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FAAP – Faculdade de Comunicação e Marketing _ ______________________________________________________________ Código da Disciplina: 4PP273 – Rádio I 1 Texto 1 - História do Rádio "O Rádio é o jornal dos que não sabem ler; o mestre de quem não pode ir à escola; é o divertimento gratuito do pobre, é o animador de novas esperanças; o consolador dos enfermos, o guia dos sãos, desde que realizem com espírito altruísta e elevado". (Edgard Roquette Pinto – pai do rádio no Brasil) Os Primórdios A primeira emissão de sinais captados a centenas de metros de distância, originária do telégrafo sem fio (base da transmissão radiofônica), é atribuída ao italiano Guglielmo Marconi, em 1896, considerado por isso como o inventor do rádio. Contudo, segundo historiadores, já em 1892, o padre gaúcho Landell de Moura teria realizado as mesmas transmissões de Marconi, em Campinas e São Paulo. Enquanto a patente de Marconi (reconhecido pelo domínio técnico da transmissão de ondas de rádio) se referia apenas à comunicação de mensagens (radiotelegrafia), o padre Landell teria avançado em suas pesquisas, obtendo a transmissão de sons (radiofonia) em 1900. Landell tentou conciliar seus estudos sacerdotais com os de ciências químicas e físicas na Universidade Gregoriana de Roma, onde entrou em contato com as teorias e descobertas da ciência européia do final do século XIX. Porém as pesquisas do padre-cientista não eram bem vistas pela diocese, que chegou a acusá-lo de herege, louco, bruxo, “praticante de candomblé e espiritismo”. Apesar da perseguição, que lhe valeu a destruição de seu laboratório e a queima de suas anotações, Landell não se rendeu e resolveu tentar melhor sorte em Nova Iorque, em 1902. Nos Estados Unidos, aperfeiçoou teorias, construiu modelos de seus equipamentos e conseguiu três patentes oficiais norte-americanas: a do telégrafo sem fio e a do telefone sem fio e a do transmissor de ondas sonoras. Landell foi precursor nas transmissões de vozes e ruídos. E as inovações continuaram a ser ouvidas pelo mundo... em 1908, uma emissão do alto da Torre Eiffel foi captada em Marselha. Mas a primeira “estação-estúdio” de radiodifusão surgiu mesmo em 1916, em Nova Iorque, sob o comando de Lee Forest. Na época, poucos tinham como captar a programação que apresentava basicamente conferências e música de câmara. Na década de 1920, o rádio tinha programação “elitizada” A partir de 1919 começa a chamada “Era do Rádio”. O microfone surge através da ampliação dos recursos do bocal do telefone, conseguida por um engenheiro da Westinghouse, em 1920, nos Estados Unidos. Aliás, foi a própria Westinghouse que fez nascer meio por acaso, a radiodifusão. A empresa era a fabricante dos aparelhos de rádio utilizados pelas tropas durante a 1 a Guerra

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Texto 1 - História do Rádio

"O Rádio é o jornal dos que não sabem ler; o mestre de quem não pode ir à escola; é o divertimento gratuito do pobre, é o animador de novas esperanças; o

consolador dos enfermos, o guia dos sãos, desde que realizem com espírito altruísta e elevado". (Edgard Roquette Pinto – pai do rádio no Brasil)

Os Primórdios A primeira emissão de sinais captados a centenas de metros de distância, originária do telégrafo sem fio (base da transmissão radiofônica), é atribuída ao italiano Guglielmo Marconi, em 1896, considerado por isso como o inventor do rádio. Contudo, segundo historiadores, já em 1892, o padre gaúcho Landell de Moura teria realizado as mesmas transmissões de Marconi, em Campinas e São Paulo. Enquanto a patente de Marconi (reconhecido pelo domínio técnico da transmissão de ondas de rádio) se referia apenas à comunicação de mensagens (radiotelegrafia), o padre Landell teria avançado em suas pesquisas, obtendo a transmissão de sons (radiofonia) em 1900. Landell tentou conciliar seus estudos sacerdotais com os de ciências químicas e físicas na Universidade Gregoriana de Roma, onde entrou em contato com as teorias e descobertas da ciência européia do final do século XIX. Porém as pesquisas do padre-cientista não eram bem vistas pela diocese, que chegou a acusá-lo de herege, louco, bruxo, “praticante de candomblé e espiritismo”. Apesar da perseguição, que lhe valeu a destruição de seu laboratório e a queima de suas anotações, Landell não se rendeu e resolveu tentar melhor sorte em Nova Iorque, em 1902. Nos Estados Unidos, aperfeiçoou teorias, construiu modelos de seus equipamentos e conseguiu três patentes oficiais norte-americanas: a do telégrafo sem fio e a do telefone sem fio e a do transmissor de ondas sonoras. Landell foi precursor nas transmissões de vozes e ruídos.

E as inovações continuaram a ser ouvidas pelo mundo... em 1908, uma emissão do alto da Torre Eiffel foi captada em Marselha. Mas a primeira “estação-estúdio” de radiodifusão surgiu mesmo em 1916, em Nova Iorque, sob o comando de Lee Forest. Na época, poucos tinham como captar a programação que apresentava basicamente conferências e música de câmara.

Na década de 1920, o rádio tinha programação “elitizada” A partir de 1919 começa a chamada “Era do Rádio”. O microfone surge através da ampliação dos recursos do bocal do telefone, conseguida por um engenheiro da Westinghouse, em 1920, nos Estados Unidos. Aliás, foi a própria Westinghouse que fez nascer meio por acaso, a radiodifusão. A empresa era a fabricante dos aparelhos de rádio utilizados pelas tropas durante a 1a Guerra

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Mundial. Quando o conflito terminou, esses aparelhos ficaram encalhados. A solução veio com a instalação de uma grande antena no pátio da fábrica para a transmissão de músicas para os habitantes do bairro. Com isso, a Westinghouse conseguiu comercializar os aparelhos de rádio que os soldados haviam utilizado.

No Brasil, o rádio não demorou a chegar. A primeira experiência aconteceu em 7 de Setembro de 1922, nas comemorações do centenário da Independência, na então capital federal Rio de Janeiro. “Muito pouca gente se interessou pelas demonstrações”, atesta Roquette Pinto, que, diferentemente da maioria, logo se encantou com a novidade. O desinteresse se deveu à falta de qualidade do som emitido por dois transmissores norte-americanos, especialmente importados para o evento. Apesar das falhas, Roquette Pinto percebeu o potencial do meio de comunicação e, em virtude de seus empenhos pessoais, ficou conhecido como o pai do rádio no Brasil.

Roquette Pinto também está por trás da inauguração da primeira emissora brasileira. Juntamente com Henrique Morize (então presidente da Academia de Ciências), ele inaugurou em abril de 1923 a primeira emissora brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. A propósito, não é a toa que as primeiras emissoras mantinham em seu nome os termos “sociedade” ou “clube”. As emissoras surgidas durante toda a década de 1920 eram empreendimentos não-comerciais mantidos por grupos de aficionados por rádio, geralmente cientistas, intelectuais e pessoas ligadas à cultura. Com o objetivo de disseminar cultura e informação, na realidade, serviam mais para a diversão dos membros dessas sociedades ou clubes, mantidos por sócios que pagavam mensalidades e cuidavam também de suas programações, inclusive escrevendo, tocando, cantando e ouvindo eles mesmos. Um fator que contribuía muito para isso era o elevado custo do aparelho receptor.

Ainda na década de 1920, entre outras, algumas rádios que ganharam voz foram: Rádio Club do Brasil (Rio de Janeiro), Rádio Clube Paranaense – ambas em 1923 – além das rádios Clube de Pernambuco e Sociedade Educadora Paulista (atual Gazeta), essas duas em 1924, e também a Rádio Cruzeiro do Sul (1927).

A propaganda não era autorizada, existindo portanto sem critérios e de forma irregular, o que não bastava para sustentar a radiodifusão brasileira. Apesar disso, pelo que se conta, a Rádio Cruzeiro do Sul foi responsável por colocar no

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ar o primeiro programa patrocinado. Esse primeiro anunciante foi a companhia de petróleo Atlantic.

