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Fa c u l d a d e d e D i r e i t o

Un i v e r s i d a d e N o v a d e L i s b o a

Direito da União Europeia

-

Professor Doutor José Luís Cruz Vilaça

Trabalho elaborado pelas alunas

Érica de Miranda (nº 1451) e Marta Assunção (nº 1441)

- Europa sem Fronteiras-

O Espaço Schengen

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1. Introdução

O direito à livre circulação de pessoas e de permanência no território dos Estados-Membros é inerente à qualidade de cidadão europeu estando o mesmo consagrado nos artigos 20º nº 2, e 21º do TFUE.

“Qualquer cidadão da União goza do direito de circular e permanecer livremente no território dos Estados-Membros, sem prejuízo das limitações e condições previstas nos Tratados e nas disposições adoptadas em sua aplicação.”

No entanto, temos que ter em conta que, esta liberdade é mais ampla para algumas pessoas que para outras.

Este direito à livre circulação de pessoas teve a sua origem no chamado acordo Schengen assinado em 1985 com o nome da pequena localidade Luxemburguesa onde foi assinado. É composto por 25 países e permite a livre circulação a 400 milhões de cidadãos na Europa. Este visava uma liberdade de circulação dos cidadãos da União Europeia entre os países que tinham assinado o acordo. Um documento adicional chamado “Convenção de Schengen” foi criado para pôr o acordo em prática.

De seguida iremos aprofundar os alargamentos deste tratado, desde a sua assinatura até aos dias de hoje, ver o seu enquadramento histórico, e abordar questões que se depararam muito recentemente sobre o mesmo.

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2. Enquadramento Histórico do Espaço Schengen

Antes de tudo mais, o Espaço Schengen constitui um território no qual as fronteiras internas são abolidas a favor de uma única só fronteira externa, facilitando, deste modo, o exercício da liberdade de circulação de cidadãos no espaço geográfico da Europa, pela abolição dos controlos policiais e aduaneiros a que os cidadãos estavam, antes, sujeitos.

O acordo de Schengen foi, na sua versão original, assinado a 14 de Junho de 1985 pela França, Alemanha, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo, na cidade de nome Schengen, no Luxemburgo.

Começando, em 1985, por ser apenas um acordo, em 1990 veio a ser completado por uma Convenção de Aplicação. Todavia, foi em 1997 que este acordo de cooperação veio a ser integrado no quadro jurídico e institucional da União Europeia, através do Tratado de Amesterdão. Este Tratado veio, assim, criar um “espaço de liberdade, segurança e justiça”, expressão feliz e emblemática para a União Europeia, através do reforço do pilar comunitário em detrimento do terceiro pilar. A definição do objectivo da prossecução deste espaço constitui uma das maiores concretizações deste tratado, espaço esse que se encontra ao serviço do aprofundamento da livre circulação de pessoas, e onde o cidadão ocupa o papel central (Considerando nº 11 do Preâmbulo do TUE e art. 35º nº 1).

Com efeito, o Tratado de Amesterdão trouxe consigo, para além de outras características que optámos por não referir aqui, uma maior unidade, coerência e consolidação da União, por via da aproximação dos pilares intergovernamentais ao pilar comunitário, comunitarizando, pois, o terceiro pilar. Dito de outro modo, o Tratado de Amesterdão “comunitarizou” os Acordos de Schengen, trazendo consigo necessárias alterações à matéria de repartição de atribuições entre a União e os Estados-Membros. Vejamos agora, com mais pormenor, essa comunitarização.

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3. A Comunitarização do Espaço Schengen

a) O âmbito do acervo Schengen e a necessidade da sua comunitarização

Em 1985 este acordo apenas abrangia cinco Estados-Membros e referia-se à harmonização das políticas dos diferentes sectores dos diversos países. Já em 1990, com a Convenção de Aplicação do Acordo foram definidas as medidas de harmonização necessárias à abolição definitiva do controlo fronteiriço interno, suprimindo os últimos entraves à livre circulação e reforçando a segurança.

Neste mesmo ano, o espaço Schengen veio a alargar-se a Portugal, Espanha, Itália e Grécia, mas o acordo continuava à margem do direito comunitário, chegando mesmo a colidir com este.

A comunitarização do terceiro pilar viria a influenciar a manutenção do acervo de Schengen, dada a exixtência de matérias a ser tratadas num quadro comunitário, por força do Tratado de Amesterdão, e num quadro intergovernamental e institucional, por força dos acordos Schengen.

b) Protocolo sobre o acervo Schengen

Anexo ao tratado de Amesterdão encontramos um protocolo que integra o acervo de Schengen no âmbito da União Europeia. Neste prevê-se a cooperação reforçada, nos domínios abrangidos pelos acordos de Schengen, de todos os Estados-Membros, à excepção do Reino Unido e da Irlanda, cooperação essa a realizar-se no quadro institucional e jurídico da União (art. 1º do Protocolo). Deste modo, desaparece o quadro institucional previsto nos acordos de Schengen, dando lugar ao quadro institucional da União Europeia.

No artigo 8º do mesmo protocolo prevê-se que os Estados que pretenderem aderir à União têm de se conformar com o acervo de Schengen.

c) Efeitos dessa comunitarização

O desaparecimento da estrutura tripartida da União viria a colocar num mesmo capítulo as normas sobre as políticas de controlo de fronteiras, asilo e imigração (pilar comunitário), lado a lado com as normas de cooperação judiciária e policial.

