Faixa 1Comparação da Carga Tributária da Guanabaracom a de Outros Estados BrasileirosOrador não identificado, alguém do governoCarlos Lacerda compara a Carga Tributária daGuanabara com a de outros estados brasileiros.Conclui que a Guanabara foi um dos estados quemenos tinha aumentado a carga tributária, entre1960 e 1965. Afirma que a União ficava com amaior parte dos recursos derivados dos impostos.Demonstra a aplicação do dinheiro dos impostosna construção de escolas, hospitais, casaspopulares e na obra da adutora do Guandu.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.301 Nada escrito e gravadoBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.302

1. Assunto

1.1 Faixa 1

F1: F1: 18/08/1965 Faixa 1Governador Carlos Lacerda - Seu Talão Vale umMilhão Praça Saens Peña ( Tijuca)

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.303

1. Assunto

1.1 Faixa 1Discursos Proferidos no EstaleiroEscawagina

2. TemasFaixa 1Entrega do navio Frota Norte àMarinha Mercante brasileira,lançamento ao mar do navioItaquifé, discurso da esposa dopresidente da República, d.Iolanda Costa e Silva, madrinhado referido navio, propagandas darádio, caderneta de poupança daLetra SA, comerciais e execuçãode músicas

F1: 08:03min F1: 1967/1969 Faixa 1Discursos Proferidos no Estaleiro Escawagina.O locutor da rádio Jornal do Brasil anuncia que opresidente da República participaria de duassolenidades dos estaleiros da Escawagima. Aprimeira era a cerimônia de entrega do navio“Frota Norte” à Marinha Mercante; a segundaseria o lançamento ao mar do navio Itaquifé, cujamadrinha era d. Iolanda Costa e Silva. D. IolandaCosta e Silva discursa, batizando o navio edesejando que Deus guardasse a embarcação,protegendo seus tripulantes e a todos que neleviajassem.Observação: Aos 53 segundos o áudio apresentapropagandas da rádio, entre elas a da novacaderneta de poupança da Letra SA, e depoisvários trechos da programação da rádio, entreprogramas, comerciais e execução de músicas,em áudios gravados uns por cima dos outros.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.304

1. Assunto

1.1 Faixa 1Exposição do Governador CarlosLacerda sobre a Coordenação doPlano de Orçamento, no PalácioGuanabara

F1: 07:40minF2: 07:42min

F1: 11/09/1965F2:

Faixa 1Exposição do Governador Carlos Lacerda sobre aCoordenação do Plano de Orçamento, no PalácioGuanabaraCarlos Lacerda discursa sobre o custo das obrasrealizadas no estado da Guanabara. Ele fala sobreo que se estava fazendo, para um levantamentocompleto do que se chamava “mobilidade dapopulação”, isto é, como a população se mexia,

Page 2: F1: [1965] Faixa 1 - rio.rj.gov.brrio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4203646/4101357/fitas_carlos_lacerda... · como a “vaca leiteira” da União! Faixa 2 Continuação da Faixa Anterior

1.2 Faixa 2Continuação da Faixa Anterior

2. Temas

2.1 Faixa 1Custos das obras públicasrealizadas pelo governo doestado, levantamento completo damobilidade da população e dosserviços públicos estaduais,resposta às críticas da oposiçãoaos pedidos de financiamento dogovernador ao governo federal,repartição da carga tributáriaentre as esferas estadual e federalde governo, destacando a situaçãoparticular da cidade-estado, nocontexto da federação

2.2 Faixa 2Discurso de Carlos Lacerdacomentando a carga tributária doestado do estado da Guanabara eo tamanho da parcela que erarepassada à União, comparaçãoentre a arrecadação dos estadosda Guanabara e de São Paulo,crítica à concentração dosrecursos provenientes do FundoRodoviário no âmbito do governofederal, crítica ao jornal O Globopor noticiar uma suposta falênciado governo estadual

como ela vivia, como ela se transportava, comoela ia trabalhar, onde trabalhava, para onde sedeslocava, onde se divertia, como saía e entravana cidade...Lacerda diz que somente depois desselevantamento era que se poderia fazerplanejamento. Explica que planejamento era isso,levava alguns anos para se fazer, para se conheceras necessidades reais da população, no que diziarespeito a serviços como água, alimentação,transportes, energia, telefone, escolas e hospitais.O governador esclarece que era isso que se estavafazendo na coordenação de planos e orçamentosda Secretaria de Governo. Lacerda acha curioso oseguinte: os governos federais do Brasil recebiamdinheiro do povo americano, através da Aliançapara o Progresso, e ele nunca havia visto ninguémdizer que o povo americano dava esmola aogoverno federal, nem ninguém pensar que ogoverno brasileiro devia aderir a tudo que ogoverno americano quisesse, só pelo fato de estarrecebendo financiamento. Porém, quando umgoverno brasileiro devolvia a um estado brasileirouma parte do que lhe tomara pela inflação e umaparte do que ele arrecadava em impostos do seutrabalho, apareciam uns engraçados para dizer:“mas como o governador ousa criticar umpresidente que está dando esmolas à Guanabara?”Lacerda diz que era preciso modificar esta idéia!Acrescenta que dos impostos pagos pelapopulação da Guanabara, 33% ficavam com oestado e 67% com o governo federal, ou seja, ocidadão que pagasse 1000 cruzeiros de impostosveria 670 cruzeiros irem para as mãos do governofederal e 330 cruzeiros, apenas, para sereminvestidos em todos os serviços estaduais emunicipais na Guanabara. Lacerda salienta quenão era contra o estado dar dinheiro ao governofederal, mas achava justo que o governo federaldevolvesse parte desse dinheiro sob forma definanciamento. Conclui se referindo à Guanabaracomo a “vaca leiteira” da União!

Faixa 2Continuação da Faixa Anterior.O governador da Guanabara, Carlos Lacerda,discorre sobre a arrecadação de impostos noestado e o repasse de parte da arrecadação aogoverno federal, além da necessidade deinvestimento da União no estado, devolvendoparte do arrecadado em impostos, para que oestado tivesse condições de arrecadar cada vezmais. Ele compara a situação da Guanabara com asituação de São Paulo. Enquanto que naGuanabara apenas 33% dos impostos arrecadadosficavam com o estado, sendo que 67% eramrepassados à União, em São Paulo 55% ficavamcom o estado e 45% eram repassados ao governofederal. Sobre a arrecadação federal naGuanabara, entre 1961 e 1964, ressalta tinha sidode 799 bilhões de cruzeiros; deste valor, 754

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bilhões foram para o governo federal e 45 bilhõesficaram na Guanabara. Lacerda fala sobre oimposto sobre combustíveis e lubrificantes queformavam o Fundo Rodoviário. Diz que noperíodo acima referido a arrecadação no estadotinha sido de 80 bilhões, sendo que destes, 13bilhões e 600 milhões ficaram na Guanabara, ouseja, apenas 17% haviam ficado “para o povo daGuanabara, para as estradas da Guanabara, paraas avenidas da Guanabara, para os subúrbios daGuanabara, para os trabalhadores da Guanabara,para os transportes da Guanabara”... Enquantoque quase 83% foram para a União. Acrescenta ogovernador que quando o estado pedira uma partedesse montante emprestado, adiantado por contada cota do ano seguinte, e não dado, salienta, o OGlobo disse que o governo da Guanabara estavaarrebentado, arruinado, pedindo esmolas, que ogovernador destruíra a Guanabara...Concluitaxativamente ao dizer que o que estavareclamando era de direito do estado, pois era oque o estado havia produzido.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.305

1. Assunto

1.1 Faixa 1Homenagens e Agradecimentos

2. Temas

2.1 Faixa 1Discurso de um membro nãoidentificado do governo estadual,homenagens e agradecimentos adiversos secretários e dirigentesde órgãos públicos estaduais,entre os quais são citados:Salvador Mandim, Luís CarlosVital, Enaldo Cravo Peixoto e oprocurador geral CordeiroGuerra., criação da CompanhiaEstadual de Telefones (CETEL).remoção de favelas e construçãode conjuntos habitacionaispopulares, desenvolvimento deserviços públicos, vitóriasjurídicas do procurador geral doestado, obras realizadas pelaSURSAN e pelo DER

F1: 05:23min F1: [1963/1965] Faixa 1Homenagens e AgradecimentosUma pessoa se dirigindo ao general SalvadorMandim, dizendo que foi em sua Secretaria quese concentraram os maiores desafios daadministração de Carlos Lacerda: o telefone, obonde, o transporte, a energia. Menciona queMandim voltava para a vida privada, comogeneral da reserva, mas retornava com os maiscalorosos votos de felicidade e agradecimento,pois que então se inaugurava uma obra que elehavia feito em 6 meses: o telefone que, em temporecorde e sem recursos, a CETEL (CompanhiaTelefônica do Estado), que estava sob suajurisdição, entregava ao povo. Fala também sobreLuís Carlos Vital, secretário de Serviços Sociais,antigo administrador regional da Lagoa e daPenha, substituto de Sandra Cavalcante,responsável pela “admirável obra de favelas e decasas”, entregando ao povo da Guanabara cercade 20 mil casas de seu conjunto. Ele dá aosecretário os seus “efusivos e sincerosagradecimentos”. Sobre Enaldo Cravo Peixoto, aele se refere como uma figura admirável deservidor público, a cujo dinamismo e capacidadede execução devia o Rio de Janeiro a suatransfiguração e transformação. Ressalta que eleteria que ser elogiado como secretário de Obras,como presidente da SURSAN (Superintendênciade Urbanismo e Saneamento) e como secretáriode Turismo. Diz que Enaldo havia realizado atarefa maior, pois fora na Secretaria que as obrasse multiplicaram, sendo ele sempre havia sidoeficiente e trabalhador. Cita também, felicitando eagradecendo, o dr. Cordeiro Guerra, secretário eprocurador geral da Justiça, cuja dedicação aoserviço público permitira ao estado grandesvitórias judiciárias, ao lado de Eugênio Sigaud,

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Romeu Loures, presidente da COHAB(Companhia de Habitação do Estado daGuanabara); dr. Jorge Bauer, diretor-presidente doDER (Departamento de Estradas de Rodagem)que, com a SURSAN, era o responsável porgrandes obras realizadas no Rio de Janeiro, alémde Nelson Mufarrej, ex-presidente do IPEG(Instituto de Pensões e Aposentadorias do Estadoda Guanabara) .

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.306

1. Assunto

1.1 Faixa 1Realizações da Gestão deTeresinha Saraiva na SMEC(Secretaria Municipal deEducação e Cultura)

2.2 Faixa 2Continuação da Faixa Anterior

2. Temas

2.1 Faixa 1Decreto 263, de 02 de janeiro de1976, resultados do censo,normas para concessão de bolsasda obrigatoriedade escolar,Conselho de Contas doMunicípio, antecipar aescolarização, trabalho dosinspetores, combate à evasãoescolar, expansão e melhoria darede física escolar, prestação decontas, recursos do BNH e doPREMEM, prioridades doDistrito de Educação e Cultura,supervisão, documentos técnico-pedagógicos., supervisão central,regional e local, Assessoria deSupervisão da Estrutura doDepartamento Geral deEducação, publicações daSecretaria de Educação,recuperação paralela, atualizaçãoe o desenvolvimento dosprofessores, classes de adaptação,educação especial, Moral eCívica,, necessidades nutricionaisdos alunos, merenda escolartestada pelo Instituto Annes Dias

2.2 Faixa 2Ações da Prefeitura na área deeducação, relação escola ecomunidade, bolsas de estudo,redução da evasão escolar,

F1: 59:00minF2:01:00:06min

F1: [1977]F2: [1977]

Faixa 1Realizações da Gestão de Teresinha Saraiva naSMEC (Secretaria Municipal de Educação eCultura)Terezinha Saraiva esclarece que não se tratava deum encontro formal, entre a secretária e seusdiretores. Ressalta que aquele era um encontro deoperários do mesmo ofício: a educação. Ela falado esforço de cada trabalhador na construção deuma escola. Salienta que tudo que tinha sidoprogramado para 1976 fora realizado, e que nemmesmo as dificuldades os fizera recuar, pois quediante delas nunca vacilaram ou pararam, sempreseguindo em frente, com a obstinação de quemsabia o que queria. Ela diz que havia programado,em 1976, o cumprimento da obrigatoriedadeescolar, e que era muito importante fazê-la tornar-se uma realidade, pois era um preceitoconstitucional. Sobre o decreto 263, de 02 dejaneiro de 1976, a secretária explica que só foraliberado após os resultados do censo. Em síntese,o decreto dispunha que, na cidade do Rio deJaneiro, todas as crianças, de 7 a 14 anos,deveriam estudar. Ela fala de outro decreto quecriara a Bolsa da Obrigatoriedade Escolar, poishavia um problema, um paradoxo geográfico nacidade do Rio de Janeiro: lugares onde haviaescolas, mas poucas crianças e outros lugarescom muitas crianças, mas poucas escolas.Terezinha enfatiza que o Rio de Janeiro era oúnico município no Brasil que tinha uma bolsainstituída para oferecer escola a qualquer criançaque não encontrasse vaga em uma escola próximaà sua residência, numa distância mínima de 3Km.Sobre a Resolução 24, de 12/01/1976, ela fala doestabelecimento de normas da obrigatoriedadeescolar. Ela fala também da Resolução 25, queestabelecia normas para concessão de bolsas daobrigatoriedade escolar. Acrescenta que omunicípio do Rio de Janeiro atendia,satisfatoriamente, à obrigatoriedade escolar,conseguindo provar isso junto ao Conselho deContas do Município, e que tiveram umaconcessão especial única no país: poder estenderos recursos destinados ao Primeiro Grau àscrianças de 6 anos, podendo com isso antecipar aescolarização, atendendo às crianças de 6 e, até,de 5 e 4 anos. Ela menciona o trabalho dosinspetores da obrigatoriedade escolar, exaltandoos números atingidos por eles. Comenta sobre ocombate à evasão escolar, trabalho também feito

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balanço de 1976, passes da CTC,ampliação do número debibliotecas municipais,bibliotecas volantes, atenção aoPlanetário e ao CentroEducacional CalousteGulbenkian, “cultura a céuaberto”, Plano Cultural de AçãoIntegrada do Departamento deCultura, valorização domagistério, concessão de direitose vantagens, concursos pararemoção e admissão de pessoal,questão do salário, prestação decontas, instalação de umsubsistema de comunicaçãoaudiovisual, circulação deexperiências, instalação de 10Centros Regionais de Multimeios,educação especial, extinção doterceiro turno, melhoria do nívelde ensino, ampliação dos eventosculturais, Ailda de Souza Dias,subsecretária, fala sobre a políticaeducacional, os requisitosindispensáveis ao processo deplanejamento, exame crítico dosresultados obtidos, e cita as açõesdo Plano Educacional em 1977

pelos inspetores que iam à casa dos alunosevadidos. Acrescenta dados sobre a expansão emelhoria da rede física escolar, programada em1976. A secretária explica que sua exposiçãoconstituía uma prestação de contas sobre otrabalho que tinha sido feito no decorrer do anode 1976, em comparação com o que foraproposto, e que fazia isso com muita satisfação,diante daqueles que junto dela puderamacompanhar o trabalho. Assinala que no início de1976, as perspectivas davam conta da construçãode 25 escolas, com recursos provenientes doconvênio com o BNH (Banco Nacional daHabitação) e 7 escolas de um convênio com oPREMEM (Programa de Expansão e Melhoria doEnsino Médio). Esclarece que eram convênios doantigo estado da Guanabara, que haviam sidoratificados, dando início à construção das escolas.Ela fala, ainda, da reforma de outras 250, dasquais duas delas constituíam grandes reformas, deobras de manutenção da rede escolar edistribuição de mobiliário novo. Explica que todoo trabalho havia obedecido rigorosamente a umescalonamento de prioridades, provenientes doDistrito de Educação e Cultura, e resultava daopinião dos diretores de escola. Ela destacaoutros trabalhos previstos para o início de 1976,na área de educação. Exalta os números das obrasem termos de utilização de material e escolasrecuperadas. Cita cifras referentes aos gastos comas obras, de cada etapa de todo o trabalho daSecretaria de Educação, no que dizia respeito àconstrução e recuperação das escolas. Ela recordaque, em 1976, havia sido prometido, em termosde expansão e melhoria do ensino, umaassistência técnica que se dividiria em doismomentos: a supervisão e os documentos técnico-pedagógicos. Salienta que tinha colocado emfuncionamento, naquele ano, no município do Riode Janeiro, uma estratégia nova de supervisão,criando três níveis na supervisão: o central, oregional e o local. O primeiro, representado pelaAssessoria de Supervisão da Estrutura doDepartamento Geral de Educação; o segundo, aequipe de supervisores de apoio do Distrito deEducação e Cultura e o terceiro, doissupervisores alocados em cada uma das escolas.A secretária menciona a integração das oito sériesdo ensino primário, os documentos regulamentaisque foram prometidos no ano de 1976, eacrescenta que, além dos que ela citava naexposição, pôde oferecer outros documentos quenão estavam previstos. Cita as publicações queforam produzidas pela Secretaria de Educação,que seriam entregues aos profissionais daeducação no município do Rio de Janeiro, sendoimpressas logo no início de 1977. Ela diz quehavia tentado colocar em funcionamento arecuperação paralela, considerando que arecuperação entre períodos era apenas uma

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possibilidade de fazer alguma coisa, mas quequem não conseguia um trabalho deaprendizagem o ano inteiro, não seria em poucashoras, ao final do ano, que iria aprender. Portanto,para a secretária, a recuperação correta era aquelaque se fazia paralelamente ao processo ensinoaprendizagem. Em termos de recursos humanos,ela alude à oferta de cursos que permitissem aatualização e o desenvolvimento dos professoresda rede municipal. Diz que a estratégia daSecretaria, de saída, fora a descentralização. Falasobre a instituição de pólos de inscrição eexecução dos cursos, e do número de professoresque tinham passado pelos cursos, assegurandoque fora um número expressivo, masreconhecendo que ficara aquém daquilo que aSecretaria poderia ter feito, em termos dedesenvolvimento de recursos humanos. Acreditaque a dificuldade tinha sido a clientela que seinscrevia, mas não frequentava o curso. Sobre opré-escolar, ela manifesta um particular interessepelo atendimento a esta faixa etária. Adverte quemuitas carências eram impossíveis de seremrecuperadas após instaladas. Mas, cita os númerosatingidos pela SME (Secretaria Municipal deEducação) no que dizia respeito ao pré-escolar,no ano de 1976. Promete a ampliação dematrículas. Discorre sobre a baixa produtividadeda primeira para a segunda série, em 1975, e dasações realizadas para a solução deste problema noano seguinte, pois, para a secretária, qualquersistema educacional que apresentasse um índicemuito alto de reprovação na primeira série era umsistema falido em termos de produtividade.Explica que haviam partido então para uma novaestratégia, voltada para os alunos que chegavamàs escolas do município e que, no primeiro mês,vigorara o período de observação. TerezinhaSaraiva fala da inovação do município do Rio deJaneiro no que concernia à instituição das classesde adaptação, a partir da permissão dada peloConselho Estadual para fazer este experimento,que visava preparar a criança com dificuldadespara ingressar na primeira série. Enfatiza que nãoera intuito promover as crianças das classes deadaptação diretamente para a segunda série, masque tinham ocorrido casos, no ano de 1976, emque as crianças conseguiram suprir todas as suascarências e ainda a aprendizagem exigida para aaprovação na primeira série. Comenta as açõesrealizadas nas escolas para a prática da educaçãofísica, como a redistribuição de professores, porexemplo. Sobre a educação especial, ela assinalaa expansão de oportunidades e oferecimento decursos na área. Ressalta que, em 1976, realizaramatendimento a 12.592 alunos, com os casoscrônicos recebendo orientação, inclusive, atravésdo programa de treinamento e orientação aospais. Acrescenta que tinham sido realizados 18cursos, montadas 30 salas de aparelhagem

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eletrônica para surdos, distribuídos materiaispedagógicos e desportivos. Acrescenta areestruturação de cinco centros de avaliaçãopsicosocial, a montagem de sete núcleos deatendimento ao deficiente, a ampliação doatendimento domiciliar e a aceleração do trabalhode profissionalização, através dos 4 centrosocupacionais. Acrescenta que montaram umacentral de informações, na Assessoria deEducação Especial, onde havia um cadastroatualizado. Além disso, 307 escolas da redeabrigaram alunos especiais. Terezinha diz que oano de 1976 foi, para a SME, um anomarcadamente pedagógico. Menciona asuperação das dificuldades, e salienta que asações tinham sido voltadas para a melhoria daqualidade de ensino. Fala também na elaboraçãodas bases do ensino de primeiro grau, no ano de1976, pelos professores de turma e danecessidade do ensino de Moral e Cívica, poiscivismo, para a secretária, era exemplo, e deviaser ensinado na escola a todo momento e nãocomo uma disciplina separada. Discorre sobre osprojetos Tiradentes e Independência, dois projetosna área de educação cívica, elaborados no ano de1976. Narra as estratégias de orientaçãoeducacional e comenta o trabalho do orientadoreducacional citando números, exaltando-os, porconta da ampliação do número de profissionais.Ressalta a importância da oferta de merendaescolar de diferentes tipos, de acordo com aseriação e com as necessidades nutricionais dosalunos. Salienta que as merendas oferecidas pelasescolas do município eram verdadeiras refeições.Menciona o custo das merendas e esclarece comoelas chegavam às escolas, depois de testadas peloInstituto Annes Dias e após atingir um índice deaprovação de 70% nas escolas escolhidas paratestá-las. Enfatiza que os diretores das escolaseram os responsáveis pela perfeita elaboração,pela correta distribuição, pela certa estocagemdos gêneros na sua dispensa, pela constanteverificação na elaboração da merenda. Acrescentaque contava com os diretores das escolas paraque, em 1977, fossem reduzidos os problemasrelacionados à merenda escolar.

Faixa 2Continuação da Faixa AnteriorA secretária Municipal de Educação, TerezinhaSaraiva, expõe as ações da Prefeitura do Rio deJaneiro na área de educação, no ano de 1976. Elafala sobre a relação entre escola e comunidade e acriação de círculos de pais e professores.Menciona que o balanço, em 1976, com relação atais atividades, fora bastante alentador. Assinalaque aconteceram visitas, palestras, festas,excursões, doações, orientação profissional,prática de esportes, etc. que foram realizadasnuma integração entre escola e família.

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Acrescenta dados sobre bolsas de estudo, outraassistência ao educando oferecida ao municípiodo Rio de Janeiro. Orgulha-se da redução daevasão escolar. Explica que no fim do ano tinhamsido aplicados 1.836.600,00 cruzeiros doorçamento para aquisição de 1.800.000 passes daCTC (Companhia de Transportes Coletivos) parabeneficiar uma média de 6 mil alunos queresidiam longe dos seus locais de estudo.Reconhece que não conseguira estender obenefício aos transportes da rede particular, masdiz que estava iniciando contato para ver se, em1977, ampliava o benefício. Sobre a cultura, elafala na ampliação do número de bibliotecasmunicipais, com a inauguração de 37 novasunidades e com o trabalho das bibliotecasvolantes, nos bairros do subúrbio que não tinhambibliotecas, além de organização de festas e umaatenção especial dada ao Planetário e ao CentroEducacional Calouste Gulbenkian. Salienta quenenhuma casa de espetáculo ou de cultura ficoude posse do município do Rio de Janeiro, entãorecentemente criado com a fusão dos antigosestados do Rio de Janeiro e da Guanabara.Esclarece, então, que partiu para fazer “cultura acéu aberto”, levando cultura, portanto, àquele quenão tinha a possibilidade de frequentar casas deespetáculo. Destrincha as ações do Plano Culturalde Ação Integrada do Departamento de Cultura, ecita cada um dos eventos que tinham sidorealizados em 1976. Em termos de política depessoal, ela destaca que, em 1976, estavaprogramada a valorização do magistério,concessão de direitos e vantagens, concursos pararemoção e admissão de pessoal. Considera quenenhuma reforma teria condições de êxito, se nãoenfrentasse, realística e audaciosamente, aquestão do salário do magistério. Reconhece queo baixo salário afastava o professor da escola,gerava desinteresse por uma profissão quepassava por um processo de amesquinhamento, eque, portanto, era urgente e profundamentenecessário rever a política salarial do magistério.A secretária, no entanto, acredita que apesar dasdificuldades, sabia que podia contar com omelhor magistério do país, que era o magistériodo município do Rio de Janeiro. Ela exalta osprofessores municipais e a valorização destespromovida pelos governos, desde o período deCarlos Lacerda. Acrescenta que tal valorizaçãopodia ser mencionada de cabeça erguida por ela,por toda a sua equipe e pela Prefeitura da Cidadedo Rio de Janeiro. Acha, também, que era damaior importância que o professor se autovalorizasse, sendo este um ponto muitoimportante a levantar. Acrescenta o significado darealização de concursos para admissão e remoçãode professores. Terezinha Saraiva enfatiza quetudo havia sido feito com apenas 25% doorçamento de 1.500.000,00 de cruzeiros,

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destinados pela Prefeitura do Rio de Janeiro àeducação, pois 75% era gasto para pagamento depessoal. Ela fala em milagre e diz que a educaçãono município do Rio de Janeiro era, de fato,prioritária, pois tinha 46% do orçamento daPrefeitura, sendo que a obrigação era de 20%.Assegura que a prestação de contas da Secretariatinha sido fácil, pois tudo que fora programadohavia sido cumprido e ainda tinham feito mais!Diz que a SME, em convênio com o PREMEM(Programa de Expansão e Melhoria do EnsinoMédio), órgão do Ministério da Educação, estavainstalando um subsistema de comunicaçãoaudiovisual, para suprir as unidades escolares deinformações técnicas e de material adequado aodesenvolvimento pleno do currículo de primeirograu. Para garantir a circulação de experiências, aincorporação de novas abordagens metodológicasno processo ensino/aprendizagem e a perfeitaintegração dos recursos humanos e materiais doprojeto, a Secretaria instalaria 10 CentrosRegionais de Multimeios, treinandoespecificamente o pessoal que neles operaria. Elaesclarece que isso não estava prometido no iníciodo ano de 1976. Registra a dificuldade encontradacom a falta de equipamentos e professores, noque concernia à educação especial e relata asações da Secretaria nesse sentido. Exalta osnúmeros, em termos de ampliação da oferta devagas nas escolas municipais. Salienta queterminara o ano de 1976 com 735.526 alunos eque seriam oferecidas, na reabertura de matrícula,em 1977, 37.949 vagas, um número menor do queo previsto, mas que evidencia a meta daSecretaria que era a melhoria do nível de ensino,já que buscava-se reduzir o quantitativo daprimeira série, fazendo com que as turmas nãotivessem mais do que 30 alunos. Refere-se aoaumento das turmas do jardim de infância e àextinção do terceiro turno nas escolas. Sobre aevasão, ela elogia a redução, de 8,8% para 3,2%,de acordo com Terezinha, um recorde até entãono Brasil. Ela é taxativa em dizer que nãoadiantava ter crianças nas escolas, não adiantavase gabar de ter quase 800 mil criançasmatriculadas. O que ela desejava saber eraquantas crianças das quase 800 mil haviamconcluído a oitava série, pois isto sim, era o quemedia a qualidade do ensino. Ao fim de suaexposição, ela assinala que tinha um duplodesafio a enfrentar em 1977: fazer mais e melhor.Ela defende a ação conjunta, em integração, emunião, para o êxito do trabalho e alcance dosobjetivos. Acredita que os resultados obtidosseriam o ponto de partida para orientação dotrabalho a ser feito. Ela menciona os objetivos:escolas para todos, redução da evasão, aumentodo percentual de aprovação, melhoria do nível deensino e ampliação dos eventos culturais. Exaltao trabalho daqueles que se dedicavam à obra da

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educação no município do Rio de Janeiro e falaem esforço conjunto, discorre sobre a importânciae responsabilidade de cada um, agradece apresença de todos e diz que esperaria pelopróximo encontro.Observação: o discurso da secretária de Educaçãoencerra-se aos 00:39:02, quando há um corte eentra outro áudio com a gravação do discurso dasubsecretária, Ailda de Souza Dias. Asinformações são as que se seguem.Ela defende que o que tinha sido apresentadorepresentava o sucesso das ações da Secretaria.Fala sobre as perspectivas de 1977 como umnovo desafio para todos e em transmissão daesperança, com uma dose de crença no espírito derealização, que tinha sido encontrado em todos osprofissionais presentes. Refere-se ao conceito deplanejamento, no que dizia respeito à políticaeducacional e suas diretrizes. Defende umprocesso dinâmico, contínuo, aberto e reajustável,interativo que culminasse em ações e decisões noato de planejar. Liga o conceito a outros que comele mantinham relação, como controle eavaliação. Cita os requisitos indispensáveis aoprocesso de planejamento, como unidade,continuidade e flexibilidade, e a existência decinco momentos do processo: estudo da situação-problema; definição de objetivos e metas; exameda viabilidade técnico-financeira da açãopretendida, compatibilização com a políticaeducacional adotada; montagem de mecanismosoperacionais e seu devido acionamento; examecrítico dos resultados obtidos (avaliaçãoformativa, durante o processo, e avaliaçãosomativa, ao final). Ela expõe o que deveria sermantido, o que deveria ser reformulado e o quedeveria ser criado, em termos de linhas de ação,no Plano Educacional em 1977:

· Cumprimento e fiscalização da obrigatoriedadeescolar dos 7 aos 14 anos, diminuindo ouatenuando os índices de evasão;

· Adoção de medidas que visassem à expansão emelhoria crescente do processoensino/aprendizagem;

· Expansão do atendimento ao pré-escolar;

· Integração do ensino particular ao planejamentoeducacional da Secretaria;

· Estímulo ao currículo pleno das escolas,considerando o interesse dos alunos e os recursosda comunidade;

· Promoção através de mecanismos adequados,constante atualização e aperfeiçoamento derecursos humanos, de modo mais racional eobjetivo;

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· Desenvolvimento de uma correta política depessoal, valorizando o magistério e, sobretudo, otrabalho do professor de turmas;

· Incentivo aos programas de saúde, educaçãofísica, educação religiosa, artística e cívica;

· Ampliação de oportunidades de educação para oexcepcional;

· Ampliação dos programas de assistência aoeducando;

· Promoção de atividades culturais na escola e nacomunidade.

E define os objetivos a serem alcançados com asdiretrizes supracitadas:

· Desenvolvimento de uma política setorial dealfabetização, visando a melhoria do índice derendimento da primeira para a segunda série;

· Estímulo ao desenvolvimento do trabalho naprimeira série, com uma assistência constante aoprofessor e ao aluno;

· Montagem, já em 1977, de um mecanismo deacompanhamento sistemático do rendimento doaluno de primeira série, quer estivesse ele naprimeira ou na segunda série;

· Atenção especial às áreas e/ou componentes queconstituíssem maiores dificuldades paraprofessor;

· Solução de alguns aspectos ligados à melhoriada supervisão educacional, como a assistênciatécnica direta ou indireta e a elaboração dedocumentos;

· Racionalização do atendimento às unidadesescolares, em termos de manutenção da rede edistribuição de mobiliário e equipamento, visandoa minimizar o processo burocrático e otimizar aaplicação de recursos, através de estudo criteriosode prioridades;

· Dinamização do funcionamento dos caminhões-oficina;

· Dinamização do processo administrativo paraconcessão de vantagens legais aos servidores,estudo para concessão automática;

· Racionalização da distribuição de merendas,material de expediente e material paradidático;

· Descongestionamento da rede oficial, buscando

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medidas administrativas que visassem à melhoriado rendimento, diminuição de três turnos nasescolas, diminuição de rodízios, diminuição donúmero de alunos/turma, além da expansão doatendimento através da concessão de bolsas deobrigatoriedade escolar.

No fim do áudio, ela fala dos números previstospara a educação em 1977, em termos dequantidade de estabelecimentos, inauguração denovas escolas, oferta de vagas e concessão debolsas, programação orçamentária e proveniênciados recursos financeiros.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.307

1. Assunto

1.1 Faixa 1As Realizações da Gestão deTeresinha Saraiva na SMEC

1.2 Faixa 2Aspectos da Política Educacionalda SMEC

2. Temas

2.1 Faixa 1Emprego dos recursosorçamentários e extra-orçamentários da pasta,convênios com o INEP, o CENESe o BNH, construção de novasescolas, a previsão de obras para1977, valor dos investimentosaplicados e as reformasestruturais realizadas nas escolasda rede municipal, expansão emelhoria da qualidade do ensino,desenvolvimento do apoiotécnico-pedagógico, atualizaçãodo magistério, novasmetodologias de ensino, políticade valorização do magistério,promoção de cursos deatualização e aperfeiçoamento,papel dos Distritos de Educação eCultura (DEC´s) na elaboração eexecução de projetos detreinamento, tarefas da Assessoriade Desenvolvimento de Pessoal,organização de cursos emmódulos, cursos voltados para asatividades artísticas e esportivas,integração escola-comunidade,condições de nutrição eaprendizagem

F1: 40:20minF2: 06:34min

F1: [1977]F2: [1977]

Faixa 1As Realizações da Gestão de Teresinha Saraivana SMECTerezinha Saraiva, secretária Municipal deEducação, fala sobre a utilização dos recursosorçamentários e extra-orçamentários para amelhoria da educação no município do Rio deJaneiro. Cita os convênios com o INEP (InstitutoNacional de Estudos e Pesquisas EducacionaisAnísio Teixeira), o CENESP (Centro Nacional deEducação Especial) e com o BNH (BancoNacional de Habitação) (deste resultou aconstrução de 25 novas escolas). Ela fala dasmedidas tomadas pela Secretaria Municipal deEducação e sobre a programação de obras para1977. Diz que na área de cultura seriam aplicados5.650.000,00 cruzeiros, refere-se às reformasestruturais necessárias e que seriam feitas emdiversas escolas, como limpeza de caixas d'água,construção de muros, troca de mobiliário, etc.Entretanto, ela reconhece que muitas escolas nãopuderam ser enquadradas no plano de obras de1977., devido à limitação dos recursosdisponíveis. Ela menciona a expansão e amelhoria da qualidade de ensino, oferecendo aosprofessores apoio técnico-pedagógico que lhespermitissem desenvolver, da melhor maneirapossível, o processo de ensino aprendizagem.Menciona que para esse fim, a Secretaria haviaprogramado, para o ano de 1977, oaprimoramento da assistência técnica indireta. Elacomenta a reedição das bases do currículo para oprimeiro grau e a necessidade de atualizar oprofessor em termos de novas metodologias,como, por exemplo, o tratamento dispensado aalunos especiais. Salienta o desenvolvimento dosrecursos humanos e a descentralização naexecução de cursos de treinamento eaperfeiçoamento de diretores, supervisores,orientadores e professores, que permitiria, a nívelregional, desenvolver-se uma programação detreinamento, que atendesse e enriquecesse osprofessores e especialistas da SecretariaMunicipal de Educação. Explica que competiriaao Distrito de Educação e Cultura elaborar osprojetos de treinamento e encaminhá-los aosDepartamentos Gerais de Educação e Cultura

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2.2 Faixa 2Educação permanente e contínua,papel da escola nodesenvolvimento do educando,nova metodologia docente,reflexões sobre a linguagem dosalunos e dos professores e seuaproveitamento nas atividadesescolares, ênfase na criação dediversas oportunidades decomunicação oral durante oprocesso de alfabetização.desenvolvimento da eficiênciaoral do aluno na leitura e naescrita, crítica à disposiçãotradicional das salas de aulas,defasagem entre planejamento eprática docente, descontinuidadedo processo de alfabetizaçãopelos professores das sériesseguintes, crença do professor naeficácia da nova metodologia.

que, após compatibilizá-los com o seu plano deação, deveriam remetê-los à Assessoria deDesenvolvimento de Pessoal da Subsecretaria,para analisá-los e incluí-los no planejamentogeral da SME, até o mês de maio do ano de 1977.Ela registra a oferta de cursos por meio demódulos de ensino e esclarece que tais módulosseriam aplicados por uma equipe, do Distrito deEducação, especialmente treinada pelo órgãocentral, a Assessoria de Desenvolvimento dePessoal da Subsecretaria. Terezinha menciona aoferta de cursos ligados mais diretamente aatividades culturais e artísticas, que propiciariam,inclusive, maior integração entre escola e acomunidade, uma vez que não se destinariamapenas aos professores das escolas municipais,mas a toda comunidade. Ela cita estudos,pesquisas e experimentos com o corpo discentecomo, por exemplo, a pesquisa, financiada peloINEP/MEC (Ministério de Educação e Cultura),sobre o estado nutricional dos alunos analfabetos,matriculados em 1977, nas escolas da redemunicipal. A pesquisa visava a proceder com olevantamento do estado nutricional dos alunos deprimeira série das escolas municipais; investigaras causas coadjuvantes da desnutrição, através deinquérito socioeconômico nutricional, junto àsfamílias das crianças; avaliar os benefícios daassistência alimentar; estudar as relaçõesexistentes entre nutrição e aprendizagem.

Faixa 2Aspectos da Política Educacional da SMECUma voz feminina, que parece a de TerezinhaSaraiva, expondo para um grupo de educadores.Ela discorre sobre educação permanente econtínuo crescimento e desenvolvimento doaluno, deforma que ele fosse capaz de superar-senum completo ajustamento à vida que ele teriaque enfrentar. Acredita que caberia à escolaatentar para o fato de que deveria explorar todo omaterial verbal trazido pela criança, e que caberiaao professor considerar que todo aluno,independente de seu meio, chega à escola comuma linguagem oral eficiente, pois, mais oumenos, ele consegue se comunicar. Aconselha oprofessor a utilizar a eficiência oral do aluno,como meio de chegar até ele, como umaeficiência complementar. Ela comenta ametodologia do professor e projetos quepoderiam ser instituídos para facilitar o trabalhodo mestre. Lança alguns questionamentos, à guisade reflexão: A escola explora o material verbaltrazido pelo aluno? Ou a expressão espontânea éconsiderada carente, indigente? Responde que osalunos não eram incentivados, suas experiências einteresses não eram aproveitados em exercíciosde linguagem oral. Pergunta: A escola utilizava,nas atividades de comunicação professor-alunos,um nível de vocabulário que fosse compreensível

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à criança? Responde que, como se via, o ideal erausar a eficiência oral que o aluno levava para aescola, como meio de desenvolver uma eficiênciacomplementar na leitura e na escrita; Faz outrapergunta: A escola enfatizava todas asoportunidades de comunicação oral, durante oprocesso de alfabetização? Ela responde quealgumas vezes, e acrescenta que até mesmo adisposição tradicional das salas de aula, em queos alunos se davam as costas e apenas o professorera visto de frente, prejudicava toda essaestratégia. Ela reconhece que havia momentos emque isto era necessário, mas, muitas vezes, osalunos precisavam comunicar-se entre si e umadisposição em círculos, ou em grupos, neste caso,era bastante desejável; Novas perguntas: a escolapossibilita ao aluno a prática de linguagem verbalem diferentes situações curriculares, tornandomais rica e precisa a sua capacidade decomunicação? A integração curricular, com umametodologia adequada, existe no documento-planejamento, mas não é uma realidade vivida nasala de aula? Os professores, das séries seguintesà primeira, sentem-se responsáveis pelacontinuidade deste tipo de trabalho? Ou, elesconsideram que a partir de segunda série tudoestá encerrado, e a linguagem oral passa a não servalorizada e apenas a preocupação corretiva,gramatical, de interpretação de textos, num tipode linguagem adulta, os preocupa? Asmetodologias previstas no planejamentocurricular são facilitadoras do propósito deintegração, tão importante para o êxito daalfabetização? Ela acentua que era isso que seesperava, que os professores fossem auxiliados aconscientizar-se da necessidade de uma linha deação, em que se valorizasse a comunicação oral eque se considerasse a alfabetização não apenascomo domínio de mecanismos. Salienta que aintegração curricular requeria o uso demetodologias apropriadas, requeria que oprofessor acreditasse numa alfabetizaçãodesenvolvida nos moldes propostos.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.308

1. Assunto

1.1 Faixa 1Palestra do Professor Joel Alvessobre As Diversas Abordagens doFato Social em Estudos Sociais ePalestra do Professor OrlandinoPereira de Jesus sobre a Educaçãoe a Estruturação do PensamentoMatemático na Escola.

2. Temas

2.1 Faixa 1Conceito de fato social,

F1: 52:45min F1: [1977/1978] Faixa 1Palestra do Professor Joel Alves sobre AsDiversas Abordagens do Fato Social em EstudosSociais e Palestra do Professor Orlandino Pereirade Jesus sobre a Educação e a Estruturação doPensamento Matemático na Escola.Assume a palavra, para iniciar a palestra, oprofessor Joel Alves. Ele cita o tema a serdesenvolvido: as diversas abordagens do fatosocial em Estudos Sociais. Adverte que é umassunto bastante rico e que poderia ser conduzidopor um sem número de caminhos. Passa a fazeruma rápida fundamentação teórica do fato socialpara depois estabelecer algumas abordagens doconteúdo eleito pelos diversos campos dasCiências Sociais. Ele conceitua fato social e adependência do indivíduo a ele, que era

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caracterização de fato social,classificação dos fatos sociais emComte, Durkheim e Pontes deMiranda, as transformações entreo fim do século XIX e o começodo século XX, comparação entreo começo e o final do século XX.caracterização do período entre ofim do século XIX e o começo doséculo XX, geração de empregospara os jovens e automação daprodução, papel da Educação naformação da nova geração.Segunda parte: Palestra doprofessor Orlandino Pereira deJesus sobre o papel do educador ea sua contribuição na formaçãodo educando, luta pelavalorização profissional domagistério, principais conceitosda Matemática, aspecto filosóficodo trabalho do matemático,natureza da linguagemmatemática aplicada à escola.

profundamente marcada, e argumenta que o fatosocial é um produto das relações entre osindivíduos. Estabelece o fato social como aorigem das relações humanas e também como umprocesso interativo. Elege algumas característicasdo fato social e explica-as. Esclarece a elaboraçãode classificações do fato social por algunscientistas sociais e a utilização de critérios parafazê-lo. Escolhe três teóricos: Augusto Comte,que parte do simples para o complexo, e do geralpara o particular, ao analisar o fato social; ÉmileDurkheim, do qual ele cita o critério deantecedência histórica, exemplificando com oaspecto religioso, jurídico, econômico, etc.; e ojurista brasileiro, Pontes de Miranda, queestabelece uma classificação numa ordemdecrescente de mando dos aspectos. Todavia, oprofessor reconhece que estava longe de esgotar ateorização do fato social nesses três teóricos. Elejustifica a escolha do tema dizendo ser o o maisrico e que poderia propiciar o tipo decomunicação que ele estava mantendo com osalunos. Ele discorre sobre o períodocompreendido entre o fim do século XVIII, todoo XIX e o início do século XX. Defende que emHistória os séculos poderiam ter mais de 100anos, para explicar que o período compreendidotinha sido o depositário das grandestransformações porque vinha passando ahumanidade. Ele cita as revoluções, não somenteno campo industrial, mas em outros, como aagricultura, o comércio, o crédito, bancos,legislação social, seguros, etc. Ele fala um poucosobre o contexto industrial da época, final doséculo XIX e início do século XX, até a eclosãoda Primeira Guerra. Relata uma nova forma decolonizar no período denominado “paz armada”,um período de competição. Comenta as mudançasno campo geográfico, as transformaçõeseconômicas engendradas pela RevoluçãoIndustrial, seus reflexos na sociedade da época,com a acentuação do êxodo para os grandescentros urbanos e as relações diplomáticas entreos países, diante das novas posições políticas.Menciona a interação de novos contextosculturais. Ele menciona a busca de uma vidamelhor pelo homem contemporâneo e cita a BelleÉpoque como um período de atmosfera sufocantepara o homem, num momento de questionamentode seu ser. Discorre sobre o progresso técnico-científico desenfreado, que gerara uma euforia nasociedade e compara o homem da virada doséculo XIX para o século XX, com o homem doséculo XX caminhando para o século XXI, noque dizia respeito às suas ansiedades na buscapelo bem-estar. Expõe a necessidade de geraçãode empregos para os jovens de então, de maneiraa garantir o futuro das nações. Acredita que osjovens deveriam ser educados para funções úteis,que contribuíssem para o desenvolvimento do

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país e que fossem uma solução para a ansiedadedo homem. Ele fala do homem do século XX e desua ansiedade. Fala que era obrigação do homemgerar empregos para todos no futuro, em trabalhoe produção para o bem-estar do homem e daprocura deste homem por novas forças detrabalho. Ele considera que seria preciso que ohomem tivesse consciência de que participava deum fato social maior. E pergunta: “Educação paraquê?” É nesse ponto que, para o professor, define-se uma das posições da escola brasileira. Registraa relação entre o homem e a máquina no campodo trabalho e suas implicações na geração deempregos. Propõe uma formação realista para osjovens, sendo estes educados para funções úteis,que contribuíssem para o desenvolvimentoeconômico-social do país. Explica que aoelaborar o trabalho, tinha usado uma linha deação. Primeiro, havia teorizado, sumariamente.Saiu da posição do fato social em face do homem,procurando defini-lo e caracterizá-lo. Lembroucritérios de classificação de um determinado fatopara, finalmente, escolher um exemplo dentremuitos e aplicar um jogo de abordagens docampo de Ciências Sociais.Observação: a exposição termina aos 00:39:34 e aela se segue uma salva de palmas de 18 segundos,começando a falar o professor Orlandino Pereirade Jesus sobre o papel do educador e o que eletinha a oferecer ao educando. Menciona a luta doeducador pelo seu lugar e pelo restabelecimentode seu exemplo. Acredita que o professor nuncadeveria subestimar a si próprio, a seus colegas eao educando. Agradece na preparação do trabalhoe saúda a todos os presentes. Relata as aspiraçõesdo homem e as motivações do meio em queestava inserido. Explicita os conceitos damatemática e menciona o aspecto filosófico dotrabalho do matemático, e da natureza dalinguagem da matemática, impostos nas escolasaos alunos, de acordo com a idade deles, com umrigor menor ou maior.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.309

1. Assunto

1.1 Faixa 1Correspondente Globo – 3Primeiras Edições

2. Temas

2.1 Faixa 1Gravação de várias edições doinformativo de rádioCorrespondente Globo,transmitidas no dia 01 de janeirode 1969

F1: 27:00min F1: 01/01/1969 Faixa 1Correspondente Globo – 3 Primeiras EdiçõesGravação de várias edições do informativo derádio Correspondente Globo, transmitidas no dia01 de janeiro de 1969.