Década de 30: Propaganda e profissionalização O final da década de 1920 conta com a colaboração de alguns espertos e empreendedores comerciantes. Animados com o surgimento das fábricas de rádio, eles começam uma verdadeira cruzada para espalhar o novo meio de comunicação. Um desses pioneiros vendedores de rádio foi Ademar Casé (avô de Regina Casé). Seu método era, no mínimo, curioso: ia até a casa ou escritório do possível cliente numa hora em que sabia que ele não estava. Lá, deixava o rádio ligado e um recado, dizendo que voltaria para conversar mais tarde. Com essa técnica, Ademar Casé vendeu tanto aparelho a ponto de conquistar a confiança da Philips (fábrica da qual era representante), que, alguns anos mais tarde - em 1932 – patrocinou o primeiro programa de “horário comprado” do rádio brasileiro na própria Rádio Philips. O Programa Casé teve longa e vitoriosa vida. Baseado em instruções da BBC de Londres, Casé revoluciona o conceito de rádio, fazendo um programa ágil e popular, com quadros fixos (um deles apresentado por Noel Rosa aos Domingos).

Esse foi só o primeiro passo de um grande arranque que o rádio viveu nos anos de 1930. Um fator foi primordial para esse crescimento: a propaganda. Autorizada por Getúlio Vargas em 1932, a publicidade no rádio começou com patrocínios e logo em seguida com comerciais avulsos, na forma de textos lidos pelos locutores e de jingles – anúncios cantados. Só a título de curiosidade, Ademar Casé também inovou, ao apresentar em seu programa, o primeiro jingle brasileiro, criado por Nássara (“Oh! Padeiro desta rua/ Tenha sempre na lembrança / Não me traga outro pão / Que não seja o pão bragança”).

A propaganda se tornou a fonte geradora de recursos para a evolução do rádio em termos de número de emissoras e de qualidade de programação, iniciando um processo de profissionalização que, juntamente com a disseminação dos aparelhos receptores, transformou o rádio no mais popular meio de comunicação da primeira metade do século XX.

Com mais verbas, os quadros passaram a contar com a participação crescente dos artistas da música popular da época, como Carmem Miranda e Ary Barroso. O destaque nessa época era a rádio Mayrink Veiga (RJ).

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A programação que antes (década de 20) era composta por músicas clássicas, palestras e outros assuntos que interessavam à elite brasileira, agora (a partir da década de 30) passa a contar com programas de auditório, concursos de calouros, transmissão de partidas de futebol, shows de humor e radioteatro.

Em agosto de 1933, é gravado em disco o cateretê As Cinco Estações do Ano. A composição de Lamartine Babo é interpretada pelo próprio Lamartine, Almirante, Carmem Miranda e Mário Reis. Fala com bom humor das 5 estações de rádio mais famosas da época: Educadora Paulista, Philips, Sociedade do RJ, Club do Brasil (RJ) e Mayrink Veiga.

Na letra, a rádio Educadora é chamada de “estação de águas”, expressão usada pelos artistas para ironizar emissoras que iam mal.

A Rádio Philips ganha destaque pelo sucesso do Programa Case e por atrair anunciantes de todos os gêneros.

A Mayrink Veiga, que era a emissora de maior audiência na época, e tinha como diretor César Ladeira, tem sua popularidade realçada.

Já a Sociedade, primeira emissora do Brasil, à época completava sua primeira década de vida. Desde que foi fundada em abril de 1923 pouca coisa havia mudado em sua programação, que permanecia privilegiando a música erudita.

A última estrofe de As Cinco Estações do Ano é dedicada à Rádio Clube e refere-se ao preconceito sofrido pelos primeiros narradores de futebol. A letra cita um episódio vivido pelo locutor Amador Santos, que, proibido de transmitir um Fla-Flu, instala-se em uma casa da vizinhança e sobe em um galinheiro para narrar a partida. Na época, dizia-se que a voz do locutor havia chegado aos ouvintes misturada aos cacarejos das galinhas.

AS CINCO ESTAÇÕES DO ANO [Cateretê de Lamartine Babo, com as vozes de Lamartine Babo, Mario Reis e Almirante,

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acompanhamento do Grupo do Canhoto Gravada em 6 de julho de 1933]

LB - Antigamente eu banquei estação de águas Hoje guardo as minhas mágoas num baú de tampo azul Já fui fraquinha, mas agora já estou forte Sou ouvida lá no Norte, quando o vento está no Sul Transmite PRA-C (CCCC) Transmite PRA-C (CCCCCC)

MR - Eu sou a Philips do samba e da fuzarca Anuncio qualquer marca de trombone ou de café Chega na hora do apito da sirene, grita logo a Dona Irene Liga o rádio e vem "Cá... Zé Transmite PRA-X (XXXX) Transmite PRA-X (XXXXXX)

CM - Sou a Mayrink popular e conhecida Toda a gente fica louca, sou querida até no hospício E quando chega sexta-feira, hein! Dona Clara Sai até tapa na cara, só por causa do Patrício Transmite PRA-K (KKKK) Transmite PRA-K (KKKKKK)

LB - Sou conhecida aos quatro cantos da cidade Sou a Rádio Sociedade, fico firme, agüento o tranco Adoro o clássico, odeio a fuzarqueira Minha gente fui parteira do Barão do Rio Branco Transmite PRA-A (AAAA) transmite PRA-A (AAAAAA)

A - Sou Rádio Clube, eu sou é home minha gente Francamente sou do esporte, futebol me põe doente (gol!) No galinheiro, se irradio para o povo, cada gol que eu anuncio a galinha bota um ovo Transmite PRA-B (BBBB) Transmite PRA-B (BBBBBB)

Em termos de programação, surgem muitas atrações de humor, como a de Nhô Totico (na Rádio Cultura de São Paulo). Totico foi pioneiro na criação de uma escolinha com tipos curiosos. Detalhe: ele fazia sozinho todas as vozes dos personagens. Os programas de auditório também proliferam, representando a oportunidade do público conhecer seus ídolos e participar dos programas. “Calouros em Desfile”, de Ary Barroso; “Domingo Alegre”, de Paulo Gracindo (que tinha como auxiliar Chacrinha) e “Papel Carbono”, de Renato Murce são alguns dos programas mais populares dos anos 1930.

As empresas jornalísticas, que no início evitavam apresentar notícias sobre o rádio, percebem que não há como evitar a popularização do novo meio de comunicação. A máxima passa a ser: “se não podemos vencê-lo, vamos nos

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juntar a ele”. Os jornais impressos investem e criam suas próprias estações de rádio como forma de ampliar seus empreendimentos. É o caso da Rádio Jornal do Brasil, da Tupi (ligada aos “Diários Associados”, de Chateubriand) e da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que nasceu como “filha” do jornal “A Noite”, de acordo com o produtor Paulo Tapajós.

Não só no Brasil, mas no mundo todo o rádio transmitia a sua força. Em 1938, no dia das Bruxas, a rádio americana CBS apresentou o programa “A Guerra dos Mundos”, em que Orson Welles (que mais tarde ficou conhecido no cinema pela repercussão de Cidadão Kane) simulou uma invasão de marcianos aos Estados Unidos. O que deveria ser apenas um programa criativo e inteligente se transformou em uma imensa confusão. “A Guerra dos Mundos” era um radioteatro, mas foi apresentado em forma de uma transmissão jornalística. O realismo foi tanto que a emissora teve que interromper a transmissão, devido ao pânico que tomou conta do centro de Nova Iorque.

Dica: ouça o radioteatro “A Guerra dos Mundos” em versão original em inglês e outros do Teatro Mercury no site: www.mercurytheatre.info

Ouça o episódio sobre A Guerra dos Mundos no blog e podcast Peças Raras no endereço:

http://pecasraras.blogspot.com/2006/11/guerra-dos-mundos-de-orson-welles.html

Anos 1940: a época de ouro Nos anos de 1940, vendo o rádio ter sua credibilidade e prestígio impulsionados, Getúlio Vargas encampa a empresa “A Noite”, incluindo a Rádio Nacional. Por um lado, o rádio passa a ser usado como instrumento do governo, já que a partir da emissora carioca irradiava-se para todo o país os atos, discursos do presidente e dos ministros. Por outro lado, a Nacional ganha recursos financeiros, humanos e técnicos, disparando na audiência e no faturamento, chegando a ser a 5a emissora do mundo.

Almirante, considerado “a maior patente do rádio”, passa a estruturar os programas de auditório com a presença de narrador, músicos e comediantes – fórmula de tremendo sucesso durante décadas.

