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DOSSIÊ TÉCNICO –

Fabricação de pranchas de surfe - respostatecnica.org.br

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DOSSIÊ TÉCNICO –

O Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT fornece soluções de informação tecnológica sob medida, relacionadas aos

processos produtivos das Micro e Pequenas Empresas. Ele é estruturado em rede, sendo operacionalizado por centros de

pesquisa, universidades, centros de educação profissional e tecnologias industriais, bem como associações que promovam a interface entre a oferta e a demanda tecnológica. O SBRT é apoiado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE e pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação – MCTI e de seus institutos: Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT.

Dossiê Técnico JESUS, Abel Ribeiro de; GORDILHO NETO, Adriano de Oliveira;

CERQUEIRA, Filipe Cardoso; COSTA, Gabriel Ramalho; SANTOS, Pedro Veloso

Fabricação de pranchas de surfe Instituto Euvaldo Lodi – IEL/BA

4/2/2013

Resumo Este dossiê descreve o processo de fabricação de pranchas de surfe, bem como a matéria-prima utilizada no processo, equipamentos, procedimentos de acabamento, polimento, os tipos, características e dicas para conservação.

Assunto FABRICAÇÃO DE PRANCHAS, COM OU SEM VELA Palavras-chave Equipamento de recreação e esporte; fabricação; prancha de

surf; produção; surfe

Salvo indicação contrária, este conteúdo está licenciado sob a proteção da Licença de Atribuição 3.0 da Creative Commons. É permitida a cópia, distribuição e execução desta obra - bem como as obras derivadas criadas a partir dela - desde que dado os créditos ao autor, com menção ao: Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - http://www.respostatecnica.org.br

Para os termos desta licença, visite: http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/

DOSSIÊ TÉCNICO

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Sumário

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................

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2 OBJETIVO...........................................................................................................................

3

3 CARACTERÍSTICAS DO SURFE....................................................................................... 4 3.1 Evolução das pranchas.................................................................................................. 4 3.2 Acessórios do surfe....................................................................................................... 5 3.3 Um pouco de física aplicada no surfe.......................................................................... 6 3.4 Teoria técnica.................................................................................................................. 7

3.4.1 Medidas de pranchas.................................................................................................... 7

3.4.2 Tipos de pranchas......................................................................................................... 8 3.4.3 Partes da pranchas e suas variedades.........................................................................

9

4 MATÉRIA-PRIMA................................................................................................................

11

5 MATERIAIS EMPREGADOS..............................................................................................

12

6 EQUIPAMENTOS EMPREGADOS NA PRODUÇÃO........................................................

13

7 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO DE PRANCHAS DE SURFE........................................ 15 7.1 Shape............................................................................................................................... 15 7.2 Air Brush......................................................................................................................... 17 7.3 Laminação....................................................................................................................... 18 7.4 Acabamento e dicas de conservação...........................................................................

20

8 GESTÃO DE EFLUENTES.................................................................................................

21

9 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.............................................................................

22

10 REFERÊNCIAS.................................................................................................................

23

ANEXO A – Dicionário de termos técnicos...................................................................................... 25

Conteúdo

1 INTRODUÇÃO

Para entender como o processo de fabricação das pranchas de surfe chegou ao modelo atual é necessário entender a historia do surfe, pois assim é possível identificar quais foram as necessidades que levaram a essa evolução (O RADICAL, 2011). Não se sabe exatamente onde e em que momento da história se deu a origem do surfe, entretanto indícios apontam que esta prática de deslizar sobre ondas nos mares teve início nas ilhas polinésias. Existem, no entanto, outros rumores que indicam que, bem antes dos polinésios, pescadores peruanos já utilizavam uma espécie de tábua confeccionada a partir do junco para trafegarem pelos mares (FERNANDES, 2001).

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Em meio a estas discussões e contradições históricas, o que se sabe é que os primeiros relatos concretos deste esporte foram feitos por James Cook em descoberta ao arquipélago do Havaí. Inicialmente utilizavam-se pranchas de madeira confeccionada pelos próprios usuários em virtude de uma crença em energias positivas e ao culto aos espíritos dos mares (JOSÉ, 2010) O surfe atraiu a atenção de muitos europeus com vontade de praticar o esporte em ascensão, mas isso levou também à doenças que prejudicaram as civilizações locais. O crescimento do surfe era indiscutível até que as igrejas protestantes, que queriam impor os seus cultos, entraram em cena e consideraram o esporte como imoral, de forma a desestimular a sua prática por quase cem anos, chegando até a ameaçar a sua existência (O RADICAL, 2011). Porém, anos depois, aconteceu o definitivo reconhecimento do surfe no mundo, através do “pai do surfe moderno”, o havaiano Duke PaoaKahanamoku, que ao ganhar uma medalha de ouro na natação durante os jogos olímpicos de 1912, realizado em Estocolmo, na Suécia, revelou ao mundo que a origem do seu treinamento advinha do surfe. No seu retorno aos Estados Unidos, foi apelidado pelos americanos de “homem-peixe”, fazendo com que rapidamente a costa oeste do país, mais precisamente a Califórnia, se convertesse ao esporte. Gradativamente o surfe foi ganhando importância e se espalhando por todo o mundo (FERNANDES, 2001). Já no Brasil o esporte teve como porta de entrada a cidade de Santos, no estado de São Paulo, onde as primeiras pranchas, designadas por “tábuas havaianas” foram introduzidas por meio de turistas e jovens que regressavam de viagens ao exterior. A partir daí o esporte começou a ser difundido pelo Brasil através de grupos de jovens que se organizavam para surfar pelo litoral brasileiro utilizando ainda pranchas de madeira. No entanto, com o passar dos anos e com a estruturação do esporte, o surfe foi se profissionalizando e, a partir daí, começaram a chegar ao Brasil pranchas mais tecnológicas, fabricadas através de fibra de vidro, que passaram a ser utilizadas nos primeiros campeonatos e circuitos nacionais (FERNANDES, 2001). Pode se perceber então que ao longo da história inúmeras modificações foram feitas, desde a substituição de materiais utilizados, evolução dos processos de fabricação, tamanhos, formatos e até mesmo a implementação de estabilizadores. Porém, ainda assim, os surfistas tentam melhorar cada vez mais seus instrumentos com o objetivo de ultrapassar barreiras e limites impostos pela natureza. O dossiê tratará de assuntos importantes da fabricação de uma prancha de surfe. Esses assuntos serão expostos para que um micro e pequeno empresário consiga entender o macro processo da produção de uma prancha e possa, assim, desenvolver o seu empreendimento.

2 OBJETIVO

Este dossiê tem como objetivo abordar assuntos que tratam sobre o processo de fabricação de uma prancha de surfe, tais como: evolução das pranchas, materiais e equipamentos utilizados, gerenciamento de efluentes, entre outros.

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3 CARACTERÍSTICAS DO SURFE

3.1 Evolução das pranchas

Inicialmente, as pranchas de surfe eram confeccionadas a partir da madeira vermelha, sendo muito grandes e pesadas, chegando a possuir 80 kg e 4 metros de comprimento, o que seria equivalente a aproximadamente 12 pés, fazendo com que a partir destas configurações os surfistas sentissem dificuldade em se movimentar pelas ondas. Outro fator desvantajoso é que a madeira em presença de água é altamente degradável e sofre um grande umedecimento. Portanto, rapidamente sentiu-se a necessidade de buscar novos materiais e configurações para as pranchas e, graças à evolução dos diferentes ramos da ciência, como física, química, hidrodinâmica e estudo dos materiais, essas melhorias foram possíveis (ANATOMIA..., [200-?]).