Observação: a partir dos 00:18:09 começa aexecução de músicas, que vai até o fim da fita.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.310 F1: 23:15min F1: 1975/1979 Faixa 1O Marketing na SMEC (Secretaria Municipal de

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1. Assunto

1.1 Faixa 1O Marketing na SMEC

2. Temas

2.1 Faixa 1Importância da SMEC para aPrefeitura, uso do marketing napromoção institucional da SMEC,proposta de realização de umestudo de marketing institucional,trabalho de “relações públicas”dos agentes educacionais nasescolas e nas comunidades,criação de novos setores naSMEC ligados ao marketinginstitucional.

Educação e Cultura)Um assessor da Secretaria Municipal deEducação, jornalista, manifestando que gostariade rapidamente, em poucas palavras, proporalgumas coisas que poderiam ser feitas emconjunto. Diz que a Secretaria, a seu ver, era ocarro-chefe da Prefeitura, de onde o prefeitotiraria todos os resultados de sua administração.Ele menciona a importância do marketing nosucesso de qualquer produto. E esclarece que sepretendia fazer, na Secretaria, um estudo demarketing, para que o produto da Secretaria fossebem divulgado, difundindo a Secretaria, e otrabalho por ela realizado, conjugadamente.Acrescenta que, nesse trabalho, a iniciativapessoal da cada um deveria ser estimulada, e pedea ajuda dos que trabalhavam no órgão, para umtrabalho de relações públicas internas, nas escolase com a comunidade – pais e alunos -, fato queele considerava mais importante do que umamatéria no jornal. Ele diz que tinha 4 setores aativar na Secretaria: um de relações públicas; umde propaganda; um de informação; e um depromoção. Sobre a promoção, ele argumenta queela precisava ser feita conjugadamente, de modoa evitar que na elaboração de um calendáriopromocional, no dia X, d. Fulana fizesse umtrabalho em Copacabana e, naquele mesmo dia,na mesma hora, alguém fizesse alguma coisa emRealengo. Sobre informação, ele acredita que erao que menos interessava, mas que era preciso pôras notícias no jornal, e a propaganda seria feitaem três procedimentos: filme, cartaz e stickers.Ele discorre sobre a importância do trabalho emequipe na Secretaria Municipal de Educação doRio de Janeiro.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.311 Não está digitalizadaNada escrito

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.312

1.Assunto

1.1 Faixa 1aPosse de 106 Auxiliares deColetoria no Dia do FuncionárioPúblico – Palácio Guanabara

1.2 Faixa 1bPrograma sobre a Criação daAgência Internacional de EnergiaAtômica – Voz da América

2. Temas

2.1 Faixa 1aManutenção da paridade entre oservidor federal e o estadual,tratamento dado pelo governo aosfuncionários do estado daGuanabara, atender os não

F1a: 8minF1b: 17min

F1a:28/10/1963F1b: [1963]

Faixa 1aPosse de 106 Auxiliares de Coletoria no Dia doFuncionário Público – Palácio GuanabaraCarlos Lacerda fala sobre a manutenção daparidade entre o servidor federal e o servidorestadual da Guanabara. Lembra que os cargos dedireção e as funções de chefia no estado eram,quase sempre, superiores ao tratamento dado aoscorrespondentes no funcionalismo federal. Contaque a prioridade do governo tinha sido atenderaos trabalhadores que não tinham figurado na Leide Classificação. Explica que o governo jápermitia que esse servidor pudesse, pelo seuprogresso e pela sua capacidade, ter acesso asdiferentes carreiras do serviço público. Asseguraque era preciso libertar o trabalhador dasemiescravidão do salário mínimo. Acredita que ogoverno poderia apresentar-se tranquilo no dia dofuncionário público e que se considerava,provisoriamente, membro da classe dosservidores do estado. Alega que entendia os quese tornaram servidores por nomeação, porque não

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incluídos na Lei de Classificação,possibilidade de progressãofuncional, valorização dasempresas públicas estadual.

2.2 Faixa 1bPrograma radiofônico da Voz daAmérica sobre a criação da AIEA

havia concursos públicos como os havia então.Afirma que o seu governo fez mais pelosservidores públicos do que qualquer outraadministração da cidade. Lacerda considera queas companhias ligadas ao governo da Guanabaraeram iguais ou superiores ás companhiasprivadas. Cita o exemplo da Companhia deTelefone e da Companhia de TransportesColetivos que, segundo ele, ofereciam serviçossuperiores aos ofertados pela Ligth.

Faixa 1bPrograma sobre a Criação da AgênciaInternacional de Energia Atômica (AIEA) – Vozda AméricaPrograma de rádio sobre a criação da AIEA,alternando a narração com depoimentos deespecialistas em energia atômica.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.313

1. Assunto

1.1 Faixa 1Entrevista do GovernadorLacerda na TV Paulista

1.2 Faixa 2Entrevista do GovernadorLacerda na TV Paulista

2. Temas

2.1 Faixa 1Lacerda avalia a “Revolução” de1964, causas da chamada“Revolução”, esvaziamentopolítico do Congresso Nacional edo Poder Legislativo,possibilidade de eleições e acandidatura de Lacerda, subida dodólar, críticas à políticaeconômica do governorevolucionário e a RobertoCampos, distanciamento daequipe econômica da realidadebrasileira, “duelo” entreestruturalistas e financistas,Quarto Centenário do Rio deJaneiro.

2.2 Faixa 2Farpas de Lacerda em relação aogoverno revolucionário, plano deabastecimento da Guanabara,críticas de Lacerda à composiçãodos ministérios do governorevolucionário, críticas à equipe eà política econômica do ministroRoberto Campos

F1: 70 minF2: 25 min

F1: [1964/1965]F2: [1964/1965]

Faixa 1Entrevista do Governador Lacerda na TV Paulista- Programa Por quêO apresentador, Arruda Júnior, pergunta a CarlosLacerda porque se havia feito uma “Revolução”no Brasil. O governador responde que a“Revolução” não podia deixar de ser feita porqueo Brasil estava ameaçado de perder a paz, aliberdade e a sua possibilidade de melhorar.Lacerda adverte que era muito cedo para sedesesperar e muito tarde para perder a paciênciacom a “Revolução”. O jornalista diz que a“Revolução” havia provocado um esvaziamentodo Congresso e do Poder Legislativo. Pergunta seo preço pago pelo Congresso não era muito alto ese não seria melhor criar uma Constituinte.Lacerda considera que o Congresso havia seesvaziado antes, tornando a “Revolução”indispensável. Alega que o Congresso havia sidodominado por uma oligarquia política eeconômica que usava o vocabulário dademocracia e a mecânica da democracia paradeixar de pé um sistema herdado da antigaditadura. Lacerda afirma que o Congressoprecisava se aproximar mais dos interesses dopovo e que o Poder Legislativo precisava fazer asua própria reforma. Arruda Júnior lembra quelogo que voltou ao Brasil Lacerda havia feitoduras críticas ao governo revolucionário. Mas,observa que o governador tinha poupado opresidente de suas críticas mais recentes epergunta se, com todos os poderes que a“Revolução” dera ao presidente, ele não deveriaser responsabilizado inclusive pelos errosapontados por Lacerda, recentemente. Ogovernador concorda, mas ressalta que estes errosnão eram nem irremediáveis, nem intencionais.Lembra que não ressalvava apenas o presidente,mas a “Revolução” e alguns membros do seugoverno, também. Apenas considera difícil levara frente uma “Revolução” com tão poucosrevolucionários no governo. Um telespectador

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pergunta se o governador iria licenciar-se dogoverno para assumir um cargo no governofederal. Lacerda retruca que não. Outrotelespectador pergunta se haveria eleições e seLacerda seria candidato. Lacerda diz que sehouvesse eleição, seria candidato, e como iriahaver eleições, ele seria candidato. Mais umapergunta de um telespectador: Porque a“Revolução” mudara de rumo? Lacerda diz quea “Revolução” não mudara de rumo, mas aindanão encontrara todo o seu rumo. Umtelespectador pergunta porque o dólar tinhasubido? Lacerda argumenta que não eraespecialista no assunto, mas supunha que o dólarestava alto porque estava em falta no Brasil.Aproveita para criticar o ministro doPlanejamento que, no Plano Econômico doGoverno, defendera que não se deveria investirem modernização das indústrias brasileiras, poisisso poderia acarretar desemprego. Lacerdaretruca que não entendia como um economistaformado em Harvard pensava como os ludistas(movimento contrário à mecanização introduzidacom a Revolução Industrial). Assegura queRoberto Campos estava pregando o medo aoprogresso. O apresentador pergunta se faltava, àequipe econômica do governo, mais contato coma realidade brasileira. Lacerda concorda e diz queo Brasil estava sendo governado principalmentepelos assessores e quem tinha sido assessor a vidainteira não sabia comandar. Comenta que seriabom que estas pessoas tivessem mais contato coma realidade brasileira e ressalta que era o queestava tentando fazer o ministro Otávio Bulhões.Acredita que o Brasil estava assistindo a umduelo entre os economistas estruturalistas e osfinancistas. Segue-se a apresentação de gravaçãode música dos “Demônios da Garoa”, emhomenagem ao governador Carlos Lacerda e àpopulação da Guanabara no Quarto Centenário daCidade do Rio de Janeiro.

Faixa 2Entrevista do Governador Lacerda na TV PaulistaO apresentador pergunta se o governador nãoconsiderava lastimável que a Guanabara fosse oúnico estado a ter uma ideia sobre abastecimento.Lacerda responde que a Guanabara era um estadoeminentemente consumidor, que só produzia 5%do que consumia, por isso a sua preocupação como abastecimento. Menciona que a Guanabara erao menor estado do Brasil, mas tinha tradição eresponsabilidade. Argumenta que tinha avantagem de ser jornalista, por se inteirar dosassuntos com rapidez. Lacerda considera que nãoera nenhum bicho de sete cabeças acabar com oproblema do abastecimento no Brasil. Afirmaque não era possível fazer a “Revolução” econtinuar a cometer os mesmos erros de 30 anosatrás. Pergunta como os trabalhadores podem

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levar a sério a “Revolução”, quando o ministro doTrabalho que eles encontravam tinha sidoassessor dos antigos ministros do Trabalho.Lacerda diz que quando via Amaral Peixoto,depois de tantos anos, voltar à circulação comolíder nacional, perguntava se a “Revolução” nãoestava atrasada alguns minutos no meridiano deGreenwich. Acredita que era hora de se prepararuma nova geração de homens públicos, que o paísestava cansado das mesmas caras e da falta deideias. O jornalista pergunta porque não tinhaacontecido o aumento do salário mínimo.Lacerda, então, lê um documento em que oministro Roberto Campos alerta para o risco deque o aumento do salário mínimo provocassedesemprego. Lacerda alega que esta ideia erareacionária e, sobretudo, irracional. Uma vez queo salário era condição de consumo e o consumoera condição de produção. Pergunta de umespectador do auditório sobre o que ele achava arespeito da atuação dos outros ministros dogoverno Castelo Branco, excetuando-se o doplanejamento, Roberto Campos. Ele responde quea melhor definição que tinha ouvido sobre aatuação de Milton Campos no Ministério daJustiça fora a de Júlio de Mesquita: “Pedir a umjurista, com vocação de magistrado, que fosse oministro da Justiça de uma “Revolução”, eracomo pedir a uma superiora de um colégio defreiras que organizasse um ballet de striptease.Considera que este era o problema, o homemcerto no lugar errado. Quanto aos outros, preferianão comentar.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.314

1. Assunto

1. Faixa 1Reunião Plenária das ClassesProdutoras

2. Temas

2.1 Faixa 1Comentários sobre as lutaspolíticas nacionais, defesa dademocratização autêntica daassociações profissionais detrabalhadores e empresários,crítica à eleição de comunistaspara a direção da CGT, os efeitosda crise institucional do paíssobre a Guanabara, comentáriossobre impostos estaduais, críticasà imprensa oposicionista,informações sobre osempréstimos pleiteados junto aoBID, criação da CETEL

F1: 25 min F1: [1963] Faixa 1Reunião Plenária das Classes ProdutorasO governador Carlos Lacerda agradece apresença de todos ma reunião. Alega que era falsaa ideia de que estava havendo, no Brasil, umaluta entre a extrema esquerda e a extrema direita.Lacerda argumenta que os dois extremos estavamirmanados, assim como no início da SegundaGuerra, nazistas e comunistas se uniram. Lacerdaafirma que os democratas desejavam que asassociações profissionais dos trabalhadores, comoas das classes dirigentes das empresas, tivessemuma vida real, uma autenticidade, se exprimissematravés de uma composição autenticamentedemocrática. Mas, alerta para a transformaçãodos pelegos de ontem nos pelegos de então.Acredita que a Segunda Confederação deTrabalhadores do Continente Americano tinhasido entregue à direção e à orientação da QuintaColuna comunista. Adverte que o resultado destaentrega iriai ser uma sucessão de greves ilegais,comandadas pelos comunistas. Fala sobre oesforço do seu governo para dar uma estruturasólida ao estado da Guanabara. Porém, alega quea instabilidade institucional, administrativa epolítica do governo federal impediam que esteesforço tivesse pleno êxito. Defende a mudança

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de critério da cobrança do imposto predial peloseu governo e garante que o único impostoaumentado na sua gestão tinha sido o imposto devendas e consignações. Lacerda afiança que aalíquota do imposto predial não fora alterada,apenas tinha sido alterado o conceito para o seulançamento. Acusa os jornais de estaremcomemorando o fato do Banco Interamericano deDesenvolvimento ainda não ter concedidoempréstimos pleiteados pela Guanabara, comvistas à realização de obras da água, esgoto erecuperação das favelas. Ressalta que os projetosjá tinham sido aprovados, mas o BID (BancoInteramericano de Desenvolvimento) estavaesperando apenas a aprovação da taxa d’águapara que o governo pudesse garantir o pagamentodos empréstimos. Explica a decisão do governodo estado de criar uma nova companhia detelefone, mas sem desprezar a concessionária emfuncionamento. Por isso, propõe uma associaçãode interesses, em que a atual concessionária fossesócia da futura. Defende-se da pecha de direitista,que considerava uma expressão vaga e cada vezmais anacrônica. Questiona se Perón era dedireita ou de esquerda, se Fidel Castro era dedireita ou de esquerda. Lacerda diz que osdemocratas, que sofriam os efeitos da esquerda eda direita, diziam que os que se pareciam sejuntavam, e se uniam sempre contra ademocracia.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.315Assunto

1.1.1 e 1.1.2 Faixa 1a e 1bEntrega das Chaves ao ClubeHumaitá e Entrega das Chaves àU.M.E

1.2 Faixa 2Inauguração da Nova Sede daUniversidade do Estado daGuanabara

1.3 Faixa 3Posse dos Novos Defensores doEstado

1.4 Faixa 4Inauguração da Escola Júlio deMesquita

1.5 Faixa 5 Homenagem ao Deputado RaulBrunini no Leme Shye

1.6 Faixa 6Inauguração da Escola LuizCamilo

1.7 Faixa 7

F1a: 15 minF1b: 13 minF2: 21 minF3: 16 minF4: 12 minF5: 55 minF6: 30 minF7: 20 min

F1a: 15/05/1963F1 b: 15/05/1963F2: 28/03/1963F3: 20/05/1963F4: 30/08/1962F5: 28/01/1964F6: 15/05/1963F7: 21/04/19631.

Faixa 1aEntrega das Chaves ao Clube Humaitá e Entregadas Chaves à U.M.EO governador Carlos Lacerda fala sobre a doaçãodo estado de um prédio para ser sede de umaassociação que congregava sargentos e sub-oficiais da Marinha. menciona que era defensorda liberdade, que só sobrevivia onde existisse e semanifestasse a autoridade legítima. Advoga quenão havia sociedade organizada em que as ForçasArmadas não assentassem na disciplina. Elogia ossargentos do Clube Humaitá. O presidente doClube Humaitá, o sargento Raimundo SilvaPereira. Agradece ao governador do estado porproporcionar esta nova sede ao clube. Acrescentaque o clube ministrava cursos para os associadosampliarem seus conhecimentos para a vida militare também proporcionarem dias melhores paraseus familiares e entes queridos. O almiranteSílvio Heck explicita sua satisfação e o dever depublicamente manifestar o justo reconhecimentoao governo do estado da Guanabara. Lembra quea reivindicação de uma sede para o clube eraantiga, mas nunca tinha sido acatada por outrosgovernantes, até que Lacerda a atendeu. Oalmirante lamenta o aumento do custo de vida.Assinala que estavam presentes à cerimônia osverdadeiros sargentos, sub-oficiais e praças,aqueles que não formavam com os que no sábadohaviam pregaram a insubordinação e a revolta.

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Inauguração do Túnel Major Vaz

2. Temas

2.1.1 Faixa 1aDoação de prédio para sede daAssociação dos Sargentos e Sub-oficiais da Marinha, papel dadisciplina nas Forças Armadas,agradecimentos do presidente doClube Humaitá ao governadorLacerda, agradecimentos doministro Sílvio Heck aogovernador pela doação do prédioe reafirmando o papel das ForçasArmadas, discurso deencerramento do governadorLacerda

2.1.2 Faixa 1b:Doação de prédio-sede paraentidade estudantil democrática,defesa da participação políticados estudantes, crítica à diretoriada UNE, elogios ao espírito deluta e á mentalidade democráticados estudantes cariocas, discursodo presidente da UME,agradecimentos e compromissocom o regime democrático.

2.2 Faixa 2Apoio do governo do estado àexpansão e à consolidação daUEG, importância do HospitalUniversitário das Clínicas para oensino médico, prioridades daUEG, importância da revoluçãocultural e técnica, cobrança docompromisso das universidadescom a expansão da cultura, defesade uma base doutrinária para oprogresso e o desenvolvimento dopaís, relação entre riqueza de umpaís e existência escolas, relaçãoentre a expansão da miséria e adominação do comunismo,ofensiva comunista no campoeditorial.

2.3 Faixa 3Discurso de Carlos Lacerda,posse aos selecionados noconcurso, reconhecimento domérito pessoal dos aprovados edo empenho e dedicação doProcurador Geral de Justiça eassessores na realização doconcurso, elogios aos aprovados e

Afirma que o povo podia ficar tranquilo, que asForças Armadas iriam cumprir com o seu dever.O governador Carlos Lacerda agradece o discursodo Almirante e a presença de todos. Agradecetambém o discurso do presidente do clube edeseja que tenha anos de êxito, felicidade eprestasse serviços aos seus associados e às suasfamílias.

Faixa 1bEntrega das Chaves à UME (União Metropolitanados Estudantes)Carlos Lacerda manifesta sua felicidade porreceber estudantes no Palácio Guanabara. Diz queo governo entregava o prédio com sacrifício, mascom enorme prazer para sede da UME. Lacerdamenciona a proibição, pela Constituição, dogoverno do estado doar prédios, mas ressalta queo governador podia fazer a cessão de imóveis.Lembra que a UME fora despejada da UNE, porter uma diretoria democrática. Considera que osestudantes deveriam estudar, mas tambémdeveriam aprender fora das escolas, naUniversidade da vida. Espera que a UNE voltassea ser uma organização democrática e não umaorganização da Quinta Coluna, com estudantesprofissionais pagos por Moscou, treinados emPraga ou em Cuba, para matarem-se uns aosoutros. Saúda o espírito de luta e a compreensãodemocrática dos estudantes da UME. Opresidente da UME, José Antabe, elogia odiscurso do governador e afirma que osestudantes estavam muito satisfeitos com arealização de um sonho. Assinala que a sede iriapermitir que a UME atendesse melhor aosestudantes universitários. Ele garante que osestudantes não permitiriam a mudança do regimedemocrático no Brasil.

Faixa 2Inauguração da Nova Sede da Universidade doEstado da GuanabaraO governador Carlos Lacerda reitera o apoio dogoverno do estado à expansão e à consolidação daUEG (Universidade do estado da Guanabara).Menciona a importância que o governo atribuía àrecuperação e entrada em pleno funcionamentodo Hospital das Clínicas que representava umadoação justa do estado à Universidade. Diz que aUEG tinha conseguido o que a Universidade doBrasil tentava havia 20 anos, dar ao ensinomédico um hospital de clínicas. Considera queuma das prioridades seria levar a Universidade aomaior número dos que a ela não tinham podidoascender e trazer para a Universidade o maiornúmero dos que a ela tinham conseguido chegar.Menciona que seria uma atribuição da DivisãoCultural da Reitoria da UEG, que seriaresponsável também por buscar recursos ecolaboração para a Universidade. Lacerda afirma

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à banca examinadora doconcurso, discurso do ProcuradorGeral de Justiça, reconhecimentodo espírito e dos propósitosdemocráticos do governo doestado na realização do concurso,discurso do defensor público,referência à origem do MinistérioPúblico, a exemplaridade doconcurso do estado da Guanabara.

2.4 Faixa 4Rotineiro na inauguração deescolas, relação entre democraciae educação, importância do nomedado às escolas estaduais,homenagem prestada a Júlio deMesquita. E a obra realizada pelojornalista

2.5 Faixa 5Discurso de Oliveira Belo emnome do Diretório Regional daUDN, exaltando qualidades deCarlos Lacerda, discurso de RaulBrunini agradecendo elogios,discurso do deputado ArnaldoNogueira como representante dabancada federal da UDN,discurso do deputado estadualDomingos D`Ângelo, em nomeda bancada estadual da UDN,discurso da secretária estadual deServiço Social, SandraCavalcante, discurso de oradornão identificado

2.6 Faixa 6Dados biográficos de LuizCamillo, organização do Centrode Documentação, Arquivo eBiblioteca do Itamaraty,Manifesto dos Mineiros, oposiçãoao fascismo e ao Estado Novo,entrevista de José Américo deAlmeida ao jornal Correio daManhã, Sociedade de Assistênciaaos Lázaros do Estado daGuanabara, escola especializadapara filhos de hansenianos

2.7 Faixa 7Referências à biografia do majorRubens Vaz, homenageado com onome do túnel, defesa daliberdade e do desarmamento,eleições estaduais, crise política ede desabastecimento, obraspúblicas e geração de milharesempregos, agradecimentos aos

que só nos países atrasados e ignorantes ainda sefalava em revolução social, porque a revoluçãoda cultura, da técnica, do espírito haviam tornadoa revolução social um ato reacionário eretrógrado. Acredita que o caminho da técnicatornaria impossível a existência de umaaristocracia, assim como tornaria inconveniente aimplantação de uma tirania. Para Lacerda, umpaís como o Brasil, com as suas imensaspossibilidades, deveria tomar posição, e os seushomens da universidade, que eram os formadoresdo comando da vida social, não podiam eximir-se do seu compromisso com a cultura. Acreditaque o país precisava ter uma base doutrinária, daqual ele pudesse levantar voo para a aventura doseu progresso e do seu desenvolvimento. Faz umapelo para os homens de consciência, quecompreendessem os seus deveres, na sua legítimainquietação com a pobreza, na sua legítimainconformidade com a miséria, no seu desejo detransformar o atraso em progresso, que não sedeixassem confundir e não dissessem tolicescomo a de que o país só poderia ter escolasquando fosse rico. Lacerda afiança que era ocontrário, os países só seriam ricos quandotivessem escolas. Outra tolice, segundo Lacerda,era dizer que não existia o problema da misériano comunismo, quando se sabia que o problemada miséria era agravado pela permanência doscomunistas no poder. Lacerda critica o vazioeditorial existente no Brasil, o que permitia aofensiva ideológica altamente aguerrida,preparada e financiada com dinheiro público, domovimento editorial comunista.

Faixa 3Posse dos Novos Defensores do Estado Ogovernador Carlos Lacerda assinala que era umahonra poder dar posse a homens queconquistaram a função que iriam exercer, pelaporta larga, mas difícil, do serviço público.Comenta que os 12 defensores públicosempossados podiam orgulhar-se de não dever oposto que iriam exercer a ninguém, senão a simesmo. Agradece o empenho do procurador geralda Justiça João Batista Cordeiro Guerra, para queo concurso fosse realizado. Destaca, também, acolaboração da dra. Amélia Duarte. Lacerda fazoutros agradecimentos e pede desculpa se porventura tivesse omitido algum nome. Lê o nomedos 12 novos defensores públicos. O procuradorgeral da Justiça, João Batista Cordeiro:. Elogia osnovos defensores e a banca examinadora doconcurso. Destaca que o espírito democrático dogoverno e o propósito de dar a todos uma justaoportunidade tinham sido fundamentais para queo concurso fosse realizado. Agradece a confiançado governador que permitiu que ele tivessetranquilidade para trabalhar. Elogia aadministração do governador Carlos Lacerda. O

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engenheiros e trabalhadores,economia no material deacabamento do túnel

defensor público, Sérgio André Ferreira, assinalaque a nomeação como defensor público seria parasempre um marco inesquecível na vida dosempossados. Discorre sobre a origem doMinistério Público, na França no século XIV.Ressalta a evolução da instituição que ganhavacada vez maior autoridade, independência eautonomia. Enfatiza que o Ministério Público erao guardião da sociedade e da lei, o fiscal epromotor da sua fiel execução. Relaciona asatribuições do Ministério Público e afiança que oconcurso tinha se tornado um exemplo paraoutros administradores e um incentivo para osestudantes. Menciona a dedicação dosorganizadores do concurso, para que tudotranscorresse na mais absoluta perfeição.

Faixa 4Inauguração da Escola Júlio de MesquitaO governador Carlos Lacerda conta que já setransforara em rotina a inauguração de escolas naGuanabara. Comenta que não se poderia chamaro Brasil de democracia enquanto o povo nãotivesse acesso às próprias fontes dela. Consideraque a Guanabara estava caminhando para acompleta redenção educacional do povo. Ressaltaque a sua preocupação não era apenas abrirescolas, mas fazer construções que não fossemsuntuosas, mas simples, que fossememinentemente funcionais. Lacerda afirma queum dos fatores que considerava importantes nasescolas era o nome de seus patronos. Defendeque tudo na escola era educativo, inclusive onome. Assinala que entre tantas homenagenspossíveis a Júlio de Mesquita, o governo quis quea homenagem fosse aquela, o nome de umapequena escola em Bangu. Recorda que Júlio deMesquita foi o que o verdadeiro jornalista teriaque ser, o que o verdadeiro cidadão teria que ser,um educador. Lacerda afirma que Júlio deMesquita havia realizado no Brasil uma obra que,talvez, apenas naquele período adquirisse suaplena significação. Fala sobre os filhos deMesquita que mantinham o jornal da família, emSão Paulo, assim como a família Marinhomantinha O Globo, na Guanabara, e a famíliaCaldas, proprietária do jornal Correio do Povo,no Rio Grande do Sul. Lacerda considera estesjornais patrimônio nacional. Continua a fazerelogios a Júlio de Mesquita. Cita as campanhasmemoráveis criadas por Júlio de Mesquita e oprograma que formulou para a revisão daestreita, medíocre e mesquinha concepção da vidapartidária no Brasil.

Faixa 5Homenagem ao Deputado Raul Brunini, no LemeShyeO doutor Oliveira Belo diz que tinha ficadohonrado ao receber o convite para falar, em nome

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do Diretório Regional da UDN, naquelacerimônia. Menciona que Raul Brunini eracompanheiro, líder e amigo de todas as horas. Emrápidas palavras, afirma que a vida pública deBrunini tinhas se caracterizado pela sua extrema ecompleta lealdade ao partido. Ressalta queBrunini havia permanecido no partido, quandooutros o deixaram. Elogia Brunini por enfrentartodas as dificuldades e todas as lutas eingratidões, em nome da UDN. Elogia também afidelidade de Brunini a seu amigo e seu líder, ogovernador Carlos Lacerda. Destaca que, leal efiel à UDN, Raul Brunini era aquele deputado quesempre representara, com absoluta integridade, osideais e aspirações do partido. Despede-seagradecendo a todos a atenção às suas ligeiras einsignificantes palavras. Raul Brunini respondeque, como presidente da Assembleia Legislativa,dignificaria o cargo e honraria o partido. Odeputado Arnaldo Nogueira conta ter sesurpreendido, ao ser convidado a falar, em nomeda bancada federal, sobre o deputado RaulBrunini. Esclarece que conhecera Raul Bruninimuito antes de o encontrar na Câmara deVereadores. Diz que Raul Brunini era umidealista e nunca tinha se aproveitado de suaamizade com o governador, para tirar proveitosparticulares. Faz muitos elogios a Brunini. Desejafelicidades a Raul Brunini e que ele mantivesse apostura que sempre tivera na presidência daAssembleia. O deputado Domingos D’Ângelofala em nome da bancada estadual do partido.Comenta que a homenagem o fazia lembrar-sedos tempos de ginásio, da fábula do lobo e docordeiro. Fala que se sentia o cordeiro, por ser omais modesto da bancada que tinha aresponsabilidade de prestar homenagem a RaulBrunini. Elogia os discursos anteriores e tambémelogia a lealdade de Brunini. Afirma que tinhaorgulho de falar neste dia, em nome da bancadaestadual do partido. Dirige-se a Raul Brunini edeseja que Deus o abençoasse, o iluminasse e queele continuasse sendo aquele homem que sabiaser fiel à sua palavra, o que atualmente era cadavez mais raro. A secretária de Serviço Social,Sandra Cavalcanti, assinala que a honra dehomenagear Brunini falava muito fundo aocoração. Promete tentar controlar a emoção, paradar um testemunho fiel de um padrão defidelidade, um testemunho verdadeiro de umpadrão de homem público. Sandra sustenta que alealdade e a fidelidade de Brunini não sepautavam pela entusiasmada solidariedade queele prestava ao governador, pois era o governadorque era fiel aos ideais que norteavam Brunini.Sandra Cavalcanti considera Brunini um exemplode homem público que se colocava a serviço dasua comunidade, a serviço do bem comum.Afiança que o governador vinha desempenhando,havia vários anos, o papel de simbolizar, na vida

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pública brasileira os ideais que moravam nocoração de todos os udenistas e, por isso, eranatural a sua afinidade com Brunini. Um oradornão identificado homenageia a mulher de RaulBrunini, Neusa Brunini, presente à cerimônia.Estende a homenagem ás mulheres cariocas ereconhece que as mulheres de políticos sofriam,principalmente quando o político era de oposição.

Faixa 6Inauguração da Escola Luís Camilo (de OliveiraNeto)Agradecimento de uma aluna ao governador daGuanabara pela inauguração de uma escola emJacarepaguá. Luis Felipe, representante da famíliade Luís Camilo, patrono da escola agradece ahomenagem feita à memória de seu pai, eruditohistoriador que amou como poucos o Brasil, apátria em que nasceu. Lembra que seu paidefendera a restauração democrática do Brasil,em 1945. Espera que os estudantes da escolaaprendessem com o exemplo de seu pai, quehavia estudado em uma escola simples, mas queaprendera a amar sua pátria, a democracia e aliberdade. A senhora Eunice Nibar -representante da Sociedade do Estado daGuanabara de Assistência aos Lázaros - agradeceao governador pela inauguração da escola que iriaeducar os jovens do bairro e promover umaaproximação da coletividade de Jacarepaguá.Elogia Otávio Mangabeira, patrono da Fundaçãoque auxiliou a construção da escola. Consideraque o patrono da escola foi um dos jornalistasmais brilhantes do século. Eunice comenta queera uma escola diferente, porque acolhia criançasque eram órfãs de pais vivos. Menciona que eraum dia glorioso para o educandário e que só ogovernador havia reconhecido que os filhos doshansenianos tinham direito à escola. Ela acreditaque os alunos serão homens úteis, preparadospara servirem ao Brasil. O governador CarlosLacerda conta que pediu o adiamento dainauguração da escola, porque não queria estarausente da abertura de uma escola com o nome deLuis Camilo. Lacerda recorda que Luis Camilopertencia àquele tipo, pouco abundante dehomens no Brasil contemporâneo, queprovavelmente não apareceria nos livrosescolares, mas sem os quais a História que seaprendia nas escolas teria um rumo totalmentediferente. Lacerda lembra que Luís Camilo haviaorganizado o arquivo e a biblioteca do Ministériodas Relações Exteriores e que a organização tinhasido tão bem feita que o arquivo foi elevado ácategoria de um repositório mundial, sem o qual aHistória do Brasil e do continente americano seriadiferente. Salienta que, de repente, Luís Camilopassou a se preocupar mais com a História dopresente do que com o passado do Brasil. Lacerdaconta que Luís Camilo havia se dedicado

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integralmente à articulação do que foi entãochamado de “Manifesto dos Mineiros”. Acreditaque Luis Camilo tinha arriscado a sua vida e atranquilidade da sua família para que o Brasil nãose tornasse um satélite do fascismo. Ressalta quefoi Luís Camilo que o havia aproximado de umhomem público, José Américo de Almeida, quelhe dera uma entrevista que acabaria com acensura [no Estado Novo]. Diz que Luis Camiloperegrinou pelos jornais procurando um quepublicasse a entrevista feita por Lacerda, atéconseguir que o Correio da Manhã a publicasse.[A entrevista teve enorme repercussão e O Globo,aproveitando o ensejo, lançou, então acandidatura do brigadeiro Eduardo Gomes àPresidência da República].

Faixa 7Inauguração do Túnel Major VazConteúdo igual ao da fita 189, faixa 4, nosprimeiros 10 minutosCarlos Lacerda avisa que tinha vindo àinauguração cultivar a memória de um herói,pregar a defesa da liberdade em nome do futuro epedir o desarmamento em nome da liberdade.Considera que o melhor meio da populaçãodemonstrar a sua sinceridade, era continuar atrabalhar todos os dias como se nada tivesseacontecido. Acredita afastadas as ameaças quepesavam sobre o estado, com a resposta queaquele dia o povo do estado teria dado nas urnas.Afirma que não temia nenhuma ameaça, porquenão provocava, mas também não queria serprovocado. Menciona estar cansado de crises eprovocações e assinala que toda vez que haviauma provocação, começava a faltar açúcar ouarroz. Diz que as obras públicas da Guanabaraasseguravam o emprego a milhares detrabalhadores que ficariam desempregados,graças a inflação de um lado e a deflação do outroambas promovidas pelas mesmas autoridades.Agradece aos engenheiros e trabalhadores quetinham construído o túnel em tempo recorde.Destaca que poupara 35 milhões de cruzeiros, aodecidir não fazer um acabamento de mármore notúnel. Lacerda afirma que o dinheiro poderia serusado na construção de 3 escolas e acredita queera mais importante a quantidade de obras do queo luxo no acabamento delas.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.316

1. Assunto

1.1 Faixa 1Posse do Administrador Regionalde Santo Cristo, dr. JoãoTrancoso

2. Temas

F1: 30 min F1: 27/03/1963 Faixa 1Posse do Administrador Regional de SantoCristo, dr. João TrancosoCarlos de Jesus Guerreiro Ramos, presidente daSociedade de Amigos do Bairro de Santo Cristo eAdjacências (SASCA), diz que a sociedade quepresidia sentia-se jubilosa e invadida por umaonda de esperança, com a inauguração daAdministração Regional da Zona Portuária.Afirma que Santo Cristo e os outros bairros daZona Portuária não recebiam atenção desde o

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2.1 Faixa 1Criação das RegiõesAdministrativas e adescentralização política,Associações de Amigos dosbairros de Santo Cristo, do Morrodo Livramento e do Caju,obras de melhoramentos urbanosna região, asfaltamento da ruaTavares Guerra, no Caju,abandono dos bairros e a revoltada população, comício de possedo administrador regional,promessa de construção de umchafariz e de um ginásio

governo de Rodrigues Alves. Recorda quequando foram procurar o governador para quedesse atenção ao bairro, ele já estavaprofundamente interessado na recuperação daregião. Elogia o governador, embora garanta quea sociedade era apolítica, e elogia a escolha doadministrador regional. Afirma que suasreivindicações eram para toda a Zona Portuária,não apenas para o bairro de Santo Cristo, e que aSASCA iria atuar ao lado das outras duassociedades da região. Espera que os doisprincipais problemas da região, o abastecimentod’água e a coleta de lixo, fossem resolvidos. Pedeque os moradores, que ainda não se tinham filiadoà Sociedade, que se filiassem, mesmo quetivessem ideias divergentes, pois todacontribuição seria válida. Giácomo Novelli –representante da Sociedade de Amigos do Morrodo Livramento – SEMOL - sustenta que o bairroda Saúde vivia uma das noites mais gloriosas dasua existência, porque o bairro sempre foraesquecido pelas autoridades. Elogia o governadorCarlos Lacerda por estar dando atenção aobairro. Diz que não tinha votado em Lacerda, masque era, então, um dos seus soldados. Pede que ogovernador visitasse o bairro de vez em quando,que continuasse dando atenção ao local. Lembraque havia escrito várias cartas ao governador,para que ele nomeasse o administrador regional,e elogia a escolha de João Trancoso. Arlindo deMorais – representante da Sociedade Amigos doBairro do Caju, elogia o governador porque osmoradores do Caju já tinham começado a receberbenefícios. Diz que era a primeira vez que seestava fazendo obras no Caju. Pede que fosseasfaltada a rua Tavares Guerra, onde existiam oúnico cinema e a única Igreja Católica do bairro.Cobra do governador o cumprimento da promessade campanha, de construção de uma escola noCaju. João Trancoso e Trancoso – AdministradorRegional da Zona Portuária - , comenta que logoque chegara, tinha percebido que a ZonaPortuária não era melhor nem pior que nenhumaoutra região da cidade, apenas estava abandonadapelos governantes .Por isso, sua população erainquieta e impaciente. Elogia a descentralizaçãoadministrativa de Lacerda e enumera as obras queseriam realizadas, na região, pelo governo daGuanabara. O governador Carlos Lacerdaenfatiza que a Região Administrativa poderiaestar instalada havia muito tempo, mas, apenasem dezembro, a Assembleia Legislativa tinhaautorizado o governo a implantar as R.A. Explicaque escolheu João Trancoso por suas qualidadesverificadas quando ele foi auxiliar do engenheiroPiragibe, na administração da Zona Central.Comenta que aquele era o comício mais estranhodo qual já participara em sua vida, porque era aprimeira vez que participava de um comícioexclusivamente administrativo, para discutir os

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problemas de um bairro. Ressalta que osproblemas atingiam a todos e estavam acima dasdivergências políticas, e que, depois de eleito,nunca se preocupara em saber quem tinha votadonele, porque governava para todos. Prometeconstruir um chafariz e um ginásio no bairro.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.317

1. Assunto

1.1 Faixa 1:Inauguração da AdministraçãoRegional do Rio Comprido

2. Temas

2.1 Faixa 1Eficiência do governo de CarlosLacerda, apoio à nomeação doadministrador regional do RioComprido, cooperação entre osadministradores regionais do RioComprido e de Santa Teresa,discurso do administradorregional do Rio Comprido, JoséEiras Pinheiro, Rio de Janeirocapital cultural do país, defesa dadescentralização administrativa,funções do administradorregional, principais problemas daAdministração Regional,melhoramentos no Catumbi e aurbanização das favelas, discursodo governador Carlos Lacerda,viabilidade da construção dotúnel Catumbi-Laranjeiras,realizações do governo, aumentoda oferta de vagas nas escolas,construção do túnel Rebouças,implantação do sistema telefônicoem Campo Grande.