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O rádio brasileiro da década de 1940 descobre outros rumos. Tendo como embrião o radioteatro, difundido na década anterior pelas rádios Record, Mayrink Veiga e Nacional, a radionovela entra em cena. Em 12 de Julho de 1941, entra no ar a primeira radionovela do país: “Em Busca da Felicidade”, adaptada de um original mexicano escrito por Leandro Blanco. Talvez você já tenha se deparado com a expressão “soap opera” para designar novela. Isto se deve ao fato de originalmente este gênero ter sido criado para o público feminino com a intenção de promover a venda de produtos de limpeza, higiene e beleza. A primeira novela de rádio do Brasil, não por acaso, era patrocinada pela empresa Colgate-Palmolive. As radionovelas logo alcançaram sucesso, a ponto de algumas emissoras chegarem a transmitir 16 novelas simultaneamente. A Rádio São Paulo tinha toda a sua programação destinada ao gênero. Na esteira das radionovelas, criam-se novas funções complementares ao trabalho dos atores, como o contra-regra (também chamado de sonoplasta), responsável por todos os efeitos sonoros. A credibilidade dos dramas radiofônicos era muito grande, prova disso é que quando uma personagem engravidava, por exemplo, não demoravam a chegar brinquedos e casaquinhos de tricô à emissora.

Outros estilos que se consolidaram na década de ouro do rádio foram o jornalístico e o esportivo. A Panamericana (Jovem Pan) em São Paulo e a Continental no Rio de Janeiro se especializaram nas transmissões esportivas; enquanto Record, Nacional e Tupi apostavam no jornalismo. Dessa época, destacam-se o Repórter Esso (1941), transmitido inicialmente pela Nacional e Record e depois também pela Inconfidência de Minas, Farroupilha de Porto Alegre e Jornal do Comércio de Pernambuco. Na mesma época, a Rádio Tupi paulista reage e monta um radiojornal com estrutura semelhante ao jornal impresso. O Grande Jornal Falado Tupi trazia manchetes e assuntos específicos divididos em editorias de política, esportes etc.

Entre 1945 e 1955, o rádio detinha a maior fatia das verbas publicitárias O rádio chega no final dos anos 1940 mais coloquial, direto e intimista. Entre o final da 2a Guerra Mundial e a metade dos anos 1950, o rádio viveu seu apogeu. Foi o período em que o meio alcançou sua maior importância relativa, sendo o mais consumido e para o qual se destinava a maior parte das verbas publicitárias. O rádio era o centro de tudo e, de uma forma ou de outra, todas as coisas eram disseminadas, tratadas e influenciadas pelo meio de comunicação.

Três fatos revelam a supremacia do rádio nesse período: a eleição da “Rainha do Rádio”, que mobilizava todo o país e dividia o público; a grande circulação de revistas especializadas em rádio (como “Revista do Rádio” e “Radiolândia”) e o

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incrível número de cartas recebido pela Rádio Nacional entre os anos de 1945 e 1955: quase oito milhões.

Dica: ouça o episódio sobre As Rainhas do Rádio no blog e podcast Peças Raras no endereço: http://pecasraras.blogspot.com/search?q=Rainhas+do+R%C3%A1dio

A partir de 1955, o rádio se abala com a televisão A TV já existia desde 1950, mas foi a partir de 1955 que o rádio começou a ver seu império ameaçado. Alguns motivos foram fundamentais para o período de retração que o rádio viveu: no caso das empresas proprietárias de rádio e televisão, como a pioneira Tupi, os recursos adquiridos com o sucesso da emissora de rádio passaram a ser usados como investimentos para a implantação da TV; a TV levou os principais talentos do rádio para administrar e produzir sua programação, que também ficou com parte das verbas publicitárias da época.

O rádio precisa reencontrar seu caminho. Um processo de profunda alteração teve início por volta de 1960. Os programas se voltam para o público jovem e as apresentações ao vivo (programas de auditório) praticamente saem do ar. Conhecida como a fase do “vitrolão”, as rádios passam a fazer suas programações a partir dos discos. Aparece o “Disc-Jockey” e com eles o esquema de rádio musical e também as emissoras ecléticas, que misturavam diversos gêneros, buscando atender diferentes públicos.

Um grande impulso a esse novo rádio veio ainda nos anos de 1960. O transistor, um invento americano massificado pelos japoneses, permite que o rádio assuma características de meio individual de consumo. O rádio deixa a posição central que possuía nas salas de estar e começa a caminhar em carros, por todos os ambientes das casas, além de acompanhar as pessoas em seu trabalho, aumentar a emoção dos torcedores nos estádios e de correr pelos parques.

O esporte e o noticiário crescem em importância. A prestação de serviços é a tônica desse “novo” meio. A música ganha destaque principalmente através da Rádio Excelsior. Criada em 1968, “a máquina do som” representou um divisor de

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águas no rádio pop. A Excelsior foi a primeira emissora com formato exclusivamente musical e programação 24 horas voltada para o jovem. Representou mais ou menos o mesmo que a MTV para a TV.

A partir de 1980, a FM é uma alternativa A dedicação a programações essencialmente musicais se intensificou com o surgimento das emissoras de Freqüência Modulada (FM). No final dos anos 1970, as FMs já seguiam o padrão “festivo” (com locutores animados e ritmo frenético) que perdura em boa parte das emissoras destinadas ao público jovem até hoje.

No AM, os antigos animadores de auditório dão espaço para o surgimento dos grandes comunicadores (de Paulo Lopes a Gil Gomes, de Eli Corrêa a Osmar Santos).

Mudando novamente para o FM, no início todas as emissoras eram muito parecidas. Para alcançar seus públicos específicos a segmentação é o caminho encontrado. O público passa a encontrar exatamente o que busca: rádio rock, rádio especializada em sucesso, samba, axé, música ambiente, flashback.

Pela necessidade de sobreviver com menos investimentos e a busca por um maior retorno, as emissoras começam a apostar na formação de redes nacionais (o pioneirismo foi da Transamérica), empregando uma linha básica de programação com pouco espaço para as produções regionais. A propaganda também é unificada, em boa parte das programações em rede.

“FM só de notícias? Isso é absurdo!” Nos anos 90, apesar do enorme número de ouvintes, a audiência ficou muito dividida entre as muitas emissoras que brigam pela audiência no dial. Para conquistar novos públicos, a CBN deu início a uma nova tendência, a de FMs com conteúdos tradicionalmente destinados ao AM. Já em 1995, a CBN apostou numa programação que só “toca notícia” nos 90,5 da Frequência Modulada.

Atualmente, é cada vez mais comum encontrar em FM, noticiários, serviços e transmissões de futebol. Na verdade, isso se deve à dificuldade crescente em se sintonizar uma emissora em Ondas Médias (AM), principalmente em grandes cidades, em que há muita interferência. Com o objetivo de alcançar um público

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que está em trânsito boa parte de seu tempo, as transmissões em FM passaram a se voltar a esses novos conteúdos.

Segundo um estudo publicado no jornal Meio & Mensagem (de Setembro de 2003), o público, tanto de AM como de FM, precisa e deseja estar informado. O tempo que dispõe para isso é cada vez menor, quase sendo impossível se dedicar à leitura atenta e constante de periódicos como jornais e revistas e até mesmo assistir a telejornais. Além disso, em grandes centros, como São Paulo e Rio, o trânsito força as pessoas a ficarem cada vez mais confinadas durante um bom tempo em seus carros. Isto tem levado os ouvintes a buscar informações justamente nesses momentos, por meio do rádio. Como as emissoras AM sofrem muitas interferências em suas transmissões, as de FM têm roubado a atenção desses ouvintes. O mesmo acontece em relação à transmissão de partidas de futebol, que ocorre até mesmo em uma emissora essencialmente jovem como a Transamérica.