Figura 1 - Prancha de madeira

Fonte: (MATULJA, 2007)

A primeira grande mudança surgiu após a primeira guerra mundial, pois se sentiu a necessidade de reduzir o tamanho e peso das pranchas utilizadas até então. Aliado a isso, surfistas e designers de pranchas introduziram curvaturas nas pranchas deixando-as côncavas, facilitando assim a vida dos surfistas de maneira a fornecer maior mobilidade e liberdade aos mesmos. Ainda durante este mesmo período, foram realizadas diversas pesquisas e estudos e a partir da análise de quilhas de barcos à vela e foram introduzidos estabilizadores na parte inferior das pranchas, garantindo uma estabilidade direcional e evitando que as pranchas seguissem a tendência de virar para os lados (RENATO, 2009). Com o passar do tempo, várias pequenas modificações foram sendo tentadas e testadas por surfistas e designers, algumas com sucesso e outras não, porém seguindo o mesmo caminho. As evoluções mais revolucionárias em pranchas de surfe foram oriundas de avanços obtidos através da Segunda Guerra Mundial. Primeiramente com a introdução do uso de fibra de vidro, que conseguiu reduzir drasticamente o peso das pranchas e com algumas melhorias proporcionadas pela alta tecnologia do mundo globalizado. Porém, a grande revolução aconteceu mesmo com a introdução e desenvolvimento do poliuretano, que após diversas tentativas atingiu a consistência ideal para a fabricação dos shapes (RENATO, 2009).

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A partir deste período, as pranchas tornaram-se cada vez mais leves, pequenas, refinadas e repletas de tecnologias. Além disso, algumas melhorias ainda foram introduzidas como, por exemplo, o desenvolvimento das tri-quilhas desenhadas com inspiração nas barbatanas de peixes de alta velocidade, que são finas e mais espessas à frente, fornecendo uma maior estabilidade e aumentando o leque de manobras aos surfistas (RENATO, 2009). Conclui-se então que desde pranchas de madeira totalmente artesanais fabricadas há séculos atrás, até pranchas que necessitam de um grande acervo tecnológico para serem fabricadas, como instrumentos computadorizados, softwares especializados, materiais modernos, etc., conclui-se que foram grandes as transformações sofridas pelas pranchas desde a invenção do surfe até chegar aos dias atuais, e acompanhando esta evolução foi desenvolvido também o esporte, requerendo aos atletas a possibilidade de grandes performances nos mares, ultrapassando limites de maneira a estar sempre questionando suas capacidades.

Figura 2 - Prancha moderna Fonte: (HELAL FILHO, 2011)

3.2 Acessórios do surfe

Para uma boa prática do surfe, alguns acessórios simples são extremantes importantes para garantir o melhor desempenho e segurança possível para os atletas e praticantes durante sua permanência nos mares. De acordo com Tracy Wilson são exemplos de acessórios:

Parafina: este material proporciona uma camada áspera de alta tração (atrito) na

superfície das pranchas que auxilia o surfista na pratica do esporte, diminuindo a probabilidade de quedas ocasionais, existindo diferentes tipos de parafinas que devem ser usadas de acordo com a temperatura das águas. Vale ressaltar que a camada de parafina aplicada sobre a superfície da prancha vai desgastando e ficando lisa conforme o uso e cabe ao surfista refazer a aplicação ou renovar a camada existente com o uso de um pente de parafina;

Roupas de neoprene: são roupas constituídas de um material especial que tem por

finalidade proteger o corpo dos surfistas contra as águas frias. Estas roupas são fabricadas nas mais diversas espessuras onde cada qual é voltada para uma

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determinada faixa de temperatura das águas, cabendo ao surfista escolher aquela que melhor se adeque ao local onde o mesmo irá praticar o esporte;

Camiseta de lycra: estas camisetas tem a vantagem de secar rapidamente e servem,

para além de evitar o contato direto da parafina com o corpo, ajudar a prevenir danos à pele e proteger contra a incidência direta do sol no corpo do surfista;

Leash: é um equipamento que conecta a prancha ao surfista, evitando assim perdas, caso o surfista caia da prancha;

Capa para prancha: o uso de uma capa é fundamental para a durabilidade de uma prancha de surfe, pois além de proteger contra impactos, evitando, por exemplo, danos durante o transporte, a capa protege a prancha contra o sol, aumentando consideravelmente a sua vida útil (WILSON, 2012).

Figura 3 – Acessória do surfe

Fonte: (SURFING DIVISION ACCESSORIES, [200-?])

3.3 A física aplicada no surfe

Existem alguns aspectos e necessidades das pranchas de surfe que são entendidas e explicadas pela física clássica ou física newtoniana. A seguir serão explicados resumidamente alguns aspectos dentro do surfe e como eles estão relacionados com a física, de acordo com Tracy Wilson (2012):

Flutuação: a flutuação da prancha em meio à água pode ser entendida através da sua

densidade. A prancha é menos densa que a água, fazendo com que ela flutue e não afunde. Outro fator é que a prancha é impermeável, fazendo com que não ocorra absorção de água e impedindo que ela afunde; Tensão superficial: a superfície da água é formada por infinitas moléculas fortemente

ligadas umas as outras, criando assim uma espécie de camada ou película que é uma das razões pelas quais as ondas mantêm o formato característico, além de ajudar a manter a prancha flutuando;

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Forças hidrodinâmicas: são as forças que ocorrem em meio a água em movimento e

também as que regem o contato da prancha com a água, sendo portanto de extrema importância para a prática do surfe;

Massa e forma da prancha: o conjunto prancha-surfista possui um centro de gravidade que está intimamente ligado com sua massa e forma. Assim sendo, ao flutuar sobre as ondas, o surfista é capaz de alterar o centro de gravidade para mudar o ângulo da prancha na água;

Remada: segundo a primeira lei de Newton ou lei da inércia, os objetos que estão parados tendem a ficar parados, enquanto que os objetos que estão em movimento também tendem a ficar em movimento. É por isso que para pegar uma onda é necessário que o surfista empregue força nos seus membros, no sentido de remar e chegar até a onda (WILSON, 2012).

3.4 Teoria técnica 3.4.1 Medidas de pranchas Para confeccionar uma prancha de surfe é necessário que o shaper, profissional capacitado e responsável pelo processo, saiba detalhadamente todas as dimensões desta prancha, o que em geral, é passado pelo cliente. Sendo assim, é necessário que se conheça um pouco a respeito das medidas das pranchas de surfe (Informação verbal em 12/09/2012). Sabe-se inicialmente que existem três medidas principais: a de comprimento, a de largura e a de flutuação. Outro fator que se deve destacar é que todas as medidas relacionadas a uma prancha são representadas pelas unidades de pés e polegadas e, utilizando os devidos fatores de correção, temos que: 1 pés = 30,48 cm = 12 polegadas e 1 polegada = 2,54 cm. Como exemplo, temos que se uma prancha de surfe mede 6’ 3” significa, na realidade, que esta mesma prancha possui seis pés e três polegadas (PROCESSO..., [200-?]). No entanto, apenas com estas medidas não é possível obter um detalhamento inicial e necessário para sua fabricação. O que ocorre é uma divisão do corpo da prancha em três partes distintas: o bico, o meio e a rabeta. O comprimento da prancha é único, porém existem especificações para a largura e flutuação de cada parte indicada anteriormente, totalizando assim em sete medidas necessárias para se ter um detalhamento simples e uma concepção ainda que rudimentar da prancha de surfe (PROCESSO..., [200-?]).