F1: 30 min F1: 01/04/63 Faixa 1Inauguração da Administração Regional do RioCompridoEduardo Rodrigues, representante da ComissãoPró-Melhoramentos do Bairro de Fátimaconfirma que todos os moradores do bairroreconheciam o eficiente trabalho de CarlosLacerda à frente do governo da Guanabara.Declara o seu entusiasmo com a escolha de JoséEiras para o cargo de administrador regional.Esclarece que deveria permanecer entre aComissão Pró-melhoramentos, o administradorregional José Eiras e o responsável administrativopelo bairro de Santa Teresa, Felipe Cardoso, emclima de paz, harmonia e colaboração. Oadministrador regional, José Eiras Pinheiro.lembra que apesar de ter perdido a condição decapital do país, o Rio de Janeiro tinha mantido ascaracterísticas inatas de capital da cultura, daarte, da técnica e também da politização. Acreditaque o estado da Guanabara seria inadministrávelse não houvesse uma administraçãodescentralizada.. Afirma que a centralizaçãoadministrativa levava ao caos, ao desastre, áinépcia, à ausência e à omissão do governo .Elogia o governador Carlos Lacerda por tercriado as Administrações Regionais. Explica queo administrador regional era o representantedireto do governador, com capacidade ecompetência para resolver os problemas locais.Acha que os principais problemas a seremenfrentados eram urbanização, saneamento,saúde, educação e segurança. Reconhece osmelhoramentos promovidos pelo governador nobairro do Catumbi. Menciona também aurbanização das favelas da região. O governadorCarlos Lacerda responde que era uma alegriapercorrer quase todo dia o túnel Catumbi-Laranjeiras, porque este túnel representava umalição, estava sendo construído havia 14 anos. Emdois anos estaria terminada a construção do túnele que a lição do túnel era usar bem o dinheiro dopovo. Lacerda garante que a maior parte dodinheiro utilizado pelo governo em obras eraproveniente do orçamento, não de empréstimosdos Estados Unidos. Afirma que se sentiatotalmente realizado por ter acabado com o déficitde vagas nas escolas do estado. Assinala que erao governador de toda a cidade e que estavaconquistando os eleitores que não tinham votadonele. Comunica que estava construindo o maiortúnel urbano do mundo, o túnel Rebouças, quehomenagearia dois engenheiros negros, osprimeiros do Brasil. Lacerda fala que o túnel iria

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acabar com a história da Zona Sul ser a únicazona nobre da cidade. Anuncia que pretendiapassar uns dias em Campo Grande, para instalar osistema de telefone no bairro.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.318

1. Assunto

1.1 Faixa 1Transmissão do Cargo deGovernador para oDesembargador Faria Coelho –Palácio Guanabara

2. Temas

2.1 Faixa 1Carta do presidente da ALEG,inexistência do cargo de vice-governador, posse do presidentedo Tribunal de Justiça do Estado,méritos da equipe de governo,respeito do Executivo aos poderesLegislativo e Judiciário, crítica anão eleição de um vice-governador pela ALEG,“Revolução de 1964” e a ALEG,discurso de Vicente Faria Coelho,posse imprevista no cargo degovernador, reconhecimento dosméritos da equipe de governo.

F: 12 min F1: [1964/1965] Faixa 1Transmissão do Cargo de Governador para oDesembargador [Vicente de] Faria Coelho –Palácio GuanabaraO governador Carlos Lacerda lê uma carta dopresidente da Assembleia Legislativa, VitorinoJames, em que este comunica que não poderiaassumir o cargo de governador, por motivo desaúde. Diante disso, informa Lacerda, quemdeveria assumir o governo do estado era opresidente do Tribunal de Justiça do Estado daGuanabara. Lacerda lamenta que não tivesseocorrido a eleição para vice-governador, porcausa de uma minoria de deputados. Elogia o seusubstituto no governo do estado. Lacerda avisaque partia tranquilo, porque deixava o governonas mãos de Faria Coelho, um governo formadopor admiráveis homens públicos que oauxiliariam a governar. Assinala que se sentiahonrado por sempre ter respeitado o PoderLegislativo e o Poder Judiciário. Comenta quefazia crítica à conduta de alguns, mas reconhece acorreção da maioria. Lacerda acredita que se a“Revolução” tivesse completado a limpeza quecomeçara a fazer na Assembleia Legislativa, teriaocorrido a eleição para vice-governador. Diz quea “Revolução” tinha dado a impressão de teracabado, mas torcia para que ela prosseguisse,para que os homens de bem tivessem o direito dever o homem de bem que elegeram legislar ezelar por eles. O desembargador Vicente de FariaCoelho comenta que não imaginava ter a honra desubstituir o governador, porque nunca forapolítico. Mas, conhecendo as suas obrigaçõesconstitucionais, sabia que isso poderia ocorrer. Odesembargador comunica que concordava com ogovernador e que ele poderia ir tranquilo, porquea sua equipe no governo da Guanabara era muitoboa.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.319

1. Assunto

1.1 Faixa 1Palavras do Governador LacerdaEmpossando o Deputado CélioBorja como Secretário deGoverno

2. Temas

2.1 Faixa 1Comentários sobre as novasnomeações para cargos nogoverno, Leoberto de Castro

F1: 25 min F1: 15/07/1964 Faixa 1Palavras do Governador Lacerda Empossando oDeputado Célio Borja como Secretário deGovernoO dr. Leoberto de Castro Ferreira menciona que oRio de Janeiro merecia uma comemoraçãocondizente com o seu Quarto Centenário. Avisaque iria trabalhar para que as comemoraçõesfossem condignas à cidade. Esperava contar coma colaboração de órgãos públicos e de empresasprivadas. O deputado Célio Borja destaca quesabia o que representava o desafio que receberado governador. Célio Borja afirma que confiavano governador, no auxílio de todos que detinhamalguma parcela do poder público no estado e naestrutura da Secretaria de Governo. Elogia seusantecessores, Raphael de Almeida Magalhães e

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Ferreira e o plano hospitalar doprefeito Pedro Ernesto, aincorporação do acervo dofotógrafo Augusto Malta ao MIS,recuperação dos arquivos daCúria Metropolitana, preparaçãodas celebrações do IV Centenário,funções do vice-governador nascomemorações do IV Centenário,participação de paísesestrangeiros nas comemorações,elogios a Célio Borja.

Hélio Beltrão. Almeja poder auxiliar Lacerda a setornar presidente do Brasil. O governador CarlosLacerda agradece a presença de todos e formulaalgumas reflexões sobre as nomeações que tinhafeito. Menciona que Leoberto de Castro tinhafeito parte da equipe de médicos que haviaformulado o plano hospitalar de Pedro Ernesto eque fora responsável pela recuperação eincorporação ao patrimônio do estado da obrafotográfica de Malta. Lacerda conta que outrasincorporações estavam sendo feitas para o Museuda Imagem e do Som. Fala sobre a recuperaçãodos arquivos da Cúria Metropolitana pelogoverno do estado. Garante que o vice-governador não teria uma função decorativa, eleseria o comissário geral do Quarto Centenário,função honorífica e ao mesmo tempo de trabalho.Ressalta que a prioridade era preparar ascerimônias e celebrações do Quarto Centenário.Lacerda conta que teve conversas na Europa arespeito da participação de outros países nascomemorações. Enfatiza que tivera a ideia dechamar Célio Borja para ocupar a Secretaria deGoverno como uma homenagem à bancadavalorosa que havia salvado a honra daAssembleia e o interesse eminente do povocarioca. Diz que teve de vê-lo aceitar o cargocomo um desafio à sua inteligência. Faz diversoselogios a Célio Borja e afirma que, por enquanto,Célio Borja era um político com todas asqualidades e nenhum dos defeitos dos políticosem geral.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.320

1. Assunto

1.1 Faixa 1Aniversário da Convenção de Itu– SP

1.2. Faixa 2Continuação da Faixa Anterior

2. Temas

2.1 Faixa 1Os problemas brasileiros e oavanço comunista, Lacerda comobaluarte da luta anticomunista noBrasil, discurso do governadorCarlos Lacerda, crítica à visão daRepública como criação dosmilitares e dos escravagistas,destaque do papel damunicipalidade de Itu na luta pelaRepública e na resistência aoautoritarismo de D. Pedro I,estabelecimento de relações entreos convencionais de 1873 e os

F1: 66 minF2: 50 min

F1: 18/04/1963F2: 18/04/1963

Faixa 1Aniversário da Convenção de Itu – SPO dr. Paulo Lopes da Silva - professor doInstituto de Educação Regente Feijó -, diz quepediram para ele apresentar o governador CarlosLacerda na cerimônia, mas que isso não serianecessário, porque não existia quem nãoconhecesse o grande governador da Guanabara, opaladino da liberdade e da democracia que vinhalutando com todas as forças contra os males queinfelicitavam o Brasil, o comunismo, opeleguismo e o comodismo. Adianta que saudaro governador era tão importante que iria ficargravada na sua memória, como quando pegara emum fuzil para defender São Paulo, quando eraadolescente, assim como quando se formou emDireito. Diz que todos sabiam da dificuldade dogovernador para se ausentar da Guanabara, quetinha sido praticamente sitiada por seus inimigos,desde 1961. Mesmo assim, elogia o governadorpor estar conseguindo resolver os problemas dacidade. Agradece a Lacerda por ter comparecidoà cerimônia. O dr. Paulo Paixão, representante dogovernador de São Paulo, Ademar de Barros,informa que percorrera todo o Brasil, desde 1954,e vira as endemias, a desigualdade social, amiséria, a fome, o analfabetismo e o comunismoquerendo solapar as instituições democráticas.

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liberais de 1842, menção àadvertência de Campos Sallesquanto à intenção dosgovernantes, participação deabolicionistas e escravagistas nomovimento republicano, crise damonarquia e a Questão Religiosa,limites do liberalismorepublicano, críticas ao governode João Goulart, elogios ao papeldesempenhado pela Convençãode Itu.

2. 2 Faixa 2Lição dos patriotas de Itu de1873, elogio aos jornalistas quecriticam o governo federal,proposta de reforma do governo edo regime brasileiro, reafirmaçãodo compromisso com ademocracia, reconhecimento dagrande representatividade dospolíticos de Itu no contextonacional, mensagem escrita pelopresidente da ALESP, posiçãodestacada de Itu no país desde1862 e no movimentorepublicano, comentário dodeputado Abreu Sodré,importância do movimentorepublicano, defesa da luta pelademocracia e pela liberdade,elogios a Carlos Lacerda.

Por isso, adverte que deveriam permanecerunidos na grande campanha de redençãoespiritual, da qual Lacerda era um dos baluartes epela qual clamava o Brasil. Carlos Lacerda revelaque preferira trazer por escrito o depoimento queiria fazer, para evitar que houvesse deturpaçãodas suas palavras. Critica a visão de que aRepública tinha sido proclamada por militaresidealistas e quase fanáticos, apoiados pelosescravocratas indignados com a Coroa, por causada Abolição. Acredita que esta visão permaneciadevido à ignorância, que era o maior inimigo doBrasil, sobretudo porque estava no governofederal. Lacerda diz que Itu não fora apenas acidade da convenção republicana de 73, tinhasido, também, a primeira vila no Brasil que, em1824, recusou-se a obedecer à Constituiçãooutorgada por Pedro I. Lacerda considera que osrepublicanos de Itu eram herdeiros políticos dosmovimentos liberais que culminaram nas“revoluções” de São Paulo e de Minas, em 1842.Cita uma advertência de Campos Sales, aopartido que surgira para implantar a República, nomomento em que parte dos liberais acorria acolaborar com os governantes, cuidando quesalvando-os salvavam-se, e outra parte caminhavajá então decididamente para a implantação daRepública. Escreveu Campos Sales “Não ébastante saber o que podem fazer os ministros,para que o espírito público deva tranquilizar-se. Épreciso, sobretudo, que se saiba qual seja opensamento oculto na intenção do governante”.Considera importante fazer uma retificação sobrea influência dos escravagistas na Proclamação daRepública. Joaquim Nabuco a consideravadecisiva. Diz que o movimento republicano haviamobilizado, ao mesmo tempo, abolicionistas eescravagistas. Lacerda lembra que a monarquiatambém tinha sido enfraquecida pela QuestãoReligiosa e que a República não fora o primeiromovimento liberal que não abrangera, desde oinício, toda a gama das liberdades. Explica quehavia mencionado alguns exemplos, para melhorsalientar dois fatos decisivos para quem quisesseentender e tentar resolver a crise brasileira. Oprimeiro fato era talvez o mais terrível emelancólico, tratava-se da perniciosa etragicômica ignorância dos que dominavam avida nacional naquele momento. Lacerdaconsidera que eles eram deformados pela suaprópria falsa noção de que o Brasil tinhacomeçado em 1930 ou em 1937. Agradece aconvocação para celebrar, em Itu, a açãomemorável daqueles homens de pensamento quedesencadearam o movimento do progressodemocrático, do liberalismo confiante, daliberdade com autoridade, e considera que eranecessário aplicar no presente, em benefício dofuturo próximo. a lição do passado que ressoavaem Itu.

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Faixa 2Continuação da Faixa Anterior Carlos Lacerda considera que os patriotas daConvenção de Itu tinham dado ao Brasil umalição de virtude, energia e fé. Assegura que estalição não tinha sido esquecida ou renegada.Agradece o convite para participar da cerimônia eespera ter dito o que eles queriam ouvir. Lacerdarevela que estava emocionado, elogia osjornalistas que, assim como ele, tinham cumpridoa sua missão e contribuíram para o fortalecimentoda democracia no país. Lacerda defende que aprincipal reforma a ser feita no país era a reformado governo, dos homens que governavam e domodo de governar a Republica, sem as quaistodas as reformas seriam imposturas.Cerimônia realizada na Câmara Municipal de Itu,em homenagem ao governador Carlos Lacerda,que informa que tinha sido convidado para trazera Itu e a São Paulo o testemunho da fidelidadedos democratas do Brasil às ideias e aos ideaisque se levantaram em Itu. Para Lacerda, poucosrepresentantes do Brasil significaram mais do queaqueles que, como eles, traziam dentro de siparcelas, sementes do presente, e traziamtambém a glória, o exemplo e a granderesponsabilidade do passado.Comitiva da Assembleia Legislativa de SãoPaulo, na cerimônia em homenagem aos 90 anosda Convenção de Itu. Segue-se a leitura damensagem do presidente da AssembleiaLegislativa de São Paulo, Ciro Albuquerque, aogovernador Carlos Lacerda. Ciro diz que gostariade estar presente à cerimônia, mas os enormesencargos que tinha o impediram de comparecer.Para Ciro, a data de 18 de abril lembrava uma dasmais marcantes páginas da história do país, tendoo destino escolhido Itu como centro de ummovimento patriótico. Conta que Itu era, porvolta de 1862, o maior centro de instruçãosecundária de São Paulo. Ciro comenta querepublicanos e abolicionistas de São Pauloescreveram a primeira página do memorávelepisódio de 1889. Por isso, era justo que aAssembleia Legislativa de São Paulo transmitisseàs autoridades e ao povo de Itu as suas saudaçõesmais efusivas. Perguntam ao deputado AbreuSodré o que ele estava achando da cerimônia decomemoração dos 90 anos da Convenção de Itu eda recepção ao governador Carlos Lacerda. Odeputado responde que nunca fora tão importantena história do país, relembrar a própria história.Ele diz que a República estava sendo traída, porisso era preciso voltar ao passado, para impedir osque queriam fazer da pátria uma pátria semliberdade, que renegavam a democracia. Erapreciso mostrar que o povo não queria que fossetraída a liberdade, a história do país, e que fosserenegada a República. O deputado afirma que era

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preciso preservar a liberdade e a democracia eelogia o governador Carlos Lacerda.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.321

1. Assunto

1.1 Faixa 1Governador Carlos Lacerda emPresidente Prudente - SP

2. Temas

2.1 Faixa 1Aspectos da formação e eleiçãode um líder democrático,qualidades e atribuições de umlíder democrático, concepçõessobre o exercício do poder.

F1: 31:28min F1: 1961/1965] Faixa 1Governador Carlos Lacerda em PresidentePrudente - SPCarlos Lacerda discorre sobre a formação e aeleição de um líder democrático, em comparaçãocom a de um líder totalitário, que, para ele, sefazia com a propaganda, com cadeias obrigatóriasde rádio e televisão, com concessão de títulos depropriedade, pela mentira, pois inventavam-selíderes onde havia apenas fantoches. Quanto aolíder democrático, ele afirma que custava muitoformar um... Às vezes, ressalta Lacerda, vinha devereador, ou até de muito mais longe, podendo tersido um sapateiro, um poeta, um artista, umbombeiro, ... Formam-se nas escolas dos livros,às vezes; na dura escola do trabalho, às vezes; ou,no mais das vezes, na escola do livro e dotrabalho. Formam-se de erros, próprios e alheios;formam-se batendo com a cabeça na parede paraaprender a própria custa a não errar; formam-sena técnica de ouvir a todos, antes de tomar umadecisão, mas uma vez esta tomada, ouvem apenasa sua própria consciência e nada mais; formam-sena escola de uma experiência que se fazia, muitasvezes, de sofrimentos e desprendimentos; darenúncia a ser rico facilmente, podendo sê-lo sequisessem; da faculdade de tratar as coisaspúblicas como se fossem suas, para fazê-lascrescer e prosperar, mas, tendo sempre presente,nunca esquecida a noção de que as teriam detratar como se fossem suas, com a condição desaber que não eram. Lacerda acrescenta que umlíder democrático era formado, às vezes, naincompreensão própria e alheia, pensando elutando pela liberdade dos outros e sendoamaldiçoado pelos próprios outros; formam-se, àsvezes, quase mortos nas ruas e sendo chamadosde assassinos; formam-se, às vezes, cuidando dapobreza e sendo acusados de assassinar os pobres;formam-se, às vezes, com horror à demagogia esendo considerados demagogos. Ele diz quealguns não tinham a oportunidade de mostrar oque era para se fazer e somente tinham a ocasiãode provar o que era para dizer como se fazia. CitaRui Barbosa, considerando-o “o professor dademocracia brasileira”, a quem o povo de seutempo, porque não sabia e não podia, jamaisconseguiu dar a oportunidade de governar o país.Lacerda acha que tinha em suas mãos aoportunidade de liberar a democracia. E sustentaque não a recusaria, que era preciso que alguémdesse o exemplo para mostrar primeiro que nãoera preciso, necessariamente, vestir farda parasaber morrer pelo Brasil e nem mesmo adular opovo para trabalhar por ele. Lacerda afiança que oque faltava no Brasil eram homens de liderança.Não os de liderança carismática, mas aqueles quetivessem a consciência de seu dever, que

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encarassem o poder não pelo o que ele dava desupérfluo, mas pelo que ele exigia de essencial; opoder como serviço, o governante como umcriado, um empregado do povo. Um governanteque não tivesse o direito de esconder do povonem a origem de seus bens nem o conteúdo desuas ideias; um governante capaz de comandar osmelhores e não de aliciar os piores para governar.Lacerda revela que seu lema, o que ele desejava,era “mudar para salvar”. Mudar os homens, semdúvida, mas, sobretudo, a mentalidade e o modode governar. O que ele propunha aos homens debem, aos homens honrados, era isso, um governohonrado e trabalhador, afirmando que já eratempo de fazer essa verdadeira reforma de baseno Brasil. No fim de seu discurso, Carlos Lacerdafala que na política procurava converter ideias ematos, pois não acreditava em bons atos que nãotivessem sido antes boas ideias. Considera quesua vida tinha sido um constante esforço parachegar a boas ideias, simples e práticas, para quese convertessem em prática, de maneira que o queestava fazendo na Guanabara não era milagre enem dinheiro dos americanos, e sim resultado das“poucas, pequenas e humildes coisas” para asquais ainda não haviam inventado sucedâneo: otrabalho e a honradez.Observação: o seu discurso encerra-se aos00:14:43, sendo que o restante do áudio apresentaapenas execução de músicas do programa Músicade Todos os Tempos.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.322

1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da Fita 312Posse de 106 Auxiliares deColetoria no Dia do FuncionárioPúblico – Palácio Guanabara

2. Temas

2.1.1 Faixa 1Antônio Carlos Sá agradecerealização de concurso, entregade um cartão de prata aogovernador, Mário LourençoFernandes: símbolo do servidordo estado, justiça tributária,dinheiro para manter serviçospúblicos, servidor público serveao público e não a umpartido,aumento do saláriomínimo, inflação acelerada,aumento do salário-família,realização de uma centena deconcursos, promoção pormerecimento

F1: 22,52min F1a: 28/10/1963 Faixa 1aPosse de 106 Auxiliares de Coletoria no Dia doFuncionário Público – Palácio GuanabaraCerimônia, de posse de 106 auxiliares decoletoria aprovados em concurso público,realizado pela ESPEG (Escola de Serviço Públicodo Estado da Guanabara), presidida pelogovernador Carlos Lacerda. Antes de iniciar, ogovernador compõe a mesa. Ele passa a palavraao sr. Antônio Carlos Sá que fala em tom deagradecimento ao governador pela realização doconcurso. Ele discursa, em nome da categoria,sobre a dedicação e eficiência no exercício dafunção. Após a fala, ele faz a entrega de umcartão de prata ao governador Carlos Lacerda,que retoma a palavra. Assinala o governador seraquele o momento de trazer a público o seuprofundo e fraterno agradecimento ao amigoMário Lourenço Fernandes, um símbolo doservidor do estado. Exalta sua dedicação.Esclarece que o estado da Guanabara caminhavapara um processo de arrecadação que poderiagarantir a justiça tributária, isto é, umaarrecadação na qual todos pagariam a parte quelhes caberia na comunidade, para os serviços queela sustentaria. Lacerda fala sobre o que suaadministração vinha procurando fazer, não a favordo servidor, mas a favor do serviço público napessoa do servidor. Salienta que o dinheiro para

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manter serviços públicos era o dinheiro dosimpostos pagos pela população e, por issomesmo, era preciso manter um serviço dequalidade, sem a prestação de favores pessoais epolíticos à pessoa de qualquer servidor. Enfatizaque o servidor público existia para servir aopúblico, não a um partido, a um homem ou a umafacção. Ele recorda o aumento do salário mínimodo servidor público no estado da Guanabara, de21.500,00 cruzeiros para 31.500,00, semnecessidade de se fazer greve. Ele considerajusto, por conta da inflação que assolava o país eroubava de noite aquilo que o servidor, com seutrabalho, garantia de dia. Ele assegura quepagava em dia e pagava o melhor que o estadopoderia pagar. Exalta o salário dos professores,ressaltando que era maior do que o do estado deSão Paulo! Ele fala do projeto que previa oaumento do salário-família. Adverte que vetaria oprojeto, se fosse aprovado do jeito que seencontrava na Câmara. Ele defende o aumento dosalário-família, mas não da maneira como estava,mas sim como era antes. Carlos Lacerda diz que,em 1 ano e meio, tinha realizado cerca de umacentena de concursos e provas de seleção. Assimsendo, haviam sido realizados mais concursospúblicos de provas e títulos para o exercício defunções públicas no estado, do que na totalidadeda vida do estado, desde o tempo da fundação dacidade do Rio de Janeiro. Lacerda diz que o quese tinha feito com o concurso para a admissão noserviço público, ele iria fazer com a promoçãopor merecimento e antiguidade, com vistas aoprogresso no serviço público. Destaca quegostaria de comunicar aos servidores do estado,no dia a eles consagrado, que a promoção pormerecimento passava a ser definitiva e o únicomeio de acesso e de progresso do servidor em suacarreira. Lacerda fala na volta do princípiorepublicano de realização de concurso públicopara admissão de funcionários, sem pistolão esem dever favor a político nenhum. Consideraque era preciso um “13 de maio” para o servidorpúblico, pois era preciso que ele se libertasse daescravidão aos cabos eleitorais. Acredita que sóquando os governantes fossem eleitos pelo quefaziam e não pelo que prometiam fazer; fossemeleitos pelo cumprimento do que haviamprometido e não pelas novas promessas quetinham feito, sem ter cumprido o que haviamantes prometido, haveria progresso.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.323

1. Assunto

1.1 Faixa 1Discurso de Carlos Lacerda sobrea Atividade Agrícola

1.2 Faixa 2

F1: 33:54minF2: 01:58minF3: 31seg

F1: [1961/1964]F2: [1961/1964]F3: [1961/1964]

Faixa 1Discurso de Carlos Lacerda sobre a AtividadeAgrícolaCarlos Lacerda discorre sobre sobre o trabalhoagrícola no Brasil. Fala sobre o que precisava alavoura: de braços, sim, mas também de cérebros,pois era necessário que se desse ao trabalhadoragrícola a capacidade de produzir mais, sem sematar! Ele menciona a mecanização da lavoura,

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Discurso sobre Ações doGoverno

1.3 Faixa 3 Gaspar Coelho em Nova York

2. Temas

2.1 Faixa 1Capacidade de produzir mais,mecanização da lavoura,modernização da pecuária,reforma agrária em miniatura,elevação da parcela destinada aocrédito agrícola, reforma agráriacom agrônomos, aumento da áreacultivada, eleição para aPresidência da República,inauguração de um hospital pormês, dinheiro do povo, pagar emdia, dinheiro da loteria aplicadona construção de hospitais.empréstimo do BID para obras deágua e esgoto, salário dosmédicos, abertura de concursopúblico para tudo, voto feminino,Parlamentarismo, crítica a JoãoGoulart, plebiscito, projeto AnizBadra, reforma da Constituição,voto do analfabeto, reeleição,fascistas aliados dos comunistas,segredo do desenvolvimentoindustrial, candidatura, àPresidência da República

2.2 Faixa 2Nação engrandecida, resolução degraves problemas, mensagempresidencial, Congresso Nacional,reforma pacífica e democrática

2.3 Faixa 3Gaspar Coelho falando sobreNova York

dizendo que a atividade agrícola na fazendadeveria parecer-se, cada vez mais, com aatividade numa fábrica. Ele comenta, também,sobre a necessidade de modernização da pecuária.Sobre reforma agrária, ele garante que haviaimplantado no estado da Guanabara, que produziaapenas 5% do que consumia, uma espécie dereforma agrária em miniatura. Não uma reformaagrária “para inglês ver”, mas sim para todosverem, de perto. Informa que a primeira coisa quehavia sido feita, fora a imensa elevação da parcelado banco do estado (BEG) destinada ao créditoagrícola. Porém, acrescenta que não tinhaesperado que o agricultor fosse ao banco, pois,segundo ele, o agricultor tinha cisma com obanco. Por isso, foram aos agricultores emlotadas, em caminhonetes, com agrônomos quehaviam passado a ter tempo integral naGuanabara, recebendo salário de 210 milcruzeiros. Lacerda garante que não se faziareforma agrária com Brizola, mas comagrônomos. Salienta que a Guanabara haviaaumentado a sua população agrícola e a áreacultivada em três anos, desde a implantação dasmedidas. E, sem precisar de reforma nenhuma daConstituição, enfatiza o governador. Ele acreditaque, juntos, muita coisa poderia ser feita em cincoanos no Brasil, no caso de sua eleição para aPresidência da República. Lacerda destaca que, apartir do fim de abril daquele ano, inauguraria,até o fim do seu mandato, um hospital por mês noestado. Salienta que estavam sendo construídos132 mil metros quadrados de hospital, sesomados os centros hospitalares erguidos.Compara, dizendo que, em 05 de dezembro de1960, quando ele assumira o governo do estado, oRio de Janeiro tinha, com o que havia sidorealizado ao longo de toda a sua vida, 138 milmetros quadrados de hospital. Salienta que nãohavia sido com o dinheiro americano, e sim dopovo, dos impostos que eram pagos pelo povo eque não estavam tão aumentados assim.Acrescenta que várias pequenas coisas tinhamsido feitas, como, por exemplo, não roubar.Assinala que dinheiro de pobre na mão degoverno honrado era como borracha, ou seja,esticava. Outras medidas citadas foram: pagar emdia, assegura Lacerda, pois quando o empreiteirosabia que se pagaria em dia, ele não enxertava naconta; revela, ainda, que todo o dinheiro daloteria tinha sido aplicado na construção dehospitais. Ele fala do empréstimo do BID (BancoInteramericano de Desenvolvimento) para asobras de água e esgoto. Conta que esteempréstimo era para representar 50% da obra,mas, pontifica, por culpa do governo arepresentação caíra para 30%, por conta dainflação que aumentara o custo da obra da águade 16 bilhões para 40 bilhões de cruzeiros, emtrês anos. Sobre o salário dos médicos, ele

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esclarece que havia encontrado “os seus”, quandochegou ao governo, com um salário de 26 milcruzeiros, e com o aumento que fora dado por ele,eles percebiam um salário de 110 mil cruzeiros.Ressalta também a abertura de concurso públicopara tudo (“para atendente, para servente, paralimpar corredor, para varrer a rua, para escrivãode coletoria, para procurador, para professor doInstituto de Educação”). Considera que estaatitude era democrática, e era o que constava daConstituição e não o fato de que “o dr. Evandrode Lins e Silva, ao passar de ministro do Estado aministro do Supremo, pudesse nomear a famíliatoda para o Instituto de Previdência”. Lacerdacomunica que voltaria para pedir votos. Solicitaàs senhoras que se alistassem, pois havia muitasdelas que falavam, se queixavam e protestavam,mas, quando chegavam as eleições, não votavam,porque não haviam tirado a carteira de eleitor.Isso acontecia com muito homem também, revelao governador. Lacerda pede que se lembrassemdos legalistas, que adoravam a lei, adoravam aConstituição, juravam defender a Constituição eentão juravam que, sem Constituição, nãopoderiam começar a governar. Juraram defender oParlamentarismo, algo considerado por Lacerda“um negócio esquisitíssimo, erradíssimo”, pois,para ele, era melhor não ter dado posse ao homem(no caso o presidente da República, João Goulart)do que dar posse tirando-lhe a responsabilidade.Lacerda critica João Goulart porque quando foraeleito, ao tomar posse, dissera que do jeito queestava não podia governar. Lacerda perguntaporque então ele fora se meter a ser o governante.Lacerda rememora que tinha sido realizado oplebiscito e o presidente obteve o que queria, como fim do Parlamentarismo, que era consideradopor ele essencial para governar. E daí Lacerdapergunta: “Ele governou?” Para, logo em seguida,ele mesmo responder: “Não!” Disse quecomeçara uma nova lenga-lenga de que ele, JoãoGoulart, precisava de plenos poderes... E “deram-lhe plenos poderes”, prossegue o governador;depois, veio a reforma agrária, com o projetoAniz Badra, ao qual se deu urgência. Então, opresidente solicitou que o líder do governopedisse que o projeto fosse retirado do caráter deurgência, porque ele não tinha pressa para fazer areforma agrária, argumentando querer a reformada Constituição, uma reforma que tornasseeleitores todos os brasileiros elegíveis, sob aalegação de defender o voto do analfabeto.Lacerda discorda, pois, de acordo com ogovernador, o analfabeto não sendo eleitor nãoera elegível. E pergunta: “Quem é que, sendoeleitor e podendo votar, não é elegível nestemomento?” Ele mesmo responde: “O governadorda Guanabara, se não sair no devido prazo, ogovernador de São Paulo, se não sair do governono devido prazo... E, assim, outros personagens

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que a Constituição definia e descrevia, além dopresidente da República. Lacerda assegura que,quando o presidente fez a proposta, o que elequeria era acabar com o artigo que dizia queninguém poderia dar um repeteco e bisar o seumandato. Lacerda chama de estranhos osdemocratas que pensavam que a democracia forafeita só para eles. “Curiosos democratas” que ochamavam de fascista e eram fascistas sem saber.Fascistas aliados aos comunistas. Ele exalta o seutrabalho. Menciona que seu governo havia criadoa ideia de que trabalhando dava. Fala das suasações na área educacional. Pergunta se o quetinha feito fora reforma de base, reforma deConstituição, ameaça de brigas... Ele respondeque não, que, na verdade, o que havia realizadofora resultado da paciência de trabalhar todo dia,de 07 às 21 horas, com intervalo apenas para oalmoço e o jantar; fora a paciência de buscar oshomens que sabiam fazer as coisas. Lacerdaacredita que governar não era entender de tudo,não era saber de tudo e não era fazer de tudo, esim fazer acontecer. Governar era animar a fazer!Ele pergunta como se podia governar um povodesanimando-o, oficializando o desespero, emvez de democratizar a esperança. Ele sugerenovas ações ao Brasil para o crescimento danação. Exalta entre as fortunas do país, a suajuventude. Sugere que subdesenvolvido no Brasilera quem o governava. Acha que o segredo dodesenvolvimento industrial não estava nasmáquinas, mas sim nos homens que faziam emoviam as máquinas. Comenta que osgovernantes pensavam que se poderia construirfábricas para guardar as máquinas, ao invés deconstruir casas, para 'guardar' os homens quetrabalhavam nas máquinas. Agradece o títulorecebido da Câmara de Bebedouro e reitera suacandidatura, pedindo ao povo de Bebedouro quelhe desse “o contrato de trabalho por cinco anos,sem direito a greve e sem direito de trabalharapenas oito horas, aposentadoria e pensão...” Dizque sua candidatura seria o que eles quisessemque fosse.

Faixa 2Discurso sobre Ações do GovernoOrador desconhecido discursa dizendo quedesejava entregar uma nação engrandecida,emancipada e cada vez mais orgulhosa de simesma, por ter resolvido, mais uma vez, epacificamente, os graves problemas que aHistória lhe impusera. Fala da mensagempresidencial do ano, que dentro de 48 horas seriaentregue à consideração do Congresso Nacional,na qual estavam bem claras as intenções e osobjetivos do governo. Acrescenta que esperavaque os congressistas, em seu patriotismo,entendessem o sentido social da açãogovernamental que visava assegurar o progresso

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ao Brasil. Menciona uma reforma pacífica edemocrática.

Faixa 3Gaspar Coelho em Nova YorkGaspar Coelho, falando de Nova York, a partirdo que lhe dissera o chofer de um taxi, a respeitodo trânsito e das condições das ruas da cidade,que tudo dava dor de cabeça, incomodava,irritava, mas era sinal de progresso... Comentaque quanto mais buraco havia em Nova Yorkmais trabalho e mais dinheiro para os habitantesda cidade.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.324

1. Assunto

1.1 Faixa 1Governador Carlos LacerdaRecebe o Título de CidadãoPetropolitano – Petrópolis – RJ

1.2 Faixa 2Carlos Lacerda Profere AulaMagna no Ginásio EstadualRivadávia Correa

2. Temas

2.1 Faixa 1Homenagem a Ari Barroso,elogios a Raimundo Padilha, aodeputado Armando Falcão, aFlávio Cavalcante e aodesembargador RomeroBrasiliense de Pinho, exaltaçãodo pioneirismo de Petrópolis nasindicalização, industrialização emecanização da lavoura, luta paraevitar a formação de vastoproletariado agrícola, benefíciosda técnica moderna, lei deMalthus, crítica a Marx,capitalismo em plena evolução,capitalismo de base, formaprimária do capitalismo, justiçasocial, educação universal,aumento do consumo,nivelamento da pobreza,condenação do livro único,criação do fascismo

2.2 Faixa 2Jovens são maioria, construçãodo país, multiplicação do esforçode cada um, inauguração deônibus elétrico Castelo-Peixoto eCastelo-São João Batista eextensão do percurso Anhangá-

F1: 53:31minF2: 03:25min

F1: 29/02/1964F2: 1963

Faixa 1Governador Carlos Lacerda Recebe o Título deCidadão Petropolitano – Petrópolis – RJCarlos Lacerda anuncia as autoridades presentes epresta homenagem a Ari Barroso, pedindo umminuto de silêncio à sua memória. Ele exalta AriBarroso, “democrata por fatalidade e músico porvocação”. Conta que recebera a incumbência defalar na noite do deputado Raimundo Padilha.Exalta também a figura do deputado,representante do povo fluminense na CâmaraFederal, simbolo do idealismo no Brasil.Considera-o padrão de integridade intelectual emoral. Menciona também o deputado ArmandoFalcão e revela como tinha começado a amizadeentre eles. Discorre sobre a atuação política deArmando Falcão, em oposição a ele, Lacerda.Fala da luta pela liberdade e da fidelidade deArmando Falcão a ela. Ele exalta também aatuação, no jornalismo político, de FlávioCavalcante, um dos que entregaram a honraria aCarlos Lacerda. Cita o sr. desembargador RomeroBrasiliense de Pinho. Por fim, ele discorre sobrePetrópolis e comenta a lição, a missão, oensinamento, a aula de Brasil, de trabalho, deordem e de liberdade transmitida por Petrópolis.Relata as peculiaridades do comércio e dopreparo da cidade para o turismo. Exalta opioneirismo de Petrópolis na sindicalização noBrasil. Lacerda lembra a todos que umaagricultura para milhões de consumidoresurbanos não se fazia em termos de “umachacrinha de fim de semana”. Cita aindustrialização e a mecanização da lavoura, comboas sementes, boas escolas, boa saúde, muitaestrada, muito caminhão, muito crédito no banco,que, para ele, poderiam garantir a alimentaçãodas multidões. Lacerda menciona a luta para quese evitasse a formação de um vasto proletariadoagrícola, de uma massa de lavradores. SegundoLacerda, a tônica da agricultura moderna eramenos gente produzindo mais, e não mais genteproduzindo menos. Ele deseja levar para aagricultura os benefícios da técnica moderna, eafirma que não existia nada mais falso, maispostiço, mais reacionário, do que o dilema:reforma ou revolução! Ele salienta que estávamos

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Praça/Serzedelo Correa de fato numa revolução, menciona o medo dapropaganda do terror psicológico dosreformadores no Brasil. Lacerda cita a lei deMalthus, de acordo com a qual a populaçãoaumentava em progressão geométrica e osalimentos em progressão aritmética, de maneiraque aquilo que se atingiria era a fome e a misériano mundo capitalista. Critica também Marx quedisse que no futuro a riqueza iria se concentrarcada vez mais nas mãos de um número cada vezmenor de pessoas, enquanto que a miséria seespalharia, atingindo um número de pessoas cadavez maior. Para Lacerda, o que se verificava eraexatamente o oposto: o capitalismo em plenaevolução e a Rússia comunista descobrindo “estaimensa novidade”, o capitalismo de base”; ouseja, a Rússia voltava a uma forma primária docapitalismo, enquanto o mundo chamadocapitalista tomava do socialismo a sua bandeira erealizava a justiça social, a prosperidade, asegurança, a educação universal do povo aeducação gratuita para todos, com uma força eum ímpeto que o comunismo nunca sonhararealizar. Lacerda assegura que havia umarevolução em curso no Brasil: a revolução de umpovo que adquirira hábitos de consumo e que nãovia mais os objetos na vitrine como bensinatingíveis e conquistava, a cada dia, novospadrões de vida. Ele fala no advento de umacivilização em que vigorassem a variedade esimultaneidade de ideias e soluções; a conjunçãoe participação de trabalhadores na direção deempresas e em igualdade de condições. Assinalaa necessidade do combate à oficialização dadesesperança que visava transformar o Brasilnuma nação totalitária.. Mostra-se contra aestereotipação e uniformização trazidos com onivelamento da pobreza. Por exemplo, condena aadoção do livro único como um ideal depedagogia, defendido pelo MEC (Ministério deEducação e Cultura). Considera-o uma criação dofascismo. o símbolo da estagnação em nome dareforma ou revolução. Lacerda conclui,advertindo o povo petropolitano, de que do livroúnico passaria-se para o partido único e dopartido único passaria-se para o homem único...Encerra garantindo que a revolução que estavaem curso no Brasil era a revolução na qual o povotomava consciência de seu destino.