O futuro do rádio Mesmo com a migração de parte dos ouvintes para a FM, a vitalidade do rádio AM se comprova em momentos como a oração do Padre Marcelo Rossi, que já chegou a ultrapassar 1 milhão de ouvintes por minuto; já a Bandeirantes AM está rindo a toa com o sucesso do “Na Geral” em uma nova faixa nobre para o rádio paulistano (a hora do rush que se estende até as 20 horas, em média). Acredita-se que com a implantação do rádio digital, haverá uma sensível melhora na qualidade de recepção em Ondas Médias. Além de propiciar uma transmissão sem chiados, o rádio digital também permitirá inovações importantes, como a veiculação de informações escritas e atuais no visor do aparelho de rádio, ampliando as possibilidades do meio. Mas também há quem defenda que a demora na implantação deste tipo de transmissão vai fazer que o rádio digital já nasça obsoleto, visto que a Internet deve oferecer os mesmos recursos e estar disponível a todos a todo momento. Atualmente, o iPhone e o iPod contam com recursos que permitem a audição de emissoras de rádio tanto de AM como de FM com qualidade digital. Alguns celulares também contam com programas que podem ser baixados na Internet para essa mesma finalidade. Rádio + TV = menor custo, maior qualidade O grupo Record foi um dos primeiros a apostar na integração entre suas emissoras de rádio e TV para aumentar a qualidade de programação e diminuir custos. A tendência se repete em outras redes de rádio e TV. Desde Julho de 2003, a programação da Record AM está apoiada no tripé: jornalismo, entretenimento e comunicação popular. Isto permite que se misture a agilidade dos comunicadores de rádio à força da imagem dos apresentadores de TV. Personalidades do grupo de comunicação estão presentes tanto no rádio quanto na TV.

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A rádio Record utiliza a estrutura da Central Record de Jornalismo. Essa integração permite à TV Record que se beneficie da instantaneidade da comunicação do rádio no período da manhã, onde o trânsito é o principal foco e a informação é mais importante do que a imagem. Por outro lado, a repórter Eleonora Paschoal, quando não está transmitindo uma informação para a TV, entra no ar para informar sobre trânsito no rádio. Por falar em trânsito, outra tendência crescente nas emissoras é a participação dos chamados “ouvintes-repórteres”, que narram como estão os seus caminhos pela cidade ou pelas estradas. Fontes: - Apostila “Radiodifusão e Comunicação Social” – Sonia Avalone e Afonso C.

P. Pola – Senac; - Revista Meio & Mensagem especial rádio (Setembro de 2003); - Jornal “Esquinas de S.P.” (Dezembro de 2002) Indicações: Ouça importantes passagens da história do rádio nos sites: - www.pecasraras.blogspot.com - www.clubedojingle.com - www.gpradio.com.br

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CARACTERÍSTICAS do RÁDIO

Mesmo depois de quase nove décadas, o rádio é, sem dúvida, o meio de comunicação mais popular e o de maior alcance público. Há lugares no Brasil em que - por motivos geográficos, econômicos ou culturais - ele é o único a levar informação e entretenimento.

Alguns fatores que contribuem para isso são: o fato do público captar e reter a mensagem falada e sonora ao mesmo tempo em que desenvolve outras atividades; a descoberta do transistor, que fez com que o rádio acompanhasse as pessoas a qualquer ambiente e em qualquer momento. Veja a seguir mais detalhes sobre estas e outras características que diferenciam o rádio dos demais meios de comunicação.

Principais Características do Rádio

Linguagem oral: esta característica faz do rádio o meio mais popular, isto é, o rádio não exige que o público seja alfabetizado e – por isso – fala indistintamente com todos os públicos. Para receber a mensagem, basta ouvir. Por outro lado, se a fala não for clara, objetiva e direta, o ouvinte perde a informação, pois – ao contrário da mídia impressa – ele não pode voltar e acompanhar a informação novamente.

Instantaneidade: a mensagem só pode ser recebida no momento em que é emitida. Isto é uma desvantagem em relação ao meio impresso, que possibilita ao leitor ler as notícias no momento que lhe convier. No entanto, atualmente, com a disponibilidade de alguns programas de rádio em formato MP3 nos sites das emissoras (podcast e playlists), esta desvantagem desaparece, pois é possível ouvir o que se quer, na hora em que se desejar (mídia sob demanda). Boa parte dos sites de rádio no Brasil já disponibilizam os programas levados ao ar em MP3 e podcast.

Imediatismo: os fatos podem ser transmitidos no instante em que ocorrem, basta que o repórter esteja no local e tenha um telefone celular. A publicidade também pode se beneficiar desta vantagem. Por exemplo: uma concessionária de carros veicula por determinada emissora de rádio no final de semana uma espécie de cobertura ao vivo sobre o movimento e as principais promoções para quem está ouvindo a mensagem naquele instante. Também podem ser feitas chamadas em baladas para que os primeiros ouvintes que chegarem na portaria com uma determinada senha entrem sem

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pagar ou obtenham desconto. É também uma forma de medir o retorno da mensagem anunciada.

Difusão:meio de maior alcance, maior audiência e maior penetração (em alguns casos é o único meio de se obter informações). Em termos geográficos, o rádio é o mais abrangente, já que, ao atingir pontos remotos e de difícil acesso a outros meios, ele tem abrangência nacional. Com as transmissões via satélite, as emissoras aumentaram seu alcance. Mas, por ser simples tecnologicamente, o rádio também possibilita a existência de emissoras locais ou comunitárias, que têm como missão emitir mensagens mais próximas do estilo de vida de seus ouvintes. A partir das transmissões em rede, a publicidade se beneficia da possibilidade de ser veiculada de forma local ou nacional. A audiência do rádio é crescente com o aumento do trânsito em grandes cidades e ultrapassa a da TV nos períodos matutino e vespertino.

Mobilidade: ao mesmo tempo em que a pessoa escuta o rádio é possível exercer outras atividades, como lavar roupa, dirigir o carro, andar de bicicleta etc. Se por um lado esta característica aumenta a audiência do meio, por outro pode gerar uma diminuição da atenção, já que a mensagem está sendo ouvida em meio a outras atividades. É preciso que as emissoras e comunicadores criem métodos próprios para manter a atenção (qualidade da recepção) de sua audiência (quantidade de ouvintes). Desde os anos 80, um artifício criado pela extinta Rádio Cidade é usado em emissoras dirigidas ao público jovem. Naquela época áurea da expansão da FM no Brasil, a emissora criou as “perguntas idiotas, respostas cretinas”. A ideia consistia em trazer uma pergunta no início do bloco comercial que só seria respondida no final do mesmo, estimulando os ouvintes a permanecerem atentos durante todas as mensagens.

Baixo custo:

a) De compra o rádio, como aparelho físico é muito barato, tornando-se acessível à população de baixa renda.

b) De produção É também o meio mais barato para produção e veiculação de peças publicitárias (custo por mil)., envolvendo poucas pessoas e recursos

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Prestação de Serviços (utilidade pública): desde a década de 1960, o rádio encontrou na prestação de serviços um de seus mais nobres caminhos. Emissoras genuinamente jornalísticas, como Bandeirantes e Jovem Pan, desenvolvem uma série de campanhas com o objetivo de alertar autoridades, denunciar ilegalidades ou até mesmo intervir de forma positiva na paisagem da cidade. Um bom exemplo que está no ar é a Campanha Acesso Fácil, da Bandeirantes AM de São Paulo.

CAMPANHA

Acesso Fácil

Campanha da Bandeirantes para melhorar o acesso para deficientes em locais públicos e privados em São Paulo.

A Rádio Bandeirantes retoma a campanha por melhor acesso a deficientes. A emissora, que já vistoriou os principais shoppings, centros culturais e terminais de transporte da cidade, volta aos locais quatro meses depois para verificar se os problemas detectados pelas reportagens anteriores foram solucionados.

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Atualmente, a mesma emissora oferece uma vez por semana (às terças-feiras), um teste para verificar a qualidade do combustível e o nível de poluição gerado pelo automóvel. A campanha é assinada por pelo menos três empresas, que colaboram com o teste em troca de ter seus nomes veiculados incessantemente na emissora.

Sensorialidade: É a capaciade que o radio tem de criar imagens na cabeça do ouvinte. Esta característica permite envolver o ouvinte despertando a sua imaginação. Ex: Orson Welles – 1938 – narrando “A Guerra dos Mundos” (ouça no site: http://www.mercurytheatre.info ). Ao levar em conta todos os detalhes, proporcionando a emoção certa para cada palavra e o uso adequado dos recursos de sonoplastia, as mensagens ganham maior alcance. Spots dramatizados e BG são os que mais exploram esta característica em sua criação e produção, como veremos a seguir, em formatos de anúncios.