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Figura 4 – Proporções da prancha moderna Fonte: (LUNZ, [200-?])

3.4.2 Tipos de pranchas

Sabe-se que existe uma variedade de tipos de pranchas de surfe, cabendo ao surfista (ou, em caso de não possuir experiência, a um profissional do ramo) determinar o tipo de prancha adequada para um determinado praticante do esporte, com base principalmente em seu biótipo físico e nas características de surfe que o mesmo pretende praticar. O tipo escolhido pode ser para aprendizado ou para a realização de manobras (sejam estas complexas ou simples). Em síntese, não se aconselha praticar o surfe com pranchas aleatórias. O que se deve fazer é buscar uma prancha que se adeque à necessidade do surfista. Como mencionado, existem variados tipos de pranchas, portanto, segue abaixo uma breve descrição e explicação dos tipos mais comuns.

LongBoard: são pranchas relativamente grandes, com medidas a partir de 9’, sendo as mais utilizadas durante a década de 70, e atualmente são preferidas por surfistas mais antigos e alguns iniciantes. Existem ainda subtipos que se diferenciam em alguns aspectos, como, por exemplo, a Longboard Classic, que conta com um bico bem largo e bordas mais arredondadas e a High-SpeedLongboard, que proporciona manobras mais radicais a partir de medidas mais estreitas de bico e meio, contando com menos flutuação (LUNZ, [200-?]);

GunBoard: apesar de também serem grandes, possuem uma área de contato com a água menor que as Longboards, proporcionando aos surfistas uma maior mobilidade, sendo bastante manobrável. Como subtipos da Gun existem a BulletGunBoard, indicadas para ondas maiores e a SmallGunBoard, que é mais indicada para ondas cavadas, por

ter uma boa projeção e estabilidade na hora da descida. Trata-se de uma boa opção para ondas mais consistentes (LUNZ, [200-?]);

FunBoard: são derivadas da LongBoard, porém, com menor tamanho, girando em torno

de 7’. É uma prancha mais indicada para iniciantes por fornecer ao surfista uma maior facilidade de entrar na onda. Como subtipos da FunBoard existem a Classic FunBoard, que possui um design de bico mais arredondado e mais largo, bordas mais cheias e fundo pouco curvo, além da Híbrido FunBoard, que possui um bico mais estreito e bordas

mais deitadas, proporcionando ao surfista maior velocidade e maleabilidade e, por fim, a EvolutionFunBoard, que possui uma flutuação mais bem distribuída, facilitando a entrada

na onda, possuindo um bico mais pontudo, além de ser também uma prancha bem manobrável (LUNZ, [200-?]);

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Performance ou Pranchinhas: mais usadas por surfistas que são adeptos da velocidade

e de muitas manobras (LUNZ, [200-?]);

ProkidsBoarde e AbógirlBoard: são pranchas desenvolvidas especialmente para

crianças e garotas respectivamente, por conta de algumas especificações que facilitam o aprendizado e fornecem aos surfistas desta classe maior estabilidade (SEBRAE, [200-?]).

Figura 5 - Prancha moderna

Fonte: (LUNZ, [200-?])

3.4.3 Partes das pranchas e suas variedades As pranchas de surfe possuem uma configuração e anatomia especial, cada qual com uma responsabilidade, sendo de vital importância, refletindo na segurança e estilo de surfe praticado pelos surfistas. Conforme o site anatomia da prancha existe algumas partes presentes em pranchas mais comuns, descrevendo também os tipos de cada parte:

Rabeta: é a parte final da prancha em uma vista superior da mesma, sendo uma das

partes mais fundamentais e importantes na determinação do estilo de surfe praticado, tendo cada tipo de rabeta uma função distinta:

o Square: o final da prancha de surfe é cortado radicalmente, formando quinas

acentuadas que fornecem aos surfistas uma resposta rápida, sendo utilizadas em pranchas pequenas e adequada a ondas de tamanho pequeno e médio, sendo um dos tipos de rabetas mais utilizados para o surfe cotidiano;

o Squash: possui uma quina mais suave que o tipo anterior, tendo assim uma

melhor resposta para manobras circulares, sendo utilizadas em pranchas pequenas e adequadas para ondas pequenas e médias, proporcionando aos praticantes um surfe com bastante pressão;

o Round Squash: este tipo de rabeta tem como função direcionar e fornecer ao

surfista uma maior projeção e pressão sem perder a retomada da manobra. É utilizado em pranchas de qualquer tamanho;

o Round: trata-se de uma rabeta mais arredondada, sendo ideal para curvas suaves

e tendo a função de dar maior direção e projeção em ondas maiores e mais cavadas;

o Round Pin: normalmente utilizada em pranchas médias ou grandes, dando uma

boa estabilidade, permitindo assim que o surfista quebre a linha das ondas maiores com uma maior facilidade;

o Pin: feita especialmente para ondas grandes, dando uma maior segurança,

aderência e velocidade ao surfista; o Swallon: trata-se de uma rabeta aberta com um formato que lembra os rabos de

peixes. Este tipo de rabeta consegue quebrar a linha da onda com uma maior facilidade que uma prancha com rabeta fechada, proporcionando também aos surfistas uma resposta mais rápida nas manobras;

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o WingSwallon: tem a mesma função da Swallon, entretanto, graças a uma quebra,

fornece ao surfista um aumento de pressão e consequentemente uma maior velocidade;

o Wing: trata-se de uma pequena quebra que é realizada no outline da prancha. Tem o objetivo de fazer com que a prancha tenha uma boa sustentação, aliada também a uma maior mobilidade, pelo fato de possuir uma rabeta mais fina;

Borda: a seguir são apresentados os tipos de bordas das pranchas e suas repercussões dentro das águas:

o Box: trata-se de uma borda mais arredondada, contando com contornos suaves e

repercutindo em uma prancha mais macia, sendo adequada para ondas fracas e sem pressão;

o Semi-Box: menos arredondada que a borda Box, este tipo de borda permite que a

prancha seja macia ao surfista sem ter uma perda de pressão, tornando a retomada das manobras mais eficiente;

o Faca: é uma borda mais rude, ou menos arredondada. Este tipo de borda é utilizada por surfistas que desejam velocidade e projeção (preferencialmente em ondas grandes), fornecendo uma alta pressão e baixa fluidez de manobras;

Bottom: em síntese, é o fundo da prancha, ou seja, a parte inferior. Pode ser dos

seguintes tipos: o Concave: trata-se de um fundo mais côncavo, com o objetivo de canalizar a água.