Faixa 2Carlos Lacerda Profere Aula Magna no GinásioEstadual Rivadávia CorreaCarlos Lacerda, dirigindo-se aos jovens, informaque, no Brasil inteiro, havia 51,4%, ou seja, maisda metade da população com menos de 18 anos.Sustenta, portanto, que os jovens eram a maioria,“a inquietante e desafiadora maioria”. Diz que ajuventude tinha nas mãos o dever de cobrar osmeios para educar a todos os que ainda não

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tinham tido a oferta do ginásio. Acrescenta quecompetia à juventude a construção do país, pois,para o governador, um país se construía namedida em que se faziam os seus cidadãos, namedida em que o faziam os seus filhos. Lacerdaafirma que a nação, pela soma, e mais do que pelasoma, pela multiplicação do esforço de cada um,acabava por ser o grande resultado de um esforçogeral e coletivo. Agradece a atenção que lhederam e deseja à escola Rivadávia Correa, à suadiretora e aos seus professores, alunos efuncionários o melhor dos destinos em 1963.Após seu discurso, o locutor da rádio RoquetePinto comunica que, pouco antes da aula, ogovernador havia inaugurado as linhas de ônibuselétrico Castelo-Peixoto e Castelo-São JoãoBatista e a extensão do percurso Anhangá-PraçaSerzedelo Correa.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.325

1. Assunto

1.1 Faixa 1Posse de Sandra Cavalcanti –Palácio Guanabara

2. Temas

2.1 Faixa 1Leitura da ata de posse, sábiadecisão da ALEG, reformaadministrativa, ação da FundaçãoLeão XIII, criação da Companhiade Habitação Popular e das vilaspopulares, concepção tutelar Xconcepção solidarista, reformaestrutural do país, movimentosindical autônomo, consciênciacívica, transformar e preparar ohomem, elogios a SandraCavalcante

F1: 23:39min F1: 03/02/1963 Faixa 1Posse de Sandra Cavalcanti – Palácio GuanabaraSolenidade de posse da professora SandraCavalcante na Secretaria de Serviços Sociais. Ogovernador Carlos Lacerda, antes de falar, formaa mesa, convidando autoridades para compô-la.Ele pede que o professor Geraldo Monnerat lessea ata de posse. O governador procede à assinaturado termo de posse da professora SandraCavalcante, seguida da assinatura desta. Eleanuncia as autoridades presentes à mesa emenciona que os sucessivos atos de posse queestavam sendo celebrados resultavam da sábiadecisão da ALEG (Assembleia Legislativa doEstado da Guanabara) em promover, completandoa iniciativa que competia ao Executivo, a reformaadministrativa do estado da Guanabara. Eleexplica a estrutura administrativa do estado daGuanabara. Fala dos serviços sociais e dotrabalho da Fundação Leão XIII para suprir ainexistência de uma Companhia de HabitaçãoPopular, durante o período de maturação dareforma administrativa. Comenta a introjeção deuma nova mentalidade social no estado, com aincorporação da legião dos anônimos. Entendeque o trabalho realizado pela equipe da FundaçãoLeão XIII, com a criação das vilas populares doRio de Janeiro, pôde reformular não apenas umapolítica, mas o sentido de uma política,transformando o que era esmola de cima parabaixo, o que era uma concepção tutelar,paternalista, do tratamento do problema dofavelado, numa concepção solidarista, deintegração do favelado, suscitando nele as suasforças dormentes. Lacerda acredita que acondição fundamental da preservação daliberdade e do sentido positivo à força deprogresso, inegável e desejável, que entãorepontava na consciência popular brasileira, dariaos instrumentos e os elementos, através dos quaisessa força poderia ser canalizada em sentidofortemente positivo, a fim de promover a reforma

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estrutural do país, fora da área da demagogia e daexploração eleitoreira; fora da área daqueles quefalavam em liberdade e promoviam a escravidão;daqueles que não permitiam a formação de ummovimento sindical autônomo; daqueles que nãopermitiam a formação de uma consciência cívicae de uma consciência verdadeiramente cristã nohomem, que reduzido, era escorraçado na suaprópria terra, porque privado de condiçõeselementares de habitação para repouso e proteçãode sua família. Ele menciona as criançasabandonadas, as crianças sem lar, sem carinho esem condições para transformarem-se emadolescentes capazes de suscitarem em todos orespeito e a esperança. Assinala a existência deinternatos que mantinham, com parcos e tristesrecursos, a infância. Acrescenta que era por issoque urgia dar ao problema do serviço social, noquadro das atividades do estado, um sentidoprofundamente político, um sentido intensamentepolítico, porque a política não era e nem deveriaser senão isto: transformar o homem, preparar ohomem pela escola e pelo apoio fraterno dosoutros homens. Ele discorre sobre a formação daequipe da Secretaria de Serviços Sociais. E ela serefere como um grupo de criaturas de boavontade e, mais do que isto, tecnicamentepreparadas. Conta que considera SandraCavalcante um símbolo do valor da mulherbrasileira, de sua capacidade de sacrifício ededicação, e que ela era, ao mesmo tempo,modesta e altiva. Acrescenta que era nela que secompletavam as funções de mulher do lar emulher da vida pública. Relembra a colaboraçãoinestimável da nova secretária, exaltando o papelde Sandra na articulação política da lei deDiretrizes e Bases da Educação, sua atuaçãocomo vereadora e como deputada. Acrescenta queSandra Cavalcante tornara-se elementoindispensável para o governo. Salienta que atarefa da nova Secretaria não era fácil, mas, pelaexperiência que ele tinha do trabalho de SandraCavalcante, sabia que sua característica não era adivisão, mas sim a reunião; não era a separação,mas a convocação. Por isso, a tinha chamado, deforma que ela pudesse convocar a todos, para asua missão social e humana na Secretaria, quetranscendia os quadros da administração, dospartidos e da política. Lacerda agradece a ela porter aceitado tal missão.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.326

1. Assunto

1.1 Faixa 1Discurso do Governador emPraça de Presidente Prudente –SP

2. Temas

F1: 29:04min F1: [1964/1965] Faixa 1Discurso do Governador em Praça de PresidentePrudente – SPO governador Carlos Lacerda dirige-se ao povode Presidente Prudente. Comenta as advertênciasque recebera a respeito de seu caráter, a partir decalúnias que davam conta de que ele era matamendigos, vendido ao imperialismo e reacionário.Explica que isso visava a fazer com que o povotivesse reservas ao ouvi-lo. Ele pede ao povo que

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2.1 Faixa 1calúnias, mata mendigos,estrutura democrática do BEG,feitos da CETEL, vendido aoimperialismo e reacionário.estrutura democrática do BEG,feitos da CETEL, funcionários doBEG receberam 17 salários,política social autêntica, escolapara todos, voto do analfabeto,Congresso representava o povo,preferia nação com Constituição esem presidente, eleiçõespresidenciais

não ligasse para as palavras e prestasse atençãoaos fatos. Acha que estas pessoas, que oposicionavam na direita e colocavam na esquerdaos comunistas, posicionando-se no centro, masem namoro com os comunistas, se esqueciam decomparar o seu governo ao deles. Refere-se àestrutura democrática do BEG, aos feitos daCETEL (Companhia Telefônica), que tinha 3diretores, sendo 1 deles eleito pelos própriosempregados da Companhia. Lacerda questiona seera assim em qualquer outro estado ou na União.Destaca que enquanto a União discutia, para darcomo esmola a seus funcionários o 13º salário, osfuncionários do BEG haviam recebido, no anoanterior, 17 salários ao invés de 13; e haviaCompanhias, na Guanabara, nas quais osempregados tinham participação nos lucros.Lacerda diz que isto, sim, era política socialautêntica. Política social autêntica era tambémoferecer escola para todos e não negar escolas,para depois pedir voto para o analfabeto. Lacerdaassinala que antes de se dar voto ao analfabeto erapreciso que se providenciasse escola, para queele aprendesse a votar. Lacerda discorda dopresidente da Republica, que disse que oCongresso não representava o povo, lembrandoque o presidente tinha feito uma afirmação, comose o Congresso não tivesse sido eleito pelomesmo modo como ele se elegera. Ele argumenta:“Se o Congresso não representa o povo, que é querepresenta o presidente da República, se oseleitores foram os mesmos, se o modo de votarfoi o mesmo, se as cédulas eram as mesmas, se opoder econômico foi o mesmo, se o dinheiro doInstituto foi o mesmo, se o roubo na Petrobras foio mesmo, se os déficits nas estradas de ferroforam os mesmos e assim por diante?” Lacerdarefere-se aos que estavam criando perigos eamontoando dificuldades, considerando quecriavam medo por estarem com medo de perigose dificuldades maiores do que os que elescriavam. O governador diz que os corajosos deverdade não procuravam meter medo emninguém e que nunca dera muito pela coragemdos fanfarrões e havia vários deles procurandogovernar a República: “estadistas de bazófia,sábios pernósticos, sociólogos pedantes,economistas incompetentes, revolucionáriosincapazes, políticos oportunistas, apóstolosmedíocres, reformadores indefinidos, reformistasomissos, em suma, aventureiros, negocistas ecarreiristas”. Acrescenta que eles promoviam aintranquilidade nacional, a desordem e a nãocriação de leis que defendessem o povo, o pobre.Pergunta o que poderia fazer o pobre no meio dadesordem e da intranquilidade, se ele vivia de umsalário que ganhava de dia e que de noitediminuía enquanto ele dormia! Ressalta que setivesse que escolher, preferiria uma nação comConstituição e sem presidente, do que o inverso,

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uma nação com presidente, mas semConstituição. Ele prega a união do povo contra osseus demagogos, seus corruptores e “tubarões deconsciência”. Sugere a união do povo emprotesto, para remover o mal pela raiz. Pede aopovo que o ajudasse, para que ele pudesse ajudá-lo, referindo-se claramente às eleiçõespresidenciais, que ele supunha que se realizariam.Ele solicita ao povo que vivesse dias de união ereivindicação, e conclama-o à revolução, paramostrar que dinheiro do povo nas mãos degoverno honesto estica, se multiplica. Ele citacomo exemplo sua gestão na Guanabara. Defendeque o bom governo era aquele que cuidava dascoisas do povo, como se fossem suas. Diz que detodo coração desejava isso ao país, deixandotodas as quizílias para trás, abrindo uma clareirade luz.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.327

1. Assunto

1.1 Faixa 12ª Fita da Posse de Troncoso.Discurso do Governador CarlosLacerda

2. Temas

2.1 Faixa 1Instalação da AdministraçãoRegional da zona portuária,criação da autarquia doshospitais, ano da saúde pública naGuanabara e do hospital SouzaAguiar, dinheiro da loteria doestado, obra de recuperação dapesca, 100 novas escolasprimárias seriam construídas,acabar com o terceiro turno, obrada água do Guandu, política dehabitação, critica à CEF, dinheiroda CEF utilizado para elegercandidatos desonestos

F1: 29:11min F1: [1961/1965] Faixa 12ª Fita da Posse de Troncoso. Discurso doGovernador Carlos LacerdaCarlos Lacerda discursa na cerimônia deinstalação da Administração Regional da zonaportuária, no largo de Santo Cristo. Ele discorresobre a escola José Bonifácio, situada nasimediações do bairro. Refere-se a RaimundoBrito, secretário de Saúde, e à cerimônia, noPalácio Guanabara, de criação da autarquia doshospitais que faria com os hospitais o que aSURSAN (Superintendência de Urbanismo eSaneamento) fizera com as obras públicas.Acrescenta que aquele era o ano da saúde públicana Guanabara, no qual mais de mil leitos novosseriam entregues ao povo; era o ano do hospitalSouza Aguiar, com sua primeira fase iniciada e jáentão concluída, com o dinheiro da loteria doestado da Guanabara. Ele pede ao povo quepreferisse sempre a loteria do estado, ao invés daloteria federal, cujos lucros nunca se sabia ondetinham sido aplicados...Ele menciona a obra derecuperação da pesca no estado da Guanabara,estando apenas iniciada, na Quinta do Caju. Naoportunidade, informa que a escola de São Pedroseria construída naquele ano, e mais 100 novasescolas primárias seriam construídas naGuanabara, para acabar com o terceiro turno. Elegarante que antes do fim de seu governo, antes de1965, haveria um turno apenas nas escolas daGuanabara, iniciando pela manhã e indo até àtarde, com a oferta de almoço. Ele exalta osnúmeros atingidos com a obra da educação. Falada obra da água do Guandu, então uma dasmaiores do mundo, que resolveria o problema deabastecimento de água na cidade do Rio deJaneiro e asseguraria o abastecimento da cidadeaté o ano 2000. Sobre a política de habitação,Lacerda critica a burocracia existente no estadoque era um obstáculo à construção de casaspopulares. Diz que institutos de previdência querecebiam contribuição do povo eram detentores

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de vários terrenos na cidade e não podiamconstruir casas e nem cediam os terrenos aogoverno, de forma que ele pudesse construir paravender à população. Lacerda critica a CEF (CaixaEconômica Federal) pois ela tinha em seus cofresperto de 30 bilhões de cruzeiros e financiara 400milhões de cruzeiros para um hotel em Brasília,mas não havia financiado uma só obra ou serviçona Guanabara. nos últimos dois anos,caracterizando um roubo contra os depositantes,que depositavam seu dinheiro para render juros,mas também para que os juros fossem aplicadosem benefícios deles próprios. O governador dizque era preciso protestar contra isso, pois odinheiro da CEF fora utilizado também naGuanabara, para eleger candidatos desonestos queroubavam o povo duas vezes: quando lhes tomavao dinheiro e quando lhes enganava a consciência.Lacerda diz que nenhuma das calúnias que sofriaalterava a linha reta, o caminho inflexível quetinha traçado no governo. Argumenta que tinhasido eleito pela maioria, mas queria sair dogoverno respeitado pela totalidade do povocarioca. Acrescenta que aprendera que governarnão era apenas escolher, mas, também, aprender.E ele garante que aprendia todos os dias...aprendia a ter paciência, humildade de coração, adesprezar a adulação e a injúria, além dereconhecer tanto o mérito quanto o apoiosolidário e desinteressado do povo. Assinala queaprendera, sobretudo, que governar era dizer nãoa muitos, para poder dizer sim a todos; não fazerfavores a alguns, de forma a poder cumprir seudever para com todos. Ele lembra a situação doRio de Janeiro, antes de ele ser eleito governadordo estado da Guanabara, no que tange àeducação. Salienta com honra que, em resposta àcalúnia que consistia em afirmar que uma vezeleito ele acabaria com a escola pública, ninguém,nenhum governante, nunca havia feito jamaistanta escola e posto, em tão pouco tempo, tantacriança em tanta escola quanto, então, o seugoverno no estado da Guanabara. Lacerdamenciona a baderna que estava sendo organizadapor 40 deputados federais, da Frente Nacionalista,que chegaria ao Rio. Ele diz que fariam issoporque se julgavam no direito de fazê-lo, porconfundirem imunidade com impunidade.Ressalta que, por ter sido deputado, sabia que osdeputados eram pessoas iguais ao povo, que adiferença estava apenas no mandato do qual eramdetentores. Eram representantes do povo, este simsagrado para o governador, que é taxativo emdizer que a Guanabara não era o quintal da mãeJoana, pois tinha governo, e os deputados, porserem portadores de um mandato, poderiam fazera desordem que quisessem, mas que fizessemsozinhos, pois, quem os levasse para qualquerlugar entraria em cana e seria processado pela lei.Lacerda afirma que a lei era a garantia do homem

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livre e era se falando em lei que se garantia aliberdade, e não falando em liberdade. Explicaque não existia liberdade para violar a lei, pois, seexistisse, o ladrão poderia dizer que estavausando a sua liberdade quando roubava o dinheirodos outros, assim como o assassino, quando tiravaa vida dos outros. Lacerda acentua que esperavaque “o desejo ardoroso de servir ao ditador deCuba (numa alusão a Fidel Castro), de aplaudir omassacre do povo cubano, desejo tão nacionalistade palmas para um governo sanguinário, queestava importando brasileiros para treiná-los eprepará-los para matar aqui outros brasileiros, queeste desejo impetuoso, essa espécie de coceiracívico-revolucionária, que essa erupção patrióticade certos “nacionalistas” que falavam português,mas pensam em russo”, não fossem ao ponto dequerer trazer o tumulto, a desordem e ainsegurança para o povo carioca. Assinala que oRio de Janeiro já estava farto de marginais docrime comum, não queria ter que combater osmarginais do crime político. Já bastava osbatedores de carteira, não sendo benquistos osladrões da consciência alheia. Lacerda diz que opovo carioca já havia tomado a sua decisão: nãose deixariam levar pela desordem, porque sabiamque a desordem era a véspera da tirania e o povonão queria perder a sua liberdade. Refere-se àAdministração Regional instalada no Santo Cristoe explica as dificuldades enfrentadas para ainstalação. Menciona que o povo, aqueles de vidadifícil, sabiam que cada solução, cadaprovidência, cada medida que se procurava tomarem benefício do povo, na solução dos seusproblemas, custava muito suor, muito esforço,muita esperança e energia. Lacerda acredita que opovo sabia quanta força fora preciso fazer parachegar a pôr no Santo Cristo um administradorregional. Conta que teve que vencerincompreensões, burocracia, rotina, e a quemvotava contra o projeto por ódio ideológico...Acrescenta que começava a vencer todas essasdificuldades e se o povo o ajudasse, se Deus nãoo desamparasse, tendo saúde para trabalhar, acidade em suas mãos seria diferente, renasceria,para que ela pudesse ser deixada aos filhos comtudo o que eles tinham recebido dos outros.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.328

1. Assunto

1.1 Faixa 1Inauguração da Feira de Amostrada Rússia

2. Temas

2.1 Faixa 1Inauguração da exposiçãosoviética de indústria e comércio,

F1: 27:14min F1: 03/05/1962 Faixa 1Inauguração da Feira de Amostra da RússiaCerimônia de inauguração da exposição soviéticade indústria e comércio do Rio de Janeiro. Com apalavra o embaixador da União Soviética que,através de um tradutor, manifesta um grandeprazer em inaugurar a exposição, até então amaior exposição da URSS no estrangeiro.Ressalta que a organização da exposição, nacidade do Rio de Janeiro, permitiria aosbrasileiros de todas as classes sociais conheceremmelhor a URSS. Ele fala da transformação deuma Rússia economicamente atrasada,

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discurso do embaixador daURSS, exposição possibilitaconhecer melhor a URSS,transformação de uma Rússiaeconomicamente atrasada empotência altamente desenvolvida,reatamento das relaçõesdiplomáticas entre a URSS eEUA, política exterior pacíficado governo soviético, relaçõessoviético-brasileiras, discurso deCarlos Lacerda, boas-vindas àexposição, contribuição do povorusso à causa da cultura e dacivilização contemporânea,heróica resistência do povo russoao nazismo, garantir aos demaispovos a liberdade, conquistastecnológicas da URSS, ministroda Indústria e do Comércio,Ulysses Guimarães, homenagemao governo soviético, poder dasfeiras internacionais, intensificarintercâmbio comercial

semicolonial e semianalfabeta, na independentepotência altamente desenvolvida no sentidoindustrial, pois fora a primeira a realizar “o sonhofantástico da humanidade”, lançando o seucidadão ao espaço. Ele diz que a organização daexposição tornou-se possível em consequência daliquidação da situação anormal, antinatural, queexistia entre as duas grandes potências: a URSS eos Estados Unidos do Brasil, até novembro doano passado, isto é, até o reatamento das relaçõesdiplomáticas entre ambos. Diz que, então, ospovos dos dois países tinham todas aspossibilidades de se conhecerem ecompreenderem melhor um ao outro. Acrescentaque isso traria uma vantagem para a solução dosproblemas litigiosos. Menciona que o povosoviético aspirava viver em paz e em amizadecom os povos do mundo e que a política exteriorpacífica do governo soviético baseava-se noprincípio do respeito à soberania nacional,igualdade e não intervenção nos assuntosinternos. Acrescenta que o objetivo desta políticaera assegurar a paz firme e indestrutível na Terra.Destaca que os soviéticos apreciavam muito acontribuição do povo brasileiro, e de seu governo,à causa do fortalecimento da paz em todo omundo. Assegura que ambos, URSS e Brasil,tinham todas as condições para odesenvolvimento permanente das relaçõessoviético-brasileiras. Aproveitando a ocasião, eletransmite, em nome do governo da URSS, a suamensagem aos visitantes da exposição, de que ogoverno soviético exprimia a esperança de que aexposição contribuísse para o fortalecimento doscontatos amistosos entre o povo brasileiro e opovo soviético e posterior desenvolvimento docomércio de benefício mútuo, do intercâmbiocultural, técnico e científico, assim como omelhoramento do sentimento mútuo entre os doispaíses. Ele agradece cordialmente aos senhorespresentes pela atenção e passa a palavra ao sr.governador da Guanabara, Carlos Lacerda. Ogovernador anuncia as autoridades presentes,dizendo que cabia-lhe, na qualidade degovernador do estado, a honra de dar as boas-vindas, em nome do povo carioca, à exposiçãoque então se realizava. Explica ao embaixador eautoridades da delegação russa, que era antiga noBrasil a admiração, o entusiasmo e mesmo ofraterno amor a um grande povo, que há séculosempreendera uma luta de conquista da civilizaçãoe da liberdade, o povo russo. Diz que era antiga,na formação histórica do Brasil, a afinidade comos ideais libertários e com a contribuiçãoinestimável do nobre e valoroso povo russo àcausa da cultura e da civilização contemporânea.Acrescenta que ainda na Segunda GuerraMundial, sem quaisquer distinções políticas oufilosóficas, o povo brasileiro havia acompanhado,entre angustiado e entusiasmado, a heróica

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resistência do povo russo às hordas invasoras donazismo. E por isto mesmo, por conhecer eapreciar a longa, valorosa, e, por vezes, agônica esempre brava história de um bravo povo, o Brasilsentia e julgava compreender que, através de seudesenvolvimento cultural e tecnológico, o povorusso saberia conquistar o seu lugar no mundo,sem usurpações e sem conquistas, garantindoassim e aos demais povos a liberdade que nestepaís queria ver imperar no mundo e no próprioBrasil. Diz que as conquistas tecnológicas daURSS, as extraordinárias demonstrações dacapacidade cientifica e técnica da juventudesoviética, continuavam no tempo através daextraordinária e penosa revolução industrial quelá se processava; as conquistas do cabedal que aolongo dos séculos os cientistas, os homens dearte, de pensamento e ação da Rússia souberamacumular para si e para o mundo; a esperança e,porque não dizer, quase certeza, senão mesmocerteza plena, de que poderia, um dia, o mundoconviver em paz, na medida em que em cada umdos povos soubessem ou pudessem recuperar aliberdade. Acredita Lacerda que as conquistas datécnica, em si mesmas neutras, pois o técnico esuas conquistas poderiam servir a qualquerregime (tanto ao que afirma o homem como o quenega o homem) fossem na Rússia, como emqualquer parte, deveriam necessariamentecolocar-se a serviço da liberdade, sem a qual acivilização não existia. Acrescenta que o Brasiltinha um povo sem rancores, sem ressentimentos,sem reivindicações maiores do que aquelas deviver honradamente a vida nacional,conquistando as fronteiras econômicas do próprioterritório, varando e devassando as paredes dopróprio e relativo atraso. Firmes, porém, naconvicção de que deveria dar ao mundo umacontribuição decisiva: a vocação de tolerância, avocação de fé cristã, a vocação de amor àliberdade. Lacerda ratifica que acreditava novalor e na força das ideias e no poder final daliberdade. E, por isso mesmo, ele saudavacalorosamente a exposição. Após o discurso deLacerda, assume a palavra o ministro da Indústriae do Comércio, sr. Ulysses Guimarães. Eleassinala que o governo brasileiro, por seuintermédio e do ministro Santiago Dantas,saudava e homenageava o governo soviético peloaprimoramento técnico e pela extensão deprodução, de que dava mostra a exposiçãoindustrial e comercial, então inaugurada.Acrescenta que as feiras internacionaisconstituíam poderosa mecânica de expansãoeconômica e compreensão entre os povos.Ajustavam-se ao novo dimensionamento daintegração pacífica. Comenta que o Brasil tinhatradição de comparecimento em certamessemelhantes àquele. Fala da representação doBarão do Rio Branco, em São Petersburgo, em

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1884, realizando memorável promoção para oconsumo do café na Rússia. Menciona que afeira testemunhava os progressos técnicos ecientíficos soviéticos, os quais se tornavampatrimônio comum da humanidade,principalmente quando vistos e examinados poroutras nações, pelas sugestões e estímulos quecondensavam. Fala da necessidade de intensificaro intercâmbio comercial entre os dois países. Eleoferece ao ministro das Relações Exteriores daURSS os cumprimentos pelo brilho e pelaproporção da feira que marcaria etapa vitoriosanas relações de respeito e beneficio recíprocosentre os dois governos e os dois povos.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.329

1. Assunto

1.1 Faixa 1Entrevista Concedida peloGovernador Carlos Lacerda aJornalistas

2.2 Faixa 2Continuação da Faixa Anterior

2. Temas

2.1 Faixa 1Reforma urbana, financiamentodas casas, Fundação Leão XIII,urbanização de favelas na ZonaSul, financiamento da CEF,reforma administrativa, delegaçãode poderes, desnecessárioreformar a Constituição, generalHenrique Lott a primeiroministro, política externa doBrasil no governo João Goulart,Santiago Dantas, abandono domercado argentino e latino-americano, “aprendizes dediplomatas”, propaganda nosquartéis da política exterior deSantiago Dantas, voto de direita eesquerda, existência decomunistas, direita formada porfascistas, reforma social. Perigodo poder conservador, podereconômico inescrupuloso,presidencialismo Xparlamentarismo, Miguel Arraes,João Cleofas, Armando MonteiroFilho, Celso Furtado, 'vice-reinado' do Nordeste, medo datecnocracia, tecnocrata ecomunista, expansão dePernambuco essencial aos

F1: 01:01:07F2: 01:02:29

F1: [1961/1963]F2:

Faixa 1Entrevista Concedida pelo Governador CarlosLacerda a Jornalistas.Carlos Lacerda, em seu gabinete, fala aosjornalistas, entre eles o representante do Jornaldo Commércio de Pernambuco, Everaldo Gomes.Ele comenta sobre o início da reforma urbana naGuanabara. Assinala que começaria pelo processode financiamento das casas e a primeira parcelarecebida pela Guanabara se destinaria à comprados terrenos. Acrescenta que os novos dirigentesda Fundação Leão XIII procederiam aolevantamento, com vistas à urbanização defavelas na Zona Sul. Refere-se à construção decasas na Zona Norte também. Conta que areforma urbana poderia tomar curso rápido se aCEF (Caixa Econômica Federal) entrasse com ofinanciamento também. Ele discorre sobre anecessidade de se implantar a reformaadministrativa no estado e sobre a delegação depoderes. Acentua que a emenda da Constituiçãoas permitia, de maneira que não havianecessidade de reformar a Constituição, bastandoapenas aplicá-la. O mesmo ele fala sobre areforma agrária, que não havia necessidade dereformar a Constituição, pois ela já previa adesapropriação. Voltando ao assunto da reformaurbana, ele diz que se já tivesse a possibilidade deexpandir e fixar as regiões administrativas, oproblema de favelas seria em muito facilitado,pois o levantamento dos problemas das favelasdar-se-ia em nível local. Lacerda responde a umapergunta sobre o fato de ele ter lançado o nomedo general Henrique Lott a primeiro ministro. Eleretruca dizendo que quem era ele para lançar onome de alguém, que apenas falara sobre anecessidade de se ter um primeiro ministro comautoridade, mas não era ele quem propunha osnomes, embora reconhecesse que o general eraum homem cotado para o cargo, por se tratar deum homem honrado, patriota e com autoridade.Mas, ressalta, havia outros nessa mesmacondição. Lacerda, comenta, a partir de umpergunta que lhe foi dirigida, sobre a políticaexterna do Brasil no governo João Goulart, queteria sido aprovada pela Câmara Federal. Ele

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“irmãos do Sul, indústria do Sul,mercado e concorrência noNordeste

2.1 Faixa 2Votar errado, voto não émercadoria, associações demoradores de favelas, conselhode moradores, habitação popular,divergências internas nas favelasé assunto dos representantes dasassociações, melhora dascondições de vida das favelascontempladas, perguntas, queixase apoio dos favelados, centro desaúde em Madureira., favelasremovidas e urbanizadas,desapropriação de terrenos,Fundação Leão XIII constróicasas populares, pequenoslatifúndios desaproveitados,reforma agrária, “reformazinhaurbana”, parco efetivo policial,grilagem de terras

salienta que a Câmara não havia aprovadopolítica nenhuma, e sim a presença do ministroSantiago Dantas no gabinete. Afirma que apolítica exterior do Brasil havia dado ao país umprejuízo de 300 milhões de dólares. Ele denunciao abandono do mercado argentino e dos demaismercados latino-americanos, enquanto que oItamaraty delegava, a alguns de seus “aprendizesde diplomatas”, a responsabilidade de fazerpropaganda nos quartéis da política exterior deSantiago Dantas. Perguntam a ele se estavapreparando pronunciamento político para o dia 24de agosto. Lacerda responde que preparavapronunciamento político para todos os dias. Achaque a pergunta fazia parte de uma provocação quevinha surgindo, às vezes, para justificar as razõesde O Globo. Perguntam a ele se acreditava emvoto de direita e esquerda no Brasil. Ele respondeque não, mas que acreditava na existência decomunistas e de um grupo de oportunistas e deaventureiros que estavam abrindo o Brasil paraeles. Sobre a direita, sustenta que era formada porfascistas e ele fala que não conhecia nenhumfascista, naquele momento, disponível no Brasil,a não ser o ministro Santiago Dantas. Ele assinalaque acreditava num movimento conservador, massem força para promover a reforma social.Explica que era bom que existisse mesmo, pois,para ele, a democracia se fazia com elementosconservadores, moderados, reformistas e até comelementos avançados. Sobre o perigo de umpoder conservador, Lacerda concebe que o podereconômico era mais grave no Brasil, porque eramais rico e mais inescrupuloso, era o poder doestado, que usava o dinheiro do povo à suarevelia. Ele pergunta se havia poder econômicomaior do que o da Petrobras, por exemplo.Perguntam-lhe, então, se dependesse dele, elevoltaria ao presidencialismo, deixando oparlamentarismo. Lacerda responde dizendo queporia qualquer um dos dois regimes parafuncionar, pois nenhum deles havia, até então,funcionado no Brasil. Questionam Lacerda sobrese ele fosse votar nas eleições de Pernambuco,votaria para prefeito em Miguel Arraes, paradeputado em João Cleofas, para ministro emArmando Monteiro Filho. Responde ogovernador que provavelmente votaria nocandidato que lhe desse melhores garantias defidelidade à democracia, com todos os seusdefeitos. Um dos entrevistadores pergunta o queCarlos Lacerda achava de Celso Furtado. Eleresponde que não achava nada, porque pouco oconhecia, e a distância não permitiria julgá-lo,mas que acreditava ser ele um homem de boasintenções. O que o assustava um pouco, era aideia de fazer do Nordeste um 'vice-reinado', poisele preferia que o Nordeste tivesse, através de seupovo, governadores que pudessem executarplanos que, embora estudados por técnicos,

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fossem executados pelos estadistas. Lacerdaacentua seu medo da tecnocracia, em qualquerregime, e explica que tinha medo do Nordestevirar uma tecnocracia. Carlos Lacerda refletesobre a possibilidade de o sujeito ser tecnocratasem ser comunista. Para ele não, pois na medidaem que ele fosse sincero, ele tinha que sertecnocrata e comunista, pois ele tinha que sededicar à destruição da estrutura vigente, parasubstituí-la por outra que julgasse melhor. Ojornalista de Pernambuco solicita uma mensagemdo governador ao povo pernambucano. CarlosLacerda menciona que gostaria de dizer aospernambucanos que, no Rio de Janeiro, haviauma permanente preocupação e carinhosointeresse pelos seus esforços, pelo seus trabalhos,pelas suas dificuldades e pela sua vida. Assinalaque a melhoria e a expansão de Pernambuco eramessenciais aos “irmãos do Sul”, não apenas pordever de solidariedade nacional, mas, também,porque a indústria do Sul não poderia expandir-se, a não ser que encontrasse mercado econcorrência no Nordeste e no resto do país.Comenta que as dificuldades do Nordeste nãoeram novas, mas agravadas pela inflação e pelaincompetência, e era natural que tais dificuldades,agravadas, fossem um convite ao desespero.Acentua que tinha a convicção de que o povopernambucano sabia que os problemas tinhamsolução. Ele exalta a tradição de luta do povopernambucano e sua fidelidade à causa daliberdade, e que os pernambucanos nunca iriamconfundir comunismo com a causa da liberdade.Acha que a alternativa do Brasil era progredir naliberdade, ao invés de se deixar iludir pelademagogia e viver sob a escravidão. Consideraque ainda havia tempo do Brasil optar pelaprimeira escolha.

Faixa 2Continuação da Faixa AnteriorObservação: Continuação da faixa anterior apartir dos 00:29:41.Carlos Lacerda fala sobre a política deurbanização de favelas, com a construção decasas populares financiadas à população de baixarenda. Até os 00:11:00 trata-se do mesmo áudioda fita-rolo 13 (faixa 7), a partir das anotações dofinal da página 7/7) desta.Carlos Lacerda fala sobre o fato de as pessoasvotarem errado. Acha que este era um problemade todos, que votar bem era votar em quemajudava e se fosse para votar em quematrapalhava, azar de quem viesse a votar errado.Esclarece que não comprava voto de ninguém,pois voto não era mercadoria. Agradece apresença de todos. Fala sobre a estruturação, nofuturo, das associações de moradores de favelas,num conselho de moradores, num âmbito maior.Explica que esse era o ideal de seu governo, no

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que dizia respeito à política de habitação popular,além de que as favelas se tornassem bairros, comrepresentação junto às regiões administrativas.Ele salienta a importância da colaboração e datroca de informações dos moradores de favela, notocante às obras que seriam realizadas. Explicaque não tinha ido até os representantes paradistribuir empregos e nem para comprar aconsciência de ninguém. Apenas estavacumprindo seu dever, se agradasse, ótimo, se não,paciência... Menciona que só pertencia aojulgamento de Deus e de sua consciência e quenão tinha medo de intriga, não tinha medo decalúnia, não tinha medo de briga (não aprocurava, mas também não rejeitava“parada”...). Conta que, a cada dia de sua vida, osaspectos propriamente políticos da vida políticaiam lhe interessando cada vez menos. Reconheceque não iria fazer tudo de uma vez só, não iriaresolver todos os problemas de uma vez só, queiria precisar de muito conselho, de muita ajuda,de muita crítica construtiva... Considera naturalque houvesse divergências internas nas favelas,vários interesses partidários, e que isso eraassunto dos representantes das associações, ogoverno nada teria a ver com isso. Esperava quetais diferenças fossem superadas, em prol de umobjetivo comum, que era a melhora das condiçõesde vida das favelas contempladas com as obras. Ogovernador compara a situação do Rio de Janeirocom a de outros estados do Brasil para dizer que,apesar dos problemas e das dificuldades, asmelhorias implementadas em várias áreascolocavam a Guanabara em posição de destaque.Diz que, por exemplo, das 14 milhões de criançascom idade escolar, havia 7 milhões sem escolaprimária no Brasil e na Guanabara, e que oproblema estava quase solucionado. Elereconhece que não poderia fazer tudo, maspoderia fazer muita coisa. Acrescenta queninguém poria a mão no dinheiro que seriautilizado na urbanização das favelas e que por eleresponderia com a vida. O locutor anuncia, emnome dos favelados, Benedito Guilherme,Presidente do Parque da Alegria, ex-favelaBuraco da Lacraia. Ele começa saudando ogovernador, os presentes e amigos da favela.Assegura que era de coração que todosagradeciam ao governo. Acrescenta que sem aajuda do favelado, o governo nada poderia fazer.Fala do Parque da Alegria, uma favela entãourbanizada, que demonstrava a vontade e asinceridade que o governo tinha, de resolver osproblemas dos favelados. Ele lê, então, a históriado Parque da Alegria, para mostrar que o planoestava dentro daquilo que se esperava. Salienta acontribuição dos moradores do local nas obras detransformação da favela em bairro proletário. Citacada etapa do trabalho, desde o aterramento doburaco que dava nome à favela, passando pela

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abertura das ruas – a principal e as transversais –,pela divisão dos terrenos em lotes, paraconstrução das casas em alvenaria e instalação darede de esgotos e de luz. Ele sustenta que estavadentro das diretrizes traçadas pelo governo aresolução dos problemas, com o apoio dogoverno e esforço dos favelados. Garante queCarlos Lacerda não ficaria decepcionado com opovo das favelas, pois era lá que estava toda amão de obra das fábricas, das indústrias, docomércio... Após o discurso de BeneditoGuilherme, Carlos Lacerda retoma a palavra paraesclarecer duas coisas de que ele havia esquecido.Discorre sobre a cota e a amortização dofinanciamento, menciona que ela estava calculadaem cerca de 2100 cruzeiros, porque havia tomadocomo cálculo a média que o faveladorazoavelmente podia pagar, ou seja, cerca de15% do salário mínimo de então. Acentua que acota corresponderia sempre a 15% do saláriomínimo, ou seja, uma vez reajustado o salário, aparcela também aumentaria proporcionalmente. Ooutro esclarecimento era que da verba de 1 bilhãodo fundo do trigo, uma parte seria utilizada para aconstrução de um grande centro de saúde,unidade sanitária mista, em Madureira. Elepergunta, porque em Madureira? Ele mesmoresponde que em torno de Madureira estava amaior densidade de população favelada do Rio deJaneiro, assim como concentrada a maiordensidade de doenças que precisavam deambulatório, posto de saúde, etc. Lacerda fala dasimplicidade das obras e enfatiza que o Brasil eraainda um país pobre e que havia de enriquecercuidando da educação e da saúde de seu povo.Por conta disso, mais valia a pena construirescolas e hospitais simples, mas que dessemconta de educar e tratar o maior número dehabitantes possível, do que construir verdadeirospalácios, que dessem conta apenas de alguns.Essa era a idéia geral da coisa, conclui ogovernador. Após a palavra do governador CarlosLacerda, abriu-se espaço para as perguntas dospresentes. Romeu Loures responde á primeirapergunta, estabelecendo o critério de elaboraçãodo projeto. Assinala que o que importava eramquantas casas poderiam ser feitas numa área 'x' deterreno, e verificaram os terrenos mais baratos,para que se pudesse construir um número maiorde casas. Fala que iriam selecionar as favelas quedeveriam ser removidas, pois havia no Rio deJaneiro favelas que não tinham como serurbanizadas. Salienta que a Vila da Penha nãoseria urbanizada totalmente, pois era impossívelfazê-lo. Explica que o projeto para a Vila daPenha previa a abertura de algumas vias e, porconta disso, alguns barracos precisariam serremovidos, mas novas moradias seriamconstruídas no mesmo local, para evitar que osfavelados saíssem da região onde moravam.

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Lacerda intervém e salienta que o problema dogoverno consistia em combinar as possibilidadesde terrenos, com as necessidades do morador.Esclarece que a intenção era que os moradores sedeslocassem o menos possível, com a remoção desuas casas. Comenta que o problema das favelasda Zona Sul era o terreno, tanto a falta como adesapropriação, porque, quando a favela eraocupada espontaneamente pelos favelados, quemontavam seus barracos, ninguém ousavaprotestar, mas quando se descobria que o governoiria lotear e vender o terreno, aparecia o dono doterreno... Lacerda diz que não adiantava fazercasas em terreno alheio, o interessante eraresolver o problema, dando ao favelado umterreno que ele pudesse chamar de seu. Eleressalta que, por conta disso, não poderia definirum critério permanente, para todos os casos.Lacerda considera que a solução seria procurarloteamentos abandonados, cujos proprietáriosficavam parados especulando sobre o terrenobaldio, e o estado tomaria conta de tais terrenospara fazer vilas populares. Explica que não podiadesapropriar todas as terras do Rio de Janeiro,pois não havia dinheiro para tudo isso, mas haviavários casos em que os loteamentos estavamparados por dissidia ou por incapacidadefinanceira dos loteadores e que precisavam deaplicação, e que, por esses motivos, a intençãodo governo era taxar tão fortemente os terrenos,de maneira que o sujeito teria como alternativavender o terreno para a Fundação Leão XIIIconstruir as casas populares, ou ele mesmo loteare vender os lotes de seu terreno, o que tambémera um direito dele. O que não era possível,adverte Lacerda, era que, numa cidade como oRio de Janeiro, existissem pequenos latifúndiosdesaproveitados a vida inteira. E conclui: “Já quese fala tanto em reforma agrária vamos fazernossa reformazinha urbana”. Lacerda salienta quea maior parte dos terrenos baldios no Rio deJaneiro pertenciam a órgãos federais. 40% dosterrenos do estado da Guanabara aindapertenciam a órgão federais! Exclama ele. Citacomo exemplo, os terrenos localizados a beira daavenida Brasil. Lacerda discorre sobre aspropostas feitas aos Institutos: ou os Institutosentravam com os terrenos para a COPEG(Cooperativa Habitacional), em vez de entrar como dinheiro para as ações, e passavam a sócios daCompanhia, sendo os terrenos postos à disposiçãoou de fábricas ou de moradias para trabalhadoresou ambas as coisas; ou, então, o estado, se aALEG (Assembleia Legislativa do Estado daGuanabara) concordasse, trocava terrenos naavenida Presidente Vargas pelos terrenos, para aconstrução das casas populares. Lacerda salientaque a maior parte dos moradores de favelas noRio de Janeiro era contribuinte dos Institutos.Portanto, parecia-lhe justo que uma das duas

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propostas fosse adotada. Conta que estavaaguardando apenas o aval do Ministério doTrabalho e dos Institutos de Previdência. Umsenhor, morador da Barreira do Vasco, pede apalavra para falar que nunca havia visto nadaigual, nem no Brasil nem no mundo... Umgoverno que reunisse favelados e deles obtivessesugestões a respeito da política habitacional eurbanização das favelas. Ele exalta a figura e ogoverno de Carlos Lacerda e se dispõe atrabalhar, auxiliando o governo. Diz que ogovernador deveria tomar nota de seu telefone,para chamá-lo um dia, para eles terem umentendimento, de forma a esclarecer eproporcionar mais conhecimento ao governador,sobre a grande capacidade que Lacerda poderiaencontrar na favela. Outro favelado, doJacarezinho, pergunta ao governador se, de fato, averba destinada à luz do Jacarezinho, comoenunciada por um repórter, havia sido extraviada.Acrescenta que todo o Jacarezinho estavaaguardando uma visita do governador e que acomunidade estava unida na defesa das ideias dogovernador e dela própria. Lacerda responde,informando que no seu governo não havia operigo do extravio de verba. Esclarece que játivera o prazer de assinar a liberação da verbapara a obra do Jacarezinho e que ela logocomeçaria. Um representante da favela do morroda União, em Coelho Neto, diz que a comunidadetinha um problema urgente: tratava-se de repelirum elemento que estava querendo construirilegalmente uma obra no centro da favela, játendo explorado, dessa forma, o bairro de Olaria,por muitos anos. Denuncia que ele não haviaobedecido ao embargo imposto à sua obra eestava construindo uma oficina, numa área de 4mil e 700 e poucos metros quadrados da áreadesapropriada pelo juiz da 7ª Vara da Fazenda. Orepresentante fala que tinham pedido ao elementoque fizesse prova junto às autoridades de que eraproprietário do terreno. Lacerda responde que aquestão estava em juízo, sendo que a autoridadedo momento era o juiz, mas que a autoridade doestado, portanto limitada pela do juiz, que no casoera maior, se faria sentir o quanto possível, paragarantir o direito dos moradores. Lacerda fala quefazia questão da participação de todos no trabalhoe que aquele não era o último encontro que eleteria com os representantes das favelas, poiscontinuaria, periodicamente, com as reuniões.Ele pede licença para se retirar, alegando outroscompromissos, mas não antes de ouvir as duasúltimas pessoas que haviam pedido a palavra. Umrepresentante da vila proletária N. S. da Penhainforma que seus moradores estavam ansiosos emsaber o resultado da reunião, para que fossemlevadas as soluções para a construção de casas.Ele pergunta ao governador quando iriamcomeçar, mais ou menos, as obras de urbanização

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da vila proletária N. S. da Penha, e comunica aogovernador que muitas casas na vila já tinhamsido erguidas em alvenaria, de maneira que otrabalho de habitação no local já se encontravabastante adiantado. O governador responde que,“francamente”, não tinha nenhuma informaçãoprecisa para dar, mas que iria pessoalmente, nasemana seguinte, com Romeu Loures, checar asituação da vila, e ver qual a solução que estariaao alcance do governo. Por último, o presidentede Cachoeira Grande dirige a palavra aogovernador. Diz que os moradores do localvinham enfrentado um problema: a formação, nafavela anexa – a da Cachoeirinha - de um “covilde marginais”. Ele fala que o posto policial localservia apenas de enfeite na favela, pois osmoradores estavam sem a proteção do estado. Eleinforma que estava com um dos olhosmachucados, por ter prestado ajuda a um policial.Diz que os policiais andavam armados “apenascom um 38” enquanto que os marginais, “osvagabundos, andavam com um 45”. Lacerdaresponde que se reunira com o chefe de Políciapara tratar do novo plano de Polícia do Rio deJaneiro, e que o problema seria solucionadoimediatamente. Por fim, ele encerra dizendo que acidade tinha sido encontrada com uma deficiênciaenorme de Polícia: sem recursos e sem pessoal.Anuncia que, naquele momento, estavam sendorealizadas provas de seleção, exame e admissãode novos policiais, para cobrir o que o orçamentodo ano permitia. Tratavam-se de 5 mil vagas.Mas, ele adverte que isso não solucionaria porcompleto o problema. Ele assinala que nãoqueria iludir ninguém, mas o que acontecia eraque o efetivo policial no Rio de Janeiro era muitomenor do que o que a cidade precisava. Diz queas verbas para segurança pública, de quedispunha o estado, eram insuficientes.

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1. Assunto

1.1 Faixa 1Continuação da Inauguração doMercado Livre do Produtor, emSanta Cruz

1.2 Faixa 2Inauguração da Escola CoronelBerthier – Santa Cruz

2. Temas

2.1 Faixa 1Avaliação do governo Lacerda,pedido de votos para FlexaRibeiro, distribuição de carteiraspara novos proprietários dos

F1: 13:32minF2:17:43min

F1: 25/09/1965F2; 25/09/1965

Faixa 1Continuação da Inauguração do Mercado Livredo Produtor, em Santa CruzCom a palavra o governador Carlos Lacerda. Elefala que se o povo de Santa Cruz e Deus lheajudassem ele teria mais 5 anos de trabalho,honestidade... e de erros, talvez, mas o queimportaria no caso seria o saldo, pois, como elemesmo diz, não se mede a obra de um governoem milímetros, mas sim pelo conjunto, ao sefazer mais coisas certas do que erradas. Ele fazcampanha para eleição de Flexa Ribeiro naseleições de sucessão no estado da Guanabarapedindo que Santa Cruz tomasse nas mãos odestino da Guanabara votando certo, votando emFlexa Ribeiro para governador. Após esse pedidoele anuncia que chamaria pelo nome os novosproprietários dos boxes do Mercado Livre doProdutor. Diz que antigamente a identificaçãodestes se dava por um cartãozinho, e “tome falsoprodutor com boxe...” Diz que havia umas firmas

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boxes do mercado, críticas àsfirmas que falsificavam cartões evendiam seus produtos nomercado, prejuízos da antigaSecretaria de Agricultura, convitepara a inauguração do parqueLaje, luta pela preservação doparque Laje, desapropriação doparque, campanha do jornal OGlobo contra Lacerda, decisõesda Justiça a favor da manutençãodo parque

2.2 Faixa 2Ações do governo na Zona Oeste,construção da Escola CoronelBerthier em atendimento àreivindicação da Aeronáutica,missão da Fundação OtávioMangabeira, a criação de cursosde extensão universitária noparque Laje, escolha do patronoda Escola pela Aeronáutica,participação heróica do coronelBerthier na FAB.

no Rio de Janeiro que obtinham de certospolíticos boxes nos mercados da secretaria e'desovavam' ali todo o negocio de seu armazém evendiam demais... Lacerda diz que era por issoque os mercados da secretaria de agriculturaantiga davam um prejuízo ao estado de 200milhões de Cruzeiros ao ano. Ele então anuncia onome dos proprietários e pede que eles busquemsua carteira. Lacerda aproveita a ocasião paraconvidar o povo de Santa Cruz a uma outracerimônia. No dia seguinte ele informa queestariam sendo entregues às crianças, às babás eàs mães dos bairros da Gávea, Botafogo,Humaitá, Largo dos Leões e Lagoa o ParqueLage. Diz que o parque ia ser loteado por RobertoMarinho, dono do jornal O Globo, paraespeculação imobiliária. Lacerda diz que tentoupor 3 anos convencer Roberto Marinho a aceitarterrenos na avenida Presidente Vargas em trocado parque e ele não aceitara, porque ali queria“ganhar dinheiro por centímetro quadrado”. Daíque o governador conta que teve que desapropriá-lo e vinha deste episódio toda a raiva que RobertoMarinho passou a nutrir por ele, segundo ogovernador que conta que era um grande homempara O Globo até a desapropriação; depois,passou a ser paranoico. Era o homem maishonesto do mundo e depois virou ladrão. Diz quea prova de que ele agiu dentro da lei foi o fato deRoberto Marinho ter recorrido duas vezes najustiça para tentar reaver o terreno e ter perdidoem ambas. Lacerda manda um recado a RobertoMarinho dizendo que criança precisa de espaço,de árvore para crescer em liberdade e em paz, enão “dentro de gaiolas”, que eram osapartamentos que aos montes se proliferavam naregião. Ele encerra dizendo que o Parque Lagevalia os insultos de O Globo.