Autonomia: o aparelho funciona sem fios ou tomadas. Está no walk-man, mp3,celular, podendo ser carregado no carro, no ônibus, de bicicleta ou a pé por uma única pessoa. Com isso, o rádio fala para muitos ao mesmo tempo, mas faz isto de forma individualizada. Essa característica deve ser levada em conta. Ao apresentar um programa no rádio, fale para cada ouvinte em particular. Por exemplo: “agora a hora certa pra você que está se preparando para sair de casa... “

Formatos de anúncios � Spot texto: é aquele que é lido ao vivo pelo próprio apresentador. Suas

principais vantagens são agilidade/rapidez para colocar o spot no ar e economia na produção. A desvantagem está na interpretação desigual (já que será lido por locutores que têm estilos diferentes em cada emissora em que for programado) e em possíveis erros durante a leitura.

O spot texto é bastante comum para divulgar propagandas ligadas aos governos federal, estadual ou municipal em programas populares. É útil também para um supermercado que precisa alterar as promoções diariamente, por exemplo. Outra situação que faz uso deste tipo de criação publicitária é em programas esportivos. Muitas vezes, mesmo havendo spot gravado, a empresa prefere que o comunicador deste horário faça a leitura de forma mais despojada e descontraída. Geralmente, isto aumenta a atenção para a peça publicitária, pois - além de ser lida por alguém que tem

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empatia com o público do horário – acaba por estar inserida dentro do contexto do programa.

Na prática, o spot texto é caracterizado como o mais simples de se produzir (basta elaborar um texto tomando cuidado para que a mensagem seja clara, simples e direta) e também o mais rápido de ser veiculado. Com isso, torna-se útil ainda em situações emergenciais. Pensemos na seguinte situação: uma grande loja de varejo tem um anúncio de página inteira publicado em jornal de grande circulação. Por um erro na hora da produção do material, o preço saiu com um zero a menos. Então, um produto que custa R$ 4.000,00 é divulgado por R$ 400,00. Pela legislação de defesa do consumidor, a princípio, a loja teria de vender o produto pelo preço anunciado. Houve um caso destes nos anos 90, em que a empresa, ao constatar o erro, ainda de madrugada, fez contato com a agência de propaganda responsável. O dono da agência acionou seu redator no mesmo instante e foi produzido um spot texto para ser veiculado incessantemente das 6 da manhã até as 9 horas. Resultado: quando a loja abriu as portas, quase que a totalidade dos que tinham visto o anúncio no jornal tinham sido informados de que se tratava de um erro. A partir da informação e do pedido de desculpa veiculados em diversas emissoras simultaneamente, a loja evitou problemas com seus consumidores. Quase a totalidade das pessoas que havia visto o anúncio no impresso também ouviu a correção pelo rádio.

� Spot seco: texto gravado em estúdio por um locutor profissional, também tendo como elemento única e exclusivamente a voz. Geralmente é gravado por profissional ligado ao Clube da Voz. Tem como vantagem a unidade interpretativa. Ferreira Martins é um dos que mais grava este estilo de propaganda. A precisão na interpretação de cada palavra é o principal elemento na produção deste tipo de spot.

O spot seco é ideal quando precisamos passar credibilidade, mas também é usado em programas esportivos na voz de grandes nomes da crônica esportiva, como no arquivo em que Milton Neves grava para a Copel. Nestes casos, o que conta é a popularidade de quem fala. A qualidade fica em segundo plano. Mas assim como no caso do spot texto, aqui, a identificação do ouvinte com o "ídolo" soma pontos, além de a gravação geralmente ser oferecida como bônus para manter a fidelidade entre o comunicador e o cliente.

� Spot dramatizado ou teatralizado: é aquele gravado por várias pessoas interpretando e com sons adequados para ambientar a ação. Também pode

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ser pensado com uma locução e uma trilha sonora apropriada à mensagem. Tem como vantagem o diferencial da dramatização. É o tipo de spot que mais se ouve atualmente e também o estilo mais premiado no Prêmio GPR de Criatividade em Rádio (www.gpradio.com.br). A criatividade e a escolha certa dos atores valorizam a mensagem. A sonoplastia é importante para levar o ouvinte a imaginar o cenário em que a ação se passa.

� Spot BG (background): Aquele que é composto, predominantemente, por efeitos de sonoplastia. A vantagem está ligada à facilidade deste tipo de spot de envolver o ouvinte pela imaginação. Costuma ser bastante valorizado em premiações internacionais, já que utiliza uma língua universal, ao contrário do dramatizado, que, por utilizar diálogos, às vezes não cai na graça da crítica de Cannes, por exemplo (principalmente quando utiliza piadas muito regionais). Uma peça marcante neste estilo é O Pato e o Porco, premiado tanto no GPR como em Cannes. Nela, ouvem-se o pato e o porco inicialmente calmos ao som de uma música “romântica”. Com o passar do tempo, percebemos que o clima fica tenso entre os dois animaizinhos e que eles estão a ponto de se matar. Neste ponto, a locução assina com o seguinte pensamento: “se a natureza não quis eles juntos, não é você que vai querer. Novo Electrolux Duplo Forno, assa dois pratos ao mesmo tempo...”

Quanto à duração, as peças são divididas em spots de 15, 30, 45 e 60 segundos. Em relação à programação dos mesmos, pode-se escolher por períodos: matutino, vespertino e noturno ou definir por programa, o que torna o custo um pouco mais elevado.

� Testemunhal

Testemunho de artista ou personalidade sobre o uso de determinado produto. No rádio, o testemunhal geralmente é feito pelos próprios comunicadores de programas populares, já que – sobretudo no AM – eles possuem muita credibilidade junto ao ouvinte.

� Programete

Programas de curta duração (geralmente de 1 a 5 minutos) que atrelam determinado assunto ao patrocinador daquele programete. Na maioria das vezes, o programete tem a função de diminuir algum aspecto negativo atrelado à marca ou produto. Por exemplo, a Petrobrás – após um derramamento de óleo – pode diminuir o impacto negativo desta notícia com programetes que falem

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sobre a preservação do meio ambiente, anunciando as ações que a empresa encabeça neste sentido. A estrutura geralmente inclui uma vinheta de abertura, o conteúdo (entrevista, depoimento, locução, diálogos etc.) e uma vinheta de encerramento que inclui o oferecimento da marca.

Em todos os casos, um ponto importante é analisar que tipo de mensagem é mais adequado ao público e à emissora em que é veiculada. Em uma mesma campanha, se o objetivo for falar a diferentes públicos, mais de um estilo de spot pode ser utilizado.

Fontes:

- “Como Falar no Rádio – Prática de locução AM e FM”, de Cyro César – Editora Livros que constroem

- Site da Rádio Bandeirantes: www.radiobandeirantes.com.br

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A eficácia do Jingle como mensagem comercial

Pesquisadores, como José Ramos Tinhorão, apontam o jingle para a padaria Pão Bragança (composto por Nássara e apresentado no Programa Case) como o primeiro anúncio comercial musicado do rádio brasileiro. Em 1932, sob a forma de um fado português, com o objetivo de fazer associação com a colônia que mantinha as melhores padarias, o anúncio tinha como base o refrão: “Ó padeiro desta rua/ tenha sempre na lembrança/ não me traga outro pão/ que não seja o Pão Bragança”.

Logo, o jingle se incorporou à propaganda no rádio. Já na década de 1930 os redatores que criavam para o meio demonstravam habilidade para compor versos musicados. De acordo com o livro “Rádio: Oralidade Mediatizada”, de Júlia Lúcia de Oliveira Albano da Silva, o primeiro jingle gravado em acetato, em 1935, foi composto em São Paulo por Gilberto Martins para a Colgate-Pamolive e possibilitou uma inovação para a época: a repetição da mesma versão da música em diferentes emissoras, o que rendeu ao jingle uma enorme repercussão popular.

“os rádio-ouvintes passavam a incorporar inclusive ao seu vocabulário as frases mais destacadas das mensagens publicitárias, cantando ou assobiando as melodias dos jingles pelas ruas ou enquanto trabalhavam” (Tinhorão). Os jingles marcam nas grandes cidades o início da luta dos produtos internacionais pela conquista de um mercado de consumidores cada vez mais consumistas.

A seguir, acompanhe comentários sobre alguns jingles que fazem parte da evolução da propaganda irradiada no Brasil. Esses jingles estão disponíveis no arquivo de áudio que segue no anexo.