Através deste tipo de bottom, a água será canalizada com uma alta velocidade, sendo utilizado no fundo inteiro ou somente do meio ao final da prancha;

o Double Concave: tipo de fundo usado somente na região das quilhas, composto

por duas concavidades que ficam uma de cada lado da longarina, possibilitando uma maior velocidade devido à divisão do fluxo de água;

o V-Bottom: é um tipo de fundo em que o centro fica mais elevado em relação às

laterais. Este tipo de fundo é muito útil nas viradas da prancha, pois tem a capacidade de dividir igualmente a pressão e costuma ser usado em pranchas com uma maior largura;

Deck: lado de cima da prancha ou parte superior;

Quilhas: são elementos que podem ser fixos ou móveis em relação às pranchas de

surfe, no entanto têm a função de auxiliar na estabilização das mesmas. O tipo de quilhas mais usado atualmente são as triquilhas. Quando as quilhas são colocadas mais ao fundo da prancha fornecem a esta uma maior velocidade, entretanto, possui uma menor mobilidade na realização das manobras. O contrário também ocorre, ou seja, quilhas colocadas mais afastadas do fundo ou adiantadas em relação a ele fornecem a prancha uma maior mobilidade para as manobras, embora comprometa um pouco a velocidade (ANATOMIA..., [200-?]).

Sabe-se que quanto maior for a distância entre a quilha traseira e dianteiras, maior será a velocidade da prancha, ocasionando o comprometimento na mobilidade, dificultando a execução de manobras mais arrojadas. De forma análoga, o contrário também ocorre (ANATOMIA..., [200-?]).

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Figura 6 – Componentes da prancha de surfe

Fonte: (LUNZ, [200-?])

4 MATÉRIA-PRIMA

Antes do inicio do processo de fabricação das pranchas de surfe é necessário que se tenha em mãos a matéria-prima a ser utilizada durante a produção. Como descrito anteriormente, por muitos anos foi utilizada a madeira e suas subespécies para que a partir de partes ou tábuas deste material fossem fabricadas as pranchas. Porém, com a evolução das tecnologias, obtidas da Segunda Guerra Mundial, descobriu-se que o poliuretano seria um material mais adequado e que poderia garantir aos surfistas um melhor desempenho dentro da água. O poliuretano ainda é a matéria-prima mais utilizada nos shapes atuais (Informação verbal em 12/09/2012).

É sobre o bloco bruto de poliuretano, vindo das indústrias, que os shapers iniciam o processo

de fabricação das pranchas. Primeiramente é feito todo o detalhamento do formato e curvas da prancha, utilizando-se lápis e com auxílio de instrumentos de medição, como a régua. Essa etapa de dimensionamento é feita baseada nas necessidades do cliente. Após isso, o shaper começa a trabalhar com ferramentas próprias para gastar o bloco, até deixá-lo no formato desejado. Esse trabalho exige grande precisão, pois é baseado nessas dimensões que a prancha vai ser fabricada. É interessante ressaltar que nestes blocos que vem das indústrias para as oficinas de fabricação de pranchas, já está presente uma estrutura vertical de madeira conhecida como longarina, que é encaixada no meio da prancha, dando resistência e rigidez longitudinal (Informação verbal em 12/09/2012). Remetendo a análise do que realmente venha a ser o poliuretano, é possível concluir que se trata de um polímero formado por cadeias de unidades orgânicas ligadas por meio de ligações uretânicas, daí o nome poliuretano. A principal reação de obtenção deste polímero tem como reagentes um di-isocianato e um diol ou um poliéster, contando com a presença de um catalisador. Além disso, sabe-se que o poliuretano pode apresentar uma grande variedade de densidades e dureza que mudam de acordo com o monômero utilizado na reação de obtenção do polímero e se esta reação conta com a adição ou não de substâncias modificadoras de propriedades (O POLIURETANO, [200-?]). Além de ser aplicado na fabricação de pranchas de surfe, o poliuretano possui também outros campos de aplicações, como, por exemplo, na fabricação de verniz, cola, pneus, assentos de automóveis, colchões, entre outros (O POLIURETANO, [200-?]).

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5 MATERIAIS EMPREGADOS

No processo de fabricação das pranchas de surfe, além do bloco de poliestireno e das ferramentas e equipamentos utilizados, existem alguns materiais essenciais para a obtenção de uma prancha de qualidade e conforme observação realizada na empresa RADAR, os principais materiais utilizados são:

Fita crepe: a fita crepe é uma fita adesiva que é normalmente utilizada na etapa de

pintura das pranchas como material auxiliar. Através da colagem dessas fitas no bloco de poliuretano já shapeado, o pintor realizará os desenhos que deseja na prancha e aplicará a tinta por cima dessas fitas. Ao final da aplicação, o pintor deverá retirar as fitas que foram coladas e assim obterá o desenho que desejava;

Tinta vinílica: as tintas são utilizadas na etapa de air brush, que é o momento artístico da

fabricação das pranchas de surfe. Cada prancha tem sua marca e, para tal, os fabricantes desenham e pintam as pranchas de acordo com a solicitação dos clientes ou ao seu gosto, para diferenciá-las; A tinta mais indicada para aplicação nas pranchas é a tinta vinílica, que pode ser do tipo fosco, brilhante, semi-brilhante, etc. Essa tinta é utilizada para impressões serigráficas sobre materiais vinílico-flexiveis, semirrígidos e rígidos. É uma tinta de fácil aplicação, rendimento e excelente aderência nos materiais, mas cabe ressaltar que, para a aplicação perfeita dessa tinta, a superfície em que se irá aplicar deve estar totalmente limpa de impurezas ou gorduras. A sua aplicação ocorre diretamente no bloco de poliestireno, sendo assim um processo anterior ao de laminação e, por isso, deve ser um trabalho bastante cuidadoso, já que uma vez feito e também feita a laminação, não tem mais como ser revertido;

Tecido de polímero reforçado de fibra de vidro (PRFV): utilizado no processo de laminação (ou glass) das pranchas de surfe, para proteger a prancha, impermeabilizá-la e

dar resistência, pois é um material que oferece bastante resistência à tração, flexão e impacto. Para utilização correta desse material é necessária a sua aplicação juntamente com uma resina, que, de preferência, deve ser a resina poliéster. É importante ressaltar, no entanto, que embora a fibra se torne um material de alta resistência quando aplicada a resina, ela é um tecido flexível que irá permitir uma moldagem fácil de peças consideradas complexas. Além disso, a fibra de vidro não enferruja e é resistente à agressão do ambiente, que varia a depender da qualidade da resina e da construção das lâminas do tecido;

Resina poliéster insaturada: a resina poliéster faz parte de uma família de polímeros de

alto peso molecular, resultantes da condensação de ácidos carboxílicos com glicóis, classificando-se como resinas saturadas e insaturadas. A resina poliéster insaturada, que é utilizada na fabricação de pranchas de surfe, deve ainda ser diluída em um monômero de estireno para que a sua utilização seja facilitada. Se utilizada com reforço, esta resina pode se transformar em um plástico com ótimas propriedades físico-mecânicas, podendo vir a substituir materiais como ferro, aço e concreto. Sendo assim, este material é utilizado também no processo de laminação para poder dar molde à fibra de vidro. Ela é aplicada por cima da fibra, fazendo com que a fibra tome o formato da prancha e se torne transparente. Essa resina líquida, composta por um conjunto de componentes plásticos, se torna sólida ao secar ao ar. Para que isso ocorra, a resina deve ser misturada com um monômero de estireno e um catalisador que irá ativar uma reação química e resultará em um gel que, após ser aplicado na fibra, secará e se tornará sólido;