Faixa 2Inauguração da Escola Coronel Berthier – SantaCruzCom a palavra a secretária estadual de educaçãoTerezinha Saraiva na cerimônia de entrega daescola Coronel Berthier na base aérea de SantaCruz. Ela anuncia as autoridades presentes,militares, civis e religiosas, entre elas ogovernador Carlos Lacerda e o ministro daAeronáutica o Brigadeiro Eduardo Gomes. Elafala sobre as realizações de Carlos Lacerda naárea de educação, citando os números alcançadosno que diz respeito à reforma e construção deescolas, aumento na oferta de vagas e concessãode bolsas no ensino ginasial. Diz que foi umabatalha dura, mas que foi uma batalha de amor.Exalta a importância do professor Flexa Ribeiro,seu antecessor na secretaria, dizendo tersatisfação e honra em substituí-lo. Diz que a obrado ensino primário da Guanabara foi, até então, amaior obra educacional realizada no Brasil. E

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salienta que não parou por aí, pois o governoCarlos Lacerda investiu também no ensinoginasial. Diz que o governo Carlos Lacerda foi“uma escola de trabalho, de honestidade, decapacidade e de devotamento” e que a Guanabarateve a felicidade de ter seu destino dirigido por“um homem justo, humano, trabalhador edevotado”.Deseja ela que a casa então inauguradase tonasse uma casa de educação que nãoensinasse apenas matemática, português egeografia, mas também liberdade, igualdade efraternidade. Diz que bendito é o governo queconstrói escolas, pois quem constrói escolassemeia a democracia. Diz que educação era oúnico caminho que levaria os jovens à liberdade.Após o discurso de Terezinha Saraiva assume apalavra o governador Carlos Lacerda. Ele anunciaas autoridades e fala sobre as ações do governo,no âmbito educacional, na área de Santa Cruz.Salienta os números alcançados, assim comohavia feito antes a secretária estadual deeducação. Fala da reclamação da Aeronáutica deuma escola na base aérea. Lacerda fala de umaoutra missão da Fundação Otávio Mangabeira: ado aproveitamento integral do Parque Lage para ajuventude carioca com a criação, no local, doscursos de extensão universitária, os seminários dedesenho industrial e de técnica avançada comocomplemento e anteparo da Universidade doEstado da Guanabara. Sobre o nome da escolaLacerda diz que coube à base aérea e à FAB aindicação deste e que, obedecendo a tal indicação,ele, a secretária de educação Terezinha Saraiva eo presidente da Fundação Otávio MangabeiraOtávio Borghetti agradeceram a admirávelsugestão, pois o coronel, cujo nome figurava naescola e cuja viúva o governador desejava saudar,“era bem um dos símbolos do destemor, dabravura, da lealdade, do vigor e da firmeza comque os homens da FAB serviam permanentementeao Brasil”. O governador Carlos Lacerda exaltaentão a figura do Coronel Berthier e diz ser umdos momentos “de maior honra e de sinceraemoção” para ele este que entrega à guardacarinhosa das mães e mestras dos alunos e pais dabase aérea de Santa Cruz a escola que levava onome de um de seus heróis.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.331

1. Assunto

1.1.1 Faixa 1aCarlos Lacerda é Entrevistado naBahia

1.1.2 Faixa 1bCarlos Lacerda Fala Sobre aConstrução do Maracanã

2. Temas

F1a: 19 minF1b: 10 min

F1a: [1964/1965]F1b:[1964/1965]

Faixa 1aCarlos Lacerda é Entrevistado na BahiaO governador Carlos Lacerda pede ajuda paradefender a lei, porque se a lei não fosse cumprida,não adiantava falar em legalidade. Lacerdapergunta que legalidade havia na Universidade daBahia, naquela noite? Menciona que a legalidadedos filhos do assassino de John Kennedy, oscandidatos a assassinos da sua própria pátria, nãoera a sua legalidade. Também não poderia ser alegalidade dos homens livres e das famílias deuma nação cristã. O entrevistador pergunta quemensagem de esperança e despedida o

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2.1.1 Faixa 1aDefesa da lei e crítica ao governofederal, mensagem ao povobaiano

2.1.2 Faixa 1bPosição contrária à construção doestádio do Maracanã, defesa daproposta do prefeito HenriqueDodsworth, investimentospúblicos na conclusão das obrasdo estádio, a ADEG e a aplicaçãodos seus recursos nodesenvolvimento dos esportes nosclubes amadores e suburbanos

governador tinha para o povo baiano. Lacerdaconta que tinha conhecido, naquele dia, umavelhinha doce e pura que lhe entregara um panobordado por suas próprias mãos, para que a suamulher pusesse na mesa de sua casa. Lacerda falaque a velhinha disse para ele que não queria termorrido sem ter apertado a sua mão. Essavelhinha lembrou a Lacerda de outra velhinha,sua bisavó que nasceu na Bahia. Para Lacerda, apresença da mulher na vida dos homens era o quedeveria indicar a eles que não podiam chorarcomo homens a pátria, que nem com mulheressouberam defender. Lacerda comunica que estaera a mensagem que queria deixar ao povo baianoe promete que voltaria para lhes estender as mãosde homem livre, disposto a viver para reconstruira pátria de todos.

Faixa 1bCarlos Lacerda Fala Sobre a Construção doMaracanãCarlos Lacerda diz que, quando vereador, foicontra a construção do estádio no Maracanã. Eleargumenta que se tivessem seguido a sugestão doprefeito Dodswhorth de construir o estádio narestinga de Jacarepaguá, não haveria apenas umestádio, mas uma cidade olímpica e o estádioseria autofinanciável. Mas, considera este umexcelente exemplo da filosofia do seu governo,pois mesmo sendo contra a construção do estádioneste local, assim que assumiu o governo,socorreu-o. Lacerda conta que, em dois anos, ogoverno do estado havia gasto 300 milhões decruzeiros, quase a mesma quantia que haviacustado a construção do estádio. Lacerdacomunica que aguardava a venda das cadeirascativas para terminar as obras do estádio. Garanteque a ADEG (Administração dos Estádios daGuanabara) não se limitava aos muros doMaracanã, ela tinha que buscar e canalizar osrecursos no estádio para despejá-los, com critérioe com o rigoroso controle de sua aplicação nosclubes amadores, nos pequenos clubes e nosclubes suburbanos, onde realmente se praticava oesporte útil à juventude e ao país. Agradece apresença de todos e aproveita a oportunidade parademonstrar o seu apreço e a sua gratidão aosservidores do estado.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.332 Não digitalizadoBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.333 Não digitalizadoBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.334 Não digitalizadoBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.335

1. Assunto

1.1 Faixa 1Primeiro Salão Mineiro deTrabalho Integrado em Poços deCaldas - Reportagem da Rádio

F1: 30 min F1: [1971/1974] Faixa 1Primeiro Salão Mineiro de Trabalho Integrado emPoços de Caldas - Reportagem da RádioO Governador de Minas Gerais, Rondon Pacheco,visita os estandes do Centro Nacional deConvenções. O narrador diz que o Primeiro SalãoMineiro de Trabalho Integrado fazia parte dapolítica do governo estadual, de fixar MinasGerais entre as mais importantes unidades da

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2. Temas

2.1 Faixa 1Rondon Pacheco visita estandesdo Centro Nacional deConvenções, elogios ao governode Rondon Pacheco, importânciado Banco de Desenvolvimento deMinas Gerais, produção industrialde Poços de Caldas, inauguraçãopiscina térmica de água sulfurosa,Conselho Municipal de Turismo,transformação em diversossetores: agrícola, turístico eindustrial, integração do sul doestado, apoio financeiro da CaixaEconômica Estadual, presidenteda Hidrominas, elogios àSecretaria de Indústria eComércio, iluminação do Vale doJequitinhonha, apoio dopresidente Médici, segundo poloautomobilístico do país.

Federação. Contando com o apoio do governofederal e das administrações municipais, aatuação integrada do governo mineiro se faziasentir em todos os setores econômicos e sociais.O narrador elogia o governo de Rondon Pacheco.Fala sobre a importância do Banco deDesenvolvimento de Minas Gerais para aprodução industrial de Poços de Caldas. Diz queo salão mostrava as obras feitas pelo governoestadual na cidade. Anuncia o multishow queseria realizado no salão principal. Comenta ainauguração, pelo governador, de uma piscinatérmica de água sulfurosa e de um bar em estilocolonial. O sr. Ronaldo Duarte, presidente doConselho Municipal de Turismo de Poços deCaldas, comenta que era com muito orgulho que acidade recebia o governador e afirma que eramvisíveis os efeitos reais de transformaçãoregional, em diversos setores: agrícola, turístico eindustrial. Elogia a integração do sul do estadopromovida pelo governador. Agradece o apoiofinanceiro da Caixa Econômica Estadual, para aconcretização do plano turístico do município. Ogovernador Rondon Pacheco congratula-se com opresidente da Hidrominas, que somente depois demuitos anos veio a alcançar resultados positivosem seu balanço. Elogia a Secretaria de Indústria eComércio, criada em seu governo. Menciona ailuminação do Vale do Jequitinhonha com energiahidrelétrica. Agradece o apoio do presidenteMédici para que Minas se tornasse o segundopolo automobilístico do país. Assinala que estavasatisfeito com o apoio que tinha recebido emPoços de Caldas e vinha procurando corresponderplenamente a este apoio.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.336 F1: 10 min Faixa 1Gravação de músicas

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.337 Não digitalizadoBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.338 Não digitalizadoBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.339

1. Assunto

1.1 Faixa 1O Golpe de 1964 Analisado porCarlos Lacerda

1.2 Faixa 2Pronunciamento do GovernadorCarlos Lacerda em Reposta aoApelo da Marinha2. Temas

2.1 Faixa 1A infiltração de comunistas nosquadros da Marinha brasileira,acusações a Roberto Morena deatrair fuzileiros e marinheirospara a revolta, acusações ao

F1: 45 minF2: 8 min

F1: [31/02/1964]F2: [1º/04/1964]

Faixa 1O Golpe de 1964 Analisado por Carlos LacerdaO governador Carlos Lacerda critica a Marinhabrasileira que permitia que um cabo tivesse tempopara estudar Direito. Para Lacerda, isso nãoaconteceria em nenhuma outra Marinha domundo. Lacerda acusa este cabo de ser umcomunista infiltrado, a serviço do PartidoComunista, com o objetivo de dividir e trair aclasse militar. Lacerda acusa um espiãointernacional, assassino, chamado RobertoMorena, com cursos de revolucionárioprofissional na Rússia, que tinha sido agente dapolícia secreta russa, na Brigada Internacional daEspanha, e conselheiro de João Goulart naPresidência de, junto com outros homens da CGT(Confederação geral do Trabalho), fazer umapresepada, um carnaval em que chamaram eatraíram fuzileiros e marinheiros, apunhalando aMarinha de Guerra pelas costas. Lacerda diz queJoão Goulart dera ordem à polícia do Exército

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presidente João Goulart deprovocar a crise política,envolvendo a Marinha e oExército nacionais, reação dasForças Armadas e o apoio devários governadores ao golpecontra Goulart, oferta de tanquesde guerra ao governador CarlosLacerda por oficiais do Exército

2.2 Faixa 2Acusações ao presidente JoãoGoulart de estar entregando o paísao comunismo, caracterização dasações dos fuzileiros comoconspiração comunista,convocação ao povo brasileiropara lutasse contra o levantecomunista, prisão do governadorMiguel Arraes e a fuga dopresidente João Goulart,reação do governo da Guanabaraao ataque dos fuzileiros,tentativas de ligações telefônicasdo locutor da rádio com o PalácioGuanabara, telefonemas deAugusto Lima Neto, diretor daCompanhia Telefônica de MinasGerais, narrando tentativas decontatar o Palácio Guanabara,participação de ouvinte cariocasimpatizante do golpe, notíciasobre a renúncia do ministro daGuerra e sobre a adesão dogeneral Morais Âncora às forçasgolpistas, notícias do Palácio daGuanabara..

para que desse cobertura à ação, jogando osmarinheiros contra os soldados do Exército,classe contra classe, farda contra farda, brasileirocontra brasileiro. Lacerda relata que, diante destasituação, as Forças Armadas decidiram reagir etiveram apoio de vários governadoresdemocratas. Lacerda oferece ao povo daGuanabara, á mulher carioca, a Deus, ainformação que acaba de receber, de que osoficiais seus amigos, filhos de Alcides Etchegoy,seus companheiros em 54, se dirigiam ao Paláciocom tanques de guerra para entregá-los em suasmãos. Lacerda diz que Deus teve pena do povo,que Deus era bom.

Faixa 2Pronunciamento do Governador Carlos Lacerdaem Reposta ao Apelo da MarinhaCarlos Lacerda acusa o presidente de estarentregando o país ao comunismo. Conta quedepois de provocar e afrontar os governosestaduais e o Congresso e paralisar o PoderJudiciário pela infiltração, chegara a vez deprovocar e desmoralizar as Forças Armadas,esgotando todas as fases da guerra subversiva,comandada pelo presidente. Lacerda atesta queprestou obediência à lei e afirmou o propósito detrabalhar até o fim, aturando, com náusea e compaciência, um governo federal dirigido por umincapaz delirante. Porém, considera que opresidente ultrapassara todos os limites e sepusera abertamente a serviço do comunismo.Salienta que, em resposta ao apelo da Marinha,convidava o povo brasileiro a reagir com todas assuas armas, a tomar armas pela pátria, pela lei,pela honra e pela liberdade, para expulsar ousurpador e seus mentores comunistas do poderque desonram e da pátria que traíram. Sustentaque, na Guanabara, de onde não sairia, estavamprontos a reagir a bala a qualquer tentativa deesmagamento com o objetivo de sufocar a paz e aliberdade dos homens da democracia brasileiraLacerda comunica que acabara de receber ainformação de que o governador Miguel Arraesfora preso em Pernambuco pelo general JustinoAlves Bastos e que João Goulart acabara de fugirda Guanabara, em um avião da FAB (Força AéreaBrasileira) para, de Brasília, partir para destinoignorado. Lacerda comenta que os ratos estavamabandonando o navio e que tinha ouvido na rádioMairinky Veiga - que, segundo ele, mentia maisentão do que antes, porque mentia em tempo deguerra - , o relato de um cidadão que se diziaestivador, mas para Lacerda era um pelego,contando que a polícia da Guanabara tentaraprendê-lo, junto com outros pelegos da CGT.Lacerda confirma a informação, diz que váriosestavam e continuariam presos e ameaça defuzilamento sumário os que tentassem atacar opalácio Guanabara. Comunica que estava

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havendo um novo ataque dos fuzileiros ao palácioGuanabara e que morreriam defendendo a honra ea liberdade dos brasileiros. Pede aos brasileirosque levantassem, lutassem e matassem oscomunistas na rua, se necessário fosse. Lacerdadiz que o Palácio Guanabara estava sendo atacadopor loucos criminosos comandados por umbandido, o Almirante Aragão que pagará com avida qualquer tentativa de invasão. Diz que estecriminoso não pode sobreviver. Lacerda tentaconvencer os fuzileiros à não atacarem o Palácio.Ameaça matar o Almirante Aragão com o seupróprio revólver.

Faixa 2Continuação da Faixa AnteriorDe Minas Gerais locutor da rádio InconfidênciaOrlando Brás Filho tenta restabelecer a ligaçãotelefônica com o Palácio Guanabara com oauxílio da telefonista. A telefonista informa queos telefones do palácio estão ocupados. A rádioInconfidência recebe uma ligação de Augusto deLima Neto, diretor da Companhia Telefônica deMinas Gerais que diz estar tentando por todos osmeios possíveis se comunicar com o PalácioGuanabara, mas desconfia que as linhas deentrada foram cortadas. A rádio Inconfidênciarecebe uma ligação do Rio de Janeiro de umouvinte que não se identifica e diz ser umadmirador da causa. Ele informa dois telefonespara o locutor ligar. Anuncia aos ouvintes da rededa luta pela paz e pela liberdade que está ligandopara um número do Rio de Janeiro. Não conseguecompletar a ligação. Notícia veiculada pela rádioGlobo de que o Ministro da Guerra renunciou eque o general Morais Âncora acaba de aderir asforças revolucionárias comandadas pelo generalOlympio Mourão Filho. Repórter diz que estácompletado o cerco ao comunismo no Brasil.Comemora a liquidação total do comunismo noBrasil. Locutor da rádio Inconfidência informaaos ouvintes que Augusto de Lima Netoconseguiu se comunicar com o PalácioGuanabara e que não houve invasão.

Repetição do Pronunciamento de Lacerdarespondendo ao apelo da Marinha

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.340 F1: 2 min Faixa 1Gravação de música

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.341

1. Assunto

1. Faixa 1Jingle da Campanha MauroMagalhães para Deputado Federal

2. Temas

F1: 01:59min Faixa 1Jingle da Campanha Mauro Magalhães paraDeputado FederalExecução, três vezes, do jingle de campanha deMauro Magalhães para deputado federal pelo Riode Janeiro, cuja letra é a que se segue:

Mauro Magalhães você conheceEmpresário, democrata e trabalhadorNa Constituinte não pode faltar

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2.1 Faixa 1Execução do jingle

Sua larga experiência vai nos ajudar...A votar a nova ConstituiçãoVamos eleger gente que ama essa naçãoMauro Magalhães do Partido LiberalPara Deputado Federal

No fim do áudio uma pessoa diz, enquanto ojingle continuava sendo executado: “O Rioprecisa de respeito... Para deputado federal,Mauro Magalhães. O voto sério, o voto federal.Seu número: 2266, Partido Liberal!”

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.342

1. Assunto

1.1 Faixa 1Teresinha Saraiva, SecretáriaMunicipal de Educação, éSabatinada na Câmara Municipal

2. Temas

2.1 Faixa 1Discussão sobre merendadeteriorada, Comissão de Saúde,Higiene e Bem-estar Social,Decreto 883, de 04/03/1977,subsídios para reformulação dacarga horária do pessoal domagistério municipal, formaçãopedagógica dos professores,funções de natureza técnico-administrativa e técnico-pedagógica, condução da sessãode acordo com o que preceituavao regimento interno da Casa,perguntas formuladas pelovereador Romualdo Carrasco,aumento da carga horária dosregentes de turma, Decreto-Lei9909, defender a melhoria salarialdo professor

F1: 28:52min F1: [1977/1978] Faixa 1Teresinha Saraiva, Secretária Municipal deEducação, é Sabatinada na Câmara MunicipalUm orador não identificado, na tribuna daCâmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, falasobre a carreira do magistério. Está presente naCasa a secretária Municipal de Educação,Terezinha Saraiva. Fala o orador que o ideal seriaque o professor galgasse os diversos degraus desua carreira, sem ter que voltar aos anteriores. Emseguida, seguem-se as palavras do vereador Edgarde Carvalho Júnior. Ele recita um texto dajornalista Marina Colassanti, sobre as coisas comas quais nos acostumamos no dia a dia. Eledestaca algumas frases ao texto da jornalista,acrescentando que as pessoas se acostumavam aver seus filhos comerem merenda deteriorada ever se alongar um problema que poderia serresolvido, se fossem tomadas providênciasimediatas. Para ele, saber que existiam ratos namerenda, sem tomar providências imediatas, eralamentável. Assinala que mandar merendadeteriorada para as escolas, deveria ser caso desegurança nacional. Ele demonstra que gostariaque ficasse patenteado na Casa, se a senhorasecretária de Educação, Terezinha Saraiva, haviacomparecido em caráter informal ou oficioso,porque o que ele estava assistindo eram “delongase mais delongas”, e as perguntas, que haviam sidopremeditadas e calculadas para se fazer, nãoestavam sendo feitas. Comenta que, comopresidente da Comissão de Saúde, Higiene eBem-estar Social, tinha que se preocupar com oassunto da merenda escolar e que estava na“estaca zero” em relação ao assunto levantado,que se tratava do problema do rato presente namerenda escolar. Explica que não sabia quais asmedidas que seriam apresentadas, a curto prazo,para a solução da questão. Menciona que deixavacomo questão primeira, o seguinte: se existiaalgum prazo para que se tomasse uma medidadestinada a solucionar o problema. Em segundolugar, ele lê um estudo feito sobre o Decreto 883e suas implicações para a classe do magistério,que lhe fora encaminhado por professores. Elepassa às mãos da secretária de Educação oreferido estudo e espera dela obter algumaresposta, após leitura do mesmo. O estudo versasobre subsídios para reformulação da carga

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horária do pessoal do magistério municipal. Dizque o decreto 883, de 04/03/1977, que pretendiafixar o regime de trabalho do magistériomunicipal, não se equacionava nos parâmetroslegais, e dava tratamento profundamente injustoao trabalho da categoria. Adverte que o estudoreclamava tratamento mais coerente e que levasseem devida conta a formação pedagógica dosprofessores que exerciam relevantes funções denatureza técnico-administrativa e técnico-pedagógica na Secretaria Municipal de Educação.Eram profissionais de nível superior e, em grandeparte, altamente qualificados. Acredita que oprefeito tinha sido mal assessorado quandoassinara o Decreto, pois o mesmo faria com queos melhores profissionais se afastassem dasassessorias pedagógicas e orientação educacionalda Secretaria Municipal de Educação. O vereadorClemir Ramos interrompe, pedindo permissão àpresidente da sessão, para apresentar uma questãode ordem. Ela permite e ele exige de Edgar deCarvalho Júnior o rigoroso cumprimento doregimento interno da Casa, pois ninguém estava“entendendo nada”. Diz que o parágrafo segundo,do artigo 342, facultava, a qualquer vereador,após concluída a exposição do prefeito ou dequalquer secretário, solicitar esclarecimentos emno máximo cinco minutos. Afirma que a sessãonão estava sendo conduzida com respeito aoregimento interno e daí ele exigia que apresidenta conduzisse a sessão, de acordo com oque preceituava o regimento interno da Casa,pois, ou se respeitava a lei ou não se podia serlegislador. A presidenta pede ao vereador Edgarde Carvalho Júnior que ele formulasse a suapergunta ou que remetesse à secretária deEducação o estudo que ele tinha em mãos, para aapreciação dela. Ele passa às mãos da secretáriaTerezinha Saraiva o estudo e prossegue fazendoperguntas formuladas pelo vereador RomualdoCarrasco, que não tivera a oportunidade decontinuar com suas perguntas. A quarta perguntaera se, em relação ao decreto 883, poderia asecretária conceituar, para fins deesclarecimentos, o que era cargo e o que erafunção. A secretária responde a todas as perguntasfeitas a ela pelo vereador. Sobre o problema damerenda, ela reafirma que todas as providênciashaviam sido tomadas em tempo hábil e elaassegura, mais uma vez, que nenhuma merendafora manuseada sem higiene. Sobre o Decreto883, ela fala que precisava dizer, antes deresponder à pergunta sobre o que era cargo e oque era função, que o Decreto não haviaaumentado a carga horária dos regentes de turma,nem de 1a a 4a, nem de 5a a 8a. Ele apenas haviaratificado o que estava previsto no Decreto-Lei9909, tanto para o professor primário como para oprofessor secundário (na época professor deginásio) que eram 22 horas e 30 minutos

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semanais e 18 horas em carga horária de trabalho.Acrescenta que a única inovação do Decreto 883tinha sido a fixação da carga horária para osprofessores que exerciam funções técnico-administrativas e técnico-pedagógicas. Mencionaque cabia ao legislador, através do artigo 21, doDecreto-Lei 133, parágrafo 1º, fixar a cargahorária do professorado, e que nada fora inovadoe nem a carga horária fora aumentada. Pelocontrário, ela diz que havia sido diminuída. Elaexplica o porquê, utilizando o que previam osdecretos anteriores para os professores queexerciam tais funções. Assinala que o decreto nãoera ilegal, portanto. Teresinha Saraiva comentaque não era verdade a afirmativa de que, antes doDecreto 883, os professores trabalhavam menosde 14 horas semanais. Acredita que o professornão estava lutando para trabalhar menos e simpara ganhar mais e ela procurava defender amelhoria salarial do professor, mas nunca sob oargumento de que ele deveria trabalhar menos,porque ganhava pouco. Diminuindo a cargahorária, esclarece, ela seria obrigada a aumentar oquadro do magistério, o que resultaria em ficarmais remota a possibilidade de aumentar o saláriodo professor. Ela diz que não tem culpa, pois nãotinha sido ela quem inventara a carga horária, quedatava de 1946. Diz não ter culpa que algumaspessoas, por ganharem pouco, quisessemtrabalhar menos. O que ela queria era melhorar osalário dos professores, mas não diminuindo a suacarga horária.Observação: Aos 00:24:18 o áudio sofre um cortee entra outro áudio com o discurso do secretáriode Estado de Fazenda, dr. Luiz Rogério Mitraudde Castro Leite, cujas informações são as que seseguem.Ele discursa sobre o programa do Plano deDesenvolvimento Econômico e Social do Estado.Adianta que, com maior validade e maiorrelevância, o compromisso do governador eraelevar o nível de bem-estar da população do Riode Janeiro. Comenta que, no caso do servidorpúblico, o IPERJ (Instituto de Previdência do Riode Janeiro) realizava isso com o maior sucesso.Ele expressa, na pessoa do presidente GilbertoLemos, todos os seus diretores e todos aquelesque tinham a iniciativa de coordenar e, acima detudo, na presença de todos os servidores doIPERJ e do BANERJ (Banco do Estado do Rio deJaneiro) o agradecimento do secretário deFazenda. Diz que, sem sombra de dúvida,nenhuma iniciativa, qualquer que ela fosse, teriacondições de ser concretizada, se não houvesseuma consciência sobre essa iniciativa, por partedaqueles que executavam os trabalhos que eramplanejados. Ele agradece a todos os servidores doestado, comuns a tais propósitos. Deseja que oIPERJ prosseguisse no trabalho de valorizaçãodos recursos humanos que, por sua vez,

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valorizavam a administração.Observação: a gravação da rádio Roquete Pinto eencerra-se aos 00:26:43, sendo que a partir deentão, até o fim da fita, conta-se uma história.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.343

1. Assunto

1. Faixa 1Discurso sobre a Formação dePartidos Após o AI2

2. Temas

2.1 Faixa 1Ausência de renovação docomando da política,sobrevivência do estilooligárquico, ARENA, MDB,formação de partidos é legítima,AI-2 extinguia os partidos,criação de novas agremiaçõespartidárias, Lei Orgânica dosPartidos nº4740, de 15 /07/1965,artigo 18, Ato Complementar Nº4, elaboração do programa donovo partido, eleições diretas,Ademar de Barros, manifestopara redemocratização do país,Carlos Lacerda de acordo com omanifesto, política econômico-financeira, definição de políticaexterna, definição de estruturapolítico-administrativa

F1: 41:43min [1966/1967] Faixa 1Discurso sobre a Formação de Partidos Após oAI2Orador não identificado discorre sobre a ausênciade renovação do comando da política no Brasil.Fala da sobrevivência de um estilo oligárquico,que afastava o povo das deliberações políticas.Comenta que tanto a ARENA (AliançaRenovadora Nacional), quanto o MDB(Movimento Democrático Brasileiro),assemelhavam-se muito aos antigos PRs (PartidosRepublicanos) da República Velha, de naturezaoligárquica. Considera legítima a formação departidos. Diz que o AI-2, em seu artigo 18, queextinguia os partidos, determinava, em parágrafoúnico, que novas agremiações partidárias seriamconstituídas nos termos da lei eleitoral, elaboradapelo próprio governo, a Lei Orgânica dosPartidos, Nº 4740, de 15 /07/1965. Considera quese o artigo 18 fosse aproveitado para umaformação democrática de partidos, de baixo paracima, e não de cima para baixo, ele poderia teruma fecundidade extrema para o reencontro dopovo com as instituições políticas nacionais.Explica que o Ato Complementar Nº 4 haviacriado os dois grupos fechados e,consequentemente, uma disposição que colidiacom a do parágrafo único, do artigo 18, do AI-2.Ele salienta que um texto complementar nãopoderia colidir com um texto Constitucional.Anuncia que o partido que pretendia fundar seriaconstituído rigorosamente nos termos da Lei4740/1965. Informa que estavam elaborando oprograma do partido, que era uma exigência dalei, e cuidando da obtenção das assinaturasnecessárias à sua constituição. Acredita que erahora da vida política brasileira girar em torno decompromissos de programas e não em torno deposições estritamente pessoais. Comenta quevinha mantendo contato com as áreas maisdiversas da opinião pública e que poderia dizerque um movimento de renovação da vida políticabrasileira encontrava extrema receptividade.Defende eleições diretas, desde que se pudesseorganizar livremente os partidos, do contrário, oscandidatos a eleições diretas seriam escolhidospor dois clubes falsos. Ele deixa bem claro que,quanto à posição de Ademar de Barros, omovimento de renovação política do Brasildificilmente se ajustaria à personalidade políticadele, cujos métodos e processos políticos, ogovernador Carlos Lacerda condenava comveemência e convicção. Diz que seu manifesto,lançado em conjunto com um grupo dedeputados, era uma tomada de posição, de luta,em favor da redemocratização do país. Um apelo

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para que se esquecesse as distensões do passado,para que uma geração nova se reunisse eplantasse uma bandeira nova dentro dasinstituições políticas. Afirma que o governadorCarlos Lacerda estava de acordo com omanifesto, mas nem pretendia ingressar nopartido, nem tomar uma posição pública naquelemomento. Menciona que as linhas fundamentaisdo manifesto, em sua parte crítica e de definiçãode posição, encontravam no governador todo oapoio. Ele fala que vozes de inconformismo, queretratavam o estado de espírito da opiniãopública, se faziam ouvir, depois de um período desilêncio prolongado, no qual todos pareciamconcordar com a imposição pela força. Elesalienta que Carlos Lacerda não havia tidonenhuma participação nas diretrizes básicas domanifesto, no texto do documento do novopartido. Explica que o programa teria três linhasfundamentais. Esclarece que se tratava de umapolítica econômico-financeira adaptada àscondições de desigualdade social do país.Acredita que, para países dessa natureza, nãoexistia nenhuma doutrina econômico-financeira aser adotada na sua plenitude. Fala na definição deuma política externa e de uma definição deestrutura político-administrativa ajustada tambémà realidade do país.Observação: Aos 00:14:23 o áudio sofre um cortee entra outra gravação. Transmissão dolançamento de quatro retro-foguetes paramanobra de reingresso de uma espaçonave, noprograma Voz da América.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.344 Não digitalizadaBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.345 Não digitalizadaBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.346 Não digitalizadaBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.347 Não digitalizadaBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.348 Não digitalizadaBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.349 Não digitalizadaBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.350 Não digitalizadaBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.351 Não digitalizadaBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.352 Não digitalizadaBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.353 Não digitalizadaBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.354 Não digitalizadaBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.355 Não digitalizadaBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.356 Não digitalizadaBR RJAGCRJ.CL.FAM.1.357

1. Assunto

1.1 Faixa 1Governador Carlos Lacerda FazDiscurso para os Novos Cidadãosque Entraram para a Polícia

Não digitalizada

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.358

1. Assunto

1.1 Faixa 1

F1: 30 minF2: 2 min

F1: 23/04/1965F2: s/d

Faixa 1Transmissão do Cargo de Governador ao Vice-Governador, Raphael de Almeida MagalhãesO Governador Carlos Lacerda conta que, váriasvezes, durante o seu mandato, transmitira,

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Transmissão do Cargo deGovernador ao Vice-Governador,Raphael de Almeida Magalhães

1.2 Faixa 2Programa Vozes da Cidade daRádio Roquette Pinto

2. Temas

2.1 Faixa 1Transmissão de funções,continuidade administrativa,partido unido em torno dacandidatura, desistência do vice-governador de concorrer à suasucessão, apoio do partido àcandidatura à Presidência daRepública, ressentimentos naUDN, alternativa à suacandidatura, transformação da“Revolução” em uma obra deadministração e renovaçãonacional, campanha de sucessãonos estados

2.2 Faixa 2Programa Vozes da Cidade daRádio Roquette Pinto

transitoriamente, as funções que ele exercia aovice-governador, como também aos chefes dosoutros dois poderes do estado, e sempre com umainabalável confiança na perfeita continuidadeadministrativa. Porém, achava importanteexplicar as razões de seu afastamento temporário.Pede que os seus aliados se unissem, pois a lutadeveria ser contra o adversário, que o era doestado, do país e do regime democrático. Ressaltaque tinha procurado, de boa fé, uma solução queagradasse a todo o partido, para uni-lo em tornoda candidatura. Lacerda comenta que diante dadesistência do vice-governador de concorrer à suasucessão e da desistência também do presidenteda Assembleia, tinha sido aberto caminho paraoutra candidatura. Espera receber apoio do seupartido à sua candidatura à Presidência daRepública. Pergunta à UDN (União DemocráticaNacional) da Guanabara se, como candidato apresidente da República, tinha o direito deorientar o seu partido, ou deveria receberimposições. Lacerda afirma que nunca secomprometera a dar emprego a todos osudenistas, quando assumisse o governo. Pede queacabassem os ressentimentos na UDN. Diz que,ou a UDN saía unida em torno do seu líder, outeria que proclamar a repulsa à sua liderança.Lacerda afirma que sua arma era a comunicaçãocom o povo e que não estava na vida publica paraser governador ou presidente, mas para servircomo governador ou como presidente ao povo, aquem unicamente devia satisfações. Pergunta qualseria a alternativa à sua candidatura presidencialpela UDN. Para Lacerda, a destruição da suacandidatura levaria à ditadura, à aventura, aoimprevisto, ao imprevisível. Se havia outracandidatura da sua área, pede que digam qualseria. Mas, se não havia outras propostas, defendeque a sua candidatura fosse definida como asolução para a transformação da “Revolução” emuma obra de administração e renovação nacional.Comunica que iria começar imediatamente acampanha de sucessão pelos estados, e estariapresente sempre que fosse necessário parareassumir o seu posto. Lacerda adverte que tinhacerteza de que, convocado o povo e alertada aUDN para o perigo que ela o fazia correr, ou elafazia cessar o perigo, ou teria que corrê-lo comele.

Faixa 2Programa Vozes da Cidade da Rádio RoquettePinto

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.359

1. Assunto

1.1 Faixa 1Homenagem do CongressoMariano ao Governador Carlos

F1: 30 minF2: 6 min

F1: 01/04/1963F2: 01/04/1963

Faixa 1Homenagem do Congresso Mariano aoGovernador Carlos Lacerda – Palácio GuanabaraO governador Carlos Lacerda pergunta ondeestavam os tanques, quando cubanos e russoslevavam jovens brasileiros para treiná-los a matarsoldados brasileiros. Conta que os tanques tinham

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Lacerda – Palácio Guanabara

1.2 Faixa 2Entrevista com Neusa deCarvalho Costa, Assistente deProgramação do InstitutoBrasileiro da Universidade deNova York, nos Estados Unidos

2. Temas

2.1 Faixa 1Crítica ao ministro da Marinha,preocupação com eleições em1965, Pernambuco entregue àQuinta Coluna comunista,Ministério do Trabalho programagreve dos bondes, nova taxasobre a energia elétrica,intervenção na Guanabara, JoãoGoulart perigo para a segurançanacional, plebiscito, expulsão dosasilados cubanos

2.2 Faixa 2Neusa de Carvalho Costa,conferências de Érico Veríssimo eJuscelino Kubitschek, noite depoesia brasileira, planos doInstituto Brasileiro, orientaçãopara os homens de negócioestrangeiros em visita ao Brasil

sido dados pelo Exército americano, para mantera liberdade e a unidade do continente. Lacerdacritica o ministro da Marinha, que entrara naAssembleia Legislativa com latagões a tiracolo. Ogovernador diz que fora uma cena digna daAlemanha de Hitler. Um almirante, acompanhadode outro almirante e vários comandados, demetralhadora em punho, entraram na Assembleiapara lhe dar uma proteção que ele não pedira,pois não estava e nunca estaria ameaçado naGuanabara. Lacerda afirma que a suapreocupação era que houvessem eleições em1965. Para ele, Pernambuco já estava entregue àQuinta Coluna comunista e a Guanabara, de umahora para outra, pela insânia de alguns, pelatraição de outros, pela leviandade de muitos epela covardia de outros, poderia também sertraída e ocupada. Lacerda acusa o Ministério doTrabalho de estar programando uma greve dosbondes, para pagar como ordenado inicial 80 milcruzeiros, quase quatro vezes o salário mínimo, oque levantaria o preço do bonde, no dia seguinte,se ele concordasse, para 56 cruzeiros, ao invésdos 10 ou 15 que custava naquele momento.Lacerda conta que para disfarçar este assalto aopovo, procurava-se lançar uma nova taxa sobre aenergia elétrica, para, com o dinheiro do aumentodo quilowatt elétrico, pagar disfarçadamente oaumento brutal do salário para os homens dosbondes. Lacerda aposta que o ministro doTrabalho iria colocar a culpa da greve no governoda Guanabara, para tentar uma intervenção quevinha sendo tentada todos os dias, desde que JoãoGoulart assumira a Presidência. Lacerda acreditaque todos os brasileiros de boa fé concordariamcom os ministros militares, quando disseram,dois anos antes, que a posse de João Goulartrepresentava um perigo para a segurançanacional. Lacerda acusa Goulart de ter mentido,dizendo ao povo que o plebiscito não seria vitóriasua, mas das instituições e do regime. No diaseguinte, dissera ao mundo que o povo haviaconsagrado a sua pessoa e a sua força. Lacerdaconstata que os argumentos empregados contra ogoverno da Guanabara eram opostos aos usadospara expulsar, do Brasil, os asilados cubanos.Lacerda conta que os asilados cubanos tinhamsido expulsos sob o pretexto pueril de queestavam usando o asilo concedido para exerceratividades políticas. Lacerda questiona se oasilado, a vítima, poderia ser expulso e o algoz, oinvasor, bem recebido.

Faixa 2Entrevista com Neusa de Carvalho Costa,Assistente de Programação do Instituto Brasileiroda Universidade de Nova York, nos EstadosUnidosNeusa de Carvalho Costa discorre sobre asconferências de Érico Veríssimo e do senador

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Juscelino Kubitschek que fizeram muito sucessoe sobre um baile de carnaval, que também foraum sucesso. Comunica que, no dia seguinte,haveria uma noite de poesia brasileira. O repórterpergunta sobre os planos do Instituto Brasileiro eela responde que pretendia continuar a série deconferências, promover uma noite de carnaval,talvez uma noite de São João, dar continuidade aoprograma de orientação para os homens denegócio estrangeiros, que iriam visitar ou morarno Brasil, e aumentar o número de estudantes doInstituto.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.360

1. Assunto

1.1 Faixa 1Discurso de Carlos Lacerda noRio Comprido

1.2 Faixa 2Programa de Rádio - Conversade ConsultórioDiscussão sobre Câncer

2. Temas

2.1 Faixa 1Construção de viaduto em cimada avenida Presidente Vargas,Paulo de Frontin saída para aBR1, Centro e praça da Bandeira,acabar o túnel Rebouças e oengarrafamento na região,prosseguir com a Radial Oeste,recuperar a cidade sem oficializaro jogo, oposição durante 20 anos,governo federal não ajudou oestado da Guanabara, casas paraos favelados

2.2 Faixa 2Discussão sobre Câncer

F1: 15 minF2: 20 min

F1: [1963]F2: [1963]

Faixa 1Discurso de Carlos Lacerda no Rio CompridoCarlos Lacerda fala que tinha ido ao RioComprido para resgatar uma velha dívida com obairro que sempre o recebera com muito carinho.Ele anuncia que iria começar, em breve, aconstruir um viaduto, em cima da avenidaPresidente Vargas, de forma a preparar a avenidaPaulo de Frontin para ser a grande saída quelevava a BR1, ao Centro, à praça da Bandeira.Desta maneira, quando o túnel Rebouçasestivesse pronto, não haveria engarrafamento naregião, incomodando a vizinhança. Lacerda dizque iria prosseguir com a Radial Oeste, paraabrir o grande caminho pavimentado para osubúrbio. O governador se vangloria de terconseguido recuperar a cidade, sem oficializar ojogo. Ele admite que havia pobreza e que erapreciso acabar com ela, dar condições aos pobrespara que melhorassem de vida. Ele defende queseria preciso deixar o pobre trabalhar e que osgovernos trabalhassem também. Lacerda lembraque tinha sido oposição durante 20 anos e queestava cansado, além de ouvir que era uma pessoaque só sabia falar, que não saberia governar.Lacerda lembra que pessoas tinham votado nelepara ver sua caveira. Ele reclama que o governofederal não tinha ajudado o estado da Guanabara.Lacerda comenta que, em dois anos, o seugoverno fizera em média mais casas para osfavelados, em conjuntos habitacionais, do quetodos os programas do governo federal destinadosa este fim.