Sheltox

Jingle da década de 1940. À época, não havia televisão e era necessário esclarecer como se escrevia o nome do produto para que o cliente o encontrasse na hora que estivesse no supermercado. Em uma primeira audição, o cliente poderia ir atrás de “Geltox”, já que o som produzido pelo “sh” se assemelha ao de G quando cantado. O recurso utilizado na criação do jingle foi anunciar que “Sheltox começa com S e saúde começa também”. A base instrumental lembra uma marcha de soldados em luta contra o inimigo, no caso

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os insetos. Isto também tem a ver com a época em que foi ao ar o jingle, próximo à 2ª Guerra Mundial.

Cobertores Parayba

Jingle que marcou época na TV. As mães adoravam ver seus filhos sendo avisados que era hora de sair de frente da TV e ir dormir com seu cobertor Parahyba. Em um livro sobre a história da TV Tupi, há uma curiosidade sobre esta vinheta. Na verdade, antes de ser patrocinada pelos cobertores Parahyba, a música foi criada pela emissora ainda nos primeiros anos da TV brasileira como resposta à solicitação de mães desesperadas que enviaram cartas dizendo sobre a mudança de rotina na educação dos filhos, que naquela época só iam para a cama depois que a TV saía do ar. Como as crianças não obedeciam às mães neste sentido, a própria emissora encontrou uma forma de contribuir e mandar os pequenos para a cama.

Grapette

Alguns jingles são chamados de chiclete, por grudarem em nossos ouvidos de forma incontrolável. É o caso dessa composição para o refrigerante Grapette. Na hora de escolher um refrigerante, o refrão voltava à cabeça do consumidor e ajudava na decisão de compra, sobretudo entre as crianças: “Quem bebe Grapette, repete Grapette. Grapette é gostoso demais”.

Pepsi

Jingle que reflete os pensamentos e a maneira de viver da juventude da época em que foi composto, os anos 70. O refrão é forte e o ritmo de rock marcante: “Só tem amor quem tem amor pra dar”.

Kolynos

O slogan original AH! gera a sensação de refrescância que os criadores queriam associar ao uso dessa pasta dental. Até hoje, mesmo tendo mudado de nome, o recurso permanece.

Duchas Corona

O jingle reproduz o prazer que é se cantar embaixo do chuveiro. O refrão foi repetido à exaustão pelos ouvintes: “um banho de alegria num mundo de água quente”.

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Itaú

O jingle aproveita a anunciada vinda de Frank Sinatra ao Brasil. Como o cantor se apresentou apenas no Rio de Janeiro, o Itaú, por sugestão da agência DPZ, fez esta homenagem ao artista para o público paulista. O jingle utiliza um cantor de churrascaria que imitava Frank Sinatra e um locutor com voz caricata que satiriza um dos maiores nomes do rádio naquela época, o criador das traduções de músicas no rádio, Hélio Ribeiro.

Bunny’s

A composição ironiza o processo de criação de um jingle. O “jingleiro”, autor de jingles, mostra a sua rebeldia e, apesar da empresa querer anunciar muitas qualidades do produto em um jingle, ele apenas fica repetindo o nome da marca.

Café Seleto

Um dos mais lembrados de todos os tempos. Até hoje, faz parte da memória afetiva de quem foi criança ou adolescente nos anos 70 e 80. Na hora de comprar café, esse jingle ainda faz a diferença em algumas ocasiões. Ele valoriza a preocupação da mãe com o bem-estar de seus filhos.

Sulflair

O jeito de cantar o nome do produto busca gerar a sensação de levitação. Ao consumir o chocolate, a pessoa ficaria nas nuvens. Idéia que era reforçada no comercial de TV.

Hellmans

O jingle utiliza a raiz da palavra “gostoso” em toda a letra. O detalhe é a assinatura sonora. Veja se você é capaz de completar com o slogan de Hellmans ao ouvir o instrumental no fim do comercial.

Bamerindus

O tempo passa, o tempo voa, o banco nem existe mais, mas este jingle continua numa boa.

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Mortadela Sadia

Apesar de não se tratar de um jingle e sim de um spot, vale a pena ouvir como este comercial utiliza uma das grandes características do rádio, a sensorialidade, ou, em outras palavras, o poder de gerar sensações e transportar o ouvinte para a cena – única e exclusivamente – por meio dos sons e, neste caso, da narração.

Campari

O jingle reproduz na música o clima de Happy Hour e induz o público a lembrar da marca quando o sol se põe. A maneira de cantar lembra um dos grupos do rock nacional de maior sucesso dos anos 80: o Rádio Táxi.

Soda Limonada Antarctica

Uma das criações mais simples e geniais da história da propaganda no rádio. Composto pelo saudoso Sérgio Mineiro para a MCR, ele fez um belo trocadilho com o nome do produto e utilizou sons que geram a vontade incontrolável de beber o refrigerante.

Letra: Soda Limonada Antarctica / Só dá Limonada Antarctica

Pipoca com Guaraná e Pizza com Guaraná

Essa campanha criou um forte poder de associação do Guaraná com o consumo de qualquer tipo de alimento voltado ao público jovem. Além da pizza e da pipoca, a campanha incluiu também o sanduíche e causou uma revolução no McDonalds. O cliente da rede americana de lanchonetes começou a exigir que o Guaraná fosse Antarctica e não o Taí, que era distribuído pela Coca-Cola. Até hoje, o Guaraná Antarctica é fortemente consumido na rede e ganhou a simpatia do público.

Bala de Leite Kids

A música reproduz o movimento de um baleiro redondo. Ela começa lenta e vai crescendo até parar, da mesma maneira que um baleiro.

Bichos da Parmalat

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Campanha de enorme sucesso junto a crianças e adolescentes.

Chevrolet

Criado no início dos anos 90 por Zé Rodrix – da Voz do Brasil – este jingle inovou ao vender carro sem falar das qualidades técnicas do veículo. O apelo aqui é totalmente emocional. Segundo o criador da música, a idéia surgiu quando ele estava dirigindo seu Chevrolet na estrada e percebeu o prazer que o silêncio proporcionava ao fechar as janelas do carro. O coração da empresa bateu mais alto e o jingle que teria 30 segundos ganhou essa versão integral de um minuto e meio.

Fundação Telefônica

Criado e exibido no ano passado no rádio e na TV, este jingle emociona pela interpretação de Luciana Melo e a bela letra. Para alguns, ele lembra também o trabalho dirigido ao público infantil feito por Adriana Calcanhoto.

Esses são apenas alguns exemplos de jingles que marcam a evolução do rádio. Para ouvir outras boas referências na hora de criar o seu próprio jingle, visite o site www.clubedojingle.com .

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Formatação dos roteiros de rádio Layout do Script

Seguindo o padrão normal de scripts para transmissão radiofônica, a página deve ser digitada num só lado a fim de minimizar o ruído de manuseio. O papel, portanto, precisa ser consistente e do tipo que não faz barulho. As linhas têm de estar dispostas em espaço duplo (para isso, vá em formatar – parágrafo – e opte por Duplo no item “Entre Linhas”), permitindo assim alterações e também anotações dos atores; Indicações ou detalhes de efeitos sonoros e música devem estar sublinhados e em letras maiúsculas, de modo que possam destacar-se nitidamente do diálogo. A reprodução dos scripts tem de ser absolutamente clara, com várias cópias disponíveis.

O roteiro de rádio é um guia, uma seqüência de instruções para indicar as tarefas a serem realizadas pelo sonoplasta (TEC) e os textos que serão lidos pelo locutor ou radiatores (LOC / NOME OU CARACTERÍSTICA DA PERSONAGEM).

O texto radiofônico deve ser: simples (conciso; a pessoa vai ouvir uma vez só, não tem como “ouvir de novo”, voltar atrás), coloquial (claro, próximo da linguagem cotidiana), direto (“enxuto”, preciso, deve seguir a ordem direta – sujeito + verbo+ predicado) e bem pontuado (uma frase mal pontuada pode alterar o sentido desejado).

Devem ser evitadas no texto do locutor: frases longas (elas dificultam a compreensão, o locutor precisa respirar, as pausas são importantes), abreviaturas (ex: vc, tb, pg), redundâncias ou pleonasmos, aliterações (ex: “o partido político do prefeito de Ponta Porá), cacofonias (ex: uma mão, vem sendo, por cada), frases intercaladas (apostos) e rimas (com exceção aos jingles).