Monômero de estireno: os monômeros são pequenas moléculas que podem se ligar

formando polímeros. Estes monômeros podem ser de diversos tipos e um deles são os hidrocarbonetos como o estireno que, reagindo em cadeia, forma plásticos. Estes monômeros são utilizados para a copolimerização com os pontos de instauração

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presentes no poliéster, que formará uma ponte entre as mesmas. Cabe ressaltar que antes disso esse monômero servira como solvente, o que irá reduzir a viscosidade da mistura;

Catalizador: os catalizadores são substâncias que aceleram uma reação química e diminuem a quantidade de energia de ativação. Na fabricação das pranchas de surfe, eles são utilizados juntamente com a resina poliéster e com o monômero de estireno para formar a mistura que será aplicada na fibra de vidro. Dentre os catalizadores possíveis de serem utilizados pode-se citar o MEK V-50;

Parafinado: o parafinado é uma solução de parafina que é aplicada para dar um banho

de acabamento final na prancha de surfe. Ele é aplicado após a laminação e tem sua preparação realizada de forma similar ao da resina que é aplicada na fibra de vidro;

Solvente: um solvente é uma substância (geralmente líquida) que dissolve outra

substância. Durante a aplicação da camada de resina na fibra de vidro para a laminação da prancha usa-se uma espátula, que deve ser limpa logo em seguida à aplicação da resina. Para tal, deve-se utilizar um solvente adequado para que não se perca esse equipamento (Informação verbal em 12/09/2012).

Figura 7 – Aplicação da fibra de vidro

Fonte: (BORGES, 2012)

6 EQUIPAMENTOS EMPREGADOS NA PRODUÇÃO

Para a fabricação de pranchas, assim como para qualquer processo de produção de manufaturas, são empregados instrumentos específicos para fins desejáveis (ferramentas, equipamentos de proteção, etc). Para entender melhor o que ocorre em cada etapa do processo, deve-se conhecer sobre esses equipamentos e saber que não existe o instrumento perfeito, mas sim aqueles instrumentos que são complementares uns com os outros. É válido ressaltar que de nada vale ter as ferramentas necessárias se o shaper não tiver conhecimento

do processo que está sendo executado e não executá-lo bem por completo, visto que não é interessante ter um shape bem feito se a laminação deste não for da mesma qualidade. Com

base em informações colhidas na empresa Radar, os equipamentos utilizados nesta etapa são:

Equipamentos de proteção: O processo de fabricação de pranchas de surf pode trazer danos à saúde dos envolvidos. Buscando evitar estes danos, o shaper, o pintor e o laminador devem estar sempre protegidos. O shaper deve sempre utilizar máscara de papel, a fim de evitar a aspiração de poeira oriunda dos blocos de Poliuretano. O pintor deve sempre estar com luvas de borracha e máscara com respirador e filtro, visto que o contato com substâncias químicas (como as tintas, por exemplo) deve ser também evitado. O laminador deve estar, em tempo integral, utilizando máscara com respirador e luvas, tendo em vista que a fibra de vidro provoca irritações quando em contato com a pele, assim como sua inalação pode ser prejudicial ao sistema respiratório. Com relação ao ambiente de trabalho, é recomendável que o processo de fabricação de pranchas de

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surfe se dê em locais arejados, porém sem vento, afim de não espalhar os efluentes e também distante de crianças;

Cavaletes: utilizados como apoio para os blocos de poliuretano (PU), também chamado de Plug na etapa de moldagem (ou shape), têm como função manter o bloco a ser trabalhado em uma altura cômoda para o shaper. Se a iluminação da sala onde os

cavaletes estiverem localizados for lateral e à altura dos cavaletes for adequada, está formado um ambiente ideal para a modelagem das pranchas;

Outlines: os plugs já chegam ao shaper pré-moldados, mas necessitam dos ajustes para o biótipo de cada surfista, ajustes estes que utilizam como base as formas dos outlines. Os outlines são réguas de papel – moldes que norteiam o shaper na modelagem do bloco de PU. Os riscos baseados no outline são feitos no poliuretano e devem estar na parte inferior do bloco. As linhas podem ser copiadas de outros modelos de pranchas ao invés de se utilizar as réguas de papel;

Plaina: após o desenho do formato desejado de prancha, o shaper deve utilizar

equipamentos para desgastar o bloco de PU. Um dos equipamentos usados nesta etapa é a plaina, utilizada com o propósito de retirar grandes pedaços do plug e aproximá-lo das formas do outline. É também utilizada no fundo da prancha (bottom), na retirada de

material em excesso, sendo preferido ao serrote por sua maior precisão;

Serrote: pode ser utilizado com o mesmo propósito da plaina, em caso de não haver uma plaina disponível, mas exige mais cautela por parte do shaper, visto que seu corte é mais grosseiro e facilita o aparecimento de bumps, pequenas ondulações indesejáveis na

superfície da prancha;

Surform: lima metálica utilizada por muitos shapers logo após o desenho dos outlines. Retira pedaços grandes de PU do plug e deixa a superfície com bom aspecto, sendo necessário para não ser preciso aplicações demoradas de lixa. O surform é ideal para eliminar pequenas imperfeições deixadas pelo serrote ou pela plaina;

Lixas: as lixas são ferramentas abrasivas que desgastam aos poucos a superfície na

qual entra em contato, deixando-a mais uniforme, sendo uma ferramenta importante na eliminação de bumps e retirando as rebarbas deixadas no shape pelo serrote, pela plaina ou farpas de fibra de vidro que surjam após a aplicação da resina sobre os tecidos de fibra. As lixas utilizadas para a fabricação são, geralmente, de 3 tipos: uma de ferro com granulometria por volta de 60 e outras duas lixas d’água (uma com granulometria 320 e a outra 600). A lixa mais grossa (60 para ferro) é utilizada no processo de preparação para o acabamento, onde após a aplicação das camadas de resina, retira o excesso da resina e as ondulações da laminação. Já as lixas d’água 320 e 600 são empregadas com o propósito do polimento, bem ao final do processo;

Espátula: ferramenta utilizada com o propósito de espalhar resina nos tecidos de fibra de vidro aplicados sobre o shape, após a etapa de pintura;

Serra copo: utilizada após a etapa de glass, ou laminação, para que sejam feitos os

furos no bloco para a colocação dos suportes das quilhas (quando estas são móveis);

Implementos de pintura: equipamentos utilizados para o incremento da estética da

prancha, deixando-a com o aspecto que mais agrade ao surfista. Há surfistas que preferem que a prancha não tenha pinturas, sendo assim, o produto final fica mais barato;

Equipamentos utilizados na decoração das pranchas de surfe: o aerógrafo (air brush), a pistola de tinta, fita crepe (para desenhos mais complexos onde há partes com

cores diferentes), tintas vinílicas e pincéis (Informação verbal em 12/09/2012).