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4. O Sistema de Informação Schengen (SIS)

O sistema de informação Schengen consiste numa base de dados, criada em 1995, que permite às autoridades judiciais nacionais, responsáveis pelo controlo das fronteiras, obter variados dados e informações relativamente às pessoas e aos bens que circulam neste espaço.

Pretendeu-se, neste âmbito, melhorar a coordenação e cooperação entre as autoridades policiais e os serviços de polícia em matéria de segurança interna, lutando, nomeadamente, contra a criminalidade organizada.

O SIS central está interligado aos diferentes SIS’s nacionais, havendo ainda o complemento da rede Sirene, que constitui a interface humana do SIS, ao fornecer informação adicional no momento da entrada nacional.

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5. Possíveis Alargamentos: A Turquia

A Turquia é talvez o caso mais polémico de país candidato à União Europeia. Isto deve-se ao facto de a Turquia não estar geograficamente no Espaço Europeu (à excepção da cidade de Istambul, muitos afirmam que a Turquia não se situa na Europa) e a maioria da população, apesar de todos os aparentes esforços para a ocidentalização das últimas décadas, não partilhar “valores ou aspirações europeias.”

Na antiguidade, o território que hoje pertence à Turquia foi um espaço de cultura europeia. Porém desde a emergência do Islão na baixa Idade Média, essa região permaneceu sob uma cultura completamente oposta à Ocidental.

A adesão da Turquia à União Europeia significaria que a União Europeia passaria a ter fronteira terrestre com estados instáveis e problemáticos como a Síria, o Iraque, a Arménia e a Geórgia. Mas o maior contra que se depara com a entrada da Turquia na UE é talvez a “importação” do Curdistão e do terrorismo que lhe está associado.Muitos perguntam, depois da adesão da Turquia quem se seguirá? A verdade é que a entrada da Turquia acarreta esta questão do precedente que pode ser perigosa.

Apesar de todos estes argumentos contra não podemos esquecer que a Turquia é um parceiro estrategicamente importante para a UE e com a qual temos uma longa história de cooperação sendo que a Turquia é membro da NATO há mais de 50 anos.

Apesar do inicio das negociações para a entrada da Turquia na EU terem começado em 2005, até hoje este país ainda não foi aceite sendo que o processo de adesão continua até hoje.

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6. Actualmente

Bruxelas admite rever Schengen

A Comissão Europeia afirmou no dia 26 de Abril de 2011, que vai rever condições excepcionais para que os Estados membros do espaço Schengen possam temporariamente restabelecer os controlos fronteiriços.Nesse mesmo dia Silvio Berlusconi e Nicolas Sarkozy defenderam a necessidade de reformar o Acordo Schengen.

Ambos os países estão preocupados com a vaga de imigração ilegal vinda do norte de África, sendo a Tunísia a sua principal preocupação. Ambos reclamam um acordo global da UE com os países da margem Sul do Mediterrâneo, para um melhor controlo dos imigrantes, um regime de asilo comum europeu e mecanismos de solidariedade financeira para os países que acolherem imigrantes.Olivier Bailly, porta-voz da Comissão Europeia, lembrou que já é possível suspender temporariamente o espaço Schengen afirmando que o artigo 23º do acordo já permite a um país fechar as fronteiras temporariamente.

Na carta enviada a Bruxelas o primeiro-ministro italiano e o Presidente francês apelam a “que se estude a possibilidade de restabelecer temporariamente o controlo das fronteiras internas em casos de dificuldades excepcionais na gestão das fronteiras comuns e segundo condições a definir”.

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7. Conclusão

Para a concretização do mercado interno (expressão do Acto Único Europeu), afigurava-se urgente a consagração, nos Tratados, dos princípios da liberdade de circulação, da liberdade de concorrência, e da economia de mercado.

Mas muito para além da livre circulação de pessoas, este princípio concretizou-se também no plano da circulação de capitais e de mercadorias. É, todavia, o cidadão que assume o principal papel para o âmbito de Schengen. Efectivamente é pelos cidadãos que passa a maior preocupação da construção comunitária. Porém, esse papel foi assumido apenas posteriormente ao Tratado de Maastricht.

É de referir que o papel centralizado dos cidadãos foi mesmo assegurado por um verdadeiro controlo parlamentar democrático, colocando ao serviço dos cidadãos o recurso ao poder jurisdicional no caso de violação dos seus direitos. Falamos, pois, do Tribunal de Justiça da União Europeia.

Cumpre finalizar que foi o próprio Tratado de Amesterdão que veio integrar o Acordo Schengen no Direito da União, abrindo, assim, as portas à cidadania da União Europeia.

Remate-se, por último, que o alargamento da União Europeia constitui o maior desafio à integração de uma “Europa Sem Fronteiras”.

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8. Bibliografia

Mota de Campos, João e João Luiz, Manual de Direito Europeu – O sistema institucional, A ordem jurídica, O ordenamento económico da União Europeia, Coimbra Editora 2010, 6ª Edição;

Fausto de Quadros, Direito da União Europeia – Direito constitucional e administrativo da União Europeia, Almedina 2004;

Guerra Martins, Ana Maria, Curso de Direito Constitucional da União Europeia, Almedina 2004

Diário de Notícias, Quarta-feira 27 de Abril de 2011