O texto radiofônico deve ser escrito para ser falado (pelo locutor ou ator) e ouvido (pelo espectador, ouvinte). Preocupe-se com sonoridade das palavras (evite sibilações), com o sentido das frases, com o ritmo do texto e com a clareza das informações. Evite a repetição das palavras.

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Comece o roteiro identificando nomes dos integrantes do grupo, números de matrícula, nome da disciplina e título da campanha. Abaixo indique na LEGENDA a quantidade de vozes (LOC 1, LOC 2, LOC 3 etc.) e suas respectivas características.

Dica importante: leia sempre em voz alta o texto que você redigiu para o locutor.

Siglas usadas no roteiro:

LOC = locutor

TEC = técnico

C.R. = Contra-regra

Formatação:

LOC: é o texto que será lido pelo locutor. Use letras maiúsculas e minúsculas. Se há mais de um locutor, indique com números as vozes diferentes. Ex.: LOC 1, LOC 2, LOC 3...

TEC.: são as tarefas do sonoplasta/operador de áudio. Use sempre CAIXA ALTA e sublinhe o texto

C.R.: sons produzidos em estúdio. Use as mesmas regras de TEC.

Termos mais usados em TEC:

VAI A BG – música fica de fundo na locução

SOBE MÚSICA

MIX ou FUSÃO COM MÚSICA ENTRA EM FADE IN - crescente

MÚSICA SAI EM FADE OUT - decrescente

CORTA MÚSICA

CORTA EFEITO

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CABEÇALHO

Faculdade / Disciplina / Professor / Semestre / Período / Integrantes do grupo /

Título da peça / Formato / Duração

LEGENDA

LOC 1: personagem 1, mãe, mulher adulta, voz grave, temperamento forte

LOC 2: personagem 1, adolescente, voz feminina, leitura descontraída

LOC 3: personagem 2, criança, voz masculina e timbre infantil

LOC 4: voz masculina, timbre grave, tom sério, passando segurança (assinatura)

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Relatório de Audição

Data de entrega: ______/ _______

O relatório deverá ser feito em grupos de no máximo cinco pessoas;

Não esqueça do cabeçalho que deve ter: o curso, o período, os nomes dos alunos e os números de matrícula;

Cada grupo deverá gravar em fita cassete, MD ou CD oito peças publicitárias de rádio (veiculadas atualmente em diferentes emissoras de AM ou FM de SP);

Gravar e analisar :

- 02 jingles (cada um veiculado em um emissora diferente)

- 01 spot promocional (promoção ou sorteio),

- 1 edição completa do boletim “O Globo no Ar”, da Rádio Globo AM (1.100 KHz ou www.radioglobo.com.br)

(vai ao ar diariamente de meia em meia hora e tem duração aproximada de 2 minutos),

- 01 trecho de um programa humorístico (gravar 2 minutos),

- 01 spot publicitário

- 01 testemunhal

- 01 chamada de programa

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Juntamente com o relatório de audição digitado, cada grupo deverá entregar um CD devidamente identificado, contendo as gravações das oito peças radiofônicas;

O prazo de entrega do trabalho deve ser respeitado. Os grupos que não entregarem na data estabelecida deverão entregar na semana seguinte, com um desconto de dois pontos na nota final deste relatório. Não serão aceitos trabalhos fora desses prazos.

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Informações sobre a veiculação

Dia / mês : _______ /__________ horário: _________ h

Nome/frequência da emissora:_________________________________________________

slogan da emissora: _________________________________________________________

Informações sobre a peça radiofônica

Gênero: _____________________________ Título: _______________________________

Público alvo (sexo, idade, classe social): ______________________________________________

Duração: __________

Transcrição do texto (na íntegra):

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Descrição dos recursos sonoros

- A peça possui trilha sonora ? ( ) Sim ( ) Não. Se sim, quantas ? ____________

Quais ou que estilo? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

- A peça possui efeitos sonoros ? ( ) Sim ( ) Não. Se sim, quantos ?

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Quais ?

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Identificação e descrição das vozes

Quantas vozes são utilizadas ? _________

Descreva-as apontando as características (sexo, velocidade, tipo de narração etc.)

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Comentário final (opinião do grupo). Seis linhas,no mínimo,falando sobre aspectos gerais.

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O RÁDIO DIGITAL

CARACTERÍSTICAS DO RÁDIO DIGITAL:

• Rádio FM com qualidade de CD; • Tecnologia que permite à emissora de rádio, acrescentar mais

informações e serviços, simultâneamente à programação; • Economia expressiva de energia elétrica, • No AM o sinal torna-se imune às interferências e outros problemas de

recepção.

Outro benefício do Rádio Digital é a possibilidade da emissora transmitir informações e dados junto com a transmissão analógica. Isto quer dizer, texto em movimento no "display" do Rádio Digital. Podendo ser: título da música, intérprete e autores, informações de trânsito e clima, manchetes do dia, enfim mais serviços e de graça. Este sistema também permite que sejam veiculadas mensagens publicitárias no display.

Web Rádio e Podcast

A Internet transformou a comunicação contemporânea. Criada na década de 1960 e aperfeiçoada em 1991, por Tim Berners-Lee, o conjunto de redes de computadores ligados em todo o mundo deixou de ser utilizado por um grupo restrito de aficionados por computação, para fazer parte da comunicação de massa.

Essa nova mídia estimulou a convergência dos meios de comunicação ao apresentar características de todos eles: imagem, som e texto escrito. Além disso, é mais rápida que os outros na transmissão da mensagem, só perdendo para o rádio. A Internet também abrange pessoas de todo globo terrestre. A cada ano, o número de pessoas que acessam o seu conteúdo refere-se à soma dos anos anteriores. Os obstáculos são a informação em demasia, a não definição da linguagem, e a falta de controle sobre as informações apresentadas.

O código www, criado por Tim Berners-Lee, significa world wide web. Por isso, a palavra web é utilizada no que se refere à Internet.

As rádios hospedadas nos sites são conhecidas como Web Rádios ou Rádios Web, transmitidas ao vivo por meio de uma tecnologia chamada streaming, que permite a escuta de programações de emissoras de rádio ou de veículos destinados à produção de áudio, por meio do computador.

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A Rádio Web também possibilitou que pessoas e empresas sem concessões de canal de rádio produzissem material radiofônico e divulgassem para todo o mundo. Artistas independentes, que não possuem uma gravadora, montam seus programas para que o usuário possa fazer o download de suas músicas, ou seja, transferir o arquivo para o seu computador.

Uma das características da Internet é a interatividade. O indivíduo passa a ser também emissor, e não somente receptor da mensagem. Ao dominar as ferramentas da informática, toda pessoa pode ter um canal de comunicação, seja por texto, áudio, foto ou vídeo.

No rádio, a segmentação das emissoras FMs das grandes capitais brasileiras começou no final da década de 1980. Esses veículos buscaram se especializar em um determinado grupo de ouvinte, definindo assim o perfil dos anunciantes. Apesar de parecer uma mídia de caráter alternativo, os conteúdos da Internet também são desenvolvidos sob demanda. O podcast nasceu dessa maneira.

Em 2001, a marca internacional de computadores Apple do empresário Steves Jobs, criou o Ipod, um aparelho portátil que toca música digital e armazena em sua memória até mil horas de arquivos de áudios. Este equipamento mudou o cenário do mercado musical. É o que afirma o jornalista Rafael Corrêa: “Ao lançar o primeiro ipod, em 2001 [Steve] Jobs revolucionou o mundo da música e trouxe o som digital para o século XXI”. (Revista Veja, 2005, p.103)

A junção da palavra ipod e broadcasting resultou em uma terceira palavra: podcast. O termo foi citado pela primeira vez em um artigo do jornalista Bem Hammersley, do jornal inglês The Guardian em fevereiro de 2004. Mas quem criou o formato do podcast foi Adam Curry, VJ1 do canal MTV dos Estados Unidos.

Os podcasts são programas de áudio, gravados em formato digital. Eles ficam guardados em um servidor que transmite esses programas para equipamentos de MP32 que têm o endereço dos programas cadastrados. Apesar de ser destinado a aparelhos de MP3 e ipods, os podcasts também podem ser ouvidos diretamente no computador. Em 7 dezembro de 2005, a editoria de Informática do site Folha On Line, do Grupo Folha, mostrou a repercussão mundial do podcast, quando foi eleita a palavra do ano:

1 Videojockey. Apresentador de programas de clipes. 2 Forma abreviada de MPEG-Layer 3. Tipo de arquivo que comprime o áudio para armazenamento e exibição sem a perda da qualidade de som.

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“Editores do dicionário em inglês New Oxford American Dictionary elegeram ‘podcast’ como a palavra do ano. Isso porque 2005 foi marcado pela popularização destes arquivos digitais de áudio disponibilizados na internet -espécie de blogs que substituem a escrita pela voz”. (<http://www1.folha.uol.com.br/folha/informática> Acesso em 7 dez 2005)

Os blogs são sites pessoais, uma espécie de diário escrito por pessoas comuns. Atualmente, os blogs perderam o caráter apenas amador e empresas de todos os ramos e jornalistas exibem suas opiniões na web. Assim como os blogs, os podcasts nasceram da necessidade de pessoas divulgarem seu modo de vida e suas preferências a pessoas com hábitos em comum.

O que difere a Rádio Web e o podcast, é que o segundo é gravado e sempre que atualizado é enviado automaticamente para o usuário que tem cadastrado o código XML, endereço eletrônico do podcast.

Em um artigo acadêmico, Alex Primo, doutor em Educação na Informática e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, questiona a relação entre rádio, rádio web e podcast. Segundo ele, o podcast herdou elementos do rádio, mas apesar disso tem características singulares quanto à sua recepção:

“Enquanto o programa de rádio e RádioWeb são fugazes e cada programa é consumido sincronicamente com a transmissão, no podcast o programa não se ‘perde’ assim que ocorre a transmissão e escuta. Nesse último processo é preciso ter posse da integralidade do arquivo para que ele possa ser escutado. No rádio, a escuta do final do programa ocorre simultaneamente à finalização de sua produção (nos casos ao vivo) e transmissão. No podcast o final de um programa já é possuído, ele já existe em sua completude, mesmo quando a escuta tem início. (<http://www.intexto.ufrgs.br/alexprimo_art.html> Acesso em 20 de abril de 2006)

Assim como os blogs, o podcast foi descoberto pelas empresas e instituições mais diversas que agora também desejam ter sua própria voz. Para se ter idéia, o Vaticano e a NASA possuem seus podcasts.

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POR LUCIANA BENATTI

As grandes empresas estão chegando, mas hoje quem faz a festa na entrega de conteúdo para podcast ainda são os amadores. Principalmente no Brasil, onde a novidade ainda é restrita a um grupo de menos de 50 podcasters pioneiros. Música, notícia e opinião, com ênfase para a área de tecnologia, estão entre os conteúdos usuais. Garimpando um pouco, é possível encontrar coisa interessante tanto aqui quanto lá fora, embora o mais fácil seja tropeçar em grandes doses de blablablá inútil. Era de se esperar. Afinal, esse novo tipo de distribuição de áudio segue o caminho aberto pelos blogs: com um computador conectado à internet e um mínimo de conhecimentos técnicos, qualquer um faz o seu podcast. Ainda que falte o que dizer.

O podcasting também está sendo usado como forma alternativa de distribuição de conteúdo em áudio por grandes empresas de mídia. Uma das primeiras a aderir foi a britânica BBC. As americanas ABC News, NBC News, CNN, ESPN e Newsweek seguiram seus passos. No Brasil, a paulistana 89 FM criou um podcast com parte de seus programas veiculados pelo rádio. Nos Estados Unidos, algumas empresas de outros ramos de atividade começam a pegar carona nessa onda. A GM, que já tinha criado blogs para alguns de seus executivos, agora usa podcasts para promover seus lançamentos. Fabricante de ração para cães e gatos, a Purina criou um podcast em que veterinários orientam os donos de animais de estimação sobre cuidados com os bichos. Disney e Nasa também encontraram nessa ferramenta um modo de ficar mais perto do público.

Um ponto de partida para encontrar conteúdo interessante é procurar os diretórios que trazem listas de podcasts separados por categorias. Um dos mais populares no Brasil é o www.podcast1.com.br .

Linguagem radiofônica do podcast

Para entender a linguagem do podcast, a gente precisa compreender a estrutura radiofônica, que serve de base para a programação dos podcasts.

O rádio é um meio de comunicação de massa que tem características muito singulares. Ele é abrangente. Permite que a penetração da mensagem não seja restrita ao local em que foi emitida, e também é direcionado a diversos grupos de pessoas. Possui mobilidade, permitindo ao público realizar outras atividades enquanto recebe as informações.

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A característica que mais difere o rádio das outras mídias é a sensorialidade, a ação de causar sensações. A sensorialidade só é possível no rádio porque ele não possui imagens, e a interpretação da mensagem é feita de acordo com as convicções pessoais de cada indivíduo.

Todos estes quesitos unidos à Internet possibilitaram ao meio, que desta vez não se amedrontou com o surgimento de uma nova tecnologia, a sua renovação.

Segundo Reinaldo Polito3, para se comunicar bem são necessárias 15 qualidades imprescindíveis: “memória, habilidade, inspiração, criatividade, entusiasmo, determinação, observação, teatralização, síntese, ritmo, voz, vocabulário, expressão corporal, naturalidade e conhecimento”.

É interessante notar que o conhecimento é o último item que se deve dominar para ser um bom orador.

Ou seja, para atrair o ouvinte precisamos conhecer alguns artifícios. O mesmo autor ainda cita que além da naturalidade, é importante que o orador fale com bastante energia, vibração e entusiasmo, porque se ele não demonstrar interesse pelo assunto que está transmitindo, não irá despertar a atenção do ouvinte.

Estrutura de Programação

Conheça a plástica das emissoras e identifique o vocabulário do meio radiofônico:

Abertura – Nome do programa, o que o programa oferece, nome do apresentador etc.

Vinheta – Mensagem transmitida no intervalo de programa composta de um pequeno texto, música e efeitos sonoros de conteúdo variado Tem como

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objetivo a identificação da rádio, definir o público e o estilo da programação. Existem as vinhetas da rádio, do programa, do locutor, de passagem.

A Capela: um canto sem fundo musical

Vinheta de encerramento: entra no final do programa, com ficha técnica e patrocínio.

Foguete: Texto curto, incisivo, medido por cinco segundos ou sete palavras.

Institucional: Propaganda que tem como objetivo promover uma imagem favorável de um produto, instituição pública ou privada.

Teaser: nome do produto mais slogan

Slogan: é o conceito do produto em até seis palavras

Deixa: palavras iniciais ou finais de um texto para indicar o locutor ou o operador o momento em que o outro deverá entrar.

Planejamento do podcast

Antes de criar um programa, é necessário fazer um planejamento de acordo com os elementos radiofônicos já apresentados. As respostas das questões abaixo ajudarão na elaboração na criação do podcast.

- Como vai chamar o programa?

- Quanto tempo de duração terá?

- Qual é o público-alvo?

- Quantas vezes por semana será veiculado?

- Quais os recursos sonoros posso usar nas vinhetas que estejam relacionados com esse programa?

- Quantas pessoas vão apresentar?

- Quantos quadros o programa terá?

- Qual o estilo vou adotar? (Humorístico, informativo, Teatralizado etc)

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A delimitação é muito importante para que haja um formato específico do programa. Feita essa base, o programa ganha algo chamado “formato” e fica segmentado. Assim, é só seguir o modelo nas próximas edições, levando em consideração que o programa poderá sofrer ajustes para melhor aceitação.

BIBLIOGRAFIA

BRIGGS, Asa; BURKE, Peter. Uma história social da mídia: De Gutemberg à Internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.

RAMOS, Roberto. Mídia, Textos e Contextos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.

Teses:

PRIMO, Alex. Para além das emissões sonoras: as interações sonoras. Intexto. Disponível em:< http://www.intexto.ufrgs.br/alexprimo_art.html >

MOURA, Adelina Maria Carreiro; CARVALHO, Ana Amélia Amorim. Podcast: uma ferramenta para usar dentro e fora da sala de aula. Disponível em: http://ubicomp.algoritmi.uminho.pt/csmu/proc/moura-147.pdf

Revistas:

Info Exame. Podcasts, Blogues & RSS. Agos 2005.