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Figura 8 – Alguns equipamentos utilizados no processo de fabricação da prancha

Fonte: os autores

7 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO DE PRANCHAS DE SURFE

Após ter conhecimento acerca das pranchas de surfe (evolução, tipos e estilos, partes das pranchas, materiais e equipamentos utilizados na fabricação), é possível partir para o processo de fabricação, no qual será abordado e apresentado o passo a passo de todos os procedimentos que são realizados por surfistas e shapers na fabricação dos seus instrumentos

de trabalho e lazer. Os shapers são responsáveis por modelar, lixar e dar o devido acabamento à prancha. O laminador é responsável por aplicar a fibra de vidro e realizar a colocação das quilhas. Já o air brusher é responsável pela pintura e a arte da prancha de surfe. O trabalho realizado por eles

em sinergia consegue, ao final do processo, produzir pranchas de surfe de vários tipos e modelos (Informação verbal em 12/09/2012). A primeira passo do processo de fabricação é saber as necessidades do cliente, buscando assim todas as informações e dados importantes como: tamanho, formato, dimensões da prancha, flutuação, espessura, tipos de rabeta, tipo de fundo e tipo de borda. Essas informações são definidas levando em conta o tipo de surfe que o cliente pretende praticar (se é um surfe mais arrojado, contando com manobras mais radicais de alta velocidade ou se é um surfe de ondas menores, mais lentas) (Informação verbal em 12/09/2012).

7.1 Shape

Em uma visão geral, após serem definidos os parâmetros da prancha como as dimensões e flutuação, se inicia a segunda etapa com o trabalho do shaper. Essa etapa é conhecida como

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shape ou modelagem da prancha, onde a partir de um bloco bruto de poliuretano pré-shapeado, o shaper irá trabalhar para atingir os parâmetros requeridos. Após isso, ocorre

também a remoção de todas as imperfeições possíveis. É bom ressaltar que na etapa de shape exige um enorme cuidado e atenção do profissional. Além disso, esse procedimento deve ser realizado em uma sala especial com luzes à altura do cavalete, para que dessa forma o shaper consiga uma melhor produtividade, agregando maior qualidade ao bloco, livrando-o das imperfeições ou bumps (Informação verbal em 12/09/2012). A etapa de shape se inicia colocando-se o bloco de poliuretano sobre o cavalete. Em seguida, o shaper traça com um lápis apropriado e com auxilio de instrumentos de medição todas as dimensões e contornos da prancha, ou seja, é traçado todo o desenho ou outline. É nesse momento que o shaper define como será a prancha de surfe, empregando assim todos os

dados e conceitos passados pelo cliente (Informação verbal em 12/09/2012). Após definido o outline da prancha, o shaper agora irá acertar e retocar este outline removendo possíveis partes desnecessárias e excessos do bloco através de instrumentos como o serrote e o surform. Após esse ponto pode-se ter a real noção de como a prancha irá ficar e é importante ressaltar que algumas ondulações ou bumps vão surgindo, cabendo ao shaper removê-los durante o processo (Informação verbal em 12/09/2012). Sendo definida toda a real concepção da prancha, partiremos para a modelagem do fundo (ou bottom) da prancha, com a utilização de uma plaina elétrica ou manual e com o auxílio de um surform. Nesta etapa deve-se gastar e modelar este bottom da prancha até que chegue ao

estado desejado. A parte do fundo deverá possuir um bom desgaste com o objetivo de fornecer uma maior envergadura para a prancha. A modelagem do bottom é essencial para o

desempenho da prancha, pois ela define o fluxo de água, sendo que em caso de má modelagem toda a prancha poderá ser comprometida (Informação verbal em 12/09/2012). Encerrada a modelagem e shape do fundo, o bloco é virado de maneira a iniciar o shape do deck, ou parte de cima da prancha. Essa modelagem é realizada com uma plaina e com auxílio do surform, porém de maneira mais uniforme que no fundo, ou seja, a parte em que se deve

empregar um maior desgaste é o fundo da prancha (Informação verbal em 12/09/2012). Terminado o shape do fundo e da parte de cima da prancha, o shaper passa para a borda, onde a modelagem deve ser feita inicialmente com o uso de um surform do bico à rabeta da

prancha, de maneira a formar várias linhas. Terminada esta parte, a borda deverá ser arredondada com um uso de uma lixa de ferro, até que fique uniforme, para que assim a prancha possa possuir uma flutuação adequada. Para finalizar esta etapa de shape, deve ser

demarcada sobre o bloco a posição das quilhas, para que posteriormente venham e ser colocadas e também removidas as ondulações observadas ao final dos procedimentos realizados (Informação verbal em 12/09/2012). Contudo é necessário salientar que, com os avanços da ciência e da automação, essa etapa de shape em algumas oficinas atualmente esta automatizada, existindo softwares em forma de

CAD onde toda a prancha é modelada a partir de dados numéricos, usados pelos profissionais para alimentar os programas especializados, envolvendo dimensões, estrutura, gráficos, tabelas e até mesmo simulações. Sendo assim, a partir destes dados é possível realizar o shape ou modelagem da prancha em uma máquina própria, reduzindo o esforço e trabalho do shaper. No entanto, mesmo a prancha sendo quase toda shapeada por um processo

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automatizado, ainda é necessário passar pelas mãos do shaper, pois existem algumas

ondulações que caberão ao profissional retirar manualmente, agregando maior qualidade ao produto. Além disso, um fator positivo deste processo automatizado é que o mesmo permite com que a partir dos dados armazenados em computador, a prancha possa ser reproduzida inúmeras vezes, caso venha a se notar uma boa performance nas ondas (Informação verbal em 12/09/2012).

Figura 9 – Etapa de shape

Fonte: os autores

7.2 Air brush

Air brush é a etapa em que o profissional responsável pela pintura utiliza toda sua habilidade e

criatividade para fazer uma verdadeira obra de arte na prancha. As pinturas e desenhos podem ser de diversos estilos, variedades e complexidades, podendo durar horas ou dias para serem confeccionadas. Não existem regras nesta etapa e o que vale é a inovação e a imaginação (Informação verbal em 12/09/2012). Existem várias formas de pintar as pranchas, mas no geral as pinturas mais comuns são feitas a partir de um compressor de ar com regulador de pressão, um aerógrafo, uma pistola de tinta, fita crepe e, por último, tintas vinílicas. Essa etapa de pintura pode ser realizada antes da laminação e outra após a mesma. O preço pode baratear caso a prancha não tenha pintura (Informação verbal em 12/09/2012). O método de pintura mais utilizado consiste em utilizar a fita crepe para realizar uma espécie de molde do desenho desejado sobre a prancha de surfe e posteriormente, com a utilização do compressor e da pistola, realizar a aplicação da tinta com os mais variados tipos de cores, preenchendo assim o molde, que após a pintura é removido. Caso o air brusher prefira, pode

usar também um pincel atômico para elaborar o desenho e, para finalizar, só é necessário aguardar a tinta secar, deixando a prancha pronta para a laminação (Informação verbal em 12/09/2012). É valido comentar que alguns surfistas preferem que suas pranchas não apresentem detalhes decorativos. Tal opção é pelo barateamento do artigo, visto que pranchas sem arte são finalizadas mais rápido, demandam menos mão-de-obra e têm preços mais baixos (Informação verbal em 12/09/2012).