Faixa 2Programa de Rádio - Conversa de ConsultórioDiscussão sobre Câncer.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.361

1. Assunto

1.1 Faixa 190º Aniversário da Convenção deItu – Clube Lituano – Itu – SP

1.2 Faixa 2Discurso do Governador CarlosLacerda na Cerimônia de

F1: 49:38minF2: 10:21minF3: 35:04min

F1: 18/03/1963F2: [1963]F3: [1963]

Faixa 190º Aniversário da Convenção de Itu – ClubeLituano – Itu – SPTransmissão da Rádio Roquette Pinto diretamentedo Clube Ituano, em Itu Com a palavra o prefeitoda cidade, Waldomiro Gomide Camargo. Eleanuncia as autoridades presentes a um encontroem Itu, entre elas o governador da Guanabara,Carlos Lacerda. O prefeito fala que se tratava dacomemoração do nonagésimo aniversário daConvenção Republicana que traçara novos rumos

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Inauguração da Agência do BEG,em Santa Cruz

1.3 Faixa 3Gravação do ProgramaDiscanálise

2. Temas

2.1 Faixa 1Comemoração do nonagésimoaniversário da ConvençãoRepublica de Itu, idealrepublicano, líder nacional dademocracia cristã, admiração peloprogressista estado daGuanabara., Centro 11 de Agostoda Faculdade de Direito de SãoPaulo, prestação de contas,aumento da oferta de vagas nasescolas públicas, elogio àFundação Otávio Mangabeira,obsessão com a educação, açõesna área de saúde pública,fornecimento de água,saneamento básico, critica aoscomunistas, luta pela liberdadenações capitalistas realizandoideais socialistas, EUA: naçãomais industrializada e maisagricultada, mecanização dalavoura, reforma agrária, contra areforma da Constituição,desnecessário mudar o textoConstitucional

2.1 Faixa 2Lei da Reforma Administrativa,criação das administraçõesregionais, povo carioca disposto adefender sua terra, banco dafamília de Santa Cruz

2.3 Faixa 3Programa Discanálise, crítica dediscos, maestro e historiadorSílvio Salema, ReformaAdministrativa, RegiãoAdministrativa de Santa Cruz,produção agrônoma de SantaCruz

à nação brasileira. Menciona a honra em recebero governador da Guanabara e ressalta o idealrepublicano e a memória do marechal Deodoro daFonseca, cultuada pelo povo ituano. Refere-se aopatrimônio repassado pelo regime republicano:liberdade e respeito devotado aos semelhantes.Acredita que se tratava da forma de governo dospovos civilizados. Dirige-se à Lacerda, dizendoque ele representava o líder nacional dademocracia cristã. Agradece a presença dogovernador, enfatizando que o prefeito de Itu e opovo ituano rendiam-lhe um preito de gratidão.Deseja que a saudação, que fazia a CarlosLacerda, contivesse uma expressão de admiraçãopelo jovem e progressista estado da Guanabara.Pede que Deus velasse pela pessoa de Lacerda epela continuidade de sua trajetória vitoriosa, aserviço da nação brasileira. Após o discurso doprefeito de Itu, uma delegação do Centro 11 deAgosto, da Faculdade de Direito de São Paulo,saúda o governador Carlos Lacerda, através deum representante, o acadêmico FranciscoRamalho. Assume a palavra, então, o governadorda Guanabara, Carlos Lacerda. Ele agradece ahomenagem prestada. Menciona o encontrocordial e em tão fraterna hospitalidade. Assinalaque se sentia no dever de aproveitar aoportunidade, não tanto para prestar contas, maspara fazer delas uma espécie de novo, crescentemotivo, para se crer no valor das ideias. Destacaque nenhum ato de governo era gratuito; nenhumato de governo era improvisado; nenhum governofazia ou desfazia, sem que o fazer ou o desfazerobedecesse a um princípio e decorresse de umaideia. Diz que, por toda a parte do Brasil, tanto sefalava do trabalhador, para explorá-lo, tanto sefalava do trabalhador, para atirá-lo contra os quetrabalhavam com ele, tanto se falava dotrabalhador, partindo da boca dos que nadaqueriam com o trabalho. Acredita que seriaindispensável que se pusesse em relevo um fato,como o aumento da oferta de vagas nas escolaspúblicas da Guanabara. Exalta o papel exercidopela Fundação Otávio Mangabeira. Salienta osnúmeros alcançados com sua política na área deeducação. Ele informa que em lugar das 110 milcrianças à espera de matrícula na Guanabara,havia 15 mil matrículas à espera de crianças. Epergunta: “Por que a obsessão com a educação?”Ele ressalta a importância de se investir naformação de profissionais, como próprio de umgoverno democrático. Recita, reproduzindo omandamento de Sarmiento, que, “se o povo ésoberano, é preciso educar o soberano”; se o povoiria governar, era preciso que ele se preparassepara governar. Enfatiza as ações na área de saúdepública implementadas pelo seu governo, noestado da Guanabara. Discorre sobre a construçãode novos hospitais e a reforma dos já existentes.Cita a renovação do quadro de funcionários. Ele

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pergunta, por quê? Pelo desejo faraônico deconstruir e inaugurar? Responde que não, atéporque as obras da Guanabara não tinham pedrafundamental e nem placa de bronze com o nomede seus autores. Refere-se à necessidade de seinvestir em saúde pública e fala das realizaçõesde seu governo, em matéria de fornecimento deágua e saneamento básico para a cidade do Rio deJaneiro. No meio de seu discurso, ele volta acriticar os comunistas, referindo-se a eles como'esquerda reacionária'. Ele registra a luta pelaliberdade no Brasil. Considera que as naçõeschamadas capitalistas estavam realizando, emsuas sociedades, os ideais socialistas, com muitomais rapidez, com menos sacrifício e com muitomaior solidez do que as “tristes nações dosocialismo totalitário”. Ressalta que a nação maisindustrializada do mundo – os EUA - era também,e por isso mesmo, a mais agricultada. Ele cita amecanização da lavoura, a utilização dos recursostécnicos na agricultura. Sobre a reforma agrária,diz que, sobrevoando-se o território de São Paulo,ver-se-ia que a reforma agrária estava sendo feitano Brasil. Não por meio de uma reforma, masvotando uma Constituição, pela qual São Paulolutara. Mostra-se contra a reforma daConstituição, para se fazer reforma agrária, poisacha que seria desnecessário mudar o textoConstitucional para atingir esse objetivo. Exalta amocidade da juventude brasileira e conta que eraa ela que ele entregava tudo o que tinha feito etudo o que ainda poderia fazer: escolas, hospitais,etc. Acrescenta que eram os jovens a maioria e arazão de ser da vida do brasileiro. Sustenta que opovo estava farto de palavras sem conteúdo econsequência. Após o discurso do governadorCarlos Lacerda, executam o Hino Nacionalbrasileiro, cantado por todos os presentes.

Faixa 2Discurso do Governador Carlos Lacerda naCerimônia de Inauguração da Agência do BEG,em Santa CruzCarlos Lacerda discorre sobre a Lei da ReformaAdministrativa e sobre a autorização, por lei, paraa criação das administrações regionais. Enumeraas vantagens da lei para a área de Santa Cruz.Lacerda afirma que a condição fundamental parase governar era resolver os problemas dos outros,como se fossem seus, e tratar as coisas dos outros,como se fossem suas, mas com a condição desaber que elas nunca seriam suas... Ele agradece arecepção do povo de Santa Cruz. Comenta queduas eram as razões do afeto e do carinho: uma,de ordem pessoal, era que as pessoas sabiam quevinha um homem que estava procurando cumpriro seu dever. Lacerda diz que isso não era nadademais, mas estava se tornando novidade noBrasil; a outra, de ordem inteiramente impessoal,era que o povo carioca estava disposto a defender

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a terra carioca. Enfatiza que o povo carioca nãodesejava ofender e nem agredir ninguém, mastambém não desejava nem ser ofendido, nemagredido. Desejava, sim, paz para trabalhar.Almejava governos honrados, que os paispoderiam mostrar aos filhos, como exemplo.Augura Lacerda que o banco fosse o banco dafamília de Santa Cruz, o banco do trabalho deSanta Cruz, o banco do progresso de Santa Cruz...

Faixa 3Gravação do Programa DiscanálisePrograma da rádio Roquette Pinto, considerado,pelo locutor, “o mais completo programa decrítica de discos” em que figurava o maestro ehistoriador Sílvio Salema, – o poeta da prosa -,Berlier Jr., o técnico de som Hildares de Paula eBorelli Filho, o produtor e apresentador doreferido programa da rádio.Observação: Aos 00:25:37, o áudio sofre umcorte e entra outra gravação contendo a voz dogovernador Carlos Lacerda, cujas informaçõessão as que se seguem.Carlos Lacerda fala sobre a ReformaAdministrativa que criou a Região Administrativade Santa Cruz. Fala da produção agrônoma deSanta Cruz.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.362

1. Assunto

1.1.1 Faixa 1aHomenagem ao GovernadorCarlos Lacerda por Seus Amigos

1.1.2 Faixa 1bCarlos Lacerda Fala sobre aReforma da Polícia

1.1.3 Faixa 1cDecreto de Criação da EscolaSuperior de Desenho Industrial

1.1.4 Faixa 1dCerimônia de Entrega de Chequede 12 milhões de Cruzeiros daSouza Cruz ao Governo doEstado, para a Construção de umaEscola

1.2 Faixa 2Entrevista com CarlosLacerda

2. Temas

2.1.1 Faixa 1aDesesperança do povo com arenúncia de Jânio Quadros, bodeexpiatório das culpas alheias,

F1a,b,c,d:54:50minF2: 40min

F1a: 19/09/1961F1b: 18/08/1961F1c: 05/12/1962F1d: 04/07/1962F2: [1962/1963]

Faixa 1Homenagem ao Governador Carlos Lacerda porSeus AmigosCarlos Lacerda agradece por ele e pelo mandatoque lhe fora conferido. Exalta o povo brasileiro.Faz alusão à provação pela qual havia passado opovo brasileiro: menciona que nenhum homemera providencial, insubstituível. Comenta adesesperança do povo com a renúncia de JânioQuadros. Ressalta que estava sendo tomado comobode expiatório das culpas alheias, por todo oprocesso de renúncia. Conta que, na verdade,quando percebera que se tramava um golpe contraa liberdade do povo brasileiro, ele tratara dedenunciar. Ele pergunta que crime praticou, senãoo de defender o Congresso, cujo desaparecimentose tramava... Exclama que, em cima de umarenúncia injusta e descabida, sobreviera umaespécie de escamoteação que se fez da vontade dopovo, entronizando no governo federal um poderque o povo verdadeiramente não elegera e quenão tinha o direito de tomar a nação em seu lugar.Acha que o povo havia lucrado com o regimeparlamentar. E havia de fazê-lo funcionar de fato,de verdade, porque, até então, ainda nãofuncionara. Pede que o primeiro ministrogovernasse e não um presidente, de um regimepresidencial que já não existia mais. Acrescentaque se falavam de Constituição, era para cumpri-la; se falavam de Congresso, era para respeitá-lo.Considera que o parlamentarismo deveria serobedecido e seguido, sob pena de se praticar umatentado à Constituição. Lacerda explica que não

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golpe contra a liberdade do povobrasileiro, defesa do Congresso,regime parlamentar, atentado àConstituição, necessidade dereformas profundas,reformaagrária democrática, movimentosindical livre e autêntico, direitode greve, reformas profundas naordem brasileira, reformasinstitucionais e estruturais, abrircaminho aos comunistas, encargode formar o antigo DistritoFederal, inflação, aumento docusto da vida recurso doimpeachment, defensa dalegalidade democrática, violaçãoda Constituição, guerra civil,fechamento da UNE, PartidoComunista fora da lei

2.1.2 Faixa 1bReforma da Polícia, segurança doestado e das instituições,associação com as corporaçõesmilitares da pátria, associaçãocom o Poder Judiciário, elogios aHélio Tornaghi, aposentadoria daJustiça, especializaçãodescentralização, máximoplanejamento

2.1.3 Faixa 1cFalta de homens capazes, crise dauniversidade, criação do Hospitalde Clínicas, proletarização damedicina, Instituto de EngenhariaSanitária, Escola Superior deDesenho Industrial

1.1.4 Faixa 1dAssociação Brasileira deImprensa, Herbert Moses,inauguração do primeiro ginásioindustrial do estado, cuidado naescolha de nomes para as escolas,fator educativo

2.2 Faixa 2Vacinação contra poliomielite de93% das crianças, entre 4 meses e6 anos, viagem de Lacerda aosEUA, resultados para aGuanabara, funcionamento daCOPEG, Rio de Janeiro segundopolo industrial do país, criação daindústria siderúrgica e de zonasindustriais, projetorevolucionário, aumento

confundia nunca a necessidade de reformasprofundas no Brasil, a necessidade de umareforma agrária democrática, a necessidade de ummovimento sindical livre e autêntico, anecessidade de um direito de greve sagrado dotrabalhador - como na Guanabara estava sendorespeitado, em seus primeiros meses de governo –com o desejo ou o “pseudo-aparente-alegado-inexistente”direito de usar a greve para derrubaras instituições democráticas, ou o direito de usaro acesso do trabalhador à terra para negar-lhe,afinal, a propriedade sobre a terra e convertê-loem escravo do estado, que, por sua vez, seriapropriedade de um partido. Denuncia este “feudode um grupo de homens públicos que não se pejade serem donos de partidos e, através deles,donos de uma nação”. Lacerda menciona que elenão confundia a necessidade de reformasprofundas na ordem brasileira, de reformasinstitucionais e estruturais profundas e urgentes,com a agitação superficial, através da qual osoportunistas abriam caminho aos comunistas. Dizque não se cansava nunca de dizer que não levarapara o palácio Guanabara preconceitos pessoais,nem prevenções, nem ressentimentos, nem ódios.Afiança que quem tinha votado nele, votara paraque ele fizesse o governo de todos, não o governode alguns. Acrescenta que ele não premiavaeleitores, governando para todos, indistintamente.Lacerda conta que recebera, assim como a ALEG(Assembleia Legislativa do Estado daGuanabara), o duro encargo de formar o antigoDistrito Federal, destroçado num estado próspero,em que a vida do povo fosse menos angustiada.Considera que não era justo e, sobretudo, não erainteligente, que se atribuísse ao governador doestado as culpas da inflação, que era federal, doaumento do custo da vida, que não estava a seualcance deter, a de não ter promovido no estado,até então, as reformas propostas por ele nacampanha, pois elas não haviam sido sequerobjeto de deliberação. Ele pede que os deputadosdessem cumprimento à sua missão de legislar.Denuncia que haviam tentado invocar, por trêsvezes, em poucos meses, após sua posse, orecurso do impeachment. Menciona que a medidaera ridícula, quase tanto quanto os que adefendiam e a propunham. Lacerda assegura quedefendia a legalidade democrática. Salienta que aConstituição era violada por aqueles que maisalegavam defendê-la, porque pretendiam usar aliberdade que a Constituição dava à imprensapara, através da mesma imprensa, pregar a guerracivil, ou seja, o assassinato de irmãos por irmãos.Lacerda explica que fechara preventivamente aUNE, (união Nacional dos Estudantes)acrescentando que não se orgulhava disso, mastambém não se arrependia, pois impedira, comisso, que ela fosse o valhacouto dos queconspiravam contra a Constituição. Ressalta que,

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automático do funcionalismosempre que aumentasse o saláriomínimo, votação do códigotributário, onda de assaltos,recursos para cobrir as sete milvagas nos serviços policiais,excesso de camelôs

perante à justiça brasileira, o Partido Comunistaera um partido fora da lei; perante a Constituição,as atividades comunistas eram proibidas por lei.Portanto, não permitir que tais atividades fossemexercidas era, para Lacerda, apenas cumprimentoda lei. Prega a necessidade de união de todos, nadefesa dos interesses do povo do estado daGuanabara frente à onda de intriga. Destaca apremência da defesa da liberdade do povobrasileiro contra o imperialismo comunista.Observação: aos 00:25:26 o áudio sofre um cortee entra outra gravação, que consiste na cerimôniade posse do chefe de Polícia, Hélio Tornaghi, em18 de agosto de 1961.

Faixa 1bCarlos Lacerda Fala sobre a Reforma da PolíciaCarlos Lacerda diz que desejava, comogovernador do estado, trazer um breve relato defatos e uma breve definição de princípios. Ele falasobre a reforma da Polícia que deveria ter umanítida caracterização, ou seja, duas grandes linhasde um sistema de segurança: a segurança doestado e de suas instituições, a qual, no estado daGuanabara, era indispensável à montagem e aofuncionamento de um dispositivo militar, emíntima e indissolúvel associação com ascorporações militares da pátria; por outro lado,para sua eficiência, para a sua moralização, para oseu prestígio e para sua íntima e tambémindissolúvel associação com o Poder Judiciário,como preâmbulo, como vestíbulo desse podersoberano, que a todos os outros sobreleva, aquelaPolícia chamada propriamente de Civil, não nosentido de Polícia à paisana, nem no sentido deoposição às Forças Armadas, mas, sim, nosentido da civitas romana, no sentido da garantiados direitos da pessoa, da família, da propriedadee da ordem nos lares cariocas. Exalta o papel deoutras corporações vinculadas à SecretariaEstadual de Segurança como a Polícia Militar, aPolícia de Vigilância e a Guarda Civil. Elogia afigura de Hélio Tornaghi como um especialistapreparado para assumir o cargo, do qual estavatomando posse. Diz que se tratava de um homemda lei, preocupado com a ordem pública. Lacerdadefende que os funcionários da Políciarecebessem a aposentadoria da Justiça, aos 25anos de serviço. Defende a especialização, sim,mas, ao mesmo tempo, descentralizando, para quese fosse fiel à doutrina do governo, que era a domáximo planejamento e a da máximadescentralização. Lacerda comenta que oscompanheiros, os concidadãos militares, que atéserviam à equipe do coronel Barros Nunes, eramindispensáveis ao estado, quer no gabinete dofuturo secretário de Segurança, quer comoauxiliares de confiança do chefe da Polícia. Elesalienta a presença, nos seus meses de governo,de homens como o coronel Lauro. No fim do

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áudio ele dá as boas-vindas ao novo secretário.Observação: aos 00:39:47 encerra-se o discursodo governador Carlos Lacerda, de posse dosecretário Estadual de Segurança. Logo emseguida, entra outra gravação, realizada em 05 dedezembro de 1962, quando da assinatura doDecreto que criava a Escola Superior de DesenhoIndustrial.

Faixa 1cDecreto de Criação da Escola Superior deDesenho IndustrialCom a palavra o governador Carlos Lacerda queaponta um dos grandes problemas do país: a faltade homens capazes, para a composição dosquadros nacionais. Ele fala do aumento dapopulação e do aumento da exigência decivilização, por parte dela. Mas, diz que a crise dauniversidade, a crise de responsabilidade, a crisede uma autoridade verdadeiramente livre, porqueconsciente e capaz, fizeram com que a vidabrasileira empobrecesse enormemente, criandoum problema que foi a formação de umademocracia, sem a formação das elites popularesque, realmente, lhe dessem significação, conteúdoe progresso autêntico. No plano do estado, elecita, como esforço de superação da carência dequadros, a criação do Hospital de Clínicas para auniversidade nascente do estado, de forma que osmédicos saíssem da universidade em condiçõesde serem médicos e não apenas com os seusdiplomas debaixo do braço; a fim de que eles não'proletarizassem' a medicina, transformando-anuma mera atividade profissional, nos azares eacasos dos ambulatórios; o Instituto deEngenharia Sanitária, a dar um sentido a todapolítica de saneamento. Ele diz que a EscolaSuperior de Desenho Industrial visava a formarquadros para utilização devida dos materiais epara a educação do gosto e do uso funcional deuma civilização industrial nascente. Visavatambém a uma alta tarefa, esta, sim,profundamente nacionalista: a de imprimir aopovo brasileiro, através dos produtos industriaisque ele consumia, uma forma que lhe fosseprópria, funcional e de sentido estético profundo.Ele diz que a escola significava, no limiar daidade industrial do Brasil, uma forma de darmelhores condições para que a “admirável,espontânea, extraordinariamente fecundantecapacidade da inteligência e da imaginação dotrabalhador e do técnico brasileiro” pudesseapropriar-se da técnica para lançar o “desenhoindustrial”. Salienta que se tratava da primeiraEscola Superior de Desenho Industrial daAmérica Latina e agradece a presença de todos.Observação: aos 00:49:37 o áudio sofre um cortee entra outra gravação, realizada em 04 de julhode 1962, na cerimônia de entrega de um chequede 12 milhões de cruzeiros da Souza Cruz ao

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governo do estado, para a construção de umaescola

Faixa 1dCerimônia de Entrega de Cheque de 12 milhõesde Cruzeiros da Souza Cruz ao Governo doEstado, para a Construção de uma EscolaCarlos Lacerda salienta a gentileza do gesto e atocante simplicidade com que velhos amigos seuscompareciam, trazendo como porta-voz o “antigocapitão, caudilho, ditador benévolo e presidenteperpétuo, por eleição, da Associação Brasileira deImprensa” Herbert Moses. Diz que na semanaseguinte, em prosseguimento ao programaeducacional do governo da Guanabara, dar-se-ia ainauguração do primeiro ginásio industrial doestado, em Bonsucesso: o ginásio estadual D.João VI. Acrescenta que na primeira quinzena dejulho, haveria também cinco escolas primárias aserem inauguradas. Ele destaca que a ideia daCompanhia Souza Cruz coincidia exatamentecom a do estado da Guanabara. Menciona quetinha tido um cuidado extremo na escolha denomes para as escolas inauguradas pelo estado,por considerar o nome de uma escola fatoreducativo ou deseducativo. Refere-se ao nome daescola: Albino de Souza Cruz.

Faixa 2Entrevista com Carlos LacerdaCarlos Lacerda comemora a vacinação de 93%das crianças, entre 4 meses e 6 anos de idade,contra a poliomielite. Elogia a secretaria de Saúdedo Estado e agradece a ajuda dos voluntários nacampanha de vacinação de 430 mil crianças, em 6dias. Perguntam sobre o que a viagem de Lacerdaaos EUA havia rendido para a Guanabara.Lacerda responde que não fora ao Estados Unidostrazer dinheiro para o Brasil. Mas, conta que tinhaaproveitado a viagem para tratar de assuntosrelacionados à Guanabara e que, dentro de poucotempo, as pessoas veriam o resultado. Perguntamsobre quando a COPEG (Companhia Progressoda Guanabara) começaria a funcionar. Lacerdapromete que a COPEG começaria a funcionar emum mês. Ele afirma que depois que o Rio deJaneiro perdeu a capital, precisava consolidar-secomo o segundo polo industrial do país. Para isso.seria importante a criação da indústriasiderúrgica e de zonas industriais, com oestabelecimento de indústrias de transformação eindústrias leves. Perguntam sobre a novidade queo governo apresentaria no ano seguinte, emrelação ao pagamento do funcionalismo doestado. Lacerda comenta que estava apresentandoà Assembleia um projeto revolucionário. Explicaque, partindo do princípio que 70% daarrecadação destinava-se ao pagamento dofuncionalismo, o governo estava garantindo umaumento automático do funcionalismo, sempre

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que aumentasse o salário mínimo. Com isso,estava sendo instituído o salário móvel. Afirmaque a contrapartida deste salário móvel seria avotação, na Assembleia, do código tributário, oude lei equivalente, que garantisse o aumento dearrecadação previsto. Acrescenta que pelaprevisão que fora feita, a receita deveria passar de30 bilhões de cruzeiros naquele ano, para 50bilhões de cruzeiros no ano seguinte. Conclui quecom este aumento assegurado pela Assembleia, oplano poderia ser executado. O repórter perguntaquando iria parar a onda de assaltos à luz do dia.Lacerda responde que acabaria assim que oestado recebesse recursos para cobrir as sete milvagas disponíveis nos serviços policiais do Rio deJaneiro. Esclarece que o objetivo era ter umelemento de polícia ostensiva a cada 500 metrosda cidade. O governador cobra recursos dogoverno federal que transferira, desestruturada, aPolícia para o estado. O repórter fala sobre oexcesso de camelôs na cidade. Lacerda retrucaque não se acabava com camelôs só com o rapaou expedições punitivas, mas com policiamentoostensivo. Adverte que alguns camelôs tinhamlicença para trabalhar, mas a maioria não tinha.Então, a solução era esperar pelo policiamentoostensivo.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.363

1. Assunto

1.1 Faixa 1Final da Reunião do GovernadorCarlos Lacerda com Médicos deLondrina

1.2 Faixa 2Final da Entrevista doGovernador na TV Colorado doParaná

2. Temas

2.1 Faixa 1Aspectos do Serviço de SaúdePública do país, baixo salário daclasse médica, insatisfação,debates científicos e congressosda Associação Médica,financiamento da Alemanha

2.2 Faixa 2Fechamento da UNE, minoriacomunista, crítica aos professorescomunistas, única ideia, Estatutoda Terra, reforma agrária,financiamento, crédito, morte de7 milhões de pessoas por fome,orçamento é espelho do plano de

F1: 16:39minF2: 47 min

F1: 10/10/1964F2: [1964]

Faixa 1Final da Reunião do Governador Carlos Lacerdacom Médicos de LondrinaOuvem-se três vozes, o que dificulta um pouco acompreensão do assunto. Conversam,informalmente, sobre vários aspectos do Serviçode Saúde Pública do país, comparando o de váriosestados da federação. Um deles assegura que asituação médica no Rio de Janeiro não tinha forçanenhuma, pelo contrário, tinha em sentidocontrário... Afirma que apenas 50% da classemédica, no Rio de Janeiro, pertencia ao estado daGuanabara, sendo que havia os que erampertencentes aos institutos federais. Falam dobaixo salário da classe médica e da insatisfaçãodela, da comunidade como elemento fiscalizadordo serviço, dos debates científicos e congressosda Associação Médica, da capacidade e qualidadedos leitos dos estados e sobre o financiamento daAlemanha para a construção de novos hospitais.

Faixa 2Final da Entrevista do Governador na TVColorado do ParanáCarlos Lacerda avisa que não era a favor dofechamento da UNE (União Nacional dosEstudantes), era a favor da abertura da UNE,fechada durante tantos anos. Defende que osestudantes democratas se organizassem etomassem, das mãos da minoria comunista, asorganizações. Critica os professores comunistasnas escolas, ou nas faculdades, que para ele erammedíocres por ensinarem uma única ideia aos

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ação, UDN, compra dasconcessionárias

seus alunos, por não permitirem que os jovenstivessem acesso a outras opiniões. Carlos Lacerdarecorda que já tinha falado na Universidade deLondrina sobre o Estatuto da Terra. Mas, pararesumir, esclarece que era favorável à reformaagrária que estava sendo feita no Paraná, semprecisar modificar a Constituição. Porém, adverteque mesmo esta reforma precisava sercomplementada com o preço mínimo, antes desemear o cereal. Defende um processo definanciamento que desse aos cereais conserváveiscomo arroz, feijão e milho, o mesmo crédito quetinha sido concedido ao café. Cita o caso depaíses que não tinham feito reforma agrária eexportavam alimentos para o Brasil e países,como a Rússia, em que a reforma agrária haviaresultado na morte de 7 milhões de pessoas, porfome. Menciona que orçamento que tinhamandado para a Assembleia Legislativa, em1965, dividia-se em custeio e investimento. Doorçamento de 400 bilhões de cruzeiros, 33%deveriam ser usados em investimento. Consideraabsolutamente necessário que o orçamento fosseum programa de governo. Diz que o orçamentodeveria estar integrado ao Plano de Ação doGoverno. Na Guanabara, o orçamento era oespelho do plano de ação. Lacerda explica que aUDN (União Democrática Nacional) aprovara acompra das concessionárias em condições menosruins. Ele continua considerando um maunegócio, mas afirma que conseguiram comprarem condições melhores. Sustenta que a aquisiçãonão era dos maiores erros.

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1. Assunto

1.1 Faixa 1Posse de Marcelo Garcia comoChefe de Gabinete - PalácioGuanabara

1.2 Faixa 2Entrevista de Otávio Faria nosEstados Unidos

2. Temas

2.1 Faixa 1Governo democrático,Guanabara, ilha de trabalho,morte de John Kennedy, abrirportas do país para o invasorcomunista, elogios a MarceloGarcia

2.2 Faixa 2Entrevista com o bancário OtávioFaria, visita aos EUA,

F1: 10:20minF2: 08:27min

F1: 26/11/1963F2: [1963]

Faixa 1Posse de Marcelo Garcia como Chefe deGabinete - Palácio GuanabaraDiscurso do governador Carlos Lacerda,proferido no salão nobre do palácio Guanabara,quando da posse do chefe de gabinete, MarceloGarcia. Ele comenta que Marcelo Garciaexperimentara o amargo das decepções, dasdificuldades, dos dissabores, dos obstáculos quese ofereciam, no país, a quem desejassehonradamente servir-lhe. No entanto, voltava aolugar em que sofrera, mas para outra função.Lacerda menciona a necessidade de haver no paísquem se ocupasse do povo como um todo, poisdefensores de classes, de categorias ou de gruposexistiam até demais. Mas, havia quem não tinhaadvogado, nem governo, nem quem reivindicassepor ele. Sustenta que governo democrático era,sobretudo, o governo da totalidade do povo.Acredita o governador que a Guanabaraencontrava-se transformada numa ilha de trabalhoe de esperança, no vórtice vertiginoso deirresponsabilidade e traição no qual estavaconvertido o país. Lembra do “traumatismosofrido pela nação inteira” quando da morte deJohn Kennedy e a ele se refere como “presidentedo mundo” e “chefe das nações livres”. Lacerda

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sindicalismo brasileiro, ClaytonSiley visita escolas americanas,Fundação Ford ajuda estado daGuanabara novas normas deeducação planos-pilotos daFundação Ford

afirma que era preciso divulgar que o país estavasendo invadido por um grupo de brasileiros queabriam as portas do país para o invasorcomunista. Assegura que o Brasil não tinha maisgoverno, mas sim um bando de assaltantes, que oestavam devorando, traindo-o todos os dias.Ressalta que se levantava para dar ao povo doBrasil um exemplo de tranquilidade, no meio datormenta, um exemplo de perseverança, no meiodo desalento... Ele cita como exemplo as palavrasde John Kennedy para a promoção de verdadeirarevolução no Brasil. Sobre Marcelo Garcia, elegarante que era, naquele momento em que opresidente da República afirmava estar o paísnum caos, confessando ser ele mesmo o criadordeste caos, que voltava um homem leal paraservir ao governo da Guanabara, pelo sentimentodo dever a cumprir. Isso constituía, para Lacerda,a mais alta retribuição, o mais valoroso estímulo ea certeza de que o caminho certo estava sendotrilhado: o caminho da honra, da lealdade, daintegridade e do trabalho.

Faixa 2Entrevista de Otávio Faria nos Estados UnidosCom a palavra Otávio Faria, um bancário que seencontrava de visita aos EUA, em entrevista aorepórter Jack [Wild], para a série Brasileiros nosEstados Unidos. Há um grupo de sindicalistas.Uma pessoa fala em nome do sindicalismobrasileiro. Discorre sobre um sindicalismo livre,autêntico, sincero, que de fato fosse ao encontrodos interesses dos trabalhadores. Após aentrevista com Otávio Faria, há o áudio contendoa gravação feita na entrevista de Jack [Wild] com[Clayton Siley], que havia sido diretor da escolaamericana em São Paulo. Ressalta que estavalecionando educação na New York State College.Menciona que, no Brasil, suas atividades selimitaram ao campo educacional. Comenta quenas últimas seis semanas tivera a oportunidade devisitar as escolas americanas, junto com umaequipe da Fundação Ford. Diz que a FundaçãoFord estava ajudando o estado da Guanabara aestabelecer novas normas de educação para asescolas destinadas a gente desfavorecida, nasfavelas. Jack [Wild] pergunta que tipo de ajudaele estava dando à Guanabara, no que diz respeitoà educação, se era em planejamento, preparo dosprofessores, etc. Ele responde dizendo que eramplanos-pilotos da Fundação Ford, nas favelas.

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1. Assunto

1.1 Discurso de Carlos Lacerdano Sorteio do Lar do EmpregadoDoméstico

2.Temas

F1: 17:09min F1: [1960/1961] Faixa 1Discurso de Carlos Lacerda no Sorteio do Lar doEmpregado DomésticoSolenidade presidida pelo governador CarlosLacerda. Realiza-se o primeiro sorteio do Lar doEmpregado Doméstico, através da Loteria doEstado da Guanabara. Fala primeiro o presidenteda Loteria do Estado da Guanabara, CelsoMendonça. Ele congratula-se com o governador,

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2.1 Faixa 1Loteria do Estado da Guanabara,dinheiro, aplicado na habitaçãopopular, ágio com a venda debilhetes, criação das casas para osempregados domésticos, desafio àCEF

salienta o trabalho realizado e o dinheiroadquirido e aplicado pela loteria do estado daGuanabara, não somente no que dizia respeito àhabitação popular. Com a palavra o governadorCarlos Lacerda que salienta a importância de cadaum dos seus secretários presentes, na execução dotrabalho. Fala sobre o que o motivou a criar oprograma. Conta que, numa noite de insônia, elepensou sobre o que poderia fazer com o ágio quea loteria do estado conseguia com a venda debilhetes. Lembrou de um projeto seu, quando eleainda era deputado, e que não havia sido votadoainda, de criação das casas para os empregadosdomésticos. Lacerda diz que a construção de 2, 3ou 4 casas por mês não resolveria o problema demilhares de empregadas domésticos naGuanabara, mas criaria uma consciência doproblema. Ele desafia a CEF (Caixa EconômicaFederal), perguntando se ela ia ficar muito temposem empregar dinheiro na Guanabara, para aconstrução do lar da empregada, se ela ia ficar nochove não molha... Anuncia que a Loteria doEstado da Guanabara iria dar o sinal e o exemplo.Lacerda assinala que desejava que aquele fosse oponto de partida, o sinal de uma arrancada paramelhorar a situação das “valorosas colaboradorasdo lar carioca”. Ele agradece a presença de todos.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.366

1. Assunto

1.1 Faixa 1Entrevista do Governador CarlosLacerda na TV Tupi de SãoPaulo, no Programa Pinga Fogo

1.2 Faixa 2Entrevista do Governador CarlosLacerda na TV Tupi de SãoPaulo, no Programa Pinga Fogo

F1: 09/10/1964 Não digitalizada

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.367

1. Assunto

1.1 Faixa 1Discurso em Bebedouro, naCâmara Municipal, Quando oGovernador Recebeu o Título deCidadão da Cidade – Bebedouro– SP

1.2 Faixa 2Trata-se do Mesmo ÁudioApresentado na Fita de Rolo 370,Faixa 1

2. Temas

2.1 Faixa 1Maior centro de fruticultura da

F1: 60 minF2: 05:39min

F1: 21/03/1964F2: 21/03/1964

Faixa 1Discurso em Bebedouro, na Câmara Municipal,Quando o Governador Recebeu o Título deCidadão da Cidade – Bebedouro – SPO governador Carlos Lacerda agradece o título eafirma que tinha uma afinidade profunda e antigaque o ligava às atividades principais do povo domunicípio paulista. Diz que Bebedouro era, então,um dos maiores centros de fruticultura daAmérica Latina. Ele conta que foi criado entreárvores de fruta. Lacerda comenta que via umanação em plena expansão, um país cujapopulação crescia, cuja capacidade crescia, cujaesperança crescia, cujo trabalho crescia, mas quesofria de uma espécie de maldição. Para Lacerda,o país passava por uma situação curiosa, porque opovo queria ordem, mas o governo não. Citaoutros exemplos de desencontro entre o governo eo povo e critica a proposta do governo federal defazer reformas de base. Ele nega que a agricultura

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América Latina, nação sofria deuma espécie de maldição,desencontro entre o governo e opovo, crítica às reformas de base,industrialização financiada pelavenda de produtos agrícolas,.reforma agrária, Plano Trienal,Celso Furtado tamanho ideal,propriedade agrícola, construçãode hospitais, inflação, obra daágua, recursos dos EstadosUnidos, verba dos impostos,plebiscito, parlamentarismo

2.2 Faixa 2Trata-se do Mesmo ÁudioApresentado na Fita de Rolo 370,Faixa 1

estivesse obsoleta ou anacrônica e diz que aindustrialização no Brasil tinha sido financiadapela venda de produtos agrícolas. Defende que areforma agrária deveria ser feita paraindustrializar a agricultura. Lacerda critica oorçamento do Ministério da Agricultura, deapenas 4 %. Refere-se à página 141, do PlanoTrienal, elaborado por Celso Furtado e aprovadopelo presidente da República, em que estavaescrito que o tamanho ideal de qualquerpropriedade agrícola, para ser economicamenterentável, deveria ser de, no mínimo, 50 hectares,e um máximo de 10 mil hectares. Ele diz queCelso Furtado ainda explica que, para baixo, seriaminifúndio, não daria certo, para cima, serialatifúndio, não convinha, explica Celso Furtado.Lacerda esclarece que no Plano Trienal tambémconstava uma estatística que demonstrava quemais de 70 % das propriedades agrícolas noBrasil tinham menos de 50 hectares. Lacerdaconsidera que apenas 1% das propriedadesagrícolas no Brasil tinham mais de 10 milhectares e propõe que a reforma agráriacomeçasse pelos minifúndios. Assinala quesozinho não poderia fazer nada, porque não eramágico, mas acredita que, junto com a população,poderia fazer muita coisa pelo Brasil, em cincoanos. Lacerda fala sobre o seu governo naGuanabara, ressaltando a construção de hospitais.Reclama da inflação que encarecera a obra daágua na Guanabara. Ele nega que recebessemuitos recursos dos Estados Unidos, garante quea maior parte da verba do governo era origináriados impostos. Menciona que iria voltar à cidadepara pedir votos. Ironiza os legalistas que,segundo ele, haviam jurado defender aConstituição e o parlamentarismo, porém, depois,decidiram reformar a Constituição e fazer umplebiscito para acabar com o parlamentarismo.

Faixa 2Trata-se do Mesmo Áudio Apresentado na fita deRolo 370, Faixa 1.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.368

1. Assunto

1.1 Faixa 1Marcha da Família com DeusPela Liberdade - Escadaria doPalácio Guanabara

2. Temas

2.1 Faixa 1Festa da justiça, vitória semguerra sobre o comunismo,vontade do povo, elogio às ForçasArmada,defender a liberdade, aunidade e a integridade do Brasil,

F1: 42 min F1: 02/04/1964 Faixa 1Marcha da Família com Deus Pela Liberdade -Escadaria do Palácio GuanabaraCarlos Lacerda anuncia que, em toda parte doBrasil, estava sendo celebrada a festa da justiça.Pede que todos rendessem graças a Deus querealizara o milagre, que até então não haviaacontecido em nenhum lugar do mundo, umavitória sem guerra sobre o comunismo. Afirmaque os brasileiros tinham dado uma lição de comose continham os agressores, com a vontade dopovo. Elogia as Forças Armadas do Brasil,naquele momento culminante de sua luminosahistória de amor e fidelidade à pátria. Conta quenão sabia de outro instante, da vida militarbrasileira, em que as Forças Armadas tivessemsido chamadas com tanta urgência a defender a

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elogios aos generais Costa eSilva, Castelo Branco, AmauryKruel, Mourão Filho e EuricoGaspar Dutra, evitar a guerracivil, povo brasileiro altamentepolitizado, diferença entredemagogia e democracia, reformadas mentalidades, povo na rua eraadvertência aos dirigentes,comunismo na Petrobras, colunasmarchando em defesa daliberdade

liberdade, a unidade e a integridade do Brasil.Acha que as Forças Armadas mereciam aconfiança da população. Faz elogios aos generaisCosta e Silva, Castelo Branco, Amaury Kruel eMourão Filho. Considera que este último teve acompreensão da necessidade de agir rapidamentepara evitar a guerra civil e, ao mesmo tempo, aescravidão para os brasileiros. Assinala que deviauma palavra de reconhecimento ao eminentemarechal Eurico Gaspar Dutra. Acha que sealguma coisa poderia ser considerada animadorano Brasil era que o povo brasileiro estavaaltamente politizado, capaz de compreender adiferença entre demagogia e democracia. Lacerdaafirma que o povo brasileiro queria as reformas eelas teriam que ser feitas, mas que o povo queriaas reformas através da reforma das mentalidades,dos métodos, dos modos de governar o Brasil.Acredita que a ida do povo à rua servia comouma advertência aos dirigentes do Brasil.Comemora a posse do novo presidente daPetrobras, general Mourão Filho. Mesmo quealguém diga que ele não entendia de petróleo,Lacerda argumenta que os que lá estavamtambém não entendiam. Mas, ele pensa que parahaver petróleo era preciso não haver comunismona Petrobras. Agradece ao povo por nãodesanimar, e conta um segredo; que ao receber,na avenida Brasil, as colunas do general Muricy,do general Mourão, do coronel Linhares e de seusvalorosos camaradas, ouviu de um major doRegimento Sampaio que tinha sido mandado paracombater os seus irmãos e com eles acabou porconfraternizar, que não poderia mais aparecer emcasa, se desse um tiro contra os que defendiam aliberdade no Brasil.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.369

1. Assunto

1.1.1 Faixa 1aEntrevista com Mané Garrincha

1.1.2 Faixa 1bDiscurso do Presidente JânioQuadros

2.2 Temas

2.1 Faixa 1Família de flamenguistas, ManéGarrincha defendia as cores doBotafogo, transferência para oexterior, passarinho“Maynard”

2.2 Faixa 2Conjuntura político-econômica,conjuntura internacional, lutaconta a ditadura, reformas no

F1: 29:45min F1a: [1962/1965]F1b: [1964/1965]

Faixa 1aEntrevista com Mané GarrinchaNo início da fita, até aos 01:58, trata-se de umaentrevista com Mané Garrincha, falando sobrevários assuntos. Menciona que na sua famíliatodos eram flamenguistas, inclusive ele, quehavia sido flamenguista quando era garoto, masque, naquele momento, era Botafogo, pois eramas cores do Botafogo que ele defendia. Discorresobre a possibilidade de ele se transferir para oexterior e, indo jogar lá fora, levaria seupassarinho, o “Maynard”. Ele agradece aogovernador Carlos Lacerda pela gentileza de terencaminhado o passarinho à sua casa.Após a entrevista de Garrincha, a gravação sofreum corte e entra outro áudio, cujas informaçõessão as que se seguem.

Faixa 1bDiscurso do Presidente Jânio QuadrosO ex-presidente da República, Jânio Quadros,discorre sobre a conjuntura político-econômicanuma perspectiva micro, a partir do estado daGuanabara, a uma macro, que dizia respeito ao

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Brasil, diretrizes do país nocampo internacional, insatisfaçãoda UDN, invasão russa, relaçãoentre o Poder Executivo e o PoderLegislativo, golpe de 1964, criseinstitucional, conflito dospoderes, papel dos militares,sistema parlamentarista

Brasil, em relação à conjuntura internacional.Narra o travamento entre democratas ecomunistas e a luta conta a ditadura. Comenta asreformas no Brasil e as diretrizes do país nocampo internacional. Alude a uma declaração deCarlos Lacerda sobre a política exterior do Brasil,em que ele afirma que ela estava destruindo aunidade do sentimento americano e colocando oBrasil como cabeça do corpo diplomático, para aRússia completar o que militarmente iniciara emCuba. Ele menciona a insatisfação da UDN(União Democrática Nacional) com a política quese praticava no período. Fala, também, sobre arelação entre o Poder Executivo e o PoderLegislativo no Brasil e sobre a destituição doPoder Executivo Federal, quando do golpe de1964. Comenta a crise institucional, o conflitodos poderes, o papel dos militares. o sistemaparlamentarista implantado no Brasil.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.370

1. Assunto

1.1 Faixa 1Conteúdo Igual ao da Fita 367Discurso em Bebedouro, naCâmara Municipal, Quando oGovernador Recebeu o Título deCidadão da Cidade – Bebedouro– SP

2. Temas

2.1 Faixa 1Maior centro de fruticultura daAmérica Latina, nação sofria deuma espécie de maldição,desencontro entre o governo e opovo, crítica às reformas de base,industrialização financiada pelavenda de produtos agrícolas,reforma agrária, Plano Trienal,Celso Furtado tamanho ideal dapropriedade agrícola, voto aoanalfabeto empobrecimentonacional, SUPRA, crítica àÚltima Hora, Darcy Ribeiroconhecia economia em línguatupi-guarani, reforma agráriaitaliana, salto sobre o atraso,Partido Comunista, crédito para oagricultor, oferta de escola para ascrianças, sindicatos livres, pestedo trabalhismo, modernização daagricultura.

F1: 35:54min F1: 21/03/1964 Faixa 1Conteúdo Igual ao da Fita 367Discurso do Governador Carlos Lacerda emBebedouro, na Cerimônia de Entrega do Título deCidadão BebedourenseCarlos Lacerda menciona que o título que acabarade receber tinha sido o primeiro que recebia emSão Paulo, naquela fase de sua tumultuosa vidapública. Ele discorre sobre a ligação entre ele e opovo de Bebedouro que resultou no projeto daCâmara de Bebedouro de conferir-lhe o títulorecebido. Refere-se à vocação de centro defruticultura latino-americano da cidade deBebedouro e diz que foi criado entre árvores defrutas e cresceu chupando mangas cultivadas porsua avó e, por conta disso, fala da emoção ecompreensão fraterna com que recebia, na terrada fruticultura, o diploma que vinha como o“perfume da infância”, quase com o sabor naboca das frutas de sua meninice... Ele ressalta quenão tinha ido aos cidadãos de Bebedouro falar dopassado político e de todas as brigas, querelas,intrigas, calúnias, desentendimentos... Asseguraque não tinha tempo para falar do passado, poisnão tinha tempo de odiar ninguém. Salienta ajuventude do país e o fato de ela ser a maioria,que vivia metida no presente e debruçada sobre ofuturo. Comunica que vinha falar sobre opresente, mas para limpá-lo e preparar o futuro.Assinala a expansão do Brasil, o crescimento emtermos de população, capacidade, esperança,trabalho. Mas, diz que o Brasil ainda sofria comuma espécie de maldição, uma espécie de praga,que não havia encontrado ainda o seu inseticida,uma espécie de mosca do Mediterrâneo... Diz quehavia uma situação curiosa no país: o povo inteiroquerendo ordem e o governo dizendo: “não,ordem não!” O povo inteiro querendo trabalhar eo governo dizendo: “Não, só tem garantia quemnão quiser trabalhar!” Um povo se matando parapagar um exército para defendê-lo e o Exército se

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fartando para garantir os traidores da pátria. Umpovo inteiro querendo progredir, e progredindo,querendo reformas e o governo dizendo:“reformas, não! Só depois de rasgar aConstituição!” O povo querendo escolas e umgoverno, trinta anos depois de fundar o MEC(Ministério de Educação e Cultura), dizendo:“Desista de escolas, vamos dar logo o voto aoanalfabeto, porque nunca ensinaremos ninguém aler!” Ele exalta os trabalhadores do Brasil, cita ostrabalhadores rurais, o roceiro, o matuto deMonteiro Lobato, o caipira bom, leal e generoso,o valente, o bravo, o valoroso sertanejo.menciona que o trabalhador brasileiro estavasendo usado contra si mesmo, depois de reduzidoà miséria, estava tendo sua pobreza exploradapelos que enriqueceram à custa doempobrecimento nacional. Lacerda mostra-secontra a reforma de base, da qual diziam quecarecia o país. Ele salienta que o problema nãoera um problema de estrutura de base. Adverteque a agricultura, que chamavam de anacrônica eobsoleta, tinha sido a que sustentara o país atéentão, financiando Brasília, a industrialização,etc. Acredita que as fábricas do Brasil haviamsido feitas com o dinheiro das laranjasexportadas. Sustenta que o Brasil necessitava nonão era a reforma agrária que consistia emretalhar a terra, mas, sim, aquela que previa aindustrialização da lavoura. Lacerda fala do“moço da SUPRA (Superintendência de ReformaAgrária)” que andava saindo pelas portas dosfundos de várias faculdades... Que era umjornalista da Última Hora, “jornal fundado com odinheiro do Banco do Brasil e que, durante aguerra, recebia dinheiro da embaixada nazista”,sendo um jornal “facadista, vigarista, picareta,achacador”, que passara a dirigir um órgão quevalia mais do que o Ministério da Agricultura,pois Lacerda salienta que, quanto mais se falavaem reforma agrária, menos dinheiro se dava aoMinistério, que ocupava 4% do orçamento daRepública. Lacerda diz que não sabia se o autorconsultado pelo presidente da República era oprofessor Darcy Ribeiro que, segundo ele,conhecia economia em língua tupi-guarani econseguira ser reitor de universidade, sem serprofessor, e ser professor catedrático, sem nuncater feito concurso. Reafirma que não tinha certezase era ele, mas diz que gostaria que o presidenteda República, que segundo o governador, estavalhe dedicando vários discursos, o que muito ohonrava, pois nunca, um presidente só, falaratantas vezes sobre um candidato só, soubesse quea Itália. que ele tinha citado como exemplo, fizerauma reforma agrária completamente diferente doque ele pensava. Conta que a Itália fizera arevolução pelas mãos de um democrata cristãoque não escondia suas opiniões: (Alcide) DeGasperi. Sustenta Lacerda que a reforma agrária

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italiana era um exemplo de salto sobre o atraso,de um ato de confiança e fé no valor dotrabalhador agrícola. Era, portanto,completamente diferente da reforma dapicaretagem, do achaque, da coação e dasubversão... Afiança que o Partido Comunistaacreditava na salvação do povo no dia em que eleestivesse sozinho no poder, numa ditadura,imposta através de uma revolução. Afirma que opartido não podia querer uma reforma boa, poiscom uma reforma boa ele não teria jeito de fazera sua revolução. Conclui que o comunismo nãoqueria reforma. Sobre a reforma agrária, eledefende a concessão de crédito para o agricultor,a oferta de escola para as crianças, não só paraensinar a ler, também para formar os jovenslíderes da reforma agrária no campo. Ele assinalanecessidade dos sindicatos serem livres, livresdos patrões, livres dos partidos, da peste dotrabalhismo que era o pelego. Prega eleiçõessindicais autênticas e livres, sob a garantia daJustiça do Trabalho e não do Ministério doTrabalho. Ele acredita que reforma agrária seriacomeçar a trabalhar numa determinada direção,com planejamento, fazendo primeiro o quedeveria ser feito primeiro, e fazendo primeiro oque interessava a um maior número debrasileiros, deixando para depois o que se poderiadeixar para depois, reconhecendo que umgoverno não poderia fazer tudo, mas deveria fazertudo o que podia, dando, a cada um, a consciênciada sua importância e da sua responsabilidade.Assim, a reforma estaria se fazendo. Acrescentaque o que se estava conseguindo era lançarbrasileiros contra brasileiros, em nome de umareforma a favor do Brasil. Lacerda lembra que areforma agrária russa produzira 7 milhões demortos de fome. Critica as reformas agrárias noMéxico e cita a página 141, do Plano Trienal,aprovado pelo presidente da República: “otamanho ideal de qualquer propriedade agrícola,para ser economicamente rentável, para se poderviver com ela, deveria ser de, no mínimo, 50hectares, e, no máximo de 10 mil hectares. Parabaixo, era minifúndio; para cima, latifúndio. Elecita o recenseamento de 1950, a percentagem depropriedade agrícola no Brasil com menos de 50hectares era mais de 70%. Ou seja, segundo adefinição do Plano Trienal, do governo JoãoGoulart, mais de 70% das propriedades agrícolasno Brasil eram minifúndios, sendo que apenas1,1% de tais propriedades tinham mais de 10 milhectares. Lacerda pergunta: “Onde está olatifúndio?”Ele sugere a modernização daagricultura.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.371

1. Assunto

1.1 Faixa 1

F1; 35 min F1: 18/08/1961 Faixa 1Entrevista do Governador Carlos Lacerda àImprensa, no Palácio GuanabaraO repórter pergunta se Lacerda havia rompidocom o governo federal e o que ele achava da

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Entrevista do Governador CarlosLacerda à Imprensa, no PalácioGuanabara

2. Temas

2.1 Faixa 1Rompimento com o governofederal, política externa dogoverno, reatamento de relaçõescom a Rússia, infiltração daRússia no Brasil, defende-se daacusação de ser direitista, CriticaJânio Quadros e Fidel Castro,democracia direta de CheGuevara, Cuba é democracia defuzilamento, conceitos deesquerda e direita

política externa do governo. Lacerda respondeque não havia motivos para rompimento e declaraque não era contra ao reatamento de relações coma Rússia, mas contra a infiltração da Rússia noBrasil. Explica que aproximação com os paísesda Cortina de Ferro estava sendo conduzida demaneira errada. Compara a situação com a épocada Alemanha de Hitler, quando havia muita genteimpressionada com os mercados do Eixo, dandouma importância excessiva, como solução para aprodução brasileira. Lacerda alerta que o Brasilnão estava preparado para enfrentar aresponsabilidade de uma convivência com oscomunistas, sem cair na mão deles. Ele desprezao oferecimento de medalhas a caixeiros viajantesda Rússia no Brasil. O que Lacerda achava graveera não perceberem que o problema não seriaagradar ao americano, mas defender o Brasil.Lacerda se defende da acusação de ser direitista ereacionário e diz que estas pessoas que oacusavam eram as mesmas que chamavam decomunistas os que não queriam se aproximar dofascismo. Critica a preocupação apenas com aautodeterminação do Congo Belga, enquanto nãose falava sobre a autodeterminação dos alemãesem Berlim. Critica Jânio Quadros por tratar aRússia melhor do que os aliados do Brasil eafirma que tinha apoiado Fidel Castro, enquantoele dizia que não era comunista. Para Lacerda, amaioria do povo brasileiro não apoiava ocomunismo, porque se apoiasse, o comunismo játeria sido implantado aqui, devido às condiçõesfavoráveis, como a pobreza, ignorância, revolta einjustiça. Lacerda cobra protestos da esquerdapela negação do direito de greve na Rússia ou emCuba. Pede que se manifestem sobre o conceitode democracia direta de Che Guevara, ou seja, napraça pública o sujeito dava gritos, eleinterpretava e executava o que tinha sido gritado.Lacerda diz que Cuba era uma democracia defuzilamento. Falando sobre os conceitos deesquerda e direita, Lacerda conta uma conversaque teve com o ministro Horta, em que este lhedisse que, na sua juventude, considerava-se deesquerda, porque defendia o direito de greve,eleições livres, liberdade de pensamento,julgamentos apenas com pleno direito de defesado réu, entre outras coisas. Quem era contra issoera de direita. Mas, o ministro reclama que entãoera o contrário, os que defendiam Cuba, Rússia ea Alemanha comunista eram os de esquerda. Eele, que continuava defendendo as mesmascoisas, era chamado de reacionário, direitista.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.372

1. Assunto

1.1 Faixa 1Posse do Novo Secretário deViação, Enaldo Cravo Peixoto

F1: 15 min F1: 24/04/1962 Faixa 1Posse do Novo Secretário de Viação, EnaldoCravo PeixotoO governador Carlos Lacerda elogia os servidoresdo estado da Guanabara. Critica a imprensa que,de acordo com ele, procurava sempre acentuar oerro, pôr em relevo o desacerto, mas esquecia

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2. Temas

2.1 Faixa 1Elogio aos servidores do estado,critica à imprensa, deputadosvendidos, funcionários recebempropinas, projetos substanciaisnão tinham sido votados,recusava-se a comprar votos,elogio a Cravo Peixoto, criaçãoda SURSAN, esvaziamento daSecretaria de Viação, reformaestrutural completa, crítica aoexcesso de burocracia

sempre, e sempre menosprezava, todo o esforçosincero e todo o resultado autêntico. Comenta queno estado tinham se instalado forças infernais,mas não ocultas, porque todos as conheciam.Eram deputados que se vendiam, funcionáriosque trocavam por propinas os seus despachos nospapéis dos contribuintes, homens que sealugavam, que se destruíam a si próprios,moralmente. Reclama que depois de quase umano, projetos substanciais para a vida do estadoainda não tinham sido votados e corriam o riscode serem desfigurados, a despeito da resistênciade uma bancada merecedora do seu apreço.Lacerda afirma que esta situação ocorria porque oseu governo recusava-se a comprar votos. ElogiaCravo Peixoto, que assumiria a Secretaria deViação, acumulando o cargo de presidente daSURSAN (Superintendência de Urbanização eSaneamento). Diz que a criação da SURSANtinha esvaziado a Secretaria de Viação. Mencionaque, com a entrada de Cravo Peixoto, o objetivoera integrar o DER (Departamento de Estrada deRodagem) à Secretaria de Viação e à SURSAN.Para Lacerda, a Secretaria de Viação precisava deuma reforma estrutural completa, para que umpapel da Diretoria de Obras não tivesse quepassar seis vezes pelo Gabinete do secretário,antes de obter um despacho final. Lacerda criticao excesso de burocracia e defende uma estruturamais sólida e, ao mesmo tempo, mais leve.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.373

1. Assunto

1.1 Faixa 1Governador Carlos Lacerda emUruguaiana – RS

2. Temas

2.1 Faixa 1Revolução através das reformas,reforma agrária, Rússia compratrigo dos Estados Unidos, crise dedesabastecimento na Guanabara,crítica ao modelo de reformaagrária do governo federal,Ministério da Educação, reformade base, acabar com oanalfabetismo, crítica aoMinistério da Saúde, volta damalária, inflação

F1; 50 min F1: 22/02/1964 Faixa 1Governador Carlos Lacerda em Uruguaiana – RSO governador Carlos Lacerda confessa que estavaemocionado pela recepção fraterna que estavatendo no Rio Grande do Sul. Lacerda fala sobre acaravana, pelo estado, que fizera com o seu pai,quando era criança. O governador diz que do ódiosó conhecia o que tinham contra ele, e comunicaque trazia uma mensagem de esperança e pedeque o povo se unisse, para devolver ao Brasil acoragem perdida. Discorre sobre o seu governona Guanabara que, segundo ele, era baseado naaplicação de três princípios que estavam nosEvangelhos e na Constituição. Lacerda anunciaque pretendia fazer a revolução através dasreformas. Ele admite que era preciso fazer umareforma agrária, mas não uma semelhante á daRússia. Lacerda ressalta que, como resultado dareforma agrária, a Rússia tivera que comprar trigodos Estados Unidos. Comenta a crise dedesabastecimento na Guanabara e acusa ospolíticos do Rio Grande do Sul de reterem oarroz, para fazer, do trabalho dos trabalhadoresdos arrozais gaúchos, moeda para troca de votos.Volta a criticar o modelo de reforma agráriaproposta pelo governo federal. Defende que o RioGrande do Sul não fosse apenas o celeiro doBrasil, mas também tivesse um parque industrial.Afirma que apenas o RS e Santa Catarina podiamse gabar de ter o carvão na porta de casa. Lacerda

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acha que o Ministério da Educação precisava deuma reforma de base, para acabar com oanalfabetismo. Critica o Ministério da Saúde pornão ter evitado a volta da malária. Ironiza ogoverno federal, por queixar-se das coisas que elepróprio tinha feito ou deixara de fazer. Fala que ainflação não era como a seca, um flagelo danatureza, e que não era Deus que, de noite,entrava na Casa da Moeda e imprimia moedafalsa, para aguar o salário dos trabalhadores.Lacerda admite que já cometera erros e talvez omaior deles tenha sido deixar que confundissem asua indignação, sem rancores, com o ódio comque outros tinham procurado destruí-lo. Asseguraque nunca odiara ninguém, mas nunca perdera acapacidade de se indignar e de lutar. Garante queo mandato que recebesse, força nenhuma poderiatirar, nem forças ocultas. Salienta que haviaformado sua consciência no cárcere, na escola eno trabalho.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.374

1. Assunto

1.1 Faixa 1Governador Carlos LacerdaRecebe o Título de CidadãoSergipano – Sergipe

1.2 Faixa 2Continuação da Faixa 1

2. Temas

2.1 Faixa 1Anúncio da candidatura àPresidência, objeções àcandidatura, explicar a“Revolução” no exterior,resistência desmoralizamilitarmente o adversário,reforma no governo, construídona base do improviso, UDNmerecia crédito, “Revoluçãocontra o comunismo e acorrupção, destino da democraciano país, não fazia oposição aopresidente Castelo Branco, nãodesejavam o êxito da suacandidatura

2.2 Faixa 2Elogia o povo carioca, cercado nopalácio Guanabara, Critica osjornais, jornais não conseguiamludibriar o povo, nação entregue aum homem honrado,desenvolvimento com inflação,deflação sem desenvolvimento.

F1: 65 minF2: 70 min

F1: 01/11/1964F2: 01/11/1964

Faixa 1Governador Carlos Lacerda Recebe o Título deCidadão Sergipano – SergipeO governador Carlos Lacerda comenta que osadversários da UDN (União DemocráticaNacional) estavam interessados em adiar oanúncio da sua candidatura à Presidência. Elecomeça a responder às objeções mais frequentes àsua candidatura. A primeira era que o governo da“Revolução” precisava de paz e não de agitação,para cumprir a sua missão. Lacerda nega que iriafazer agitação contra o governo. Fala que, depoisde explicar a “Revolução” no exterior, precisavaexplicá-la para o povo brasileiro. Esclarece que ogoverno fora entregue ao general Castelo Brancopor sua iniciativa e dos outros governadores.Admite que todos esperavam que o adversáriooferecesse mais resistência. Conta que se recusaraa sair do Palácio Guanabara e que a suaresistência havia contribuído para desmoralizarmilitarmente o adversário e garantir mais adesõesà “Revolução”. Lacerda rejeita a opinião dos quenão fizeram a “Revolução”, dos que não aquiseram e dos que aderiram a ela nos últimosminutos, sobre como ele deveria agir para salvá-la. Considera que era necessário fazer umareforma no governo, que fora construído na basedo improviso, contando com membros da UDN,mas também de outros partidos e técnicos queserviam a qualquer governo. Ele acha normal quea UDN recebesse críticas por tudo que a“Revolução” não fizesse ou fizesse errado.Entretanto, Lacerda considera que a UDNmerecia crédito por tudo que a “Revolução”fizesse de certo. Assinala que o povo tinhaentendido que a “Revolução” fora contra ocomunismo e a corrupção, mas ainda não sabia afavor do que ela tinha sido feita. Para ele, caberiaàs forças políticas democráticas do país formaremum programa de ação que, canalizasse, para o

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regime de transição, a ordem, a lei e a preparaçãode eleições livres e limpas, garantindo, assim, acontinuidade da “Revolução”. Lacerda diz que aUDN era o intermediário entre o povo e ogoverno. Acredita que a convenção e o resultadodela transcendiam os limites do partido einteressavam a integrantes de outros partidos, oumesmo a quem, fora dos partidos, tivesse apreocupação sincera com o destino da democraciano país. Explica que a outra objeção, que sempreouvia, era a de que a convenção e a candidaturase colocariam em oposição ao presidente CasteloBranco. Lacerda acredita que, quem mais diziaisso, era um grupo de forças que não desejava oêxito da sua candidatura, nem o êxito dopresidente Castelo Branco. O governador negaque houvesse qualquer desavença entre ele e opresidente. Menciona a objeção de que acandidatura, lançada com muita antecedência, iriase desgastar. Ele comenta que não era a primeiravez que ouvia alguém confiar temerariamente nasua capacidade de se desgastar. Afiança que cadavez que o julgavam desgastado, ele ressurgiraconsolidado. Considera mesquinha a tese de que,afastado o perigo do comunismo, e tendo razõespara acreditar que a corrupção iria cessar, nãoseria mais preciso que ele se candidatasse.

Faixa 2Continuação da Faixa 1O deputado Gilton Garcia diz que Lacerdamerecia a homenagem do título honorário decidadão sergipano, em virtude dos altos erelevantes serviços que ele vinha prestando aopaís e às instituições democráticas. Afirma que osparlamentares sergipanos tinham prestado apoiounânime à concessão do título ao governadorLacerda. Destaca que, no dia 1º de abril, aAssembleia Legislativa estava ao lado dogovernador Carlos Lacerda. Elogia o povocarioca por ter ficado ao lado do governadorquando ele estava cercado no palácio Guanabara.Critica os jornais Correio da Manhã, O Globo eÚltima Hora, por combaterem o governador. Masafirma que esses jornais não conseguiam ludibriaro povo que reconhecia o bom trabalho deLacerda, como governador da Guanabara. CarlosLacerda lembra que, depois da criação do estadoda Guanabara, Sergipe não era mais o menorestado do Brasil. Ele rememora que, de Sergipepara o Brasil, partiram alguns dos seus melhorescidadãos. Agradece a homenagem e diz ao povode Sergipe, e a seus representantes, algumaspalavras que traduziam, com simplicidade esinceridade, as simples e sinceras emoções quelhe enchiam o coração. Lacerda pede que se dessemenos atenção às brigas do passado e maisatenção para as radiosas construções dos esforçosdo futuro. Ele afirma que a nação tinha sidoentregue a um homem honrado. que teve a virtude

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heróica de tomá-la para devolver ao povo osentimento de tranquilidade. Sugere que devia serbuscado um terceiro caminho de integração edesenvolvimento nacional, que não fosse o dodesenvolvimento com inflação, nem o da deflaçãosem desenvolvimento. Para Lacerda, serianecessário buscar o caminho do trabalho, gozar aliberdade com responsabilidade e preparar o povopara a tarefa em que ele era insubstituível, atarefa de construir o seu destino e o de seusfilhos. Lacerda considera que o homem precisavade três requisitos, assim como se dava o óleo e ocombustível a qualquer máquina manejada pelohomem: a educação, a confiança em si, naautoridade legítima, em Deus e a constância, aperseverança, a capacidade de desprezar o ódio eapegar-se ao amor.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.375

1. Assunto

1.1 Faixa 1Convenção da UDN naGuanabara

1.2 Faixa 2Continuação da Entrevista na TVTupi

1.3 Faixa 3Mesmo conteúdo da Faixa 1, daFita 375

1.4 Faixa 4Inauguração da Vila Aliança, emBangu

1.5 Faixa 5Entrevista à TV Tupi

1.6 Faixa 6Inauguração de 4 Linhas deÔnibus Elétricos

1.7 Faixa 7Nota Oficial do GovernadorCarlos Lacerda pelo Falecimentodo Papa João XXIII

1.8 Faixa 8Governador Carlos Lacerda noAuditório do Jornal O Globo

1.9 Faixa 9Inauguração de Agência do BEG,em Copacabana

1.10 Faixa 10Posse de Médicos

F1: 90 minF2: 2 minF3: 90 minF4: 13 minF5: 7 minF6: 10 minF7: 2 minF8: 55 minF9: 17minF10: 40 min

F1: [1964]F2: 01/04/1963F3: [1964]F4: 10/02/1961F5: 24/01/1963F6: 11/12/1962F7: 03/06/1963F8: 10/03/1963F9: 11/06/1963F10:12/06/1963

Faixa 1Convenção da UDN na GuanabaraDefesa da candidatura de Carlos Lacerda àPresidência da República, na convenção cariocada UDN (União Democrática Nacional). Leiturado nome dos presentes à convenção, entredeputados e secretários estaduais. Anúncio daaprovação, pelo Diretório Regional da UDN, daindicação do deputado Bilac Pinto comocandidato à presidência do partido É dito que essacandidatura contava com o apoio do governadorCarlos Lacerda. São apresentadas proposições delouvor a parlamentares da UDN e de regozijo àsbancadas estadual e federal do partido. Umrepresentante do Departamento Estudantil, noDiretório – Pedro Ernesto Azevedo – , em nomedo Departamento Estudantil, solicita, a todos osestudantes democratas da Guanabara, quecomparecessem à sede do partido e prestigiassemo movimento. Ele pretende que o movimento seampliasse para todo o Brasil, e informa que osestudantes iriam à convenção nacional. Odeputado Danilo Nunes comenta o clima deextrema gravidade, a atmosfera de pólvora queestavam respirando. Acha que nunca a UDN(União Democrática Nacional) tivera tantaresponsabilidade sobre o destino do Brasil. Elemenciona a tentativa do governo federal deintervir na Guanabara, motivada por ódio,ambição e convicção ideológica. Ressalta que ogovernador agiu com absoluta cautela eserenidade, colocando-se acima de tudo, como ocomandante da suprema batalha pelasobrevivência do regime democrático no Brasil.Elogia o governador por não ter ódio no seucoração. Alerta para o perigo de uma novatentativa de intervenção na Guanabara. Consideraque a luta pela sobrevivência do país exigiaserenidade e paciência. O deputado Amaral Netoassinala que a disposição da UDN era a de que opaís continuasse a respirar democraticamente,apesar daqueles que o queriam sufocar. Afirmaque as divergências do partido ocorriam porque

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2. Temas

2.1 Faixa 1Defesa da candidatura de CarlosLacerda à Presidência daRepública, convenção carioca daUDN, Bilac Pinto candidato àpresidência do partido, estudantesdemocratas prestigiassem omovimento, Danilo Nunescomenta o clima de extremagravidade, acusam governofederal de intervir na Guanabara,sobrevivência do regimedemocrático, Amaral Netoassinala divergências do partido,Geraldo Ferraz lembra a Jornadade Libertação Nacional,Guanabara não tinha medo doExército

2.2 Faixa 2Encontro de Lacerda com oembaixador da União Soviética,capitalismo chegaria aosocialismo muito antes do que ocomunismo

2.3 Faixa 3Mesmo Conteúdo da Faixa 1, daFita 375

2.4 Faixa 4Convênio entre os EstadosUnidos e o estado da Guanabara,verba da Aliança para o Progressono bairro de Bangu, esforço daFundação Leão XIII, favela bairrorenovado, crítica aos institutos deprevidência, enumera motivospara surgimento das favelas,reforma agrária, indústrias nãoconstruíam casas para operários,crítica à CEPAL, proibição decrédito para a construção civil,déficit de 100 mil casas, crítica aJoão Goulart

2.5 Faixa 5Ameaça de greve geral, caráterpolítico e finalidade subversiva,direito de greve regulado peloMinistério do Trabalho,comunismo proibido pelaConstituição, greve de autarquiasorganizada por agentesrevolucionários a serviço daRússia, direito de greve legítimo

2.6 Faixa 6

seus integrantes eram democratas e constituíamuma prova de força, porque demonstravam queeram livres para poderem ser unidos, embora, àsvezes, discordando. Acha que o governo daGuanabara era o bastião da democracia brasileira.Alerta que, naquele momento de ameaças, erapreciso dizer que não estavam sozinhos, quehavia deputados de outros partidos que estavamajudando a UDN na luta. Garante que depois daSemana Santa, a bancada da UDN sairia dadefensiva e partiria para a ofensiva. O deputadoGeraldo Ferraz lembra que a UDN fora criada em1945, quando enfrentaram a Jornada deLibertação Nacional, pela implementação doregime democrático no país. Recorda quetravaram uma luta gigantesca contra osditirambos da ditadura, contra aqueles que agoratinham um representante no poder. Cita osfundadores da UDN e lembra que Lacerda tinhasido escolhido como candidato ao Governo doEstado por aclamação. Conta que Lacerda era ummotivo de orgulho para o partido, o melhoradministrador do país e, por isso, fora aclamadopelo diretório como candidato à Presidência daRepública pelo partido. Para Geraldo Ferraz,Lacerda encarnava os anseios de todo o povobrasileiro. O deputado Eurípedes de Menezes falaque todos estavam ansiosos para ouvir Lacerda,grande estadista, por isso seria breve. Lembra quesugerira a candidatura de Lacerda à Presidência, efica feliz que ela tivesse sido aprovada porunanimidade. Considera Lacerda o maiorrepresentante da UDN, um homem com Hmaiúsculo, com todas as letras maiúsculas. Ogovernador Carlos Lacerda assinala que a vidapública desfigurava os homens e abjura a pressacom que descreviam seus atos e penetravam, oupensavam penetrar, suas intenções mais remotas.Destaca que tinha visto, inclusive, atribuírem-lhepalavras, atos, gestos e mesmo pensamentos quejamais lhe tinham ocorrido. Atos que nuncapraticara e intenções que estavam nas cabeças dequem as atribuía a ele. Garante que nunca sepreocupou com a vida privada das outras pessoas,e que a sua vida estava sendo devassada. Reclamaque ofenderam a honra de sua mãe e de suaesposa e que nunca fez referência à vida privadade seus adversários. Acredita que a gravidade dasituação fazia com que tivesse que dizerexatamente o que pensava, porque não tinhamedo das ameaças. Lacerda sustenta que aGuanabara não tinha medo do Exército, porquesabia que ele não marcharia contra um governolegítimo, democrático e honrado. Também nãotinha medo das Forças Armadas, porque sabiaque elas não trairiam o mandato que ele receberado povo.

Faixa 2Continuação da Entrevista na TV Tupi

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Linha Anhangá-Cidade,substituição dos bondes da ZonaSul por ônibus elétricos, abrirconcorrência construção dosegundo túnel Rio Comprido-Lagoa, modernizar a frota detáxis, falta de apoio da CaixaEconômica Federal. problema dometrô, transportes ferroviáriossuburbanos, acordo com ogoverno francês, Light nãocumpre compromissos, crítica aostrilhos dos bondes da Ligth,Petrobras com déficit não forneceasfalto e é assaltada por um grupode comunistas

2.7 Faixa 7Facciosos deturparam a missãodo Papa, Pio XII, homem do céuvindo à terra, João XXIII, umhomem da terra a caminho do céu

2.8 Faixa 8Cessão do auditório de O Globo,lançamento do livro do deputadosobre o comunismo, democrata eanticomunista, revoluçãocomunista feita por milionárioscorruptos, crítica ao ministro daAgricultura, radio Mairynk Veigadomina a opinião pública, dívidado filho de Antenor MairynkVeiga com o DNER, acusa MárioHenrique Simonsen de montarmais luxuosa emissora detelevisão do mundo, dinheiro docontrabando de café do IBC

2.9 Faixa 9Critica à reforma agrária,desapropriação de terras, criticaao PTB e integrantes do PSD,Estados Unidos apoiou Mao TseTung e Fidel Castro enganadospela proposta de reforma agrária,não haveria guerra civil.

2.10 Faixa 10Concurso para todas as categoriasprofissionais, desprestígio da redehospitalar, dar pleno rendimentoaos leitos, elogio á SUSEME,abertura do hospital SalgadoFilho, no Méier, reabertura doHospital dos Radialistas, na ZonaSul, um bilhão e meio na reformae construção de novos hospitais,

Um jornalista fala sobre o encontro de Lacerdacom o embaixador da União Soviética, em que ogovernador teria dito ao embaixador que não sepreocupasse, porque nenhum dos doisconvenceria o outro sobre as suas ideias, e que ocapitalismo chegaria ao socialismo muito antesdo que o comunismo. O jornalista pergunta seLacerda realmente teve este diálogo com oembaixador e pede para ele explicar a declaraçãosobre o capitalismo. Lacerda responde que houveum diálogo parecido com o que o jornalista haviarelatado. Explica que tinha falado ao embaixadorque as democracias capitalistas estavam chegandoaos ideais do socialismo muito melhor, maisdepressa e com muito menos sacrifício do que aRússia, que se transformara em uma ditadura,para impor o socialismo.

Faixa 3Mesmo Conteúdo da Faixa 1, da Fita 375

Faixa 4Inauguração da Vila Aliança, em BanguO governador Carlos Lacerda anuncia que foraassinado um convênio entre os Estados Unidos eo estado da Guanabara que possibilitaria autilização de uma pequena parte da verba daAliança para o Progresso, no bairro de Bangu.Agradece o esforço da Fundação Leão XIII paraque uma parte da obra fosse inaugurada naqueledia. Comenta que era uma obra séria, que ogoverno estava mostrando que confiava nosmoradores das favelas. Espera que o chefe defamília das favelas pudesse comprar uma casacom o seu trabalho, o seu esforço, transformandoa favela em um bairro reformado e renovado.Critica os institutos de previdência que detinhama maior parte dos terrenos da Guanabara e nãoconstruíam e nem deixavam construir. Acusa osinstitutos de serem administrados de formadesonesta. Diz que esta obra não teria sidopossível sem o apoio do povo dos EstadosUnidos. Enumera os motivos para o surgimentodas favelas: ausência de reforma agrária,abandono do homem do campo, processo deindustrialização que trouxera muita gente para acidade, falta de transportes que obrigava omorador a ficar perto do seu local de trabalho e,principalmente, o fato de que o programa deconstrução popular tinha sido entregue àPrevidência Social. Como a previdência falira,não fez as casas que deveria fazer. E as indústriasnão construíam casas para os seus operários,porque foram convencidas pelos governos de quebastava pagar a previdência deles. Por isso, acada indústria nova correspondia uma favelanova. Critica a CEPAL (Comissão EconômicaPara a América Latina) que tinha considerado ascasas como bem de consumo e não bem deprodução, o que levara à proibição de crédito nos

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obra do Miguel Couto adiantada,aumento dos vencimentos dosmédicos

bancos e nas instituições de crédito, no Brasil,para a indústria da construção civil. Afiança queesta proibição de crédito para a construção civiltinha criado um déficit de 100 mil casas no Riode Janeiro. Lacerda critica a Aliança para oProgresso por ter escolhido como orientador, naAmérica do Sul e no Brasil, o pai da inflação, amãe da falta de crédito para os favelados, o pai dacorrupção, o homem que mais exportara dinheirodo Brasil para o estrangeiro, que não promovera areforma tributária, que tinha protegido todosaqueles que sonegavam impostos, osespeculadores, os negocistas, o ex-presidente, quese convertera em conselheiro da Aliança.

Faixa 5Entrevista à TV TupiO governador Carlos Lacerda declara que, pelasétima vez, em menos de dois anos, havia umaameaça de greve geral, de caráter político efinalidade subversiva. Ele afirma que a leibrasileira não admitia a greve política e ointeresse nacional não recomendava a grevesubversiva. Defende que o direito de grevedeveria ser decidido pelo Ministério do Trabalho.Lacerda acredita que o comando da greve eracontrário a toda organização sindical, era umórgão de inspiração comunista, e o comunismo,pela Constituição do Brasil, estava proibido.Salienta dois pontos: a greve não era e nunca forageral, a estratégia era fazer uma greve dostransportes, impedindo que os trabalhadoreschegassem ao seu local de trabalho. Era umagreve de autarquias, do governo contra si mesmoe contra a população. Denuncia que a greveestava sendo organizada por agentesrevolucionários, a serviço da Rússia, patrocinadose ajudados, no Brasil, por órgãos que deveriamcombatê-los. O segundo ponto era que a grevepolítica custava, por dia, cerca de 150 milhões decruzeiros ao estado da Guanabara. Ao Brasil, oprejuízo seria de 17 bilhões de cruzeiros por dia,no caso de uma greve geral. Lacerda manifestaseu respeito pelo direito de greve legítimo, masnão admite greve contra a Constituição.

Faixa 6Inauguração de 4 Linhas de Ônibus ElétricosO governador Carlos Lacerda comemora ainauguração, em Copacabana, da linha Anhangá-Cidade e anuncia que, até março daquele ano.todos os bondes da Zona Sul seriam substituídospor ônibus elétricos. Promete que, em 1963, aZona Norte também teria ônibus elétricos.Informa que, até o fim daquele ano, iria abrirconcorrência para a construção do segundo túnelRio Comprido- Lagoa. O primeiro túnel já estavaem construção, o que saía da Lagoa e terminavano Cosme Velho. O segundo túnel iria do CosmeVelho até o Rio Comprido. Considera que ainda

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seria preciso modernizar a frota de táxis do Riode Janeiro, reclama da falta de apoio da CaixaEconômica Federal. Lembra que também havia oproblema do metrô e dos transportes ferroviáriossuburbanos, que era um problema federal.Garante que assim que o governo brasileirochegasse a um acordo com o governo francês,seria assinado um contrato para o início daconstrução do metrô. Saúda a chegada de umrepresentante da oposição que fazia parte daCompanhia de Transportes do Estado, e afirmaque o seu governo não tinha nada a temer.Lacerda diz que a Light não conseguia maiscumprir seus compromissos na energia, notransporte e no telefone. Ele reclama que já tinhaa solução para o telefone, mas não podiaimplementá-la, porque o governo federal haviafeito uma intervenção para proteger a Ligth e atéaquele dia não solucionara o problema dotelefone. Lacerda critica os trilhos dos bondes daLigth, que criavam buracos nas ruas, e que aLigth teria a obrigação de consertar, mas nãoconsertava. Lacerda avisa que os trilhos seriamretirados para a pavimentação definitiva queestava sendo retardada, porque a Petrobras, pelaprimeira vez na sua história, estava com umdéficit de 40 bilhões de dólares e não forneciaasfalto para que o Governo do Estadopavimentasse as ruas. Diz que a Petrobras tinhasido assaltada por um grupo de comunistas e porum grupo de gatunos.

Faixa 7Nota Oficial do Governador Carlos Lacerda peloFalecimento do Papa João XXIIIO governador Carlos Lacerda diz que morrera,naquele em dia, em Roma, um homem de fé, queencontrara força de espírito suficiente paraconcentrar todo o esforço da Igreja em retomar assuas funções pastorais. Denuncia que, em vão,quiseram os facciosos deturpar a sua missão.Lembra Lacerda de sua própria ironia, aocomentar como Kruchev simulava espanto ao vê-lo falar de paz. O que queria ele, que eu falasseem guerra? pergunta Lacerda. Lembra da suaresposta ao convite que fez para visitar o Brasil:“Isto aqui é uma prisão, na qual cumpro umapena que me exalta e me dá esperanças. A prisãoem que vivo é para melhor servir a Deus.” ParaLacerda, Pio XII e João XXIII eram homens quese completavam. Pio XII, um homem do céuvindo à terra, João XXIII, um homem da terra acaminho do céu.

Faixa 8Governador Carlos Lacerda no Auditório doJornal O GloboO governador Carlos Lacerda agradece ao jornalO Globo por ter cedido o seu auditório para olançamento do livro do deputado sobre o

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comunismo. Lacerda comenta que uma das coisasmais difíceis no Brasil, naquele momento, era serdemocrata e anticomunista, porque usava-se maisa cumplicidade com o comunismo do que atolerância com o anticomunismo. Defende que arevolução comunista no Brasil não era umarevolução feita por operários, mas por milionárioscorruptos, degenerados. Alerta que o ministro daAgricultura seria responsável pelo sangue dosseus coestaduanos pernambucanos, porque elepagara as armas com que os pernambucanos iriamser mortos, em troca de uma cadeira de senador eem troca da indulgência em relação à suatentativa de monopolizar o alumínio no Brasil.Lacerda denuncia que a opinião pública estavasendo dominada através da rádio Mairynk Veiga.Conta que a rádio fora vendida para pagar umadívida do filho de Antenor Mairynk Veiga, donoda rádio, com o DNER (Departamento Nacionalde Estradas de Rodagem), e que fora compradapor Brizola, com dinheiro da Petrobras. AcusaMário Henrique Simonsen de estar montando amais luxuosa emissora de televisão do mundo,com dinheiro do contrabando de café do IBC(Instituto Brasileiro do Café), que era entregue noestrangeiro, inclusive na Rússia, e revendidocontra o Brasil. Desafia os jornais que aindatinham liberdade a publicarem estas denúncias.Questiona porque a condessa Pereira Carneiro,católica, conservadora, não publicava esta notíciano Jornal do Brasil. Enfatiza que se o Correio daManhã não estava arrendado ao Banco Nacionalde Minas Gerais que publicasse estes fatos oucontestasse-os, se pudesse. Critica a proposta dereforma agrária do governo federal que propunhapagar a desapropriação das terras com títulos dogoverno. Critica o PTB (Partido TrabalhistaBrasileiro) e alguns integrantes do PSD (PartidoSocial Democrático) por apoiarem esta proposta.Lacerda afirma que não era preciso mudar aConstituição para fazer a reforma agrária.Acredita que se o presidente começasse agovernar, o que ainda não fizera, os comunistasteriam que voltar ao começo, teriam que voltaraos comícios do senhor Luís Carlos Prestes, coisaque nem os comunistas mais aturavam. Teriamque voltar à fase da conspiração minoritária,porque eram minoria. Lacerda faz umaadvertência à população, para que não esperassemque os Estados Unidos salvassem o Brasil docomunismo. Lacerda apregoa que os EstadosUnidos tinham apoiado Mao Tse Tung, porqueacreditaram que ele queria apenas fazer a reformaagrária e a autodeterminação da China. Cita oexemplo de Fidel Castro, que também foraapoiado pelos Estados Unidos porque dizia terinteresse apenas em fazer a reforma agrária e emmelhorar a qualidade de vida da população,negando que os comunistas fossem fazer parte doseu governo. Pede para que lessem o livro que

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estava sendo lançado. Avisa que não ligassempara a chantagem da guerra civil, porque se amaioria da população se manifestasse eimpusesse a sua vontade, não haveria guerra civil.

Faixa 9Inauguração de Agência do BEG, em CopacabanaO governador Carlos Lacerda fala que devia umapalavra de gratidão e de estímulo ao corpo defuncionários do Banco do Estado, que constituíauma viva demonstração de que o que faltava noBrasil era exatamente o que estava por cima,porque o que estava por baixo e no meio era bom.Para Lacerda, a multiplicação do banco eraresultado de um multiplicando, que decorria docrédito público e de um esforço do governo, e ummultiplicador, que era a qualidade dofuncionalismo do banco. Critica o governofederal por não resolver o problema de energia naGuanabara, que era de sua responsabilidade,porque a concessão à Ligth era federal e federalera a CHEVAP (Companhia Hidrelétrica do Valedo Paraíba), encarregada de resolver o problema,na qual a Guanabara tinha uma pequenaparticipação societária. Diz que o estado daGuanabara tinha avisado ao governo federal quehaveria racionamento, naquele ano, se não fossemtomadas providências, mas, mesmo assim, ogoverno não havia tomado providências. Lacerdaassegura que o objetivo do governo federal erasabotar o esforço do estado, impedir a compra degeradores, para que houvesse racionamento edesemprego na Guanabara. Lacerda comenta queo racionamento representava prejuízo econômicopara o estado e garante que compraria osgeradores. Salienta que, se em outubro nãotivesse acabado o racionamento da Guanabara, aculpa seria do governo federal, por impedir oestado de comprar geradores. Lacerda afirma quea compra dos geradores, a obra da água, a obra doesgoto, o pagamento do salário móvel aofuncionalismo, e outras providências do governoestadual só tinham sido possíveis pelareconstrução e expansão do Banco do Estado daGuanabara.

Faixa 10Posse de MédicosO doutor Ernesto Lopes comemora a realizaçãodo concurso para médicos, depois de muitos anosde espera. Elogia o governador por promoverconcursos para todas as categorias profissionais.Fala que ao assumirem o cargo, os médicos viamas perspectivas de co-participação, naresponsabilidade do governo da Guanabara emcumprir os compromissos assumidos com apopulação. O governador Carlos Lacerda ressaltaque a rede hospitalar tinha decaído eminstalações, infraestrutura e em pessoal. ParaLacerda, os hospitais deixaram de ser uma

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organização a serviço dos doentes para setornarem uma organização a serviço dos queprocuravam serviço nele. Aponta esta como umadas razões do desprestígio da rede hospitalar doestado, que já tinha sido o paradigma do serviçode saúde do país. Lacerda conta que, em 1946,quando foi eleito vereador, fora relator doorçamento para a saúde e teve que estudar osistema hospitalar da Guanabara. Verificou que,em média, o rendimento do leito era de um mêspor doente/leito, uma das piores médias domundo. Desde então, se convencera de que omais fácil seria construir leitos e o mais difícilmantê-los e dar-lhes pleno rendimento. Quandoassumira o governo, verificara que a média dosleitos continuava igual e, naquele momento, coma nova estrutura autárquica que era a SUSEME(Superintendência de Serviços Médicos), únicafórmula pela qual se poderia assegurar umareforma básica do sistema hospitalar do estado,poderia ser reduzido de um mês, para 15 dias, orendimento de um leito. Menciona a abertura dohospital Salgado Filho, no Méier, e anuncia aabertura do Hospital dos Radialistas, na Zona Sulda cidade. Lacerda informa que o estado estavainvestindo, naquele ano, um bilhão e meio nareforma e construção de novos hospitais. Destacaque a obra no Miguel Couto estava 60 diasadiantada, fato raro nas obras públicas. Lacerdalembra que, antes de assumir o governo, ovencimento inicial dos médicos do estado era de22 mil cruzeiros e, a partir de setembro daqueleano, o vencimento inicial seria de 100 milcruzeiros. E os que já tinha mais de três anos deserviço, passariam a receber 130 mil cruzeiros.Lacerda menciona, para efeito de comparação,que os médicos federais recebiam 50 milcruzeiros e, com o aumento prometido, os dosestado passariam a receber 85 mil.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.376

1. Assunto

1.1 Faixa 1Homenagem Jubileu de Prata daFundição Tupi S/A

1.2 Aniversário da Cidade deJoinville e da Fundição Tupi

2. Temas

2.1 Faixa 1Critica a proposta de reformaagrária do governo federal,ignorava processo de formação dapropriedade agrícola, problemada habitação popular, incentivo àiniciativa privada e à indústria da

F1: 38 minF2: 85 min

F1: [1964]F2: [1964]

Faixa 1Homenagem Jubileu de Prata da Fundição TupiS/AO governador Carlos Lacerda critica a propostade reforma agrária do governo federal, afirmandoque não seria necessário mudar a Constituiçãopara implementá-la. Ressalta que esta propostaignorava completamente o processo de formaçãoda propriedade agrícola no Vale do Itajaí, emSanta Catarina, e ignorar o que era a obracivilizadora na região catarinense. Ironiza osórgãos estatais que chamavam para si aresponsabilidade da solução do problema dahabitação popular, enquanto ele, comogovernador, em dois anos obtivera uma média deconstrução de habitações para favelados superiorà média anual de todos os institutos deprevidência somados, durante os 35 anos de suasexistências. Garante que a solução para a moradianão passava pela estatização, mas pelo incentivoà iniciativa privada e à indústria da construção

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construção civil, aumento da redede esgoto e do abastecimentod’água, criação da COPEG,empréstimo do BID, críticas aocapitalismo estão cem anosatrasadas, revolução doconsumidor, novos hábitos deconsumo2.2 Faixa 2Elogios ao estado de SantaCatarina, educação comoprioridade, revolução tecnológicasubstitui a revolução social,déficit de 100 mil vagas nasescolas estaduais, 25 mil vagassobrando, 13 de maio para osindicalismo brasileiro,sindicalismo livre, confusão entredemagogia e democracia,remoção dos favelados,importância de combater apobreza, maior parte dapopulação é jovem, Lacerdadefensor da democracia e bomadministrador, Fundição Tupi éorgulho nacional, clima deharmonia entre os colaboradorese a direção

civil. Lacerda conta que o Rio de Janeiro tinha,havia dois anos, um abastecimento de um bilhãode litros d’água por dia, mas, antes do fim doquarto ano de seu mandato, o abastecimento seriade 2 bilhões e 400 milhões de litros por dia.Lacerda conta que havia aumentado a rede deesgoto em 20%. Discorre sobre a criação daCOPEG (Companhia de Progresso Industrial doEstado da Guanabara), que, até aquele momento,financiara indústrias privadas, com um montantesuperior a 600 milhões. Anuncia que a COPEGconseguira um empréstimo de 4 milhões dedólares do BID (Banco Interamericano deDesenvolvimento) para indústrias privadas,porque entendia ser mais barato entregar aosoutros a incumbência de trabalhar e pagarimpostos, para poder dar ao povo o que eleesperava, quando trabalhava e pagava impostos.Diz que as críticas ao capitalismo que se faziamentão estavam cem anos atrasadas. Para Lacerda,a maior revolução que já se fizera no país, era arevolução do consumidor, a revolução do homemque nada tinha e que começava a descobrir quepoderia ter, que começava a ler Seleções e quecomeçava a ouvir rádio e a ver televisão. Diz queo homem começa a querer progredir, e esta é arevolução do progresso que através da produçãocria novos hábitos de consumo.

Faixa 2Aniversário da Cidade de Joinville e da FundiçãoTupiO governador Carlos Lacerda elogia o estado deSanta Catarina por, em sucessivas administrações,colocar a educação como prioridade do governo.Diz que Santa Catarina já começara a revoluçãotecnológica que substituía a revolução social.Lacerda lembra que, quando assumira o governoda Guanabara, havia um déficit de 100 mil vagasnas escolas estaduais e, naquele momento, havia25 mil vagas sobrando nas escolas. Defende um13 de maio para o sindicalismo brasileiro, quenão deveria depender de um partido ou de todosos partidos, e não poderia depender do Ministériodo Trabalho. Deveriam os trabalhadores ter odireito de se organizarem livremente. Lacerda dizque em Santa Catarina, na cidade de Joinville, osindicalismo era livre. Para Lacerda, seria precisopôr um basta, no Brasil, à confusão entredemagogia e democracia. Ressalta que odemagogo servia-se dos humildes, que odemagogo prometia o que nunca faria e fazia oque nunca teria coragem de prometer. Lacerdafala sobre a remoção dos favelados na Guanabara,garantindo que nenhum deles tinha sido removidoa força. Ele explica que seria importante que otrabalhador pagasse pela casa em que iria morar,para não dever favor a ninguém. Lacerda falasobre a importância de combater a pobreza.Afirma que o pobre não queria ouvir promessas

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falsas e que, os que mais duramente ganhavam avida, eram os que mais deviam ter interesse empreservar a sua liberdade. Informa que o Brasilera um país em que a maior parte da populaçãoera jovem e só havia uma coisa a fazer, educar osmoços, dar trabalho aos moços, dar salário aosmoços, dar lugar aos moços, porque elesconstruiriam a nação. Um orador não identificadoassinala que Joinville era uma cidade de trabalho,de ordem, de respeito à lei, democrática, quesabia tributar suas homenagens, seu respeito e suaadmiração a quem, em outras paragens, levava aefeito um trabalho de redenção da pátria, umtrabalho dedicado aos menos favorecidos, umtrabalho invejável, pelo que ele tinha degrandioso. Elogia Lacerda que, por suapersonalidade, pela sua perseverança, pelo seuespírito de lutador corajoso, pela sua intransigentedefesa das ideais democráticas, merecia umahomenagem especial porque representava umobstáculo firme àqueles que ameaçavam oregime. Elogia o governador como defensor dademocracia e como administrador. Um orador nãoidentificado falando sobre a Fundição Tupi.Salienta que a fábrica era um orgulho nacional,empregando aproximadamente três milempregados. Afirma que era preciso, para quequalquer empresa crescesse, que fosseestabelecido um clima de harmonia entre oscolaboradores e a direção. Seria necessário,também, que houvesse um espírito de grupo, deluta, para que fossem alcançados os objetivos.Para que houvesse esse clima de harmonia,continua, seria preciso dar aos operárioscondições de vida dignas e humanas. Ele asseguraque a Fundição Tupi era um exemplo para todosno campo da assistência social, preocupando-se,constantemente, com o bem-estar e a saúde deseus colaboradores.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.377

1.Assunto

1,1 Faixa 1Entrevista a Rádio e TVMarajoara, em Belém – PA

1.2 Faixa 2Reunião da UDN em São Luís –MA

2.Temas

2.1 Faixa 1Candidato a presidente, elogiosao governador do Pará, eleiçõesem 1966

2.2 Faixa 2

F1: 60 minF2: 68 min

F1: 29/10/1964F2: 30/10/1964

Faixa 1Entrevista a Rádio e TV Marajoara, em Belém –PAPerguntam porque Carlos Lacerda era candidato apresidente. Ele responde que era candidato,porque seus companheiros de partido acharamque era a hora de passar da Guanabara para oBrasil. Mas, ressalta que não pretendia governarsozinho. Faz elogios ao governador do Pará, aoprefeito de Belém, e a outros governadores, paradizer que era quase inevitável que o Brasilmelhorasse, desde que tivesse uma equipe dehomens públicos, com integridade e disposiçãopara trabalhar. Lacerda diz que tinha aceitado acandidatura por acreditar que possuía condiçõesde fazer alguma coisa. Ele afirma que, para serum governante, não era preciso saber fazermuitas coisas, mas saber escolher os que sabiam.Lacerda conta que estava mais paciente e, todavez que lhe atiravam uma pedra, ele pegava apedra e fazia uma escola com ela. Perguntam

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Eleição prevista em lei,adversários militares ou civis,aliança da UDN com o PTB,respeitava os eleitores do PTB,estrada Belém – Brasília grandecaminho de integração nacional,construção de Brasília, campanhacontra a convenção da UDN,consolidar a “Revolução”,favorito era presidente Johnson,posição a Cuba, perigocomunista, presidente Kennedy,Quarto Centenário, procissão paraSão Sebastião, comemoraçõescarnavalescas, FestivalInternacional de Música e Dança,Concurso Internacional deBandas de Música, exposições,feiras

2.2 Faixa 2Anos anteriores a 31 de março de1964, Maranhão palco deviolência, desmando, pilhagem ecorrupção, elogio à capacidadeadministrativa do governador,diretório do Maranhão aprovacandidatura Lacerda, amigo JoséSarney, excesso de centralização,bom governo de Castelo Branco,governo de transição, restabelecera paz, defende reforma agrárianão baseada no Estatuto da Terra

porque ele acreditava que haveria eleições em1966? Lacerda retruca que deveriam perguntar,aos que não acreditavam que iria haver eleições,porque eles tinham esta opinião. Assegura que aeleição estava prevista em lei. Perguntam se eleachava que seus adversários seriam militares oucivis. Lacerda responde que, para ele, não existiadiferença entre civis e militares, que se nãoexistisse militarismo no Brasil, não haverianecessidade de ter civilismo. Perguntam sobreuma possível aliança da UDN (UniãoDemocrática Nacional) com o PTB (PartidoTrabalhista Brasileiro), com vistas às eleiçõespresidenciais. Lacerda acredita que fossepossível, desde que o PTB deixasse os seusantigos chefes onde eles estavam. Assinala querespeitava os eleitores do PTB e que recebiavotos de todos os homens de bem do país.Perguntam sobre como Lacerda via a estradaBelém – Brasília e qual a importância dela para aAmazônia. O governador responde queconsiderava a Belém–Brasília um grandecaminho de integração nacional. Afirma que arodovia fora o único bom resultado da construçãode Brasília. Para ele, seria melhor construir arodovia e não construir a cidade, do que ocontrário. Perguntam, quais os motivos reais daviagem que Lacerda estava realizando. Eleresponde que os motivos reais eram os aparentes,e que um dos motivos era que alguns jornais doRio de Janeiro, e de outros lugares, começaram afazer campanha contra a convenção da UDN. Deacordo com Lacerda, a convenção da UDNconsolidava a “Revolução”. Perguntam quem erao favorito para vencer a eleição presidencial dosEUA e que influência o resultado desta eleiçãopoderia ter no Brasil. Lacerda responde que ofavorito era o então presidente Johnson, masacreditava que o senador (Barry) Goldwater teriamenos votos, se o Partido Democrata tivessedefinido melhor sua posição em relação a Cuba,ao perigo comunista, ao perigo de guerra nomundo, e tivesse sido mais viril em certosaspectos da sua política. Acredita que os eleitoresgostariam de eleger um líder como o presidenteKennedy. Lacerda acredita que Johnson iriaganhar, porque seu adversário era muito pior.Perguntam a respeito do Quarto Centenário.Lacerda diz que, no primeiro trimestre, seriamfeitas comemorações religiosas, como umaprocissão para São Sebastião, e outrascomemorações carnavalescas. A partir de março,começaria, ao longo de cada mês, uma série demanifestações, como o Festival Internacional deMúsica e Dança, um Concurso Internacional deBandas de Música, exposições, feiras. Comunicaque anunciaria, em breve, todas as previsões queteriam a colaboração de outros estados e deoutros países.

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Faixa 2Reunião da UDN em São Luís – MAUm orador não identificado recorda que estavamvivos, na memória de todos, os anos anteriores a31 de março de 1964, em que, com justificadoreceio, assistiram ao desenrolar dosacontecimentos nacionais, provocados pelosdirigentes que pareciam conscientemente quererconduzir o país ao caos. Lembra que o Maranhãoera um dos palcos mais destacados de violência,desmando, pilhagem e corrupção. Mencionamque Lacerda vinha lutando, há vários anos, contratodos os abusos através da imprensa falada eescrita, da tribuna da Câmara e em comícios paísafora. Elogia Lacerda e diz que a palavra vibrantedele tinha feito tremer quantos pretenderam usaro Brasil como propriedade privada. Elogia acapacidade administrativa do governador, quevinha enfrentando as mais sérias dificuldades,inclusive as que lhe foram criadas pelo própriopoder central, antes de 31 de março de 1964.Exalta a coerência do ponto de vista de Lacerda,manifestada em várias circunstâncias. Lembraque, naquela semana, comemorar-se-ia ocentenário de nascimento do poeta GonçalvesDias e dá as boas vindas ao governador à terradas Palmeiras e dos sabiás. O governador CarlosLacerda manifesta um sentimento misto de prazere de pesar, por ficar tão pouco tempo em SãoLuís. Faz elogios a Gonçalves Dias e ao povomaranhense, de modo geral. Assinala que faziasaudações ao Maranhão, em nome do povocarioca. Conta que, antes de desembarcar,recebera a boa notícia de que o diretório doMaranhão havia aprovado, por unanimidade, asua candidatura. Lamenta a ausência do seu velhoe caro amigo José Sarney, que encontraria emBrasília, quando acabasse a sua peregrinação.Sustenta que a força da UDN consistia em sempresurpreender o adversário, sendo conhecido comoo partido das divergências unânimes, onde sedebatia, com todo vigor. Lacerda afirma que oBrasil estava sofrendo uma crise, principalmentepelo excesso de centralização do poder pelaUnião. Lacerda defende que a União passassepara estados e municípios tudo que estespudessem fazer mais rapidamente e melhor. Dizque a descentralização administrativa tinhafuncionado na Guanabara. Lacerda menciona quea vantagem de escolher cedo um candidato apresidência, era garantir a realização das eleições.Considera que Castelo Branco estava fazendo umbom governo, mas que era um governo detransição, necessário para restabelecer a paz nopaís. Conta que aprendera a governar naoposição, onde se aprendia a ser paciente, a nãoser oportunista, a ser firme nas suas convicções e,ao mesmo tempo, tolerante com as reaçõeshumanas, com as imperfeições humanas; onde seaprendia a ser firme nos princípios, mas

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compreensivo com as fraquezas e as realidades decada um e de cada região. Lacerda considera quea ideia da justiça social não era dividir a terraentre todos, mas o uso do que a terra produzia,para dar a todos de comer. A ideia de justiçasocial, segundo Lacerda, era a de que as pessoaspudessem comprar, com seus salários, osalimentos produzidos pela terra. Defende umareforma agrária, mas não baseada no Estatuto daTerra.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.378

1. Assunto

1.1 Faixa 1Discurso do Governador naCâmara de Osasco – SP

2. Temas

2.1 Faixa 1Ministério do Planejamento éficção científica, estatística dignade crédito, “Revolução” sepopularizasse, inimigo tentariavoltar, propaganda eleitoralmomento ideal para oesclarecimento e a mobilizaçãodo povo, aumentar a produção,melhorar o abastecimento econter o aumento do custo devida, devolver ao produtoragrícola a confiança perdida,consolidar a obra da“Revolução”, prorrogação dosmandatos, voto dos analfabetos,ação entre amigos no Congresso,expropriação com o pagamentoem títulos garantidos contra ainflação, arrombamento doTesouro Nacional, latifúndiomelhor negócio do Brasil, falta deadubo mérito, do presidenteCastelo Branco

F1: 38 min F1: [1964/1965] Faixa 1Discurso do Governador na Câmara de Osasco –SPO governador Carlos Lacerda acha que aexistência de um Ministério do Planejamento noBrasil ainda era um capítulo de ficção científica,pois não havia como ter planejamento onde aindanão havia sequer estatística digna de crédito.Sustenta que a “Revolução” ou continuariapopular e se consolidaria muito antes de 1965, ounão seria nunca mais nem popular, nem vitoriosa,seria mais uma das tantas do cemitério derevoluções do Brasil. Lacerda alerta que oinimigo sempre tentaria voltar. Para ele, apropaganda eleitoral era o momento ideal para oesclarecimento e a mobilização do povo. Lacerdafaz recomendações para que a “Revolução” sepopularizasse: aumentar a produção, melhorar oabastecimento e conter o aumento do custo devida. Em vez de se preocupar em adiar a eleição,antecipassem o dia em que se poria mais feijão noprato do pobre. Ele afirma que não precisava demilagre para que isso acontecesse, apenas de umesforço orgânico, de uma real mobilização, deuma concentração das atenções gerais e,sobretudo, de devolver ao produtor agrícola aconfiança perdida. Lacerda acredita que, emmarço de 1965, com as colheitas, poderia estarconsolidada a obra da “Revolução”, com aabundância nas cidades. Mas, a primeira condiçãopara isto seria restituir aos produtores a confiançaperdida e que, recuperada com o fato social,político e militar da “Revolução”, estava sendoabalada por dois fatores negativos: adesconversa, da maioria absoluta, sobre aprorrogação dos mandatos, do voto dosanalfabetos, no clube fechado, na ação entreamigos no Congresso, e as medidas inoportunasou inconvenientes. Além disso, o alarme que ia sealastrando no país, com a notícia de que seinsistia na expropriação, já agora transformando-a em um excessivamente bom negócio, com opagamento em títulos garantidos contra ainflação, como se isto não arrombassebrutalmente o Tesouro Nacional, transformando olatifúndio no melhor negócio do Brasil. Alertaque a “Revolução”, para popularizar-se, precisavade mais sementes de milho, feijão e arroz do quedas sementes maninhas das emendasconstitucionais. Explica que a agricultura

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brasileira praticamente não consumia adubo e queeste poderia ser um grande trunfo na próximacolheita. Lacerda demonstra satisfação pelogoverno federal estar se inspirando no governo daGuanabara nas áreas de saúde, educação ehabitação. Afirma que o mérito era do presidenteCastelo Branco que se apropriava destasexperiências.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.379

1. Assunto

1.1.1 Faixa 1aRecepção do Prefeito de Santosao Governador Carlos Lacerda

1.2.1 Faixa 1bSolenidade de Formatura deTurma de Jornalismo, em Santos

2. Faixa 2Igual à Faixa 2, da 376

2. Temas

2.1.1 Faixa 1aElogios mútuos, semelhança entreas duas cidades litorâneas,diferenças partidárias, ocupaçãode Cuba, dividir entre si homensde bem

2.1.2 Faixa 1bRelembrar Maurício de Lacerda,Carlos Lacerda homem deimprensa, figura simbólica,jornalista militante, contra acorrupção do regime, vigilânciasobre a liberdade, domínio darazão sobre as procelasideológicas que sopravam dealém mar, Brasil infiltrado porcomunistas, Partido Comunistailegal, procurou no comunismo aliberdade do mundo, masencontrou a traição do mundo

2.2 Faixa 2Igual à Faixa 2, da 376

F1: 90 minF1a: 17minF1b: 75 minF2: 85min

F1a: 07/03/1963F1b: 07/03/1963F2: [1964]

Faixa 1aRecepção do Prefeito de Santos ao GovernadorCarlos LacerdaJosé Gomes, prefeito de Santos, fala que apopulação de Santos comparecera à cerimônia,para homenagear o governador do estado –maravilha de todos os estados brasileiros. Oprefeito assinala que Santos era a cidadeenamorada do Brasil. Agradece a acolhida quesempre recebera do governador e de membros deseu governo e a visita do governador CarlosLacerda à cidade de Santos. O governador CarlosLacerda pede que o prefeito fosse portador dasaudação que trazia ao povo irmão da Guanabara,ao povo bravo, leal e denodado da cidade deSantos. Afirma que estes encontros transcendiamas naturais divergências de opinião, para quepudessem ambos manifestá-las, manifestandosempre, porém, a firme convicção de que o Brasilnão se deixaria dividir, a ponto de seus filhos nãopoderem mais apertarem-se as mãos. Lacerdadiscorre sobre a semelhança entre as duas cidadeslitorâneas. Ele considera que os dois governavamdois povos que jamais se deixariam escravizar.Ressalta que as diferenças partidárias não podiamimpedir a colaboração estreita entre Santos e aGuanabara. E que não temia as tentativas desepará-lo do povo santista, pois elasdemonstravam a ele que era hora de sair peloBrasil, antes que fossem isolados, antes quefossem intrigados uns com os outros. Lacerdarecorda que fora assim que começara a ocupaçãode Cuba e de nações livres, dividindo entre sihomens de bem, separando os trabalhadores daclasse média, separando os políticos, através doestímulo às suas ambições, aos seus ódiospessoais e rancores, para depois de dividi-los,esmagá-los, e assim dominar todo o povo.

Faixa 1bSolenidade de Formatura de Turma deJornalismo, em SantosO orador diz que se sentia muito feliz pelo fato desua turma ter escolhido Carlos Lacerda comoparaninfo, um homem de luta, de princípios, filhode Maurício de Lacerda, o deputado laborioso,defensor de todas as liberdades, verdadeiro terrorde todos os politiqueiros e negocistas. Afirma queCarlos Lacerda seguira fielmente as pegadas deseu pai, tornando-se, como homem de imprensa,uma figura simbólica, que se colocava, comojornalista militante, acima dos partidos políticos e

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das próprias instituições. Político, administrador,homem de luta, que não fugira às suasresponsabilidades, tinha se revelado sentinela emdefesa de todas as liberdades do povo brasileiro,em defesa da democracia verdadeira que sebaseava na lei natural. Ele continua imputando aLacerda o fato de representar uma reserva moraldo pais, pois continuava a sua luta contra acorrupção do regime e contra os abusos do poder.O orador afirma que Lacerda também servia deexemplo como jornalista, função que exercia comcompetência, altruísmo e espírito de humanidade,com caráter de verdadeiro missionário. Assinalaque a comparação de jornalista com missionárionão era por acaso, porque o jornalista deveria tero desprendimento dos justos, a honestidade dossantos e a serenidade dos juízes. O governadorCarlos Lacerda agradece o convite que considerauma das mais gratas incumbências que poderia sedar a um jornalista, o patrocínio da formatura dosseus colegas. Lembra de quando trabalhou naimprensa de São Paulo com o patrono da turma,que considerava um grande jornalista. Lacerdacrê que não era demais salientar que os povos deSantos e da Guanabara tinham sob a sua guarda evigilância não só a liberdade dos mares, não só asoberania brasileira sobre os mares, mas,sobretudo, o domínio da razão sobre as procelasideológicas que sopravam de além mar e aquiprocuravam derrubar, em cada consciência, tudoaquilo que deveria permanecer intacto. Lacerdaafirma que o Brasil estaria sendo infiltrado porcomunistas e que ninguém poderia negar isso.Recorda que o Partido Comunista era consideradoilegal pela Justiça, no entanto, a seu ver, a naçãoestava sendo entregue ao domínio comunista.Relata as etapas do plano comunista para dominaro Brasil e afiança que não se conhecia, até tão,um só exemplo de nação que tivesse,voluntariamente, majoritariamente,pacificamente, democraticamente, escolhido olado da Rússia. Lacerda confessa que, na suajuventude, havia procurado no comunismo aliberdade do mundo, mas encontrara a traição domundo. Deseja aos recém-formados uma vidaprofissional dura e brilhante, pois não conheciabrilhante jornalismo com molezas. Alerta para osjornalistas não se tornarem picaretas, que era umadoença do jornalismo.

Faixa 2Igual à Faixa 2, da 376

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.380

1. Assunto

1. Faixa 1Primeiros 35 minutos Iguais aosda Faixa 1, da Fita 376 -Homenagem Jubileu de Prata da

F1: 73 minF2: 67 minF3: 73 min

F1: [1964]F2: [1963]F3: [1963]

Faixa 1Primeiros 35 minutos Iguais aos da Faixa 1, daFita 376Homenagem Jubileu de Prata da Fundição TupiS/ACarlos Lacerda comenta que aquela era uma dasocasiões em que sentia maior dificuldade deiniciar um discurso, porque não sabia por onde

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Fundição Tupi S/A

2.2 Faixa 2Entrevista com o GovernadorCarlos Lacerda

2.3 Faixa 3Continuação da Entrevista com oGovernador Carlos Lacerda

2. Temas

2.1 Faixa 1Mudança atabalhoada da capitalpara a Brasília, crítica à criaçãode um novo estado em 48 horas,compromisso de cumprir oprograma da UDN, acabar com oproblema do abastecimento deágua, recuperação do Banco doEstado da Guanabara, construçãode 600 quilômetros de rede deesgoto, reforma e construção dehospitais

2.2 Faixa 2San Tiago Dantas candidato àPresidência da República, nãopossuía afinidade ideológica comJuscelino, medo de ser chamadode comunista ou de reacionário,apóia movimento sindical livre,demitira um médico do estadopor ele ter ido a Rússia semautorização, defesa de seugoverno

2.3 Faixa 3Prorrogação do prazo depagamento da dívida do Brasilcom os EUA, crítica a San TiagoDantas, governo Goulart viviadividido, morte dos mendigos,assassinos foram presos, críticaao Plano Trienal, feito de maneiraimprovisada, critica aaproximação do Brasil compaíses da cortina de ferro e deAdemar de Barros

começar, mas iria tentar começar do início.Assinala que tinha sido criada uma imagem sobreele, de que era um homem capaz somente deatacar, de criticar os outros. Lembra que relutaraem aceitar se candidatar ao governo do estado,mas tinha aceitado o desafio. Critica a mudançaatabalhoada da capital para a Brasília e a criaçãode um novo estado em 48 horas. Assegura queprocurava deixar a imagem de um homem fiel àssuas ideias e capaz de praticar tudo aquilo queaprendera e que ensinara e que fora com esteespírito que havia entrado para o governo daGuanabara. Logo, percebeu que era necessárioresgatar a autoconfiança da população. Contaque tinha implementado no governo o programado seu partido, e que reunira o Diretório, dasessão carioca da UDN (União DemocráticaNacional), para ouvir críticas a seu governo.Depois de ouvi-las, responde que em dois anos edois meses de governo nunca recebera um nomeda UDN para funções que fossem de sua escolha,que tivesse recusado ou não escolhido. Nuncaadmitiu no governo, em função proeminente,qualquer força adversária, se não precedida docompromisso de cumprir o programa da UDN.Fala sobre as obras do seu governo para acabarcom o problema do abastecimento de água noestado e sobre a recuperação do Banco do Estadoda Guanabara, iniciada em seu governo, com oaumento do número de depósitos e a inauguraçãode mais agências. Garante que o banco nunca forautilizado politicamente. Promete a construção de600 quilômetros de rede de esgoto e a reforma econstrução de hospitais da rede estadual.

Faixa 2Entrevista com o Governador Carlos LacerdaPergunta o repórter a Lacerda se ele acreditavaque San Tiago Dantas tinha ambição de secandidatar à Presidência da República. Lacerdaresponde que não era doutor em San TiagoDantas, mas acreditava que era possível que eletivesse esta ambição, porque ele tinha muitasambições. O repórter pergunta se a candidatura deSan Tiago Dantas o aproximaria de Juscelino,com o qual tinha uma proximidade ideológica.Lacerda responde que não possuía afinidadeideológica com Juscelino, porque nenhum dosdois tinha ideologia. Ele afirma que a ideologialimitava a ação. Lembra que era apenas umdemocrata. Para explicar sua posição, explica quequando tinha que resolver o problema da água noseu estado, não queria saber se a resolução doproblema da água iria ajudar aos comunistas queprecisavam escovar os dentes e tomar banho, ouaos democratas, que também precisavam escovaros dentes e tomar banho. O repórter ressalta queno sindicalismo brasileiro havia o medo de serchamado de comunista ou de reacionário epergunta como se poderia resolver isso. Lacerda

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retruca que era preciso apoiar todo movimentosindical livre, e que o sindicato estava precisandode um 13 de maio para se emancipar. O repórtercita uma declaração do deputado Amaral Neto,dizendo que Lacerda tinha falado mal dogovernador de Minas Gerais, Magalhães Pinto,em uma reunião da UDN, na Guanabara. Elepergunta se Lacerda confirmava esta declaração.Lacerda adianta que Amaral Neto negara ter dadoesta declaração. Salienta que quando queriacriticar Magalhães Pinto, ele falava diretamentecom o governador, e que suas críticas erampúblicas, não havia nada a esconder. Lacerdadesmente a informação de que demitira ummédico do estado por ele ter ido a Rússia. Eleesclarece que o médico fora a um congresso naRússia, sem ter recebido autorização e, por isso,fora demitido. Lacerda admite que até ele gostariade ir à Rússia, desde que tivesse a garantia de quelá não seria tangido como boi em um matadouro.Lacerda faz uma confidência, comenta que, acerta altura, o que mais o havia fascinado emdisputar e conquistar o governo do estado, foradar a si mesmo a prova de que tinha razão e nãoera apenas um falastrão; a certeza de que eracapaz de fazer o que os outros não fizeram oufizeram errado. Lacerda não crê que podia serchamado de reacionário quem promovia aeducação do povo. Cita a transformação dodéficit de 100 mil vagas, nas escolas estaduais daGuanabara, em 25 mil vagas não preenchidasdurante o seu governo. Fala sobre a ampliação devagas nos ginásios estaduais.

Faixa 3Continuação da Entrevista com o GovernadorCarlos LacerdaPerguntam a Lacerda sobre a declaração dosecretário americano de que acreditava nosucesso da missão do ministro San Tiago Dantasnos Estados Unidos, ao contrário do que previa ogovernador. Lacerda diz que acreditava que oministro da Fazenda conseguisse a prorrogaçãodo prazo de pagamento da dívida do Brasil comos EUA. Só não achava necessário, que oministro viajasse para Washington, para conseguirisso. Perguntam ao governador sobre o que eleachava da posição do secretário dos EstadosUnidos que não criticara a posição do ministroSan Tiago Dantas na conferência de Punta delEste, ao contrário de Lacerda. Ele responde quenão se preocupava em saber a opinião dosecretário americano antes de dar a sua. Afiançaque sua opinião estava baseada no que San TiagoDantas tinha dito e não na interpretação que osecretário americano fizera. Pergunta aogovernador se as divergências existentes nogoverno federal não faziam parte do processodemocrático brasileiro. Lacerda questiona se erademocrático um governo que vivia dividido. O

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repórter cita o exemplo do governo de JânioQuadros, do qual Lacerda discordava da políticaexterna. Lacerda retruca que não fazia parte dogoverno Jânio Quadros, era governador e Jâniopresidente. Perguntam sobre o caso da morte dosmendigos e o governador responde que assim quesoube das mortes, tinha mandado investigar e emoito dias os assassinos foram presos. Ele afirmaque a matança de mendigos começara em 1956, eque o responsável pelas mortes fazia parte dosquadros da Polícia, antes de começar o seumandato como governador. Perguntam se GetúlioVargas, no caso do atentado da rua Toneleros,estaria na mesma situação de Lacerda, no casodos mendigos, de não saber do crime antes de eleacontecer. Lacerda responde que estaria setivesse, imediatamente, demitido, preso eprocessado os autores do crime. Afiança que ogrande erro de Vargas foi não ter tomado estasmedidas. Perguntam sobre o Plano Trienal. Ogovernador critica o plano, diz que três meses erapouco tempo para elaborar um plano nacionalpara um país como o Brasil, com 70 milhões dehabitantes. Ele afirma que não havia estatísticaspara embasar este plano, que tinha sido feito demaneira improvisada. Critica a aproximação doBrasil com países da cortina de ferro. O repórterlembra que Lacerda fora um dos maiores críticosde Ademar de Barros, mas pergunta se naquelemomento ele poderia ser aliado de Ademar deBarros. Lacerda responde que respeitavaAdemar como governador de São Paulo, que nãopoderia ser ignorado na resolução dos problemasdo Brasil. Ressalta que esperava que Ademar deBarros fizesse um bom governo em São Paulo.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.381

1. Assunto

1.1 Faixa 1Carlos Lacerda Discute GrandesTemas Nacionais

1.2 Faixa 2Igual à Faixa 2, da fita 376Aniversário da Cidade deJoinville e da Fundição Tupi

1.3 Faixa 320 Primeiros Minutos Iguais aos20 Minutos Finais da Fita 379

2. Temas

2.1 Faixa 1Sociedade humana imperfeita,reduzir a pobreza e a injustiça,impossível eliminá-las, UDNdefendia a reforma agrária,

F1: 86 minF2:F3: 86 min

F1: [1963/1964]F2: [1964]F3: 07/03/1963

Faixa 1Carlos Lacerda Discute Grandes Temas NacionaisCarlos Lacerda afirma que era preciso admitir quea sociedade humana era imperfeita e que serianecessário melhorá-la, mas que só se conseguiriaisso fazendo esforço, embora nunca se fossealcançar uma sociedade perfeita, em que nãohouvesse pobreza e injustiça. Lacerda diz que aluta era para reduzir a pobreza e a injustiça e nãopara eliminá-las, o que seria impossível. Ressaltaque UDN (União Democrática Nacional)defendia a reforma agrária e explica que só não atinha realizado na Guanabara por falta de terraspara distribuir. Porém, garante que todos osgovernadores, com quem havia conversado,disseram ter terras disponíveis para a reformaagrária. Então, Lacerda pergunta porque ter oprejuízo de tirar a terra alheia, antes de distribuira que o próprio poder público tinha? Lacerda nãoconsidera o latifúndio o principal problemafundiário do Brasil e também não achavanecessário que se alterasse a Constituição, paraque fosse feita a reforma agrária no Brasil. ParaLacerda, a reforma agrária a ser feita seria a daracionalização dos métodos e dos meios de

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Guanabara não tem terras paradistribuir, contra tirar a terraalheia, a favor de distribuir asterras que o poder públicopossuía, desnecessário alterar aConstituição, racionalização dosmétodos e dos meios de trabalhono campo, fazendeiromendigando no Banco do Brasil,COFAP tabela os produtosagrícolas e solta os industriais,aceitar a Aliança para oProgresso, candidato àPresidência da República,centralização do poder, crítica aBrizola

2.2 Faixa 2Igual à Faixa 2, da fita 376Aniversário da Cidade deJoinville e da Fundição Tupi

2.3 Faixa 3Campanha da imprensa contraLacerda, candidato à Presidênciada República, defende aRepública, Jânio Quadros eleitosem ter programa de governo,candidatura de Magalhães Pinto,soluções socializantes para algunsproblemas e liberais para outros,missão de San Tiago Dantas emWashington, desprezo pelosrótulos de esquerda direita ecentro, computador maisimportante que o ManifestoComunista

2.4 Faixa 4Igual à Faixa 1, da Fita 379

trabalho no campo. Elogia a mobilização dosestudantes em favor da reforma agrária, mas pedepara que eles não a tratassem como um mito,como uma palavra mágica, ou como um destesslogans que acabavam servindo aos totalitários.Ele considera natural que os estudantes serevoltassem quando tinham contato com o dramados homens do campo, mas, pede para que elesacompanhassem os passos de um pequeno, ou deum grande fazendeiro, mendigando no Banco doBrasil. Ele questiona como era possível fazer umareforma agrária, se a COFAP (Companhia Federalde Abastecimento e Preços) só tabelava osprodutos agrícolas e soltava os industriais.Lacerda destaca que a Aliança para o Progressoera um grande programa para ajudar à promoção,propulsionada por cada uma das naçõesamericanas, do seu próprio progresso. Portanto,seria preciso que estas nações tivessem governosdispostos a aceitar a Aliança e os seus objetivos.Lacerda diz que do lado americano asdificuldades tinham sido enormes, por causa dasdesconfianças do Partido Republicano, da terrívelburocracia americana, entre outros problemas. Dolado brasileiro, continua, havia problemas, comoa mania que nós tínhamos de atribuir aos outros aresponsabilidade de resolver os nossosproblemas. Então, ressalta, a Aliança para oProgresso se transformava em solução para todosos problemas. Porém, havia um problema oposto,de pessoas ligadas ao presidente dizerem, empúblico, que não precisavam dos recursos daAliança e depois o presidente mandar seuministro da Fazenda aos EUA, para buscarrecursos da Aliança. Adverte que não se poderiaachar que a Aliança faria mais pelo Brasil do queos próprios brasileiros. Lacerda defende que nãose deveria discutir a escolha de homens paraserem candidatos, antes de se escolher umprograma de governo. Por isso, comunica quepoderia ser ou não candidato à Presidência daRepública, em 1965. Lacerda nega que existisseum eixo Guanabara – São Paulo, defende quefosse criado um eixo nacional do Oiapoque aoChuí. Critica a centralização do poder no governofederal e propõe que fosse dado aos estados o queera dos estados. Defende, também, adescentralização administrativa. Lacerda explicaque o sucesso de Leonel Brizola, na Guanabara,poderia ser explicado por ele não ser conhecidono estado. Ele garante que receberia mais votosdo que Brizola, se tivesse disputado aquelaeleição. Compara Brizola com Hitler, lembra quequando a Alemanha estava enfrentando umagrava crise, Hitler colocou a culpa nos judeus econseguiu uma grande votação. Lacerda afirmaque um candidato receber uma grande votaçãonão o tornava um democrata.

Faixa 2

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Igual à Faixa 2, da fita 376Aniversário da Cidade de Joinville e da FundiçãoTupi

Faixa 320 Primeiros Minutos Iguais aos 20 MinutosFinais da Fita 379 – Faixa 1.Entrevista com o Governador Carlos Lacerda naCasa do Deputado Abreu Sodré, em São PauloPerguntam ao governador Carlos Lacerda comoele vinha lidando com uma campanha,organizada, por parte da imprensa, contra ele.Lacerda responde que estava reagindo com umacerta indiferença, uma forte ironia e uma ponta demelancolia. Acredita que o povo brasileiro eramuito inteligente para se deixar orientar portantos burros, ladrões e assassinos em potencial.Pergunta se as visitas aos estados já significavamum início de campanha como candidato àPresidência da República. Lacerda nega, diz queestava viajando para rever seus companheiros,retomar o contato com os cidadãos de todo o país,para defender a República e não para pleitear aPresidência. Perguntam se Lacerda tinha umencontro com o governador de São Paulo. Eleresponde que se reuniria, no dia seguinte, com ogovernador de São Paulo. Afirma que ogovernador tinha sido eleito pelos paulistas eseria um desrespeito não encontrá-lo. Esclareceque os aspectos políticos da visita ficariam sob aresponsabilidade da UDN (União DemocráticaNacional) de São Paulo. Afirma que a campanhapresidencial deveria ser baseada primeiro em umprograma de governo, não na escolha de umcandidato, que poderia acabar sendo visto comoum messias. Cita o exemplo de Jânio Quadros,que segundo ele, fora eleito sem ter um programade governo. Perguntam sobre o lançamento dacandidatura do governador de Minas, MagalhãesPinto. Lacerda considera o lançamento dacandidatura prematuro, e acha que o governadorpunha em risco as suas chances de vencer aseleições. Menciona que o programa da UDN, dospartidos brasileiros vigentes, era o mais realista.Considera que a flexibilidade do programa, quecontemplava soluções socializantes para algunsproblemas e liberais para outros, seria a grandevantagem em relação ao programa de outrospartidos. Sustenta que o programa não era deesquerda, direita ou centro. Perguntam suaopinião a respeito da missão de San TiagoDantas, em Washington. Lacerda responde que,como brasileiro, torcia para que a missão fossebem sucedida, mas, considerava importanteadvertir, brasileiros e americanos, sobre o perigoda chamada encampação das concessionárias deserviço público. Ele alerta que não seria umaencampação, e sim uma compra em condiçõesfavoráveis para os acionistas, mas muitodesfavoráveis para o Brasil. Lacerda admite ter

Page 112: F1: [1965] Faixa 1 - rio.rj.gov.brrio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4203646/4101357/fitas_carlos_lacerda... · como a “vaca leiteira” da União! Faixa 2 Continuação da Faixa Anterior

um grande desprezo pelos rótulos de esquerda,direita e centro, dados aos políticos. Afirma queestes rótulos eram mais úteis para esportes, comoo futebol. Acha cômico que tentassem dividir oBrasil entre as ideias de Marx e de Adam Smith.Para Lacerda, naqueles dias, o computador eramuito mais importante que o ManifestoComunista. Lacerda conta que aprendera, comLênin, a desprezar a rigidez da doutrinacomunista.

Faixa 4Igual à Faixa 1, da Fita 379

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.382

1. Assunto

1.1 Faixa 1Encontro do Governador CarlosLacerda com Líderes Sindicais,em Joinville – SC

Temas

2.1 Faixa 1Abandonara o comunismo porquea vida dos trabalhadores não eramelhor, comunismo implantava ainjustiça, Fidel castro enganou atodo o mundo, autodeterminaçãoinexistente em Cuba

F1: 23 min F1: 09/03/1963 Faixa 1Encontro do Governador Carlos Lacerda comLíderes Sindicais, em Joinville – SC Umsindicalista pergunta a Lacerda porque eleabandonara o comunismo. Ele responde que tinharevisto sua posição, porque verificara que depoisde muitos anos de comunismo, na Rússia, asituação dos trabalhadores lá não era melhor doque a situação dos trabalhadores em países quenão eram comunistas. Ao contrário, ela era piordo que nos países que já haviam atingido um grauelevado de democracia. Outro motivo foi por eleter percebido que o comunismo agitava causasjustas, mas implantava a injustiça. Lacerda acusaos comunistas de inverterem o sentido daspalavras, quando falavam em paz, pensavam emguerra, quando falavam em liberdade, pensavamem escravidão. Cita um livro do inglês GeorgeOrwel, “A Fazenda dos Animais”, para explicarsuas críticas ao comunismo. Lacerda mencionaque tivera uma longa conversa com Fidel Castro,quando ele esteve no Rio. A certa altura, Lacerdaperguntou se ele tinha medo de perder o controleda revolução, ao aceitar a participação doscomunistas no seu governo. Fidel respondeu quenão era tolo, que os comunistas apoiaram oBatista, e só mudaram para o seu lado quandoviram que a revolução venceria. Fidel disse queeram poucos comunistas e que eles queriaminfluir para sabotar o seu governo, e, como eletinha o povo inteiro ao seu lado, não precisavados comunistas para dividir o seu prestígio comeles. Dois meses depois, Fidel declarou quesempre tinha sido comunista e que haviaenganado a todo mundo. Diz que aautodeterminação já não existia em Cuba haviamuito tempo.

BR RJAGCRJ.CL.FAM.1.383

1. Assunto

1.1 Faixa 1Mesmo Conteúdo da Fita 381,Faixa 3, a partir dos 20 MinutosDaquela FaixaEntrevista com o governadorCarlos Lacerda na casa do

F1:18 min F1: 07/03/1963 Faixa 1Mesmo Conteúdo da Fita 381, Faixa 3, a partirdos 20 Minutos Daquela FaixaEntrevista com o governador Carlos Lacerda nacasa do deputado Abreu Sodré, em São Paulo

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deputado Abreu Sodré, em SãoPaulo