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Figura 10 – Sala do Air Brush

Fonte: os autores

7.3 Laminação

Depois de realizada a pintura e a tinta estar totalmente seca, inicia-se a etapa mais importante e fundamental ao processo de fabricação das pranchas de surfe: a laminação (também designada por glass), que consiste na aplicação da fibra de vidro sobre o bloco de PU. Essa

etapa é a responsável pela resistência da prancha, ou seja, uma laminação mal feita irá certamente repercutir em uma prancha defeituosa (Informação verbal em 12/09/2012). Inicialmente é feita a laminação do bottom ou fundo da prancha de surfe e para isso deve-se

recortar o tecido ou malha da fibra de vidro em um formato um pouco maior que o da prancha, para haver uma folga quando colocado envolta do outline da mesma. Posteriormente, deve-se

preparar um recipiente contendo resina e outro com monômero de estireno e misturá-los de maneira a diluir a resina. Depois de diluída, deve-se adicionar a esta mistura um pouco de catalisador e misturar bem todo o sistema. As quantidades dos componentes podem variar, mas, em geral são usadas aproximadamente 800 g de resina, 40 g de monômero de estireno e catalisador a 4% (TRINDADE SURFBOARDS, 2012). Dando continuidade a esta etapa, deve-se ir aos poucos despejando a mistura sobre o fundo da prancha, e espalhar bem de maneira a contemplar todo o espaço do fundo, deixando escorrer, ligeiramente pela borda, para facilitar a adesão na mesma. Quanto ao excesso, deve-se retirar com o auxílio de uma espátula. Aplicada a mistura sobre todo o tecido recortado no fundo da prancha, deve-se esperar a secagem, de maneira que a superfície do fundo fique dura, sendo que a duração deste procedimento varia muito conforme a temperatura ambiente do local (Informação verbal em 12/09/2012). Devidamente encerrado todo o procedimento de laminação realizado sobre o fundo da prancha, deve-se iniciar a laminação da parte de cima. É importante ressaltar que a laminação da parte de cima deve ser feita da mesma maneira, inclusive com o corte do tecido um pouco maior que o formato da parte de cima da prancha. No entanto, para a laminação do deck, as

quantidades dos componentes da mistura devem ser proporcionalmente reduzidas, sendo a quantidade de resina aproximadamente 700 g, 30 g de monômero de estireno e catalisador a 3,5%. Ao final da aplicação, deve-se esperar a secagem da mistura sobre o deck (TRINDADE

SURFBOARDS, 2012).

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É importante ressaltar que esta etapa exige um alto grau de atenção e dedicação do profissional, pela importância que possui e para o sucesso ou não da prancha de surfe, sendo que durante o processo de laminação é fundamental que o laminador siga a risca todo o design do bloco feito pelo shaper e utilize materiais de qualidade, principalmente a resina e o tecido a

serem aplicados no procedimento. Além disso, deve-se evitar que durante a aplicação apareçam bolhas, o que pode comprometer todo o procedimento (Informação verbal em 12/09/2012). Nessa etapa também são colocadas as quilhas em um local previamente determinado, podendo ser fixas ou móveis, o que deve ser levado em conta durante a colocação das mesmas. No caso de quilhas fixas, a colocação deve ser feita utilizando a mesma lógica da aplicação de resina e tecido. Primeiramente devem ser fixadas as 3 quilhas com a aplicação de resina, fixando a quilha no local demarcado. Secada esta resina, deve-se agora preparar outra quantidade de resina e recortar o tecido de maneira a envolver toda a quilha e assim realizar a aplicação. Quando estiver seco é sinal de que o processo de colocação das quilhas está devidamente concluído (Informação verbal em 12/09/2012). Em seguida é realizada a colocação do copo para a corda que prende o surfista à prancha (o leash). Para realizar este procedimento, deve-se medir uma distância de aproximadamente 50

mm da ponta à rabeta. Sendo assim, deve-se colocar o copo em cima da prancha e marcado o local com algum instrumento de risco como um lápis, por exemplo. Depois de marcado o local, deverá ser realizado um furo na prancha de maneira que não atravesse a mesma, e com o uso da resina, deve-se aplicar o copo e uní-lo à prancha de surfe. Também é necessário esperar a resina secar para ter o processo finalizado (Informação verbal em 12/09/2012). Para finalizar toda a etapa de laminação, é preciso realizar sobre a prancha um banho final de resina, utilizando uma quantidade de solução de parafina e com o auxílio de uma espátula, removendo os excessos, primeiramente no fundo e seguido da parte de cima da prancha. A finalização do processo se dá com a secagem (Informação verbal em 12/09/2012).

Figura 11 – Aplicação da fibra de vidro Fonte: os autores

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Figura 12 – Quilhas Fonte: os autores

7.4 Acabamento e dicas de conservação

Após a etapa de laminação é possível notar nas pranchas algumas ondulações e imperfeições, oriundas de excessos de resina aplicada. O objetivo do processo de acabamento é remover tais imperfeições com o uso de instrumentos adequados, dando finalização ao processo de produção (Informação verbal em 12/09/2012). Para remover as imperfeições e ondulações existentes na prancha são utilizadas, primeiramente, as lixas de ferro, que são responsáveis por retirar as imperfeições mais grossas e nítidas. Posteriormente, deve-se enxaguar toda a prancha para a utilização de lixas d`agua 360, seguidas das lixas d`agua 600, que irão lixar a prancha no sentido de tornar a sua superfície o mais uniforme e lisa possível, evitando ao máximo todas as imperfeições. Depois de lixada a prancha, é interessante a utilização de materiais e substâncias que reforcem o brilho da mesma como, por exemplo, a boina de pele de carneiro e o kaol, que são utilizados para este fim (Informação verbal em 12/09/2012). Após esta etapa está finalizado todo o processo de fabricação das pranchas de surfe. No entanto, se o próprio usuário ou surfista não cuidar adequadamente do seu instrumento, de nada adiantará todas as etapas anteriores seguidas à risca e feitas com grande qualidade e eficiência. Sendo assim, é importante seguir algumas dicas que auxiliam e melhoram a conservação das pranchas de surfe: não expor a prancha ao sol quando não estiver em uso; não expor ao calor excessivo; lavar com água doce após o uso, evitando que a prancha fique amarelada; isolar qualquer área danificada com uma fita apropriada e consertar o mais rápido possível; sempre usar capa e manusear e transportar a prancha com o máximo de cuidado, pois a maioria das ocorrências negativas é fora da água. Seguindo estas dicas, a prancha de surfe possuirá uma vida útil maior (Informação verbal em 12/09/2012).

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8 GESTÃO DE EFLUENTES

Sendo o surfe um esporte cuja prática está diretamente ligada à natureza e à sua preservação, aqueles envolvidos em toda indústria relacionada à sua existência (desde confecções de surfwear aos shapers e praticantes), deveriam zelar pela não agressão ao meio ambiente.

Infelizmente as indústrias e oficinas às quais este trabalho está focado (em síntese, os shapers), não apresentam preocupação com o descarte dos efluentes indesejados gerados

nesta cadeia produtiva. Os fabricantes de pranchas de surfe geram, anualmente, toneladas de resíduos tóxicos altamente poluentes e que agridem o meio em questão. Por outro lado, o consumidor é cada vez mais exigente e preocupado com a qualidade de vida, desenvolvendo o sentimento de ser humano dependente do meio em que vive e impactante na preservação deste. Sendo assim, conclui-se que este consumidor está cada vez mais preocupado em utilizar produtos de empresas que pensam como ele, as chamadas “empresas verdes”, que apresentam preocupação com os impactos socioambientais de seus bens de produção. (GRIJÓ, 2012). Segundo Grijó (2004), atualmente, os resíduos gerados pelo processo de fabricação das pranchas de surfe correspondem a uma porcentagem de 50 e 70% da matéria prima total. Analisando o ciclo de descarte destes efluentes, percebe-se que não há nenhum cuidado especial com este material indesejado gerado. Grijó (2004) afirma que:

Geralmente [os resíduos] são estocados e encaminhados como lixo doméstico para a coleta não seletiva das autarquias responsáveis, seja [...] em Florianópolis, quanto em Queensland, na Austrália. As destinações finais destes resíduos são: lixões, aterros simples ou sanitários, sem qualquer processo de saneamento ou tratamento e misturados com resíduos de diversas composições. Em alguns locais, a municipalidade já identificou estes resíduos como industriais e não os recolhem mais, gerando problemas de estoque e destinação final para os fabricantes, que em casos isolados, enterram ou queimam os dejetos no terreno da própria fábrica, gerando seríssimos impactos ambientais e malefícios para a saúde pública (GRIJÓ, 2004).

Estes dejetos apresentam grandes perdas para a indústria. Diversas oficinas, em sua maioria independente, buscam tratar seus efluentes ou destiná-los a outros fins. Uma das soluções mais difundidas para reaproveitamento dos resíduos é a termoformagem, processo por meio do qual todos os resíduos são recolhidos, triturados e alocados em uma forma metálica, sendo esta forma submetida a uma temperatura de aproximadamente 200ºC. Quando na forma, o conteúdo é comprimido e é formado então o bloco reciclado. Este processo é muito recomendável para oficinas que desejam instaurar SGAs (Sistemas de Gestão Ambiental), por ter baixo consumo de energia elétrica, pouca utilização de água e ocorrer o reaproveitamento dos efluentes do processo, retornando estes para o próprio processo produtivo. Já os cavacos de madeira retirados com plaina advindos da longarina podem ser aproveitados como fertilizante natural, visto que são de origem orgânica (GRIJÓ, 2012). Dando continuidade à listagem de soluções para a redução de resíduos descartados, existe a possibilidade de reaproveitamento do excesso de resina poliéster aplicada na etapa de glass

(finalização da prancha), para a confecção de pequenos objetos decorativos (de maneira análoga ao processo de termoformagem) ou vasos de plantas (GRIJÓ, 2012).

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Diante do exposto acima, conclui-se que os shapers, que geralmente são microempresários e

até mesmo empreendedores individuais, deveriam apresentar preocupação não só com a gestão destes efluentes, mas principalmente com a otimização de seu processo produtivo, visto que a redução de resíduos ocasiona também a redução dos gastos com matéria-prima e torna o negócio mais rentável.

Figura 13 – Fluxograma do processo produtivo da prancha de surfe

Fonte: (MAZZOCO, 2007)

Conclusões e recomendações

Através deste dossiê pode-se verificar como ocorre todo o processo e quais técnicas, materiais e equipamentos são necessários para a fabricação de uma prancha de surfe de qualidade e no modelo adequado para o tipo de prática desejada. Foram abordados tópicos como a história do surfe, a evolução das pranchas, os acessórios utilizados na prática do esporte, a física aplicada ao surfe, os tipos e estilos de pranchas, as partes da prancha e os efeitos causados na natureza. Ressalta-se que para uma fabricação eficiente é necessário a presença de profissionais com uma boa habilidade nas técnicas apresentadas, pois as pranchas de surfe carecem de um cuidado especial em sua fabricação e os conhecimentos teóricos que se pode adquirir com este dossiê não substituem a prática na realização de tais atividades citadas. Deve-se lembrar ainda que as etapas de shape, air brush, laminação e acabamento, tratam-se

de processos considerados simples, pois, atualmente, existem máquinas e robôs que realizam as atividades necessárias, sem substituir, no entanto, a essência do que é necessário para se fazer uma prancha de surfe. É importante ressaltar que, apesar disso, a fabricação de uma prancha é algo delicado e minucioso que necessita, na grande maioria das vezes, de um refino por parte de alguém que conheça bem a técnica utilizada e o resultado final que se espera.

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O surfe é um esporte que vem crescendo cada vez mais e tem uma excelente aceitação no Brasil, principalmente pelas belas praias e pelo extenso litoral, que proporcionam maravilhosos ambientes para a prática do esporte. Desde crianças até idosos, o surfe consegue atingir todas as faixas etárias e, por isso, o mercado é bastante amplo para aqueles que pretendem abrir uma oficina de fabricação de pranchas de surfe. Espera-se que este dossiê possa ajudar empreendedores que desejem utilizar as informações aqui fornecidas para abrirem o seu novo negócio. Referências

ANATOMIA da prancha. [S.l.], [200-?]. Disponível em: <http://surfebrasil.br.tripod.com/surfebrasil/id3.html>. Acesso em: 01 nov. 2012. RADAR, Eduardo. Construção de pranchas de surfe. Salvador, 2012. [entrevista]. Em 12 set. 2012.

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<http://oradical.uol.com.br/surf/historiasurf.asp>. Acesso em: 07 out. 2012. JOSÉ, Paulo. Historia do surfe. [S.I.], 25 mar. 2010. Disponível em:

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Fabricação de pranchas de surfe

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DOSSIÊ TÉCNICO

25 2012 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT

Identificação dos Especialistas

Abel Ribeiro de Jesus – Graduado, Mestre e Doutorando em Engenharia Mecânica pela UFBA Adriano de Oliveira Gordilho Neto – Graduando em Engenharia Mecânica pela UFBA Filipe Cardoso Cerqueira – Graduando em Engenharia Mecânica pela UFBA Gabriel Ramalho Costa – Graduando em Engenharia Mecânica pela UFBA Pedro Veloso Santos – Graduando em Engenharia Mecânica pela UFBA Anexo A – Dicionário de termos técnicos

DICIONÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS

Air Brush: pintura que é realizada sobre a prancha de surfe. Air Brusher: profissional responsável pela pintura da prancha de surfe.

Bóia: mesmo que prancha. Bottom: fundo ou parte de baixa da prancha de surfe. Bump: ondulações ou imperfeições existentes na prancha durante a confecção da mesma.

Chaço: prancha velha, muito deteriorada. Deck: parte de cima da prancha, onde o surfista pisa. Fins: mesmo que quilhas. Glass: resina e fibra de vidro que revestem a prancha de surfe. Gun: pranchas grandes, voltadas para grandes ondas. Hot Coat: mistura de resina com solução de parafina que é utilizada no banho final durante a laminação da prancha. Hot dog: pranchas pequenas para ondas pequenas. Leash: acessório que prende a prancha ao pé do surfista, mesmo que chop ou cordinha. Long John: roupa de neoprene para proteger do frio. Nose: bico da prancha de surfe Outline: esboço da prancha é o desenho ou contorno utilizado pelo shaper para criar a prancha

Pés: é usada para medir os comprimentos das pranchas de surfe. Plug: bloco de poliuretano utilizado na fabricação da prancha de surfe.

Polegada: assim como o pé, é usado para medir as pranchas de surfe. Shape: modelo da prancha de surfe. Shaper: profissional responsável por da forma ao bloco de PU (poliuretano). Tail: mesmo que rabeta da prancha de surfe Wax: antiderrapante à base de parafina que se põe no deck da prancha. WCT: ou World Championship Tour, é a 1ª divisão do circuito mundial. WQS: ou World Qualifing Series, é a 2ª divisão do circuito mundial de surfe

Fonte: (RADAR, 2012; LUNZ, [200-?]; WILSON, 2012).

DOSSIÊ TÉCNICO

27 2012 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT